9 - Interdisciplinaridade no Ensino em Saúde: O Olhar do Preceptor na Estratégia de Saúde da Família
TACC - EMANUELLA PINHEIRO DE FARIAS BISPO.pdf
Documento PDF (1.1MB)
Documento PDF (1.1MB)
0
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ENSINO NA SAÚDE
EMANUELLA PINHEIRO DE FARIAS BISPO
INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO EM SAÚDE: O OLHAR DO PRECEPTOR
NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Maceió - AL
2013
1
EMANUELLA PINHEIRO DE FARIAS BISPO
INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO EM SAÚDE: O OLHAR DO PRECEPTOR
NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Alagoas, como parte das exigências
do Programa de Pós-Graduação em Ensino na
Saúde, para obtenção do título de Mestrado em
Ensino na Saúde.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Henrique Falcão
Tavares
Co-Orientadora: Profa. Dra.Jerzuí Mendes
Tôrres Tomaz
Maceió - AL
2013
Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central
Divisão de Tratamento Técnico
Bibliotecária Responsável: Helena Cristina Pimentel do Vale
B622i
Bispo, Emanuella Pinheiro de Farias.
Interdisciplinaridade no ensino em saúde: o olhar do preceptor na estratégia
de saúde da família / Emanuella Pinheiro de Farias Bispo. – 2013.
46 f. : il.
Orientador: Carlos Henrique Falcão Tavares.
Co-Orientadora: Jerzuí Mendes Tôrres Tomaz
Dissertação (mestrado em Ensino na Saúde) – Universidade Federal de
Alagoas. Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde. Maceió, 2013.
Inclui bibliografia e Anexos.
1. Saúde - Estudo e ensino. 2. Preceptor. 3. Programa Saúde da Família.
4. Equipe interdisciplinar em saúde. I. Título.
CDU: 614
2
FOLHA DE APROVAÇÃO
3
Dedico este trabalho aos meus pais e às minhas irmãs,
pelo incentivo aos meus estudos e por compreenderem a
minha ausência, mesmo quando estive presente.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, em que deposito minha fé. Quem me iluminou a superar todos os
obstáculos com força, leveza e tranquilidade nos momentos certos.
Aos meus amados pais, pelo incentivo constante, pelas palavras valiosas e
sábias, compreensão e amor maior.
Às minhas irmãs pelos sorrisos mais sinceros nos momentos fundamentais e
pela compreensão das muitas ausências.
Ao Programa de Mestrado Profissional Ensino na Saúde, por representar um
divisor de águas da minha vida profissional e pessoal. Pelo crescimento permitido e
alcançado.
Aos meus amigos especiais do mestrado, pelos sorrisos, abraços e
aprendizados compartilhados. Tudo ficou mais leve com vocês.
Às minhas amigas de formação acadêmica (Terapia Ocupacional) e amigos
de residência (Residência Multiprofissional em Saúde da Família), pelo incentivo
constante, pelas escutas, pelo carinho de sempre, pelas valiosas palavras e pela
compreensão das minhas muitas ausências. Sempre especiais.
Aos meus queridos professores, orientadores e amigos. Exemplo impecável
de educadores. Modelos de competência, humildade e coerência. Sempre com
olhares, gestos, sorrisos e palavras certas nos momentos certos: Professor Carlos
Henrique Falcão Tavares e Professora Jerzuí Mendes Tôrres Tomaz.
A todos que participaram da minha formação até este momento. Aos os que
me conduziram, direta ou indiretamente, ao campo da Saúde Coletiva e do Ensino
na Saúde.
5
RESUMO
Este trabalho apresenta um artigo intitulado “Interdisciplinaridade no Ensino em
Saúde: O olhar do Preceptor na Estratégia de Saúde da Família”, que objetivou
analisar como a interdisciplinaridade é instrumentalizada pelos preceptores nas
ações de saúde das Estratégias de Saúde da Família do II Distrito Sanitário de
Maceió. Para interpretação e análise dos dados, utilizou-se o instrumento de coleta
de dados “entrevista aberta ou em profundidade”, sob a perspectiva da Análise de
conteúdo. Os dados deste estudo apontaram para o desconhecimento da
interdisciplinaridade por parte dos sujeitos. A partir dos resultados desta pesquisa,
elaborou-se um produto, no formato de projeto de intervenção, intitulado: “A
Interdisciplinaridade no Ensino em Saúde: Ressignificando as ações coletivas
através de um olhar compartilhado e integrado”. Este produto possui o objetivo de
capacitar os profissionais preceptores do II Distrito Sanitário de Maceió quanto à
teoria e a prática interdisciplinar da Estratégia de Saúde da Família. Os preceptores
são os principais multiplicadores das ações interdisciplinares em suas equipes de
Saúde da Família e são presentes na formação dos alunos na perspectiva da
interdisciplinaridade. Desse modo, acredita-se que a interdisciplinaridade pode
auxiliar na superação da dissociação do conhecimento produzido e orientar a
produção de uma nova ordem de conhecimento, constituindo condição necessária
para melhoria da formação em Saúde para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Palavras-chave: Preceptor. Equipe Interdisciplinar em Saúde. Programa Saúde da
Família.
6
ABSTRACT
This paper presents an article titled "Interdisciplinarity in education in health: the look
of the preceptor strategy of family health" that aims to analyze how interdisciplinarity
is instrumentalized by preceptors in health care strategies of the Family Health II
Health District Maceió. For interpretation and analysis of data, we used the data
collection instrument "open interviews or in-depth," from the perspective of content
analysis. Data from this study showed ignorance on the part of the interdisciplinary
subject. From the results of this research, has developed a product, in the form of
intervention project, entitled: "The Interdisciplinary Study in Health: giving new
meaning to collective action through a shared and integrated look." This product has
the objective of training preceptors professionals II Sanitary District of Maceió on the
theory and practice of interdisciplinary Family Health Strategy. The preceptors are
key multipliers of shares in its interdisciplinary teams of the Family Health and are
present in the training of students in an interdisciplinary perspective. Thus, it is
believed that interdisciplinarity can assist in overcoming the dissociation of the
knowledge produced and guide the production of a new order of knowledge,
constituting a necessary condition for improving training in Health for Unified Health
System.
Keywords: Preceptor. Interdisciplinary Health Team. Family Health Program.
7
SUMÁRIO
1
APRESENTAÇÃO......................................................................................
9
2
INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO EM SAÚDE: O OLHAR
DO PRECEPTOR NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA................... 11
2.1 Introdução.................................................................................................... 11
2.2 Percurso Metodológico.............................................................................. 13
2.3 Resultados e Discussão............................................................................. 17
2.4 Considerações Finais................................................................................. 27
REFERÊNCIAS............................................................................................. 29
3
PROJETO DE INTERVENÇÃO...................................................................
33
3.1 Introdução..................................................................................................
33
3.1.1 Caracterização do local da pesquisa “Interdisciplinaridade no Ensino em
Saúde:
o
olhar
do
preceptor
na
Estratégia
de
Saúde
Família”........................................................................................................
da
35
3.2 Público Alvo................................................................................................. 36
3.3 Local de Realização.................................................................................... 37
3.4 Objetivos..................................................................................................... 37
3.4.1 Objetivo Geral............................................................................................... 37
3.4.2 Objetivos Específicos.................................................................................. 37
3.5 Metas........................................................................................................... 37
3.6 Período de Realização............................................................................. 37
8
3.7 Metodologia................................................................................................. 38
3.8 Produtos e/ou Resultados Esperados...................................................... 39
3.9 Cronograma................................................................................................. 39
3.10 Orçamento................................................................................................... 40
3.11 Acompanhamento e Avaliação.................................................................. 40
REFERÊNCIAS............................................................................................. 42
4
CONCLUSÃO GERAL................................................................................. 43
ANEXOS....................................................................................................... 44
9
1
APRESENTAÇÃO
Este trabalho é resultado da minha trajetória pessoal e profissional,
sobretudo, pela formação e atuação no que concerne à interdisciplinaridade, a fim
de compreender os obstáculos e as novas possibilidades de construção do saber
que envolvem o campo do Ensino na Saúde.
A Constituição Nacional traz como uma das diretrizes para as ações e os
serviços de saúde, ao se constituírem por um sistema único, o atendimento integral,
ou seja, a integralidade da atenção como princípio constitucional norteador da
formulação de políticas de saúde. E para que esta integralidade aconteça é preciso
ações interdisciplinares para nortear a formação e as políticas de saúde. No que
concerne à formação, o preceptor é o profissional que não é da academia e sim do
serviço, com formação superior na área de saúde e que recebe os discentes nos
cenários de práticas das Instituições de Ensino Superior.
A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é um importante instrumento para
operacionalizar as ações em saúde voltadas para o que preconiza o Sistema Único
de Saúde (SUS). O preceptor da ESF apresenta um diferencial bastante relevante
que é o fato de estar em um campo que por si só possibilita uma visão ampliada de
saúde, por meio de práticas compartilhadas, coletivas e integradas. Estas práticas
possibilitam novas perspectivas e novos caminhos dentro do Ensino em Saúde.
Considerando a importância da figura do preceptor no que diz respeito ao
estreitamento da distância entre a teoria e a prática na formação dos discentes, o
presente estudo buscou analisar como a interdisciplinaridade é instrumentalizada
pelos preceptores nas ações de saúde das Estratégias de Saúde da Família (ESF)
do II Distrito Sanitário de Maceió.
Este trabalho configura-se como um trabalho de conclusão do Programa de
Mestrado Profissional Ensino na Saúde da Faculdade de Medicina (FAMED) da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Apresenta uma pesquisa em formato de
artigo, intitulado “Interdisciplinaridade no Ensino em Saúde: O olhar do Preceptor na
Estratégia de Saúde da Família” e um projeto de intervenção “A Interdisciplinaridade
no Ensino em Saúde: Ressignificando as ações coletivas através de um olhar
10
compartilhado e integrado”, este com o objetivo de capacitar os profissionais
preceptores do II Distrito Sanitário de Maceió quanto à Interdisciplinaridade.
Tanto o artigo científico quanto o projeto de intervenção são resultados do
aprofundamento teórico e pesquisa de campo na área de Ensino em Saúde, tendo
como objeto de estudo principal a interdisciplinaridade.
O artigo é uma pesquisa de campo e optou-se pela técnica da entrevista
aberta ou em profundidade, sob a perspectiva da Análise de Conteúdo para análise
dos dados. Tomamos como referencial teórico, a Interdisciplinaridade, o Ensino em
Saúde na perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS) e a Estratégia de Saúde da
Família. O estudo foi submetido à revista Interface - Comunicação, Saúde,
Educação, de publicação interdisciplinar.
O artigo retrata dados da pesquisa que permitiu conhecer a atuação dos
profissionais preceptores quanto à interdisciplinaridade. Este estudo apresentou,
entre os seus resultados, um distanciamento dos sujeitos no que caracteriza a teoria
e a prática interdisciplinar. O produto, elaborado com base nos resultados obtidos, é
caracterizado por uma proposta de intervenção, no formato de capacitação, sobre a
teoria e a prática da interdisciplinaridade. O público-alvo da capacitação são os
sujeitos desta pesquisa. O produto será oferecido à Instituição de Ensino Superior
envolvida em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde, com o intuito de
capacitar os profissionais preceptores do II Distrito Sanitário de Maceió quanto à
teoria e a prática interdisciplinar da Estratégia de Saúde da Família.
A seguir os achados deste trabalho são apresentados e desdobrados.
11
2
INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO EM SAÚDE: O OLHAR DO
PRECEPTOR NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA1
2.1
Introdução
O modelo pedagógico tradicional de ensino em saúde incentiva a
especialização precoce, com uma formação voltada para uma abordagem
biologicista e medicalizante (FEUERWERKER, 2002). A interdisciplinaridade se
apresenta, então, como uma possibilidade para uma nova postura, visto que o
aprofundamento dos conhecimentos científicos e os avanços técnicos não são
suficientes para satisfazer a amplitude de possibilidades que a área da saúde
necessita (GUEDES, 2010).
Japiassu (1976, p.118) afirma que para se entender o sentido de
“interdisciplinar”, é preciso saber o que vem a ser “disciplina”. Para este autor, falar
de interdisciplinaridade é falar de interação de disciplinas. Uma disciplina tem o
mesmo sentido de “ciência”, de “disciplinaridade”, que se caracteriza pelo domínio
dos objetos de estudo dos quais se ocupa, pelas especificidades e pela forma como
prevê e explica os fenômenos.
Desse modo, a interdisciplinaridade é o encontro de diferentes disciplinas,
seja na perspectiva pedagógica ou epistemológica, para a construção de um novo
saber. Este saber, por sua vez, é produzido pela intersecção dos diferentes
saberes/disciplinas. Uma visão interdisciplinar dever estar presente tanto no campo
da teoria como no da prática, seja essa prática de intervenção social, pedagógica ou
de pesquisa (GATTÁS, 2006; PAVIANE, 2003).
Outro termo que se vincula à interdisciplinaridade é a “integralidade”, esta que
é uma das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), instituído pela Constituição
de 1988. O SUS está organizado em torno de três diretrizes: a descentralização; o
atendimento integral; e a participação da comunidade (MATTOS, 2005; GARCIA,
2006; LINARD, CASTRO, CRUZ, 2011).
Na perspectiva do Ensino em Saúde/SUS, as novas Diretrizes Curriculares
Nacionais dos cursos de graduação em saúde afirmam que a formação do
profissional desta área deve contemplar o sistema de saúde vigente no país, o
12
trabalho em equipe e a atenção integral à saúde, reafirmando a prática de
orientação ao SUS (BRASIL, 2001a; BRASIL, 2001b; BRASIL, 2002a; BRASIL,
2002b).
E a universidade, nesta perspectiva do Ensino em Saúde, passa a ser
responsável por formar profissionais que estabeleçam uma relação de reciprocidade
com a sociedade (ALMEIDA, 2003; CECCIM, FEUERWEKER, 2004a; HADDAD et
al., 2006).
Através do SUS e da Estratégia de Saúde da Família (ESF), algumas formas
específicas de ensinar e aprender devem ser priorizadas. A ESF é fundamental na
operacionalização da Política da Atenção Básica (BRASIL, 2006), pois possui um
olhar voltado para a família, em que a saúde é vista não apenas como ausência de
doença, mas sim, considerando fatores como a alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte,
o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais (BRASIL, 1990). A ESF prioriza o
trabalho em equipe, a responsabilização compartilhada no planejamento e execução
das ações, além da interdisciplinaridade e integralidade que devem estar presentes
nestas ações (ROSA, LABATE, 2005).
No contexto de ensino da ESF, o preceptor é o profissional que não é da
academia e sim do serviço, com formação superior na área de saúde, e tem o papel
de estreitar a distância entre a teoria e a prática na formação dos discentes. Este
profissional apresenta como funções orientar, dar suporte, ensinar e compartilhar
experiências que melhorem a competência do discente (BOTTI, REGO, 2008).
Espera-se que a relação entre o preceptor e o discente seja horizontal, que se
estimule o ato de pensar e construir hipóteses e que aluno descubra, nesta relação,
a importância do trabalho coletivo (BARRETO et al., 2011).
O preceptor deve se preocupar principalmente com a competência clínica e
com os aspectos de ensino-aprendizagem do desenvolvimento profissional, além de
favorecer a aquisição de habilidades e competências para os discentes nos locais de
prática em que estes estão inseridos. Cabe também ao preceptor criar as condições
necessárias para que mudanças sejam implementadas de maneira satisfatória
durante o processo de formação dos estudantes (BOTTI, REGO, 2008).
13
Nessa perspectiva, o ensino superior no Brasil tem entre seus principais
desafios buscar superar conceitos vinculados apenas ao conhecimento técnico e
biológico, o que favorece a evolução para uma prática interdisciplinar e integral dos
cuidados (FEUERWERKER, 2003; SMEKE, OLIVEIRA, 2001; FURTADO, 2009).
Para tanto, o exercício da interdisciplinaridade possibilita a formação de
profissionais que tenham possibilidades mínimas de trabalhar em conjunto e criar
condições para um cuidado mais integrado e integrador aos usuários do SUS
(CARDOSO et al., 2007). É necessário transformar conceitos e práticas de saúde
que orientam o processo de formação acadêmica e profissional em saúde
(GONZÁLEZ, ALMEIDA, 2010; CECCIM, FEUERWEKER, 2004b).
Concomitante
a
uma
fragmentação
e
excessiva
especialização
do
conhecimento, resultado do avanço tecnológico e isolamento das disciplinas, a
interdisciplinaridade
tem
estado
no
centro
das
discussões
acerca
do
desenvolvimento da ciência e das práticas sanitárias (MATOS, PIRES, CAMPOS,
2009).
Neste contexto, tornou-se viável realizar a pergunta desta pesquisa: Como os
preceptores das unidades de saúde da família do II Distrito Sanitário de Maceió
estão atuando quanto à interdisciplinaridade?
2.2
Percurso Metodológico
O presente estudo, desenvolvido no ambiente da área de ensino na saúde,
correspondeu a um estudo descritivo de abordagem qualitativa. A pesquisa foi
desenvolvida no II Distrito Sanitário (DS) do Município de Maceió-AL que, por sua
vez, é dividido atualmente em sete DS, áreas geográficas que se organizam sob
uma base territorial com características epidemiológicas e sociais semelhantes.
Esta pesquisa permitiu uma aproximação com o objeto central de estudo – a
interdisciplinaridade – através das informações colhidas durante o processo de
investigação.
Apresentou
como
objetivo
analisar
como
a
interdisciplinaridade
é
instrumentalizada pelos preceptores nas ações de saúde das ESF do II DS de
14
Maceió. Como também, mais especificamente: conhecer as práticas dos preceptores
relacionadas
à
interdisciplinaridade;
compreender
a
formação
acadêmica/profissional dos preceptores quanto à interdisciplinaridade; analisar os
benefícios das práticas interdisciplinares no processo ensino-aprendizagem dos
discentes; propor sugestões à Instituição de Ensino Superior e à Secretaria
Municipal de Saúde quanto à prática interdisciplinar.
A escolha do instrumento de coleta de dados foi configurada a partir do
aprofundamento teórico do objeto de estudo. Optou-se pelo instrumento de coleta de
dados “entrevista aberta ou em profundidade” (Minayo, Gomes, 2011, p. 64), com
questões norteadoras, o que permitiu ao entrevistador explorar amplamente as
questões desejadas.
Após a fase de aprofundamento teórico e elaboração do instrumento de coleta
de dados, os sujeitos foram recrutados. Para tanto, foram utilizados como critérios
de inclusão ser profissional preceptor da ESF de umas das unidades que compõem
o II DS de Maceió; ser profissional da saúde de formação superior; estar recebendo
discentes de IES durante o período de realização da pesquisa. A inadequação a
qualquer dos critérios foi considerada como único critério de exclusão. Desse modo,
foram incluídas neste estudo quatro das cinco equipes de ESF desse distrito.
De acordo com os critérios de inclusão, os sujeitos, em sua totalidade,
aceitaram participar desta pesquisa, após a assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido. Foram totalizados nove sujeitos, dispostos em quatro ESF do II
DS do município de Maceió.
O universo dos sujeitos é apresentado nos Quadros 1 e 2 (ver abaixo),
contendo os dados de identificação pessoal (caracterização dos sujeitos da
pesquisa)
e
dados
complementares
da
prática
profissional.
15
Quadro 1 - Caracterização dos participantes da pesquisa
Nome
Idade
Gênero
Ano de
conclusão
Formação Complementar
F
Formação
Acadêmica –
Graduação
Medicina
Sujeito 1
45
1991
Residência em Pediatria;
Residência
em
Clínica
Médica
Sujeito 2
41
F
Fisioterapia
1993
Sujeito 3
44
M
Medicina
1991
Mestrado em Saúde
Coletiva
Residência em Cirurgia
Geral e Urologia;
Especialização em Saúde
da Família
Sujeito 4
58
M
Medicina
1978
Sujeito 5
54
F
Enfermagem
1978
Sujeito 6
35
F
Serviço Social
2000
Pós-graduação em Gestão
e Controle Social das
Políticas Públicas
Sujeito 7
54
F
Enfermagem
1979
Especialização em Saúde
da Família; Especialização
em Urgência-Emergência
Sujeito 8
40
F
Enfermagem
1991
Sujeito 9
44
F
Medicina
1995
Especialização em
Administração Hospitalar;
Especialização em
Auditoria; Especialização
em Urgência-Emergência
Especialização em
Pediatria
Fonte: Autora, 2013.
Residência em Clínica
médica
Mestrado em Ciências da
Saúde
16
Quadro 2 - Dados complementares da prática profissional
Nome
Característica
da capacitação
(Teórica,
Prática, teóricoprática)
Atua como
professor em
Instituição de
Ensino SuperiorIES (sim/não) /
Instituição
Outros local(ais)
de trabalho
Sujeito 1
Sujeito 2
Participou de
alguma capacitação
para o cargo de
preceptoria
(sim/não) /
Instituição que
ofertou
Não
Não
-----
Não
Sim/ IES Pública
Sujeito 3
Não
---
Não
--Hospital Particular,
IES Pública e IES
Particular
Hospital Público
Sujeito 4
Não
---
Sim/IES Pública
Sujeito 5
Não
---
Sim/ IES Particular
Sujeito 6
Sim/ Secretaria
Municipal de Saúde
de Maceió
Não
Teórica
Não
Consultório
particular
IES Pública e IES
Particular
---
---
Não
---
Não
Sim/ Hospital Sírio
Libanês
--Teórico-prática
Não
Não
--Hospital Público e
Consultório
particular
Sujeito 7
Sujeito 8
Sujeito 9
Fonte: Autora, 2013.
Como forma de análise dos dados, foi escolhida a Análise Temática que, por
sua vez, utiliza o “tema” (Bardin, 1979, p. 111) como conceito central e pode ser
graficamente apresentado através de uma mensagem; esta pode ser uma palavra,
uma frase ou um resumo (Minayo, Gomes, 2011, p.86). E para analisar o conteúdo
destas mensagens foram utilizadas as Unidades de Registro (UR) (Minayo, Gomes,
2011, p.87).
Todas as gravações das entrevistas foram transcritas na íntegra. Sobre esse
material realizou-se leitura exaustiva para apropriação do conteúdo, seguindo o
modelo para tratamento, redução e análise, conforme preconizado pela literatura
(Bardin, 1979; Minayo, Gomes, 2011). Para a interpretação dos dados, os resultados
da pesquisa foram confrontados com o referencial teórico sobre Interdisciplinaridade,
ESF, Ensino em Saúde, na busca por conteúdos coerentes, singulares ou
contraditórios.
17
Após a análise de conteúdo das respostas descritas pelos participantes, os
relatos em comum e a aproximação com o objeto deste estudo, as Unidades de
Registro (UR) intituladas foram as seguintes:
UR 1. Atividades que desenvolve no dia-a-dia de trabalho na ESF
UR 2. Vivência na prática diária profissional
UR 3. Significado de Interdisciplinaridade
UR 4. Formação acadêmica/profissional no que se refere à prática
interdisciplinar
UR 5. Benefícios das práticas interdisciplinares no processo ensinoaprendizagem dos discentes
UR 6. Sugestões para aperfeiçoar a prática interdisciplinar
2.3
Resultados e Discussão
Na primeira UR (UR1), que diz respeito às Atividades que desenvolve no dia-
a-dia de trabalho na ESF, perceberam-se ações voltadas à assistência curativa,
contemplando a maior parte das falas, e nenhum relato tratou do trabalho em
equipe, nem destas equipes de saúde com ações de prevenção de agravos e
promoção à saúde de forma prioritária. Saliente-se que estas ações educativas de
prevenção e promoção, além de serem preconizadas pela ESF, também possibilitam
a integração das diferentes categorias profissionais presentes nas equipes de saúde
e deveriam contemplar o cotidiano de trabalho destas equipes da ESF.
Sujeito 2. Como a gente tem uma demanda reprimida, é feito também,
atendimento domiciliar.
Sujeito 3. Aqui na ESF, a gente trabalha com as consultas voltadas para a
cobertura dos diversos programas que são inseridos na ESF, dentre eles as
consultas do hipertenso, do diabético, saúde da mulher [...].
Sujeito 6. No dia a dia a gente faz atendimento individual; nesses
atendimentos, eu faço também encaminhamentos.
18
Sujeito 7. Eu faço os programas da estratégia, né? Saúde da mulher, prénatal, crescimento-desenvolvimento, faço as visitas domiciliares.
Sujeito 8. Realizo atendimento pré-natal, crescimento-desenvolvimento,
puericultura, hipertensos, diabéticos, planejamento familiar, citologia, visitas
e palestras.
Saupe et al. (2005), em sua pesquisa, afirma que a interdisciplinaridade é um
dos elementos, ou um dos caminhos que possibilita aproximações de uma prática de
Atenção Integral em Saúde. E a integralidade deve estar articulada à necessidade
de se modificar uma forma fragmentada e desarticulada de agir em saúde, como
visto na UR1. Para modificar esta prática desarticulada e individualista, a ESF surgiu
como uma ferramenta de ação do SUS, possivelmente eficaz para operacionalizar a
prática em saúde com uma visão interdisciplinar. E estas práticas interdisciplinares,
no âmbito do ensino, são fundamentais para a formação em saúde.
Observou-se, então, que ações interdisciplinares, seguindo os princípios
orientadores do SUS, como a integralidade, apresentam-se como desafios no
Ensino em Saúde. Um desses desafios é oferecer uma contrapartida à influência do
modelo fragmentado de organização do trabalho, em que cada profissional realiza
parcelas do trabalho sem uma integração com as demais áreas envolvidas.
Dessa forma, em seu estudo, Garcia et al. (2007) sustentam que, nas
Diretrizes Curriculares Nacionais, a saúde é considerada uma área interdisciplinar,
pois seu objeto, que seria o processo saúde-doença humano, envolve as relações
sociais, a biologia e as expressões emocionais. Albuquerque e Stotz (2004), por sua
vez, apontam para a importância das ações coletivas, valorizando o saber do outro.
Entende-se,
assim,
compartilhada,
o
que
que
o
conhecimento
proporciona
um
é
um
maior
processo
de
entendimento
construção
das
ações
interdisciplinares em saúde.
A UR2 trata da Vivência na prática diária profissional. Os participantes da
pesquisa trouxeram dados voltados ao relacionamento interpessoal entre os
membros das equipes. Os sujeitos justificaram o fato de não priorizarem as
atividades interdisciplinares devido à grande demanda da população pelo
atendimento individual, ou seja, pelo atendimento especializado. Os resultados desta
19
UR demonstraram que os profissionais entrevistados não vivenciam as ações
interdisciplinares em saúde em suas respectivas equipes de ESF.
Sujeito 1. Eu não tenho problemas com a equipe não.
Sujeito 3.Toda a situação de trabalho diário que eu tenho quem faz o
planejamento sou eu, sou eu que faço o planejamento, dentro das
necessidades que a gente encontra no trabalho. [...] o relacionamento com
os outros profissionais, técnico de enfermagem, enfermeiros e tudo é dentro
do padrão de respeito ao seu espaço. Pronto.
Sujeito 4. Às vezes eu até me pego fazendo a medicina tradicional, porque
a ansiedade da população é a consulta médica, a demanda, e quer que a
gente atenda e cada vez mais [...] a gente vem tentando trabalhar a equipe,
inclusive vem tentando trabalhar o que seria uma equipe de saúde da
família, mas a necessidade é tanta, o sofrimento é tanto!
Sujeito 7. Mas acho que eu vivencio as dificuldades no cotidiano do
trabalho. Muitas dificuldades, principalmente de convivência com os outros
profissionais. A gente se dá bem, mas cada um fazendo o seu, sem invadir
o espaço do outro.
Sujeito 9. E com a minha equipe, eu tenho um relacionamento bom, sabe?
Com a enfermeira da minha equipe, com os agentes de saúde, né?
Os resultados desta pesquisa demonstraram que, dentro da prática
profissional, que valoriza o trabalho em equipe, os profissionais de saúde, sujeitos
deste
estudo,
não
priorizam
a
interação entre as diferentes disciplinas,
principalmente quando esta comunicação é dirigida às práticas interdisciplinares em
saúde. Este fato, na maioria das vezes, foi justificado pelos sujeitos como falta de
tempo para o diálogo. Esta falta de tempo pode sugerir um obstáculo à interação das
disciplinas, visto que elas precisam de uma cooperação mútua para que ações
interdisciplinares aconteçam de forma concreta.
Segundo Japiassu (1976, p.123), esta comunicação se dá através da
metodologia interdisciplinar que significa, antes de tudo, “falar de disciplinas
operantes e cooperantes”. Isto remete à importância do diálogo entre as diferentes
categorias profissionais para que a prática interdisciplinar aconteça.
Como trata Peduzzi (1998), a valorização dos espaços de reflexão dos atores
em saúde é essencial como espaços de troca, de interação e comunicação. Dessa
forma, os sujeitos relataram a necessidade de reorganização do trabalho nas ESF
para, enfim, existir a possibilidade de interação entre as categorias profissionais em
saúde.
20
Na UR3, que trata do Significado de Interdisciplinaridade, observou- se um
desconhecimento
do
conceito
de
interdisciplinaridade.
Alguns
profissionais
demonstraram uma confusão com multidisciplinaridade e, ainda, alguns se
aproximaram do significado de interdisciplinaridade. Porém, neste caso, a
interdisciplinaridade é vista como algo teórico apenas, sem ligação com a prática
interdisciplinar.
Sujeito 1. Inter o que? O que você quer saber? [...] trabalhar com outros
profissionais? [...] a gente faz um trabalho junto.
Sujeito 3. (risos) Interdisciplinaridade... Eu entendo assim, é...
interdisciplinaridade... Deixa eu ver... Eu entendo que interdisciplinaridade
seria uma... Uma gama de profissionais, trabalhando em atividades
diferentes, mas que se complementam. Nós, médicos [...]. A gente quer o
imediatismo da coisa, mas a coisa não funciona no imediatismo. Então a
gente sofre bastante nesse processo de interdisciplinaridade.
Sujeito 4. Mas eu não consegui ainda, talvez pela dinâmica do processo de
formação, esse mesmo sentido, de formar os alunos de medicina com essa
interdisciplinaridade. Existe a relação entre as categorias, mas eu ainda não
consegui unir, fazer com que os alunos de medicina vivenciem isso também
na prática, apesar de eles sentirem que a gente faz isso.
Sujeito 6. É a gente fazer um trabalho único, mas ele fracionado de maneira
que o usuário entenda do que estamos falando.
Sujeito 7. Interdisciplinaridade? Interdisciplinaridade? Eu acredito que seja
quando tem um trabalho em equipe não é? Esses conceitos são muito
complicados! Cada um que diga que é uma coisa. Mas acho que é quando
se consegue fazer um trabalho em conjunto, vários profissionais, né?
Sujeito 8. Eu acredito que seja o conjunto de várias profissões... o médico, o
enfermeiro, dentista. Todo mundo junto. É isso? Não tenho certeza. [...] aí a
gente faz esse trabalho junto.
Sujeito 9. Você faz a sua parte, mas e aí? Tem coisas que você precisa,né?
Do contato com o outro.
Trentin (2010) também, em seu estudo, aponta uma grande dificuldade dos
sujeitos em conceituar a interdisciplinaridade quando relacionada à prática, com uma
tendência à multidisciplinaridade. Nas ações multidisciplinares existem diferentes
categorias profissionais que, não necessariamente, dialogam entre si. Enquanto que,
segundo Japiassu (1976), para que a interdisciplinaridade aconteça é preciso existir
a interação das disciplinas em torno de um objetivo em comum, na construção de
um novo saber.
21
Outras questões também surgiram na UR3, como o fato de que a maioria dos
profissionais demonstrou saber que trabalhar de forma interdisciplinar é algo
essencial na ESF e, como preceptores, presentes na formação dos discentes,
reconheceram ser responsáveis por transmitir a prática interdisciplinar na ESF para
os discentes. Porém, identificaram as limitações de sua formação acadêmica no que
diz respeito à teoria e à prática da Interdisciplinaridade.
Em sua pesquisa, Ronzani e Stralen (2003) afirmam que a prática dos
profissionais na ESF ainda é fundamentada em uma formação superespecializada e
em um isolamento das categorias profissionais. Este isolamento das disciplinas pode
ser visualizado nos fragmentos de fala dos sujeitos deste estudo, principalmente
quando se observa uma redução das ações em saúde apenas às práticas curativas
e individuais e um distanciamento das ações de promoção à saúde e prevenção de
agravos,
primordiais
na
ESF
e
essenciais
para
o
entendimento
da
interdisciplinaridade.
Percebe-se que as limitações da formação acadêmica do preceptor remetem
à capacitação deste. É preciso que este profissional seja reconheça o seu papel de
protagonista
das
práticas
curriculares
dos
discentes
no
que
tange
à
Interdisciplinaridade.
Para tanto, Moretti-Pires (2009) sugere que, na medida em que os
profissionais e futuros profissionais da saúde aprendem apenas os aspectos
técnicos de sua profissão e não compreenderam como se articular com outras
categorias profissionais, a formação universitária por si só não possibilitará a
atuação interdisciplinar.
Desse modo, acredita-se que apenas o aprofundamento dos conhecimentos
científicos e os avanços técnicos não sejam suficientes para contemplar a área da
saúde. Assim, a interdisciplinaridade se apresenta como facilitadora na construção
de uma visão mais ampliada, pautada na integração das diferentes categorias
profissionais e com o objetivo de elaborar um novo saber.
Na UR4, que tratou da Formação acadêmica/profissional no que se refere à
prática interdisciplinar, a maioria dos sujeitos não apresentou, nas suas falas, ter
22
conhecido e vivenciado a interdisciplinaridade durante a formação acadêmica. Já na
formação
profissional,
a
busca
pelo
conhecimento da interdisciplinaridade
demonstrou ser de iniciativa individual.
Sujeito 1. Na época nem se falava nisso. Eu venho de uma formação
totalmente diferente da formação de hoje.
Sujeito 4. A minha formação [...] era medicina e medicina pensando em
doença. Só medicina. Apesar de o curso dizer uma coisa que era formar o
médico generalista e blá-blá-blá, na prática não era, não era porque a gente
via só disciplinas e as disciplinas falando das doenças de cada disciplina.
Sujeito 5. Mas na minha formação não teve e a gente não vê essa prática,
assim, nem das faculdades, nem no serviço de tentar ajustar, né?!
Sujeito 7. Na minha graduação eu não tive nada, não que eu lembre. Era só
a enfermagem com a enfermagem. Só e só. Na pós que eu fiz era só teoria,
não tive nada prático de equipe, até na especialização que fiz com outras
categorias profissionais era cada um fazendo o seu, falando sobre sua área.
Sujeito 8. Nunca tive nada disso. Nem durante a graduação nem na pósgraduação que fiz. Acho que não sei direito o que é interdisciplinaridade
não.
Estes profissionais relataram atuar em equipe, porém demonstraram
dificuldade em executar esta prática dentro da ESF e repassar esta formação
interdisciplinar para os discentes. Percebeu-se que os profissionais preceptores
desta
pesquisa,
interdisciplinaridade,
em
sua
maioria,
aproximando-a
desconhecem
de
outros
a
teoria/prática
conceitos,
como
da
a
multidisciplinaridade e a disciplinaridade. Assim, estes sujeitos demonstraram
interesse em conhecer sobre a interdisciplinaridade, visto que esta parece ser
indispensável para a prática profissional na ESF e essencial na formação dos
discentes.
Favarão e Araújo (2004) sustentam que a sociedade atual exige que a
universidade não somente capacite os acadêmicos para futuras habilitações nas
especializações tradicionais, mas que tenha em vista a formação destes, para
desenvolver suas competências e habilidades em função de novos saberes que se
produzem e que exigem um novo tipo de profissional, sem dissociar a teoria da
prática. Estes novos saberes dizem respeito, principalmente, à capacidade de
23
trabalhar na perspectiva da interdisciplinaridade e conhecer as contribuições de
outras categorias profissionais.
O conhecimento de outras profissões proporciona a ampliação do olhar dentro
do campo da saúde e, consequentemente, a construção integrada de um novo
saber. Saber, por sua vez, elaborado pela intersecção das diferentes categorias
profissionais. Esta integração das disciplinas/profissões só pode ser compreendida
de forma mais concreta quando a teoria e a prática interdisciplinar estão vinculadas.
Desse modo, o cenário de prática, durante a formação acadêmica dos discentes, é o
lugar privilegiado para compreender a interdisciplinaridade, principalmente quando
este cenário é a ESF, um dos campos de operacionalização dos princípios e
diretrizes do SUS.
Portanto, é preciso possibilitar os espaços de interação nos cenários de
prática, como também é necessário que o profissional preceptor seja conscientizado
do seu protagonismo nas práticas curriculares dos discentes no que diz respeito à
interdisciplinaridade (SAUPE et al, 2005).
O preceptor, neste espaço de serviço e formação acadêmica, deve tornar-se
um dos principais facilitadores da prática interdisciplinar. O que beneficia tanto a
população assistida por meio das ações integradas em saúde, quanto a formação
dos discentes. Além disso, também a formação do aluno deve ser vista de maneira
integral pela instituição formadora.
Esta formação integral facilita a construção de uma relação de cooperação
entre professor/preceptor e discente. O que, por sua vez, acredita-se que
proporcione a abertura de caminhos para o reconhecimento da importância da
interação com outras áreas de formação acadêmica. Segundo Morin (2001, p.13),
“Uma educação só pode ser viável se for uma educação integral do ser humano.
Uma educação que se dirige à totalidade aberta do ser humano e não apenas a um
de seus componentes”.
Na UR5, que tratou sobre os Benefícios das práticas interdisciplinares no
processo ensino-aprendizagem dos discentes, os sujeitos reconheceram que a
interdisciplinaridade é importante e pode ser o diferencial na formação dos futuros
24
profissionais para o SUS, mesmo as URs anteriores demonstrando que os próprios
sujeitos não praticam e/ou desconhecem a interdisciplinaridade.
Sujeito 1. Tem sim. Cada um tem que ver o valor profissional do outro, né?
Sujeito 3. Na visão dos colegas que são de outras especialidades, de outras
profissões, eles veem a gente como adversários, mas não somos
adversários de ninguém, nós estamos apenas querendo é que as coisas
sejam cumpridas de acordo com o que deve ser feito. Então, pra mim, não
me oponho, desde que a minha competência ela não seja usurpada, ela não
seja invadida.
Sujeito 4. Eu acho que sim, e uma das coisas que eu falo sempre e procuro
executar é de que o médico não é senhor todo poderoso de uma equipe e
que cada profissional tem a sua importância naquilo que a gente se propõe
a fazer.
Sujeito 6. É muito, muito importante. A gente tem que saber o seguinte: nós
somos [...] uma equipe. O ideal é que todo mundo pensasse assim. [...] isso
é muito importante para a formação do aluno, que ele também aprenda. Eu
acho assim, a medicina muito individualista, né?
Sujeito 7. [...] trabalhar em equipe, ver o que o outro faz. Tem a resistência
da medicina também. Dos alunos principalmente... Eu acho que deve ser a
formação. Aí existem essas barreiras que impedem.
Sujeito 8. Sim, acredito que devam existir benefícios, né? Trabalhar junto
com os agentes, com o dentista, pelo menos fazer as visitas, já deve ser um
ganho grande. É um impacto pra eles chegar aqui na comunidade, se
comunicar com os outros profissionais.
Sujeito 9. Os meus alunos de medicina, eles não participam das ações
interdisciplinares, infelizmente. Se eles participassem, teriam benefícios,
né?
Os profissionais parecem demonstrar que o principal benefício da
interdisciplinaridade na formação dos discentes está ligado apenas à relação
interpessoal. Acredita-se que os benefícios vão além desta relação, pois possibilita a
construção integrada das ações em saúde e o reconhecimento das outras categorias
profissionais na construção de um novo método/objeto. Dessa forma, a
interdisciplinaridade pode se situar como alternativa para a fragmentação excessiva
do conhecimento e auxiliar na elaboração de um novo saber (PAVIANE, 2003).
Outra questão que foi observada nos resultados deste estudo foi a resistência
da categoria médica para o possível trabalho interdisciplinar. Este fato foi trazido,
principalmente, pelos profissionais da medicina e da enfermagem. Os próprios
profissionais médicos relataram a dificuldade de trabalhar com sua categoria
profissional. Estes apontaram algumas questões para justificar esta resistência,
25
como:
formação
acadêmica/profissional
deficitária
do
que
concerne
à
interdisciplinaridade; o enfoque acadêmico em práticas técnico-curativas; e excesso
de demanda para os atendimentos ambulatoriais nas unidades de saúde.
Em sua pesquisa, Garcia et al. (2007), concluíram que a centralidade do
modelo biomédico, com enfoque em práticas técnicocurativas, dificulta a
aproximação entre as diferentes categorias profissionais, mantendo-se a perspectiva
de ‘auxílio’ entre os profissionais e a referência ao “preconceito” e à “arrogância”. A
centralidade do modelo biomédico é uma das razões que dificulta a realização de
uma ação em saúde mais integrada e de melhor qualidade, tanto na perspectiva
daqueles que a realizam como para os que dela usufruem (MATOS, PIRES,
CAMPOS, 2009; MORETTI-PIRES, 2009). A ação interdisciplinar pode possibilitar,
também, uma alternativa de formação diferenciada, pautada em uma visão ampla
das problemáticas na área de saúde e a compreensão de que o conhecimento e
ação interdisciplinar não se excluem, mas se intersectam.
A última Unidade de Registro (UR6), que tematizou Sugestões para
aperfeiçoar a prática interdisciplinar, demonstrou que os profissionais necessitam de
capacitação sobre interdisciplinaridade, numa perspectiva teórico-prática. A
capacitação foi sugerida pelos preceptores para que sejam de iniciativa da
Instituição de Ensino Superior responsável pelos discentes nos cenários de prática
e, também, da Secretaria Municipal de Saúde, responsável pelos serviços de saúde,
como as ESF.
Os preceptores reconheceram suas formações acadêmicas e profissionais
deficitárias no que diz respeito à teoria e à prática interdisciplinar. Estes sujeitos
revelaram a necessidade que sentem de aperfeiçoar suas ações tanto para a
melhoria dos serviços de saúde quanto para colaborar de forma mais eficaz na
formação acadêmica dos discentes, no que concerne à interdisciplinaridade.
Sujeito 2. Pronto, uma sugestão: eu acho que o interessante seria uma
capacitação para os funcionários, né? Uma capacitação voltada para
interdisciplinaridade. Que nunca teve. Como vai poder passar para os
alunos? Tem que existir a capacitação. [...] Quem deveria fazer isso seria
alguém com experiência, né? Alguém do município ou a universidade,
alguém que tivesse a prática.
26
Sujeito 3. Algo que fosse da parte da interdisciplinaridade. Eu não sei que
ideia eu daria. Eu não conheço quais são as práticas. Eu não entendo. Eu
não sei como se faz essa situação, entendeu? Eu acho que, talvez, precisa
do olhar da academia e do olhar da secretaria pra capacitar a gente sobre
isso e pra receber esses alunos, pra poder ensinar pra eles, né?
Sujeito 5. E em relação à prática interdisciplinar, algo para uniformizar as
práticas interdisciplinares e de educação em saúde. Pra isso teria que a
universidade ofertar algo para os preceptores, uma capacitação sobre isso
para uniformizar a gente, pra ajudar na formação dos meninos, né? Algo
que fosse comum a todo mundo.
Sujeito 6. O serviço precisa receber visitas da universidade. A universidade
poderia capacitar os preceptores com relação a este trabalho
interdisciplinar, mas ela nem sabe o que fazemos no serviço com os alunos
dela, né?
Sujeito 7. Nunca tivemos nada sobre interdisciplinaridade. A Universidade
não poderia capacitar a gente? Levar a gente pra lá? Fazer algo com todo
mundo. E a Secretaria municipal de saúde também, só pensa na doença,
então ensinamos pros alunos o que aprendemos, né?
Sujeito 8. Acho que o que falta é a faculdade aqui com a gente, mais de
perto, vendo nosso trabalho, como a secretaria municipal também. Nossa
formação não foi pra isso. Como vamos ajudar os alunos nesse sentido?
Precisam vir decifrar a questão da interdisciplinaridade. Reunir, discutir e
mastigar. Eu posso ter um pensamento que não é o que significa mesmo.
Preciso saber, né? E depois de abrir o leque de possibilidades pra gente,
posso saber como fazer pra passar para os alunos.
As sugestões de capacitação sobre a teoria e a prática interdisciplinar devem
ser consideradas, visto que a ESF se constituiu como uma proposta de mudança do
processo de trabalho na atenção básica, sendo um campo aberto para o processo
de ensino-aprendizagem do futuro profissional de saúde, como preconizam as leis
que regem o SUS.
Os resultados desta pesquisa apontaram, assim como no estudo de More et
al. (2004), que o convívio entre os integrantes de uma equipe de saúde traz vários
questionamentos em relação à postura desses profissionais, principalmente com
relação às ações em comum. Para a efetivação destas ações, torna-se necessária a
capacitação dos profissionais envolvidos nas equipes de saúde, no sentido de
desenvolver e trabalhar práticas interdisciplinares.
Para que o trabalho de capacitação aconteça é preciso um reconhecimento
da sua necessidade por parte dos profissionais envolvidos diretamente nas ações
integradas em equipes de saúde, como também por parte das instituições
formadoras e mantenedoras dos serviços de saúde. Loch-Neckel, et al. (2009)
27
sugerem
que
é
preciso
capacitação
sobre
interdisciplinaridade
para
o
reconhecimento do trabalho interdisciplinar e da importância deste para a formação
dos futuros profissionais de saúde para o SUS.
Desse modo, é preciso existir diálogo entre a Instituição de Ensino Superior, a
Secretaria Municipal de Saúde e os cenários de prática possibilitadores de
formação, como a ESF, representados pelos profissionais preceptores. Estes
profissionais precisam ser capacitados permanentemente tanto para a função de
preceptoria, já que estão presentes na formação acadêmica dos discentes, quanto
para os serviços de saúde, como a ESF.
Esta estratégia (ESF) do SUS necessita de profissionais capazes de trabalhar
de forma compartilhada, por meio da aceitação de outros saberes. Para que esta
prática integrada aconteça é preciso ir além do conhecimento técnico-científico.
Torna-se
necessário,
além
de
uma
formação
acadêmica
voltada
à
interdisciplinaridade, a capacitação dos profissionais que estão atuando no serviço e
que já passaram pela academia e não tiveram esta formação ampliada de saúde.
Torna-se necessária uma capacitação permanente que integre as categorias
profissionais, sem segregação, em busca da interdisciplinaridade.
2.4
Considerações Finais
Os dados apontaram para o desconhecimento da interdisciplinaridade por
parte dos profissionais preceptores deste estudo, tanto na teoria quanto na prática
interdisciplinar. Este desconhecimento foi percebido pelo fato de os sujeitos não
terem tido uma formação acadêmica voltada para a interdisciplinaridade, como
também, durante as vivências no campo profissional, não tiveram nenhum tipo de
capacitação sobre a prática e a teoria interdisciplinar.
Os preceptores reconheceram a importância da interdisciplinaridade para a
formação dos futuros profissionais, como também, que não estão preparados para
repassar para os discentes os conhecimentos dentro de uma ótica interdisciplinar,
visto que não foram formados com uma visão ampliada do conceito de saúde.
Como sugestão para o aperfeiçoamento do trabalho na ESF e como ativos na
formação dos futuros profissionais para o SUS, os preceptores sugeriram
28
capacitação com a temática da interdisciplinaridade. Foi sugerido que esta
capacitação seja coordenada pela SMS e pela instituição de ensino superior
responsável pelos discentes nos cenários de prática das ESF.
As conclusões às quais se chegou, a partir desta pesquisa, não esgotam o
tema em questão. Ao se estudar como a interdisciplinaridade é instrumentalizada
pelos preceptores na ESF, pretendeu-se demonstrar a importância da prática e da
teoria interdisciplinar nas relações de trabalho e na formação em Saúde para o SUS.
Mas outras influências e outros aspectos podem e devem ser considerados no
estudo da interdisciplinaridade. Portanto, esta pesquisa aponta para novos e
produtivos estudos.
29
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, P. C.; STOTZ, E. N. A educação popular na atenção básica à
saúde no município: em busca da integralidade. Interface - Comunicação, Saúde,
Educação, Botucatu, v.8, n.15, mar./ago. p.259-74, 2004.
ALMEIDA, M. et al. (Org.). Diretrizes curriculares nacionais para os cursos
universitários da área da saúde. Londrina: Rede Unida; 2003.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1976.
BARRETO, V. H. et al. Papel do preceptor da atenção primária em saúde na
formação da graduação e pós-graduação da Universidade Federal de Pernambuco –
um Termo de Referência. Rev. Bras. Educ. Med., v. 35, n. 4, p. 578-583, 2011.
BOTTI, S.; REGO, S. Preceptor, supervisor, tutor e mentor: quais são seus papéis?
Rev. Bras. Educ. Med. v. 32. n. 3, p. 363-373, 2008.
BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para
a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 set. 1990,
Seção 1, p. 18055.
______. Portaria nº 648/GM, de 28 de março de 2006. Política Nacional de Atenção
Básica. Dispõe sobre as diretrizes e normas para organização da Atenção Básica.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 28 de mar. 2006.
Seção 1, p 71.
______. Ministério da Educação. Resolução CNE/CNS nº 4 de 19 de fevereiro de
2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Fisioterapia. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 4
mar. 2002a. Seção 1, p. 11.
______. Resolução CNE/CNS nº 6 de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes
Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Terapia Ocupacional. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 4 mar. 2002b. Seção 1,
p. 12.
______. Resolução CNE/CES nº 4 de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes
Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, de 9 nov. 2001a. Seção 1, p. 38.
______. Resolução CNE/CES nº 3 de7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes
Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 nov. 2001b. Seção 1, p. 37.
30
CARDOSO, J. P. et al. Formação Interdisciplinar: Efetivando Propostas de
Promoção da Saúde no SUS. Rev. Bras. em Promoção da Saúde, Fortaleza, v. 20.
n. 4, p. 252-258, 2007.
CECCIM, R.B.; FEUERWEKER, L. C. M. O quadrilátero da formação para a área da
saúde: ensino, gestão, atenção e controle social. Physis: Rev. Saúde Coletiva, Rio
de Janeiro, v.14, n.1, jan./jun., p. 41-65, 2004a.
______; ______. Mudança na graduação das profissões de saúde sob o eixo da
integralidade. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.20, n.5, Set./Out., p. 1400-10,
2004b.
FAVARÃO, N. R. L; ARAÚJO, C. S. A. Importância da interdisciplinaridade no ensino
superior. Educere, Umuarama, v. 4, n. 2, jul./dez. p.103-115, 2004.
FEUERWERKER, L. C. M. Além do discurso da mudança na educação médica:
processos e resultados. São Paulo: Hucitec, 2002.
______. Educação dos profissionais de saúde hoje: problemas, desafios,
perspectivas e as propostas do Ministério da Saúde. Revista da ABENO, Brasília,
DF, v. 3, n. 1, p. 24-27, 2003.
FURTADO, J.P. Arranjos institucionais e gestão da clínica: princípios da
interdisciplinaridade e interprofissionalidade. Cad. Bras. Saúde Mental., v. 1, n. 1,
jan./abr. 2009.
GARCIA, M. L. A. et al. A Interdisciplinaridade necessária à educação médica. Rev.
Bras. Educ. Med., v. 31, n.2, p. 147 – 155; 2007.
GARCIA, M. L. A. et al. Interdisciplinaridade e Integralidade no Ensino em Saúde.
Rev. Ciênc. Med., Campinas, v. 15, n. 6, p. 473-485, nov./dez. 2006.
GATTÁS, M.L.G. Interdisciplinaridade: formação e ação na área de saúde.
Ribeirão Preto: Holos, 2006.
GUEDES, L. E.; FERREIRA JUNIOR, M. Relações disciplinares em um centro de
ensino e pesquisa em praticas de promoção a saúde e prevenção de doenças. Rev.
Saúde Sociedade, São Paulo, v. 19, n. 2, p.260-272, 2010.
GONZÁLEZ, A. D.; ALMEIDA, M. J. Integralidade da saúde: norteando mudanças na
graduação dos novos profissionais. Cienc. Saude Colet., v. 15, n. 3, p. 757-62,
2010.
HADDAD, A.E, et al. (Org.). A trajetória dos cursos de graduação na saúde 19912004. Brasília, DF: INEP, 2006.
JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago,
1976.
31
LINARD, A. G.; CASTRO, M. M.; CRUZ, A. K. L. Integralidade da assistência na
compreensão dos profissionais da estratégia saúde da família. Rev. Gaúcha
Enferm., Porto Alegre, v. 32, n. 3, p. 546-53, 2011.
LOCH-NECKEL, G. et al. Desafios para a ação interdisciplinar na atenção básica:
implicações relativas à composição das equipes de saúde da família. Cienc. Saúde
Colet., v. 14, n. 1, p. 1463-1472, 2009.
MATOS, E; PIRES, D. E. P; CAMPOS, G. W. S. Relações de trabalho em equipes
interdisciplinares: contribuições para a constituição de novas formas de organização
do trabalho em saúde. Rev. Bras. Enferm., Brasília, DF, v. 62, n. 6, nov./dez. p.8639, 2009.
MATTOS, R. A. Os sentidos da integralidade: algumas reflexões acerca de valores
que merecem ser defendidos. In: PINHEIRO, R.; MATTOS, R. (Org.). Os sentidos
da integralidade na atenção e no cuidado em saúde. 4. ed. Rio de Janeiro:
Cepesc/ IMS/Uerj/Abrasco, 2005.
MINAYO, M. C. S.; GOMES, S. F. D. Pesquisa social: teoria, método e criatividade.
30. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
MORE, C. et al. As representações sociais do psicólogo entre os residentes do
programa de saúde da família e a importância da interdisciplinaridade. Rev.
Psicologia Hospitalar, v. 1, n. 1, p. 59-75, 2004.
MORIN, E. A. Cabeça bem-feita: repensar a reformar o pensamento. Tradução de
Eloá Jacobina. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
MORETTI-PIRES, R. O. Complexidade em Saúde da Família e formação do futuro
profissional de saúde. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v.
13, n. 30, jul./set. p. 153-66, 2009.
PAVIANE, J. Disciplinaridade e interdisciplinaridade. In: SEMINÁRIO
INTERNACIONAL INTERDISCIPLINARIDADE, HUMANISMO, 1., 2003. Porto.
Anais... Porto: Universidade do Porto, 12 a 14 de Novembro, 2003.
PEDUZZI, M. Equipe multiprofissional de saúde: a interface entre trabalho e
interação. 1998. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) - Universidade Estadual de
Campinas. Campinas, 1998.
ROSA, W. A. G; LABATE, R. C. Programa Saúde da Família: a construção de um
novo modelo de assistência. Rev. Latino Americana de Enfermagem. São Paulo,
v. 13, n. 6, p.1027-34, 2005.
RONZANI, T. M; STRALEN, C. J. V. Dificuldades de Implantação do Programa de
Saúde da Família como estratégia de reforma do sistema de saúde brasileiro.
Revista APS, v. 6, n. 2, jul./dez. p.99-107, 2003.
32
SAUPE, R. et al. Competência dos profissionais da saúde para o trabalho
interdisciplinar. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 9, n. 18,
set./dez., p.521-36, 2005.
SMEKE, E. L. M.; OLIVEIRA, N. L. S. Educação em saúde e concepções de sujeito.
In: VASCONCELOS, E. M. et al. A saúde nas palavras e nos gestos: reflexões da
rede educação popular e saúde. São Paulo: HUCITEC, 2001. p.115-136.
TRETIN, V. R. M. Práticas interdisciplinares nos processos de formação em
serviços de saúde. 2010. Monografia (Especialização em Práticas Pedagógicas
para a Educação em Serviços de Saúde) - Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Porto Alegre, 2010.
33
3
PROJETO DE INTERVENÇÃO
A interdisciplinaridade no Ensino em Saúde: Ressignificando as ações
coletivas através de um olhar compartilhado e integrado
3.1
Introdução
A Constituição Nacional traz como uma das diretrizes para as ações e os
serviços de saúde, ao se constituírem por um sistema único, o atendimento integral,
ou seja, a integralidade da atenção como princípio constitucional norteador da
formulação de políticas de saúde (BRASIL, 1990). Esta integralidade está presente
nas diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS): a descentralização; o atendimento
integral; e a participação da comunidade. Desse modo, o SUS vem assumindo papel
ativo na discussão e reorientação das estratégias e modos de cuidar, tratar e
acompanhar a saúde individual e coletiva. O que reforça a necessidade de reformar
os profissionais para atuarem de acordo com essa nova política de saúde (CECCIM,
FEUERWERKER, 2004).
A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é um dos instrumentos mais eficazes
para operacionalizar a Política Nacional da Atenção Básica (BRASIL, 2006), sendo
uma estratégia fundamental no nível de atenção primária, pois prioriza o trabalho em
equipe, a responsabilização compartilhada no planejamento e execução das ações,
além da interdisciplinaridade e integralidade (ROSA, LABATE, 2005).
A ESF é também um cenário de prática aberto para o processo de ensinoaprendizagem de discentes dos diversos cursos da área de saúde e humanas, visto
que é um campo que possibilita a construção de um olhar ampliado da saúde, não
apenas como ausência de doença, mas sim considerando fatores como a
alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda,
a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais
(BRASIL, 1990), contribuindo, assim, para uma formação mais humanista,
interdisciplinar, com uma perspectiva de melhorar a qualidade de vida da população
assistida.
No entanto, mesmo sendo um campo possibilitador de uma formação
diferenciada para o que preconizam as novas Diretrizes Curriculares dos Cursos de
34
Graduação da área de Saúde, a ESF necessita de uma atenção voltada para
formação e capacitação dos seus profissionais, que, na maioria das vezes, além de
realizar suas funções dentro do campo de atuação da ESF, participam da formação
dos alunos das Instituições de Ensino Superior (IES), exercendo a função de
preceptor.
O preceptor é o profissional que não é da academia e sim do serviço, com
formação superior na área de saúde e tem o importante papel de estreitar a
distância entre a teoria e a prática na formação dos discentes. Este profissional
apresenta como funções: orientar, dar suporte, ensinar e compartilhar experiências
que melhorem a competência do discente (BOTTI, REGO, 2008). Espera-se que a
relação entre o preceptor e o discente seja horizontal, que se estimule o ato de
pensar e construir hipóteses e que aluno descubra, nesta relação, a importância do
trabalho coletivo (BARRETO et al., 2011).
O preceptor preocupa-se principalmente com a competência clínica ou com
os aspectos de ensino-aprendizagem do desenvolvimento profissional, além de
favorecer a aquisição de habilidades e competências para os discentes nos locais de
prática em que estes estão inseridos. E cabe ao preceptor criar as condições
necessárias para que mudanças sejam implementadas de maneira satisfatória
durante o processo de formação dos estudantes (BOTTI, REGO, 2008).
O preceptor da ESF apresenta um diferencial bastante relevante que é o fato
de estar em um campo que por si só possibilita uma visão ampliada de saúde, por
meio de práticas compartilhadas, coletivas e integradas. Porém, percebe-se que, na
maioria dos cenários de prática da ESF, os discentes não conseguem colocar essas
ações acima citadas em prática, reproduzindo ações de caráter técnico-curativo.
Estas ações também não contemplam as diretrizes do SUS/ESF, que tem na prática
da interdisciplinaridade sua principal possibilidade de intervenção, induzindo a saída
de posições acadêmicas tradicionais para novas perspectivas e novos caminhos
dentro do Ensino na Saúde.
Neste contexto, foi realizada a pesquisa intitulada: “Interdisciplinaridade no
Ensino em Saúde: o olhar do preceptor na Estratégia de Saúde da Família”, tendo
como objetivo principal “Analisar como a interdisciplinaridade é instrumentalizada
35
pelos preceptores nas ações de saúde das Unidades de Saúde da Família do II
Distrito Sanitário de Maceió”.
Esta pesquisa faz parte de uma dissertação de
mestrado profissional do Programa de Ensino na Saúde da Faculdade de Medicina
(FAMED) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
A partir do planejamento, execução, aprofundamento teórico e discussão dos
resultados, tal pesquisa sugere uma demanda relevante e significativa dos sujeitos –
preceptores das ESF do II Distrito Sanitário de Maceió – de capacitação teóricoprática em relação à temática da “Interdisciplinaridade”, realizada pela IES em
parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Maceió, com a proposta de
aproximação da IES aos cenários de práticas de seus discentes. Esta sugestão de
capacitação com a temática da interdisciplinaridade deve ser considerada, visto que
a ESF se constituiu como uma proposta de mudança no processo de trabalho na
atenção básica, sendo um campo aberto para o processo de ensino-aprendizagem
do futuro profissional de saúde, como preconizam as leis que regem o SUS.
3.1.1 Caracterização do local da pesquisa “Interdisciplinaridade no Ensino em
Saúde: o olhar do preceptor na Estratégia de Saúde da Família”
O Município de Maceió-AL é dividido em 7 (sete) Distritos Sanitários, estes
que compreendem áreas geográficas que se organizam sobre uma base territorial
com características epidemiológicas e sociais semelhantes. A pesquisa ocorreu no II
Distrito Sanitário de Maceió, que faz parte da Rede de Saúde deste Distrito: 1 (um)
Módulo Odontológico; 2 (dois) Centros de Especialidades Médicas (PAM Breda e
PAM Dique Estrada); 1 (uma) Unidade de Saúde que atende à demanda espontânea
(Unidade de Saúde Rolland Simon); e 5 (cinco) Unidades de Saúde da Família –
USF (Unidade de Saúde da Família Hélvio Auto (Rua Riachuelo, 20, Trapiche),
Unidade de Saúde da Família Jardim São Francisco (Rua São Francisco, 02, Brejal),
Unidade de Saúde da Família Virgem dos Pobres (Av. Senador Rui Palmeira, s/n,
Dique Estrada), Unidade de Saúde da Família Tarcísio Palmeira (Rua Alípio
Barbosa, s/n, Pontal da Barra), Unidade de Saúde da Família Professor Durval
Cortez (Rua João Ulisses Marques, s/n, Prado). Esta última é a USF mais recente
deste Distrito, sendo que no período de realização da pesquisa os profissionais não
estavam recebendo discentes das Instituições de Ensino Superior (IES); por esta
36
razão, esta unidade não foi incluída na pesquisa. Assim, foram incluídas 4 (quatro)
USF que compõem a Rede de Saúde deste Distrito.
O II Distrito Sanitário de Maceió é caracterizado por ser uma região
diferenciada, principalmente nos planos físico e cultural. Grande parte deste Distrito
fica entre o mar e a lagoa, favorecendo, principalmente, atividades laborais
características, como a pesca e o artesanato.
A IES Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas-UNCISAL
está localizada neste Distrito. Possui 5 (cinco) cursos de bacharelado na área de
saúde (Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina e Terapia Ocupacional)
e 4 (quatro) cursos tecnológicos (Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de
Sistemas, Tecnologia em Processos Gerenciais, Tecnologia em Radiologia,
Tecnologia em Sistemas Biomédicos). Todas as unidades estão passando por um
processo de reorganização da Estratégia de Saúde de Família, principalmente pelo
fato de serem, em sua maioria, cenários de prática para a IES presente neste
Distrito Sanitário.
Desse modo, após o aprofundamento teórico, aproximação com a temática de
investigação e resultados da pesquisa, este projeto foi elaborado com o intuito de
oferecer uma resposta da pesquisa aos sujeitos do estudo, à IES e à SMS, como
forma de produto da pesquisa. Este projeto será direcionado, inicialmente, à Próreitoria de Ensino e Graduação (PROEG) da UNCISAL. Espera-se que esta Próreitoria inicie a mobilização deste projeto de intervenção em parceria com a SMS. O
que poderá contribuir com o processo ensino-aprendizagem dos discentes e com a
formação
dos
profissionais
preceptores
do
serviço,
no
que
tange
à
interdisciplinaridade no Ensino na Saúde, mais especificamente nos cenários de
prática da ESF.
3.2
Público Alvo
Profissionais da área de Saúde, de nível superior, que compõem as equipe
das Estratégias de Saúde da Família (ESF) do II Distrito Sanitário de Maceió-AL,
que exerçam função de preceptoria, ou seja, profissionais do serviço que recebem
alunos da IES, tendo a ESF como cenário de prática de formação dos discentes.
37
3.3
Local de Realização
Salas de aula da UNCISAL e espaços comunitários das comunidades nas
quais os profissionais estejam lotados.
3.4
Objetivos
3.4.1 Objetivo Geral
Capacitar os profissionais preceptores do II Distrito Sanitário de Maceió
quanto à teoria e a prática interdisciplinar da Estratégia de Saúde da Família.
3.4.2 Objetivos Específicos
Conhecer
as
práticas
cotidianas
dos
preceptores
quanto
à
Interdisciplinaridade;
Perceber como ocorre a participação dos discentes nas atividades coletivas
da ESF;
Realizar vivências teórico-práticas sobre a Interdisciplinaridade;
Propor uma reorganização das ações coletivas nas ESF com um olhar mais
integrador.
3.5
Metas
Melhor entendimento do conceito e da prática Interdisciplinar por parte dos
profissionais preceptores, compreendendo que através da interdisciplinaridade
consegue-se uma atenção integral na área da saúde, de acordo com o que
preconizam as diretrizes do SUS.
Elaborar, aplicar e avaliar propostas interdisciplinares durante a capacitação.
3.6
Período de Realização
Julho e Agosto de 2013, com a proposta de um encontro semanal, podendo
ser pactuado com os participantes.
38
3.7
Metodologia
Inicialmente a IES, por intermédio da PROEG (Pró-Reitoria de Ensino e
Graduação), realizará a localização dos profissionais preceptores do II Distrito
Sanitário de Maceió. Esta pode ser realizada no Setor da Estratégia de Saúde da
Família localizada na Secretaria Municipal de Saúde. Após, os preceptores deverão
ser convidados para a capacitação. Sugerem-se sete momentos:
1) O primeiro encontro será de socialização e escuta, em que cada
profissional irá se apresentar, falar das suas práticas nas ESFs e da
participação dos alunos. Neste dia haverá o momento inicial de introdução
ao tema. Cada participante irá escrever ou desenhar algo que represente
a Interdisciplinaridade. Após, serão formados grupos com categorias
profissionais diferentes para discutir e elaborar um novo desenho com o
objetivo de unir as ideias e construir uma nova ideia, um novo desenho
que represente a interdisciplinaridade. Por fim, ainda neste dia, será
introduzido o conceito através de textos sobre “Interdisciplinaridade”. A
discussão dos textos será concomitante à apresentação dos desenhos.
2) Aprofundamento teórico sobre o tema de maneira participativa e dialógica.
O profissional responsável por conduzir este momento deverá ser da IES e
proporcionará um momento de escuta, inicialmente, para que os
preceptores
possam
falar
o
que
sabem
sobre
a
temática
da
interdisciplinaridade. Após, será dada a devolutiva com a exposição da
temática “Teoria e Prática Interdisciplinar”, baseada na literatura de
referência sobre o tema, permitindo a participação e o diálogo com os
profissionais preceptores durante a exposição.
3) Estudo
de
artigos
científicos
sobre
a
temática,
discussão
e
aprofundamento do conceito de interdisciplinaridade.
4) Divisão dos grupos de ação, compostos por categorias profissionais
diferentes, podendo ser na mesma ESF. Neste encontro, cada grupo irá
discutir e propor uma ação coletiva e compartilhada, com um objetivo em
comum, na perspectiva interdisciplinar, considerando a comunidade
assistida e as necessidades existentes em cada uma incluindo, nestas
ações, a participação dos discentes.
39
5) Execução da proposta interdisciplinar nos cenários de prática, nas
Estratégias de Saúde da Família.
6) Seminário
Final.
Apresentação
(vídeo,
slides,
fotografias)
e
compartilhamento das ações no grande grupo. Neste momento, além da
apresentação da proposta interdisciplinar, serão expostas as motivações,
dificuldades
e
estratégias
utilizadas
para
execução
da
prática
interdisciplinar.
7) Finalização com o retorno da proposta inicial da construção do conceito
através do desenho/símbolo da interdisciplinaridade para cada equipe.
Acompanhamento e pactuação para uma possível nova capacitação.
3.8
Produtos e/ou Resultados Esperados
Espera-se que os objetivos do projeto sejam alcançados, principalmente no
que diz respeito ao entendimento dos profissionais preceptores do II Distrito
Sanitário de Maceió quanto à teoria e à prática interdisciplinar na Estratégia de
Saúde
da
Família.
Acredita-se
que
os
preceptores
serão
os
principais
multiplicadores das ações interdisciplinares em suas equipes de Saúde da Família.
40
3.9
Cronograma
Data/ Horário
Atividades Propostas
05.07.2013/14h
Socialização e escuta/ dinâmica do tema.
12.07.2013/14h
Aprofundamento teórico sobre “Interdisciplinaridade”.
19.07.2013/14h
Estudo de casos.
26.07.2013/14h
Divisão dos grupos de ação/ reflexão e elaboração da proposta
interdisciplinar.
Dia
da
semana
e
Execução da proposta interdisciplinar nos cenários de prática.
horário escolhido pela
equipe
16.08.2013/14h
Seminário Final
23.08.2013/14h
Finalização, acompanhamento e pactuação.
3.10
Orçamento
Material de consumo
Valor em R$
Tinta de Impressora padrão
59,90
Resma de papel A4
14,90
Cópias
19,00
Grampeador
19,90
Caneta esferográfica
6,00
Lápis grafite (comum)
3,00
Borracha
1,50
Encadernação
15,00
Valor total
79,30
3.11
Acompanhamento e Avaliação
A avaliação se fará de forma contínua e progressiva, semanalmente,
enfatizando que o aprendizado deverá retratar o conjunto desses conhecimentos e
se dará pelo cumprimento dos objetivos, culminando no último encontro. Com esta
41
capacitação espera-se que os profissionais preceptores tenham atingido os objetivos
propostos da capacitação e fortalecido o vínculo com a IES.
Espera-se que o acompanhamento por parte da IES continue acontecendo
após o momento da capacitação, que este acompanhamento ocorra de forma
permanente, tanto na teoria, por meio de encontros acadêmicos, quanto na prática,
nos serviços em que os discentes estão inseridos. Como também, acredita-se que a
capacitação caracteriza-se como um apoio e um despertar para a prática da
interdisciplinaridade.
42
REFERÊNCIAS
BARRETO, V. H. et al. Papel do preceptor da atenção primária em saúde na
formação da graduação e pós-graduação da Universidade Federal de Pernambuco –
um Termo de Referência. Rev. Bras. Educ. Med., v. 35, n. 4, p. 578-583, 2011.
BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para
a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 set. 1990,
Seção 1, p. 18055.
______. Portaria nº 648/GM, de 28 de março de 2006. Política Nacional de Atenção
Básica. Dispõe sobre as diretrizes e normas para organização da Atenção Básica.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 28 de mar. 2006.
Seção 1, p 71.
BOTTI, S.; REGO, S. Preceptor, supervisor, tutor e mentor: quais são seus papéis?
Rev. Bras. Educ. Med. v. 32. n. 3, p. 363-373, 2008.
CECCIM, R.B.; FEUERWEKER, L. C. M. O quadrilátero da formação para a área da
saúde: ensino, gestão, atenção e controle social. Physis: Rev. Saúde Coletiva, Rio
de Janeiro, v.14, n.1, jan./jun., p. 41-65, 2004a.
ROSA, W. A. G; LABATE, R. C. Programa Saúde da Família: a construção de um
novo modelo de assistência. Rev. Latino Americana de Enfermagem. São Paulo,
v. 13, n. 6, p.1027-34, 2005.
43
4
CONCLUSÃO GERAL
Este trabalho apresentou uma pesquisa de campo e um produto em formato
de projeto de intervenção em consonância com o estudo. Tanto a pesquisa quanto o
produto tiveram a interdisciplinaridade como objeto central.
Os
dados
da
pesquisa
apontaram
para
o
desconhecimento
da
interdisciplinaridade por parte dos profissionais preceptores, tanto na teoria quanto
na prática interdisciplinar. Como sugestão para o aperfeiçoamento do trabalho na
ESF, os preceptores sugeriram capacitação com a temática da interdisciplinaridade,
intitulada: “A interdisciplinaridade no Ensino em Saúde: Ressignificando as ações
coletivas através de um olhar compartilhado e integrado”.
As conclusões às quais se chegou, a partir deste trabalho, não esgotam o
tema em questão. Acredita-se que muitos são os fatores que impossibilitam a prática
da interdisciplinaridade, como, por exemplo, a motivação pessoal, a formação
acadêmica, as relações interpessoais e a busca individual pela qualificação
profissional. É preciso que os profissionais da saúde compreendam que para se
conseguir colocar em prática a integralidade, diretriz preconizada pelo SUS, só por
meio da interação e cooperação das disciplinas na busca de um novo saber. Este
novo saber possibilitará a visão integral que as novas diretrizes curriculares apontam
para a formação do profissional de saúde.
Ademais, a interdisciplinaridade pode auxiliar na superação da dissociação do
conhecimento produzido e orientar a produção de uma nova ordem de
conhecimento, constituindo condição necessária para melhoria da formação em
Saúde para o SUS. Acredita-se que outras influências e outros aspectos podem e
devem ser considerados no que concerne à interdisciplinaridade. Portanto, esta
pesquisa aponta para novos e produtivos estudos.
44
ANEXO A - Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa
45
46
ANEXO B - Email de confirmação de submissão para publicação
Emanuella Pinheiro <emanuellapinheirofbispo@gmail.com>
Interface - Comunicação, Saúde, Educação - ID ICSE-2013-0158
2 mensagens
intface@fmb.unesp.br <intface@fmb.unesp.br>
8 de abril de 2013 20:59
Para: emanuellapinheirofbispo@gmail.com
Cc: emanuellapinheirofbispo@gmail.com, carloshenri@rocketmail.com, jerzuitomaz@hotmail.com
08-Apr-2013
Prezado (a) Prof. Bispo:,
Seu manuscrito intitulado “INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO EM SAÚDE: O OLHAR DO
PRECEPTOR NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA” foi submetido com sucesso e será
encaminhado para avaliação, visando à sua publicação em Interface – Comunicação, Saúde,
Educação.
O ID do manuscrito é ICSE-2013-0158 e deverá ser mencionado em toda correspondência
enviada para a revista ou em contato com a secretaria da Interface.
Se houver mudança em seu endereço postal e/ou endereço eletrônico, por favor, acesse
ScholarOne Manuscripts no endereço http://mc04.manuscriptcentral.com/icse-scielo e faça a
atualização de seus dados cadastrais.
Você também pode acompanhar o status do seu manuscrito clicando em Author Center depois de
acessar http://mc04.manuscriptcentral.com/icse-scielo
Agradecendo pela submissão em Interface – Comunicação, Saúde, Educação,
Atenciosamente,
Antonio Pithon Cyrino
Lilia Blima Schraiber
Miriam Foresti
Editores
