4- A Supervisão de Estágio em Fonoaudiologia: Características e Desafios Docentes em Alagoas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE

BÁRBARA PATRÍCIA DA SILVA LIMA

A SUPERVISÃO DE ESTÁGIO EM FONOAUDIOLOGIA: CARACTERÍSTICAS E
DESAFIOS DOCENTES EM ALAGOAS

Maceió - AL
2013

BÁRBARA PATRÍCIA DA SILVA LIMA

A SUPERVISÃO DE ESTÁGIO EM FONOAUDIOLOGIA: CARACTERÍSTICAS E
DESAFIOS DOCENTES EM ALAGOAS

Dissertação
apresentada
à
Universidade Federal de Alagoas,
como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Ensino na Saúde, para obtenção do
título de Mestre em Ensino na Saúde.
Orientadora: Rosana Quintella Brandão
Vilela

Maceió - AL
2013

FOLHA DE APROVAÇÃO

A Deus, meus pais e irmãos. Tudo é para vocês!

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeira e profundamente a Deus pelo que consegui conquistar até
hoje e pelo que ainda está por vir. Tudo é graça!
Aos meus amados pais e irmãos, Neuza e Clemente, Bruno e Braulio, pelo
incentivo, torcida, orações, esforços sem medidas e também por compreenderem
minha ausência durante minha formação.
A todos meus familiares e amigos que me ouviram, entenderam e
aconselharam no decorrer desses dois anos.
À Professora Rosana Vilela, pela orientação e ensinamentos ao longo do
caminho
A Edcésar Oliveira, Klyvia Lima e João Alfredo Guimarães, pelo apoio e
colaboração.
Aos amigos do MPES, em especial aos que dividiram comigo de perto essa
jornada: Cíntia, Manu, Bruno e Marcílio.
Aos meus queridos colegas de trabalho, pela valorosa contribuição com a
pesquisa, de modo especial à Ana Paula e Francelise que colaboraram no início do
sonho de seguir carreira acadêmica.
À Rosangela Wyszomirska que me incentivou desde o ingresso no Curso.
À Tânia e Monalisa, pelo apoio com as pesquisas e conversas alegres.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas – FAPEAL, pelo
apoio financeiro.
Ao Professor Jefferson Bernardes por seus preciosos conselhos nos
momentos mais decisivos.

À Professora Vera Garcia, pelo exemplo de profissional, humildade e amor
pela Fonoaudiologia e pelo Ensino na Saúde.
Aos meus irmãos, Profissionais do Reino, pela oração, compreensão e
atenção nesse período.
Ao Frei Hélio pelo ombro e palavras doces quando eu mais precisei.

RESUMO

O Estágio Supervisionado Obrigatório (ESO), durante a graduação, desenvolve-se
em torno de pelo menos três atores principais: o paciente, o estudante e o
supervisor. O paciente surge como sujeito principal do estudo e razão de todo o
treinamento proposto; o segundo - o estudante- como aquele que busca aprender e
desenvolver competências que o capacitem a exercer a atividade profissional; e o
supervisor, como o facilitador responsável pelo preparo profissional, ético e
humanista do estudante, mas também, pela supervisão no atendimento prestado ao
paciente. Este trabalho traz como objetivo investigar quem é o supervisor de estágio
em Fonoaudiologia e como se dá sua prática durante o acompanhamento dos
estagiários. Os sujeitos da pesquisa foram 21 fonoaudiólogos professores da
Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL), que atuam
como supervisores do estágio obrigatório do Curso de Fonoaudiologia da Instituição,
único curso da área em Alagoas. Vários aspectos foram pesquisados, por meio da
aplicação de questionários, como: a caracterização do profissional, percurso
acadêmico e o exercício da atividade de supervisão propriamente dita. Os resultados
apontaram um grupo predominantemente feminino (95,24% de mulheres), com faixa
etária que varia, principalmente, de 31 a 40 anos. Apesar de a maioria possuir
titulação de mestre, poucos têm formação específica para a docência em saúde. A
maior parte dos supervisores realiza suas atividades na média complexidade e fora
do contexto interdisciplinar. Tais dados sugerem a necessidade de investimento, por
parte da Instituição, na formação específica voltada para a docência. Assim, foi
elaborada, como produto de intervenção, uma proposta de Curso de
Aperfeiçoamento em Ensino na Saúde, intitulada: “Desenvolvimento Docente Ampliando os horizontes das práticas docentes em Fonoaudiologia no Estado de
Alagoas”. Tal proposta aborda temas como a formação acadêmica para o Sistema
Único de Saúde (SUS), teorias de ensino-aprendizagem, currículo e ensino em
Fonoaudiologia, Interdisciplinaridade no Ensino na saúde, entre outros, visando
favorecer o desenvolvimento docente dos gestores do curso e dos supervisores de
estágio do Curso de Fonoaudiologia de Alagoas, redirecionando a formação em
Fonoaudiologia para o SUS, Atenção Básica, Interdisciplinaridade, Educação
Permanente em Saúde e uma maior integração Ensino-Serviço.

Palavras-chave: Educação em saúde. Fonoaudiologia. Estágio clínico.

ABSTRACT

The Mandatory Supervised (ESO), during graduation, develops around at least three
main actors: the patient, the student and supervisor. The patient appears to trigger
the main subject of study and reason of all training offered, the second - the student as one who seeks to learn and develop skills that enable them to exercise the
professional activity, and the supervisor, as the facilitator responsible for the
preparation professional, ethical and humanist student, but also for overseeing the
care provided to the patient. This work has as objective to investigate who is the
internship supervisor in speech, language and hearing sciences and how is their
practice during the monitoring of trainees. The study subjects were 21 teachers
speech, language and hearing therapists from State University Health Sciences of
Alagoas (UNCISAL), who act as supervisors of compulsory internship of Speech,
language and hearing sciences Institution, the only course in Alagoas. Several
aspects were investigated by means of questionnaires, such as the characterization
of professional, academic pathway and the exercise of supervisory activity itself. The
results have showed a group predominantly female (95.24% women), aged
predominantly between 31 and 40 years. Although most have master titration, few
have specific training for teaching health. Most supervisors conducts its activities in
medium complexity out of context and interdisciplinary. These data suggest the need
for investment by the institution, focused on specific training for teachers. Thus was
established as the product intervention, a proposed Course in Education in Health,
entitled: "Teaching Development - Expanding the horizons of teaching practices in
Speech, language and hearing sciences in the State of Alagoas". This proposal
addresses issues as graduation for the Unified Health System (SUS), theories of
teaching and learning, curriculum and teaching in Speech Pathology, Interdisciplinary
Education in health, among others, to promote the development of teaching and
course managers internship supervisors of Speech, language and hearing sciences
in Alagoas, redirecting training in speech therapy for SUS, Primary Care,
Interdisciplinary, Continuing Education in Health Education and greater integrationService.

Keywords: Health education. Speech, language and hearing sciences. Clinical
clerkship.

SUMÁRIO

1

APRESENTAÇÃO.............................................................................................9

2

A SUPERVISÃO DE ESTÁGIO EM FONOAUDIOLOGIA:
CARACTERÍSTICAS E DESAFIOS DOCENTES EM
ALAGOAS.......................................................................................................11

2.1

Introdução......................................................................................................11

2.2

Método............................................................................................................12

2.2.1 Tipo e local de estudo......................................................................................12
2.2.2 Instrumento......................................................................................................13
2.2.3 Análise dos dados............................................................................................13
2.3

Resultados e Discussão................................................................................14

2.3.1 Quem é o supervisor de estágio em Fonoaudiologia?....................................14
2.3.2 Como se deu o percurso acadêmico desses supervisores?...........................16
2.3.3 O que os supervisores fazem na rotina de sua função?.................................19
2.4

Conclusões.....................................................................................................23
REFERÊNCIAS...............................................................................................25

3

PROJETO: DESENVOLVIMENTO DOCENTE - AMPLIANDO OS
HORIZONTES DAS PRÁTICAS DOCENTES EM FONOAUDIOLOGIA NO
ESTADO DE ALAGOAS.................................................................................29

3.1

Introdução e Justificativa..............................................................................29

3.2

Público Alvo...................................................................................................30

3.3

Local de realização........................................................................................30

3.4

Objetivos.........................................................................................................30

3.4.1 Objetivo Geral..................................................................................................30
3.4.2 Objetivos Específicos.......................................................................................31
3.5

Período de Realização...................................................................................31

3.6

Metodologia....................................................................................................31

3.7

Produtos e/ou Resultados Esperados.........................................................33

3.8

Cronograma....................................................................................................34

3.9

Acompanhamento e Avaliação.....................................................................34
REFERÊNCIAS...............................................................................................37

4

CONCLUSÕES GERAIS.................................................................................39
ANEXOS..........................................................................................................40

9

1

APRESENTAÇÃO
Este trabalho é decorrente da minha trajetória pessoal e profissional,

sobretudo pela itinerância como professora formadora e em formação, a fim de
compreender as multifaces que envolvem o processo de supervisão no estágio
obrigatório de Fonoaudiologia.
Considerando a importância da figura do supervisor no que diz respeito à
integração teoria e prática, fundamental para o discente, sobretudo nesse período da
graduação, no qual se efetiva, de fato, sua profissionalização, o presente estudo
buscou conhecer o exercício da supervisão no Estágio Supervisionado do Curso de
Fonoaudiologia de uma Instituição de Ensino Superior (IES) Pública no Estado de
Alagoas. Tal curso é o único do Estado, e o interesse pela pesquisa se deu pelo fato
de a pesquisadora ser docente e membro do Núcleo Docente Estruturante (NDE) do
mesmo. O estudo intitulado de “Educação Permanente no currículo do curso de
Fonoaudiologia de uma Universidade Pública: realidade prática, desafios e
expectativas”, contou com um universo de 21 supervisores de estágio.
Apresento neste volume, um recorte dos dados da pesquisa, por meio do
artigo

original

denominado:

“A

supervisão

e

estágio

em

Fonoaudiologia:

características e desafios dos docentes em Alagoas”, submetido à principal revista
nacional indexada da área de Ensino na Saúde – Revista Brasileira de Educação
Médica (RBEM).
O artigo retrata dados da pesquisa que permitiu conhecer o supervisor do
estágio em Fonoaudiologia da IES estudada e sua prática cotidiana. O mesmo
partiu, inicialmente, de uma revisão de literatura sobre o Ensino na Saúde e em
Fonoaudiologia no Brasil, e um trabalho de campo, realizado entre maio e agosto de
2012, que consistiu na aplicação de um questionário junto aos participantes. Para o
desenvolvimento desse estudo, optei por uma abordagem quantitativa, adotando
questionários como instrumento de coleta de dados. O supervisor, para o curso em
questão, é o docente responsável por acompanhar, orientar, observar e avaliar os
alunos, bem como registrar suas freqüências, discutir os casos e elaborar os
relatórios durante o estágio, caracterizado por seu próprio docente, que acompanha
os estagiários nos cenários de prática. O corpo de supervisores é composto por

10

95,24% de mulheres, com faixa etária predominante entre 31 e 40 anos. A maioria
possui titulação de mestre, no entanto, poucos têm formação específica para a
docência em saúde. Realizam suas atividades predominantemente no nível de
média complexidade e fora do contexto interdisciplinar. O percurso teórico da
discussão buscou contemplar principalmente autores como Trajamn, Isaia, Morosini,
Nardi, Campos, Costa, entre outros, que têm como pressuposto a crítica à idéia de
que a desqualificação dos professores pode originar as dificuldades encontradas no
campo educacional. Volta-se, portanto, para a questão da profissionalização,
buscando compreender suas especificidades e constituição através dos processos
de socialização, identificando nos saberes aspectos que podem melhor definir e
fortalecer a identidade e autonomia profissional.
Ainda como cumprimento dos créditos do Programa de Pós-Graduação,
apresento um produto de intervenção na realidade prática do curso no qual estou
inserida.
O produto de intervenção, elaborado com base nos resultados obtidos, é
caracterizado por uma proposta de curso de aperfeiçoamento em Ensino na Saúde,
denominada: “Desenvolvimento Docente - Ampliando os horizontes das práticas
docentes em Fonoaudiologia no Estado de Alagoas”. A proposta aborda temas como
a formação acadêmica para o Sistema Único de Saúde (SUS), teorias de ensinoaprendizagem, currículo e ensino em Fonoaudiologia, Interdisciplinaridade no Ensino
na saúde, entre outros. O público-alvo a ser alcançado por essa proposta é o corpo
de supervisores do curso estudado. Espera-se que o curso possibilite a formação de
docentes capacitados a atuar como facilitadores e mediadores do processo ensinoaprendizagem durante o estágio obrigatório, multiplicadores no processo de
mudança da Formação em Fonoaudiologia no Estado de Alagoas, adequação do
Curso de Fonoaudiologia em Alagoas às Diretrizes Curriculares e ensino voltado às
reais necessidades de saúde da população assistida pelo curso, entre outros. Tal
proposta de produto, validada pelo colegiado do Curso, poderá ser implantada junto
aos supervisores, sob coordenação do NDE, com o intuito de favorecer seu
desenvolvimento docente, fortalecendo suas práticas pedagógicas em saúde,
valorizando a Educação Permanente em Saúde, a Integração Ensino-Serviço e as
diretrizes e princípios do SUS.

11

2

A

SUPERVISÃO

DE

ESTÁGIO

EM

FONOAUDIOLOGIA:

CARACTERÍSTICAS E DESAFIOS DOCENTES EM ALAGOAS
2.1

Introdução
A formação acadêmica de profissionais da área de saúde no Brasil deve ser

orientada aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), instituído
desde 1990, para que, de fato, as estratégias de cuidado da saúde sejam
reorientadas às reais demandas de saúde da população. Para tanto, as Instituições
de Ensino Superior (IES) da área de saúde devem direcionar os currículos de seus
cursos1-5.
A qualificação dos recursos humanos na área de saúde tem demandado
esforços conjuntos dos Ministérios da Saúde e da Educação, que culmina com a
elaboração das novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de
graduação na área da saúde, que recomendam a formação voltada ao SUS, o perfil
generalista do egresso, bem como as competências necessárias a estes
profissionais, respeitando-se as peculiaridades de cada profissão2-4,6-8.
Desde a implantação das DCN do curso em 2002, o estágio supervisionado
obrigatório deve representar no mínimo 20% (vinte por cento) da carga horária do
curso, preferencialmente nos seus dois últimos semestres, o que foi reafirmado pela
resolução do Ministério da Educação CNE/CES nº2 de 2007 8,9. Na área de saúde, o
Estágio supervisionado é o espaço privilegiado da prática, durante a graduação e
caracteriza-se como:
[...] componente curricular obrigatório, concebido como ato educativo,
escolar e supervisionado, que visa o aprendizado de competências próprias
da atividade profissional, necessárias à preparação para o trabalho
10
produtivo e vida cidadã dos futuros formandos (p.44).

A legislação nacional estabelece que tais estágios sejam realizados em
cenários diversificados, nos níveis hierárquicos de atenção à saúde do SUS. E,
durante os mesmos, o formando tem contato direto com a prática de sua profissão,
aprende a aprender com seu professor, com a rede de saúde, e com a
comunidade8,11,12.

12

Nesse estudo, o foco será o curso de graduação em Fonoaudiologia, ciência
relativamente nova, que assim como as demais áreas de saúde, possui sua
formação ainda voltada predominantemente à lógica conteudista e à dicotomia teoria
e prática, concentrando sua carga horária prática predominantemente no fim do
curso. O docente que acompanha o estudante nesse período tem grande
importância no incentivo à articulação teoria-prática, viabilizando sua aprendizagem
significativa11-18.
Diante disso, esta investigação teve como objetivos conhecer o perfil do
supervisor de estágio em Fonoaudiologia e analisar como se dá sua prática durante
o acompanhamento dos estagiários.
2.2

Método

2.2.1 Tipo e local de estudo
Foi realizado um estudo quantitativo transversal descritivo, baseado na
aplicação de um questionário junto aos supervisores do Estágio Obrigatório do
Curso de Fonoaudiologia, de uma Instituição de Ensino Superior Pública, da área da
saúde do Estado de Alagoas. Para essa pesquisa, optou-se por utilizar o termo
supervisor, que representa, para o curso estudado, o próprio docente que
acompanha os estagiários nos cenários de prática, fato que difere da maioria dos
cursos da área de saúde, como a Medicina, onde esta tarefa é realizada geralmente
pela figura do preceptor19. O supervisor, para o curso em questão, é o responsável
por acompanhar, orientar, observar e avaliar os alunos, bem como registrar suas
freqüências, discutir os casos e elaborar os relatórios durante o estágio. Outro termo
também verificado no estudo é o orientador de estágio, representado por um
docente do curso responsável por determinada área específica de estágio, que
planeja, organiza e orienta o aluno em intercâmbio com o os supervisores
relacionados à referida área20.
O Estágio Supervisionado Obrigatório (ESO) em Fonoaudiologia, campo
desta pesquisa, tem a maior parte de suas atividades realizada numa clínica-escola
vinculada ao Curso, mas os estudantes também contam com outros cenários de
prática como ambulatório-escola de audiologia, dois hospitais-escola de referência, e

13

uma unidade básica de saúde da rede municipal conveniada. O Estágio conta com
um universo de 22 (vinte e dois) fonoaudiólogos, sendo que por razões éticas, a
pesquisadora, que faz parte do quadro foi excluída, totalizando assim 21 (vinte e um)
participantes do estudo.
2.2.2 Instrumento
O questionário – adaptado dos trabalhos de Missaka12 e Trajman13 – foi
aplicado pela própria pesquisadora junto aos supervisores que concordaram em
participar da pesquisa. O mesmo contemplava questões objetivas relacionadas à
caracterização do profissional, como função exercida, tipo de vínculo e nível de
atenção que atua; ao percurso acadêmico, como tempo de formação, titulação e
preparo didático específico para a docência; e por fim, relacionadas ao exercício da
atividade de supervisão propriamente dita, contemplando tempo de exercício, carga
horária semanal, razões de ingresso na função, tipo de atividade desenvolvida,
como se dá o planejamento, quais as ações cotidianas e o grau de satisfação com a
mesma.
2.2.3 Análise dos dados
Após a coleta, os dados foram armazenados em planilha eletrônica (Microsoft
Excel 2007®. Redmond, WA, EUA) na forma de banco de dados. Os resultados
foram tabulados e as freqüências das variáveis de cada grupo foram calculadas e
dispostas nas formas gráfica e tabular. Os dados tabulados foram processados pelo
aplicativo para microcomputador Statistical Package for Social Sciences (SPSS©)
(versão 15.0 for Windows, SPSS Inc). A estatística descritiva para as variáveis
numéricas incluiu cálculos da média, desvio padrão (DP) e intervalo de confiança a
95% (IC 95%).
Com relação ao tempo de exercício da atividade, optou-se por utilizar a
classificação proposta por Huberman, utilizada amplamente nos estudos sobre
docência, como o de Isaia21, que contempla o ciclo de vida dos professores em
diversas fases, aqui resumidas:

14

[...] - Entrada na carreira (1-3 anos): contato inicial com a sala de aula,
envolvendo dois componentes: sobrevivência e descoberta.
Estabilização (4-6 anos): implica pertencer a um grupo docente,
acompanhando ou precedendo um sentimento de competência pedagógica
crescente.
Diversificação (7-25 anos): o estabelecimento de percursos individuais
decorre da possibilidade de o professor, mais estabilizado, iniciar novas
experiências pedagógicas.
Questionamento (7-25 anos): temática paralela à diversificação e que tem
por base um balanço da vida profissional percorrida, em face dos ideais e
objetivos do início da carreira.
Serenidade – Distanciamento afetivo (25-35 anos): a serenidade é
possibilitada pela menor vulnerabilidade ao julgamento dos outros (alunos,
colegas, superiores), devido ao maior equilíbrio entre o eu ideal e o real. O
distanciamento afetivo em face dos alunos pode estar nas diferenças de
geração entre os professores e seus alunos.
Conservadorismo
(23-35
anos):
temática
paralela
à
serenidade/distanciamento afetivo. Envolve engessamento pessoal e
profissional, no sentido de maior resistência à inovação, ou seja, dificuldade
em mudar e aceitar a mudança dos outros, seja em termos de alunos,
colegas ou do próprio sistema.
Desinvestimento (35-40 anos): nesta fase, os professores passam a libertarse progressivamente do investimento feito no trabalho pedagógico,
21
preparando-se para encerrar a carreira [...] . (p.27-28).

Tal estudo foi realizado após aprovação,em maio de 2012, pelo Comitê de
Ética em Pesquisa e Ensino do Centro Universitário CESMAC (protocolo nº1309/12),
em cumprimento à resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Todos os
sujeitos que se disponibilizaram a colaborar, receberam esclarecimentos sobre a
pesquisa, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e
responderam à entrevista de forma individual e sigilosa.
2.3

Resultados e Discussão

2.3.1 Quem é o supervisor de estágio em Fonoaudiologia?
A caracterização da amostra com relação à faixa etária, função exercida, tipo
de vínculo e nível de atenção estão apresentadas na tabela 1.

15

Tabela 1 Caracterização da amostra com relação faixa etária, função exercida, tipo de
vínculo e nível de atenção (N=21).

Variável

N

%

Faixa etária
20 a 30
31 a 40
41 a 50
>50

02
14
04
01

9,52
66,67
19,05
4,76

Tipo de Vínculo
Efetivo/concursado
Horista/contratado

18
03

85,71
14,29

Função exercida
Supervisão
Orientação
Supervisão e orientação

08
01
12

38,10
4,76
57,14

Nível de atenção
Atenção Básica
Média Complexidade
Alta Complexidade
Média e Alta Complexidade

01
15
03
02

4,76
71,43
14,29
9,52

Fonte: Autora, 2013.

A maioria dos supervisores (N=20/ 95,24%) é do gênero feminino, com idade
mínima de 27 e máxima de 52 anos, sendo predominante a faixa etária entre 31 e 40
anos - 66,66% dos entrevistados. Estes dados são, de certa forma, semelhantes a
outros estudos de caracterização de docentes realizados no Brasil 21-22, que
apontam, entre outros aspectos, para a feminilização das profissões da área de
saúde, cada dia mais perceptível23-24. No curso em questão, 57,14% (N=12) dos
supervisores exercem simultaneamente a função de supervisor e orientador.
Dezoito profissionais (85,71%) possuem vínculo efetivo com a instituição.
Este número é relevante, no entanto, o curso ainda possui supervisores com vínculo
temporário, o que caracteriza a precarização do trabalho docente, tendo em vista a
importância da realização de concurso público, para efetivação e compromisso
docente com a Instituição, o curso e os discentes25.
O nível de atenção à saúde que concentra o maior número de supervisores é
a média complexidade (N=15/71,43%), compreendendo as diversas áreas de
especialidades fonoaudiológicas.

16

O principal cenário das práticas do ESO é a clínica-escola vinculada ao
mesmo, o que justifica a grande concentração de supervisores na média
complexidade em detrimento do nível de atenção básica que conta com apenas um
supervisor, cujo cenário de prática é uma unidade básica de saúde da rede
municipal. Tais dados, de certa forma, opõem-se à literatura sobre ensino na saúde
e saúde coletiva, como os estudos de Trajman 13, Campos26 e Costa27, que
reafirmam a necessidade de inserção, o quanto antes, do estudante da área de
saúde na realidade da rede de serviços do SUS para vivenciar situações cotidianas,
estruturais e desafios. Os estudiosos ressaltam a importância da prática na atenção
básica durante a graduação, visto que esta é a porta de entrada do sistema e
responsável pela solução de cerca de 80% dos problemas de saúde da população,
por meio de ações de prevenção e promoção de saúde. O predomínio da média
complexidade também pode sugerir manutenção do modelo biomédico e de
especialização precoce, voltada para a tecnologia empregada nesse nível de
atenção12.
Estudos realizados em Alagoas, como os de Lima28 e Peixoto29, apontam que
as patologias mais freqüentes na clínica fonoaudiológica são passíveis de prevenção
e poderiam ter sido evitadas com ações de promoção e prevenção realizadas na
atenção primária, minimizando o tempo de espera por atendimento especializado, na
média complexidade.
Os dados aqui apresentados sugerem que o estágio obrigatório do curso
estudado tende a preparar o futuro profissional para o mercado, predominantemente
especialista; entretanto, é necessário considerar as reais demandas da população,
bem como preparar seus egressos para atuar na promoção e prevenção na saúde,
sobretudo diante das iniciativas do Ministério da Saúde no que diz respeito à
inserção do fonoaudiólogo na atenção primária, como membro dos Núcleos de
Apoio à Saúde da Família – NASF30.
2.3.2 Como se deu o percurso acadêmico desses supervisores?
A tabela 2 apresenta os dados obtidos sobre o percurso acadêmico dos
supervisores estudados.

17

Tabela 2 Percurso acadêmico dos supervisores (N=21)
Variável

N

%

Década de formação na graduação
1980
1990
2000

02
09
10

9,52
42,86
47,62

Ano de formação em relação às DCN
Formados antes de 2002
Formados após 2002

14
07

66,67
33,33

Pós-graduação
Sim
Não

21
00

100
00

Titulação
Especialização
Mestrado
Doutorado

01
18
02

4,76
85,72
9,52

Preparo didático para a docência
Sim
Não

12
09

57,14
42,86

Tipo de preparo*
Especialização em Docência do Ensino Superior
Especialização em Ensino na Saúde
Disciplina de didática durante especialização/mestrado
Magistério (durante o ensino médio)
Cursos de curta duração
Licenciatura (em outra área)

01
01
06
03
03
01

9,09
9,09
54,54
27,27
27,27
9,09

Fonte: Autora, 2013.

No que concerne ao percurso acadêmico, a formatura do grupo estudado na
graduação de Fonoaudiologia ocorreu entre 1984 e 2006. A maioria (N=14/66,67%)
formou-se antes de 2002, ou seja, antes da implantação das DCN de
Fonoaudiologia. Isto sugere que a formação da maioria dos supervisores do curso
estudado se deu no modelo biomédico, posto que a implantação das DCN configurase um marco histórico na busca de uma formação mais integral e humanística 8,12,15.
Todos

os

entrevistados

afirmaram

possuir

pós-graduação,

citando

especialização, mestrado e doutorado, com predominância do mestrado enquanto
titulação máxima - apontada por 85,71% (N=18) dos sujeitos. Este índice de titulação
stricto sensu do grupo analisado foi maior que o apresentado por Morosini 22 em seu
estudo sobre a realidade da docência universitária no Brasil.

18

Apesar de todo o corpo de supervisores possuir pós-graduação, o número de
doutores do quadro ainda é restrito (N=2), fato que necessita de atenção por parte
da Instituição. É necessário investimento em desenvolvimento docente, fortalecendo
ainda mais o curso e, conseqüentemente, a Universidade, posto que a pósgraduação possibilita maior estímulo para que busquem novos conhecimentos e
maior independência de pensamento, além de ser um dos indicadores considerados
nas avaliações educacionais externas31. Como apontam vários autores, dentre eles,
Slabbert32 e Alencar33-34, um ambiente que não dê apoio à criatividade pode inibir ou
reprimir as habilidades criativas do estudante e a pós-graduação é um grande
incentivo à criatividade.
O preparo didático específico para a docência, foi referido por doze
supervisores (57,14%), que afirmaram tê-lo realizado por meio de disciplinas
ministradas em cursos de especialização ou mestrado. O desenvolvimento docente,
apesar de referido pela maioria, observa-se que este se encontra diretamente
vinculado a disciplinas de pós-graduação latu e stricto sensu, o que sugere uma
carga horária restrita. A literatura mostra que o professor da área da saúde
geralmente não possui preparo específico no campo pedagógico – uns exercem a
docência com base na formação didática que receberam em cursos de licenciatura,
outros trazem sua experiência profissional para a sala de aula e outros não tem
experiência didática nem profissional22,27. É esperado que o professor seja um
profundo conhecedor da área que ensina, como se isso garantisse sua competência
didática35. Além disso, como aponta Mosoroni22, ele sofre diversas pressões para a
qualificação de seu desempenho, sobretudo didático:
[...] do governo com o fito de avaliar a qualidade do ensino superior, imposta
pela instituição com o objetivo de obter credenciamento da mesma junto ao
MEC e para captar os alunos e buscada pelo professor para a manutenção
21
de seu emprego e aumento de remuneração, entre outros requisitos .
(p.13)

A formação docente é um aspecto fundamental para a mudança de
paradigmas no ensino na saúde, visto que os professores precisam saber mais que
sua especialidade profissional, no caso, a Fonoaudiologia e suas áreas de atuação.
Para tanto, é necessário compreender a visão global da função docente, sobretudo
no momento da supervisão clínica, processo imprescindível na formação do futuro
profissional11,27,36.

19

2.3.3 O que os supervisores fazem na rotina de sua função?
A tabela 3 apresenta o cenário encontrado entre os supervisores do curso de
Fonoaudiologia nos aspectos carga horária e razão do ingresso na atividade de
supervisão.

Tabela 3 Carga horária semanal e razão do ingresso na atividade de supervisão
(N=21).
Variável

N

%

Razão do ingresso na supervisão
Escolha própria
Determinação da chefia
Atividade prevista nas atribuições do cargo

05
02
14

23,81
9,52
66,67

Tempo de exercício da função
Até 3 anos
4 a 6 anos
7 a 25 anos

04
01
16

19,05
4,76
76,19

Carga horária semanal
<5
6 a 12
13 a 24
25 a 30
>30

06
09
05
01
00

28,57
42,86
23,81
4,76
00,00

Grau de satisfação com as atividades realizadas
Muito satisfeito
Satisfeito
Moderadamente satisfeito
Pouco satisfeito
Insatisfeito

05
10
05
01
00

23,81
47,62
23,81
4,76
00,00

Fonte: Autora, 2013.

Sobre a atividade de supervisão propriamente dita, quando os docentes foram
questionados com relação ao ingresso na função, a principal razão apontada pelos
participantes foi o fato de ser esta uma atividade prevista nas atribuições do cargo.
Segundo a classificação de Huberman, o grupo estudado encontra-se
predominantemente na fase de diversificação/questionamento, o que sugere que a
maior parte dos profissionais (N=16/76,19%) tem como tônica a motivação e o
dinamismo, necessidade de contribuir para a reformulação do sistema 21. Estes
resultados sugerem que o investimento nos docentes durante esta fase pode ser
decisivo para o grupo se aproximar mais e melhor da docência. Pois, após de ter

20

consolidado sua “competência” pedagógica com os anos iniciais (fase de
estabilização: 4 a 6 anos de docência), Huberman ressalta que a fase de
diversificação/questionamento (7 a 25 anos de docência) é a fase mais longa do
professor e onde se encontram três tipos básicos:
a) aqueles que investem seu potencial no desenvolvimento como docente,
buscando diversificar seus métodos e práticas e as formas mais adequadas de
aplicá-las no ensino;
b) outros que se envolvem mais com o sistema administrativo, visando
promover-se profissionalmente;
c) aqueles que aos poucos reduzem seus compromissos com a docência,
podendo abandoná-la ou exercer outra profissão paralela.
A maioria dos supervisores (N=9/42,86%) dedica de 6 a 12 horas semanais à
tal atividade, sendo responsável em média por 5,55 (±2,43) estagiários por turno de
supervisão – variando de dois a dez alunos – entre estagiários e estudantes de
outros anos do curso, que realizam observação.
O curso de Fonoaudiologia estudado não possui uma regulamentação sobre a
relação numérica de estudantes por supervisor no estágio obrigatório; no entanto,
seu Conselho Federal apresenta uma resolução sobre o estágio não obrigatório que
estipula o número máximo de 6 (seis) alunos por supervisor 38. Outras profissões da
área de saúde, como a Fisioterapia e a Terapia Ocupacional, possuem
regulamentação que determina o número máximo de seis estudantes por supervisor
no estágio obrigatório e três estudantes por supervisor no estágio não obrigatório 39.
A resolução sobre o estágio obrigatório da IES estudada também não estipula o
número máximo de estudantes por professor no estágio obrigatório 10, ficando a
critério dos cursos estabelecerem esse número. O curso em questão ainda não
possui nenhuma referência a esta relação em seu Projeto Pedagógico18. No entanto,
o curso está em fase de elaboração de um novo Projeto Pedagógico e este é um
momento oportuno para que essa regulamentação seja efetuada, favorecendo a
execução da supervisão, com a melhor distribuição dos estudantes.

21

Com relação ao grau de satisfação diante da função exercida, quinze
profissionais (70,43%) se consideram satisfeitos ou muito satisfeitos com as
atividades que desenvolvem. Marqueze37, em seu estudo, identificou dados relativos
a fatores relacionais e profissionais, que apontavam a satisfação docente com o
trabalho exercido, sendo, no entanto, necessário o desenvolvimento de trabalhos
mais profundos voltados à temática da docência na supervisão em Fonoaudiologia.
A caracterização do trabalho de supervisão do grupo de docentes
pesquisados encontra-se na Tabela 4.
Tabela 4 Caracterização da atividade de supervisão quanto ao tipo de atividade
desenvolvida, modo de planejamento da atividade e ações realizadas durante a
supervisão (N=21).
Variável

N

%

Atividades/ações realizadas durante a supervisão*
Indicação de leitura complementar
Discussão de artigo e/ou capítulo de livro
Revisão/Estudo de prontuário
Demonstração de técnicas e procedimentos
Elaboração de planejamento terapêutico
Explicação oral do supervisor

21
17
19
20
15
21

100
80,95
90,48
95,24
71,43
100

Tipo de atividade desenvolvida na rotina
Trabalho isolado [supervisor + aluno]
Trabalho em equipe I[supervisor+supervisor de outra área+aluno]
Trabalho em equipe II [supervisor+aluno+serviço]
Trabalho em equipe III[supervisor+aluno+serviço+usuário]
Trabalho em equipe IV[supervisor+aluno+serviço+gestão]
Mais de uma resposta

02
01
02
07
07
02

9,52
4,76
9,52
33,34
33,34
9,52

Modo de planejamento da atividade desenvolvida
Construção própria [supervisor]
Trabalho isolado [supervisor + aluno]
Trabalho em equipe I[supervisor+supervisor de outra área+aluno]
Trabalho em equipe II[supervisor+aluno+serviço]
Trabalho em equipe III[supervisor+aluno+serviço+usuário]
Trabalho em equipe IV[supervisor+aluno+serviço+gestão]
Mais de uma resposta

01
04
01
07
02
03
03

4,76
19,04
4,76
33,34
9,52
14.29
14.29

Fonte: Autora, 2013.
(*) Nota: Os supervisores poderiam escolher as alternativas que representassem sua
prática cotidiana, portanto, muitos deles responderam mais de uma opção de resposta a
tal questionamento.

A educação permanente é uma das competências estabelecidas pelas DCN´s
para os profissionais de saúde. Esta competência se apóia no conceito de ensino

22

problematizador e de aprendizagem significativa, ou seja, ensino-aprendizagem
embasado na produção de conhecimentos que respondam a perguntas que
pertencem ao universo de experiências e vivências de quem aprende e que gerem
novas perguntas sobre o ser e o atuar no mundo1, 40-41.
No ESO, dentre as ações/atividades que são realizadas durante o momento
da supervisão, os profissionais foram unânimes com relação à indicação de leituras
complementares e explicação oral: vinte deles afirmaram fazer demonstração de
técnicas e procedimentos junto aos estagiários. Esses dados comprovam a
importância da figura do supervisor na função de articular teoria e prática, bem como
aproximar o estudante do raciocínio clínico necessário à profissão, principalmente no
estágio supervisionado11,13,27.
Os

tipos

de

atividades

mais

desenvolvidos,

segundo

os

docentes

pesquisados, foram trabalho em equipe III (envolvendo supervisores, alunos, serviço
e usuário) e o trabalho em equipe IV (composto por supervisores, alunos, serviço e
gestores), cada um relatado por sete sujeitos (33,33%). Já o modo de planejamento
das atividades que predominou foi o trabalho em equipe II, com a participação de
supervisores, alunos e serviço, o qual foi referido por 33,33% (N=07) dos
participantes.
Em ambos os casos, tipo ou modo de planejamento da atividade, pode-se
observar que o trabalho em equipe tipo I (que engloba o supervisor, o aluno e
supervisores de outras áreas) é praticado de forma muito restrita, sendo cada um
referido apenas por um profissional. Essa informação reflete a ausência de práticas
interdisciplinares no cotidiano do ESO em Fonoaudiologia, o que se opõe ao que
está posto nas DCN do curso, bem como nos estudos acerca de Interdisciplinaridade
na saúde, os quais apontam para a necessidade de atenção integral à saúde, o que
só é possível diante do olhar interdisciplinar43.
O trabalho em equipe, executado em sua plenitude, perpassa a atuação
interdisciplinar e o planejamento conjunto das ações, consolidando a Educação
Permanente em Saúde, competência que permite a reflexão sobre a prática e a
solução de problemas cotidianos dos serviços de saúde, favorecendo a prestação de
serviços conforme as reais demandas individuais e comunitárias1,4,17,20,40-44.

23

A vivência da interdisciplinaridade na saúde pode ser alcançada ao se
priorizar o trabalho da competência de Educação Permanente, citada anteriormente,
que além da busca constante do aprender a aprender, visa à reflexão sobre a
prática. Esse conceito, oriundo da Educação, ganhou status de Política na área de
saúde no Brasil, com o objetivo de favorecer espaços conjuntos de reflexão sobre a
prática, envolvendo diversos atores como docentes e discentes de diversas áreas,
profissionais do serviço, gestão e usuários, com vistas a solucionar coletivamente os
problemas emergidos da prática cotidiana, de forma periódica, favorecendo, assim, a
efetivação da integração ensino-serviço, o que viabiliza a aprendizagem significativa
por parte dos futuros profissionais, desperta os trabalhadores para a reflexão crítica
do serviço, e oferece à comunidade uma atenção integral às suas reais
necessidades1-8, 40-46.
2.4

Conclusões
Os resultados da pesquisa mostraram que a maior parte dos supervisores é

do gênero feminino, com faixa etária entre 31 e 40 anos, vínculo efetivo com a
instituição, e exerce a atividade de supervisão há um tempo que varia de 7 a 18
anos, com sua prática centrada principalmente no nível de média complexidade.
Os supervisores, em sua maioria, concluíram a graduação antes da
implantação das DCN do Curso de Fonoaudiologia, em 2002, e possuem pósgraduação em nível de mestrado, com capacitação restrita específica para a
docência durante sua formação.
No que tange à supervisão propriamente dita, os profissionais dedicam de 6 a
12 horas semanais à mesma, desenvolvendo atividades em equipe (supervisor,
aluno e serviço), sem a presença de outras categorias profissionais, ou seja, sem a
prática da interdisciplinaridade. As atividades desenvolvidas englobam, dentre
outras, a indicação de leituras complementares, explicação oral e demonstração de
técnicas e procedimentos junto aos estagiários.
Por fim, os resultados deste estudo revelam que o investimento em
desenvolvimento docente visando uma prática pedagógica mais problematizadora e
significativa, como metodologia de ensino-aprendizagem, que possibilite ao docente

24

criatividade

e

crescimento,

é

capaz

de

provocar

nestes

docentes

e,

conseqüentemente, nos estudantes, nos profissionais do serviço e na comunidade
novas reflexões, novos caminhos, novos sentidos para a prática e a Educação
Permanente em Saúde.

25

REFERÊNCIAS
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área de saúde: ensino, gestão, atenção e controle social. PHYSIS, Rio de Janeiro,
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Educação Superior. Resolução CNE/CES nº5 de 19 de fevereiro de 2002. Institui
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26

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27

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educação superior no Brasil: considerações sobre os indicadores. Estudos em
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RIBAS, A.; PAZINI, S. (Org.). Fonoaudiologia e educação: uma parceria
necessária. Curitiba: UTP, 2010. p. 82-87.
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para o trabalho entre docentes universitários. Psicologia em Estudo, Maringá,
v. 14, n. 1, p. 75-82, 2009.
37. CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Resolução CCFa nº 358 de 06
de dezembro de 2008. Dispõe sobre a regulamentação de estágio não obrigatório

28

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Federativa do Brasil, Poder Legislativo, Brasília, DF, 9 dez. 2008, Seção 1, p.163.
38. CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL.
Resolução COFFITO nº 153 de 30 de novembro de 1993. Inclui Inciso V, no Art. 7º.,
da Resolução COFFITO-139, de 18.11.1992 (D.O.U. de 26.11.92), fixando a relação
máxima de preceptor/acadêmico, quando o estágio curricular for promovido
diretamente por Instituição de Ensino Superiores. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Poder Legislativo, Brasília, DF, 28 dez. 1993; Seção 1, p.
20925.
39. CECCIM, R. B. Educação Permanente em Saúde: desafio ambicioso e
necessário. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 9, n. 16,
p. 161-177, 2005.
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capacidade pedagógica na saúde. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10,
n. 4, p. 975-986, 2005.
41. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 198, de 13 de fevereiro de 2004. Institui
a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como Estratégia do Sistema
Único de Saúde para a formação e o desenvolvimento de trabalhadores para o setor
e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Poder Legislativo, Brasília, DF, 16 fev. 2004. Seção 1, p.32.
42. ______. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Política Nacional de Educação
Permanente em Saúde. Brasília, DF, 2009.
43. HADDAD, J. Q.; ROSCHKE, M. A. C.; DAVINI, M.C. (Ed.). Educación
permanente de personal de salud. Washington: Organización Panamericana de la
Salud, 1994.
44. JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro:
Imago, 1976.
45. ALVES, L. A. et al. Integração Ensino-Serviço: experiência exitosa na atenção
odontológica à comunidade. Rev. Bras. de Ciências da Saúde, São Caetano do
Sul, v. 16, n. 2, p. 235-238, 2012.

29

3

PROJETO:

“DESENVOLVIMENTO

DOCENTE

-

AMPLIANDO

OS

HORIZONTES DAS PRÁTICAS DOCENTES EM FONOAUDIOLOGIA NO
ESTADO DE ALAGOAS”
3.1

Introdução e Justificativa
A formação em saúde no Brasil deve ser norteada pelo Sistema Único de

Saúde (SUS), visando atender seus princípios e diretrizes. Para efetivar esse
processo, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), lançou em 2001 e 2002 as
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de graduação em saúde, que
determinam as competências gerais e o perfil dos egressos de tais cursos (CECCIM
E FEUERWERKER, 2004; ROSSONI E LAMPERTI, 2004; FEUERWERKER, 2003;
BRASIL, 1990; HADDAD et al, 2006; BRASIL, 2002).
Na Fonoaudiologia, ciência relativamente nova, assim como nos demais
cursos da saúde, um dos espaços de maior aprendizagem é, sem dúvida, o estágio
obrigatório, concentrado nos últimos anos do curso. É nesse momento que o
supervisor exerce importante papel na articulação teoria-prática e profissionalização
do discente (BOTI E REGO, 2008; BRASIL, 1982; LEMOS E BAZZO, 2010;
ALAGOAS, 2008; STIVAL E MELLO, 2010).
Nesse contexto, foi realizada a pesquisa intitulada: “A supervisão de estágio
em Fonoaudiologia: características e desafios docentes em Alagoas”, tendo como
objetivo principal “investigar quem é o supervisor de estágio em Fonoaudiologia e
como se dá sua prática durante o acompanhamento dos estagiários”. Tal pesquisa
consistiu em parte de uma dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação
em Ensino na Saúde (PPES) da Faculdade de Medicina (FAMED) da Universidade
Federal de Alagoas (UFAL).
Com base no aprofundamento teórico e discussão dos resultados desta
pesquisa, observou-se uma importante demanda dos sujeitos no sentido de
participarem de atividades de desenvolvimento docente, sobretudo no que tange à
temática do Ensino na Saúde, com ênfase na Educação Permanente em Saúde,
estratégia fundamental para a reflexão sobre a prática, resolução de problemas
cotidianos e efetivação da integração ensino-serviço.

30

Os resultados apontaram que, apesar de todos os supervisores possuírem
pós-graduação, com a predominância do título de mestre, a maior parte do grupo
possui capacitação específica para a docência restrita, pois foi referido pelos
mesmos que a capacitação docente foi obtida por meio de disciplinas na pósgraduação e/ou cursos de curta duração, o que restringe a instrumentalização para a
docência, sobretudo no caso da formação em Fonoaudiologia, que, por ser de
bacharelado, não aborda conceitos pedagógicos.
Diante deste cenário, e do aprofundamento teórico realizado com base em
tais resultados, foi elaborado esse projeto que consiste numa proposta de Curso de
Aperfeiçoamento em Ensino na Saúde, a ser apresentada ao Núcleo Docente
Estruturante do curso, bem como à Pró-Reitoria de Ensino e Graduação (PROEG)
da Universidade em questão, no intuito de contribuir com o desenvolvimento docente
dos sujeitos da pesquisa, visando favorecer o processo de ensino-aprendizagem e,
consequentemente, a formação de futuros profissionais aptos a atuar voltados aos
princípios e diretrizes do SUS, conforme preconizam as Diretrizes Curriculares
Nacionais.
3.2

Público Alvo
Fonoaudiólogos que exercem as funções de gestores e/ou supervisores de

estágio do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Estadual de Ciências da
Saúde de Alagoas (UNCISAL).
3.3

Local de realização
Salas de aula da UNCISAL.

3.4

Objetivos

3.4.1 Objetivo Geral
Favorecer o desenvolvimento docente dos gestores e supervisores de estágio do
Curso de Fonoaudiologia de Alagoas.

31

3.4.2 Objetivos Específicos
Oferecer curso de aperfeiçoamento em Ensino na Saúde;
Fortalecer a prática docente do curso de Fonoaudiologia da UNCISAL;
Incentivar a prática cotidiana com base na Educação Permanente em Saúde.
3.5

Período de Realização
Fevereiro a outubro de 2014, com a proposta de encontros mensais.

3.6

Metodologia
Inicialmente, o Núcleo Docente Estruturante do Curso de Fonoaudiologia

articular-se-á com a Pró-Reitoria de Ensino e Graduação (PROEG) para convidar os
supervisores para participar do Curso de Aperfeiçoamento em Ensino na Saúde,
esclarecendo-os que tal curso contará com 180 horas/aula, e que os mesmos
poderão participar, por adesão, sendo considerados os seguintes critérios:


Ser docente do curso (independente do vínculo empregatício);



Desenvolver atividades de gestão e/ou supervisão de estágio no curso

em questão;
O curso contará com nove unidades teóricas mensais, de 20 horas cada, sob
a responsabilidade do NDE do Curso de Fonoaudiologia em parceria com a
PROEG/UNCISAL.
Tais unidades teóricas abordarão as políticas públicas de saúde e educação,
o currículo, a formação interdisciplinar em saúde, a Educação Permanente em
Saúde, entre outros, a saber:
Unidade 1 - Políticas Públicas: Saúde, Trabalho e Educação
Políticas Públicas de Saúde e Educação. Estrutura e reorganização
dos serviços de saúde no Brasil: a construção do SUS. Políticas Públicas

32

de Saúde (Ex: PNEPS), Trabalho e Globalização. Estado, cidadania,
democracia e direitos humanos.
Unidade 2 - Teorias do Processo Ensino-Aprendizagem
Concepções, determinantes e constituintes dos processos de
aprendizagem, ensino e formação a partir da perspectiva psicológica. A
abordagem histórico-cultural e suas contribuições para a compreensão do
aprender, ensinar e formar. Aprendizagem de Adultos.
Unidade 3 - Formação para o SUS
O SUS enquanto norteador da formação em saúde. Diretrizes
Curriculares de Fonoaudiologia e sua relação com o SUS. Políticas
indutoras da formação em saúde no Brasil. Educação Permanente.
Unidade 4 - Metodologia da Pesquisa em Ensino na Saúde
A Pesquisa no Ensino Superior Brasileiro. O significado do papel
de

pesquisador

metodológicas

no

da

exercício

pesquisa

da

em

docência.
Ensino

na

Tendências
Saúde.

teórico-

Abordagens

quantitativas e qualitativas: convergências e controvérsias. O processo
investigativo: planejamento, execução e socialização.
Unidade 5 - Currículo e Ensino em Fonoaudiologia
Concepções de currículo, modalidades de estruturação curricular.
Currículo e sociedade. O processo de planejamento curricular na área de
saúde. Currículo da Fonoaudiologia e perfil do profissional a ser formado.
Unidade 6 - Interdisciplinaridade no Ensino na Saúde
Concepções de interdisciplinaridade. Formação interdisciplinar.
Práticas interdisciplinares e atenção integral à saúde.
Unidade

7

-

Metodológicas

Práticas

de

Ensino-Aprendizagem

e

Inovações

33

Pressupostos pedagógicos das práticas de ensino-aprendizagem.
Estratégias de Ensino: funções e importância, limites e possibilidades,
técnicas e recursos audiovisuais.
Unidade 8 - Avaliação Educacional
Modalidades da Avaliação. Evolução histórica dos conceitos e
pressupostos de avaliação. Tipos de avaliação: institucional, curricular,
docente e aluno. Instrumentos: do quantitativo ao qualitativo.
Unidade 9 - Seminário Final
Participantes do curso deverão socializar propostas de mudanças
para sua realidade com base nos temas discutidos ao longo do curso.
3.7

Produtos e/ou Resultados Esperados
Curto/Médio Prazo:
Docentes fonoaudiólogos capacitados na temática “Ensino na Saúde”,

favorecendo o processo ensino-aprendizagem durante o estágio obrigatório do curso
de Fonoaudiologia da UNCISAL;
Adequação do Curso de Fonoaudiologia da UNCISAL às Diretrizes
Curriculares Nacionais.
Longo Prazo:
Formação crítica-reflexiva pautada na Educação Permanente em Saúde
(EPS);
Produção do conhecimento voltada para a docência em saúde;

34

3.8

Cronograma

Disciplinas
1. Políticas Públicas: Saúde, trabalho e Educação
2. Teorias do Processo Ensino-Aprendizagem
3. Formação para o SUS
4. Metodologia da Pesquisa em Educação em saúde
5. Currículo e Ensino em Fonoaudiologia
6. Interdisciplinaridade no Ensino na Saúde
7. Práticas de Ensino-Aprendizagem
8. Avaliação Educacional
9. Seminário Final

3.9

Período
Fevereiro/2014
Março/2014
Abril/2014
Maio/2014
Junho/2014
Julho/2014
Agosto/2014
Setembro/2014
Outubro/2014

Carga
Horária
20
20
20
20
20
20
20
20
20

Acompanhamento e Avaliação
A avaliação será contínua e progressiva, mensalmente, considerando os

conhecimentos construídos a cada módulo, com base nos objetivos do curso.
Espera-se que o NDE do Curso possa, juntamente com a PROEG,
acompanhar permanentemente os supervisores, fortalecendo seu desenvolvimento
docente, incentivando-os na busca por um ensino cada vez mais voltado às reais
necessidades de saúde da população assistida e em conformidade com as DCN e o
SUS.
Para auxiliar o processo de avaliação poderá ser utilizado o modelo lógico,
observado no quadro 1, que serve de instrumento de acompanhamento dos
resultados esperados.

35

Quadro 1 Modelo lógico para acompanhamento dos resultados

C
U
R
T
O
/
M
É
D
I
O

Fontes de dados
Lista de presença

(Continua)
Métodos de coleta de dados
Consulta às listas de presença
dos módulos do curso

Docentes

Questionários

- Número e proporção de discentes do curso de
Fonoaudiologia que teve uma percepção de construção
de conhecimento com o aperfeiçoamento dos professores

Discentes

Questionários

- Reforma curricular do curso de Fonoaudiologia da
UNCISAL

Projeto PolíticoPedagógico do Curso
(PPC)

Consulta ao PPC do Curso de
Fonoaudiologia

- Ensino voltado às reais necessidades de saúde da
população assistida pelo curso

Banco de dados
epidemiológicos de
Alagoas

Consulta aos bancos de dados
epidemiológicos de Alagoas (por
meio dos sistemas de
informação em saúde)

Resultados
Docentes
fonoaudiólogos
capacitados na
temática “Ensino na
Saúde”, favorecendo o
processo ensinoaprendizagem durante
o estágio obrigatório
do curso de
Fonoaudiologia da
UNCISAL

Indicadores
- Número e proporção de supervisores de estágio do
curso que participaram do aperfeiçoamento em Ensino na
Saúde

Adequação do Curso
de Fonoaudiologia da
UNCISAL às Diretrizes
Curriculares Nacionais

P
R
A
Z
O

- Número e proporção de docentes que teve uma
percepção de construção de conhecimento com o
aperfeiçoamento

- Formação de egressos generalistas, capazes de atuar
conforme as necessidades de saúde da população, nos
diversos níveis de complexidade.

35

Fonte: Autora, 2013.

Egressos

Levantamento da vida
profissional (inserção no
mercado de trabalho X nível de
complexidade) dos egressos do
curso via contato virtual e/ou
telefônico

36

Quadro 1 Modelo lógico para acompanhamento dos resultados

L
O
N
G
O

Resultados
Formação críticareflexiva pautada na
Educação Permanente
em Saúde (EPS)

P
R
A
Z
O
Produção do
conhecimento voltada
para a docência em
saúde;

(Continuação)

Indicadores
- Apreensão do conceito de EPS pelos docentes

Fontes de dados
Docentes

Métodos de coleta de dados
Questionários

- Apreensão do conceito de EPS pelos discentes

Discentes

Questionários

- Número e frequência de reuniões de EPS

Livro de atas

Consulta às atas de reuniões de
EPS

- Diversificação de atores participantes das reuniões de
EPS

Listas de presença

Consulta às listas de presenças
das reuniões de EPS

Anais de eventos

Consulta a anais de eventos
sobre a produção
Consulta aos currículos lattes
dos docentes do curso

- Número de resumos publicados em congressos sobre a
temática do Ensino na Saúde

Plataforma lattes

- Número de resumos publicados em congressos sobre a
temática do Ensino na Saúde

Bases de dados
Plataforma lattes

Consulta nas bases de dados de
produção científica em saúde
Consulta aos currículos lattes
dos docentes do curso

Fonte: Autora, 2013.

36

37

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para
a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 set. 1990.
Seção 1, p. 18055.
______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de
Educação Superior. Resolução CNE/CES nº5 de 19 de fevereiro de 2002. Institui
diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em Fonoaudiologia. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Legislativo, Brasília, DF, 4. Mar.
2002. Seção 1, p.11.
______. Decreto n. 87.218, de 31 de maio de 1982. Regulamenta a Lei n° 6.965, de
9 de dezembro de 1981, que dispõe sobre a regulamentação da profissão de
fonoaudiólogo e determina outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Poder Legislativo, Brasília, DF, 01 jun. 1982. Seção 1, p.
9939.
BOTTI, S. H .O.; REGO, S. Preceptor, supervisor, tutor e mentor: quais são os seus
papéis. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 32, n. 3, p. 363373, 2008.
CECCIM, R. B.; FEUERWERKER, L. C. M. O quadrilátero da formação para a área
de saúde: ensino, gestão, atenção e controle social. PHYSIS, Rio de Janeiro, v. 14,
n. 1, p. 41-65, 2004.
FEUERWERKER, L. Educação dos profissionais de saúde hoje: problemas,
desafios, perspectivas, e as propostas do Ministério da Saúde. Revista da ABENO,
v. 3, n. 1, p. 24-27, 2003.
HADDAD, A. E. et al. A trajetória dos cursos de graduação na saúde 1991-2004.
Brasília, DF: INEP, 2006.
LEMOS, M.; BAZZO, L. M. F. Formação do fonoaudiólogo no município de Salvador
e a consolidação do SUS. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 5, p.
2563-2568, 2010.
ROSSONI, E.; LAMPERTI, J. Formação de profissionais para o Sistema Único de
Saúde e as Diretrizes Curriculares. Boletim da Saúde, Porto Alegre, v. 18, n. 1, p.
87-98, 2004.
STIVAL, N.; MELLO, J. M. O Ensino superior e a fonoaudiologia no Brasil. In: RIBAS,
A.; PAZINI, S. (Org.). Fonoaudiologia e educação: uma parceria necessária.
Curitiba: UTP, 2010. p. 82-87.

38

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE ALAGOAS. Faculdade
de Fonoaudiologia de Alagoas. Projeto Pedagógico do Curso de Fonoaudiologia.
Maceió: UNCISAL; 2008.

39

4

CONCLUSÕES GERAIS
A análise dos dados pesquisados apontou para a existência de um grupo de

supervisores capacitados tecnicamente, que necessitam de um maior investimento
por parte da IES, e mais especificamente do Curso, em sua formação específica
para a docência em saúde, focando na maior valorização das práticas na atenção
básica e no contexto interdisciplinar.
A pesquisa realizada aponta para a oportunidade de investimentos no
desenvolvimento docente. Para tanto, foi proposto o produto de intervenção,
denominado “Desenvolvimento Docente - Ampliando os horizontes das práticas
docentes em Fonoaudiologia no Estado de Alagoas”, caracterizado por uma
proposta de curso de aperfeiçoamento em Ensino na Saúde para os supervisores do
curso estudado. Este produto tem como objetivo favorecer o desenvolvimento
docente dos supervisores de estágio do Curso de Fonoaudiologia de Alagoas.
Por fim, identificar características e desafios dos supervisores do curso de
Fonoaudiologia da UNCISAL e realizar atividades visando o desenvolvimento
docente, que poderão favorecer a uma maior compreensão de como se dá a
construção dos saberes advindos da experiência docente e assim, levantar aspectos
importantes para a análise e reflexão dos cursos de graduação em saúde
direcionando-o cada vez às reais necessidades de saúde da população, aos
princípios e diretrizes do SUS.

40

ANEXO A

Comprovante de aprovação do projeto no comitê de ética

41

42

ANEXO B

Comprovante de submissão do artigo à Revista Brasileira de

Educação Médica (RBEM)