16- Moana Cavalcante - A COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS POR ESTUDANTES DE MEDICINA UM ESTUDO DE CASO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE

MOANA CAVALCANTE

A COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS POR ESTUDANTES DE MEDICINA:
UM ESTUDO DE CASO

MACEIÓ-ALAGOAS
2017

2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE

MOANA CAVALCANTE

A COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS POR ESTUDANTES DE MEDICINA:
UM ESTUDO DE CASO

Trabalho acadêmico apresentado ao
Programa de Mestrado Profissional em
Ensino na Saúde da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal de
Alagoas, para obtenção do título de
mestre.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Viviane
Lisboa de Vasconcelos
C o - o r i e n t a d o r a : P r o f . ª D r. ª S u e l y
Grosseman

MACEIÓ-ALAGOAS
2017

3

Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central

Bibliotecária Responsável: Janaina Xisto de Barros Lima
C167c

Cavalcante, Moana.
A comunicação de más notícias por estudantes de medicina: um estudo
de caso / Moana Cavalcante. – 2017.
60 f. : il.
Orientadora: Maria Viviane Lisboa de Vasconcelos.
Coorientadora: Suely Grosseman.
Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino na Saúde) – Universidade
Federal de Alagoas. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em
Ensino na Saúde. Maceió, 2017.
Inclui bibliografias.
Apêndices: f. 50-56.
Anexos: f. 57-60.
1. Educação médica. 2. Humanização da assistência. 3. Competência clínica.
4. Revelação da verdade. 5. Comunicação. I. Título.
CDU: 614.253.4

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5

À minha mãe,
exemplo de força, sabedoria e amor!

6
AGRADECIMENTOS
Agradeço:
Às forças do universo pela conspiração de eventos que me trouxeram até aqui,
entendendo que sou fruto das experiências, oportunidades e relações interpessoais
que me atingiram ao longo da vida.
À minha mãe, a mulher mais extraordinária que já conheci! Concentrando
numa figura franzina, a força de uma idéia transformadora, a educação. A despeito
de qualquer obstáculo, minha educação sempre foi a prioridade em nossa casa
desde a tenra idade, agregando conhecimento, afeto e compromisso com as
pessoas e os acontecimentos. Já nessa fase da pós-graduação, seu apoio se deu
com o carinho incondicional peculiar às mães e nas discussões das idéias que
resultaram nesse trabalho.
Aos atores Carmen De Biase, Weidila Siqueira de Miranda, Ana Cecilia
Silvestre da Silva, Gissele Melo Oliveira, Mariana de Araújo Santana, Alvaro Thiago
Lins e Vanessa Stela Ferreira Silva pelas excelentes atuações nas oficinas do OSCE
deste trabalho.
Aos internos que participaram com entusiasmo de cada etapa, tornando os
dados um reflexo real das suas experiências acadêmicas.
Ao colegas e professores do mestrado pela parceria na construção de cada
projeto, uma forma inovadora de ensinar e aprender. Uma experiência que expandiu
as relações para além da sala de aula e para além desse período de estudos.
À minha querida orientadora Prof.a Dr.a Viviane, pela admirável sensibilidade
em conduzir nosso trabalho, com a maestria de uma Educadora, que indica o
caminho sem apontar, corrige sem desapontar e se alegra com a chegada conjunta
ao objetivo.
À minha também querida co-orientadora Prof.a Dr.a Suely, igualmente
competente e carinhosa comigo, sempre disponível em contribuir com sua vasta
experiência em comunicação de más notícias para aprimorar nosso trabalho.
Aos componentes da Banca Examinadora; Prof.a Dr.a Ana Lydia Vasco e Prof.a
Dr.a Maria de Lourdes Fonseca Vieira, pela disponibilidade, apoio e contribuições
riquíssimas nesse momento tão importante.
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento
desta pesquisa. Muito obrigada!

7

“Cada pessoa deve trabalhar para o
seu aperfeiçoamento e, ao mesmo
tempo, participar da
responsabilidade coletiva por toda a
humanidade.”
Marie Curie

8
RESUMO GERAL
O termo “má notícia” define informação com significado de impacto negativo
na vida do paciente e da família, percebido assim pelos mesmos. Apesar disto, esse
assunto ficou submerso na educação médica e somente nos últimos tempos tem
emergido a necessidade de readaptações curriculares. Este trabalho propôs analisar
o preparo de estudantes do curso de medicina de uma universidade pública
brasileira para comunicar más notícias; avaliar nestes estudantes as atitudes que
compõem a comunicação de más notícias e identificar os momentos de abordagem
ao tema no currículo vigente do curso. Realizou-se uma pesquisa do tipo estudo de
caso, com abordagem mista (QUAN e QUAL) em uma estratégia incorporada
concomitante, onde as análises permanecem lado a lado para uma avaliação
composta do problema. Participaram do estudo 43 estudantes do último período do
curso de medicina. Como instrumento para coleta de dados, utilizamos o Objective
Structured Clinical Examination (OSCE) para fornecer informações numéricas de
avaliação do desempenho dos estudantes e um questionário para trazer à superfície
aspectos que justificassem o seu desempenho. Os resultados mostram que 85,66%
dos estudantes demonstraram PREPARAÇÃO adequada, 38,37% avaliaram a
PERCEPÇÃO dos pacientes sobre a sua doença, 47,09% COMPARTILHARAM A
INFORMAÇÃO adequadamente, 28,29% foram eficientes RESPONDENDO ÀS
EMOÇÕES e 40,89% estabeleceram um PLANO E SEGUIMENTO para o paciente e
familiares. A análise de conteúdo dos relatos dos estudantes revelou abordagem
superficial do tema no curso médico e a pouca experiência prática durante a
formação. Conclui-se que o tema ‘comunicação de más notícias’ não aparece de
forma efetiva no currículo vigente, sendo abordado esporadicamente no currículo
oculto. Dessa forma os estudantes desenvolvem habilidades de comunicação para
más notícias a partir das suas próprias experiências pessoais e formação individual,
com algumas observações de preceptores em prática clínica. Como produto de
intervenção da pesquisa criamos o aplicativo “Comunicando más notícias!” com
orientações sobre o tema e sugestões de treinamento para ser socializado entre
estudantes e profissionais de saúde interessados.
Palavras chave: Revelação da verdade, Educação médica, Simulação de paciente,
competência clínica, Humanização da assistência.

9
GENERAL ABSTRACT
The term "bad news" defines information with a negative impact on the life of
the patient and the family, perceived by themselves. Despite this, this subject has
been submerged in medical education and only recently it has emerged a need for
curricular adaptations. This paper proposes to evaluate the student’s preparation in
medical schools in a Brazilian p. This paper proposes to evaluate the preparation of
students of the medical course of a Brazilian public university to communicate bad
news; to analyze in these students the attitudes that compose the communication of
bad news and to identify the moments of approach to the subject in the current
curriculum of the course. A case study was conducted with a mixed approach (QUAN
and QUAL), in a concomitant incorporated strategy, where the analyzes remain side
by side for a composite evaluation of the problem. The study included 43 students
from the last period of medical school. As an instrument for data collection, we used
Objective Structured Clinical Examination (OSCE) to provide numerical information
on student’s performance evaluation and a questionnaire was used as a means to
bring to the surface aspects that justified its performance. The results show that
85.66% of the students demonstrated adequate PREPARATION, 38.37% had a
PERCEPTION OF THE PATIENTS ON THEIR HEALTH, 47.09% SHARED THE
INFORMATION appropriately, 28.29% were efficient RESPONDING TO THE
EMOTIONS and 40.89% They had a PLAN AND FOLLOW-UP for the patient and
family. Content analysis of student reports revealed a cursory approach to the subject
in the medical course and little practical experience during training. It is concluded
that the theme 'bad news communication' does not appear effectively in the current
curriculum, being approached sporadically in the hidden curriculum. In this way
students develop communication skills for bad news from their own personal
experiences and individual training, with some observations from preceptors in
clinical practice. As a research intervention product, we created the "Communicating
bad news!" Application. With guidance on the topic and training suggestions to be
socialized between students and interested health professionals.
Key words: Truth disclosure, Medical education, Patient simulation, clinical
competence, Humanization of assistance.

10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1-

Presença de habilidades em cada passo do processo de

comunicação de más notícias entre os internos do curso de medicina/UFAL,
2016. ———————————————————————————————26
Tabela 2- Presença de habilidades, entre os internos de medicina /UFAL, em
cada pergunta do processo de comunicação de más notícias, avaliado por meio
do OSCE, 2016.———————————————————————————27

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CMN - Comunicação de más notícias
FAMED - Faculdade de Medicina
HUPAA - Hospital Universitário Professor Alberto Antunes
MPES - Mestrado Profissional em Ensino na Saúde
NDE - Núcleo Docente Estruturante
OSCE - Objective Structured Clinical Examination
PPC - Projeto Pedagógico do Curso
QUAL - Qualitativa
QUAN - Quantitativa
TACC - Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFAL - Universidade Federal de Alagoas

12
SUMÁRIO
1 Apresentação __________________________________________________ 13
2 Artigo: A COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS POR ESTUDANTES DE
MEDICINA: UM ESTUDO DE CASO _________________________________ 15
2.1 Introdução ___________________________________________________ 17
2.2 Percurso metodológico ________________________________________ 19
2.2.1 Caracterização do estudo _____________________________________ 19
2.2.2 Aspectos éticos _____________________________________________ 20
2.2.3 Cenário do estudo ___________________________________________

20

2.2.4 Participantes do estudo ______________________________________

21

2.2.5 Procedimentos para coleta e registros dos dados ________________

21

2.2.6 O processo de análise dos dados ______________________________

23

2.3 Apresentação e discussão dos resultados da análise quantitativa _____ 24
2.3.1 Perfil dos participantes ________________________________________ 24
2.3.2 Desempenho geral dos estudantes _____________________________

24

2.3.3 Desempenho de todo o grupo por habilidade _____________________ 25
2.3.4 Desempenho de todo o grupo por pergunta ______________________ 27
2.4 Apresentação e discussão dos resultados da análise qualitativa_______ 29
2.5 Considerações finais

__________________________________________ 36

2.6 Referências do artigo ___________________________________________ 36
3 Produto de intervenção: Aplicativo “Comunicando más notícias” _____

39

3.1 Público alvo __________________________________________________ 39
3.2 Introdução ____________________________________________________ 39
3.3 Objetivos ___________________________________________________

40

3.4 Metodologia _________________________________________________

40

3.5 Resultados esperados _________________________________________ 40
3.6 Referências do produto de intervenção

_________________________ 40

4 Conclusão geral ________________________________________________ 41
5 Referências gerais ______________________________________________ 42
Apêndices ______________________________________________________ 45
Apêndice A-Termo de Consentimento Livre e Esclarecido _______________ 45
Apêndice B- Instrumento de avaliação _______________________________ 47
Apêndice C- Análise de conteúdo pergunta 1 _________________________ 48
Apêndice D- Análise de conteúdo pergunta 2 _________________________ 54

1
Anexos ____________________________________________________ 58
Anexo A - Parecer do CEP_____________________________________ 58
Anexo B - Email de submissão do artigo _______________________

60

13
1 Apresentação
A comunicação de más notícias é atividade frequente na prática médica.
Independente da especialidade, sempre haverá necessidade de compartilhar
informação que impacta negativamente a visão sobre futuro pelo paciente e
familiares.
Embora apenas nas últimas décadas o conceito de humanização tenha sido
introduzido nos currículos das escolas médicas, a relação médico-paciente é
fundamental para o sucesso das intervenções, sejam profiláticas, terapêuticas ou de
reabilitação. Esta relação se inicia com a boa comunicação, principalmente quando
se trata de informação capaz de modificar negativamente os hábitos de vida do
paciente e do seu ciclo de relacionamentos.
Após concluir minha formação médica e cursar duas residências (Cirurgia
Geral e Cirurgia de Cabeça e Pescoço), trabalhei por alguns anos em serviços de
assistência que recebiam estudantes do curso de medicina para estágio curricular. O
tempo afastada da academia me trouxe inquietação de produzir conhecimento para
melhoria da rotina de trabalho tão dual em desgaste e satisfação. Tal inquietação
surgiu a partir da constatação de que os professores e preceptores na área da
saúde não têm qualquer formação para Educação e geralmente são selecionados
pelo nível de capacitação técnica em suas áreas. E isto se mostra como dificuldade
no processo de ensino aprendizagem traduzido na frequente frase “ele sabe muito,
mas não sabe passar”. Percebi a necessidade de também “saber passar” para fazer
minha prática mais produtiva.
Na busca de um programa de pós-graduação, chamou-me atenção a proposta
da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) com o
Mestrado Profissional em Ensino na Saúde (MPES). O objetivo do MPES é voltado a
capacitar para o ensino, profissionais de nível superior na área da saúde, já atuantes
na docência ou preceptoria. Relembrei meus tempos de monitora em Ensino Médico
na faculdade, projeto incubador do atual MPES, onde os trabalhos eram voltados
para discutir e viabilizar a reforma do currículo do curso de medicina da UFAL que se
deu em 2006. Esse processo teve como alicerce as diretrizes curriculares de 2001
conduziram a projetos pedagógicos para atender às necessidades da sociedade,
onde a interdisciplinaridade surgiu como princípio norteador.
Minha atuação profissional se dá principalmente em casos de oncologia,
trauma e urgência. Pelas características inerentes à especialidade, é frequente a
necessidade de comunicar más notícias, ação bastante desconfortável para o

14
profissional. Por outro lado é comum ouvirmos relatos de pessoas que tiveram uma
má experiência quando foram comunicados de um evento de significado danoso
para si ou para pessoa próxima. De forma geral, acredita-se que o desfecho da
comunicação de uma má notícia depende exclusivamente da habilidade individual
do profissional em conduzir o caso. Refletindo sobre este desafio diário da minha
prática, percebi que em toda minha formação jamais tive orientação para este tipo
de evento tão comum na atividade médica.
Claramente a melhoria da assistência à saúde se inicia na formação
profissional. Tudo isto me motivou a ingressar no programa do MPES e pesquisar
proposta de solução para um problema da minha prática como médica e preceptora.
Este cenário foi a fonte de motivação para investigar como acontece a
formação para comunicação de más notícias no curso de medicina da Universidade
em que me graduei e na qual trabalho.
Os treinamentos para comunicação de más notícias demonstram não apenas
que esta habilidade pode ser ensinada como também impacta positivamente na
forma como os profissionais se relacionam com a profissão, diminuindo o nível de
stress, aumentando a satisfação e qualidade do atendimento.
Nossa pesquisa foi realizada com estudantes do último período do curso de
medicina da UFAL, utilizando métodos mistos de coleta e análise de dados, visando
analisar como os estudantes de medicina comunicam as más notícias e a
contribuição da formação no desenvolvimento desta habilidade.
Como produto da pesquisa, os resultados do estudo apontaram para a
elaboração de um aplicativo, a fim de orientar o treinamento da ‘comunicação de
más notícias’ para qualquer estudante ou profissional de saúde interessado no tema.
Acredito que o processo de desenvolvimento desta pesquisa sob a perspectiva
de inclusão de teorias educacionais na formação dos profissionais da saúde, nos
fornece um importante diagnóstico e indica caminhos para alcançar uma formação
voltada para as necessidades da sociedade atual. O trabalho além do seu propósito
inicial, me fez refletir sobre minha prática e tentar aprimorá-la como forma de ser
mais produtiva e promotora de satisfação para todos os envolvidos.

15
2 ARTIGO: A COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS POR ESTUDANTES DE
MEDICINA: UM ESTUDO DE CASO
COMMUNICATION OF BAD NEWS BY STUDENTS OF MEDICINE: A CASE STUDY
RESUMO
O termo “má notícia” define informação com significado de impacto negativo
na vida do paciente e da família, percebido assim pelos mesmos. Apesar disto, esse
assunto ficou submerso na educação médica e somente nos últimos tempos tem
emergido a necessidade de readaptações curriculares. Este trabalho analisou o
preparo de estudantes do curso de medicina de uma universidade pública brasileira
para comunicar más notícias; avaliou nestes estudantes as atitudes que compõem a
comunicação de más notícias e identificou os momentos de abordagem ao tema no
currículo vigente do curso. Realizou-se uma pesquisa do tipo estudo de caso, com
abordagem mista (QUAN e QUAL) em uma estratégia incorporada concomitante,
onde as análises permanecem lado a lado para uma avaliação composta do
problema. Participaram do estudo 43 estudantes do último período do curso de
medicina. Como instrumento para coleta de dados, utilizamos o Objective Structured
Clinical Examination (OSCE) para fornecer informações numéricas de avaliação do
desempenho dos estudantes e um questionário para trazer à superfície aspectos
que justificassem o seu desempenho. Os resultados mostram que 85,66% dos
estudantes demonstraram PREPARAÇÃO adequada, 38,37% avaliaram a
PERCEPÇÃO dos pacientes sobre a sua doença, 47,09% COMPARTILHARAM A
INFORMAÇÃO adequadamente, 28,29% foram eficientes RESPONDENDO ÀS
EMOÇÕES e 40,89% estabeleceram um PLANO E SEGUIMENTO para o paciente e
familiares. A análise de conteúdo dos relatos dos estudantes revelou abordagem
superficial do tema no curso médico e a pouca experiência prática durante a
formação. Conclui-se que o tema ‘comunicação de más notícias’ não aparece de
forma efetiva no currículo vigente, sendo abordado esporadicamente no currículo
oculto. Dessa forma os estudantes desenvolvem habilidades de comunicação para
más notícias a partir das suas próprias experiências pessoais e formação individual,
com algumas observações de preceptores em prática clínica.
Palavras chave: Revelação da verdade, Educação médica, Simulação de paciente,
doc.com, competência clínica, Humanização da assistência

16
ABSTRACT
The term "bad news" defines information with a negative impact on the life of
the patient and the family, perceived by themselves. Despite this, this subject has
been submerged in medical education and only recently it has emerged a need for
curricular adaptations. This paper proposes to evaluate the students’ preparation in
medical schools in a Brazilian p. This paper proposes to evaluate the preparation of
students of the medical course of a Brazilian public university to communicate bad
news; to analyze in these students the attitudes that compose the communication of
bad news and to identify the moments of approach to the subject in the current
curriculum of the course. A case study was conducted with a mixed approach (QUAN
and QUAL), in a concomitant incorporated strategy, where the analyzes remain side
by side for a composite evaluation of the problem. The study included 43 students
from the last period of medical school. As an instrument for data collection, we used
Objective Structured Clinical Examination (OSCE) to provide numerical information
on student’s performance evaluation and a questionnaire was used as a means to
bring to the surface aspects that justified its performance. The results show that
85.66% of the students demonstrated adequate PREPARATION, 38.37% had a
PERCEPTION OF THE PATIENTS ON THEIR HEALTH, 47.09% SHARED THE
INFORMATION appropriately, 28.29% were efficient RESPONDING TO THE
EMOTIONS and 40.89% They had a PLAN AND FOLLOW-UP for the patient and
family. Content analysis of student reports revealed a cursory approach to the subject
in the medical course and little practical experience during training. It is concluded
that the theme 'bad news communication' does not appear effectively in the current
curriculum, being approached sporadically in the hidden curriculum. In this way
students develop communication skills for bad news from their own personal
experiences and individual training, with some observations from preceptors in
clinical practice.
Key words: Truth disclosure, Medical education, Patient simulation, doc.com, clinical
competence, Humanization of assistance.

17
2.1 Introdução
Com os avanços instrumentais e farmacológicos, a formação médica privilegia
a tecnologia às humanidades, não dando a necessária atenção à construção de
habilidades de comunicação. Entretanto, o início da relação médico-paciente se dá
através da comunicação, e desta relação dependerá a adesão ou não ao tratamento,
influenciando o seu sucesso ou fracasso (OLIVEIRA et al., 2004). Independente da
especialidade, em algum momento da atividade profissional, o médico terá que
comunicar uma má notícia, que inclui não apenas doenças fatais, mas diagnósticos
que requerem mudança de hábitos e projetos de vida.
As escolas médicas estruturaram a graduação no relatório de Flexner (1910),
direcionando o ensino para uma visão biocêntrica/tecnocêntrica. O corpo humano
era dividido em partes, que podia ser acometido por doenças ocasionando disfunção
biológica. As universidades formavam especialistas em doença e não os capacitava
para cuidar de doentes. Os novos currículos mostram uma preocupação mais
antropocêntrica, a fim de formar profissionais que contribuam para o bem-estar
físico, psíquico e social dos pacientes (MARTA et al., 2009).
Nas últimas décadas ocorreram mudanças na formação dos médicos, com a
introdução do conceito de humanização. Nesse contexto a produção de
conhecimento passa a entender o homem de forma global, valorizando o sentido
social da produção do conhecimento e a diversidade de paradigmas no campo da
saúde. A humanização também é vista como ampliação do processo
comunicacional, onde a linguagem aprofunda a compreensão do outro, permitindo
que o cuidado se realize voltado para as necessidades do indivíduo (RIOS; SIRINO,
2015).
Já bastante discutida ao redor do mundo, a preocupação com a comunicação
de más notícias foi manifestada desde a criação do primeiro código de ética médica
dos Estados Unidos, em 1847 (GIRGIS; SANSON-FISCHER,1995). Apesar disto,
esse assunto ficou submerso no ensino médico e somente nos últimos tempos tem
emergido a necessidade de readaptações curriculares.
Por outro lado, a legislação brasileira é clara quando afirma, que:
[…] Na relação com pacientes e familiares é vedado ao
médico deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o
prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, salvo
quando a comunicação direta possa lhe causar dano,
devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu
representante legal (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA,
2010, p. 38)

18
As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação de Medicina
(BRASIL, 2014) preconizam que o graduado em Medicina deve ter formação geral,
humanística, crítica, reflexiva e ética, com capacidade para atuar nos diferentes
níveis de atenção à saúde. Dentre os aspectos que devem compor a atuação do
egresso está a comunicação, por meio de linguagem verbal e não verbal, com
usuários, familiares, comunidades e membros das equipes profissionais, com
empatia, sensibilidade e interesse, preservando a confidencialidade, a compreensão,
a autonomia e a segurança da pessoa sob cuidado.
Para pacientes e profissionais de saúde, a boa comunicação é necessária,
ambos são afetados por seus efeitos. O paciente adquire confiança na equipe,
melhora a adesão ao tratamento, satisfação e qualidade de vida (STIEFEL et al.,
2010). Já o médico, tem maior satisfação profissional, capacidade de assimilação
das perspectivas do paciente, cooperação e confiança. Também são observados
efeitos como o reconhecimento da qualidade e eficiência dos cuidados prestados e
redução de queixas de más práticas médicas (LEAL-SEABRA; COSTA, 2015).
O termo “má notícia” define informação com significado de impacto negativo na
vida do paciente e da família, percebido assim pelos mesmos (NONINO;
MAGALHÃES; FALCÃO, 2012). O momento dessa transmissão é tenso, para o
informante uma tarefa desconfortável, para o informado, dolorosa. Na maioria das
vezes o profissional não recebeu treinamento para tal e realiza a difícil incumbência
utilizando suas próprias perspectivas de vida. Neste ponto ocorrem os extremos com
discursos eufemistas, que mascaram a real informação, ou até rudes, agravando a
percepção negativa dos fatos pela família e paciente.
O paciente e seus familiares, diante de uma má notícia, vivenciam um estado
semelhante ao luto, entendido por Freud (1915) como a reação à perda. KüblerRoss (1996), em seu trabalho clássico, propôs seis estágios para o processo de luto:
(1) negação e isolamento – assombramento inicial e rejeição ao diagnóstico; (2)
raiva – revolta e ressentimento; (3) barganha – negociação com a equipe médica,
familiares, amigos e Deus com promessas em troca da cura (4) depressão –
sentimento de perda, sintomas clínicos de depressão; (5) aceitação – A má notícia é
reconhecida como inevitável e aceita; (6) esperança – Existe ainda a possibilidade
de que algum fator novo possa vir a modificar a situação iminente.
Em geral, os treinamentos de habilidade para comunicação, preconizam uma
série de passos ou estratégias para comunicar más notícias (CMN), acreditando que
apesar dos desafios a informação pode ser transmitida com clareza e compaixão. O

19
primeiro passo se refere à preparação do médico e do espaço físico para o evento.
Depois se verifica até que ponto o paciente ou familiar já sabe e o quanto quer
saber (percepção) sobre sua doença. No passo seguinte o objetivo é compartilhar
a informação com linguagem clara e sensibilidade. Neste ponto, são ressaltadas
algumas recomendações, como: dar um sinal de aviso, utilizando frases introdutórias
que indiquem ao paciente que más notícias virão; não fazê-lo de forma brusca ou
usar palavras técnicas em excesso; checar a compreensão do paciente. Deve ser
reservado um momento para, com empatia, responder às emoções demonstradas
pelo paciente. O fechamento da comunicação de uma má notícia inclui
planejamento e acompanhamento com planos concretos sobre aspectos médicos
e pessoais (LINO et al., 2011).
O projeto pedagógico do curso de medicina (UFAL, 2013) da Universidade
Federal de Alagoas/UFAL aponta a comunicação como habilidade geral e específica
da formação do médico. A comunicação é citada como atitude a ser desenvolvida
nos objetivos da aprendizagem do ciclo teórico-prático da matriz curricular. Neste
contexto verifica-se a necessidade de capacitação do médico durante sua formação
para comunicar más notícias (CMN) e conduzir adequadamente pacientes e
familiares nos momentos seguintes.
Considerando a importância do tema, justifica-se fazer um diagnóstico, no
cenário em que estamos inseridos, de como os estudantes do curso de medicina da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL) comunicam as más notícias. Assim, a
pergunta que este trabalho objetivou responder foi: Como os estudantes de
medicina comunicam as más notícias?
Este trabalho analisou o preparo de estudantes do curso de medicina de uma
universidade pública brasileira para comunicar más notícias; avaliou nestes
estudantes as atitudes que compõem a comunicação de más notícias e identificou
os momentos de abordagem ao tema no currículo vigente do curso.
2.2 Percurso metodológico
2.2.1 Caracterização do estudo
Trata-se de pesquisa exploratória, tipo Estudo de Caso, uma vez que visa fazer
diagnóstico quanto a um grupo restrito. Optamos por uma abordagem mista,
quantitativa (QUAN) e qualitativa (QUAL), com a intenção de explorar diferentes
aspectos do assunto estudado, visto a comunicação de más notícias ter
características multifacetadas.

20
O estudo de caso na pesquisa educacional tem um sentido abrangente, foca
em um fenômeno particular, levando em conta seu contexto e suas múltiplas
dimensões. A análise em profundidade é destacada em contraponto ao aspecto
unitário do caso. Uma vez que o objeto estudado envolva multiplicidade de
dimensões, o pesquisador é impelido a utilizar uma variedade de fontes de dados,
de métodos de coleta, de instrumentos e procedimentos, para contemplar as
múltiplas dimensões do fenômeno investigado e evitar interpretações unilaterais ou
superficiais (ANDRÉ, 2013).
Creswell (2010), define a pesquisa de métodos mistos como aquela que utiliza
a combinação dos pontos fortes das pesquisas quantitativas e qualitativas para
abordagem de problemas que, em sua complexidade, não seriam compreendidos se
trabalhados isoladamente por uma ou por outra metodologia. Entretanto afirma que
o pesquisador deve ter disponível tempo, recursos e energia em função da natureza
desafiante e ainda em desenvolvimento desse tipo de pesquisa.
Para Günther (2006), considerando os recursos disponíveis, para lidar com
uma determinada pergunta científica, cabe ao pesquisador usar a abordagem
teórico-metodológica que permita chegar a um resultado que melhor contribua para
a compreensão do fenômeno.
2.2.2 Aspectos éticos
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFAL pela
Plataforma Brasil sob protocolo CAAE nº: 45169715.0.0000.5013/Número do
Parecer: 1091869. Como parte da documentação prevista, elaboramos o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE (Apêndice A), por meio do qual, em
linguagem simples, os sujeitos foram informados sobre o objetivo da pesquisa, seus
procedimentos, riscos, desconfortos e benefícios, garantia do anonimato e direito de
participarem ou não. Após orientação sobre a pesquisa e oportunidade de
discussão, foram solicitadas suas anuências mediante assinatura do termo, assim
como autorização para divulgação de suas imagens e discursos com preservação da
identidade.
2.2.3 Cenário do estudo
O estudo foi realizado nas dependências da Faculdade de Medicina (FAMED)
da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), no município de Maceió-AL. Foram

21
utilizadas três salas contíguas, simultaneamente, normalmente destinadas a
atividade curricular de tutoria.
A Faculdade de Medicina de Alagoas, instituição pública subordinada ao
Governo Federal e fundada em 03 de maio de 1950, possui como campo de práticas
o Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA) com nível terciário de
atenção à saúde, referência para o atendimento de pacientes de todo Estado de
Alagoas.
2.2.4 Participantes do estudo
Foram convidados 43 estudantes do décimo segundo período (internato) do
curso de medicina/UFAL, e que concordaram voluntariamente em participar do
estudo após apresentação do TCLE. A escolha em trabalhar com os estudantes do
último período visou avaliar a formação para comunicação de más notícias adquirida
pelo interno, ao longo do curso.
A Faculdade de Medicina (FAMED) da Universidade Federal de Alagoas
(UFAL) recebe 40 estudantes por semestre. O número de sujeitos participantes,
corresponde a 107,5 % dos estudantes do último semestre, devido a três internos
da turma anterior terem concluído o curso no semestre da realização da pesquisa.
2.2.5 Procedimentos para coleta e registros dos dados
Como instrumento para coleta de dados, utilizou-se o Objective Structured
Clinical Examination (OSCE) e um questionário com o objetivo de atender as
necessidades da pesquisa quantitativa e qualitativa. O OSCE foi usado para nos
fornecer informações numéricas de avaliação do desempenho dos estudantes e o
questionário para trazer à superfície aspectos que justificassem os seus
desempenhos.
O OSCE se apresenta como instrumento para avaliar o desempenho do
estudante por meio de estações de avaliação em rodízio, baseado em um roteiro
predefinido (checklist) em que há interação com um paciente simulado. Segundo
Chipman et al (2011), o OSCE padroniza o ambiente e o desenvolvimento da tarefa
a ser realizada, permitindo, teoricamente, classificações objetivas. O OSCE fornece
avaliação dos domínios de habilidades cognitivas e não-cognitivas, permitindo
detectar pontos fracos dentro de um currículo. Assim, é útil tanto para a avaliação
como para o aumento da eficácia do ensino (JANSIRANINATARAJAN; THOMAS,
2014).

22
Já o questionário, pode ser definido como um conjunto de perguntas sobre um
determinado tópico, que permite ao pesquisador coletar informações de pessoas
sobre seus conhecimentos, atitudes, opiniões e informação factual (GÜNTHER,
2003). Neste ponto salienta-se que não é apenas o estudo do fenômeno em si que
interessa, mas também, a significação que tal fenômeno ganha para os que o
vivenciam (TURATO, 2005).
Foram realizadas cinco oficinas entre os meses de julho/2015 e março/2016,
após aprovação do protocolo pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Cada oficina teve
duração de aproximadamente 60 minutos e contou com a participação de 7 a 10
estudantes do internato do curso de medicina/UFAL.
Em cada oficina, os estudantes participaram de uma atividade com pacientes
simulados, onde comunicaram uma má notícia em duas estações distintas com
casos elaborados pela pesquisadora. As estações ocorreram em sequência, com
duração de cinco minutos cada. O número duplo de estações objetivou reduzir
possíveis vieses por única oportunidade de coleta de dados.
A simulação foi acompanhada por um docente pesquisador e gravada em vídeo
para análise posterior por dois observadores (a pesquisadora e um colaborador). As
imagens foram analisadas várias vezes, para identificar e registrar as habilidades
apresentadas pelo interno em um instrumento de avaliação estruturado - checklist
(Apêndice B). As habilidades presentes eram assinaladas na coluna S (Sim), as
presentes parcialmente eram assinaladas na coluna P (Parcial) e aquelas não
demonstradas pelos estudantes eram registradas na coluna N (Não). Estes dados
constituem o material para a análise quantitativa descrita a seguir.
O instrumento de avaliação estruturado (checklist) teve como base o programa
DocCom Brasil, que compreende alguns passos de maneira didática para comunicar
más notícias (Preparação, percepção, compartilhando informações, respondendo às
emoções e plano de seguimento) (TIMOTHY et al., 2015). O programa DocCom
possui um site (https://webcampus.drexelmed.edu/doccom/user/) que disponibiliza
recursos multimídia, incluindo vídeos e textos para demonstrar habilidades de
comunicação na educação médica.
Ao término da atividade, os estudantes responderam a um questionário com
duas perguntas a fim de atender aos objetivos do trabalho, não possíveis de
identificar com avaliação quantitativa. Foi perguntado aos estudantes: 1. Em qual
momento do curso de medicina na UFAL, o tema comunicação de más notícias foi
abordado quanto ao período, disciplina, docente e metodologia utilizada; e 2. Qual a

23
sua impressão sobre o seu próprio desempenho nas atividades simuladas de que
participou hoje?. Estes dados são o material para a análise de conteúdo, portanto
qualitativa.
2.2.6 O processo de análise dos dados
Nosso trabalho utilizou métodos mistos de coleta e análise de dados, em uma
estratégia incorporada concomitante, onde os dados QUAL e QUAN foram coletados
ao mesmo tempo, sendo os dados QUAN o método de guia e os dados QUAL um
banco de apoio para entendimento dos números. As análises permanecem lado a
lado para uma avaliação composta do problema (CRESWELL, 2010).
As habilidades apresentadas pelos estudantes na atividade com os pacientes
simulados e registradas pelo OSCE foram submetidas à análise estatística na
linguagem R, um software de uso público, para cálculos estatísticos, análise de
dados e construção de gráficos.
Como nosso registro baseou-se na presença completa, parcial ou ausência de
habilidades para comunicar más notícias pelo estudante observado, foi necessário
atribuir valor numérico a estes conceitos, visto que o programa trabalha apenas com
linguagem matemática. Sendo assim, para a habilidade presente (coluna S) foi
atribuído o peso 2 (dois), para a habilidade parcialmente observada (coluna P), peso
1 (um), e para a habilidade não demonstrada (coluna N), peso 0 (zero).
Os dados de ambas as estações da oficina com pacientes simulados, foram
analisados em conjunto para cada estudante e para todo o grupo. De forma que a
máxima pontuação possível por estudante seria 52 pontos, visto que em cada uma
das duas estações foram avaliadas 13 habilidades com peso 2 (dois) para a
presença, 1 (um) para presença parcial e 0 (zero) para ausência de demonstração
da habilidade.
Anteriormente, a confiabilidade do checklist foi submetido à validação usandose o método do Coeficiente Alpha de Cronbach, com valor de 0,674. O alpha é uma
medida estável de fiabilidade, que estima quão uniformemente os itens contribuem
para a soma não ponderada do instrumento, variando numa escala de 0 a 1. Quanto
mais o coeficiente se aproxima de 1 mais consistente e fiável é o instrumento
(MAROCO; GARCIA-MARQUES, 2006) .
O material obtido com as respostas escritas dos questionários foi submetido a
análise de conteúdo. Esta análise é definida com um conjunto de técnicas de análise
de comunicação visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de

24
descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/
recepção destas mensagens (BARDIN, 2011, p.42).
Para Minayo (2000), o processo da análise de conteúdo pode ser organizado
em

três etapas: 1) A pré-análise, que se constitui de leitura flutuante exaustiva;

constituição do Corpus do material com organização quanto à exaustividade,
representatividade, homogeneidade e pertinência; formulação de hipóteses e
objetivos; e elaboração de indicadores a serem adotados na análise; 2) A exploração
do material (recorte, contagem, classificação e enumeração); 3) O tratamento dos
resultados obtidos e interpretação do material trabalhado .
Seguindo esta normatização, procedemos a análise de conteúdo dos dados
obtidos. Todo o processo foi realizado manualmente, sem a utilização de softwares
específicos para este fim. Para preservar a identidade dos internos, as respostas
transcritas na íntegra, foram identificadas pela letra I (interno) e número da
sequência cronológica das respostas.
2.3 Apresentação e discussão dos resultados da análise quantitativa
2.3.1 Perfil dos participantes
Quarenta e três estudantes do internato do curso de medicina participaram do
estudo, sendo 26 do sexo feminino (60,46%) e 17 do sexo masculino (39,53%). A
média de idade dos estudantes foi de 25,97 anos, sendo o interno mais novo com
23 anos e o mais velho com 37 anos. A mediana e a moda de idade coincidem em
26 anos.
2.3.2 Desempenho geral dos estudantes
O desempenho dos estudantes nas estações 1 e 2 da oficina com o OSCE não
foi estatisticamente significante, com p-value = 0.8028, ou seja p>0,05. A análise
estatística considerou o desempenho dos estudantes na oficina como um todo,
apresentando os dados a seguir.
Os estudantes participantes da pesquisa, demonstraram uma média de 49,55%
e mediana de 50% de presença de habilidades de comunicação para más notícias
no estudo realizado. Apenas 39,53% dos estudantes apresentaram desempenho
geral maior que 50% de presença das habilidades pretendidas (17 estudantes),
consequentemente em 60,46% das avaliações (26 estudantes) a porcentagem de

25
presença das habilidades foi menor ou igual a 50%, sendo o melhor desempenho
com 90,38% e o pior com 19,23%.
A literatura varia em relação aos valores médios encontrados sem treinamento.
Em estudo realizado em Israel com médicos da atenção primária, a pontuação
média global para o teste antes de qualquer treinamento para comunicar más
notícias foi de 57,3 % (AMIEL et al., 2006). Outro estudo, realizado na Bélgica por
Liénard et al, (2010), com médicos e residentes em oncologia, observou 64,6% de
diagnóstico adequado pré-treinamento.
Podemos inferir desses resultados que embora haja grande distância entre as
avaliações do estudante com melhor e com pior desempenho, a média e a mediana
do grupo se encontram em torno da presença de ao menos metade das habilidades
pretendidas. O fato de apenas 39,53% do grupo demostrar mais de 50% de
presença das habilidades pretendidas na avaliação, revela que apenas um universo
restrito dos estudantes avaliados teria melhor qualidade em uma possível situação
real. O baixo desempenho da maior parte do grupo alerta para falha durante a
formação em relação à comunicação de más notícias.
2.3.3 Desempenho de todo o grupo por habilidade
Quando observamos as etapas do processo de comunicação para más notícias
individualmente, a presença das habilidades dos estudantes pretendidas em cada
passo apresenta grande variação, como se pode observar na Tabela 1. Houve maior
presença nos grupos de habilidades que envolvem conhecimento técnico
(preparação 85,66%, transmissão da informação propriamente 47,09% e construção
de plano de seguimento 40,89%). Entretanto para os grupos que envolvem a
sensibilidade de identificação do estado do outro e portanto indispensáveis na
relação médico paciente, a presença foi baixa (percepção 38,37%, respondendo as
emoções 28,28%).
DIKICI; YARIS; CUBUKCU, (2009), encontraram resultados ainda inferiores
antes de aplicar um módulo de treinamento para comunicação de más notícias com
estudantes de medicina na Turquia. A presença das habilidades foi de 58,3% na
preparação do ambiente, 18,3% para o entendimento do que o paciente sabe e quer
saber, 32,5% para dar a informação propriamente, 25% no desenvolvimento de
empatia e 22,8% encerraram a consulta adequadamente.

26
Tabela 1- Presença de habilidades em cada passo do processo de
comunicação de más notícias entre os internos do curso de
medicina/UFAL,2016

————————————————————————————
Grupo Habilidade I (Preparação)

85,66%

Grupo Habilidade III (Compartilhando informações)

47,09%

Grupo Habilidade V (Plano e seguimento)

40,89%

Grupo Habilidade II (Percepção)

38,37%

Grupo Habilidade IV (Respondendo a emoções)

28,28%

————————————————————————————
Fonte: Autora (2016).
Em estudo realizado no MD Anderson Cancer Center, Epner e Baile (2014)
verificaram que médicos residentes de oncologia tinham compreensão das
habilidades básicas de comunicação, incluindo a preparação para o encontro,
apresentação, sentar ao nível dos olhos, falar em linguagem clara (evitando jargão
técnico). Contudo, eles eram muito menos informados sobre habilidades que
incluem a avaliação do conhecimento de um paciente antes de dar informações
(perguntando antes de dizer), ouvir sem interromper, e responder às emoções com
empatia (sentimentos antes de fatos).
Os resultados encontrados no nosso estudo mostram concordância com a
literatura em relação ao melhor desempenho dos estudantes nas habilidades de
preparação para o encontro e comunicação da informação. Assim como as
habilidades de percepção do que o paciente sabe e quer saber e respostas às
emoções alcançam indicadores inferiores.
Estes dados apontam que a escola médica foi eficaz em capacitar seus futuros
egressos com conhecimento técnico referente ao curso das doenças, entretanto
falha em despertar aspectos humanísticos que envolvem sensibilidade de percepção
e respeito aos anseios do paciente. Embora pareçam focos distintos de formação,
na prática profissional, se encontram intimamente entrelaçados e devem se apoiar
simultaneamente na assistência, visando a atenção integral do indivíduo.
Lidar com as contradições existentes entre a supervalorização da máquina, da
doença e a experiência humana buscando estratégias integradoras onde as relações
sejam valorizadas, é o grande desafio dos profissionais de saúde (SILVA; SILVA;
CHRISTOFFEL, 2009).

27
2.3.4 Desempenho de todo o grupo por pergunta
A variação de presença é ainda maior quando observamos as habilidades
independente do grupo em que estão inseridas, como é mostrado na Tabela 2.
Tabela 2- Presença de habilidades, entre os internos de medicina /UFAL,
em cada pergunta do processo de comunicação de más notícias, avaliado
por meio do OSCE, 2016.
—————————————————————————————————

Pergunta I.1 Checa informações sobre o caso previamente 100,00%
Pergunta I.2 Cumprimenta e se apresenta ao paciente

67,44%

Pergunta I.3 Contato visual/ postura adequada

89,53%

Pergunta II Avalia o que o paciente sabe

38,37%

Pergunta III.1 Fornece um “aviso”antes de passar a notícia

57,56%

Pergunta III.2 Passa as informações de forma clara e pausa 72,67%
Pergunta III.3 Avalia o que o paciente quer saber antes de
passar mais informações

11,05%

Pergunta IV.1 Reconhece a emoção

43,60%

Pergunta IV.2 Legitima a emoção.

29,65%

Pergunta IV.3 Explora as principais preocupações
do paciente

11,63%

Pergunta V.1 Compartilha perspectivas terapêuticas

43,60%

Pergunta V.2 Estabelece parceria

61,05%

Pergunta V.3 Verifica condições do paciente
para a saída da consulta

08,72%

—————————————————————————————————
Fonte: Autora (2016).

A habilidade ‘I.1 Checa informações sobre o caso previamente’ foi a mais
prevalente, demonstrada por 100% dos estudantes; e a habilidade ‘V.3 Verifica
condições do paciente para a saída da consulta’ a menos observada na avaliação,
com 8,72% de presença. As habilidades relacionadas a cortesia habitual (contato
visual, cumprimento, parceria, ‘aviso’ prévio) e conhecimento científico (checa as
informações, transmite a informação) aparecem acima de 50% quando avaliamos
todo o grupo. Já os aspectos que envolvem interação mais intensa, como
reconhecimento das emoções, identificação e respeito aos desejos do paciente e
estado geral para saída da consulta tiveram registro abaixo dos 50%.

28
Esses dados retratam as competências mais desenvolvidas na formação
médica atual na nossa escola. Nossos estudantes se mostram corteses e
concentrados em alcançar bom desempenho de acordo com o que acreditam ser a
conduta acertada. Os melhores desempenhos foram observados nas questões
relacionadas a apresentação, gentileza e conhecimento técnico a cerca da patologia
em questão: I.1 Checa informações sobre o caso previamente (100,0%), I.3 Contato
visual/ postura adequada (89,53%), III.2 Passa as informações de forma clara e
pausa 72,67%, I.2 Cumprimenta e se apresenta ao paciente (67,44%), V.2
Estabelece parceria (61,05%), III.1 Fornece um “aviso”antes de passar a notícia
(57,56%).
Embora fundamental na relação médico-paciente, atitudes de reconhecimento
de emoções e anseios do paciente, necessitam ser despertadas e incentivadas
durante a formação para se tornarem parte da prática do futuro médico. Esses são
os pontos mais deficitários dos estudantes avaliados. Os desempenhos mais baixos
foram observados nas questões: IV.1 Reconhece a emoção (43,60%), V.1
Compartilha perspectivas terapêuticas (43,60%), II Avalia o que o paciente sabe
(38,37%), IV.2 Legitima a emoção (29,65%), IV.3 Explora as principais preocupações
do paciente (11,63%), III.3 Avalia o que o paciente quer saber antes de passar mais
informações (11,05%), V.3 Verifica condições do paciente para a saída da consulta
(08,72%).
PEREIRA et al. (2017), em estudo no Brasil, após treinamentos específicos de
médicos e enfermeiros sobre as técnicas de comunicação de más notícias,
observaram que a dificuldade mais importante era "lidar com as emoções do
paciente”, sugerida por 42,5% dos participantes. Enquanto que "ser honesto sem
perder a esperança" apareceu em segundo lugar em ordem de dificuldade, com
37,5%.
Oferecer segurança e abordar a emoção com respostas empáticas é o critério
mais valorizado pelo paciente e também uma das habilidades de comunicação mais
difíceis para os médicos (FUJIMORI Iet al., 2014).
Em geral, como verificado em nosso contexto, os estudos observam que as
habilidades de maior dificuldade em relação à comunicação de más notícias se
referem às relações humanísticas.

29
2.4 Apresentação e discussão dos resultados da análise qualitativa
Dos relatos dos participantes, emergiram as seguintes categorias: abordagem
superficial do tema, exposição sem treinamento, experiências práticas extracurriculares.
Iniciaremos a análise pela categoria abordagem superficial do tema:
Em relação ao ensino teórico de comunicação de más notícias (CMN), muitos
afirmaram nunca ter recebido orientação para este tipo de comunicação e alguns
mencionaram que não recordavam que este tema tivesse sido abordado de “forma
efetiva” de maneira a ensiná-los como proceder. Referem ainda que o tema foi
abordado de forma irregular e descompromissada sendo “apenas pontuado em
alguns momentos”. Alguns citaram que no primeiro ano do internato, uma docente
de clínica médica fez uma roda de conversa, na qual foi falado um pouco em como
lidar com a morte.
[…] não me recordo o momento de ter sido abordado este
tema durante o curso de forma efetiva. (I31)
[...] não me lembro de ter sido abordado em disciplina
específica. Foi apenas pontuado em alguns momento, porem
nunca foi bem trabalhado (I15).
[...] no 11º período, no estágio de clinica médica, com a
professora M. pude participar de uma roda de conversa em
que falamos um pouco como lidar com a morte. Porém, o
tema comunicação de más notícias” nunca foi abordado de
forma a nos ensinar como devemos proceder. (I 37)

O Projeto pedagógico do curso (PPC) de Medicina da UFAL (UFAL, 2013) traz
a comunicação como objetivo de aprendizagem em vários momentos do curso (1º,
2º, 5º e 6º períodos e internato), mas não especifica comunicar más notícias.
Em relação a identificação dos momentos de abordagem ao tema no currículo
vigente do curso; além da roda de conversa no 11º período, também foram
lembradas algumas abordagens esporádicas ao tema, em momentos diversos, mas
sem profundidade, aparentemente com intenção de sensibilização e acolhimento de
emoções. Elas ocorreram na mastologia (10º período), no 7º Período, “de forma
muito superficial e poética” e na psicologia médica (4º período) com a visualização
de filmes e discussão sobre tanatologia, tematizando a morte e o morrer. Também foi
mencionado uma matéria no início do curso que trata aspectos de aceitação por
parte dos pacientes e da família, do adoecer e da morte.
Conforme observou-se nos textos dos internos, o tema não parece marcante,
embora os estudantes lembrem de alguma abordagem mais voltada para o
acolhimento do estudante que para formação técnica. O assunto está

30
aparentemente presente no currículo oculto (aquele não escrito). Turbes et al.
(2002), definem o currículo oculto como "mensagens de comunicação presentes
nas interações interpessoais entre professores e alunos, em ambientes clínicos e em
outros cenários”. Os professores que abordam o tema comunicação de más notícias,
o fazem de maneira informal e sem avaliação posterior da habilidade desenvolvida.
Comunicar más notícias é uma das tarefas mais difíceis para os médicos, mas
que pode e deve ser praticada, em complexidade crescente, já com os estudantes.
No currículo da Associação Alemã de Medicina Paliativa, objetivos educacionais
como habilidades de comunicação devem usar 10% da carga horária da matriz
curricular. Apesar disto os estudantes alemães criticam que a comunicação de más
notícias tem sido ensinada apenas no final do curso médico e eles desejariam ter
mais tempo para a prática (SIMMENROTH-NAYDA et al., 2011).
Comparativamente, no nosso curso, assim como em outras Universidades,
embora o tema comunicação esteja descrito no currículo formal, ainda carece de
maior inclusão na prática de ensino durante a formação médica.
Outra categoria destacada das respostas dos internos foi exposição sem
treinamento.
Aqui, os estudantes relatam a ausência da abordagem do tema na sala de aula
ou nos estágios. O termo “nunca” é frequente nas respostas. Complementam
informando que vivenciaram a experiência prática de comunicar más notícias,
embora sem treinamento formal. Essa vivência é relatada como situação difícil,
obrigação indesejada e sem orientação.
Em estudo realizado com médicos recém-formados na Universidade do Porto,
Leal-Seabra e Costa (2015), constataram que todos os participantes tinham
presenciado a comunicação de más notícias durante a sua formação médica. Muitos
tinham feito a comunicação, a maioria, sem supervisão. No nosso estudo os
estudantes referem a mesma problemática como demonstram os relatos a seguir:
[...] Nunca recebi orientação ao longo do curso. Mas já passei
por alguns estágios em que tive que passar por situações
difíceis para dar informação/comunicação. (I. 12)
[...] Nunca foi abordado esse tema na universidade. Fomos
expostos a situações como essas várias vezes, mas nunca
fomos preparados. (I. 32)
[...] Aprendemos de modo irregular, na própria prática clínica,
na qual nos deparamos com situações em que éramos
obrigados, mesmo sem treinamento, a comunicar tais
notícias. (I. 35)
[...] Eu nunca tive a oportunidade de um professor debater o
tema comigo. No entanto, durante estágios obrigatórios e
extracurriculares em UTI, tive a oportunidade de comunicar

31
notícias para a família dos pacientes nas visitas familiares.
Tais momentos ocorreram no 5º e no 11º período, com
médicos da UTI e sem metodologia definida. (I. 41)

Uma categoria aparece bastante recorrente nas respostas dos internos, as
experiências práticas extra-curriculares:
Os estudantes enfatizam que o tema em questão neste estudo, não fez parte
da formação durante o curso. Apesar de haver referência às habilidades de
comunicação no PPC, isso não foi relatado pelos estudantes como prática regular e
formal. O contato que tiveram com a “comunicação de más notícias” foi fora da
faculdade, em estágios extracurriculares, observando e realizando a experiência na
prática. Também informam 1 (um) curso teórico extracurricular. Desses relatos
inferimos que o assunto tem sido destinado ao ciclo de práticas, encarregando os
preceptores, de trabalhar habilidades de comunicação, incluindo más notícias, com
os estudantes, futuros médicos.
[...] Em nenhum momento do curso foi abordado este tema.
Porém vivenciei em estágio extracurricular em UTI. (I 2)
[...]Em estágio flexível no 6º período (estágio extracurricular).
Na faculdade não houve momento dessa abordagem. (I.13)
[...] Curso extracurricular com palestrante convidada no 11º
período. (I. 40)

O pressuposto inicial da pesquisa foi que, apesar de tão relevante e frequente,
o tema “comunicação de más notícias” não estaria presente de forma efetiva no
currículo vigente do curso médico. Algumas respostas dos estudantes confirmam
este pressuposto:
[...]Não houve aulas teóricas específicas sobre este tema,
mas durante o estágio de clínica médica tive algumas
oportunidades de comunicar e assistir a transmissão de
uma má notícia por médicos na UTI e também algumas
discussões (rodas de conversas) com a profª M., embora
pouco objetivas para o tema. (I.4)
[...]Não me recordo com exatidão, mas são discutidos de
forma muito irregular e descompromissada. (I. 31)
[...]Nunca foi abordado esse tema na universidade. Fomos
expostos a situações como essas várias vezes, mas nunca
fomos preparados. (I. 32)

A análise de conteúdo dos comentários revela que os estudantes participantes
estão atentos ao tema ‘comunicação para más notícias’. Os relatos das experiências
trazem desconforto pelo fato em si e pela ausência de orientação. Geralmente a
vivência da comunicação de uma má notícia ocorre nos estágios de prática por
experimentação, ou por observação da conduta

de um médico preceptor que

32
acompanha o caso. O preceptor presente nessas ocasiões nem sempre tem vínculo
com a universidade, o que torna variável o comprometimento com os estudantes.
Em relação a auto-avaliação dos participantes quanto ao seu desempenho na
atividade simulada (OSCE), oito dos 43 internos (18,6%) o consideraram
satisfatório. Nas respostas são destacados elementos como autocontrole
emocional, empatia, capacidade de explanação e conhecimento técnico da patologia
em questão. As justificativas para considerarem que se desempenharam bem são
ilustradas nos depoimentos abaixo:
[...] Gostei do meu desempenho, porém fiquei sem
argumento em alguns momentos. Me mantive calma e focada
na situação. (I. 2)
[...] Achei que tive um bom desempenho. Consegui explanar
a notícia. I. 11)
[...]Acho que apresentei um bom desempenho, apesar de ser
uma simulação da realidade oNde haverá um fator emocional
e envolvimento com o paciente que dificultará mais a
abordagem e a emissão da notícia quando ocorrer de fato. E
mesmo assim, fiquei um pouco temerosa e na expectativa de
ter abordado da melhor forma possível. (I. 21)
[...]Eu acredito que me sai bem, apesar das limitações quanto
a doença propriamente, consegui, na minha opinião,
esclarecer o paciente e tranquilizá-lo na medida do possível.
(I. 36)

Entre os 28 (65%) participantes que ficaram insatisfeitos com seu próprio
desempenho, algumas das justificativas apresentadas eram relativas à dificuldade
de acolher, a inexperiência técnica e prática, a não transmissão da informação de
forma “tranquilizadora e acalmar o familiar ou o próprio paciente” ou de “forma
segura e confortadora”. Alguns refletiram sobre a necessidade de “muita leitura e
aperfeiçoamento prático” e de “empatia”.
[...]Acredito que não fui tão bem quanto deveria ser. (I. 15)
[...]Péssimo. Não acredito que passei a informação de
maneira a ser tranquilizadora e acalmar o familiar ou o
próprio paciente. (I. 19)
[...]Não fui capaz de transmitir de forma segura e nem
confortadora. (I. 27)
[...]Inadequada. Necessária muita leitura e aperfeiçoamento
prático. (I. 39)

Uma habilidade bastante referida nas respostas dos estudantes foi a empatia.
Ora como instrumento de facilitação na comunicação da má notícia, ora observada
como algo a ser alcançado para melhorar o desempenho. Esta habilidade é
enxergada como a linha de condução do processo mas o limite do envolvimento do
profissional sem sofrimento não é muito clara.

33
[...]Acho que em relação ao início do curso me encontro
atualmente com um controle emocional razoável diante
destas situações, porém preciso trabalhar mais em relação a
empatia no momento de comunicar má notícia, pois às vezes
para não me envolver tanto acabo não fazendo do jeito que
gostaria. (I. 24)
[...]É necessário maior controle e firmeza em se dar a notícia,
a fim de passar maior segurança ao paciente. Porque
notícias difíceis embaralham as emoções e o raciocínio. É
difícil ver o sofrimento alheio. (I. 26)
[...] Achei que fui bem na medida do possível, mas sem
conhecimento técnico, tentando demonstrar o máximo de
empatia possível. (I. 32)
[...] Realmente é uma situação muito difícil. A empatia nos faz
sentir ou, ao menos, imaginar a dor do paciente. Mas, de
forma geral, consegui passar a notícia mantendo o controle
emocional e percebi que tenho muito a aprender sobre como
lidar com essas situações. (I. 37)

A reflexão mais relatada para o desempenho insatisfatório na atividade
simulada foi a ausência de treinamento. Os estudantes percebem a importância do
tema na prática médica, o desgaste emocional envolvido e reconhecem a
necessidade de aperfeiçoamento individual, entretanto atribuem suas dificuldades a
falta de orientação adequada para comunicar más notícias.
[...]A atividade (e a comunicação de más notícias em si) é
muito difícil, principalmente quando nunca se vivenciou a
situação ou quando nunca teve um preparo, uma orientação.
Acho que meu desempenho não foi muito bom. (I. 14)
[...]Por ser uma situação muito difícil, e devido ao baixo
treinamento, ou melhor, a ausência de treinamento para
abordagem de comunicação de más notícias ao paciente;
percebo que meu desempenho foi muito abaixo do esperado
e que devo melhorar esta abordagem. (I. 28)
[...] na primeira sessão consegui ser objetivo e esclarecer as
principais dúvidas sobre o prognóstico da doença, porém
pouco embasado no tratamento, o que altera de certa forma
a comunicação de algumas partes da má notícia. Na segunda
sessão também obtive um bom grau de esclarecimentos da
situação, porém não tive controle sobre a fala acelerada e
inicialmente desviada da atriz para o fato de ter mais de um
médico para seu sobrinho (I. 23)

O desejo de se concentrar na prática surge como um tema comum (EPNER e
BAILE, 2014). O baixo desempenho auto-percebido e o fato de não desenvolver
estas habilidades ser considerado anti-ético, estimula o avaliado a participar com
entusiasmo dos treinamentos (TOBLER et al., 2014).
Em inquérito realizado com médicos especialistas em Medelin, Colombia,
Payán et al (2009) observaram que 73,2% dos participantes não haviam recebido
qualquer treinamento sobre habilidades de comunicação para divulgar más notícias
aos pacientes; 41,5% desconheciam os protocolos de comunicação das más

34
notícias e apenas 7,3% pensavam que estavam bem informados sobre os aspectos
que devem ser considerados neste momento. Ao final da avaliação 57,3% dos
participantes demonstraram desejo de receber treinamento.
A auto-avaliação funciona tanto como instrumento de diagnóstico como de
capacitação quanto a habilidade de comunicação de más notícias, despertando o
interesse do avaliado em melhorar sua performance. Embora não tenha sido
perguntado diretamente, os relatos no nosso estudo sugerem desejo dos
participantes em receber capacitação para comunicar más notícias.
A segunda hipótese da nossa pesquisa foi a de que os estudantes
desenvolvem habilidades de comunicação para más notícias a partir das suas
próprias experiências pessoais e formação individual, com algumas observações de
preceptores em prática clínica. Destacamos respostas dos estudantes que
confirmam esta hipótese:
[...]Preciso melhorar e de aperfeiçoamento, apesar de ter
ocorrido inúmeras vezes no estágio de internato, tanto mortes
de pacientes como diagnósticos de doenças graves,
tínhamos como experiência a nossa vivência pessoal. Pouco
nos era passado de como agir nessas situações e às vezes
eu não me sentia bem e às vezes me esquivava de situações
semelhantes, até porque tive na minha família situações
assim. Porém fui melhorando psicologicamente e no controle
das emoções, porém necessito de mais preparo. (I. 38)
[...]Aprendemos de modo irregular, na própria prática clínica,
na qual nos deparamos com situações em que éramos
obrigados, mesmo sem treinamento, a comunicar tais
notícias. (I. 34)
[...]Nunca recebi orientação ao longo do curso. Mas já passei
por alguns estágios em que tive que passar por situações
difíceis para dar informação/comunicação. (I. 12)
[...]Neste momento não me recordo de nenhum momento
durante o curso que o tema tenha sido abordado diretamente.
Apenas pude acompanhar alguns casos isolados em que
presenciei o médico assistente conversar com familiares. (I.
43)

Podemos relacionar as etapas propostas para uma adequada comunicação de
más notícias a aspectos destacados nos relatos dos internos:
[...]Achei que tive um bom desempenho. Consegui explanar a
notícia.- Compartilhando informações (I. 11)
[...]Eu acredito que me sai bem, apesar das limitações quanto
a doença propriamente, consegui, na minha opinião,
esclarecer o paciente e tranquilizá-lo na medida do possível.Compartilhando informações/Respondendo as emoções
(I. 36)
[...]Achei que fui bem na medida do possível, mas sem
conhecimento técnico, tentando demonstrar o máximo de
empatia possível- Respondendo as emoções (I. 32)

35
[...]Acredito que respeitei a emoção do paciente, explicando a
situação e suas possibilidades de tratamento e também suas
limitações.- Respondendo as emoções/Plano e
seguimento (I. 5)
Algumas reflexões sobre os relatos negativos quanto ao
desempenho foram explanadas a seguir:
[...] Como me senti nervosa, em outro momento meu
desempenho seria melhor. Como não estudei o caso antes,
não entrei na sala com a segurança necessária para
esclarecer as dúvidas do paciente/acompanhante do caso.Preparação (I. 7)
[...] Dificuldades quanto a melhor abordagem em dar a
notícia, levando em consideração o sofrimento para a pessoa
que está recebendo a informação.- Compartilhando
informações (I. 25)
[...]Péssimo. Não acredito que passei a informação de
maneira a ser tranquilizadora e acalmar o familiar ou o
próprio paciente.- Respondendo as emoções (I. 19)
[...]Foi uma grata experiência, mas acho que o meu
desempenho foi um pouco prejudicado porque eu não tinha
muito conhecimento sobre o tratamento de uma das doenças.
De alguma forma, acho que realmente simulou minha atitude
para dar uma má notícia. Achei válido! - Plano e seguimento
(I. 4)

Analisando o conteúdo dos relatos dos estudantes quanto ao seu próprio
desempenho em simular a comunicação de uma má notícia, observamos variedade
de impressões. Tanto os estudantes que se avaliaram com bom desempenho quanto
os que se avaliaram com mau desempenho foram críticos em suas análises,
ressaltando habilidades semelhantes, embora não soubessem dos critérios de
avaliação do OSCE. Apesar de ser mais prevalente a impressão de mau resultado,
as justificativas consideram aspectos essenciais das etapas preconizadas para uma
atuação adequada, como conhecer o caso, empatia, segurança quanto a informação
prestada de diagnóstico e seguimento. O conhecimento técnico é ressaltado por
aqueles que se avaliaram positivamente, a empatia foi citada tanto como fator
facilitador como de dificuldade para alcance do objetivo de comunicar uma má
notícia, já a falta de treinamento é salientada como principal justificativa ao mau
desempenho. Entretanto percebemos que nenhum interno fez menção em sua
resposta sobre percepção do conhecimento prévio do paciente, valorização ao seu
desejo de informação e cuidado quanto ao estado de saída do paciente da consulta,
pontos importantes na condução da comunicação de más notícias.

36
2.5 Considerações finais
Nosso estudo revelou que para comunicar más notícias, os internos
apresentam melhor desempenho nas habilidades que envolvem conhecimento
técnico (preparação, transmissão da informação propriamente e construção de plano
de seguimento). Entretanto nas habilidades que envolvem o reconhecimento do
estado do outro, a presença foi baixa (percepção /respondendo as emoções ).
O tema ‘comunicação de más notícias’ não aparece de forma efetiva no
currículo vigente do curso médico na Universidade Federal de Alagoas. O assunto
está aparentemente presente no currículo oculto (aquele não escrito). Os estudantes
desenvolvem habilidades de comunicação para más notícias a partir das suas
próprias experiências pessoais e formação individual, com algumas observações de
preceptores em prática clínica.
3 Referências do Artigo
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de Medicina, 2013. Maceió, 2013.

39
4 Produto de intervenção: aplicativo “Comunicando más notícias”
Construção do aplicativo “Comunicando más notícias”, com orientações sobre o
tema e sugestões de treinamento para ser socializado entre estudantes e
profissionais de saúde interessados.
Disponível em http://comunicando-mas-noticias.seuapp.com/#navigation/main
Registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) sob número BR
51 2017 001321 7
4.1 Título:
App Comunicando más notícias
4.2 Público alvo:
Estudantes e profissionais de saúde.
4.3 Introdução:
O termo “má notícia” define informação com significado de impacto negativo na
vida do paciente e da família, percebido assim pelos mesmos (NONINO;
MAGALHÃES; FALCÃO, 2012). Apesar disto, esse assunto ficou submerso na
educação médica e somente nos últimos tempos tem sido discutido.
O aplicativo “Comunicando más notícias” (CAVALCANTE; VASCONCELOS;
GROSSEMANN, 2017) propõe orientar estudantes e profissionais de saúde

a

comunicar más notícias a pacientes e familiares por meio do treinamento de passos
simples e transformadores da comunicação. O aplicativo foi desenvolvido com base
no programa DocCom (TIMOTHY, et al.,2015), que apresenta alguns passos de
maneira didática para comunicar más notícias.
Em geral, os treinamentos de habilidade para comunicação, preconizam uma
série de passos ou estratégias para comunicar más notícias (CMN), acreditando que
apesar dos desafios a informação pode ser transmitida com clareza e compaixão. O
primeiro passo se refere à preparação do médico e do espaço físico para o evento.
Depois se verifica até que ponto o paciente ou familiar já sabe e o quanto quer
saber (percepção) sobre sua doença. No passo seguinte o objetivo é compartilhar
a informação com linguagem clara e sensibilidade. Neste ponto, são ressaltadas
algumas recomendações, como: dar um sinal de aviso, utilizando frases introdutórias
que indiquem ao paciente que más notícias virão; não fazê-lo de forma brusca ou
usar palavras técnicas em excesso; checar a compreensão do paciente. Deve ser
reservado um momento para, com empatia, responder às emoções demonstradas
pelo paciente. O fechamento da comunicação de uma má notícia inclui

40
planejamento e acompanhamento com planos concretos sobre aspectos médicos
e pessoais (LINO et al., 2011).
Estes passos são detalhados e comentados no aplicativo, que pode estar
sempre disponível para consultas no equipamento eletrônico do usuário. Em
sequência é sugerida uma atividade de simulação para treinamento.
O aplicativo é composto das seguintes abas: Sobre nós/ Má notícia?, Quem
deve falar?/ Onde falar?/ Os seis passos/ Atividade simulada/ Casos para simulação/
Vídeo em sátira de “O que não fazer”/ Artigos científicos/ Contato/ Referências/
Avaliações.
4.3 Objetivos:
Socializar conhecimento e orientação de treinamento sobre comunicação de
más notícias
4.4 Metodologia:
Interação com Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) através de um
aplicativo.
4.5 Resultados esperados:
Melhorar o desempenho para comunicação de más notícias na nossa
comunidade acadêmica.
4.6 Referências do Produto de Intervenção
CAVALCANTE, M.; VASCONCELOS, MVl.; GROSSEMANN, S. Disponível em:<
http://comunicando-mas-noticias.seuapp.com/#navigation/main>. Acesso em 22 mar.
2107.
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Transmissão de Más Notícias. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 35, n. 1,
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Educação Médica, v. 36, n. 2, p. 228–233, 2012.
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default.php>. Acesso em: 27 fev. 2015.

41
5. Conclusão geral
A iniciativa de ingressar em um programa de pós-graduação se deu em momento
de estagnação da minha carreira. Meus objetivos de formação técnica haviam sido
alcançados, a estabilidade profissional, tão desejada, também, mas algo me
inquietava. Esta inquietação me motivou a buscar conhecimento com a perspectiva
de renovar ideias e me manter academicamente ativa.
A educação, até então uma área desconhecida para mim, se mostrou como um
desafio estimulante quando associada à formação dos profissionais de saúde de
nível superior. O MPES foi um grande presente na minha trajetória, pelo
conhecimento adquirido, pelas amizades construídas e principalmente por me
apresentar uma nova perspectiva das relações humanas, baseada nas teorias
educacionais, que podem ser aplicadas em quase todos os cenários da vida.
Este período de curso do mestrado demandou grande esforço em conciliar as
atividades profissionais habituais com a coleta e processamento dos dados, sem
detrimento de qualquer deles, uma vez que se tratando de mestrado profissional
não há exclusividade para atuação nas atividades acadêmicas.
Pesquisar sobre a comunicação de más notícias foi enriquecedor para a minha
prática profissional e para minha formação como pessoa que interfere no ambiente
em que vive de forma consciente. Os dados revelaram que na nossa escola médica
o tema ainda não é abordado de forma ativa, o que nos apontou para um produto de
intervenção que possa transformar esses fato no futuro, um aplicativo com
orientações sobre o tema e sugestões de treinamento.
O objetivo do produto de intervenção é socializar conhecimento através de
ferramenta

atrativa para interação e assim, melhorar o desempenho para

comunicação de más notícias na nossa comunidade acadêmica.
Nosso trabalho apresenta o primeiro diagnóstico sobre a capacitação dos
estudantes de medicina da UFAL para comunicar más notícias, abordando o
desempenho prático e as impressões dos mesmos. Estes dados podem servir de
referência para novas políticas de educação na área médica a nível local e global.
Este TACC atende às necessidades de conhecimento da nossa realidade
interna sobre tema de extrema relevância na formação médica, e que não se limita à
questão técnica, mas envolve também sentimentos e atitudes.

42
6 Referências gerais
AMIEL, G. E; UNGAR, L; ALPERIN, M. Ability of primary care physician’s to break
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS. Projeto Político Pedagógico do Curso
de Medicina, 2013. Maceió, 2013.

45
APÊNDICES
APÊNDICE A-TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
“O respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe após o
consentimento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por si e/ou por seus
representantes legais manifestem a sua anuência à participação na pesquisa”.
Eu,___________________________________________________________, tendo sido
convidado(a) a participar como voluntário(a) do estudo “A comunicação de más notícias
por estudantes de medicina”, recebi da Sra. Moana Cavalcante, pesquisadora
responsável por sua execução, as seguintes informações que me fizeram entender sem
dificuldades e sem dúvidas os seguintes aspectos:
1) Que o estudo se destina a avaliar a habilidade de comunicação na transmissão de más
notícias por estudantes do curso de medicina da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
2) Que a importância deste estudo é contribuir para a construção do conhecimento no
ensino médico das habilidades de comunicação, especialmente para más notícias, visando
a melhor formação profissional humana e promovendo uma relação médico-paciente
adequada, o que reflete na saúde das pessoas.
3) Que o resultado que se deseja alcançar é um diagnóstico de como os estudantes de
medicina transmitem as más notícias aos pacientes.
4) Que este estudo tem início planejado para julho/2015 e término em agosto/2016.
5) Que o estudo será feito da seguinte maneira: o I. participará de uma atividade com
pacientes simulados, onde deverá comunicar uma má notícia elaborada pela pesquisadora
em duas situações distintas. Esta atividade será gravada em vídeo para posterior
identificação das habilidades apresentadas através de um Exame Clínico Objetivo
Estruturado (ECOE). Ao final da atividade, o I. responderá a algumas perguntas abertas em
forma de entrevista.
6) Que os possíveis riscos à minha saúde física e mental são: Desconforto emocional
durante a atividade com os pacientes simulados.
7) Que os pesquisadores adotarão as seguintes medidas para minimizar os riscos: O
participante poderá interromper, solicitar auxílio e/ou retirar-se da entrevista e da pesquisa
em qualquer momento.
8) Que poderei contar com a assistência da orientadora do estudo Profª Drª Maria Viviane
Lisboa de Vasconcelos e da co-orientadora Profª Drª Suely Grosseman
9) Que os benefícios que deverei esperar com a minha participação, são: a contribuição
para a melhoria da formação do médico na minha escola, conseguida através da elaboração
de um diagnóstico sobre a habilidade de comunicação na transmissão de más notícias

46
entres estudantes de medicina para posterior formulação de estratégias a cerca do tema.
10) Que, sempre que desejar, serão fornecidos esclarecimentos sobre cada uma das etapas
do estudo.
11) Que, a qualquer momento, eu poderei recusar a continuar participando do estudo e,
também, que eu poderei retirar este meu consentimento, sem que isso me traga qualquer
penalidade ou prejuízo.
12) Que as informações conseguidas através de minha participação não permitirão a
identificação da minha pessoa, exceto aos responsáveis pelo estudo, e que a divulgação
das mencionadas informações só será feita entre os profissionais estudiosos do assunto.
13) Que a minha participação no estudo não acarretará custos e não será disponível
nenhuma compensação financeira adicional. No caso de sofrer algum dano decorrente
dessa pesquisa serei indenizado. Na ocorrência de transtorno mental decorrente de alguma
das etapas da pesquisa serei encaminhado para tratamento na rede pública de saúde.
14) Que este documento será emitido em duas vias.
Finalmente, tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi informado sobre a
minha participação no mencionado estudo e, estando consciente dos meus direitos, das
minhas responsabilidades, dos riscos e dos benefícios que a minha participação implica,
concordo em dela participar e, para tanto eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE
PARA ISSO EU TENHA SIDO FORÇADO OU OBRIGADO.
Endereço do (a) participante voluntário (a):
End:______________________________________Nº:_______Complemento:__________
Bairro:_____________Cidade: ____________.CEP: __________Telefone: ______________
Nome e Endereço do Pesquisador Responsável:
Nome: Moana Cavalcante
Telefone: (82) 9626-9264
Instituição: Universidade Federal de Alagoas
Endereço: Campus A. C. Simões
Av. Lourival Melo Mota, S/N, Tabuleiro do Martins, Maceió - AL, Cep: 57072-970
ATENÇÃO: Para informar ocorrências irregulares ou danosas, dirija-se ao Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas: Prédio da Reitoria, Sala do
C.O.C. Campus A. C. Simões - Av. Lourival Melo Mota, s/n, Tabuleiro do Martins - Maceió AL, CEP: 57072-970; Fone e fax: (82) 3214-1041
Maceió, _____ de _______________________ de _______
________________________

______________________________

Assinatura do participante

Profª Drª Maria Viviane L. de Vasconcelos
Professora orientadora

_______________________

________________________________

Moana Cavalcante

Profª Drª Suely Grosseman

Mestranda pesquisadora

Professora co-orientadora

47
APÊNDICE B- INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO

Paciente simulado- Comunicação de más notícias (CMN)- Caso:
(1 ou 2)
Observador:__________________Interno:____________________(apelido-avatar)
Ficha de verificação dos 5 “passos” na CMN para o Exame Clínico Objetivo
Estruturado (OSCE):

I-Preparação
1.Checa informações sobre o caso
previamente.
2. Cumprimenta e se apresenta ao
paciente.
3. Contato visual/ postura adequada.
II- Percepção
1.Avalia o que o paciente sabe.
III-Compartilhando informações
1.Fornece um “aviso”antes de passar a
notícia.
2.Passa as informações de forma clara e
pausa.
3. Avalia o que o paciente quer saber
antes de passar mais informações.
IV-Respondendo às emoções
1.Reconhece a emoção.
2.Legitima a emoção.
3.Explora as principais preocupações do
paciente.
V-Plano e seguimento
1.Compartilha perspectivas terapêuticas.
2.Estabelece parceria.
3.Verifica condições do paciente para a
saída da consulta.
S-SIM
P-Parcialmente
N-Não

S

P

N

48
APÊNDICE C- ANÁLISE DE CONTEÚDO PERGUNTA 1
1. Em qual momento do curso de Medicina na UFAL, o tema “comunicação
para más notícias” foi abordado (período, disciplina, professor, metodologia
utilizada)?
Categoria

Unidade de registro

●
●
●
Abordagem
superficial ao
tema

●

●

Não…de forma
efetiva
De forma muito
irregular
e
descompromissada
Nunca foi bem
trabalhado
Nunca foi abordado
de forma a nos
ensinar como
devemos proceder
Nenhum momento
durante o curso que
o tema tenha sido
a b o r d a d o
diretamente

Unidade de contexto (Respostas à
pergunta)
-Não recordo o momento de
ter sido abordado esse tema
durante o curso de forma efetiva.
(Interno 22)
-Não me recordo com
exatidão, mas são discutidos de
forma muito irregular e
descompromissada. (Interno 31)
-Não lembro de ter sido
abordado em disciplina específica.
Foi apenas pontuado em alguns
momentos, porém nunca foi bem
trabalhado. (Interno 15)
-No 11º período, no estágio
de clínica médica, com a
professora M., pude participar de
roda de conversa em que falamos
um pouco em como lidar com a
morte. Porém, o tema
‘comunicação de más notícias’
nunca foi abordado de forma a
nos ensinar como devemos
proceder. (Interno 37)
- Neste momento não me recordo
de nenhum momento durante o
curso que o tema tenha sido
abordado diretamente. Apenas
pude acompanhar alguns casos
isolados em que presenciei o
médico assistente conversar com
familiares. (Interno 43)

49
●

●
Exposição sem
treinamento
●

●

●
Experiências
práticas na
faculdade

●
●
●

Nunca recebi
orientação…tive que
passar por situações
difíceis para dar
i n f o r m a ç ã o /
comunicação
Fomos expostos a
situações como
essas várias vezes,
mas nunca fomos
preparados.
Éramos obrigados,
mesmo
sem
treinamento, a
comunicar tais
notícias
Eu nunca tive a
oportunidade de um
professor debater o
tema comigo. No
entanto, durante
estágios obrigatórios
e extracurriculares
em UTI, tive a
oportunidade de
comunicar notícias
para a família dos
pacientes nas visitas
familiares

-Nunca recebi orientação ao
longo do curso. Mas já passei por
alguns estágios em que tive que
passar por situações difíceis para
dar informação/comunicação.
(Interno 12)
-Nunca foi abordado esse
tema na universidade. Fomos
expostos a situações como essas
várias vezes, mas nunca fomos
preparados. (Interno 32)
-Aprendemos de modo
irregular, na própria prática clínica,
na qual nos deparamos com
situações em que éramos
obrigados, mesmo sem
treinamento, a comunicar tais
notícias. (Interno 35)
-Eu nunca tive a
oportunidade de um professor
debater o tema comigo. No
entanto, durante estágios
obrigatórios e extracurriculares em
UTI, tive a oportunidade de
comunicar notícias para a família
dos pacientes nas visitas
f a m i l i a r e s . Ta i s m o m e n t o s
ocorreram no 5º e no 11º período,
com médicos da UTI e sem
metodologia definida. (Interno 41)

-Estágio de clinica médica
(11º período), professora M., roda
de conversa. (Interno 5)
-Mastologia (10º período)Dra M.V. , roda de conversa.
Estágio de clinica (Interno 39)
médica
-Sétimo período, professor
Mastologia
G., mas de forma muito superficial
Sétimo período
e poética. (Interno 33)
4º período
-4º período. Psicologia
médica. Prof F. S. Filmes e
discussão sobre tanatologia
tematisando a morte e o morrer.
(Interno 23)

50

●
Experiências
práticas fora da
faculdade

●
●

Vivenciei em estágio
extracurricular em
UTI.
Estágio flexível no 6º
período (estágio
extracurricular)
Curso extracurricular

-Em nenhum momento do
curso foi abordado este tema.
Porém vivenciei em estágio
extracurricular em UTI. (Interno 2)
-Em estágio flexível no 6º
período (estágio extracurricular).
Na faculdade não houve momento
dessa abordagem. (Interno 13)
-Curso extracurricular com
palestrante convidada no 11º
período. (Interno 40)

51
-Em nenhum momento do
curso foi abordado este tema.
Porém vivenciei em estágio
extracurricular em UTI. (Interno 2)
-Não recordo desse tema ter sido
abordado no curso. (Interno 11)

Negativas

● Nenhum
● Não
● Nunca

-Nunca recebi orientação ao
longo do curso. Mas já passei por
alguns estágios em que tive que
passar por situações difíceis para
dar informação/comunicação.
(Interno 12)
-Não lembro de ter sido
abordado em disciplina específica.
Foi apenas pontuado em alguns
momentos, porém nunca foi bem
trabalhado. (Interno 15)
-Não foi abordado. (5x)
(Internos 14, 16, 21, 25 e 28)
-Nunca (3x) (Internos 17, 18
e 19)
-Não tivemos aula ou
matéria específica do assunto.
(Interno 20)
-Não recordo o momento de
ter sido abordado esse tema
durante o curso de forma efetiva.
(Interno 22)
-Não (Interno 24)
-Não me recordo, mas
acredito que deve ter sido
abordado e não me foi marcante.
(Interno 26)
-Não, em momento algum
do curso. (Interno 29)
-Não que eu me recorde.
(Interno 30)
-Não me recordo com
exatidão, mas são discutidos de
forma muito irregular e
descompromissada. (Interno 31)
-Nunca foi abordado esse
tema na universidade. Fomos
expostos a situações como essas
várias vezes, mas nunca fomos
preparados. (Interno 32)

52

Negativas

● Nenhum
● Não
● Nunca

- Ta l a s s u n t o n ã o f o r a
abordado na faculdade.
Aprendemos de modo irregular, na
própria prática clínica, na qual nos
deparamos com situações em que
éramos obrigados, mesmo sem
treinamento, a comunicar tais
notícias. (Interno 34)
-Em nenhum. (Interno 35)
-Não foi abordado esse
assunto durante o curso. (Interno
36)
-Eu nunca tive a
oportunidade de um professor
debater o tema comigo. No
entanto, durante estágios
obrigatórios e extracurriculares em
UTI, tive a oportunidade de
comunicar notícias para a família
dos pacientes nas visitas
f a m i l i a r e s . Ta i s m o m e n t o s
ocorreram no 5o e no 11o período,
com médicos da UTI e sem
metodologia definida. (Interno 41)
- Não me recordo de nenhuma
disciplina que tenha passado
como passar uma má notícia , já
fui questionada como eu tinha me
sentido em ocasiões como essa,
numa reunião com a Dra M. no
estágio de clínica médica, 11o
período, mas estratégias de
comunicação para mas notícias
não foi abordado. (Interno 42)
- Neste momento não me
recordo de nenhum momento
durante o curso que o tema tenha
sido abordado diretamente .
Apenas pude acompanhar alguns
casos isolados em que presenciei
o médico assistente conversar
com familiares. (Interno 43)

53

Presença mais
repetida

● 11º período

-11º período. Clínica médica.
Professora M.. Roda de conversa.
(Interno 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10,37,
38 e 42)

54
APÊNDICE D- ANÁLISE DE CONTEÚDO PERGUNTA 2
2. Qual a sua impressão sobre o seu próprio desempenho nas atividades
simuladas de que participou hoje?
Categoria

Subcategoria

Unidade de registro

●
●
Autoavaliação

Desempenho
satisfatório

●

●

Unidade de contexto
(Respostas à pergunta)

-Gostei do meu
desempenho, porém fiquei
sem argumento em alguns
momentos. Me mantive calma
e focada na situação. (Interno
2)
-Achei que tive um bom
desempenho. Consegui
explanar a notícia. Interno 11)
Gostei do
-Acho que apresentei
meu
um bom desempenho, apesar
desempenho
de ser uma simulação da
Achei que tive
realidade onde haverá um
um bom
fator emocional e
desempenho
envolvimento com o paciente
Acho que
que dificultará mais a
apresentei um
abordagem e a emissão da
bom
notícia quando ocorrer de
desempenho
fato. E mesmo assim, fiquei
Eu acredito
um pouco temerosa e na
que me sai
expectativa de ter abordado
bem
da melhor forma possível.
(Interno 21)
-Eu acredito que me sai bem,
apesar das limitações quanto
a doença propriamente,
consegui, na minha opinião,
esclarecer o paciente e
tranquilizá-lo na medida do
possível. (Interno 36)

55

●
Insatisfeitos
com o
próprio
desempenho

●
●

●

-Acredito que não fui
tão bem quanto deveria ser.
(Interno 15)
-Péssimo. Não acredito
Não fui tão
que passei a informação de
bem quanto
maneira a ser tranquilizadora
deveria ser
e acalmar o familiar ou o
Péssimo
próprio paciente. (Interno 19)
Não fui capaz
-Não fui capaz de
de transmitir
transmitir de forma segura e
de forma
nem confortadora. (Interno
segura e nem
27)
confortadora
- I n a d e q u a d a .
Inadequada
Necessária muita leitura e
aperfeiçoamento prático.
(Interno 39)

56

●

●
●
Empatia

●

-Acho que em relação
ao início do curso me
encontro atualmente com um
controle emocional razoável
diante destas situações,
porém preciso trabalhar mais
em relação a empatia no
momento de comunicar má
notícia, pois às vezes para
não me envolver tanto acabo
Preciso
não fazendo do jeito que
trabalhar mais gostaria. (Interno 24)
em relação a
-É necessário maior
empatia
controle e firmeza em se dar a
É difícil ver o notícia, a fim de passar maior
sofrimento
segurança ao paciente.
alheio
Porque notícias difíceis
Tentando
embaralham as emoções e o
demonstrar o raciocínio. É difícil ver o
máximo de
sofrimento alheio. (Interno 26)
empatia
-Achei que fui bem na
possível
medida do possível, mas sem
A empatia nos c o n h e c i m e n t o t é c n i c o ,
faz sentir ou, t e n t a n d o d e m o n s t r a r o
ao menos,
máximo de empatia possível.
imaginar a
(Interno 32)
dor do
-Realmente é uma
paciente
situação muito difícil. A
empatia nos faz sentir ou, ao
menos, imaginar a dor do
paciente. Mas, de forma geral,
consegui passar a notícia
mantendo o controle
emocional e percebi que
tenho muito a aprender sobre
como lidar com essas
situações. (Interno 37)

57

●
●

Ausência de
treinamento

●
●

Quando
nunca teve
um preparo
Devido ao
baixo
treinamento,
ou melhor, a
ausência de
treinamento
Diante a
ausência de
orientação
Pouco nos
era passado
de como agir
nessas
situações

-A atividade (e a
comunicação de más notícias
em si) é muito difícil,
principalmente quando nunca
se vivenciou a situação ou
quando nunca teve um
preparo, uma orientação.
Acho que meu desempenho
não foi muito bom. (Interno
14)
-Por ser uma situação
muito difícil, e devido ao baixo
treinamento, ou melhor, a
ausência de treinamento para
abordagem de comunicação
de más notícias ao paciente;
percebo
que
meu
desempenho foi muito abaixo
do esperado e que devo
melhorar esta abordagem.
(Interno 28)
-Acho que diante a
ausência de orientação meu
desempenho foi satisfatório.
(Interno 31)
-Preciso melhorar e de
aperfeiçoamento, apesar de
ter ocorrido inúmeras vezes
no estágio de internato, tanto
mortes de pacientes como
diagnósticos de doenças
graves, tínhamos como
experiência a nossa vivência
pessoal. Pouco nos era
passado de como agir nessas
situações e às vezes eu não
me sentia bem e às vezes me
esquivava de situações
semelhantes, até porque tive
na minha família situações
assim. Porém fui melhorando
psicologicamente e no
controle das emoções, porém
necessito de mais preparo.
(Interno 38)

58
ANEXOS
ANEXO A- PARECER DO CEP

UNIVERSIDADE FEDERAL DE
ALAGOAS
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Título da Pesquisa: A comunicação de más notícias por alunos de medicina
Pesquisador: Moana Cavalcante
Área Temática:
Versão: 1
CAAE: 45169715.0.0000.5013
Instituição Proponente: Faculdade de Medicina da UFAL
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio
DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 1.091.869
Data da Relatoria: 25/06/2015
Apresentação do Projeto:
Trata-se de projeto de dissertação para avaliar a habilidade de comunicação na transmissão de más notícias
por alunos do curso de medicina de uma universidade pública brasileira.
Objetivo da Pesquisa:
Objetivo GERAL
- Avaliar a habilidade de comunicação na transmissão de más notícias por alunos do curso de medicina de
uma universidade pública brasileira.
Objetivos ESPECÍFICOS
- Analisar os principais aspectos na comunicação de más notícias pelos alunos do curso de medicina.
- Identificar os momentos de abordagem para comunicação de más notícias no currículo vigente do curso
médico.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:
Riscos:Desconforto emocional durante a atividade com os pacientes simulados.
Benefícios:Contribuição para melhoria da formação do médico na escola.
De acordo com a proposta, os riscos e benefícios informados pela pesquisadora são os esperados.

Endereço: Campus A . C Simões Cidade Universitária
Bairro: Tabuleiro dos Martins
CEP: 57.072-900
UF: AL
Município: MACEIO
Telefone: (82)3214-1041
Fax: (82)3214-1700
E-mail: comitedeeticaufal@gmail.com
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60
ANEXO B- Email de submissão do artigo