4- Elaine Amado - EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL E PRÁTICA COLABORATIVA EM TERAPIA INTENSIVA: PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS/ FACULDADE DE
MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ENSINO NA SAÚDE

ELAINE AMADO

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL E PRÁTICA COLABORATIVA EM TERAPIA
INTENSIVA: PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Maceió-Al
2016

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS/ FACULDADE DE
MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ENSINO NA SAÚDE

ELAINE AMADO

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL E PRÁTICA COLABORATIVA EM TERAPIA
INTENSIVA: PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Trabalho
acadêmico
apresentado
à
Universidade Federal de Alagoas, como parte
das exigências do Programa de Pósgraduação em Ensino na Saúde, para
obtenção do título de mestre em Ensino na
Saúde.
Orientadora: Profa. Dra. Rosana Quintela
Brandão Vilela.

Maceió-Al
2016

2

FOLHA DE APROVAÇÃO

3

Dedico este trabalho acadêmico ao meu
querido pai, José Rodrigues Amado, pois
desde muito pequenina me mostrou, com
exemplos, a importância do estudo, da
disciplina e da dedicação. Deixando claro que
com ele não se objetivava ascensão,
reconhecimento ou riqueza, mas sim, clareza e
conhecimentos, instrumentos fundamentais
para sermos livres e autores do nosso próprio
destino.

4

AGRADECIMENTO

Agradeço

Ao Divino, pela imensa generosidade em proporcionar com infinito amor o
crescimento dos Teus filhos, por nos fortalecer pela fé para seguir com confiança e
tranquilidade naqueles momentos de fragilidades da alma humana.
Aos meus amados pais, que com amor, luta e sacrifícios proporcionaram minha
formação dentro de uma educação de respeito e integridade moral.
A minha pequena e doce Sofia, que após intermináveis horas de plantões fora de
sua companhia, quando em casa, ainda precisava estudar e escrever; muito
sabiamente, ela sentava ao meu lado com suas tarefas escolares, livros infantis e
brinquedos e ali ficávamos... Trocávamos ideias, olhares ternos, brincávamos,
sorríamos, saltávamos beijinhos e carinhos entre as preciosas migalhas de tempo
dos intervalos. Dessa forma, crescíamos juntas.
Ao meu esposo Arthur, que em nenhum momento questionou minha ausência, ao
contrário, assumiu grande parte das obrigações domésticas e da formação moral de
Sofia. Sempre reafirmando, em momentos de fraquezas, que eu era capaz. E sem
perceber, proporcionou meu crescimento profissional em detrimento ao teu. Eu só
posso dizer que te amo.
A minha linda irmã Karoline, amiga de todas as horas, excelente ouvinte e de uma
paciência imensurável, comprovada pelas longas horas que ouvia silenciosa meu
monólogo interminável em horários inconvenientes, quando te ligava nos estresses
do dia a dia.
A minha querida orientadora Dra. Zana, sempre firme e concisa em suas
recomendações. Que, de repente, com uma gostosa risada, surpreendia,
resgatando-me de altos voos. Foi com esse humor e sabedoria que tudo se tornou
leve e claro. Impossível não te admirar.

5

Aos meus colegas de mestrado, que embarcaram nessa aventura e descobrimos
que juntos somos melhores. E em especial a minha amiga Carmem De Biase, que o
mestrado me proporcionou encontrar, agradeço as caronas, as risadas, as
conversas “cabeça”, o incentivo e acima de tudo tua amizade, que não se encerrará
aqui.
Ao Programa de Mestrado Profissional Ensino na Saúde e aos meus professores,
que me fizeram ver o mundo por outra ótica, comprovando que “o todo não é apenas
as somas das partes”, vai muito além...
Aos companheiros de trabalho, que foram os verdadeiros protagonistas de toda esta
história e contribuíram de forma efetiva para melhorarmos a assistência na unidade
de terapia intensiva com os frutos deste estudo.
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento desta
pesquisa.
Muito obrigada!

6

Viver e não ter a vergonha de ser feliz,
Cantar e cantar e cantar
Na beleza de ser um eterno aprendiz...

Gonzaguinha

7

RESUMO GERAL
Diante das premissas do Sistema Único de Saúde, o hospital deve instituir a
integralidade como um eixo organizador das práticas de saúde e estimular nos
profissionais valores que sustentem seu conceito ampliado, que requer um estreito
relacionamento entre os membros da equipe e a colaboração interprofissional. Este
trabalho acadêmico de conclusão de curso consta de um artigo científico, oriundo de
uma pesquisa desenvolvida no campo de trabalho da mestranda, e de três produtos
técnicos voltados para o tema. O estudo que gerou o artigo científico teve como
objetivo conhecer a disponibilidade e prontidão dos profissionais de saúde para a
educação Interprofissional e para prática colaborativa em terapia intensiva. Trata-se
de uma pesquisa de caráter transversal, com abordagens quantitativa e qualitativa,
realizada na Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital Público de Urgência e
Emergência. Participaram da pesquisa 43 profissionais, dentre estes, médicos,
enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas integrantes das equipes
multiprofissionais da unidade de terapia intensiva adulto. No processo de produção
de dados, utilizaram-se o questionário, tipo Likert, The Readiness for
Interprofessional Learning Scale (RIPLS), e a análise temática de duas perguntas
abertas. O RIPLS, validado por Peduzzi e Norman (2012), composto por 26
assertivas dispostas em três dimensões: Trabalho em Equipe e Colaboração,
Identidade profissional e Cuidado Centrado no Paciente. Para a análise dos dados
quantitativos utilizaram-se estatística descritiva e correlações. Os dados qualitativos
foram submetidos à análise temática. No perfil dos sujeitos da pesquisa evidenciouse que a maioria era do sexo feminino, idade média de 36,7 anos e tempo médio de
formados de 12 anos. As respostas ao RIPLS mostraram uma prontidão da equipe
ao trabalho interprofissional e prática colaborativa em duas dimensões: trabalho em
equipe e colaboração e atenção centrada no paciente; e uma situação preocupante
para a dimensão identidade profissional. Observaram-se também discordâncias no
diálogo entre os dados quanti e qualitativos na dimensão Trabalham em Equipe e
Colaboração, e concordância para identidade profissional. O estudo apreendeu a
relevância da educação interprofissional na prática da unidade de terapia intensiva,
visando a um melhor preparo dos profissionais para o cuidado em saúde, uma vez
que potencializa o desenvolvimento de competências referentes a práticas
colaborativas, à comunicação interprofissional e ao cuidado com o sujeito na
perspectiva da integralidade. Porém, a mesma equipe desconhece a importância
dessa educação na formação do grupo para o trabalho em equipe, apresentando
aprisionamento à identidade profissional. A partir destes resultados foram
desenvolvidos três produtos técnicos: 1) Feedback Reflexivo através de uma reunião
os coordenadores das categorias profissionais e gestores dos setores educação e
desenvolvimentos de pessoas, recursos humanos e centro de estudos; 2) Relatório
Técnico e 3) Publicações Científicas. Os produtos tiveram o intuito de promover uma
reflexão sobre os resultados da pesquisa realizada, contribuíssem com o
desenvolvimento de ações educativas e de aprimoramento para prática colaborativa
e interprofissional. O momento para apresentação dos resultados foi uma iniciativa
que qualificou a pesquisa realizada, possibilitando a autocrítica e favorecendo para
um ambiente de diálogo eficiente e saudável. Além disso, permitiu atingir os
propósitos do Mestrado Profissional, demonstrando uma oportunidade de avaliação
crítica e transformadora nos espaços de prática educativa.

8

Palavras-Chave: Relações Interprofissionais. Assistência ao paciente. Unidade de
Terapia Intensiva.

GENERAL SUMMARY

Before the assumptions of SUS (THE Brazilian Unified Health System), the hospital
must apply integrality as an organizing axis to the health practice as well as stimulate
values among professionals that support its greater concept, requiring a closer
relationship between team workers and interprofessional colaboration. This academic
work contains a cientific article, as a result of field research for the master’s degree
program and also a technical product regarding the subject. The study, from which
the article had been born, has as its main aim to investigate the availability and
readiness towards Interprofessional Education and colaborative practice in Intesive
Therapy. It has been a transversal research, with both quantitative and qualitative
approaches and it took place at the ICU (Intensive Care Unit) of a public hospital for
emergencies. Forty-three professionals amongst doctors, nurses, psychologists,
nutritionists and physiotherapists had taken part in the research, those from the
muiltiprofessinal team at the intensive care unit for adults. During data collection,
LIKERT questionnaires have been adopted, The Readiness for Interprofessional
Learning Scale (RIPLS), also two theme open-ended questions have been analyzed.
The RIPLS, validated by PEDUZZI & NORMAN 2012 is composed by 26 assertive
disposed in three dimensions: Team work and Collaboration; Professional identity
and Patient care, respectively. In order to perform quantitative data analysis, there
has been used descriptive statistics and co-relations. The qualitative data has been
submitted to theme analysis. On the subjects profile within the research, it has been
made clear that most were female, average age 36,7 year-old and 12 years
graduated. The responses to RIPLS have shown readiness from the team towards
Interprofessional work and collaborative practice in two dimensions: Team work and
Collaboration and Patient care. However, a worrying situation has been shown
regarding Professional identity. There have also been disagreements between
qualitative and quantitative data on the following dimension: Team work and
Collaboration. The study apprehended the relevance of Interprofessional education in
the intensive care practice, aiming at better professional conditions to deal with
health care, once it potentiates the development of the referred skills, better
Interprofessional communication, leading to attention to the subject through the
integrality perspective. Although the same team ignores the importance of such
education during the formation of the team work itself, showing some attachment to
Professional Identity. From these results were developed three technical products: 1)
Reflective feedback through a meeting the coordinators of professional categories
and managers of the sectors education and development of people, human resource
and study center; 2) Technical Report 3) Scientific publications. The products were
designed to promote reflection on the results of research carried out, contribute to the
development of educational and enhancement to collaborative and interprofessional
practice. The results presentation has qualified the up mentioned research, enabling
self-criticism and also providing with and efficient dialogic and healthy atmosphere.
Besides, it has allowed reaching the purpose of the professional Master’s degree,
showing an opportunity to self-criticism that transforms the educational praxis.

9

KEYWORDS – Interprofessional relationships – Patient care – Intensive care unit.

10

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACP - Atenção Centrada no Paciente
EIP - Educação Interprofissional
FAMED - Faculdade de Medicina
HEJC- Hospital Escola Dr.José Carneiro
IP - Identidade Profissional
MPES- Mestrado Profissional em Ensino na Saúde
OMS - Organização Mundial de Saúde
PC - Prática Colaborativa
RIPLS -The Readiness for Interprofessional Learning Scale
SUS - Sistema Único de Saúde
TACC- Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso
TEC - Trabalho em Equipe e Colaboração
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UE- Unidade de Emergência Dr. Armando Lages
UFAL - Universidade Federal de Alagoas
UTI - Unidade de Terapia Intensiva

11

SUMÁRIO

1

APRESENTAÇÃO ................................................................................ 14

2

ARTIGO: EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL E PRÁTICA
COLABORATIVA EM TERAPIA INTENSIVA: PERSPECTIVA
DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE ...................................................

17

2.1

Introdução ........................................................................................

18

2.2

Percurso Metodológico ...................................................................

19

2.3

Resultados e discussões ................................................................

22

2.4

Considerações Finais ......................................................................

38

REFERÊNCIAS ..................................................................................

39

3

PRODUTOS .........................................................................................

42

3.1

Produto 1: feedback reflexivo - “Aprender juntos para trabalhar
juntos para uma saúde melhor” ....................................................

43

3.1.1

Introdução ...........................................................................................

43

3.1.2

Objetivo ................................................................................................

44

3.1.3

Metodologia ..........................................................................................

44

3.1.3.1

Procedimentos ......................................................................................

45

3.1.3.2

Público-alvo .........................................................................................

45

3.1.3.3

Localização Temporoespacial ..............................................................

45

3.1.3.4

Aplicação do Produto 1: Feedback Reflexivo .......................................

46

3.2

Produto 2: Elaboração de relatório técnico sobre a pesquisa .....

49

3.3

Produto 3: Publicações Científicas ..................................................

51

3.3.1

12º Congresso Internacional da Rede Unida “Facilidades e Limites
para o Trabalho em Equipe e Prática Interprofissional em Terapia
Intensiva: perspectiva dos profissionais da saúde” ............................... 52

12

3.3.2

5º Congresso Ibero Americano em Investigação qualitativa
“Identidade profissional e prática colaborativa em unidade de terapia
intensiva” .............................................................................................

53

REFERÊNCIAS .................................................................................

54

CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TRABALHO ACADÊMICO ..............

55

REFERÊNCIAS DO TRABALHO ACADÊMICO ................................

56

APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO .................................................................................

60

APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO ABERTO .......................................

62

APÊNDICE C: MÉDIAS DAS ASSERTIVAS DA 1ª DIMENSÃO
TEC ......................................................................................................

63

APÊNDICE D: MÉDIAS DAS ASSERTIVAS DA 3ª DIMENSÃO
ACP ....................................................................................................

65

APÊNDICE E: CARTA CONVITE PARA COORDENADORES E
GESTORES .........................................................................................

66

ANEXO A: THE READINESS FOR INTERPROFESSIONAL
LEARNING SCALE (RIPLS) ………………………………..............

67

ANEXO B: VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTO DE MEDIDA DO
APRENDIZADO INTERPROFISSIONAL PARA O TRABALHO
EM EQUIPE ........................................................................................

69

ANEXO C: PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA
E PESQUISA – UFAL .......................................................................
ANEXO D: CERTIFICADO DO 12º CONGRESSO INTERNACIONAL

70

13

DA REDE UNIDA .............................................................................

72

ANEXO E: CERTIFICADO DO 5º CONGRESSO IBERO-AMERICANO
EM INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA ................................................

73

14

1 APRESENTAÇÃO

A atenção em terapia intensiva demanda trabalho em equipe, e as
atividades desenvolvidas neste setor dependem sensivelmente de um estreito
relacionamento entre os profissionais. A implementação da educação e colaboração
interprofissional potencializam a articulação das ações da equipe em sua pluralidade
de saberes e introduz a integralidade do cuidado num ambiente dinâmico (OMS,
2010). Dessa forma, a educação interprofissional e prática colaboraiva vêm
desempenhar um papel importante na redução de muitos problemas enfrentados na
assistência em saúde.
O interesse para o desenvolvimento deste estudo surgiu, inicialmente, pelas
reflexões e experiências acumuladas como fisioterapeuta integrante de uma equipe
multiprofissional por 12 anos em unidades de terapia intensiva de hospitais públicos
de urgência e emergência. Nesse exercício, sempre visualizei o cuidado ao paciente
como demanda complexa que extrapola a fragmentação do conhecimento e o
modelo biomédico.
Durante a convivência com a equipe em terapia intensiva percebi que as
categorias profissionais pouco conhecem “o fazer” do outro e assim, as condutas
não eram complementares e, consequentemente, com duplicidades de ações em um
cenário dinâmico onde tempo significa VIDA.
Segundo premissas do SUS, o hospital deve instituir práticas de saúde e
estimular nos profissionais valores que sustentem seu conceito ampliado. O que
requer responsabilização, continuidade da atenção, construção interprofissional de
planos

de

cuidados,

princípios

não

mais

restritos

à

atenção

básica

(FEUERWERKER; CECILIO, 2007).
Essas reflexões tornaram-se inquietações com o meu ingresso no Mestrado
Profissional em Ensino na Saúde (MPES), devido à ampliação do conhecimento
pelas discussões acadêmicas sobre os princípios da interdisciplinaridade e
interprofissionalidade aplicados nos serviços de saúde, e reforçadas pelas
exigências do SUS, para adequações na assistência ao usuário, tendo como eixo
norteador a integralidade do cuidado.

15

A pesquisa intitulada “Educação Interprofissional e Prática Colaborativa em
terapia Intensiva: Perspectiva dos Profissionais da Saúde” reflete um tema ainda
pouco estudado em nosso país, principalmente quando enfocamos o atendimento
hospitalar, o que reforça a relevância do estudo.
A equipe de profissionais da unidade de terapia intensiva apresenta
disponibilidade e prontidão para a educação interprofissional e práticas colaborativas
centradas em uma assistência integrada e resolutiva ao paciente crítico? A partir
desse questionamento, iniciei o estudo que teve como objetivo: Identificar a atitude e
a prontidão para a EIP e PC entre os profissionais da saúde que atuam em terapia
intensiva.
O estudo foi desenvolvido na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Geral
do Estado Prof. Osvaldo Brandão Vilela (HGE), em Maceió, Alagoas, inaugurado no
dia 16 de setembro de 2008, surgido da junção entre o Hospital Escola Dr. José
Carneiro (HEJC) e a Unidade de Emergência Dr. Armando Lages (UE). O hospital
geral é separado por áreas: Área Vermelha Trauma e Clínica, destinada a pacientes
graves para os primeiros atendimentos e direcionamentos para outros setores; Área
Amarela, pacientes em observação; Área Azul, destinada a pacientes menos grave;
Área Verde, destinada aos pacientes internados, UTI Geral e pediátrica.
A UTI Geral tem dezoito leitos destinados a pacientes graves de traumas e
clínicos. É composta por uma equipe multiprofissional de médicos, enfermeiros,
fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, técnicos e auxiliares de enfermagem que
prestam assistência 24 horas em sistema de plantão e/ou diaristas, além da
assistência de outras especialidades, de acordo com as demandas dos pacientes.
A partir da análise dos resultados e conclusões da pesquisa, verificou-se a
necessidade de realização de três produtos, dois deles voltados para intervenção e
transformação das realidades encontradas no contexto da pesquisa (1 e 2) e um
voltado a socialização de experiências: Foram desenhados nos seguintes formatos:
Produto 1- Feedback Reflexivo configurado em uma reunião para coordenadores e
gestores da equipe estudada; Produto 2: Relatório Técnico constando com um
resumo de toda a pesquisa com ênfase nos resultados que foi entre para os
coordenados das categorias profissionais e gestores. Os produtos 1 e 2 tiveram o
intuito de promover reflexões sobre os resultados da pesquisa para o

16

desenvolvimento de ações educativas e de aprimoramento para prática colaborativa
e interprofissional. O produto 3: Publicações científicas com a publicação de dois
recortes derivados artigo original que buscaram a socialização dos resultados em
eventos Internacionais. Todos permitiram alcançar os propósitos do MPES,
buscando promover transformação e avanços no cenário de prática além do
compartilhamento de experiências e vivências no campo científico internacional.
Este trabalho acadêmico, como um todo, atingiu os objetivos propostos,
possibilitou reflexões sobre as necessidades de ações educativas com foco na
educação interprofissional e prática colaborativa junto à equipe. No entanto, visto
que os grupos estão em constante modificação e dinâmica processual, sugere-se a
realização de estudos longitudinais com equipes em diferentes fases de
desenvolvimento.

17

2 ARTIGO: EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL E PRÁTICA COLABORATIVA EM
TERAPIA INTENSIVA: PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
INTERPROFESSIONAL EDUCATION AND COLLABORATIVE PRACTICE IN INTENSIVE CARE:
THE HEALTH PROFESSIONAL PERSPECTIVE
RESUMO
Objetivo Geral: Conhecer a disponibilidade e prontidão dos profissionais de saúde para a educação
Interprofissional e prática colaborativa em terapia intensiva. Metodologia: Pesquisa transversal de
caráter exploratório, com metodologias quali-quantitativa, realizada na Unidade de Terapia Intensiva
de um hospital público. Amostra aleatória simples composta por 43 profissionais, sendo eles:
médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas integrantes das equipes
multiprofissionais da unidade de terapia intensiva. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário,
tipo Likert, que avalia a disponibilidade interprofissional (RIPLS), validado por Peduzzi e Norman
(2012) e duas perguntas escritas que enfocaram facilidades e barreiras para a educação
interprofissional e prática colaborativa. Na análise dos dados, utilizou-se estatística descritiva com
correlações estatísticas e análise temática. Resultados: A análise dos dados revelou prontidão da
equipe ao trabalho interprofissional e prática colaborativa nas 1ª e 3ª dimensões, Trabalho em Equipe
e Colaboração e Atenção Centrada no Paciente, respectivamente, com dissonâncias na análise da
qualitativa para a 1ª dimensão. A 2ª dimensão que avaliou a identidade profissional mostrou-se em
situação preocupante encontrada nas duas abordagens. Conclusão: A análise temática, em diálogo
com os resultados do questionário, apreendeu a relevância da educação interprofissional na prática
da unidade de terapia intensiva, visando a um melhor preparo dos profissionais da saúde, uma vez
que potencializa o desenvolvimento de competências referentes a práticas colaborativas, à
comunicação interprofissional e ao cuidado com o sujeito na perspectiva da integralidade. Porém, a
mesma equipe desconhece a importância dessa educação na formação do grupo para o trabalho em
equipe, apresentando aprisionamento à identidade profissional.
Palavras-Chave: Relações Interprofissionais; Assistência ao Paciente; Unidade de Terapia Intensiva.
ABSTRACT
Main aim: To investigate the readiness and availability health professionals towards interprofessional
education and collaborative practice in Intensive therapy.Methodology: Transversal and exploratory
research, with both qualitative and quantitative methodologies, applied in the ICU (intensive care unit)
of a public hospital. Simple random sample was formed by 43 professionals amongst doctors, nurses,
physiotherapists, psychologists and nutritionists who were part of a multiprofessional team in the
intensive care.In order to collect data, LIKERT questionnaires have been used, evaluating the
interprofessional avaliability (RIPLS), which was validated by Peduzzi and Norman (2012) and two
open-ended written questions that focused on facilities and issues concerning interprofessional
education and collaborative practice. On data collection, descriptive statistics had been used together
with statistics co-relations and theme analysis.Results: the data analysis has shown readiness from
the team towards interprofessional work and collaborative practice on the ifrst and third dimensions,
Work team and Collaboration and patient care, respectively, with disagreements on the qualitative
analysis to the first dimension there has also been shown a worrying situation considering
Professional Identity in both approaches. Conclusion: the dialogic relation between theme analysis
and the questionnaires results aprehended the relevance of interprofessional education whithin the
practice of intensive unit care. From such perspective, aiming at better preparation of professionals,
once it potentiates the development of skills referred as collaborative practices, interprofessional
communication, and subject care in the integrality perspective. However, the same team ignores the
importance of the up mentioned education in the formation of the group itself, presenting attachment
to the professional identity.
KEYWORDS – Interprofessional relationships – Patient care – Intensive care unit.

18

2.1 Introdução

As mudanças de perfil epidemiológico, com o aumento da expectativa de vida,
trazem a urgência de uma abordagem que contemple as dimensões das
necessidades de saúde de usuários, alterando o modelo curativista na assistência
em todas as instâncias, da saúde básica ao atendimento hospitalar. Essa realidade
torna a qualidade da comunicação e a colaboração entre os diferentes profissionais
envolvidos, fundamentais no cuidado para a resolubilidade dos serviços e eficácia da
atenção à saúde (PEDUZZI et al, 2012; SAUPE et al, 2005).
Assim, a compreensão do ser humano e do processo saúde-doença perpassa
por uma abordagem interdisciplinar, na construção dos conhecimentos. Esses
conceitos devem ser transferidos para a prática, a partir do entendimento da
educação interprofissional (EIP) e prática colaborativa (PC) (D’AMOUR, 1997).
A EIP e a PC constituem temas emergentes do campo da saúde em nível
global, sendo a equipe um componente fundamental da reforma do modelo de
formação profissional e de atenção à saúde. É neste cenário que elas preenchem
uma lacuna significativa com experiências bem sucedidas nos países que as
adotaram e se apresentam como ferramentas importantes na consolidação e
fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) (OMS, 2010).
O SUS redefine o hospital como espaço destinado aos doentes em condições
clínicas mais severas, que necessitam de cuidados contínuos, recursos tecnológicos
de maior complexidade e de profissionais com especializações apropriadas. Essa
nova formatação deve levar em conta o perfil assistencial e adota a integralidade
como princípio norteador de qualidade e humanização do cuidado (BRASIL, 2005).
Orlando (2001) afirma que os resultados das atividades desenvolvidas em
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) dependem sensivelmente de um estreito
relacionamento entre os membros da equipe e da colaboração interprofissional,
sendo muitos os desafios sua implementação em terapia intensiva.
A relevância deste estudo fundamenta-se na exploração de temas pouco
pesquisados em nosso país, principalmente quando enfocamos o atendimento
hospitalar em terapia intensiva com ênfase nas EIP e PC como meios para o

19

estreitamento das relações e facilitação da comunicação entre estes profissionais
em busca do cuidado integrado.
O presente estudo teve como objetivo identificar a atitude e a prontidão para a
EIP e PC entre os profissionais da saúde que atuam em uma unidade terapia
intensiva de um hospital público de uma capital do nordeste.

2.2 Percurso Metodológico

Para responder à questão da pesquisa: A equipe de profissionais da unidade
de terapia intensiva apresenta disponibilidade e prontidão para a educação
interprofissional e práticas colaborativas centradas em uma assistência integrada e
resolutiva ao paciente crítico? Optou-se pelo caminho exploratório, transversal,
descritivo-analítico, com abordagem quanti-qualitativa.
A coleta dos dados foi presencial realizada em momento oportuno no ambiente
de trabalho, entre os meses de junho a outubro de 2015. O pesquisador convidou de
forma aleatória toda equipe multiprofissional da terapia intensiva respeitando a
adesão voluntária.
Os sujeitos foram convidados, sendo-lhe explicados os objetivos da pesquisa e a
importância de sua contribuição; em seguida foi entregue um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). (Apêndice A).
Pesquisa realizada na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Geral do
Estado Prof. Osvaldo Brandão Vilela (HGE), contou com uma amostra aleatória
simples de 43 profissionais do nível superior; dentre estes, 11 médicos, 16
enfermeiros, 11 fisioterapeutas, 2 psicólogos e 3 nutricionistas integrantes da equipe
multiprofissional correspondendo a 86% do universo de profissionais que atuam no
local.
O estudo teve como critério de inclusão fazer parte da equipe permanente de
profissionais da terapia intensiva em sistema de plantão ou diarista, e como critério
de exclusão os profissionais externos de outras especialidades (neurocirurgia,
vascular, oftalmologia entre outras) que prestam assistência quando solicitados.

20

No processo de produção de dados, foram utilizados os seguintes instrumentos:
o Questionário, tipo Likert, The Readiness for Interprofessional Learning Scale
(RIPLS), e a análise temática de duas perguntas abertas. (Anexo A).
O RIPLS foi publicado por Parsell e Bligh (1999), e apresenta três dimensões
que avaliam prontidão para a aprendizagem interprofissional e atributos necessários
à colaboração em equipe. A versão utilizada foi validada por Peduzzi e Norman
(2012). (Anexo B).
O questionário abrangeu 26 assertivas, divididas em três dimensões que
visam a avaliar: 1-Trabalho em Equipe e Colaboração (TEC), 2- Identidade
Profissional (IP) e 3 - Atenção Centrada no Paciente (ACP).
Esse instrumento validado foi submetido à análise de confiabilidade da sua
consistência interna por meio da medida de coeficiente Alfa de Crombach, que teve
índice global de 0,87. As dimensões foram avaliadas isoladamente e mostraram
valores iguais a 0,89 para TEC; 0,58 para IP e 0,76 para ACP (HORA; MONTEIRO;
ARICA, 2010).
A escala atitudinal de Likert é um instrumento construído com o objetivo de
mensurar a intensidade de valores opiniões e vivências da maneira mais objetiva
possível que permite quantificação. Para identificar a tendência atitudinal de cada
sujeito, o cálculo das médias das asserções foi realizado somando-se as pontuações
obtidas em cada asserção validada e dividindo-se pelo total de respondentes.
Ao grupo foi solicitado que selecionassem as respostas que melhor
expressassem suas opiniões, de acordo com o esquema: 1- Discordo Totalmente
(DT); 2- Discordo (D); 3- Tenho dúvida (I); 4- Concordo (C); 5- Concordo totalmente
(CT). Foram orientados que não havia resposta “certa” ou “errada”, uma vez que se
avaliam tendências atitudinais. As asserções do questionário RIPLS contrárias às
ideias de EIP e PC sofreram inversão na pontuação para viabilizar a correta
interpretação estatística, sendo elas: 10, 11, 16, 17, 18,19, 20 e 21 (PEDUZZI,
2012).

21

Os dados coletados nos questionários foram organizados e tabulados em
planilhas eletrônicas Excel, e submetidos a tratamento com estatística descritiva e
com correlações estatísticas através do software Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS) versão 22.0.
As médias obtidas foram interpretadas por intervalos: 1,00 a 2,33; 2,34 a 3,67
e 3,68 a 5,00. Convencionou-se que esses intervalos correspondem a situações de
perigo que necessitam de mudanças urgentes; alerta, situação preocupante que
requer aprimoramento; e, situação de conforto, que se sugere manutenção das
atitudes, respectivamente (SOUZA, 2014; BRUNO, 1999). Ver Quadro 1.
A adoção desses intervalos decorre da observação de que todos os níveis de
atitude possuem a mesma probabilidade de ocorrência (1/3): concorda, discorda,
dúvida ou indiferença com suas respectivas inclinações (BRUNO, 2001).
Quadro 1. Intervalo das médias, classificação e providências a serem tomadas na análise
quantitativa dos dados.
Intervalo das médias

Classificação

Providências

Zona de Conforto

Atitudes frente à
dimensão/asserção
Positiva

3,68 – 5,00
2,34 – 3,67

Zona de Alerta

Preocupante

Aprimoramento

1,00 – 2,33

Zona de Perigo

Extremamente negativa

Mudanças Urgentes

Manutenção

Fonte: Souza (2014).

Como estratégia de aprofundamento dos dados quantitativos, o segundo
instrumento compreendeu a análise temática, a partir de dados de outro questionário
com duas perguntas abertas: Quais as facilidades e quais as barreiras encontradas
na sua equipe de terapia intensiva para formação para prática colaborativa e
educação interprofissional? (Apêndice B)
Da transcrição das respostas, analisaram-se as falas dos profissionais da
UTI, pautando-se na análise temática. Trabalhou-se na organização das respostas,
seguida da leitura flutuante e da identificação do material de análise com foco no
objeto de estudo, constituindo assim o corpus da pesquisa. As falas semelhantes
foram codificadas em bloco e identificadas às unidades de contexto com suas
respectivas unidades de registro guiadas pelas categorias empíricas (dimensões do
questionário RIPLS).

22

Foi realizado um diálogo entre os dados quanti-qualitativos, descritos nos
resultados, e discussão

vislumbrando consonâncias ou dissonâncias para

aprofundamento e reflexões do objeto de estudo. O estudo foi submetido ao Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas – Plataforma Brasil e
aprovado com o Parecer nº 1.033.317 (Anexo C) e todos os participantes assinaram
o TCLE.
Por fim, os sujeitos estudados foram nomeados pela letra inicial das categorias
profissionais, e posteriormente substituídos por nomes de flores: Médico (MCrisântemo), fisioterapeuta (F-Gardênia), enfermeiro (E-Tulipa), nutricionista (NLírio) e psicólogo (P-Girassol).

2.3 Resultados e discussões

A população estudada mostrou-se maioria de mulheres (67,4%) com idade média
de 36,7 anos, variando entre 24 a 62 anos; tempo médio de formados de 12 anos. A
tabela 1 mostra as percentagens encontradas quanto ao gênero e às categorias
profissionais estudadas.
Tabela1: Perfil dos profissionais pesquisados que atuam na UTI do HGE-AL, 2015.
Variável

N

%

Masculino

14

32,6

Feminino

29

67,4

Médico (Crisântemo)

11

25,6

Fisioterapeuta (Gardênia)

11

25,6

Enfermeiro (Tulipa)

16

37,2

Nutricionista (Lírio)

3

7,0

Psicólogo (Girassol)

2

4,7

Sexo

Profissão

Fonte: Autora da pesquisa, Maceió-AL, 2015.

23

As dimensões TEC e ACP, quando avaliadas pelas cinco classes
profissionais estudadas (médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, nutricionistas e
psicólogos), mostraram-se na zona de conforto (3,68 - 5,00), interpretadas na escala
como atitude positiva de conforto que permite manutenção situacional. A dimensão
IP mostrou-se em zona de alerta (2,34 a 3,67), interpretada como atitude
preocupante, que requer aprimoramento dessa equipe. Para isso é necessário o
conhecimento dos problemas existentes na equipe e traçar um plano de trabalho
coletivo, construído entre os atores envolvidos na proposta cuidativa, baseada nos
pressupostos do SUS (FURTADO, 2007; SILVA, 2008).
A figura abaixo traz um panorama geral com médias das três dimensões
estudadas.

Figura 1: Panorama da média geral das três dimensões pesquisadas, na UTI do HGE, 2015.
4,42
4,5000
4,0000
3,5000
3,0000
2,5000
2,0000
1,5000
1,0000
0,5000
0,0000

4,40
3,01
Dimensão 1
Dimensão 2
Dimensão 3

Dimensão 1

Dimensão 2

Dimensão 3

Fonte: Autora da pesquisa, Maceió-AL, 2015.
Dim 1: Trabalho em Equipe e Colaboração (TEC)
Dim 2: Identidade Profissional ( IP)
Dim 3: Atenção Centrada no Paciente (ACP)

Resultado semelhante foi verificado na análise por graduação. O teste
estatístico ANOVA não apresentou diferença significativa para nenhumas das três
dimensões (p>0,05), como se constata na figura 2.

24

Figura 2: Média Geral para a Disponibilidade Interprofissional das diversas profissões para as
dimensões estudadas, HGE, UTI adulto, 2015.

Médico

Fisioterapeuta

4,40

Enfermeiro

4,20

Nutricionista

Dimensão 3

2,91

Dimensão 1

Dimensão 1

2,94

Dimensão 3

Dimensão 1

4,46

Dimensão 2

4,71

3,04

Dimensão 3

Dimensão 2

3,04

4,26

Dimensão 3

4,35

Dimensão 2

4,38

Dimensão 2

4,41

Dimensão 1

Dimensão 3

Dimensão 2

Dimensão 1

4,65
5,0000 4,46
4,5000
4,0000
2,96
3,5000
3,0000
2,5000
2,0000
1,5000
1,0000
0,5000
0,0000

Psicólogo

Fonte: Autora da pesquisa, Maceió-AL, 2015.

1ª DIMENSÃO – TRABALHO EM EQUIPE E COLABORAÇÃO
Encontrou-se uma média entre as profissões estudadas, de 4,42 (zona de
conforto) e pode ser traduzida como uma atitude positiva destes para o trabalho em
equipe e colaboração. Também quando se analisou essa dimensão por suas
assertivas, todas se mantiveram na zona de conforto (3,68 a 5,00), tendo como
providências manutenção situacional (Apêndice C).
Segundo Barr (1989), as competências colaborativas possibilitam estabelecer
claramente o papel e as responsabilidades de cada profissão, respeitando suas
competências e limitações. Trabalhar em interação com outras profissões em
diversos tipos de serviços implica saber lidar com as diferenças entre elas,
investindo na integração da equipe e na identificação e compreensão das
preocupações dos outros profissionais quanto ao cuidado ao paciente. As falas
referendam a posição do autor:

Tulipa 1 “...Acredito que, há tempo, os profissionais de saúde estão
procurando, se empenhando em aprender mais uns com os outros e o
importante, se respeitando profissionalmente.”

25

Tulipa 2: “...Presença de várias categorias profissionais, contribuindo para o
tratamento integral ao paciente, onde todos os envolvidos têm a capacidade
de cuidar de forma a atender as reais necessidades do paciente...”

Segundo McNair (2005), aprender junto sobre o trabalho em saúde implica
um fazer junto no cotidiano do cuidado em saúde. Ao adotar uma postura de
cooperação/colaboração em detrimento

de competição e concorrência, os

profissionais tornam-se aliados e desenvolvem entre si uma relação de respeito
mútuo.
Apesar de o resultado quantitativo demonstrar zona de conforto da dimensão
e asserções, algumas falas dos participantes mostram divergências quando
discutidas as abordagens, como se observa na fala:

Girassol 1 : “ [...] observa-se muitas vezes o trabalho isolado dos profissionais
dificultando uma visão holística e uma maior consciência da realidade do
paciente e da angustia de seus familiares.

A prática em saúde vem demandando um trabalho que transcende os fazeres
individualizados de cada profissão, assumindo a importância da equipe. Vislumbrase um profissional de saúde que, mesmo com sua formação específica, encontra-se
aberto às diferenças, ao compartilhamento em suas ações em saúde (BATISTA,
2013; PEDUZZI et al, 2012).
A implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, contribuiu
significativamente para a identificação da necessidade de mudanças nos currículos
de graduação das profissões de saúde. Frenk et al (2010) e Vasconcelos; Stedefelt
e Frutuoso (2016) permitem identificar que grande parte dos projetos políticopedagógicos de graduação das universidades ainda permanece pouco integrada
com a realidade dos serviços, trazendo como consequência a formação de
profissionais despreparados para a prática, segundo as premissas básicas do SUS,
percebida na fala a seguir.

26

Tulipa 3: ” É necessário intensificar as práticas interprofissionais na
graduação para facilitar o trabalho em equipe”...

Portanto, a dimensão, trabalho em equipe e colaboração com suas asserções
mostra que: os profissionais de diferentes formações apresentam atitudes e
prontidão semelhantes para o trabalho em equipe e colaborativo. Percebem-se
fragilidades onde os avanços requerem não somente diálogo, mas também a efetiva
articulação e aprendizado entre todos da equipe. Com este movimento, busca-se
superar os modelos dominantes de educação e prática uniprofissional, que já não
respondem mais aos desafios e à complexidade das necessidades de saúde.

2 ª DIMENSÃO – IDENTIDADE PROFISSIONAL
A identidade profissional permite a cada um refletir sobre a sua atuação em
contextos laborais. Toda categoria profissional realiza movimentos de afirmação da
identidade, sendo reconhecida e legitimada pelos grupos sociais como uma
profissão (D´AMOUR, 1997; MACHADO, 2003).
Neste estudo, no critério comportamento geral dos participantes para a
segunda dimensão IP, encontrou-se uma média de 3,01 interpretada como zona de
alerta (Figura 1). Isto significa que os profissionais que atuam na UTI apresentam
atitude preocupante quanto às afirmações desta dimensão e necessitam de
reflexões e aprimoramento da equipe através de ações gerenciais e proposta de
intervenção mais efetiva que abordem a importância do trabalho interprofissional e
colaborativo com vista à assistência integrada.
A identidade profissional é construída no processo de formação acadêmica e
durante a atuação laboral do indivíduo. Ela faz parte da identidade social do
indivíduo e, na sua constituição, há a necessidade de demarcar o que a diferencia
de outras categorias profissionais. Esse movimento de afirmação da identidade
profissional por intermédio da identificação de diferenças em relação aos outros

27

grupos profissionais pode promover relações conflituosas entre essas categorias,
assim como acontece na formação da identidade social (SCHRAIBER et al, 1999).
Para melhor entendimento dessa dimensão, mostraremos os resultados e
faremos a discussão dos dados quanti e qualitativos na lógica dos elementos que
facilitam e dificultam a construção dos grupos de formação e a do grupo de trabalho.
Para tanto, iniciamos com a apresentação da Tabela 3, que mostra as seis
assertivas, suas respectivas médias, e classificação das zonas, bem como as
percentagens das concordâncias, discordância, indiferença ou dúvida com suas
inclinações.
Tabela 3 - Médias das Assertivas que compõem a Dimensão Identidade Profissional, UTI adulto
do HGE, 2015.
Nº

D2- IP- Afirmativas

16

A função dos demais profissionais da saúde é
principalmente apoio aos médicos.

Médias

%

4,07

79,1

Zonas

D/DT
I 11,6
17

Preciso adquirir muito mais conhecimentos e
habilidades que profissionais de outras profissões da
saúde.

3,53

58,2
D/DT
I 27,9

18

Eu me sentiria desconfortável se outros profissionais
da área da saúde soubessem mais sobre um tópico
do que eu.

3,74

Serei capaz de usar frequentemente o meu próprio
julgamento no meu papel profissional.

Alerta

67,4
D/DT
I 20,9

19

Conforto

2,16

Conforto

76,7
C/CT
I 11,6

20

Chegar a um diagnóstico é a principal função do meu
papel profissional

2,91

Perigo

46,6
C/CT
I 18,6

21

Minha principal responsabilidade como profissional é
tratar meu paciente.

1,65

Alerta

86,1
C/CT

Perigo

28

I 9,3

Fonte: Autora da pesquisa, Maceió-AL, 2015.

Para Gondim et al (2010), a identidade profissional é reorganizada a cada
momento de trabalho como consequência da existência de duas dimensões: uma
referente à graduação, e independe da área de atuação, acompanha o indivíduo
desde sua formação acadêmica e o define na referida categoria profissional; e outra
construída no contexto de trabalho, sujeita a influências do contexto de atuação
profissional e das expectativas sociais.
Tomando como referência a questão da diversidade e a necessidade de
integração das identidades profissionais em equipes multiprofissionais, torna-se
importante compreender os mecanismos envolvidos nas interações grupais, como a
identidade dos grupos de formação e de trabalho que operam nos relacionamentos
intergrupais, e as repercussões, em termos da percepção da qualidade do trabalho e
da satisfação com a equipe, decorrentes das interações estabelecidas no contexto
laboral.
A partir da postura majoritariamente discordante dos sujeitos, diante das
assertivas que abordam a dimensão IP, depreende-se que a equipe de profissionais
da UTI desconhece a importância da EIP na formação do grupo para o trabalho em
equipe. Esses resultados não corroboram com outros estudos que exploram a
temática interprofissionalidade (FREETH et al, 2005; BARR, 2010; BENNETT et al,
2011).
Os resultados obtidos indicam que há um aprisionamento na identidade de
formação e um desconhecimento da identidade de grupo. Enxerga-se a necessidade
para uma aprendizagem crítica e reflexiva na construção de perspectivas ampliadas
sobre a complexidade do campo da saúde mais centrado no usuário e não somente
na técnica e no procedimento de cada área, mas contemplando os aspectos
biopsicossociais.

29

A análise qualitativa das respostas abertas nos oferece indícios significativos
da dinâmica dessa equipe multiprofissional, bem como dos fatores, nas
subcategorias gerencial (Gestão do Trabalho Coletivo), grupal (Percepção do
Subgrupo) e individual (Identidade Pessoal no contexto de equipe) que enfraquecem
ou fortalecem uma identificação com a formação de origem e com a equipe de
trabalho.
Na dimensão IP, os dados nos levam a considerar que a identidade do grupo
de formação dos membros dessa equipe é prejudicada mediante a existência de
fatores gerenciais, grupais e individuais.
Os fatores gerenciais impedem a visualização de uma equipe, favorecendo,
no âmbito grupal, a constituição de subgrupos, nos quais os membros se aproximam
a partir de uma afinidade de formação.
Em relação à identidade do grupo de trabalho, nessa equipe observamos,
mediante a escala de atitudes e as falas dos participantes, tênue valorização da
identidade do grupo de trabalho, mesmo que ela ainda não seja plenamente
visualizada na prática.
O desenvolvimento dessa identidade requer que os papéis dos integrantes da
equipe estejam mais delineados, favorecendo, assim, a compreensão do grupo
sobre as contribuições que eles podem oferecer para a condução das atividades.
A existência de subgrupos e os próprios depoimentos desses profissionais,
que se veem atuando na equipe ainda com uma identidade do grupo de formação,
são indícios de que eles ainda não se integraram completamente à equipe e ainda
não desenvolveram uma identidade do grupo de trabalho.

Subcategoria Gerencial: Gestão do Trabalho Coletivo
A identidade do grupo de formação pode ser fortalecida a partir de fatores
gerenciais que habilitam a prática de um conjunto de atividades por profissionais

30

específicos, e a ausência de condições físicas e organizacionais para uma ação
integrada (PEIXOTO, 2010).
Esses fatores podem reconhecer e valorizar a contribuição de um campo do
conhecimento, proporcionando o desenvolvimento de atividades de uma equipe,
fortalecendo a identidade do grupo de formação, mas, também, podem impedir a
visualização de uma uniformidade, dificultando, assim, o surgimento de um grupo de
trabalho, conforme as seguintes falas.
Tulipa 4:” Há confusão de liderança democrática com liderança autoritária
dificultando o serviço; desestimulando os profissionais.
Tulipa 5: ” [...] existe pouca valorização do profissional”.

Alguns autores (FREIRE, 1980; VAN KNIPPENBERG; DE DREU E HOMAN,
2004) salientam a importância da igualdade de status dos membros dos grupos,
sustentando que a percepção de igualdade (de poder, de prestígio, de recursos)
entre grupos pode facilitar a atração entre os seus membros e reduzir os
preconceitos mútuos negativos.
A gestão, nessa dinâmica de construção de uma forma de trabalhar coletiva,
tem um papel central, tanto em relação à valorização e promoção do trabalho em
grupo, quanto na mediação de conflitos que podem emergir dentro do grupo. Ter
clareza de como cada profissional pode contribuir para a construção de um trabalho
coletivo é condição essencial para que as pessoas acreditem e viabilizem essa
modalidade de atuação.
No trecho transcrito a seguir, observamos que esse entendimento ainda não
está desenvolvido no que diz respeito à equipe estudada, pois, na percepção do
grupo, a gestão ainda não consegue visualizar como cada profissional pode atuar
em um trabalho integrado e que atenda melhor aos objetivos da equipe.
Crisântemo 1:”... Muitas vezes não há definição precisa de papéis de cada
profissional dentro do setor, causando prejuízo óbvio na qualidade da
assistência...”

31

Ademais,

percebe-se,

a

partir

dos

dados

dessa

equipe,

que

tal

reconhecimento é imprescindível para a constituição de uma identidade do grupo de
trabalho e, simultaneamente, para o fortalecimento da identidade do grupo de
formação. Se os indivíduos conseguem compreender o papel e contribuição de cada
um ao grupo, a identidade de formação é valorizada e se visualiza que ela não
impede o trabalho em conjunto, mas sim o potencializa.
Relacionar-se com um novo grupo sempre gera uma ansiedade quanto à
própria identidade (GUIRADO, 1987), e, nesse sentido, relevante é a vivência dessa
ansiedade dentro do período de graduação, bem como a identificação com os
profissionais de outras áreas da saúde.
Por isso, Moretti-Pires (2009) sugere que, na medida em que os profissionais
e futuros profissionais da saúde aprendem apenas os aspectos técnicos de sua
profissão e não compreendem como se articular com outras categorias profissionais,
a formação universitária por si só não possibilitará a atuação interdisciplinar e/ou
interprofissional.
A ausência desse espaço institucional para uma atuação integrada na
formação é sentida pelos participantes. A exposição a experiências e vivências
compartilhadas e o desenvolvimento das competências colaborativas ao longo da
graduação contribuem para a formação de um profissional com maior clareza sobre
seu

papel,

suas

responsabilidades

e

competências

dentro

da

equipe

interprofissional, como demonstra a fala abaixo.
Tulipa 3: ”Intensificar as práticas interprofissionais na graduação para
facilitar o trabalho em equipe”...

Subcategoria Grupal: Percepção de subgrupo
A identidade do grupo de formação dos integrantes de uma equipe também
pode ser fortalecida por fatores grupais, que direcionam sua própria dinâmica
(PEIXOTO, 2010). A existência de subgrupos foi identificada a partir de algumas
falas dos participantes. Eles não favorecem a integração e evidenciam o

32

pertencimento dos indivíduos a categorias profissionais, fortalecendo, assim, a sua
identidade do grupo de formação:
Gardênia 1:”...Alguns profissionais da equipe não sabem e/ou não gostam
de ouvir a opinião da equipe, sendo pouco colaborativo e não demonstrando
interesse no trabalho de equipe...”
Tulipa 6:“ [...] e alguns ainda não valorizam cada membro da equipe com a
devida importância para o bem do paciente; não há uma valorização devida
a cada profissão envolvida no processo saúde-doença.”

Ainda que reconheçam a importância da identidade do grupo de trabalho para
a construção de um trabalho coletivo, alguns membros dessa equipe relatam que
alguns profissionais, de forma individual, reiteram a necessidade de manter certas
especificidades na atuação profissional, preservando dessa maneira a sua
identidade no grupo de formação.

Gardênia 2: ”[...] a figura do médico centrado no módulo antigo – sabe tudo
sozinho”.
Tulipa 7: ”Não aceitação (de algumas classes) da interdisciplinaridade, pois
acreditam que o conhecimento não pode ser compartilhado.”

Geralmente as diferentes graduações apresentam a tendência em satisfazer
suas aspirações profissionais e manter sua autonomia, em detrimento da
colaboração profissional, buscando torná-lo o mais específico e misterioso possível,
permanecendo acessível a poucos e assim garantindo reserva de mercado. Por
isso, o desafio de promover a colaboração não deve ser levado à frente negando
uma especificidade duramente alcançada, mas tentando estabelecer pontes entre
posições inicialmente antagônicas (MACHADO, 2003; D´AMOUR, 1997).
Segundo Agudelo (1995), o trabalho médico possui a máxima autonomia, o
que exerce grande poder institucional. A relação dos médicos com os outros
profissionais pode levar a tensão de legitimação, pois ao exercer o seu poder ou
autoridade eles causam pressão sobre o trabalho das demais categorias, invadindo
áreas de atuação que estas consideram da sua competência.

33

Vale destacar que, em alguns momentos, os participantes citaram ou fizeram
referência ao trabalho desenvolvido em prol da identidade de grupo, indicando,
assim, a existência de uma integração entre os seus componentes. Verificamos que
existem reflexões sobre o papel do outro, e a importância da comunicação para
assistência na perspectiva do cuidado integral, como se confere nas falas:
Crisântemo 2: ”São encontradas a boa relação interprofissional e
comunicação aberta a críticas e sugestões de todos que fazem parte da
equipe...”
Gardênia 3: ”Equipe médica aberta ao diálogo sem verticalização, não há
competição, mesmo em procedimentos compartilhados...”
Gardênia 4: ”...O diálogo entre a equipe do nível superior e o entendimento
é bem mais produtivo, pois estão abertos à discussão dos casos.”

A compreensão de que existem perspectivas e posturas diversas em relação
a um mesmo fenômeno reafirma e promove uma aproximação com a identidade do
grupo de formação. Os profissionais, ao permitirem o compartilhamento, o diálogo e
a aceitação dessa diversidade, podem visualizar a contribuição específica oferecida
pela sua formação e a dos demais membros da equipe para o trabalho em conjunto.
Observa-se também que, mesmo ainda não existindo, na prática, uma
identidade do grupo de trabalho totalmente consolidada, há referência a ela nos
discursos dos participantes, o que pode ser interpretado como uma tentativa de
conferir força a essa identidade do grupo de trabalho.

Crisântemo 3:” [...] precisamos complementaridade entre os profissionais,
assim como a distribuição de conhecimento para melhor entendimento de
todos”.

Como trata Peduzzi (1998), a valorização dos espaços de reflexão dos atores
em saúde é essencial como espaços de troca, de interação e comunicação. Nesse
sentido, podemos inferir que a prática da multiprofissionalidade acontece ainda de

34

forma bastante pontual, quando se necessita do olhar de diversas perspectivas para
a construção de um projeto.
Mesmo que a concepção do trabalho tenha uma base coletiva, a sua
execução ainda é bastante individualizada, com a repartição de responsabilidades
entre os profissionais, sem o estabelecimento de uma rotina de atividades para a
discussão de problemas, entraves ou propostas de soluções para as questões que
emergem do trabalho (FEUERWERKER; CECILIO, 2007).

Subcategoria Individual: As individualidades no contexto de equipe
As teorizações de Deschamps e Moliner (2009) e Machado (2003) mostram
uma intrínseca relação entre a identidade social e a pessoal. Ambas são construídas
de forma processual, na medida em que os indivíduos se inserem e se identificam
com grupos sociais que possuem alguns valores, normas de conduta e padrões de
comportamento específicos, que condicionam as posturas individuais em uma
coletividade.
Observamos, a partir dos elementos apontados pelos componentes dessa
equipe, a intrínseca relação entre a identidade profissional e a pessoal. Os
participantes enfatizaram que as características pessoais dos componentes do
grupo exercem forte influência no âmbito do trabalho em equipe.
Gardênia 5:” ...Quando nos deparamos com pessoas que não escutam
opiniões dos outros e tomam decisões sozinhas.
Tulipa 9: ”Alguns profissionais demonstram dificuldade em compartilhar
conhecimento e/ou receber sugestões: ‘Donos do Saber’!

Encontramos nos relatos o modelo biomédico e fragmentado do cuidado na
atuação profissional, a qual se conforma em torno de um saber predominantemente
biológico e especializado de produzir saúde. Numa equipe multiprofissional de saúde
que

possui

status

desiguais

surge

embate

entre

complementariedade

e

interdependência com a autonomia técnica profissional. Todavia, a eficácia dos

35

serviços em saúde pela complexidade das demandas atuais requer autonomia
técnica aliada à articulação das ações (SCHRAIBER et al, 1999).
Em relação aos aspectos mais individuais que interferem como facilitadores
no processo de fortalecimento de uma identidade do grupo de trabalho, os
participantes dessa equipe enfatizaram:
Tulipa 10:” [...] o profissional ser humilde para aceitar crítica; e querer
crescer; aprender sempre; não ter vergonha de questionar com dúvidas;
respeito com o colega”.

Vale destacar que a referência à formação acadêmica foi realizada para dar
ênfase à identidade do grupo de trabalho, e não à do grupo de formação, pois
alguns profissionais visualizam o peso conferido pela sua graduação à questão da
interdisciplinaridade, sendo esse um conceito necessário na sua prática laboral.
Mesmo que a atuação não esteja contemplando totalmente essa dimensão, há a
necessidade de afirmar, no âmbito organizacional, a importância e a riqueza de uma
atuação dentro de uma perspectiva mais coletiva.
Tulipa 11: ”[...] aprender mais uns com os outros e o importante, se
respeitando profissionalmente.”
Tulipa 12: ”Interação entre a equipe, que reflete numa busca pele
excelência na assistência, trazendo vários benefícios ao paciente.”

Segundo Peduzzi (2001), na equipe de saúde existem não só trabalhos
diferentes no aspecto técnico, mas, também, desiguais no que diz respeito à
valorização social. Algumas profissões são consideradas superiores a outras e
existem relações de subordinação que respeitam uma hierarquia entre os
profissionais. As diferenças técnicas transformam-se em desigualdades sociais entre
os agentes do trabalho. A equipe acaba por expressar as diferenças e as
desigualdades.
Assim, o entendimento e aprimoramento do papel de cada profissional
configuram-se como extremamente importantes para o fortalecimento de uma
identidade unificada do grupo de trabalho e para minimizar os aspectos mais
individuais que influenciam negativamente na EIP e a PC (ALMEIDA, 2007).

36

3ª DIMENSÃO – ATENÇÃO CENTRADA NO PACIENTE
Na dimensão que focaliza a Atenção Centrada no Paciente, encontrou-se
uma média de 4,40, identificada como zona de conforto (figura 1) e interpretada
como atitude positiva. Demonstra que os profissionais que atuam na UTI
apresentam disponibilidade e prontidão para a atenção do cuidado centrada no
paciente. Quando se analisou por assertivas, as cinco mantiveram-se na zona de
conforto (3,68 a 5,00). (Apêndice D).
Para melhor entendimento dessa dimensão, mostraremos os resultados e
faremos a discussão dos dados quanti e qualitativos na lógica dos elementos que
facilitam e dificultam essa atuação.
A equipe interprofissional deve trabalhar com foco nas necessidades do
paciente, favorecendo a integração dos profissionais de saúde, com o intuito de
satisfazer as necessidades globais da pessoa, visando ao seu bem-estar (PEDUZZI,
2007). Estes aspectos são observados nas falas do grupo pesquisado:

Tulipa 13:” [...] há sensibilização dos membros da equipe quanto ao
entendimento e respeito às qualificações; especificidade e contribuição na
promoção e recuperação da saúde”.
Gardênia 6: “Informação e educação da equipe são fundamentais para
aprimoramento profissional, e para conhecer a função e a importância de
cada membro da equipe para a recuperação do paciente”.

As dificuldades e situações inesperadas vivenciadas pelos usuários do
serviço de saúde nos hospitais ressoam no trabalho da equipe, demonstrando que
uma única categoria profissional não consegue abarcar todos os fatores intrínsecos
ao processo de saúde e doença e à hospitalização (FOSSI; GUARESCHI, 2004).
Esta preocupação foi também demonstrada pelos participantes do estudo:
Tulipa 14: “Temos a presença de

várias categorias profissionais

contribuindo para o tratamento integral ao paciente, em que todos os

37

envolvidos têm a capacidade de cuidar de forma a atender as reais
necessidades do paciente.

A busca do atendimento integral tem como grande desafio a reestruturação
dos estabelecimentos e das organizações do setor saúde, o que deverá ocorrer
tanto por meio da organização e articulação desses serviços entre si quanto na
reformulação das práticas dos profissionais de saúde em suas respectivas equipes
(CAMPOS, 2003).
Constata-se que algumas competências para o trabalho em equipe e para a
integralidade do cuidado são de conhecimento e fazem parte do cotidiano da
amostra deste estudo.

Gardênia 7: “É importante a equipe trabalhar em prol do paciente com
harmonia e compaixão, sabendo que ali existe um ser humano que precisa
dos nossos cuidados”.
Tulipa 15: “ É necessária a colaboração de alguns membros da equipe de
forma harmônica e eficaz para a prestação do cuidado”.

Dentro do foco da presente discussão, podemos afirmar que a reorganização
do trabalho interprofissional dentro das equipes dos serviços de saúde do SUS é
condição necessária para a integralidade, na medida em que pode possibilitar a
detecção de necessidades e o provimento de cuidados de maneira mais completa e
ampliada aos usuários (PINHEIRO; MATTOS, 2006).
Ao estruturar um serviço, um programa, ou ao definir responsabilidades dos
profissionais, o principal é questionar-se sobre quais as necessidades dos pacientes,
o que seria melhor para a resolutividade do serviço, evitar permanecer preso,
limitado pelas “camisas de força” dos conselhos profissionais, não raro incoerentes
com os interesses dos usuários.
Nesse sentido, a educação permanente surge com uma ferramenta
necessária à educação interprofissional e às práticas colaborativas, visando à

38

sistematização de uma assistência voltada para a integralidade do cuidado, em
sintonia com as demandas da sociedade atual.

Gardênia 8: “Informação e educação da equipe são fundamentais para o
aprimoramento profissional, e para conhecer a função e a importância de
cada membro da equipe para a recuperação do paciente”.
Lírio 1: “ É necessário capacitação da equipe multiprofissional com
discussões de casos clínicos para melhor assistir o paciente”.

Por fim, dados qualitativos evidenciaram também fatores facilitadores para a
prática colaborativa e interprofissional como: presença do diarista; discussão após a
visita ao leito com definição de condutas; que a jovialidade da equipe facilita a
comunicação. Dentre as barreiras foram relatados fatores pessoais, de identidade
de formação e institucionais como: dificuldades de compartilhar conhecimento;
resistência profissional ao trabalho colaborativo, indefinições de papéis, trabalho
individual dentro de categorias de referência, desconhecimento do outro, pouca
valorização profissional além de problemas na infraestrutura da UTI e falta de
principais insumos para uma adequada assistência.

2.4 Considerações Finais

O estudo demonstrou que os profissionais de saúde da terapia intensiva
percebem de maneira positiva a interprofissionalidade e a prática colaborativa
centradas nas reais necessidades do cuidado. No entanto, visualizaram-se
fragilidades na dimensão 1 – Trabalho em equipe e colaboração –, após análise
qualitativa, e uma situação preocupante nas duas abordagens da dimensão 2 –
Identidade profissional.
É possível evidenciar que a equipe estudada encontra-se em transição entre
as aspirações profissionais e corporativistas e a colaboração interprofissional. As

39

disputas e as divergências estão vinculadas a uma formação profissional geradora
de sentimentos onipotentes, centralizadores e individualistas, os quais estimulam as
barreiras da relação entre os profissionais e, consequentemente, acabam
interferindo nas relações da equipe com os pacientes.
Elucida-se também a necessidade de estabelecer momentos de reflexão e
ações educativas proporcionadas pela gerência com toda a equipe de saúde da
terapia intensiva, para que haja melhor consciência das barreiras e facilidades
identificadas naquele contexto, tais ações irão melhorar a comunicação e o
relacionamento entre os profissionais para uma efetiva educação interprofissional e
uma prática colaborativa na perspectiva do cuidado integral e eficiente ao paciente
crítico.
Entendemos que o recorte apresentado atingiu os objetivos propostos, a
metodologia se mostrou adequada e satisfatória, também possibilitou a reflexão
sobre a educação interprofissional e prática colaborativa no contexto da UTI de um
hospital de urgência e emergência e destacou a necessidades de intervenção com
ações educativas.

REFERÊNCIAS

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3 PRODUTOS
Os produtos desenvolvidos foram derivados das reflexões e necessidades
evidenciadas após análises dos resultados da pesquisa intitulada “EDUCAÇÃO
INTERPROFISSIONAL E PRÁTICA COLABORATVA EM TERAPIA INTENSIVA:
PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE”, que fazem parte de um dos
pré-requisitos para a obtenção do título de mestre do Programa de Ensino na Saúde
da Faculdade de Medicina (FAMED) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
Foram realizados três produtos, dois deles, voltados para intervenção e
transformação das realidades encontradas no contexto da pesquisa (1 e 2) e um
voltado a socialização de experiências: Foram desenhados nos seguintes formatos:
Produto 1- Feedback Reflexivo configurado em uma reunião para coordenadores e
gestores da equipe estudada; Produto 2: Relatório Técnico constando com um
resumo de toda a pesquisa com ênfase nos resultados que foi entregue

aos

43

coordenados das categorias profissionais e gestores; e Produto 3: Publicações
Científicas com a socialização das experiências em eventos Internacionais.

3.1 Produto 1- Feedback Reflexivo

Título: “Aprender juntos para trabalhar juntos para uma saúde melhor”

3.1.1 Introdução
“Aprender juntos para trabalhar juntos por uma saúde melhor”. Esta
frase abre o documento “Marco para a ação na educação interprofissional e práticas
colaborativas”, publicado em 2010 pela OMS.
A partir da postura majoritariamente discordante dos sujeitos desta pesquisa,
diante das assertivas que abordam a dimensão Identidade Profissional, depreendese que a equipe de profissionais da UTI desconhece a importância da educação
interprofissional e práticas colaborativas na formação do grupo para o trabalho em
equipe.
Também

os

resultados

qualitativos

obtidos,

indicam

que

há

um

aprisionamento na identidade de formação e um desconhecimento da identidade de
grupo. Enxerga-se a necessidade para uma aprendizagem crítica e reflexiva na
construção de perspectivas ampliadas sobre a complexidade do campo da saúde
mais centrado no usuário e não somente na técnica e no procedimento de cada
área, mas contemplando os aspectos biopsicossociais.
As disputas e as divergências estão vinculadas a uma formação profissional
geradora de sentimentos onipotentes, centralizadores e individualistas, os quais
estimulam as barreiras da relação entre os profissionais e, consequentemente,
acabam interferindo nas relações da equipe com os pacientes.
Há relativo consenso em torno da necessidade de mais integração entre
disciplinas, saberes e práticas, sendo que o desafio do desenvolvimento
interdisciplinar há muito alcançou o terreno operacional, tornando-se tema recorrente
no discurso dos profissionais e suas equipes. Não é incomum ouvirmos relatos dos
trabalhadores sobre a irracionalidade advinda

justamente do excesso de

44

racionalização e compartimentalização das práticas profissionais em saúde
(FURTADO, 2007).
Para atender as premissas do SUS, o hospital deve instituir práticas de saúde
e estimular nos profissionais valores que sustentem seu conceito ampliado. O que
requer responsabilização, continuidade da atenção, construção interprofissional de
planos de cuidados, busca de autonomia do usuário e da família, princípios não mais
restritos à atenção básica (FEUERWERKER; CECILIO, 2007; BRASIL, 2005).
A unidade de terapia intensiva (UTI), nas últimas décadas, têm se tornado
uma concentração não somente de pacientes críticos e de tecnologia avançada,
mas também de uma equipe multiprofissional experiente com competências
específicas (NORRENBERG, 2000).
Partiu-se do pressuposto de que a atenção em terapia intensiva demanda
trabalho em equipe com vistas à integralidade no cuidado, e os resultados das
atividades desenvolvidas neste setor dependem de um estreito relacionamento e
conhecimento do papel do outro para complementariedade do serviço. Sendo
necessárias reflexões sobre os resultados desta pesquisa (barreiras, limites e
facilidades) para o desenvolvimento de ações educativas que visem instituir essa
visão ampliada em saúde.

3.1.2 Objetivo

Promover a devolutiva às coordenações das categorias profissionais e às
chefias dos setores, educação e desenvolvimentos de pessoas, recursos humanos e
centro de estudo, sobre a pesquisa realizada com os profissionais da Unidade de
Terapia Intensiva adulta do HGE, sobre educação interprofissional e práticas
colaborativas.

3.1.3 Metodologia

A partir da análise e aprofundamento teórico dos resultados, discussão e
conclusões da pesquisa, verificou-se a necessidade da apresentação dos resultados
para os coordenadores das categorias profissionais, bem como para os gestores dos
setores de desenvolvimentos de pessoas, recursos humanos e centro de estudo. A

45

exposição desses resultados foi proposta em uma reunião no intuito de
desenvolvimento de ações educativas e de aprimoramento para práticas
colaborativas e interprofissionais.
Há necessidade de maior integração entre saberes, práticas e disciplinas para
se alcançar esse desafio. Deve existir um processo de formação e capacitação
permanente de todos os profissionais envolvidos. Para isso é necessário o
conhecimento dos problemas existentes na equipe, no sentido de traçar um plano de
trabalho coletivo, construído entre os atores envolvidos na proposta cuidativa,
baseada nos pressupostos do SUS (FURTADO, 2007; SILVA, 2008).
As ações coordenadas, atitudes colaborativas são uma proposta para a
educação permanente interprofissional; esta dá possibilidades de espaços de
compartimentalização de saberes e fazeres, em que, nesta construção de
pressupostos,

podemos

acreditar

na

diminuição

entre

as

distâncias

das

especificidades, dando caminho à complementaridade, bem como a ênfase de uma
formação profissional generalista (PILORO, 2008; CAMPOS, 1997).
3.1.3.1 Procedimentos
Inicialmente

foi

confeccionada

pela

pesquisadora

uma

carta-convite

(Apêndice E) para a reunião, a qual foi entregue pessoalmente às coordenações de
Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Psicologia e Nutrição e às chefias dos setores
de Gestão e desenvolvimento de Pessoas, Recursos Humanos e Centro de Estudo.
No momento da entrega, a pesquisadora apresentou-se, falou sobre o estudo
desenvolvido, bem como da importância do conhecimento dos seus resultados para
maior respaldo nas ações que objetivam práticas interprofissionais e colaborativas,
tendo como meta a busca de uma assistência integrada.
3.1.3.2 Público-alvo
A reunião foi direcionada para os coordenadores das cinco categorias
profissionais estudadas: medicina, enfermagem, fisioterapia, psicologia e nutrição; e
para as chefias dos setores de educação e desenvolvimento de pessoas, recursos
humanos e centro de estudo.
3.1.3.3 Localização Temporoespacial

46

Foi realizada uma reunião dia 26/02/216, às 9:00 h, na sala 2 do Hospital
Geral do Estado.
3.1.3.4 Aplicação do Produto 1: Feedback Reflexivo
a) Planejamento e execução: Apresentação e socialização dos resultados
A sala foi reorganizada com as cadeiras em semicírculos, com o objetivo de
permitir maior interação entre os convidados; foi entregue a ata de frequência. A
palestra inicial sobre os resultados apoiou-se em recursos multimídia, e teve
duração de 30 minutos. Após a apresentação, foram debatidos os resultados da
pesquisa e sua importância, bem como as possíveis intervenções das chefias juntos
aos profissionais. Estes momentos podem ser observados nas fotos abaixo:

47

b) Ata de frequência

48

c) Avaliação dos participantes

Após a palestra houve o momento de avaliação da importância dos resultados
da pesquisa, e discussão sobre as possíveis ações que deveriam derivar desses
resultados. Alguns relatos foram gravados, transcritos e filmados.
RELATOS
 Coordenador de Fisioterapia:
“Por perceber já há algum tempo problema na interdisciplinaridade e
fragmentação na própria equipe de Fisioterapia, inicialmente tinha
planejado, por uma situação que a própria Elaine trouxe, uma dinâmica,
digo, uma confraternização que marcaremos para maio deste ano, e de
forma informal e afetiva promoveremos uma dinâmica com jogos, que terá o
objetivo de perceber se vão ter atitudes isoladas ou de grupo. E após as
dinâmicas daremos a devolutiva com ajuda da psicóloga Vera Calado.”
“Entendo que existem variáveis imutáveis que geram insatisfação, retirada
da insolubilidade, falta de insumos, questões estruturais que também não
dependem da gente. É necessário resgatar o servidor e suas atividades.
Que esse trabalho reforçou as ideias já propostas”.

 Técnica do Setor de Desenvolvimento/RH:
“Trabalho de grande importância, que com esse diagnóstico ajudará na
formação dos comitês de áreas fechadas, como a UTI, com ações e
propostas para reflexão do grupo no processo de integração.”

 Chefia do RH:

49

“Não entendi, falta de valorização profissional por parte da Gerência?”
Gestão autoritária? Convidamos para reuniões para criação de protocolos
ninguém aparece, aí fazemos sozinho e damos prontos!”

d) Desdobramento do produto 1
Após a realização da reunião foi apontado o seguinte encaminhamentos:
Convocação aos servidores para reunião de planejamento de ações para EIP e PC,
por iniciativa da gestão, realizada no dia 3 de março de 2016 na sala 3 do HGE,
documentada na figura abaixo.

3.2 Produto 2: Elaboração de relatório técnico sobre a pesquisa

Relatório Técnico
Maceió, 19/04/2016

O interesse ao desenvolvimento desse estudo surgiu, inicialmente, pelas
reflexões e experiências acumuladas como fisioterapeuta integrante de uma equipe
multiprofissional por 12 anos em uma unidade terapia intensiva adulto de hospitais
da rede publica, reforçado pelas exigências de mudanças do SUS que estabelece,
entre outras premissas, a integralidade da assistência do cuidado em saúde,

50

condenando o modelo biomédico, fragmentado, que privilegia o fracionamento do
cuidado e a especialização.
Questionei

se

seria

possível

manter

relações

interprofissionais

e

colaborativas, embora não livres de conflitos, e assumi o desafio de enveredar por
trilhas emergentes, buscando descobrir se a equipe de saúde em terapia intensiva
apresenta disponibilidade e prontidão para trabalhar com princípios da educação
interprofissional e práticas colaborativas para uma assistência resolutiva e integrada
do paciente crítico.
Este estudo teve como objetivo conhecer a disponibilidade e prontidão para a
educação Interprofissional e para prática colaborativa em terapia intensiva. A
pesquisa realizada foi de caráter exploratório, com metodologias quantitativa e
qualitativa, realizada na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Geral do Estado,
após aprovação no CEP com parecer de número 1.033.317.
Participaram

da

pesquisa

43

profissionais,

dentre

estes,

médicos,

enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas integrantes das equipes
multiprofissionais da Unidade de Terapia Intensiva adulto. A coleta de dados foi
realizada com o questionário que avalia a disponibilidade interprofissional - RIPLS
(The Readiness for Interprofessional Learning Scale) validado por Peduzzi e Norman
(2012) e duas perguntas abertas que focalizaram facilidades, barreiras para a
educação interprofissional e prática colaborativa.
Utilizou-se estatística descritiva e correlações estatística para a análise dos
dados quantitativos, organizados e tabulados em planilhas eletrônicas excel e o
software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 22.0, teste de
correlação ANOVA. Para os dados qualitativos foi realizada análise temática, uma
das técnicas de análise de conteúdos.
Nos resultados evidenciou-se que a maioria dos pesquisados era do sexo
feminino 67,4%, idade média de 36,7 anos e tempo médio de formados 12 anos.
Nos

dados

quantitativos

encontramos

prontidão

da

equipe

ao

trabalho

interprofissional e prática colaborativa nas três dimensões do questionário RIPLS,
trabalho em equipe e colaboração, identidade profissional e atenção centrada no
paciente.

51

Com o cruzamento dos dados quanti-quali com a análise das falas
encontramos consonâncias nas dimensões trabalho em equipe e colaboração e
atenção centrada no paciente e fragilidades e divergência na dimensão identidade
profissional. Evidenciaram-se fatores facilitadores do trabalho de equipe e prática
interprofissional: presença do diarista; discussão após a visita ao leito e definição de
condutas (protocolos); a jovialidade da equipe facilita comunicação. Dentre as
barreiras foram relatados fatores pessoais; de identidade de formação e de
infraestrutura,

como:

dificuldade

de

compartilhar

conhecimento;

resistência

profissional ao trabalho colaborativo; indefinições de papéis e trabalho individual
dentro de categorias de referência; desconhecimento do outro e pouca valorização
profissional, melhoramento da infraestrutura da UTI e falta de insumos para
assistência adequada
O estudo demonstrou que os profissionais de saúde da terapia intensiva
percebem de maneira positiva o trabalho em equipe e prática interprofissional para o
desenvolvimento de uma assistência integrada e centrada nas reais necessidades
do paciente, mas com fragilidade no eixo identidade profissional. Os resultados
demonstram também a necessidade de estabelecer momentos de reflexão com toda
a equipe de saúde da terapia intensiva para que haja melhor consciência das
dificuldades e facilidades identificadas naquele contexto, a fim de melhorar a
comunicação e o relacionamento entre os profissionais para efetiva educação
interprofissional e prática colaborativa na perspectiva do cuidado integral e eficiente
ao paciente crítico.
3.3 Produto 3 – Publicações Científicas
Socialização

em

eventos

internacionais

da

experiência

e

vivências

decorrentes da pesquisa sobre educação e prática interprofissionais numa UTI. O
artigo gerou dois recortes do estudo que foram submetidos e aprovados no 12º
Congresso Internacional da Rede Unida em Campo Grande (publicado em edição
suplementar da Revista Saúde em Redes, ISSN 2446-48113, V.2 n.1, em março de
2016) (Anexo D) e no Congresso Ibero Americano de Pesquisa Qualitativa, realizado
em julho do presente ano na cidade do Porto, Portugal, com o artigo intitulado,
“Identidade Profissional e Prática Colaborativa em Unidade de Terapia Intensiva”
(Anexo E).

52

3.3.1 12º Congresso Internacional da Rede Unida “Facilidades e limites para o
trabalho em equipe e prática interprofissional em terapia intensiva:
Perspectiva dos profissionais da saúde”.
Resumo
Apresentação: Diante das premissas do Sistema Único de Saúde, o hospital deve
instituir a integralidade como um eixo organizador das práticas de saúde e estimular
nos profissionais valores que sustentem um conceito ampliado de saúde. O cuidado
integral requer um estreito relacionamento entre os membros da equipe e a
colaboração interprofissional. Objetivo Geral: Conhecer as facilidades e dificuldades
para o trabalho em equipe e para prática colaborativa em terapia intensiva.
Percurso Metodológico: A pesquisa realizada foi de caráter exploratório, com
metodologia qualitativa, realizada na Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital
Público de Urgência e Emergência após aprovação no CEP com parecer de número
1.033.317. Participaram da pesquisa 40 profissionais, dentre estes, médicos,
enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas integrantes das equipes
multiprofissionais da unidade de terapia intensiva adulto. A coleta de dados foi
realizada com um questionário aberto. Como procedimentos de análise de dados, foi
realizada análise temática, uma das técnicas de análise de conteúdos. Inicialmente,
trabalhou-se na organização dos documentos selecionados e na transcrição das
entrevistas. Em seguida, foi realizada a leitura flutuante e a identificação do material
de análise, constituindo assim o corpus da pesquisa. Por fim, foram identificadas as
unidades de registro e de contexto para a formulação das categorias de análise e
interpretação dos núcleos de significação encontrados. Resultados: Os sujeitos da
pesquisa evidenciaram como fatores facilitadores do trabalho de equipe e prática
interprofissional: presença do diarista; discussão após a visita ao leito; definição de
condutas (protocolos); conhecimento e jovialidade da equipe facilita comunicação;
objetivos comuns centrados no paciente. Dentre as dificuldades foram relatados
fatores dificultadores pessoais, como: dificuldade de compartilhar conhecimento;
resistência profissional ao trabalho colaborativo. Mas também fatores institucionais,
como: indefinições de papéis e trabalho individual dentro de categorias de
referência. Como sugestões para o aprimoramento da equipe foram apontadas a

53

educação permanente; discussão de casos clínicos com a equipe multiprofissional;
melhoramento da infraestrutura; conhecer o outro e valorização profissional;
elaboração de protocolos. Considerações Finais: O estudo demonstrou que os
profissionais de saúde da terapia intensiva percebem de maneira positiva o trabalho
em equipe e prática interprofissional para o desenvolvimento de uma da assistência
integrada e centrada nas reais necessidades do paciente. Os resultados
demonstram também a necessidade de estabelecer momentos de reflexão com toda
a equipe de saúde da terapia intensiva para que haja melhor consciência das
dificuldades e facilidades identificadas naquele contexto, a fim de melhorar a
comunicação e o relacionamento entre os profissionais.
3.3.2 5º Congresso Ibero Americano de Pesquisa Qualitativa “Identidade Profissional
e Prática Colaborativa em Unidade de Terapia Intensiva”.

RESUMO: O estudo teve como objetivo identificar a dinâmica da identidade
profissional no desempenho da prática colaborativa de uma equipe
multiprofissional que atua em terapia intensiva. Os dados foram coletados por
meio de um questionário aberto com duas perguntas escritas que enfocavam
quais as facilidades, limites e barreiras para alcançar uma prática colaborativa.
Estes foram submetidos à análise temática. Foi possível evidenciar que a
equipe estudada encontra-se em transição entre as aspirações profissionais e
corporativistas e a prática colaborativa. As disputas e as divergências estão
vinculadas a uma formação profissional geradora de sentimentos onipotentes,
centralizadores e individualistas, os quais estimulam as barreiras da relação
entre os profissionais e, consequentemente, interferem nas relações da equipe
e no desempenho da prática colaborativa.
Palavras-chave:

Identidade

Multiprofissional da Saúde.

Profissional.

Prática

Colaborativa.

Equipe

54

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SAITO, R.X.S. Saúde da família: considerações teóricas e aplicabilidade. São Paulo:
Martinari, 2008, p.101-113.

55

CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TRABALHO ACADÊMICO

O MPES representa na minha vida acadêmica e profissional um divisor de
águas. Com ele ampliei minha visão tanto como professora do ensino superior como
profissional fisioterapeuta de uma equipe multiprofissional.
Compreendi que o processo saúde-doença necessita de um conceito
ampliado do cuidado, em que não há mais espaço para profissionais com formação
fragmentada e restrita a sua especialidade. Entendi que as demandas em saúde
requerem maior complexidade, autonomia do usuário e contexto social, não sendo
permitido continuarmos presos e limitados com apologia às hierarquias das
profissões em saúde. É inexorável a contribuição das diversas profissões no
processo de recuperação do usuário para adequada assistência.
A minha pesquisa objetivou identificar a atitude e prontidão para educação
interprofissional e prática colaborativa da equipe multiprofissional de terapia
intensiva. Esta gerou um artigo intitulado “Educação Interprofissional e Prática
Colaborativa em terapia Intensiva: Perspectiva dos Profissionais da Saúde”. Foram
realizados três produtos, dois deles, voltados para intervenção e transformação das
realidades encontradas no contexto da pesquisa (1 e 2) e um voltado a socialização
de experiências: Foram desenhados nos seguintes formatos: Produto 1- Feedback
Reflexivo configurado em uma reunião para coordenadores e gestores da equipe
estudada;

Produto 2: Relatório Técnico constando com

um resumo de toda a

pesquisa com ênfase nos resultados que foi entregue

aos coordenados das

categorias profissionais e gestores; e Produto 3: Publicações científicas

com a

socialização das experiências em eventos Internacionais.
Dois recortes do artigo foram aprovados no 12º Congresso Internacional da
Rede Unida em Campo Grande. “Facilidades e limites para o trabalho em equipe e
prática interprofissional em terapia intensiva: Perspectiva dos profissionais da
Saúde”.

Publicado em edição suplementar da Revista Saúde em Redes, ISSN

2446-48113, V.2 n.1, em março de 2016 (Anexo D). O outro no Congresso Ibero
Americano de Pesquisa Qualitativa, realizado em julho do presente ano na cidade do

56

Porto, Portugal, intitulado “Identidade Profissional e Prática Colaborativa em Unidade
de Terapia Intensiva”. (Anexo E)
Foi possível evidenciar uma transição entre as aspirações profissionais e
corporativistas e a colaboração interprofissional. As disputas e as divergências estão
vinculadas a uma formação profissional geradora de sentimentos onipotentes,
centralizadores e individualistas, os quais estimulam as barreiras da relação entre os
profissionais e, consequentemente, acabam interferindo nas relações da equipe com
os pacientes.
Este estudo alcançou os objetivos propostos e possibilitou a reflexão sobre a
educação interprofissional no contexto da UTI de um hospital de urgência e
emergência. Porém, tendo em vista que os grupos estão em constante modificação,
sugere-se a realização de estudos longitudinais com grupos em diferentes fases de
desenvolvimento.
Entende-se que tais pesquisas caracterizam-se como excelentes oportunidades
de explorar essa temática de modo processual, ampliando o entendimento de sua
evolução e auxiliando no avanço desse campo do conhecimento. Os elementos
deste trabalho acadêmico de conclusão de curso (TACC) vêm contribuir com a
literatura sobre o tema, visto que é escassa a produção, principalmente tendo como
foco a terapia intensiva.
Por fim, pude concluir que o MPES proporcionou minha inserção no mundo
cientifico , possibilitando usar essa preciosa ferramenta para qualificar e transformar
minha prática.

REFERÊNCIAS DO TRABALHO ACADÊMICO
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saúde. Interface, Botucatu, v. 20, n. 56, p. 147-158, mar. 2016.

60

APÊNDICE A
TCLE – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Gostaríamos de convidá-lo a participar da pesquisa intitulada “Educação e prática
interprofissional em terapia intensiva: perspectiva dos profissionais da saúde” que será
realizada na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Geral do Estado e recebi da Sra. Rosana
Quintella Brandão Vilela de Coordenadora do Núcleo de Educação Médica da Faculdade de Medicina
(FAMED/UFAL), responsável por sua execução, as seguintes informações que me fizeram entender
sem dificuldades e sem dúvidas os seguintes aspectos: que este estudo se destina a avaliar a
atuação dos preceptores de terapia intensiva quanto aos princípios da educação e prática
interprofissional; deseja identificar princípios do trabalho interprofissional presente na equipe;
descrever a contribuição do trabalho interprofissional com vista ao cuidado integral ao paciente na
unidade de terapia intensiva; levantar os desafios no diálogo do saber entre os profissionais e
discentes na prestação da assistência ao usuário; conhecer as sugestões para o aprimoramento da
educação e prática interprofissional com vista ao desempenho da assistência integral e investigar a
percepção dos discentes sobre a prática interprofissional em terapia intensiva; considerando que a
importância desse estudo baseia-se na redução de muitos desafios enfrentados pelos sistemas de
saúde no mundo sendo pouco estudada em nosso país, principalmente quando enfocamos o
atendimento hospitalar em unidade de terapia intensiva, sendo assim, um estudo criterioso sobre a
atuação e formação interprofissional na perspectiva de preceptores e discentes atuantes neste
cenário é um dos principais caminhos para entendermos a atual situação da formação e a prestação
de serviço em terapia intensiva, e com esse conhecimento, analisarmos os meios e estratégias que
podem ser estabelecidos para adequá-las as necessidades atuais dessa população. Os resultados
que se desejam alcançar é o conhecimento dessa atuação e que esse conhecimento seja refletido
criticamente e possa ser aplicado nas rotinas de trabalho dos profissionais integrantes das equipes
multiprofissionais das unidades de terapia intensiva, melhorando assim a qualidade assistencial
prestada ao paciente crítico. Terá início planejado para começar maio de 2015 e terminar em
fevereiro de 2016.
O (a) Senhor (a) participará do estudo da seguinte maneira: serão abordados em momento
oportuno em seu respectivo ambiente de trabalho pela pesquisadora do estudo, a qual informará aos
mesmos os objetivos da pesquisa, caso aceite participar, será entregue o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido junto com o questionário de pesquisa, que deverão ser assinados e
posteriormente entregues a de volta pesquisadora. Sabendo que os possíveis riscos à sua saúde
física e mental são o possível transtorno que a pesquisadora pode causar, devido à coleta de dados
ser realizada em horário de trabalho e/ou pelos possíveis conflitos gerados entre os integrantes da
equipe em decorrência do tema abordado. Possível constrangimento causado pela exposição das
idéias do sujeito, devido à metodologia usada na pesquisa e desconforto por ser uma avaliação
indireta sobre o conhecimento a respeito do tema, e serão minimizados buscando sempre o momento
mais oportuno para abordar os profissionais; serão informados que os questionamentos da pesquisa
devem ser respondidos individualmente, sem que outros membros da equipe participem, e que as
respostas serão analisadas como coletivo o que minimiza sua exposição.
Os benefícios previstos com a sua participação são: reflexões sobre sua atuação, se ela
segue os conceitos de interprofissionalidade, visando melhorar a qualidade assistencial prestada ao
paciente crítico, e dessa forma possa aplicar este modelo nas suas rotinas de trabalho. Senhor (a) é
livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer
momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar qualquer
penalidade ou perda de benefícios. A pesquisadora irá tratar a sua identidade com padrões
profissionais de sigilo. Os resultados serão enviados para você e permanecerão confidenciais. Seu
nome ou material que indique a sua participação não será liberado sem a sua permissão. Senhor (a)
não será identificado (a) em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo. Uma cópia deste
consentimento informado será arquivada na Coordenação do Mestrado Profissional em Ensino na
Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas e outra será fornecida a você.

61

A participação no estudo não acarretará custos para você e não será disponível nenhuma
compensação financeira adicional. No caso de você sofrer algum dano decorrente dessa pesquisa,
será indenizado.
O (a) Senhor (a) tendo compreendido o que lhe foi informado sobre a sua participação
voluntária no estudo “Educação e prática interprofissional em terapia intensiva: perspectiva do
preceptor e discente da saúde”, consciente dos seus direitos, das suas responsabilidades, dos
riscos e dos benefícios que terá com a sua participação, concordará em participar da pesquisa
mediante a sua assinatura deste Termo de Consentimento.
Ciente,
______________________________________________________DOU
O
CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU TENHA SIDO FORÇADO OU OBRIGADO.

MEU

Endereço do(a) participante voluntário(a):
Residência:(rua)..............................................................................Bloco: .........
Nº:............., complemento: .........................................................................Bairro: ......................
Cidade:..................................................CEP.:....................Telefone:....................
Ponto de referência: ...............................................................................................................................

Pesquisador: Elaine Amado
Endereço: Rua Pedro Américo, 776; Bairro Poço; CEP: 57025-890 Maceió/ Al. Contato: 82
96232261
Instituição: Universidade Federal de Alagoas, Campus A.C. Simões, Cidade Universitária.

ATENÇÃO: Para informar ocorrências irregulares ou danosas durante a sua participação no estudo,
dirija-se ao:
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas
Prédio da Reitoria, 1º Andar, Campus A. C. Simões, Cidade Universitária, Telefone: 3214-1041

Maceió, 11 de março de 15

Elaine Amado

Rosana Quintella Brandão Vilela______________________
Assinatura ou impressão
datiloscópica d(o,a) voluntári(o,a)
ou responsável legal e rubricar as
demais folhas

Nome e Assinatura do(s) responsável(eis) pelo estudo (Rubricar as
demais páginas)

62

APÊNDICE B
Questionário Aberto
Título: EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL E PRÁTICA COLABORATIVA EM
TERAPIA INTENSIVA: VISÃO DO PROFISSIONAL DA SAÚDE

I Questionário de Medida da Disponibilidade para Aprendizagem Interprofissional
(Peduzzi, Norman, 2012) - Readiness for Interpofessional Learning Scale – RIPLS
(Parsell, Bligh, 1999; Mattick, Bligh, 2007)
Idade: _____________
Gênero:
Masculino
[ ] Feminino
Profissão: ______________________
Ano Conclusão: _________________
e-mail: ______________________________________________________________________
Horário de preenchimento do questionário: Início: ___ : ___h
Término: ___ : ___h

[

]

II - Perguntas:
Enfim, entendendo como educação interprofissional quando duas ou mais profissões aprendem
sobre os outros, com os outros e entre si para efetiva colaboração e melhora dos resultados em
saúde. E prática colaborativa entendida quando profissionais de diferentes áreas prestam serviços
com base na integralidade da saúde do paciente (OMS, 2010).
Pergunta-se:

1. Quais as facilidades encontradas na sua equipe de terapia intensiva para formação
interprofissional e prática colaborativa?
2. Quais as barreiras encontradas na sua equipe de terapia intensiva para formação
interprofissional e prática colaborativa?

63

APÊNDICE C
Médias das Assertivas da 1ª Dimensão TEC
Médias das Assertivas que compõem a Dimensão1 TEC nos profissionais de saúde da UTI Geral do
HGE, 2015

Nº
1

TEC - Afirmativas

Médias

A aprendizagem junto com outros profissionais ajudou a me tornar
um participante mais efetivo de uma equipe de saúde.

4,65

Conforto

2

3

4

5

6

Em última análise os pacientes seriam beneficiados se
profissionais da área da saúde trabalhassem juntos para resolver
os problemas dos pacientes.

4,81

Aprendizagem compartilhada com outros profissionais da área da
saúde aumentou minha capacidade de compreender problemas
clínicos.

4,60

A aprendizagem junto com outros profissionais da área da saúde
durante a graduação melhora os relacionamentos após a
graduação.

4,30

Habilidades de comunicação deveriam ser aprendidas junto com
outros profissionais da área da saúde.

4,23

A aprendizagem compartilhada me ajudou a pensar positivamente
sobre outros profissionais.

4,30

Conforto

Conforto

Conforto

Conforto

Conforto

7

8

Para que a aprendizagem em pequenos grupos funcione, os
profissionais precisam confiar e respeitar uns aos outros.

4,74

Habilidades de trabalho em equipe são essenciais
aprendizagem de todos os profissionais da área da saúde.

4,58

na

Conforto

64

Conforto

9

A aprendizagem compartilhada me ajudou a compreender minhas
próprias limitações.

4,33
Conforto

10

Considerando minha graduação, não desperdiçaria meu tempo
aprendendo junto com estudantes de outras profissões da saúde.

4,28

Conforto

11

Habilidades para solução de problemas clínicos só devem ser
aprendidas com profissionais do meu próprio curso.
4,21

Conforto

12

A aprendizagem compartilhada com profissionais de outras
profissões da saúde ajudou a me comunicar melhor com os
pacientes e outros profissionais.

Conforto

4,30

13

Gostaria de ter a oportunidade de trabalhar em projetos, em
pequenos grupos, com profissionais de outras profissões da saúde.

4,35

Conforto

14

A aprendizagem compartilhada ajudou a esclarecer a natureza dos
problemas dos pacientes.

4,42

Conforto

15

A aprendizagem compartilhada durante a graduação contribuiu
para tornar-me um profissional que trabalha melhor em equipe.

4,23

Conforto

65

APÊNDICE D
Médias das Assertivas da 3ª Dimensão ACP
Médias das Assertivas que compõem a Dimensão 3 ACP do PIPLS aplicado em profissionais da
UTI, HGE,2016.

Afirmações D3- ACP

Médias

Gosto de entender o problema na perspectiva do paciente.

4,28

23

Estabelecer uma relação de confiança com meus pacientes é
importante para mim. (Situação do paciente)

4,67

24

Procuro transmitir compaixão aos meus pacientes. (Situação
do paciente)

3,86

25

Pensar no paciente como uma pessoa é importante para
indicar o tratamento correto. (Situação do paciente)

4,53

26

Na minha profissão são necessárias habilidades de interação
e cooperação com os pacientes. (Situação do paciente)

4,67

Nº
22

Zonas

Conforto

Fonte da autora, UTI/HGE- Al, 2015.

Conforto
Conforto
Conforto
Conforto

66

APÊNDICE E
Carta-Convite para os Gestores

Maceió, 24/02/2016
Coordenação de Fisioterapia
Senhor (a)...

Venho comunicar que a reunião inicialmente marcada para dia 26 de fevereiro
de 2016 foi cancela e remarcada para sexta-feira dia 26/02/216 as 9:00 h na sala 2
do HGE. Com o objetivo de permitir maior integração e participação de todas as
coordenações e chefias de setores que visam desenvolvimento e educação de seus
profissionais. Relembrado que será uma devolutiva e possibilidade de escuta da
gestão

para

os

meios

de

viabilização

de

intervenção

com

foco

na

interprofissionalidade e prática colaborativa na terapia intensiva. A pesquisa que
será exposta, faz parte de uma dissertação de mestrado profissional do Programa
de Ensino na Saúde da Faculdade de Medicina (FAMED) da Universidade Federal
de Alagoas (UFAL).

Certa do Apoio e Compreensão,
Agradeço antecipadamente.
Elaine Amado (Fisioterapeuta da UTI Geral )
Contato: 996232261

67

ANÊXO A
Escala de Medida da Disponibilidade para Aprendizagem Interprofissional (Peduzzi, Norman,
2012) - Readiness for Interpofessional Learning Scale – RIPLS (Parsell, Bligh, 1999; Mattick,
Bligh, 2007)

2

3

4

5
6
7
8
9
10

11
12

13

14
15

Discordo
totalmente

A aprendizagem junto com outros profissionais ajudou a me
tornar um participante mais efetivo de uma equipe de saúde.
Em última análise os pacientes seriam beneficiados se
profissionais da área da saúde trabalhassem juntos para
resolver os problemas dos pacientes.
Aprendizagem compartilhada com outros profissionais da
área da saúde aumentou minha capacidade de compreender
problemas clínicos.
A aprendizagem junto com outros profissionais da área da
saúde durante a graduação melhora os relacionamentos
após a graduação.
Habilidades de comunicação deveriam ser aprendidas junto
com outros profissionais da área da saúde.
A aprendizagem compartilhada me ajudou a pensar
positivamente sobre outros profissionais.
Para que a aprendizagem em pequenos grupos funcione, os
profissionais precisam confiar e respeitar uns aos outros.
Habilidades de trabalho em equipe são essenciais na
aprendizagem de todos os profissionais da área da saúde.
A aprendizagem compartilhada me ajudou a compreender
minhas próprias limitações.
Considerando minha graduação, não desperdiçaria meu
tempo aprendendo junto com estudantes de outras
profissões da saúde.
Habilidades para solução de problemas clínicos só devem
ser aprendidas com profissionais do meu próprio curso.
A aprendizagem compartilhada com profissionais de outras
profissões da saúde ajudou a me comunicar melhor com os
pacientes e outros profissionais.
Gostaria de ter a oportunidade de trabalhar em projetos, em
pequenos grupos, com profissionais de outras profissões da
saúde.
A aprendizagem compartilhada ajudou a esclarecer a
natureza dos problemas dos pacientes.
A aprendizagem compartilhada durante a graduação
contribuiu para tornar-me um profissional que trabalha
melhor em equipe.

Discordo

1

Nem concordo,
nem discordo

Afirmações

Concordo

Nº

Concordo
totalmente

DIMENSÃO 1. TRABALHO EM EQUIPE E COLABORAÇÃO

5

4

3

2

1

5

4

3

2

1

5

4

3

2

1

5

4

3

2

1

5

4

3

2

1

5

4

3

2

1

5

4

3

2

1

5

4

3

2

1

5

4

3

2

1

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

5

4

3

2

1

5

4

3

2

1

5

4

3

2

1

5

4

3

2

1

68

17
18
19
20
21

Discordo
totalmente

A função dos demais profissionais da saúde é
principalmente apoio aos médicos.
Preciso adquirir muito mais conhecimentos e habilidades
que profissionais de outras profissões da saúde.
Eu me sentiria desconfortável se outros profissionais da área
da saúde soubessem mais sobre um tópico do que eu.
Serei capaz de usar frequentemente o meu próprio
julgamento no meu papel profissional.
Chegar a um diagnóstico é a principal função do meu papel
profissional.
Minha principal responsabilidade como profissional é tratar
meu paciente.

Discordo

16

Nem concordo,
nem discordo

Afirmações

Concordo

Nº

Concordo
totalmente

DIMENSÃO 2. IDENTIDADE PROFISSIONAL

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

Nº

Afirmações

Concordo
totalmente

Concordo

Nem concordo,
nem discordo

Discordo

Discordo
totalmente

DIMENSÃO 3. ATENÇÃO CENTRADA NO PACIENTE

22

Gosto de entender o problema na perspectiva do paciente.

5

4

3

2

1

23

Estabelecer uma relação de confiança com meus pacientes
é importante para mim.
Procuro transmitir compaixão aos meus pacientes.

5

4

3

2

1

5

4

3

2

1

Pensar no paciente como uma pessoa é importante para
indicar o tratamento correto.
Na minha profissão são necessárias habilidades de
interação e cooperação com os pacientes.

5

4

3

2

1

5

4

3

2

1

24
25
26

69

ANÊXO B
Validação de Instrumento de Medida do aprendizado interprofissional para o
trabalho em equipe

70

ANEXO C
Parecer de Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa – UFAL

71

72

ANEXO D
Certificado do 12º Congresso Internacional da Rede Unida

73

ANEXO E
Certificado do 5º Congresso Ibero Americano em Investigação Qualitativa