8- Ivanilde Miciele da Silva Santos - COMPETÊNCIAS PARA O FARMACÊUTICO ATUANTE NA GESTÃO EM SAÚDE: UM ESTUDO DELPHI
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE
IVANILDE MICIELE DA SILVA SANTOS
COMPETÊNCIAS PARA O FARMACÊUTICO ATUANTE NA GESTÃO EM SAÚDE:
UM ESTUDO DELPHI
MACEIÓ-AL
2017
IVANILDE MICIELE DA SILVA SANTOS
COMPETÊNCIAS PARA O FARMACÊUTICO ATUANTE NA GESTÃO EM SAÚDE:
UM ESTUDO DELPHI
Trabalho
Acadêmico
de
Mestrado
apresentado ao Programa de PósGraduação em Ensino na Saúde da
Faculdade de Medicina – FAMED, da
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
como requisito parcial para obtenção do
título de Mestra em Ensino na Saúde.
Orientadora: Profa. Dra. Rosana Quintella
Brandão Vilela.
Coorientador:
Maceió-AL
2017
Prof. Dr.
Freitas.
Daniel
Antunes
Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central
Divisão de Tratamento Técnico
Bibliotecária Responsável: Helena Cristina Pimentel do Vale
S237c
Santos, Ivanilde Miciele da Silva.
Competências para o farmacêutico atuante na gestão em saúde: um estudo
Delphi / Ivanilde Miciele da Silva Santos. – 2017.
145 f. : il.
Orientadora: Rosana Quintella Brandão Vilela.
Coorientador: Daniel Antunes Freitas.
Dissertação (Mestrado Profissional de Ensino da Saúde) – Universidade Federal
de Alagoas. Faculdade de Medicina. Núcleo de Saúde Pública. Maceió, 2017.
Inclui bibliografia, apêndices e anexos.
1. Ensino superior. 2. Diretrizes curriculares nacionais. 3. Farmácia. 4. Gestão
em saúde. I. Título.
CDU: 61:378
Dedico este trabalho acadêmico a minha
amada mãe, Maria Antônia, pois desde
muito pequenina me mostrou, com
exemplos, a importância do estudo, da
disciplina, responsabilidade e dedicação.
Continuamente
me
incentivando
a
crescer, aprender e buscar novos
conhecimentos. Fazendo-me enxergar
que o saber nunca é demais e só temos a
ganhar com ele, sempre me falando sua
sábia frase “O saber morre com o dono”.
AGRADECIMENTO
Agradeço
A Deus, que me deu força para superar os momentos mais difíceis dessa
caminhada. Os obstáculos foram muitos, mas Ele sempre esteve ao meu lado me
conduzindo e não me deixando desistir nas muitas vezes em que pensei em fazê-lo.
Não poderia deixar de citar a frase que me acompanhou nessa jornada,
concedendo-me ânimo para continuar: Tudo posso Naquele que fortalece.
Aos meus amados pais, que com amor, luta e sacrifícios proporcionaram
minha formação dentro de uma educação de respeito e integridade moral. Em
especial a minha amada mãe, que sempre esteve ao meu lado nessa jornada, me
fortalecendo, motivando, acreditando em mim quando eu mesma não acreditava.
Essa vitória é para você, que sempre me deu orgulho e a quem agora eu posso
retribuir ofertando este singelo orgulho em me ver titulada em Mestra.
A minha querida e admirável orientadora Dra. Zana, sempre firme e concisa
em suas recomendações e com isso me ajudou a ser mais objetiva em minhas
ideias e escrita acadêmica. Uma mulher extraordinária, inteligente e acima de tudo
de uma humanidade e compreensão ímpares, que entendeu todas as dificuldades e
obstáculos vivenciados por mim durante essa jornada do saber.
A banca avaliadora, que muito contribuiu para o enriquecimento deste
trabalho, sempre com generosidade, respeito e consideração a minha pessoa.
Ao meu grande e eterno amor Fernando, que mesmo com a saudade de 25
anos distantes, a alegria de um reencontro e a dor da distância, entendeu as tantas
vezes em que eu não podia conversar via Skype porque precisava realizar minha
pesquisa ou escrever a dissertação. E mesmo agora que, finalmente, estamos juntos
fisicamente, compreende minhas ausências e isolamento para escrever a defesa do
Mestrado.
Aos meus colegas de Mestrado, que embarcaram nessa jornada, onde
descobrimos que juntos somos mais fortes.
Ao Programa de Mestrado Profissional Ensino na Saúde e aos meus
professores, que me mostraram um novo mundo, novos saberes e contribuíram,
cada um ao seu modo, para o meu crescimento pessoal e profissional.
Aos
colegas
especialistas
farmacêuticos
que
foram
os
verdadeiros
protagonistas dessa história e contribuíram de forma efetiva para melhorarmos a
gestão em saúde em Alagoas com os frutos deste estudo.
Aos conselheiros do Conselho Regional de Farmácia de Alagoas e aos
membros do NDE e Colegiado do curso de Farmácia do Centro Universitário
Cesmac, pela disponibilidade em, após um dia exaustivo de atividades, doarem um
pouco de seu tempo para assistir à apresentação dos resultados da pesquisa e
contribuir com a sua efetivação.
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento
desta pesquisa.
Meu eterno e carinhoso obrigada!
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
Cora Coralina
RESUMO GERAL
A sociedade, a economia e o mercado exigem cada vez mais do farmacêutico uma
mudança em sua prática e cultura profissionais, não devendo atuar apenas com um
técnico, mas também como um gestor. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN)
estabelecem a competência de administração e gerenciamento no currículo
farmacêutico, a qual foi eleita para esta pesquisa. A proposta de atualização das
atuais DCN do curso de Farmácia – PADCNF– torna essa competência um dos três
eixos que embasam o currículo: gestão em saúde. O estudo objetivou definir as
competências necessárias aos profissionais de Farmácia que atuam na Gestão em
Saúde, visando contribuir assim para a concretização das reformas pedagógicas no
âmbito de uma Instituição de Ensino Superior privada do Nordeste brasileiro, nos
marcos das orientações internacionais e das Diretrizes Curriculares Nacionais.
Pesquisa descritiva utilizando-se o método Delphi, realizada na cidade de MaceióAL. A amostra constituiu-se de cinco farmacêuticos atuantes na gestão. Na primeira
rodada elencaram-se as competências de gestão, na segunda rodada um consenso
das competências e na terceira rodada ordenação por grau de importância. Os
resultados das rodadas foram organizados em quadros e tabelas do seguinte modo:
competências e características de um bom gestor elencadas pelos especialistas;
competências correlacionadas às ações-chave e desempenhos do eixo de gestão
em saúde da PADCNF; matriz de competências à luz dos quatro pilares da
educação; matriz de competências apuradas com nível de concordância;
ponderações dos especialistas; ordem de importância das competências
correlacionadas às ações-chave da PADCNF e pilares da educação. As 10
competências elencadas por ordem de importância foram: ser capaz de gerir
pessoas, demonstrar liderança, dominar conhecimento da área de gestão,
demonstrar compromisso, dominar as leis que regem a área de atuação, ser capaz
de empreender, demonstrar firmeza nas decisões, demonstrar disciplina, demonstrar
saber ouvir e ser capaz de articular ideias. A partir destes resultados foram
desenvolvidos três produtos: elaboração de um Relatório técnico; Reunião como
Colegiado e Núcleo Docente Estruturante – NDE do curso de Farmácia da instituição
de ensino em que a mestranda está vinculada profissionalmente e o Conselho
Regional de Farmácia de Alagoas para entrega e apresentação do relatório técnico,
discussão de propostas e sugestões sobre o tema e a confecção de uma Matriz de
Competências para ser utilizada como instrumento avaliativo. A apresentação dos
resultados foi uma iniciativa que qualificou a pesquisa, possibilitando um momento
de discussão e contribuição de profissionais e docentes. Além disso, permitiu atingir
os propósitos do Mestrado Profissional, demonstrando uma oportunidade de
avaliação crítica e transformadora nos espaços de prática educativa e profissional.
Observou-se que a ação-chave de acompanhamento e avaliação do trabalho em
saúde não foi enfatizada. Tomando como referencial os pilares da educação, foi
visto que o pilar de aprender a viver juntos obteve pouca ênfase, o que impacta no
desenvolvimento do trabalho em equipe. Identifica-se neste estudo a necessidade
de superar os modelos dominantes de educação e prática uniprofissional, os quais já
não respondem mais aos desafios e à complexidade das necessidades de saúde.
Palavras-chave: Competências. Diretrizes Curriculares Nacionais. Farmácia.
Gestão em saúde.
GENERAL SUMMARY
Society, the economy and the market increasingly require the pharmacist to change
their professional practice and culture, not only with a technician but also as a
manager. The National Curriculum Guidelines (NCDs) set the management and
management competency in the pharmacy curriculum, which was elected for this
research. The proposal to update the current DCN of the Pharmacy course PADCNF - makes this competence one of the three axes that underlie the curriculum:
health management. The aim of this study was to define the necessary competencies
for Pharmacy professionals who work in Health Management, in order to contribute
to the accomplishment of pedagogical reforms within the scope of a Private Higher
Education Institution of the Brazilian Northeast within the framework of international
guidelines and the National Curricular Guidelines . Descriptive research using the
Delphi method, performed in the city of Maceió-AL. The sample consisted of five
pharmacists active in the management. In the first round were listed management
skills, in the second round a consensus of skills and in the third round ordering by
degree of importance. The results of the rounds were organized in tables and tables
as follows: skills and characteristics of a good manager listed by the specialists;
Competencies correlated to the key actions and performances of PADCNF's health
management axis; Matrix of competencies in the light of the four pillars of education;
Matrix of competencies with level of agreement; Specialists' weights; Order of
importance of the competencies correlated to the key actions of the PADCNF and
pillars of education. The 10 competencies listed in order of importance were: being
able to manage people, demonstrate leadership, master management knowledge,
demonstrate commitment, master the laws that govern the area of action, be able to
undertake, demonstrate firmness in decisions, demonstrate Discipline, demonstrate
knowing how to listen and be able to articulate ideas. From these results were
developed three products: elaboration of a Technical Report; Meeting with the
Collegiate and Structuring Teaching Nucleus - NDE of the Pharmacy course of the
educational institution where the master's degree is professionally linked and the
Regional Council of Pharmacy of Alagoas for delivery and presentation of the
technical report, discussion of proposals and suggestions on the subject and The
creation of a Matrix of Competences to be used as an evaluation tool. The
presentation of the results was an initiative that qualified the research, enabling a
moment of discussion and contribution of professionals and teachers. In addition, it
allowed to achieve the purposes of the Professional Master's Degree, demonstrating
an opportunity of critical and transformative evaluation in the spaces of educational
and professional practice. It was observed that the key action of monitoring and
evaluation of health work was not emphasized. Taking as reference the pillars of
education, it was seen that the pillar of learning to live together received little
emphasis, which impacts on the development of teamwork. The study identifies the
need to overcome dominant models of uniprofessional education and practice, which
no longer respond to the challenges and complexity of health needs.
Keywords: Skills. National Curricular Guidelines. Drugstore. Health Management.
LISTA DE FIGURA
Figura 1 - Etapas do estudo Delphi para identificação das competências
essenciais do farmacêutico em gestão de saúde.................................. 29
LISTA DE QUADRO
Quadro 2.1 - Organização das competências de acordo com as ações-chave e
desempenhos elaborados através da proposta para a elaboração
das diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação
em Farmácia para a competência da Gestão em Saúde................
31
Quadro 3.1 - Organização das competências de acordo com as ações-chave e
desempenhos elaborados através da proposta para a elaboração
das diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação
em Farmácia para a competência da Gestão em Saúde, 2016........ 59
Quadro 4.1 - Matriz com o Perfil de competências esperadas para o
Farmacêutico Gestor........................................................................ 73
LISTA DE TABELA
Tabela 2.1 - Matriz de Competências Apuradas por Nível de Concordância........ 36
Tabela 2.2 - Ponderações dos Especialistas......................................................... 37
Tabela 2.3 - Ordem de importância das Competências e correlação com as
ações-chave da PADCNF e pilares da educação conforme Delors
et al. (2010)...................................................................................... 38
Tabela 3.1- Matriz de Competências Apuradas por Nível de Concordância.......... 60
Tabela 3.2 - Ponderações dos Especialistas.......................................................... 61
Tabela 3.3 - Ordem de importância das Competências e correlação com as
ações-chave da PADCNF e pilares da educação conforme Delors
et al. (2010)........................................................................................ 62
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABEF
Associação Brasileira de Educação Farmacêutica
CAEF
Comissão Assessora de Educação Farmacêutica
Cc
Coeficiente de concordância expresso em porcentagem
COMENSINO Comissão de Ensino
CFF
Conselho Federal de Farmácia
CHA
Conhecimento, Habilidades e Atitudes
CNE
Conselho Nacional de Educação
CRF/AL
Conselho Regional de Farmácia de Alagoas
DCN
Diretrizes Curriculares Nacionais
IES
Instituição de Ensino Superior
MEC
Ministério da Educação
MPES
Mestrado Profissional em Ensino na Saúde
NDE
Núcleo Docente Estruturante
OMS
Organização Mundial de Saúde
OPAS
Organização Pan-Americana de saúde
PADCNF
Proposta para a atualização das diretrizes curriculares nacionais
para o curso de graduação em Farmácia
PPC
Projeto Pedagógico de Curso
SUS
Sistema Único de Saúde
TCLE
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Vn
Quantidade de especialistas em desacordo com o critério
predominante
Vt
Quantidade total de especialistas
UNESCO
United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
SUMÁRIO
1
APRESENTAÇÃO.......................................................................................
16
2
ARTIGO: COMPETÊNCIAS PARA O FARMACÊUTICO ATUANTE
NA GESTÃO EM SAÚDE: UM ESTUDO DELPHI....................................
18
2.1
Introdução..................................................................................................
19
2.2
Percurso metodológico.............................................................................
24
2.3
Resultados e discussão............................................................................
29
2.4
Considerações Finais................................................................................
44
REFERÊNCIAS...........................................................................................
46
3
PRODUTO1: RELATÓRIO TÉCNICO........................................................
51
3.1
Apresentação.............................................................................................
52
3.2
Introdução................................................................................................... 52
3.3
Desenvolvimento........................................................................................ 55
3.3.1 Percurso Metodológico.............................................................................. 55
3.4
Resultados..................................................................................................
58
3.5
Considerações Finais................................................................................
62
4
PRODUTO 2: REUNIÃO COM O COLEGIADO E NÚCLEO DOCENTE
ESTRUTURANTE – NDE DO CURSO DE FARMÁCIA E O CONSELHO
REGIONAL DE FARMÁCIA DE ALAGOAS................................................ 65
5
6
PRODUTO 3: MATRIZ COM PERFIL DE COMPETÊNCIAS ESPERADAS
PARA O FARMACÊUTICO GESTOR......................................................... 66
REFERÊNCIAS DOS PRODUTOS.............................................................
75
CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TRABALHO ACADÊMICO.....................
77
REFERÊNCIAS DO TRABALHO ACADÊMICO........................................
79
APÊNDICES................................................................................................
84
APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecido................
85
APÊNDICE B – Carta Convite aos Especialistas para Participação
no Estudo................................................................................... 91
APÊNDICE C – Questionário para a 1ª rodada do Método Delphi................... 92
APÊNDICE D – Questionário para a 2ª rodada do Método Delphi................... 97
APÊNDICE E – Questionário para a 3ª rodada do método Delphi.................... 98
APÊNDICE F – Competências para atuação em gestão e
características de um bom gestor elencadas pelos
especialistas............................................................................... 100
APÊNDICE G – Matriz de competências definidas pelos especialistas
classificadas conforme Delors et al. (2010) ............................ 101
APÊNDICE H – Carta de solicitação de agendamento de um espaço
para entrega e apresentação dos resultados da
pesquisa ao Conselho Regional de Farmácia de
Alagoas- CRF/AL....................................................................... 102
APÊNDICE I – Carta de solicitação de agendamento de um espaço
para entrega e apresentação dos resultados da
pesquisa ao NDE e Colegiado do Curso de Farmácia
do Centro Universitário CESMAC.............................................. 103
APÊNDICE J – Ata de presença à reunião de entrega e apresentação
dos resultados da pesquisa ao Conselho Regional de
Farmácia de Alagoas – CRF/AL................................................. 104
APÊNDICE K – Ata de presença à reunião de entrega e apresentação dos
resultados da pesquisa ao NDE e Colegiado do Curso de
Farmácia do Centro Universitário
CESMAC....................................................................................... 105
APÊNDICE L – Fotos da entrega e apresentação dos resultados da
pesquisa ao Conselho Regional de Farmácia de
Alagoas – CRF/AL........................................................................ 106
APÊNDICE M – Fotos da entrega e apresentação dos resultados da
pesquisa e de um instrumento de avaliação ao NDE e
Colegiado do Curso de Farmácia do Centro
Universitário CESMAC.............................................................. 107
APÊNDICE N - Artigo completo publicado nas Atas do 6º Congresso IberoAmericano em Investigação Qualitativa – CIAIQ 2017............ 108
ANEXOS..............................................................................................................
120
ANEXO A - Parecer de aprovação do comitê de ética em pesquisa................ 121
ANEXO B - Proposta para a atualização das Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Curso de Graduação em Farmácia –
PADCNF.............................................................................................. 131
16
1
APRESENTAÇÃO
A gestão em saúde ocupa cada vez mais um espaço de relevância no campo
de trabalho dos profissionais da saúde, dentre eles o farmacêutico. Por isso torna-se
necessário definir as competências necessárias para o farmacêutico atuar na gestão
em saúde.
O interesse para o desenvolvimento deste estudo surgiu, inicialmente, durante
a experiência da mestranda no NDE do curso de Farmácia da instituição de ensino
superior (IES) a que está vinculada. Naquele período participou de discussões sobre
as DCN, o que despertou o interesse quanto às competências estabelecidas neste
documento, instigando a curiosidade em saber quais seriam as competências
específicas requeridas ao farmacêutico, baseadas na experiência prática diária de
profissionais atuantes no mercado.
A princípio, pensou-se em pesquisar sobre as cinco competências descritas
nas DCN, mas percebeu-se ser inviável para uma única pesquisa. Então, baseado
no fato de haver poucas pesquisas sobre a competência de gestão em saúde,
principalmente na área farmacêutica e utilizando-se o método Delphi, a competência
escolhida foi a de Administração e Gerenciamento, aqui denominada de Gestão em
Saúde, tomando como base a PADCNF que a reformulou e a embasa como um dos
três eixos requeridos na formação do farmacêutico.
Essas reflexões tornaram-se inquietações com o ingresso no Mestrado
Profissional em Ensino na Saúde (MPES), devido à ampliação do conhecimento a
partir das discussões acadêmicas sobre DCN e competências, e reforçada pela
PADCNF enviada para o MEC em 2016.
A pesquisa intitulada “Competências para o Farmacêutico Atuante na
Gestão em Saúde: um estudo Delphi” reflete um tema ainda pouco estudado em
nosso país, principalmente quando enfocamos a competência de gestão em saúde e
o profissional farmacêutico, o que reforça a relevância do estudo.
Quais são as competências necessárias ao profissional de Farmácia para
atuação na área de gestão em saúde, na visão de especialistas locais? A partir
deste questionamento, iniciei o estudo que teve como objetivo definir as
competências necessárias aos profissionais de Farmácia que atuam na Gestão em
Saúde, visando contribuir assim para a concretização das reformas pedagógicas no
17
âmbito de uma Instituição de Ensino Superior privada do Nordeste brasileiro, nos
marcos das orientações internacionais e das Diretrizes Curriculares Nacionais.
O estudo foi desenvolvido em Maceió-AL, utilizando um grupo de
especialistas farmacêuticos com vasta experiência na gestão em saúde e acadêmica
e atuantes em vários segmentos profissionais da área farmacêutica.
A partir da análise dos resultados verificou-se a necessidade da realização de
dois produtos voltados para a intervenção e transformação das realidades
encontradas. Estes foram desenhados no seguinte formato: Produto 1 – Elaboração
de um Relatório Técnico constando de um resumo de toda a pesquisa com ênfase
nos resultados; Produto 2 – Reunião com o Colegiado e Núcleo Docente
Estruturante – NDE do curso de Farmácia da instituição de ensino em que a
mestranda está vinculada profissionalmente e o Conselho Regional de Farmácia de
Alagoas para entrega e apresentação do relatório técnico e da matriz de
competências, discussão de propostas e sugestões sobre o tema; Produto 3 –
elaboração de uma Matriz de Competências para ser utilizada como instrumento
avaliativo. Os produtos tiveram o intuito de promover reflexões sobre os resultados
da pesquisa para o desenvolvimento de ações educativas voltadas à classe
profissional e avaliação do desenvolvimento da competência no currículo da
graduação, fomentando subsídios para a avaliação e modificação do PPC e
currículo do curso. Todos permitiram alcançar os propósitos do MPES, no sentido de
promover transformação e avanços no cenário de prática.
O estudo também resultou na apresentação e publicação de um artigo
completo nas Atas do 6º Congresso Ibero-Americano de Investigação Qualitativa
que ocorreu em Julho de 2017 em Salamanca na Espanha (Apêndice N).
Este trabalho acadêmico, como um todo, atingiu os objetivos propostos,
possibilitou reflexões sobre as necessidades de ações educativas para a classe
farmacêutica e de revisões no PPC e currículo do curso de Farmácia para melhor
atender ao preconizado nas DCN.
18
2
ARTIGO: COMPETÊNCIAS PARA O FARMACÊUTICO ATUANTE NA
GESTÃO EM SAÚDE: UM ESTUDO DELPHICOMPETENCIES FOR THE
PHARMACEUTICAL ACTING IN HEALTH MANAGEMENT: A DELPHI
STUDY
RESUMO
Objetivo Geral: definir as competências necessárias aos profissionais de Farmácia
que atuam na Gestão em Saúde, visando contribuir assim para a concretização das
reformas pedagógicas no âmbito de uma Instituição de Ensino Superior privada do
Nordeste brasileiro. Metodologia: pesquisa descritiva utilizando-se o método Delphi,
realizada na cidade de Maceió-AL. A amostra constituiu-se por cinco especialistas
farmacêuticos gestores. Na primeira rodada elencaram-se as competências de
gestão, na segunda um consenso das competências elencadas e na terceira
ordenação por grau de importância. Resultados: As 10 competências elencadas por
ordem de importância foram: ser capaz de gerir pessoas, demonstrar liderança,
dominar conhecimento da área de gestão, demonstrar compromisso, dominar as leis
que regem a área de atuação, ser capaz de empreender, demonstrar firmeza nas
decisões, demonstrar disciplina, demonstrar saber ouvir e ser capaz de articular
ideias. As competências concentraram-se na ação-chave de organização do
trabalho em saúde, com ênfase ao desempenho para identificar e registrar os
problemas e as necessidades de saúde, e pouca importância para o desempenho de
elaborar e implementar o plano de intervenção, processos e projetos. A ação-chave
de acompanhamento e avaliação do trabalho em saúde foi pouco enfatizada,
obtendo um vazio no desempenho de acompanhar e avaliar o plano de intervenção,
processos e projetos. Referente aos pilares da educação, o pilar de aprender a viver
juntos obteve pouca ênfase. Considerações finais: Identifica-se neste estudo a
necessidade de superar modelos dominantes de educação e prática uniprofissional
e de desenvolver uma cultura de planejamento, avaliações acompanhamento do
processo de gestão.
Palavras-Chave: Competências. Diretrizes curriculares nacionais. Farmacêutico.
Gestão em saúde. Técnica Delphi.
ABSTRACT
General Objective: to define the necessary competencies for Pharmacy professionals
who work in Health Management, in order to contribute to the accomplishment of
pedagogical reforms within the scope of a Private Higher Education Institution of the
Brazilian Northeast. Methodology: descriptive research using the Delphi method,
performed in the city of Maceió-AL. The sample consisted of five pharmaceutical
specialists. In the first round the management competences were listed, in the
second one a consensus of competences listed and in the third order by degree of
importance. Results: The 10 competencies listed in order of importance were: being
able to manage people, demonstrate leadership, master management knowledge,
demonstrate commitment, master the laws that govern the area of action, be able to
19
undertake, demonstrate firmness in decisions, Demonstrate discipline, demonstrate
knowing how to listen and be able to articulate ideas. Competencies focused on the
key action of health work organization, with a focus on performance to identify and
record health problems and needs, and little relevance to the performance of
developing and implementing the intervention plan, processes and projects . The key
action of monitoring and evaluation of health work was little emphasized, obtaining a
void in the performance of monitoring and evaluating the intervention plan, processes
and projects. Regarding the pillars of education, the pillar of learning to live together
gained little emphasis. Final considerations: This study identifies the need to
overcome dominant models of uniprofessional education and practice and to develop
a culture of planning, evaluation and monitoring of the management process.
Keywords: Skills. National curricular guidelines. Pharmacist. Health management.
Delphi technique.
2.1
Introdução
A sociedade, a economia e o mercado exigem cada vez mais do farmacêutico
uma mudança em sua prática e cultura profissionais, não devendo atuar apenas
como um técnico, mas também como um gestor. A atribuição da função gerencial ao
farmacêutico é cada vez mais requerida em todas as suas áreas de atuação. As
grandes redes de farmácias, por exemplo, adaptaram-se a esta mudança,
principalmente para diminuir os custos de mão de obra, não necessitando contratar
um administrador ou outro profissional da área para exercer esta função. Para o
farmacêutico, a aquisição desta nova atribuição proporcionou maior autonomia e
responsabilidade na farmácia, numa posição hierárquica de maior prestígio e poder.
Por outro lado, ele acumulou funções antes não exercidas, para as quais se exigem
competências não desenvolvidas durante a formação técnica (FRANCESCHET,
2002).
O dicionário Webster (1981, p. 63), citado por Fleury, M. e Fleury, A. (2001, p.
184), define competência, na língua inglesa, como: “qualidade ou estado de ser
funcionalmente adequado ou ter suficiente conhecimento, julgamento, habilidades
ou força para uma determinada tarefa”. Esta definição, bastante genérica, menciona
dois pontos principais ligados à competência: conhecimento e tarefa. Ainda segundo
os autores (FLEURY, M.; FLEURY, A., 2001, p. 187), “a competência do indivíduo
não é um estado, não se reduz a um conhecimento ou know-how específico”. O
dicionário de língua portuguesa Aurélio enfatiza, em sua definição, aspectos
20
semelhantes: capacidade para resolver qualquer assunto, aptidão, idoneidade, e
introduz outro: capacidade legal para julgar pleito (FERREIRA, 1999, p. 512).
A competência está relacionada às variáveis de aprendizagem, na medida em
que situa a competência em um ponto convergente entre a pessoa, sua formação
educacional e sua experiência profissional. Trata-se de um saber contextualizado,
normalmente marcado pelas relações de trabalho, pela cultura organizacional,
eventualidades e por diversas limitações. A competência se traduz em ação
(atitudes), em saber ser (habilidades) e, daí, em mobilizar conhecimentos (conhecer)
em diferentes situações (LE BOTERF, 2003).
Delors e colaboradores, em 1996, no relatório para a UNESCO sobre a
educação para o século XXI, definiram 4 pilares para a educação, estabelecendo o
conjunto de competências que devem ser adquiridas durante o processo de
formação do aluno e consequente construção de um profissional competente, sendo
estes: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a
ser (DELORS et al., 2010).
Competência (s) é uma temática habitualmente vista nas organizações,
estudada na área acadêmica, porém, muitas das vezes sem a percepção aguçada
necessária. Constatam-se na literatura três principais abordagens de competências
(CIVELLI, 1997): a corrente inglesa, com ênfase no treinamento do trabalhador; a
corrente norte-americana, concernente ao cargo, com foco na união entre o
Conhecimento, as Habilidades e as Atitudes do indivíduo. Ressalta-se, dessa forma,
a expressão CHA, muito utilizada “quando se aborda a temática gestão de/por
competências” (MORAES; MELO; BIANCO, 2015, p. 491).E, finalmente, a corrente
francesa, “modelo construtivista, em que a aprendizagem é a engrenagem para o
desenvolvimento de competências, focando na formação do trabalhador, através de
programas de formação profissional e qualificação” (STEFFENS, 1999 apud
MORAES; MELO; BIANCO, 2015, p. 492), demonstrando uma possibilidade de
variedade de entendimentos acerca do assunto. Portanto, estudos brasileiros se
fazem necessários com o intuito de ter-se uma abordagem seguindo uma corrente
nacional, levando em consideração nossa diversidade cultural, regional, acadêmica
e organizacional (MORAIS; MELO; BIANCO, 2015).
As
Diretrizes
Curriculares
Nacionais
(DCN)
estabelecem
seis
(06)
competências e habilidades gerais que devem ser desenvolvidas no egresso a partir
do currículo do curso de Farmácia, sendo estas: “I - atenção à saúde, II - tomada de
21
decisões, III - comunicação, IV - liderança, V - administração e gerenciamento e VI educação permanente” (CONSELHO NACIONAL DA EDUCAÇÃO, 2002). Entre
estas, a escolhida como tema da pesquisa foi a competência de administração e
gerenciamento, relativa à gestão em saúde, devido a ser um assunto ainda pouco
explorado na atividade farmacêutica e uma habilidade cada vez mais exigida deste
profissional. A V competência estabelece que:
Os profissionais devem estar aptos a tomar iniciativas, fazer o
gerenciamento e administração tanto da força de trabalho, dos
recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que
devem estar aptos a serem empreendedores, gestores,
empregadores ou lideranças na equipe de saúde (CONSELHO
NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2002, p.2).
As DCN, mesmo sendo estabelecidas anteriormente, já traziam em sua
proposta o conceito do quadrilátero da formação para a área da saúde, criado em
2003, em que foi estabelecida a necessidade da integração entre o ensino, a gestão,
a atenção e o controle social. O quadrilátero surgiu da reflexão sobre aprendizagem
significativa e os atores (docente, discente, gestor, profissionais e comunidade)
envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Para Ceccim e Feuerwerker
(2004, p. 47),
A imagem do quadrilátero da formação serve à construção e
organização de uma gestão da educação na saúde integrante da
gestão do sistema de saúde, redimensionando a imagem dos
serviços como gestão e atenção em saúde e valorizando o controle
social.
As DCN (CONSELHO NACIONAL DA EDUCAÇÃO, 2002) em vigor
descrevem, de modo restrito e sintético, a gestão apenas no tocante a serviços e a
administração e não faz alusão a gestão de pessoas. Em contrapartida, a PADCNF
propõe um novo olhar, quando estabelece, de modo específico, a gestão do cuidado
e a gestão em saúde, incorporando o serviço e a administração, dentre outras, como
competências necessárias à formação do egresso (CONSELHO FEDERAL DE
FARMÁCIA, 2016). Percebe-se uma maior ênfase em planejamento, avaliação e
acompanhamento do trabalho em saúde em relação à diretriz vigente, e identifica-se
também a inserção da gestão de pessoas, lacuna existente na atual diretriz, sendo
estes desempenhos importantes na gestão.
22
Passados 14 anos desde a publicação das DCN de Farmácia, o Conselho
Federal de Farmácia (CFF) e a Associação Brasileira de Educação Farmacêutica
(ABEF), percebendo a necessidade de atualizar as diretrizes frente a exigências e
desafios atuais do ensino e do mercado profissional farmacêutico, realizaram vários
encontros regionais e dois fóruns nacionais para discutir as DCN.
Em março de 2016 mais de 150 farmacêuticos reunidos no II Fórum Nacional
para Discussão das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Farmácia, realizado em Brasília, aprovaram a proposta para a atualização das
diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em Farmácia –
PADCNF, elaborada pela Comissão de Educação (Comensino/CFF) e Comissão
Assessora de Educação Farmacêutica (CAEF/CFF) do Conselho Federal de
Farmácia e pela Associação Brasileira de Educação Farmacêutica (ABEF). Todos os
estados da federação estiveram representados pelos delegados de entidades,
sociedades e associações profissionais, professores, estudantes e farmacêuticos
(CONSELHO
FEDERAL
DE
FARMÁCIA;
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA
DE
EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA, 2016).
A proposta aprovada foi encaminhada ao Conselho Nacional de Educação
(CNE), do Ministério da Educação (MEC), e aguarda avaliação para uma possível
atualização e estabelecimento das novas diretrizes curriculares nacionais para o
curso de graduação em Farmácia. O referido documento traz a proposta de
estruturar a formação do farmacêutico em três (03) eixos: cuidado em saúde,
tecnologia e inovação em saúde, e gestão em saúde.
Com a inserção da gestão como parte integrante e importante do processo de
ensino-aprendizagem, faz-se importante a utilização de estratégias que possibilitem
o estabelecimento de competências necessárias à atuação para a gestão em todos
os âmbitos, inclusive o da saúde. Uma ferramenta muito utilizada e eficaz é o
método Delphi.
O segmento empresarial há muito tempo utiliza métodos, como, por exemplo,
o método Delphi, para a definição de competências necessárias ao exercício de
funções e ocupação de cargos que requerem o perfil para gestão. O governo utiliza
esse método para definir tendências e eventos futuros, em busca de ideias e
estratégias para a proposição de políticas organizacionais mais gerais (WRIGTH;
GIOVINAZZO, 2000). Lisntone e Turoff (1975), citados por Antunes (2014), relatam
que
23
a aplicação do Método Delphi pode ser realizada em uma
surpreendente variedade de áreas: economia, comércio e trabalho;
ciência, tecnologia e processos de mudança; governo, leis e
políticas; pesquisa; educação e treinamento; comunicação; cultura,
família e comportamento; segurança internacional.
O Método Delphi é uma ferramenta útil no campo da pesquisa e facilmente
aplicável na área da educação, com resultados positivos em temáticas como:
planejamento estratégico; definição de competências e perfis profissionais; definição
de conteúdos educacionais; planejamento de ações pedagógicas; identificação de
demandas mercadológicas; e estabelecimento de critérios e métodos avaliativos. A
maioria dos estudos relacionados ao uso do método Delphi se detém em três
categorias na área da educação: Avaliação de curso, Planejamento educacional e
Políticas educacionais. Apesar do pouco uso desse método no Brasil, ele é
amplamente utilizado em países da América Latina, nos Estados Unidos da América,
no Canadá, além da Europa e Ásia (ANTUNES, 2014). Ainda segundo o autor:
Em estudos realizados no Brasil, utilizou-se o Método Delphi para a
identificação de perfis profissionais, no estabelecimento de consenso
sobre avaliação de cursos e sobre competências profissionais, entre
outras temáticas, o que aponta a amplitude do uso desse método no
campo da educação. (ANTUNES, 2014, p. 64).
No Brasil tem-se poucos estudos publicados sobre o uso do método Delphi
para a definição de competências. Na área da saúde, a Enfermagem vem adotando
este
método
para
planejamento
de
serviços,
análise
das
características
profissionais, competências e desenvolvimento da educação (POWELL, 2002),
porém não é observado seu uso na área da Farmácia, tampouco em pesquisa na
Educação farmacêutica.
Dentro do contexto descrito, da complexidade do âmbito profissional do
farmacêutico e da necessidade da formação de um profissional com o
desenvolvimento da competência para a administração e gerenciamento (Gestão em
Saúde), coube a pergunta norteadora da pesquisa: Quais são as competências
necessárias ao profissional de Farmácia para atuação na área de gestão em saúde,
na visão de especialistas locais?
Para tanto, este estudo tem o objetivo de definir as competências necessárias
aos profissionais de Farmácia que atuam na Gestão em Saúde, visando contribuir
assim para a concretização das reformas pedagógicas no âmbito de uma Instituição
24
de Ensino Superior privada do Nordeste brasileiro, nos marcos das orientações
internacionais e das Diretrizes Curriculares Nacionais.
2.2
Percurso Metodológico
Para o desenvolvimento da pesquisa, optou-se por um estudo descritivo
utilizando-se o método Delphi, que, segundo Wrigth e Giovinazzo (2000, p. 55),
utiliza usualmente “respostas quantitativas apoiadas por justificativas e informações
qualitativas”.
O estudo utilizou abordagem qualitativa, com análise temática, para analisar
as respostas da pesquisa. Segundo Bardin (2011), a análise temática é uma das
formas que melhor se adequou a investigações qualitativas. Como propõe o mesmo
autor três etapas constituem a aplicação desta técnica de análise: (1) Pré-análise;
(2) Exploração do material; (3) Tratamento dos resultados e interpretação.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro
Universitário Cesmac sob o parecer nº 960.245 (ANEXO A).
O método Delphi é “particularmente útil para alcançar um consenso em uma
determinada área de incerteza ou falta de evidência empírica”, o que se aplica à
temática estudada (POWELL, 2002, p. 381). Oliveira, Costa e Wille (2008, p. 5)
define o método Delphi como “uma técnica de previsão, projetada pra conhecer com
antecipação a probabilidade de eventos futuros, por meio da solicitação e coleta
sistemática da opinião de especialistas em um determinado assunto”. Ele também
tem mostrado ser um instrumento para coletar e relatar julgamentos e previsões de
uma população específica sobre um evento futuro, como definem Lindeman (1975) e
Oliveira, Costa e Wille (2008).
A seleção dos participantes considerou que a pesquisa Delphi não pretende
fazer um levantamento estatisticamente representativo da opinião de um
determinado grupo amostrado, uma vez que a confiabilidade dos resultados
depende da qualidade dos especialistas e não da quantidade. A literatura preconiza
que um grupo heterogêneo garante uma ampla base de conhecimento e confere
maior qualidade aos resultados, por isso foram selecionados especialistas de
diversas áreas e segmentos (POWELL, 2002; SILVA et al., 2009).
25
Os participantes da pesquisa, como requisito básico para a participação,
tinham concluído a graduação em Farmácia e atuavam na área de gestão do serviço
ou acadêmica.
O processo de seleção dos sujeitos foi intencional. A amostra constituiu-se,
inicialmente, por 09 (nove) farmacêuticos atuantes na gestão na cidade de Maceió.
Entretanto, esse número reduziu-se para 05 (cinco), sendo estes os que, de modo
efetivo, se comprometeram com o estudo até o final. Sua composição abrange
profissionais inseridos na gestão dos seguintes cenários: Serviço público de Saúde,
Conselho de classe profissional e Academia, sendo 02 profissionais atuantes,
simultaneamente, na gestão do serviço público (análises clínicas e vigilância
sanitária) e acadêmica.
O grupo da pesquisa tinha como característica serem profissionais de
diferentes espaços (ensino e serviço), de ambos os sexos, com média de idade de
40 anos, uma experiência profissional média na área farmacêutica de 16 anos,
sendo, aproximadamente, 8 anos dedicados à área de gestão.
Para a aquisição do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE
(Apêndice A) foi realizado um contato inicial presencial e individual com os
especialistas selecionados, a fim de lhe ser entregue a carta convite (Apêndice B) e
para explicar sobre os objetivos da pesquisa e sua participação no estudo. Após a
concordância do especialista foi procedida a entrega do TCLE para leitura,
esclarecimento de eventuais dúvidas e assinatura.
Em paralelo à aquisição do TCLE realizou-se um teste piloto do questionário
referente à primeira rodada do método Delphi, para averiguar a clareza das
perguntas e a coerência com os objetivos do estudo.
A técnica eleita para alcançar o objetivo do estudo, – o método Delphi –, foi
composta por três momentos (rodadas/rounds) distintos, adaptados conforme
Santos (2001). Linstone e Turoff (1975), citados por Antunes (2014, p. 65), “apontam
a utilização de três a cinco rounds, sendo que o maior número de estudos utiliza de
três e quatro rounds” para se obter o consenso.
O consenso nivelador foi empregado com a intenção de obter opiniões
convergentes, entre um grupo de especialistas socializados com o tema, sobre as
competências em gestão para o profissional de Farmácia. O consenso forte ou
esperado foi obtido quando o nível de concordância entre os especialistas para cada
competência elencada foi igual ou maior a 60% - Cc ≥ 60% (SANTOS, 2001).
26
A aplicação das rodadas deu-se via correio eletrônico (e-mail). A primeira
rodada (Figura 2.1) do método Delphi iniciou-se com o envio do convite para
responder as perguntas e questionário (Apêndice C). O questionário foi composto
de três partes, sendo estas: parte I – aceitação de participação na pesquisa, parte II
– perfil do especialista e parte III – questões relativas ao estudo.
Na parte II constavam perguntas relativas ao perfil do especialista: área e
segmento de atuação como gestor e profissional farmacêutico; tempo de atuação
como gestor e como profissional farmacêutico; tempo de formação e grau de
titulação.
Na parte III constavam quatro (04) perguntas relativas ao estudo, sendo estas
solicitadas baseadas na experiência do especialista como gestor: 1 - Quais são as
competências requisitadas no seu cotidiano na área de atuação em gestão? 2 - Para
você, quais as características de um bom gestor? 3- Quais as situações/eventos no
processo de administração e gerenciamento que você considera crítico para as
ações de gestão? 4 - O que você tem mais a acrescentar sobre as competências
profissionais para a atuação em gestão?
Os resultados da primeira rodada foram analisados e organizados em
quadros e tabelas do seguinte modo: competências e características de um bom
gestor elencadas pelos especialistas; organização das competências em acordo
com as ações-chave e desempenhos, aplicáveis ao eixo de gestão em saúde,
utilizados na PADCNF (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA; ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA, 2016) – Anexo B); e Matriz de
Competências definidas pelos Especialistas classificadas conforme Delors et al.
(2010), no Relatório da UNESCO sobre a educação para o século XXI. Os quatro
pilares da educação são descritos por Delors et al. (2010, p. 30) como:
Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral,
suficientemente ampla, com a possibilidade de estudar, em
profundidade, um número reduzido de assuntos, ou seja: aprender a
aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela
educação ao longo da vida.
Aprender a fazer, a fim de adquirir não só uma qualificação
profissional, mas, de uma maneira mais abrangente, a competência
que torna a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a
trabalhar em equipe. Além disso, aprender a fazer no âmbito das
diversas experiências sociais ou de trabalho, oferecidas aos jovens e
adolescentes, seja espontaneamente na sequência do contexto local
27
ou nacional, seja formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino
alternado com o trabalho.
Aprender a conviver, desenvolvendo a compreensão do outro e a
percepção das interdependências – realizar projetos comuns e
preparar-se para gerenciar conflitos – no respeito pelos valores do
pluralismo, da compreensão mútua e da paz.
Aprender a ser, para desenvolver, o melhor possível, a
personalidade e estar em condições de agir com uma capacidade
cada vez maior de autonomia, discernimento e responsabilidade
pessoal. Com essa finalidade, a educação deve levar em
consideração todas as potencialidades de cada indivíduo: memória,
raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para
comunicar-se.
Na perspectiva de competência envolvendo o CHA, as competências
profissionais foram divididas em três dimensões: a dimensão dos conhecimentos, a
das habilidades e a das atitudes. Na redação das competências optou-se por utilizar
as palavras “dominar” para designar conhecimentos, “ser capaz” para designar
habilidades e “demonstrar” para designar as atitudes. Tal opção justifica-se pelo fato
de facilitar a compreensão e a análise da essência do que foi originalmente proposto
para cada competência (FEITOSA; NASCIMENTO, 2003; RUTHES; FELDMAN;
CUNHA, 2010).
A partir da PADCNF (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2016) foram
definidas as ações-chave e desempenhos ligados à gestão em saúde para facilitar a
análise das competências em acordo ao preconizado neste documento. Como
resultado, obtiveram-se as ações-chave de organização do trabalho em saúde e de
acompanhamento e avaliação do trabalho em saúde. A primeira está relacionada
aos desempenhos de: 1) Identificar e registrar os problemas e as necessidades de
saúde; 2) Promover o desenvolvimento de pessoas e equipes; 3) Elaborar,
implementar, o plano de intervenção, processos e projetos. A segunda ação-chave
está associada aos desempenhos de: 1) Gerenciar o cuidado em saúde; 2)
Acompanhar e avaliar o plano de intervenção, processos e projetos.
Outro olhar sobre a competência profissional foi realizado a partir dos quatros
pilares da educação (DELORS et al., 2010). Este relatório trouxe um conjunto de
conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para aprender a conhecer, a
fazer, a conviver e a ser, visando a uma atuação profissional adequada ao século
XXI.
28
Acredita-se ser esta uma definição que engloba as competências encontradas
nesta investigação, facilitando a comparação com outros estudos encontrados na
literatura; além de que, esse conceito avança no sentido de que os aspectos mais
objetivos, relacionados com a cognição e a ação, como também as dimensões mais
subjetivas ou qualitativas relacionadas com a competência, tais como valores,
atitudes e convicções, fossem contemplados.
Na segunda rodada (Figura 2.1) do método Delphi, objetivou-se um consenso
das competências elencadas na primeira rodada. Para tanto, foi enviado convite
para responder ao questionário (APÊNDICE D) que continha a seguinte solicitação:
Marque até 10 competências que você concorda serem necessárias para ocupar o
cargo de gestão. Para a determinação do nível de concordância (Cc) foi utilizada a
seguinte expressão matemática (SANTOS, 2001):
Cc = (1 – Vn/Vt) * 100
Onde:
Cc = coeficiente de concordância expresso em porcentagem
Vn = quantidade de especialistas em desacordo com o critério
predominante
Vt = quantidade total de especialistas
A terceira (Figura 2.1) e última rodada teve início com o envio do convite para
responder ao questionário (Apêndice E) que continha a seguinte pergunta: Que
peso você atribuiria a cada uma das competências, com o objetivo de ordená-las de
acordo com seu grau de importância para um excelente desempenho em gestão?
Por se tratar de um estudo de consenso nivelador, utilizaram-se os recursos da
estatística descritiva, mais especificamente as medidas de tendência central (média),
o coeficiente de concordância (Cc) de Kendall W e a variável de Rj (SANTOS, 2001).
Após a descrição das etapas da pesquisa, dos instrumentos de coleta dos
dados e da análise de dados, visualizou-se oportuno esquematizar o desenho do
estudo Delphi pela Figura 2.1.
29
Figura 2.1 - Etapas do estudo Delphi para identificação das competências essenciais
do farmacêutico em gestão de saúde.
QUESTÃO CENTRAL
Quais as competências essenciais atribuídas a um gestor para
atuar na gestão em saúde?
Construção de um modelo de análise
C
Questionário
Análise das respostas
1ª Rodada
Grupo de especialistas
(Farmacêuticos gestores em saúde)
Questionário
Análise dos scores - consensos
2ª Rodada
Questionário
3ª Rodada
Análise dos scores – ordem
de importância
Lista de competências atribuídas pelos especialistas ao
gestor em saúde
Fonte: Autora (2016) - Adaptado de Nogueira, Azeredo e Santos (2012).
A análise dos resultados foi apoiada nos seguintes documentos norteadores:
Diretrizes Nacionais Curriculares (DCN) do curso de Farmácia, Proposta para
atualização das diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em
Farmácia (PADCNF) e relatório para Unesco sobre a Educação para o Século XXI,
especificamente nos quatro (04) pilares para a Educação.
2.3
Resultados e discussão
Para o delineamento das competências necessárias aos profissionais de
Farmácia que atuam na Gestão em Saúde, partiu-se da visão de um grupo de
especialistas gestores do ensino e serviço de saúde. A pesquisa utilizou o método
Delphi.
Caracterização dos sujeitos
O gênero predominante dos especialistas foi o feminino e a média de idade,
de 45 anos. Quanto à qualificação, um especialista apresentava a titulação de
doutorado, três eram mestres, e um havia cursado especialização, caracterizando
uma amostra experiente e de alto nível educacional. A média de tempo de atuação
30
foi: segmento profissional – 15 anos, gestão do serviço – 4 anos, gestão no ensino –
6,5 anos; e a média de formação profissional (graduação) de 15 anos é
considerável.
Ainda na caracterização dos painelistas, todos atuam na gestão em saúde,
sendo quatro (04) no ensino (privado) e serviço público e apenas um (01)
exclusivamente na gestão do magistério superior. Um fator importante é o fato de
quatro (04) especialistas atuarem, concomitantemente, na gestão do serviço e
ensino, trazendo um olhar da gestão nesses dois campos. O perfil dos participantes
demonstra uma experiência vasta em seu segmento profissional e um longo tempo
de formação, assim como uma alta experiência na gestão do serviço e ensino,
sendo maior nesta última.
Estas características são relevantes em uma pesquisa que objetiva delimitar
competências para a gestão, podendo significar um movimento positivo no sentido
de respostas confiáveis, na opinião dos especialistas (KAWAMOTO et al., 2016).
Sobre a primeira rodada do método Delphi: o que pensam os
farmacêuticos sobre o bom gestor?
A análise temática, em suas etapas de pré-análise e exploração do material,
obteve como resultado da primeira rodada a definição das categorias competências
e características, desse modo, elencou-seas competências requisitadas para
atuação em gestão e as características de um bom gestor e procedida uma análise
temática. A análise das respostas apontou para 22 competências e 21
características (Apêndice F).
Para melhor análise, as 22 competências foram organizadas de acordo com
as ações-chave e desempenhos, tendo como base a PADCNF (ANEXO B) na área
de competência da Gestão em Saúde (Quadro 2.1).
31
Quadro 2.1 - Organização das competências de acordo com as ações-chave e
desempenhos elaborados através da proposta para a elaboração das
diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em
Farmácia para a competência da Gestão em Saúde, 2016.
Ações-chave
Desempenho
Identificar e registrar os
problemas e as
necessidades de saúde
Organização do
trabalho em saúde
Acompanhamento e
avaliação do trabalho
em saúde
Promover o
desenvolvimento de
pessoas e equipes
Competências
Dominar conhecimento da área de gestão
Ser capaz de ter relação interpessoal
Dominar as leis que regem a área de
atuação.
Demonstrar compromisso
Demonstrar responsabilidade
Demonstrar dedicação
Ser capaz de gerir pessoas; Ser capaz de
ter habilidades humanas
Demonstrar perfil para gestão
Demonstrar
competência
pessoal
e
profissional
Demonstrar ser capaz de não deixar o
pessoal interferir no profissional.
Ser capaz de estar atualizado; Demonstrar
vontade de conhecer, vontade de se
atualizar; interesse
Ser capaz de ter habilidades técnicas
Dominar habilidades conceituais
Demonstrar atitude
Demonstrar organização
Demonstrar amor ao que faz
Demonstrar discernimento
Demonstrar firmeza nas decisões
Ser capaz de partilhar o conhecimento
Elaborar e implementar
o plano de intervenção,
processos e projetos
Dominar conhecimento de marketing
Demonstrar perspectiva
Gerenciar o cuidado em
saúde
Ser capaz de articular ideias
Acompanhar e avaliar o
plano de intervenção,
processos e projetos
Fonte: Autora. 2015.
A
PADCNF
(CONSELHO
FEDERAL
DE
FARMÁCIA;
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA, 2016, p. 8) expõe que o curso de
graduação em Farmácia deve estar alinhado com todo o “processo de saúde do
indivíduo, da família e da comunidade, com a realidade epidemiológica,
socioeconômica e profissional, proporcionando a integralidade das ações de
cuidado, gestão, tecnologia e inovação em saúde”. O cuidado em saúde requer o
desenvolvimento de competências para identificar e analisar as necessidades de
saúde do indivíduo, da família e da comunidade, bem como para planejar, executar
32
e acompanhar ações em saúde (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA, 2016).
No tocante ao eixo de gestão em saúde, a PADCNF descreve que deve
abranger 10% da carga horária do curso, excetuando-se o estágio curricular e as
atividades complementares. Comparando-se com a DCN em vigor, percebeu-se um
maior destaque para a competência de gestão em saúde, porém, um percentual
ainda muito baixo diante de sua importância. Nesse contexto, os artigos 3º, 7º e 8º
descrevem (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA, 2016, p. 3, 9-11):
Art. 3º. Dada à (sic) necessária articulação entre conhecimentos,
habilidades e atitudes, para contemplar o perfil do egresso, a
formação deve estar estruturada nos seguintes eixos: 1. Cuidado em
saúde; 2. Tecnologia e inovação em saúde; 3. Gestão em saúde
Artigo 7º, IV – [...] a organização e a gestão de pessoas, de serviços
e do sistema de saúde; V, alínea j, gestão de serviços farmacêuticos;
VIII - Gestão e empreendedorismo [...].
Artigo 8º, inciso 1º. A carga horária do curso, excetuando-se o
estágio curricular e as atividades complementares, deve ser
distribuída da seguinte forma: a) 50 % no eixo cuidado em saúde; b)
40 % no eixo tecnologia e inovação em saúde; c) 10% no eixo gestão
em saúde.
Observou-se que as competências citadas pelos pesquisados concentram-se
na ação-chave de organização do trabalho em saúde, com a maior parte voltada ao
desempenho para identificar e registrar os problemas e as necessidades de saúde, e
apenas duas para o desempenho de elaborar e implementar o plano de intervenção,
processos e projetos. Este resultado demonstra, possivelmente, uma maior
preocupação em identificar os problemas do que em planejar o trabalho em saúde,
desse modo com o foco em gerir para o “resolver problemas” ao invés para a
“prevenção de problemas”.
O planejamento é entendido como parte de uma determinada visão de como
as coisas deveriam ser (objetivos claros) e permite definir que caminhos seguir para
a sua efetivação (CHORNY; KUSCHNIR; TAVEIRA, 2008). Portanto, ferramenta
fundamental para a gestão.
Neste estudo, identificaram-se lacunas importantes em competências que
dizem respeito à ação-chave de acompanhamento e avaliação do trabalho em
saúde.
A percepção deste fato se dá por não ter sido apontada nenhuma
33
competência para o desempenho de acompanhar e avaliar o plano de intervenção,
processos e projetos. Embora se tenha descrito uma competência para o
desempenho de gerenciamento do cuidado em saúde, ainda é muito pouco diante
da importância em se gerenciar o cuidado. O observado demonstra, também, uma
priorização da ação de identificar problemas em detrimento ao monitoramento e
avaliação do processo de gestão.
Este achado é corroborado pela ausência de uma cultura de avaliação e
planejamento consolidada, o que torna a definição do que se quer avaliar uma tarefa
difícil e ainda pouco utilizada (GOMES, 2012). De modo geral, não se sabe que tipo
de informação é fornecida pela avaliação, nem como ela pode ser utilizada na
melhoria do serviço ou da academia. Mesmo nestas condições desfavoráveis, é
imprescindível investir nestas atividades, para aumentar a efetividade da gestão.
A avaliação é, também, um instrumento primordial para o controle da
implementação do plano e o rumo das mudanças em direção ao objetivo
estabelecido. Segundo Chorny, Kuschnir e Taveira (2008), a avaliação é uma
atividade contínua, ou seja, a cada instante do processo e não apenas ao final de
uma etapa.
Após categorizar as competências conforme as ações-chave e desempenhos
à luz da PADCNF foi realizada uma categorização com base nos pilares da
educação para o século XXI (Apêndice G). Categorizar as competências a partir
dos quatro pilares da educação faz-se relevante para a orientação de novas
propostas pedagógicas, pois, segundo Delors et al. (2010, p. 31),
No momento em que os sistemas educacionais formais tendem a
privilegiar o acesso ao conhecimento, em detrimento das outras
formas de aprendizagem, é mister conceber a educação como um
todo. Essa perspectiva deve no futuro inspirar e orientar as reformas
educacionais seja na elaboração dos programas ou na definição de
novas políticas pedagógicas.
Fazendo uma analogia dos pilares de Delors et al. (2010) com as dimensões
utilizadas nas competências propostas por Feitosa e Nascimento (2003) e Ruthes,
Feldman e Cunha (2010), foi possível correlacionar o “aprender a conhecer” como
“dominar”, referindo-se ao conhecimento (o que as pessoas sabem – representa o
saber); o “aprender a fazer” e o “aprender a viver junto” como “Ser capaz”, relativo à
habilidade(o que elas fazem – representa o saber fazer, o como fazer); o “aprender a
34
ser” como “demonstrar”, indicando atitude(o que elas são – representa a vontade de
fazer).
Percebeu-se que os especialistas se preocupam com o conhecimento (o
aprender a conhecer) até mesmo quando elencaram competências que denotam
atitude (aprender a ser) ao relatarem a vontade de conhecer, vontade de se atualizar
e interesse. Tais resultados estão de acordo com a Comissão Internacional sobre
Educação para o Século XXI, comandada por Jacques Delors, que evoca uma
sociedade educativa baseada na aquisição, atualização e utilização
dos conhecimentos, ou seja, as três funções relevantes no processo
educativo. Com o desenvolvimento da sociedade da informação e a
multiplicação das possibilidades de acesso a dados e fatos, a
educação deve permitir que todos possam coletar, selecionar,
ordenar, gerenciar e utilizar esse volume de informações e servir-se
dele (DELORS et al., 2010).
Nesta perspectiva, observou-se que os painelistas contemplaram, na primeira
rodada, competências dos 4 pilares (DELORS et al., 2010), porém com pouca
ênfase no pilar aprender a viver junto/a conviver. Foi citada apenas uma
competência dentro desse princípio, descrita como “ser capaz de partilhar o
conhecimento”, sendo esta apontada apenas por um especialista, como pode ser
visualizado no Apêndice F.
Segundo Barr (1989), as competências colaborativas possibilitam estabelecer
claramente o papel e as responsabilidades de cada profissão, respeitando suas
competências e limitações. Trabalhar em interação com outras profissões em
diversos tipos de serviços implica saber lidar com as diferenças entre elas,
investindo na integração da equipe e na identificação e compreensão das
preocupações dos outros profissionais quanto ao cuidado ao paciente.
Os resultados alertam para uma possível dificuldade ou pouco mérito em
relação ao trabalho em equipe, bem como ao desenvolvimento de uma gestão
compartilhada, democrática e participativa, sendo estes fatores importantes para
uma gestão eficaz.
Os sistemas de saúde têm enfrentado desafios que incidem também sobre a
profissão farmacêutica provocando a necessidade de uma série de transformações
nos últimos tempos. De acordo com documento expedido pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) e
farmacêuticos
Organização Pan-Americana da Saúde
precisam
resolver
problemas
dos
sistemas
(OPAS), os
de
saúde
35
(ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2013), partindo de uma
abordagem centrada no medicamento para o cuidado (CONSELHO FEDERAL DE
FARMÁCIA, 2013). Assim, o farmacêutico atual deve ter sua prática redefinida a
partir das necessidades das pessoas, família, cuidadores e comunidade.
Freitas et al. (2016) levantam uma série de dificuldades relacionadas à
mudança de foco da profissão farmacêutica no Brasil. A formação inadequada do
profissional de farmácia aparece como a principal barreira.
As diretrizes sobre educação farmacêutica, no mundo inteiro, apontam que as
escolas devem formar um farmacêutico com competência para: Prestar atenção
farmacêutica ao paciente, trabalhar em equipe e colaboração profissional, buscar
informação sobre medicamentos, se comunicar, contribuir para a qualidade no uso
de medicamentos, aplicar técnicas de gestão e organização, entre outras
(NATIONAL ASSOCIATION OF PHARMACY REGULATORY AUTHORITIES, 2007;
PHARMACEUTICAL COUNCILOF NEW ZEALAND, 2010).
Sobre a segunda rodada do método Delphi: quais as dez competências
mais apontadas pelos gestores?
Após a consolidação e organização das competências e características
resultantes da primeira rodada, foi elaborado e enviado um questionário contendo as
20 competências compiladas e a seguinte solicitação: Marque até 10 competências
que você concorda serem necessárias para ocupar o cargo de gestão.
A partir da análise temática, os resultados da segunda rodada foram
analisados e organizados em uma tabela do seguinte modo: matriz de competências
apuradas com nível de concordância (Tabela 2.1).
Verifica-se que das 10 (dez) competências com nível de concordância (Cc)
igual ou acima de 60%, duas (02) apresentaram unanimidade em concordância
(100%), sendo estas: ser capaz de gerir pessoas e demonstrar liderança.
36
Tabela 2.1 – Matriz de Competências Apuradas por Nível de Concordância*
Especialistas
Competência
1 - Dominar conhecimento da área de
gestão
2 - Dominar as leis que regem a área de
atuação
3 - Ser capaz de gerir pessoas
4 - Ser capaz de empreender
5 - Demonstrar liderança
6 - Demonstrar disciplina
7 - Demonstrar firmeza nas decisões
8-Demonstrar compromisso
9 - Demonstrar saber ouvir
10 - Ser capaz de articular ideias
E1
E2
E3
X
X
X
X
80
X
X
X
X
80
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
100
80
100
80
60
80
60
60
X
X
X
X
X
X
X
X
X
E4
Coeficiente de
concordância
%
X
X
X
X
X
X
X
X
E5
X
Fonte: Autora, 2016.
Notas: * Empiricamente, quando CC ≥ 60% a concordância é considerada aceitável. As competências
que obtiveram valores Cc < 60% foram eliminadas por causa do baixo nível de concordância ou do
pouco consenso entre os especialistas. Como resultado, das 20 competências iniciais restaram
apenas 10.
A discussão da segunda rodada foi desenvolvida junto ao próximo tópico,
quando se apresentam e se discutem as 10 competências escolhidas e sua ordem
de importância.
Sobre a terceira rodada do método Delphi: qual a ordem de importância
das competências apontadas pelos gestores?
As 10 competências que obtiveram Cc ≥ 60% foram elencadas e enviadas
aos especialistas juntamente com a seguinte pergunta: Que peso você atribuiria a
cada uma das competências, com o objetivo de ordená-las de acordo com seu grau
de importância para um excelente desempenho em gestão? Para esta pergunta foi
solicitada a atribuição de menor valor da escala (1 a 10) para a mais importante e o
maior valor para a menos importante. Insistiu-se que não fosse atribuído o mesmo
número da escala para duas ou mais competências, o que reduziu o nível de
ordenação ou discriminação.
A análise temática, em sua etapa de tratamento dos resultados e
interpretação permitiu analisar e organizar os resultados da terceira rodada em
tabelas do seguinte modo: ponderações dos especialistas (Tabela 2.2); ordem de
importância das competências; correlação com as ações-chave da PADCNF
37
(CONSELHO
FEDERAL
DE
FARMÁCIA;
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA
DE
EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA, 2016) e pilares da educação, conforme Delors et al.
(2010) - Tabela 2.3.
Analisadas as respostas da terceira rodada, as ponderações foram ordenadas
de acordo com o valor da somatória por linhas denominadas de Rj. Essa variável
permite a ordenação segundo o valor discreto da Rj média. Na tabela 2.2 evidenciase que as competências de ser capaz de gerir pessoas e demonstrar liderança
obtiveram pontuação como as mais importantes, seguidas do dominar conhecimento
da área de gestão, sendo a de menor importância o ser capaz de articular ideias.
Tabela 2.2 – Ponderações dos Especialistas
Especialistas
Competência
1 - Ser capaz de gerir pessoas
2 - Demonstrar liderança
3 - Dominar conhecimento da área de gestão
4 - Demonstrar compromisso
5 - Dominar as leis que regem a área de atuação
6 - Ser capaz de empreender
7 - Demonstrar firmeza nas decisões
8 - Demonstrar disciplina
9 - Demonstrar saber ouvir
10 - Ser capaz de articular ideias
Rj
E1
3
4
9
1
5
2
7
6
10
8
E2
2
1
5
7
6
3
8
4
9
10
E3
7
9
3
1
5
8
2
6
4
10
E4
1
2
3
6
8
10
5
7
4
9
E5
7
4
2
9
1
3
6
8
10
5
20
20
22
24
25
26
28
31
37
42
Fonte: Autora, 2016.
Nessa linha do processamento estatístico, cabe apontar que foi utilizado o
coeficiente de concordância Kendall W (CUESTA, 1990, 1991 apud SANTOS, 2001).
Assim, chama-se Rj a somatória de ponderações por linhas, variável com a mesma
denominação em Kendall W. Tal variável supera o coeficiente Cc por seu rigor
estatístico-matemático. Demonstra significação no consenso com menos rodadas.
Então, pôde-se concluir que existe adequado nível de consenso, o que leva à
definição das competências para o cargo de gestão na visão desse grupo de
especialistas.
38
Tabela 2.3 – Ordem de importância das Competências e correlação com as açõeschave da PADCNF e pilares da educação conforme Delors et al. (2010)
Competência
Rj Média
1 - Ser capaz de gerir pessoas
4
2 - Demonstrar liderança
4
3 - Dominar conhecimento da área de
gestão
4,4
4 - Demonstrar compromisso
4,8
5 - Dominar as leis que regem a área de
atuação
5
6 - Ser capaz de empreender
5,2
7 - Demonstrar firmeza nas decisões
5,6
8- Demonstrar disciplina
6,2
9 - Demonstrar saber ouvir
7,4
10 - Ser capaz de articular ideias
8,4
Ações-chave
Organização do
trabalho em
saúde
Acompanhamento
e avaliação do
trabalho em
saúde
Organização do
trabalho em
saúde
Organização do
trabalho em
saúde
Organização do
trabalho em
saúde
Organização do
trabalho em
saúde
Organização do
trabalho em
saúde
Organização do
trabalho em
saúde
Acompanhamento
e avaliação do
trabalho em
saúde
Acompanhamento
e avaliação do
trabalho em
saúde
Pilares da
Educação
(Delors et al.)
Aprender a
fazer
Aprender a ser
Aprender a
conhecer
Aprender a ser
Aprender a
conhecer
Aprender a
fazer
Aprender a ser
Aprender a ser
Aprender a ser
Aprender a
fazer
Fonte: Autora, 2016.
Correlacionando-se os resultados da Tabela 2.3 aos pilares da educação
propostos por Delors et al. (2010), percebeu-se que a maior ênfase foi dada ao pilar
aprender a ser, seguindo a mesma linha e reforçando os resultados da primeira
rodada (Tabela 2.1). Porém, ao reduzir de 20 para 10 competências, houve uma
inversão quanto ao segundo pilar de destaque, na primeira rodada o aprender a
conhecer e na terceira rodada o aprender a fazer. Desse modo, ficou demonstrada
uma priorização por competências de habilidades em detrimento das relativas ao
conhecimento, provavelmente devido à formação tecnicista vivenciada pelos
especialistas, em que o saber fazer a técnica era o aspecto mais importante no
ensino, sem necessariamente conhecer por que se faz e outras maneiras de fazê-lo.
39
Faz-se importante ressaltar que a competência de partilhar o conhecimento,
elencada durante a primeira rodada, correlacionada ao pilar de aprender a viver
juntos, sendo a única dentro deste, e a ação-chave de organização do trabalho em
saúde, especificamente no desempenho de promover o desenvolvimento de
pessoas em equipes, foi retirada quando elencadas as dez competências mais
importantes (segunda rodada). Este resultado provavelmente ocorre devido à cultura
acadêmica, fragmentada e positivista, experimentada pelos especialistas, com
pouca ênfase curricular ao trabalho em equipe.
Aqui, fortifica-se a necessidade de maior atenção ao pilar referente ao
aprender a viver junto/a conviver, que não foi contemplado na segunda e terceira
rodadas. É preciso incentivar modificações na formação, a fim de contemplar esta
área de competência.
A análise das 10 competências mais importantes para os gestores, tomando
como base a PADCNF (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA; ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA, 2016) - Tabela 2.3, corrobora o
percebido com os resultados da primeira rodada, quanto à ênfase dos especialistas
em eleger e priorizar competências voltadas às ações-chave da organização do
trabalho em saúde. Tais competências fazem-se importantes, mas devem estar
associadas às ações-chaves do acompanhamento e avaliação do trabalho em
saúde, pois são de suma importância como instrumento para a reorganização do
processo de trabalho da equipe.
Visualizou-se uma lacuna no desempenho de elaborar e implementar o plano
de intervenção, processos e projetos. Na primeira rodada foram citadas duas
competências para esse desempenho, porém, na segunda (consenso) e terceira
(ordem de importância) rodadas não foram priorizadas. Resultado que vem a
reforçar uma característica dos gestores em gerir sem um planejamento de ações.
A partir dos anos 1980 foram sendo difundidas alternativas administrativas, de
gestão e organização do trabalho que estão associadas, frequentemente, à
superação dos modelos taylorista/fordistas de organização do trabalho, na medida
em que podem favorecer a participação dos trabalhadores nos processos de tomada
de decisão. Enfatizam a cooperação; a valorização de grupos de trabalho; a
diminuição de níveis hierárquicos; autogerenciamento por setores e áreas;
delegação de tarefas, responsabilidade compartilhada e transparência nas decisões
(MATOS; PIRES, 2006).
40
Evidencia-se o crescimento, nos últimos anos, do debate acerca das
mudanças necessárias na gestão e organização do trabalho em saúde. A discussão
ganha espaço no bojo das transformações que afetam o mundo do trabalho, as
organizações em geral e as organizações de saúde. No Brasil merecem destaque as
mudanças que vêm ocorrendo a partir da Reforma Sanitária, estimulando
intensamente esse debate. Na discussão sobre a gestão e organização do trabalho
em saúde percebe-se uma busca sustentada em diversas áreas do conhecimento,
entre as quais se destacam as teorias da administração. As influências e mudanças,
no entanto, ainda são embrionárias e insuficientes para apontar uma direção para a
gestão e organização do trabalho em saúde; são pouco significativas considerando
as dificuldades e a hegemonia das teorias clássicas e burocráticas; mas são muito
significativas se considerarmos os avanços das últimas décadas (MATOS; PIRES,
2006).
É relevante destacar que as 10 competências elencadas estão contempladas
na PADCNF. Observou-se que o referido documento confere maior ênfase às
competências de dominar conhecimento da área de gestão (C3), dominar as leis que
regem a área de atuação (C5) e demonstrar organização/disciplina (C8),
corroborando com as priorizadas pelos especialistas locais (CONSELHO FEDERAL
DE FARMÁCIA; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA,
2016).
Dentre as competências elencadas vale ressaltar e discutir aquelas que
ocuparam, respectivamente, as posições 1 (C1) e 2 (C2) – ser capaz de gerir
pessoas (Gestão de pessoas) e demonstrar liderança; a sexta colocada (C6) – ser
capaz de empreender (Empreendedorismo), enfatizada na PADCNF como
importante a ser integrada à gestão em saúde; além da listada em décimo lugar
(C10) – ser capaz de articular ideias, que denota o ato de pensar e raciocinar, a qual
foi a única dentro do desempenho de Gerenciamento do cuidado em saúde.
As competências de ser capaz de gerir pessoas e demonstrar liderança
empataram no nível de concordância (Tabela 2.1), destacando-se por obter o nível
máximo (100%), nas ponderações dos especialistas (Tabela 2.2) e na ordem de
importância (Tabela 2.3). O critério de desempate estabelecido para definir a ordem
de importância foi eleger a competência mais citada durante a primeira rodada,
conforme pode ser visualizado no Apêndice F.
41
A PADCNF, em seu artigo 6º, entende a gestão em saúde como “um
processo técnico, político e social, capaz de integrar recursos e ações para a
produção de resultados” (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA; ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA, 2016, p.7-8), requerendo para a
sua realização, dentre as competências elencadas no referido documento, a de
“promover o desenvolvimento de pessoas e equipes”. Isso demonstra a consonância
dos especialistas entre a competência de ser capaz de gerir pessoas e a PADCNF.
Esta competência se aplica a
a) conhecer a legislação que rege as relações com os trabalhadores
e atuar na definição de suas funções e sua integração com os
objetivos da organização do serviço; b) desenvolver a avaliação
participativa das ações e serviços em saúde; c) selecionar, capacitar
e gerenciar pessoas, visando à implantação e à otimização de
projetos, processos e planos de ação CONSELHO FEDERAL DE
FARMÁCIA; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO
FARMACÊUTICA, 2016, p. 8).
Em estudo realizado em 2016 sobre o papel da gestão na percepção das
áreas de uma unidade de saúde, no quesito orientação e desenvolvimento das
pessoas na percepção dos gestores e servidores, observaram-se resultados com
indicação positiva de que orientar e desenvolver pessoas são fatores importantes na
gestão, e primordiais para a motivação dos liderados e alcance dos objetivos
institucionais (CANUTO; RIBEIRO, 2016).
O referido estudo ratifica os resultados indicados nas Tabelas 2.1, 2.2 e 2.3,
onde os especialistas concordaram em 100%, ponderaram e ordenaram em mais
alto grau de importância, respectivamente, a competência de ser capaz de gerir
pessoas. Ficou demonstrada uma percepção positiva sobre a importância do papel
da gestão de pessoas dentro do processo geral da gestão.
Outra competência destacada como importante pelos especialistas para o
desempenho da gestão (Tabelas 2.1, 2.2 e 2.3) refere-se à liderança – Demonstrar
Liderança. O tema é citado na PADCNF, em seu artigo 2º, quando descreve que a
formação do farmacêutico deve considerar a “Liderança, ética, empreendedorismo,
respeito,
compromisso,
comprometimento,
responsabilidade,
empatia,
gerenciamento e execução de ações pautadas pela interação, participação e
diálogo” (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA, 2016, p. 1).
42
Peci e Sobral (2008, p. 216) definem liderança como um “processo social de
dirigir e influenciar o comportamento dos membros da organização, levando-os à
realização de determinados objetivos”. Enquanto Maximiano (2012, p. 282) a define
como “o processo de conduzir as ações ou influenciar o comportamento e a
mentalidade de outras pessoas” e como “a realização de metas por meio da direção
de colaboradores”.
Para Maximiano (2012, p. 290-291), “as habilidades podem ser desenvolvidas
a partir de aptidões. O estudo das habilidades torna a liderança uma competência
acessível por meio da educação, treinamento e experiência”. O autor, dentro do
conceito de que as habilidades podem ser aprendidas e de que a comunicação,
citada na PADCNF como diálogo, é a base para o líder descreve:
As habilidades relacionadas com a comunicação demonstram que
certas características dos líderes podem ser e são desenvolvidas. A
comunicação é o alicerce da liderança, uma vez que o requisito
básico para um líder é a capacidade de transmitir sua mensagem de
modo a persuadir, inspirar ou motivar seus seguidores. Isto não
significa apenas habilidade com as palavras e o modo de dizê-las,
mas a capacidade de transformar ideias em mensagens
convincentes (MAXIMIANO, 2012, p. 291).
A partir desses resultados pode-se inferir sobre a importância e a
necessidade
de
investimentos
no
desenvolvimento
da
habilidade
para
a
comunicação durante a formação.
A PADCNF enfatiza a união entre a gestão e o empreendedorismo, em que o
ato de administrar e gerenciar são intrínsecos, e, em seu artigo 2º e 7º, cita a
importância do desenvolvimento de liderança em conjunto com o empreendedorismo
na formação farmacêutica (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA; ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA, 2016).
Nesta pesquisa, durante a ordenação de importância, verificou-se que a
habilidade de empreender (C6) é entendida como importante pelo grupo de
gestores, demonstrando preocupação com a integração gestão-empreendedorismo.
Para entender o que os especialistas quiseram dizer com a décima
competência elencada - ser capaz de articula ideias se faz necessário conceituar a
palavra ideia. O dicionário Aurélio define ideia como “representação mental de uma
coisa concreta ou abstrata; projeto, plano; invenção, criação; opinião, conceito, juízo;
pensamento; conhecimento, memória” (FERREIRA, 1999, p. 1071). Ainda segundo
43
o autor, o conceito de ideias é um “conjunto dos pensamentos ou concepções de um
indivíduo ou de um grupo social em qualquer domínio; teoria, doutrina, filosofia;
ponto de vista; opinião”. Nesse sentido, quando os especialistas indicaram a
competência de articular ideias, referem-se à capacidade do gestor em articular
projetos, planos, criações, pensamentos, conhecimentos ou concepções.
A competência em ser capaz de articular ideias, correlacionada à ação-chave
de acompanhamento e avaliação do trabalho em saúde para o desempenho de
gerenciamento do cuidado em saúde (Quadro 2.1), obteve décima colocação na
ordem de importância das competências (Tabela 2.3). Tal capacidade pertence ao
rol de competências ligadas à ação-chave de acompanhamento e avaliação
(CONSELHO
FEDERAL
DE
FARMÁCIA;
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA
DE
EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA, 2016), e, dentre as elencadas, foi a única
representante da área, confirmando o resultado encontrado na primeira rodada,
quanto à dificuldade do gestor para monitorar e avaliar as ações de gestão.
É importante que os gestores transfiram, de modo articulado, as estratégias
de pensamento utilizadas em um dado contexto, bem como os conhecimentos
gerados a partir delas, para outros. A transferência é a base da concentração do
conhecimento e da aprendizagem humana, marcando em especial a possibilidade
de, partindo do conhecido (conteúdos, estratégias, habilidades etc.), articulá-lo de
outra forma, chegando a soluções, conclusões e ideias inéditas. É a transferência
que possibilita a expansão de gestores quanto a pensar sobre suas ideias,
articulando-as com as veiculadas em outros espaços e aplicando-as a contextos
diversos (DAVIS; NUNES, M; NUNES, C., 2005).
Pesquisas sobre competências no âmbito educacional ganham cada vez mais
destaque mundial, como demonstram estudos recentes realizados na Europa
(ATKINSON et al., 2014, 2015, 2016), com o uso da técnica Delphi, que produziu um
quadro europeu para um sistema de garantia de qualidade baseado em
competências para a prática farmacêutica. Outro estudo (VOLMER et al., 2017),
realizado na Estonia, avaliou a aplicabilidade e eficácia do quadro de competências
como uma ferramenta de mapeamento curricular de um curso de farmácia. As
competências elencadas nos referidos estudos foram: trabalho em equipe,
aprendizagem e conhecimento, acompanhamento e gerenciamento de equipes,
assemelhando-se às identificadas nesta pesquisa.
44
Volmer e colaboradores (2017) apontam para uma tendência global do ensino
superior de trabalhar com o currículo por competências. Os autores destacam que o
desenvolvimento e implementação deste tipo de currículo requerem compreensão
da instituição de ensino superior, bem como parcerias com o setor de farmácia e
instituições governamentais para uma melhor identificação das necessidades de
mudanças na formação destes profissionais.
2.4
Considerações Finais
As dez (10) competências delineadas, por ordem de importância, pelos
especialistas foram: ser capaz de gerir pessoas, demonstrar liderança, dominar
conhecimento da área de gestão, demonstrar compromisso, dominar as leis que
regem a área de atuação, ser capaz de empreender, demonstrar firmeza nas
decisões, demonstrar disciplina, demonstrar saber ouvir e ser capaz de articular
ideias.
Utilizando como referência a PADCNF, observou-se que as competências
citadas pelos especialistas têm ênfase na ação-chave de organização do trabalho
em saúde, com maior enfoque nos desempenhos de identificar e registrar os
problemas e as necessidades de saúde e promover o desenvolvimento de pessoas
e equipes.
Constatou-se que a ação-chave de acompanhamento e avaliação do trabalho
em saúde não foi enfatizada, obtendo-se, inclusive, um vazio no desempenho para
acompanhar e avaliar o plano de intervenção, processos e projetos, tendo sido
apontada apenas uma competência nesse sentido – ser capaz de articular ideias.
Este fato tem como maior consequência a dificuldade de articular, formular e
implementar processos de trabalho de melhor qualidade nos serviços de saúde e na
academia.
Tomando como referencial os pilares da educação de Delors e colaboradores,
foi visto que as competências citadas pelos especialistas atendem aos quatro
pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a
ser.
O pilar de aprender a ser, que denota atitude, teve uma maior importância,
seguido do pilar de aprender a fazer, indicando habilidades, e aprender a conhecer,
45
que se refere a conhecimento. Porém, percebeu-se pouca ênfase ao pilar de
aprender a viver juntos, o que impacta o desenvolvimento do trabalho em equipe.
O saber trabalhar em equipe é umas das competências mais necessárias e
requisitadas pelas organizações na atualidade, em que a gestão compartilhada é
alvo de vários estudos e discussões, inclusive na área da saúde e educação. Neste
estudo verificou-se que foi dada pouca importância ao pilar de aprender a viver
juntos, o que denota a necessidade de incentivar modificações na formação, a fim
de contemplar esta área de competência.
Identifica-se nesta pesquisa a necessidade de superar os modelos
dominantes de educação e prática uniprofissional, os quais já não respondem mais
aos desafios e à complexidade das necessidades da saúde.
As lacunas percebidas quanto às competências para os desempenhos de
elaborar e implementar o plano de intervenção, processos e projetos, acompanhar e
avaliar o plano de intervenção, processos e projetos, assim como a pouca ênfase
para o gerenciamento do cuidado em saúde, comunicação e trabalho em equipe,
requerem investimentos na formação (graduação e pós-graduação).
A técnica Delphi possibilitou que os especialistas revissem opiniões emitidas
previamente, com tempo para pensar individualmente. Permitiu, ainda, que o
profissional refletisse a natureza do seu trabalho dentro de uma estrutura mais
ampla do que tem sido feito. Os resultados obtidos demonstram um consenso e
aponta para a necessidade de providenciar metas mais claras do que normalmente
existem para as instituições de ensino e para os programas de educação
permanente, no âmbito da gestão em saúde.
O estudo apresenta limites, visto que houve pouca representatividade das
diversas áreas de atuação farmacêutica, onde apenas a metade dos participantes
iniciais se comprometeram até o fim da pesquisa. Outro limite identificado é que os
dados se resumem à perspectiva do farmacêutico, não considerando outros atores.
Contudo, os resultados possibilitaram o desenvolvimento de uma matriz de
competências para o eixo de gestão em saúde, contribuindo com a qualidade do
ensino de Farmácia no Estado de Alagoas, Brasil.
A realização deste tipo de pesquisa fornece subsídios para mudanças
curriculares e aponta para a necessidade de pesquisa de aprofundamento, com
abordagem qualitativa, para compreender as variáveis que influenciam na mudança
de concepção do profissional farmacêutico.
46
Por fim, os achados permitiram definir, de forma parcial, as competências
necessárias aos profissionais de Farmácia que atuam na Gestão em Saúde, e, a
partir dessas evidências, identificar a necessidade de desenvolvimento de novos
estudos que se aprofundem nessas vertentes, visando a ajustes da proposta
curricular.
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51
3
PRODUTO 1: RELATÓRIO TÉCNICO
Os produtos desenvolvidos fazem parte de um dos pré-requisitos para a
obtenção do título de mestre do Programa de Ensino na Saúde da Faculdade de
Medicina (FAMED) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e foram derivados
das reflexões e necessidades evidenciadas após análises dos resultados da
pesquisa intitulada “Competências para o Farmacêutico Atuante na Gestão em
Saúde: um estudo Delphi”.
Para efetivação dos produtos do Mestrado, foram enviadas solicitações de
agendamento de um espaço para entrega e apresentação dos resultados da
pesquisa ao Conselho Regional de Farmácia de Alagoas – CRF/AL (Apêndice H),
ao NDE e ao Colegiado do curso de Farmácia da IES (Apêndice I) em que a
mestranda atua, as quais foram devidamente protocoladas. Os momentos de
apresentação aconteceram nos meses de fevereiro e março de 2017 e foram
registrados em ATA de frequência (Apêndices J e K) e fotografias (Apêndices Le
M).
Foram realizados dois produtos voltados para a intervenção e transformação
das realidades encontradas. Foram desenhados no seguinte formato: Produto 1Elaboração de um Relatório Técnico, constando de um resumo de toda a pesquisa
com ênfase nos resultados; Produto 2 – Reunião o qual foi apresentado e entregue
ao Colegiado e Núcleo Docente Estruturante – NDE do curso de Farmácia da IES
com a qual a mestranda tem vínculo profissional, e ao Conselho Regional de
Farmácia de Alagoas; Produto 2- Reunião como Colegiado e Núcleo Docente
Estruturante – NDE do curso de Farmácia da instituição de ensino em que a
mestranda está vinculada profissionalmente e o Conselho Regional de Farmácia de
Alagoas para entrega e apresentação do relatório técnico, discussão de propostas e
sugestões sobre o tema; Produto 3 - elaboração de uma Matriz de Competências
para ser utilizada como instrumento avaliativo pelo NDE e Colegiado. Os produtos
tiveram o intuito de promover reflexões sobre os resultados da pesquisa para o
desenvolvimento de ações educativas voltadas à avaliação do desenvolvimento da
competência de gestão em saúde no currículo da graduação, fomentando subsídios
para avaliar e modificar o PPC e currículo do curso. A seguir, se descreve o
conteúdo do Relatório Técnico que compõe o Produto 1.
52
3.1
Apresentação
O estudo desenvolveu-se em Maceió-Alagoas, com especialistas graduados
em Farmácia, experientes e atuantes na gestão farmacêutica, por meio do método
de pesquisa Delphi, em três (03) rodadas, para definir dez (10) competências
importantes para atuação na gestão farmacêutica.
Os especialistas contribuíram expondo suas visões sobre as competências
requisitadas em seu cotidiano, as características de um bom gestor, eventos críticos
no processo de gestão e as dez (10) competências necessárias para o cargo de
gestão em ordem de importância.
3.2
Introdução
A sociedade, a economia e o mercado exigem cada vez mais do farmacêutico
uma mudança em sua prática e cultura profissionais, não devendo atuar apenas
como um técnico, mas também como um gestor. A atribuição da função gerencial ao
farmacêutico é cada vez mais requerida em todas as suas áreas de atuação. As
grandes redes de farmácias, por exemplo, adaptaram-se a esta mudança,
principalmente para diminuir os custos de mão de obra, não necessitando contratar
um administrador ou outro profissional da área para exercer esta função. Para o
farmacêutico, a aquisição desta nova atribuição proporcionou maior autonomia e
responsabilidade na farmácia, numa posição hierárquica de maior prestígio e poder.
Por outro lado, ele acumulou funções antes não exercidas, para as quais se exigem
competências não desenvolvidas durante a formação técnica (FRANCESCHET,
2002).
As
Diretrizes
Curriculares
Nacionais
(DCN)
estabelecem
seis
(06)
competências e habilidades gerais que devem ser desenvolvidas no egresso a partir
do currículo do curso de Farmácia, sendo estas: I - atenção à saúde, II - tomada de
decisões, III - comunicação, IV - liderança, V - administração e gerenciamento e VI educação permanente. Dentre estas a escolhida como tema da pesquisa foi a
competência de administração e gerenciamento, relativa à gestão em saúde, devido
ao fato de ser um assunto ainda pouco explorado na atividade farmacêutica e uma
habilidade cada vez mais exigida do profissional farmacêutico. A competência V
estabelece que:
53
Os profissionais devem estar aptos a tomar iniciativas, fazer o
gerenciamento e administração tanto da força de trabalho, dos
recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que
devem estar aptos a serem empreendedores, gestores,
empregadores ou lideranças na equipe de saúde (CONSELHO
NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2002, p.2).
As DCN (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2002) em vigor
descrevem, de modo restrito e sintético, a gestão apenas no tocante a serviços e a
administração e não faz alusão a gestão de pessoas. Em contrapartida, a PDCNF
propõe um novo olhar, quando estabelece, de modo definido, a gestão do cuidado e
a gestão em saúde, incorporando o serviço e a administração como uma dentre
outras competências necessárias à formação do egresso (CONSELHO FEDERAL
DE FARMÁCIA; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA,
2016). Percebe-se também uma maior ênfase no planejamento, avaliação e
acompanhamento do trabalho em saúde em relação à diretriz vigente, e a inserção
da gestão de pessoas, lacuna existente na atual diretriz, sendo estes desempenhos
importantes na gestão.
Passados 14 anos desde a publicação das DCN de Farmácia, o Conselho
Federal de Farmácia (CFF) e a Associação Brasileira de Educação Farmacêutica
(ABEF), percebendo a necessidade de atualizar as diretrizes frente a exigências e
desafios atuais do ensino e mercado profissional farmacêutico, realizaram vários
encontros regionais e dois fóruns nacionais para discutir as DCN.
Em março de 2016 mais de 150 farmacêuticos reunidos no II Fórum Nacional
para Discussão das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Farmácia, realizado em Brasília, aprovaram a proposta para a elaboração das
diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em Farmácia – PDCNF,
elaborada pela Comissão de Educação (Comensino/CFF) e Comissão Assessora de
Educação Farmacêutica (CAEF/CFF) do Conselho Federal de Farmácia e pela
Associação Brasileira de Educação Farmacêutica (ABEF). Todos os estados da
federação estiveram representados pelos delegados de entidades, sociedades e
associações profissionais, professores, estudantes e farmacêuticos (CONSELHO
FEDERAL
DE
FARMÁCIA;
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA
DE
EDUCAÇÃO
FARMACÊUTICA, 2016).
A proposta aprovada foi encaminhada ao Conselho Nacional de Educação
(CNE), do Ministério da Educação (MEC), e aguarda avaliação para uma possível
54
atualização e estabelecimento das novas diretrizes curriculares nacionais para o
curso de graduação em Farmácia. O referido documento traz a proposta de
estruturar a formação do farmacêutico em três (03) eixos: Cuidado em saúde,
tecnologia e inovação em saúde e gestão em saúde.
Com a inserção da gestão como parte integrante e importante do processo de
ensino-aprendizagem, faz-se importante utilizar estratégias que possibilitem o
estabelecimento de competências necessárias à atuação para a gestão em todos os
âmbitos, inclusive o da saúde. Uma ferramenta muito utilizada e eficaz é o método
Delphi.
O Método Delphi é uma ferramenta útil no campo da pesquisa e facilmente
aplicável na área da educação, com resultados positivos em temáticas como:
planejamento estratégico; definição de competências e perfis profissionais; definição
de conteúdos educacionais; planejamento de ações pedagógicas; identificação de
demandas mercadológicas; e estabelecimento de critérios e métodos avaliativos. A
maioria dos estudos relacionados ao uso do método Delphi detém-se em três
categorias na área da educação: Avaliação de curso, Planejamento educacional e
Políticas educacionais. Apesar do pouco uso desse método no Brasil, ele é
amplamente utilizado em países da América Latina, nos Estados Unidos da América,
no Canadá, além da Europa e Ásia (ANTUNES, 2014). Ainda segundo o autor,
Em estudos realizados no Brasil, utilizou-se o Método Delphi para a
identificação de perfis profissionais, no estabelecimento de consenso
sobre avaliação de cursos e sobre competências profissionais, entre
outras temáticas, o que aponta a amplitude do uso desse método no
campo da educação (ANTUNES, 2014, p. 64)
No Brasil há poucos estudos publicados sobre o uso do método Delphi para a
definição de competências. Na área da saúde, a Enfermagem vem adotando este
método para planejamento de serviços, análise das características profissionais,
competências e desenvolvimento da educação (POWELL, 2002), porém não é
observado seu uso na área da Farmácia, tampouco em pesquisa na Educação
farmacêutica.
Dentro do contexto descrito, da complexidade do âmbito profissional do
farmacêutico e da necessidade da formação de um profissional com o
desenvolvimento da competência para a administração e gerenciamento (Gestão em
Saúde), coube a pergunta norteadora da pesquisa: Quais são as competências
55
necessárias ao profissional de Farmácia para atuação na área de gestão em saúde,
na visão de especialistas locais?
Este estudo teve o objetivo de definir as competências necessárias aos
profissionais de Farmácia que atuam na Gestão em Saúde, visando contribuir assim
para a concretização das reformas pedagógicas no âmbito de uma Instituição de
ensino superior privada do Nordeste brasileiro, nos marcos das orientações
internacionais e das Diretrizes Curriculares Nacionais.
3.3
Desenvolvimento
3.3.1 Percurso Metodológico
Os participantes da pesquisa, como requisito básico para a participação,
tinham concluído a graduação em Farmácia e atuavam na área de gestão do serviço
ou acadêmica.
O processo de seleção dos sujeitos foi intencional. Após a aprovação do
comitê de ética em pesquisa (Anexo A), a amostra constituiu-se, inicialmente, por 09
(nove) farmacêuticos atuantes na gestão na cidade de Maceió. Entretanto, esse
número reduziu-se para 05 (cinco), sendo estes os que, de modo efetivo,
comprometeram-se com o estudo até o final. É composta por profissionais inseridos
na gestão dos seguintes cenários: Serviço de Saúde (público), Conselho de classe
profissional e Academia, sendo 02 profissionais atuantes, simultaneamente, na
gestão do serviço público (análises clínicas e vigilância sanitária) e acadêmica.
A técnica escolhida para alcançar o objetivo do estudo – o método Delphi – foi
composta por três momentos (rodadas/rounds) distintos, adaptados conforme
Santos (2001). Linstone e Turoff (1975), citados por Antunes (2014, p. 65) “apontam
a utilização de três a cinco rounds, sendo que o maior número de estudos utiliza de
três e quatro rounds” para se obter o consenso.
A aplicação das rodadas deu-se via correio eletrônico (e-mail). A primeira
rodada do método Delphi iniciou-se com o envio do convite para responder as
perguntas e questionário (Apêndice C). O questionário foi composto por três partes,
sendo estas: parte I – aceitação de participação na pesquisa; parte II – perfil do
especialista; e parte III – questões relativas ao estudo.
Na parte II constavam perguntas relativas ao perfil do especialista: área e
segmento de atuação como gestor e profissional farmacêutico; tempo de atuação
56
como gestor e como profissional farmacêutico; tempo de formação e grau de
titulação.
A parte III era constituída por quatro (04) perguntas relativas ao estudo, sendo
estas baseadas na experiência do especialista como gestor: 1 – Quais são as
competências requisitadas no seu cotidiano na área de atuação em gestão? 2 –
Para você, quais as características de um bom gestor? 3 – Quais as
situações/eventos no processo de administração e gerenciamento que você
considera críticos para as ações de gestão? 4 – O que você tem mais a acrescentar
sobre as competências profissionais para a atuação em gestão?
Os resultados da primeira rodada foram analisados e organizados em
quadros e tabelas do seguinte modo: competências e características de um bom
gestor elencadas pelos especialistas; organização das competências em acordo
com as ações-chave e desempenhos, aplicáveis ao eixo de gestão em saúde,
utilizados na PDCNF (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA; ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA, 2016) – ANEXO BI) e Matriz de
Competências definidas pelos Especialistas classificadas conforme Delors et al.
(2010), no Relatório da UNESCO sobre a educação para o século XXI. Os quatro
pilares da educação são descritos por Delors et al. (2010, p. 30) como:
Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral,
suficientemente ampla, com a possibilidade de estudar, em
profundidade, um número reduzido de assuntos, ou seja: aprender a
aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela
educação ao longo da vida.
Aprender a fazer, a fim de adquirir não só uma qualificação
profissional, mas, de uma maneira mais abrangente, a competência
que torna a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a
trabalhar em equipe. Além disso, aprender a fazer no âmbito das
diversas experiências sociais ou de trabalho, oferecidas aos jovens e
adolescentes, seja espontaneamente na sequência do contexto local
ou nacional, seja formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino
alternado com o trabalho.
Aprender a conviver, desenvolvendo a compreensão do outro e a
percepção das interdependências – realizar projetos comuns e
preparar-se para gerenciar conflitos – no respeito pelos valores do
pluralismo, da compreensão mútua e da paz.
Aprender a ser, para desenvolver, o melhor possível, a
personalidade e estar em condições de agir com uma capacidade
cada vez maior de autonomia, discernimento e responsabilidade
pessoal. Com essa finalidade, a educação deve levar em
57
consideração todas as potencialidades de cada indivíduo: memória,
raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para
comunicar-se.
Na perspectiva de competência envolvendo o CHA, as competências
profissionais foram divididas em três dimensões: a dimensão dos conhecimentos,
das habilidades e das atitudes. Na redação das competências optou-se por utilizar
as palavras “dominar” para designar conhecimentos, “ser capaz” para designar
habilidades e “demonstrar” para designar as atitudes. Tal opção justifica-se pelo fato
de facilitar a compreensão e a análise da essência do que foi originalmente proposto
para cada competência (FEITOSA; NASCIMENTO, 2003; RUTHES; FELDMAN;
CUNHA, 2010).
A partir da PDCNF (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2016) foram
definidas as ações-chave e desempenhos ligados à gestão em saúde para facilitar a
análise das competências em relação ao preconizado nesse documento. Como
resultado, obtiveram-se as ações-chave de organização do trabalho em saúde e de
acompanhamento e avaliação do trabalho em saúde. A primeira está relacionada
aos seguintes desempenhos: 1) Identificar e registrar os problemas e as
necessidades de saúde; 2) Promover o desenvolvimento de pessoas e equipes; 3)
Elaborar, implementar o plano de intervenção, processos e projetos. A segunda
ação-chave está associada aos desempenhos de: 1) Gerenciar o cuidado em saúde;
2) Acompanhar e Avaliar o plano de intervenção, processos e projetos.
Outro olhar sobre a competência profissional foi realizado a partir dos quatros
pilares da educação (DELORS, 2010). Este relatório trouxe um conjunto de
conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para aprender a conhecer, a
fazer, a conviver e a ser, visando a uma atuação profissional adequada ao século
XXI.
Acredita-se ser esta uma definição que engloba as competências encontradas
nesta investigação, facilitando a comparação com outros estudos encontrados na
literatura, além do que esse conceito avança no sentido de que os aspectos mais
objetivos, relacionados com a cognição e a ação, como também as dimensões mais
subjetivas ou qualitativas relacionadas com a competência, como valores, atitudes e
convicções fossem contemplados.
Na segunda rodada do método Delphi, objetivou-se um consenso das
competências elencadas na primeira rodada. Para tanto, foi enviado convite para
58
responder ao questionário (Apêndice D), que continha a seguinte solicitação:
Marque até 10 competências que você concorda serem necessárias para ocupar o
cargo de gestão.
A terceira e última rodada teve início com o envio do convite para responder
ao questionário (Apêndice E), que continha a seguinte pergunta: Que peso você
atribuiria a cada uma das competências, com o objetivo de ordená-las de acordo
com seu grau de importância para um excelente desempenho em gestão? Por se
tratar de um estudo de consenso nivelador, utilizaram-se os recursos da estatística
descritiva, mais especificamente as medidas de tendência central (média), o
coeficiente de concordância (Cc) de Kendall W e a variável de Rj (SANTOS, 2001).
3.5
Resultados
Para o delineamento das competências necessárias aos profissionais de
Farmácia que atuam na Gestão em Saúde, partiu-se da visão de um grupo de
especialistas gestores do ensino e serviço de saúde. A pesquisa utilizou o método
Delphi.
Sobre a primeira rodada do método Delphi: o que pensam os
farmacêuticos sobre o bom gestor?
Como resultado da primeira rodada foram elencadas as competências
requisitadas para atuação em gestão e as características de um bom gestor. A
análise das respostas apontou para 22 competências e 21 características (Apêndice
F).
Para melhor análise, as 22 competências foram organizadas em acordo com
as ações-chave e desempenhos, tendo como base a PDCNF (Anexo B) na área de
competência da Gestão em Saúde (Quadro 3.1).
59
Quadro 3.1- Organização das competências de acordo com as ações-chave e
desempenhos elaborados através da proposta para a elaboração das
diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em Farmácia
para a competência da Gestão em Saúde, 2016. (A)
Ações-chave
Desempenho
Identificar e registrar os
problemas e as
necessidades de saúde
Organização do
trabalho em saúde
Acompanhamento e
avaliação do trabalho
em saúde
Promover o
desenvolvimento de
pessoas e equipes
Elaborar e implementar o
plano de intervenção,
processos e projetos
Gerenciar o cuidado em
saúde
Acompanhar e avaliar o
plano de intervenção,
processos e projetos
Competências
Dominar conhecimento da área de gestão
Ser capaz de ter relação interpessoal
Dominar as leis que regem a área de
atuação.
Demonstrar compromisso
Demonstrar responsabilidade
Demonstrar dedicação
Ser capaz de gerir pessoas; Ser capaz de
ter habilidades humanas
Demonstrar perfil para gestão
Demonstrar
competência
pessoal
e
profissional
Demonstrar ser capaz de não deixar o
pessoal interferir no profissional.
Ser capaz de estar atualizado; Demonstrar
vontade de conhecer, vontade de se
atualizar; interesse
Ser capaz de ter habilidades técnicas
Dominar habilidades conceituais
Demonstrar atitude
Demonstrar organização
Demonstrar amor ao que faz
Demonstrar discernimento
Demonstrar firmeza nas decisões
Ser capaz de partilhar o conhecimento
Dominar conhecimento de marketing
Demonstrar perspectiva
Ser capaz de articular ideias
Fonte: Autora, 2015.
Após categorizar as competências de acordo as ações-chave e desempenhos
à luz da PADCNF, foi realizada uma categorização com base nos pilares da
educação para o século XXI (Apêndice G).
Sobre a segunda rodada do método Delphi: quais as dez competências
mais apontadas pelos gestores?
Após a consolidação e organização das competências resultantes da primeira
rodada, foi elaborado e enviado um questionário contendo a seguinte solicitação:
60
Marque até 10 competências que você concorda serem necessárias para ocupar o
cargo de gestão.
Os resultados da segunda rodada foram analisados e organizados em tabelas
do seguinte modo: matriz de competências definidas pelos especialistas (Apêndice
F) e matriz de competências apuradas com nível de concordância (Tabela 3.1).
Verifica-se que das 10 (dez) competências com nível de concordância (Cc)
igual ou acima de 60%, duas (02) apresentaram unanimidade em concordância
(100%), sendo estas: ser capaz de gerir pessoas e demonstrar liderança.
Tabela 3.1 – Matriz de Competências Apuradas por Nível de Concordância *
Especialistas
Competência
1 - Dominar conhecimento da área de
gestão
2 - Dominar as leis que regem a área de
atuação
3 - Ser capaz de gerir pessoas
4 - Ser capaz de empreender
5 - Demonstrar liderança
6 - Demonstrar disciplina
7 - Demonstrar firmeza nas decisões
8-Demonstrar compromisso
9 - Demonstrar saber ouvir
10 - Ser capaz de articular ideias
E1
E2
E3
X
X
X
X
80
X
X
X
X
80
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
100
80
100
80
60
80
60
60
X
X
X
X
X
X
X
X
X
E4
Coeficiente de
concordância
%
X
X
X
X
X
X
X
X
E5
X
Fonte: Autora, 2016.
Notas: * Empiricamente, quando CC ≥ 60% a concordância é considerada aceitável. As competências
que obtiveram valores Cc < 60% foram eliminadas por causa do baixo nível de concordância ou do
pouco consenso entre os especialistas. Como resultado, das 20 competências iniciais restaram
apenas 10.
Sobre a terceira rodada do método Delphi: qual a ordem de importância
das competências apontadas pelos gestores?
As 10 competências que obtiveram Cc ≥ 60% foram elencadas e enviadas
aos especialistas juntamente com a seguinte pergunta: Que peso você atribuiria a
cada uma das competências, como objetivo de ordená-las de acordo com seu grau
de importância para um excelente desempenho em gestão? Para esta pergunta foi
solicitada a atribuição de menor valor da escala (1 a 10) para a mais importante e o
maior valor para a menos importante. Insistiu-se que não fosse atribuído o mesmo
61
número da escala para duas ou mais competências, o que reduziu o nível de
ordenação ou discriminação.
Os resultados da terceira rodada foram analisados e organizados em tabelas
do seguinte modo: ponderações dos especialistas (Tabela 3.2) e ordem de
importância das competências e correlação com as ações-chave da PADCNF
(CONSELHO
FEDERAL
DE
FARMÁCIA;
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA
DE
EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA, 2016) e pilares da educação conforme Delors et al.
(2010) -Tabela 3.3.
Analisadas as respostas da terceira rodada, as ponderações foram ordenadas
de acordo com o valor da somatória por linhas denominadas de Rj. Essa variável
permite a ordenação segundo o valor discreto da Rj média. Na tabela 3.2 evidenciase que as competências de ser capaz de gerir pessoas e demonstrar liderança
obtiveram pontuação como as mais importantes, seguidas do dominar conhecimento
da área de gestão, sendo a de menor importância o ser capaz de articular ideias.
Tabela 3.2 – Ponderações dos Especialistas
Especialistas
Competência
1 - Ser capaz de gerir pessoas
2 - Demonstrar liderança
3 - Dominar conhecimento da área de gestão
4 - Demonstrar compromisso
5 - Dominar as leis que regem a área de atuação
6 - Ser capaz de empreender
7 - Demonstrar firmeza nas decisões
8 - Demonstrar disciplina
9 - Demonstrar saber ouvir
10 - Ser capaz de articular ideias
Rj
E1
3
4
9
1
5
2
7
6
10
8
E2
2
1
5
7
6
3
8
4
9
10
E3
7
9
3
1
5
8
2
6
4
10
E4
1
2
3
6
8
10
5
7
4
9
E5
7
4
2
9
1
3
6
8
10
5
20
20
22
24
25
26
28
31
37
42
Fonte: Autora, 2016.
Nessa linha do processamento estatístico, cabe apontar que foi utilizado o
coeficiente de concordância Kendall W (CUESTA, 1990, 1991 apud SANTOS, 2001).
Assim, chama-se Rj à somatória de ponderações por linhas, variável com a mesma
denominação em Kendall W. Tal variável supera o coeficiente Cc por seu rigor
estatístico-matemático. Demonstra significação no consenso com menos rodadas.
Então, pôde-se concluir que existe adequado nível de consenso, o que leva à
definição das competências para o cargo de gestão na visão desse grupo de
especialistas.
62
Tabela 3.3 – Ordem de importância das Competências e correlação com as açõeschave da PADCNF e pilares da educação conforme Delors et al. (2010)
Competência
Rj Média
1 - Ser capaz de gerir pessoas
4
2 - Demonstrar liderança
4
3 - Dominar conhecimento da área de
gestão
4,4
4 - Demonstrar compromisso
4,8
5 - Dominar as leis que regem a área de
atuação
5
6 - Ser capaz de empreender
5,2
7 - Demonstrar firmeza nas decisões
5,6
8- Demonstrar disciplina
6,2
9 - Demonstrar saber ouvir
7,4
10 - Ser capaz de articular ideias
8,4
Ações-chave
Organização do
trabalho em
saúde
Acompanhamento
e avaliação do
trabalho em
saúde
Organização do
trabalho em
saúde
Organização do
trabalho em
saúde
Organização do
trabalho em
saúde
Organização do
trabalho em
saúde
Organização do
trabalho em
saúde
Organização do
trabalho em
saúde
Acompanhamento
e avaliação do
trabalho em
saúde
Acompanhamento
e avaliação do
trabalho em
saúde
Pilares da
Educação
(Delors et al.)
Aprender a
fazer
Aprender a ser
Aprender a
conhecer
Aprender a ser
Aprender a
conhecer
Aprender a
fazer
Aprender a ser
Aprender a ser
Aprender a ser
Aprender a
fazer
Fonte: Autora, 2016.
3.5
Considerações Finais
As dez (10) competências delineadas, por ordem de importância, pelos
especialistas foram: ser capaz de gerir pessoas, demonstrar liderança, dominar
conhecimento da área de gestão, demonstrar compromisso, dominar as leis que
regem a área de atuação, ser capaz de empreender, demonstrar firmeza nas
decisões, demonstrar disciplina, demonstrar saber ouvir e ser capaz de articular
ideias.
Utilizando como referência a PADCNF, observou-se que as competências
citadas pelos especialistas têm ênfase na ação-chave de organização do trabalho
63
em saúde, com maior enfoque nos desempenhos de identificar e registrar os
problemas e as necessidades de saúde e promover o desenvolvimento de pessoas
e equipes.
Constatou-se que a ação-chave de acompanhamento e avaliação do trabalho
em saúde não foi enfatizada, obtendo-se, inclusive, um vazio no desempenho para
acompanhar e avaliar o plano de intervenção, processos e projetos, tendo sido
apontada apenas uma competência nesse sentido – ser capaz de articular ideias.
Este fato tem como maior consequência a dificuldade de articular, formular e
implementar processos de trabalho de melhor qualidade nos serviços de saúde e na
academia.
Tomando como referencial os pilares da educação de Delors e colaboradores,
foi visto que as competências citadas pelos especialistas atendem aos quatro
pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a
ser.
O pilar de aprender a ser, que denota atitude, teve uma maior importância,
seguido do pilar de aprender a fazer, indicando habilidades, e aprender a conhecer,
que se refere a conhecimento. Porém, percebeu-se pouca ênfase ao pilar de
aprender a viver juntos, o que impacta o desenvolvimento do trabalho em equipe.
O saber trabalhar em equipe é umas das competências mais necessárias e
requisitadas pelas organizações na atualidade, em que a gestão compartilhada é
alvo de vários estudos e discussões, inclusive na área da saúde e educação. Neste
estudo verificou-se que foi dada pouca importância ao pilar de aprender a viver
juntos, o que denota a necessidade de incentivar modificações na formação, a fim
de contemplar esta área de competência.
Identifica-se nesta pesquisa a necessidade de superar os modelos
dominantes de educação e prática uniprofissional, os quais já não respondem mais
aos desafios e à complexidade das necessidades da saúde.
As lacunas percebidas quanto às competências para os desempenhos de
monitoramento de planos e avaliação do trabalho em saúde e de elaborar e
implementar o plano de intervenção, processos e projetos, assim como a pouca
ênfase para o gerenciamento do cuidado em saúde, comunicação e trabalho em
equipe, requerem investimentos na formação (graduação e pós-graduação).
Por fim, os achados permitiram definir, de forma parcial, as competências
necessárias aos profissionais de Farmácia que atuam na Gestão em Saúde, e, a
64
partir dessas evidências, identificar a necessidade de desenvolvimento de novos
estudos que se aprofundem nessas vertentes, visando a ajustes da proposta
curricular.
65
4
PRODUTO 2: REUNIÃO COM O COLEGIADO E NÚCLEO DOCENTE
ESTRUTURANTE – NDE DO CURSO DE FARMÁCIA E O CONSELHO
REGIONAL DE FARMÁCIA DE ALAGOAS
Foram realizadas reuniões, uma em cada local, com o Conselho Regional de
Farmácia de Alagoas (Apêndice J) e o Colegiado e Núcleo Docente Estruturante –
NDE do curso de Farmácia da instituição de ensino em que a mestranda tem vínculo
profissional (Apêndice K) para entrega e apresentação do relatório técnico e da
matriz de competências (Apêndices L e M), discussão de propostas e sugestões
sobre o tema.
Na reunião com o NDE e Colegiado do curso de Farmácia, o coordenador do
curso afirmou que a matriz de competências será o instrumento de avaliação muito
útil a ser utilizado pelo NDE e Colegiado.
Na reunião com o CRF/AL, o presidente do Conselho sugeriu que os
resultados da pesquisa fossem apresentados no Congresso que ocorrerá em 2017
em Maceió, para socialização com a classe farmacêutica e acadêmica que estará
presente ao evento.
66
5
PRODUTO 3: MATRIZ COM PERFIL DE COMPETÊNCIAS ESPERADAS
PARA O FARMACÊUTICO GESTOR
Proposta de Produto
Matriz com Perfil de Competências Esperadas para o Farmacêutico Gestor
ATITUDE
HABILIDADE
CONHECIMENTO
COMPETÊNCIA
Ivanilde Miciele da Silva Santos
Macéio-AL
2017
67
A atribuição da função gerencial ao farmacêutico é cada vez mais requerida
em todas as suas áreas de atuação. As grandes redes de farmácias, por exemplo,
adaptaram-se a esta mudança, principalmente para diminuir os custos de mão de
obra, não necessitando contratar um administrador ou outro profissional da área
para exercer esta função. Para o farmacêutico, a aquisição desta nova atribuição
proporcionou maior autonomia e responsabilidade na farmácia, numa posição
hierárquica de maior prestígio e poder. Por outro lado, ele acumulou funções antes
não exercidas, para as quais se exigem competências não desenvolvidas durante a
formação técnica (FRANCESCHET, 2002).
O contexto atual de inclusão dos alunos recém-formados dos cursos de
Farmácia no mercado de trabalho exige uma capacitação que deverá ser
contemplada pelas instituições de ensino superior, ou seja, a interação do
profissional farmacêutico com o usuário de produtos e serviços farmacêuticos,
salientando-se que, no Brasil, a matriz curricular dos cursos de Farmácia é variável
nas inúmeras instituições de ensino superior e deficitária em alguns aspectos na
formação do futuro profissional (NICOLETTI, 2010).
Passados mais de 14 anos de implantação das DCN, começam a surgir
indicadores que podem e devem ser considerados na tomada de decisões sobre
possíveis mudanças no processo de formação de Farmácia. Sem dúvida, os
indicadores, ainda escassos, são importantes para a tomada de decisão sobre os
rumos da educação farmacêutica no Brasil. É preciso concentrar esforços na
geração de mais indicadores que possam orientar a política de educação para a
Farmácia e/ou se a atual política atende, no tocante à área da Farmácia, às
necessidades de saúde do país. Para isso é necessário discutir, por meio do
levantamento e análise de indicadores, se as atuais diretrizes devem ser revisadas
e, se sim, qual deve ser o seu redirecionamento (BOFF; SANTOS, 2012).
O desafio colocado pelas DCN foi enorme, tanto que, na última década,
professores, estudantes e entidades farmacêuticas discutiram, e ainda discutem, a
melhor forma de implantar esse novo modelo de educação farmacêutica, que
passou a ser obrigatório para todos os cursos de Farmácia no Brasil. Estes cursos
precisaram reformular seus projetos pedagógicos e seus currículos para formar
farmacêuticos aptos a trabalhar, tanto na área privativa do medicamento quanto nas
análises clínicas e toxicológicas ou na tecnologia de alimentos, mas de forma
integrada, articulada e de caráter generalista (BOFF; SANTOS, 2012).
68
Há várias definições para currículo. Silva (2007, p. 15), em seu livro
“Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo”, conceitua
currículo, do ponto de vista etimológico e contextual, como:
Etimologicamente, a palavra currículo vem do latim curriculum, que
expressa pista de corrida. Currículo é trajetória, viagem, percurso. O
currículo é autobiografia, nossa vida, curriculum vitae: no currículo se
forja nossa identidade. O currículo é texto, discurso, documento. O
currículo é documento de identidade. (SILVA, 2007, p. 150).
Pela complexidade das formas para se caracterizar currículo, é difícil se
chegar a um conceito fechado. Pode-se dizer que currículo são os meios ou
caminhos dos quais a escola se utiliza para organizar e propor conteúdos, práticas e
contextos de ensino-aprendizagem, considerando relações de poderes, políticas e
socioculturais, embora, de acordo com Silva (1999, p. 14), definições não revelam
uma suposta ‘essência’ do currículo: “uma definição nos revela o que uma
determinada teoria pensa que o currículo é”.
No Brasil atual, devido à introdução de um novo modelo econômico e suas
interferências nos processos educacionais, a sociedade e o mercado exigem cada
vez mais do farmacêutico uma mudança em sua prática e cultura profissionais, não
devendo este atuar apenas com um técnico, mas também como um gestor, como
descreveu Sacristán (2000, p. 20):
A relação de determinação sociedade-cultura-currículo-prática
explica que a atualidade do currículo se veja estimulada nos
momentos de mudanças nos sistemas educativos, como reflexo da
pressão que a instituição escolar sofre desde diversas frentes, para
que se adapte (sic) seus conteúdos à própria evolução cultural e
econômica da sociedade.
Nos últimos anos, o tema competência, seu desenvolvimento, sua gestão,
entrou para a pauta das discussões acadêmicas e empresariais, associado a
diferentes instâncias de compreensão: no nível da pessoa (a competência do
indivíduo), das organizações (as core competences) e dos países (sistemas
educacionais e formação de competências) (FLEURY, M.; FLEURY, A., 2001).
Competência é uma palavra do senso comum, utilizada para designar uma
pessoa qualificada para realizar alguma coisa. O seu oposto, ou o seu antônimo,
não implica apenas a negação desta capacidade, mas guarda um sentimento
pejorativo, depreciativo. Chega mesmo a sinalizar que a pessoa se encontra ou se
69
encontrará brevemente marginalizada dos circuitos de trabalho e de reconhecimento
social (FLEURY, M.; FLEURY, A., 2001).
O dicionário Webster (1981, p. 63), citado por Fleury, M. e Fleury, A. (2001, p.
184), define competência, na língua inglesa, como: “qualidade ou estado de ser
funcionalmente adequado ou ter suficiente conhecimento, julgamento, habilidades
ou força para uma determinada tarefa”. Esta definição, bastante genérica, menciona
dois pontos principais ligados à competência: conhecimento e tarefa. O autor ainda
descreve que “a competência do indivíduo não é um estado, não se reduz a um
conhecimento ou know-how específico”. (FLEURY, M.; FLEURY, A., 2001, p. 187).
O dicionário de língua portuguesa Aurélio enfatiza, em sua definição,
aspectos semelhantes: capacidade para resolver qualquer assunto, aptidão,
idoneidade e introduz outro: capacidade legal para julgar pleito (FERREIRA, 1999, p.
512).
Le Boterf (1995), citado por Fleury, M. e Fleury, A. (2001, p. 187), situa a
competência numa encruzilhada, com três eixos formados pela pessoa (sua
biografia, socialização), pela sua formação educacional e pela sua experiência
profissional, definindo competência como:
A competência é o conjunto de aprendizagens sociais e
comunicacionais nutridas à montante pela aprendizagem e formação
e a jusante pelo sistema de avaliações e um saber agir responsável e
que é reconhecido pelos outros. Implica saber como mobilizar,
integrar e transferir os conhecimentos, recursos e habilidades, num
contexto profissional determinado.
Fleury, M. e Fleury, A. (2001, p. 188), baseando-se na obra de Le Boterf,
construíram um quadro de competências exigidas a um profissional definindo cada
uma delas:
Saber agir: saber o que e por que se faz. Saber julgar, escolher, decidir.
Saber
mobilizar
recursos:
criar
sinergia
e
mobilizar
recursos
e
transmitir
informações,
competências.
Saber
comunicar:
compreender,
trabalhar,
conhecimentos.
Saber aprender: trabalhar o conhecimento e a experiência, rever modelos
mentais; saber desenvolver-se.
Saber engajar-se e comprometer-se: saber empreender, assumir riscos.
Comprometer-se.
70
Saber assumir responsabilidades: ser responsável, assumindo os riscos e
consequências de suas ações e sendo por isso reconhecido.
Ter visão estratégica: conhecer e entender o negócio da organização, o seu
ambiente, identificando oportunidades e alternativas.
As DCN estabelecem seis competências e habilidades gerais que devem ser
desenvolvidas no egresso a partir do currículo do curso de Farmácia, sendo estas: I
- atenção à saúde, II - tomada de decisões, III - comunicação, IV - liderança, V administração e gerenciamento e VI - educação permanente. E dentre estas a
escolhida como tema da pesquisa foi a competência de administração e
gerenciamento, devido a ser um assunto ainda pouco explorado na atividade
farmacêutica e uma habilidade cada vez mais exigida do profissional farmacêutico
(CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2002).
A V competência preconizada pelas DCN trata-se da Administração e
Gerenciamento, em que se estabelece que:
Os profissionais devem estar aptos a tomar iniciativas, fazer o
gerenciamento e administração tanto da força de trabalho, dos
recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que
devem estar aptos a serem empreendedores, gestores,
empregadores ou lideranças na equipe de saúde (CONSELHO
NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2002, p.2).
No conceito desta competência podemos destacar algumas palavras-chave
como: administração, empreendedores, empregadores e lideranças, as quais devem
ser desenvolvidas no perfil do egresso durante a graduação do curso de Farmácia.
As DCN (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2002) em vigor
descrevem, de modo restrito e sintético, a gestão apenas no tocante a serviços e a
administração e não fazem alusão a gestão de pessoas. Em contrapartida, a
Proposta de Atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais (PADCNF) propõe um
novo olhar, quando estabelece, de modo definido, a gestão do cuidado e a gestão
em saúde, incorporando o serviço e a administração como competências, dentre
outras, necessárias à formação do egresso (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA, 2016). Percebe-se
também uma maior ênfase no planejamento, avaliação e acompanhamento do
trabalho em saúde em relação à diretriz vigente, e a inserção da gestão de pessoas,
lacuna existente na atual diretriz, sendo estes desempenhos importantes na gestão.
71
Passados 14 anos deste a publicação das DCN de Farmácia, o Conselho
Federal de Farmácia (CFF) e a Associação Brasileira de Educação Farmacêutica
(ABEF), percebendo a necessidade de atualizar as diretrizes frente a exigências e
desafios atuais do ensino e mercado profissional farmacêutico, realizaram vários
encontros regionais e dois fóruns nacionais para discutir as DCN.
Em março de 2016 mais de 150 farmacêuticos reunidos no II Fórum Nacional
para Discussão das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Farmácia, realizado em Brasília, aprovaram a proposta de atualização das diretrizes
curriculares nacionais para o curso de graduação em Farmácia – PADCNF,
elaborada pela Comissão de Educação (Comensino/CFF) e Comissão Assessora de
Educação Farmacêutica (CAEF/CFF) do Conselho Federal de Farmácia e pela
Associação Brasileira de Educação Farmacêutica (ABEF). Todos os estados da
federação estiveram representados pelos delegados de entidades, sociedades e
associações profissionais, professores, estudantes e farmacêuticos (CONSELHO
FEDERAL
DE
FARMÁCIA;
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA
DE
EDUCAÇÃO
FARMACÊUTICA, 2016).
No decorrer do estudo, obteve-se o elenco das competências necessárias
para atuação do Farmacêutico na gestão em saúde, a partir da visão de
especialistas farmacêuticos com vasta experiência na gestão em saúde e
acadêmica, em consonância com as ações-chave e desempenhos estabelecidos na
PADCNF. Estas informações foram traduzidas em ações pela pesquisadora e
transformadas em uma matriz com competências essenciais que definem o perfil de
um gestor em saúde (Quadro 4.1).
De posse deste perfil, todos os que ocupam cargos gerenciais em instituições
de ensino, especificamente os membros de Núcleo Docente Estruturante – NDE e
Colegiado de curso, poderão analisar, em detalhes, se os docentes/preceptores do
curso de Farmácia estão desenvolvendo em seus discentes o perfil necessário para
a competência de gestão em saúde.
Nos casos onde forem identificados docentes/preceptores que não estão
trabalhando este perfil em seus alunos, a instituição de ensino poderá utilizar-se da
matriz de competências para nortear a elaboração de um programa de capacitação
para que docentes/preceptores desenvolvam ações que abranjam a competência de
gestão em saúde com seus discentes.
72
Instruções para uso do instrumento
Este
instrumento
deve
ser
utilizado
por
gestores
da
academia,
especificamente os membros do Núcleo Docente Estruturante – NDE e Colegiado do
curso de graduação em Farmácia em conjunto com os atores envolvidos no
processo do ensinar, docentes e preceptores. Os gestores devem realizar a leitura
simultânea das ações-chave e seus desempenhos, marcando nas respectivas
colunas se o docente/preceptor executa ou não estes itens.
Nos casos em que o docente/preceptor executa parcialmente as ações e os
desempenhos, os pontos a serem aperfeiçoados deverão ser elencados na coluna
de Executa parcialmente. Ao marcar que se Executa, descrever nos respectivos
espaços, como, onde e quando, referindo-se, respectivamente, ao Cenário (local), à
Estratégia de ensino-aprendizagem e ao Período (ano/período/semestre) letivo.
Ao final da leitura do quadro, devem ser resumidos no espaço designado os
desempenhos não executados e os que devem ser aperfeiçoados.
Em sequência, o docente/preceptor e o gestor devem elaborar, em conjunto,
um plano de ações para aperfeiçoar os desempenhos parcialmente ou totalmente
inalcançados.
Uma data deverá ser estipulada para a avaliação da eficácia do plano de
ações e consequente reavaliação do docente/preceptor para o desenvolvimento de
ações contemplativas à competência de gestão em saúde em seu plano de ensino e
nas ações do campo de estágio.
73
Quadro 4.1 - Matriz com o Perfil de competências esperadas para o Farmacêutico Gestor
Ações-chave
Desempenhos
Competências
Não
Executa
Executa
Parcialmente
Executa
Dominar
conhecimento
da área de
gestão
Demonstrar
compromisso
Identificar e registrar os
problemas e as necessidades de
saúde
Organização do
trabalho em saúde
Promover o desenvolvimento de
pessoas e equipes
Dominar as leis
que regem a
área de atuação
Ser capaz de
empreender
Demonstrar
disciplina
Demonstrar
firmeza nas
decisões
Demonstrar
saber ouvir
Ser capaz de
gerir pessoas
Elaborar e implementar o plano
de intervenção, processos e
projetos
Gerenciar o cuidado em saúde
Acompanhamento e
avaliação do trabalho
em saúde
Demonstrar
liderança
Ser capaz de
articular ideias
Acompanhar e avaliar o plano de
intervenção, processos e
projetos
Fonte: Autora, 2016 - Adaptado de Miyazato, 2015.
Notas: Legenda: 1 Estratégia de Ensino-Aprendizagem; 2 Cenário (Local); 3 Período (ano/período/semestre letivo)
Como1
Onde2
Quando3
74
Resumo dos desempenhos a serem total ou parcialmente aperfeiçoados:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Plano de ações para aperfeiçoar os desempenhos:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Data da utilização do instrumento:
/
/
.
Data para reavaliação do docente/preceptor:
Assinatura do Gestor
/
/
.
Assinatura do Docente/Preceptor
75
REFERÊNCIAS DOS PRODUTOS
ANTUNES, M. M. Técnica Delphi: metodologia para pesquisas em educação no
Brasil. Rev. educ. PUC-Camp., Campinas, v. 19, n. 1, p. 63-71, 2014.Disponível em:
<periodicos.puccampinas.edu.br/seer/index.php/reveducacao/article/download/.../1894>. Acesso em:
30 mar. 2016.
BOFF, P. R.; SANTOS, R. I. Reflexões sobre a política de educação no Brasil e as
diretrizes curriculares nacional para a farmácia: uma breve introdução. In:
ENCONTRO NACIONAL DE COORDENADORES DE CURSOS DE FARMÁCIA, 8.;
ENCONTRO DE CURSOS DE FARMÁCIA, 1., 2012, Brasília, DF. Diretrizes
Curriculares e Práticas Farmacêuticas. [Trabalho apresentado...]. Brasília, DF:
Conselho Federal de Farmácia. Disponível em:
<http://www.abenfar.org.br/material123.pdf>. Acesso em: 9 nov. 2013.
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CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA - CFF. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
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CONSELHO NACIONAL DA EDUCAÇÃO. Câmara de Educação Superior (Brasil).
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Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES022002.pdf>. Acesso
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FLEURY, M. T. L.; FLEURY, A. Construindo o conceito de competência. Rev. Adm.
Comtep., Curitiba, v. 5,, n. esp., p. 183-196, 2001. Disponível em:
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76
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ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
77
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TRABALHO ACADÊMICO
O MPES representa na vida acadêmica e profissional da mestranda um
divisor de águas. Com ele foi possível ampliar sua visão sobre a temática de
competências, em especial sobre gestão em saúde, tanto como docente do ensino
superior quanto profissional farmacêutica que atuou e pretende atuar em cargos de
gestão, além do fato de o docente ser um gestor em sala de aula. Possibilitou ainda,
expandir seus horizontes para o mundo da pesquisa científica.
O mestrado também proporcionou a compreensão de que as competências
precisam envolver três pontos fundamentais: conhecimento, habilidades e atitudes,
assim como permitiu perceber que os pilares da educação descritos no relatório da
UNESCO para a educação do século XXI são marcos importantes para a sua
análise. A mestranda compreendeu que a definição de competências não é fácil,
requer pesquisa e um olhar multidisciplinar de especialistas das diversas áreas de
atuação envolvidas na competência em estudo – gestão em saúde, além de
viabilizar um maior conhecimento sobre as DCN do curso de Farmácia e sua
proposta de atualização.
A pesquisa objetivou definir as competências necessárias aos profissionais de
Farmácia que atuam na Gestão em Saúde, visando contribuir assim para a
concretização das reformas pedagógicas no âmbito de uma Universidade privada do
Nordeste, nos marcos das orientações internacionais e das Diretrizes Curriculares
Nacionais.
A pesquisa gerou um artigo intitulado “Competências para o Farmacêutico
Atuante na Gestão em Saúde: um estudo Delphi” e dois produtos voltados para a
intervenção e transformação das práticas docentes. Os produtos foram desenhados
no seguinte formato: Produto 1- Elaboração de um Relatório Técnico, constando de
um resumo de toda a pesquisa com ênfase nos resultados; Produto 2 – Reunião o
qual foi apresentado e entregue ao Colegiado e Núcleo Docente Estruturante – NDE
do curso de Farmácia da IES com a qual a mestranda tem vínculo profissional, e ao
Conselho Regional de Farmácia de Alagoas; Produto 2- Reunião como Colegiado e
Núcleo Docente Estruturante – NDE do curso de Farmácia da instituição de ensino
em que a mestranda está vinculada profissionalmente e o Conselho Regional de
Farmácia de Alagoas para entrega e apresentação do relatório técnico, discussão de
78
propostas e sugestões sobre o tema; Produto 3 - elaboração de uma Matriz de
Competências para ser utilizada como instrumento avaliativo pelo NDE e Colegiado.
Os produtos tiveram o intuito de promover reflexões sobre os resultados da
pesquisa para o desenvolvimento de ações educativas voltadas à avaliação do
desenvolvimento da competência de gestão em saúde no currículo da graduação,
fomentando subsídios para avaliar e modificar o PPC e currículo do curso.
Este trabalho acadêmico, como um todo, atingiu aos objetivos propostos,
possibilitou reflexões sobre as necessidades de ações educativas para a classe
farmacêutica e docente e revisões no PPC e currículo do curso de Farmácia, para
um maior e melhor atendimento ao preconizado nas DCN.
Os elementos deste trabalho acadêmico de conclusão de curso (TACC) vêm
contribuir com a literatura sobre o tema COMPETÊNCIA, visto que é escassa a
produção, principalmente com foco para as competências de gestão em saúde no
âmbito da educação superior brasileira. Auxilia ainda no trabalho educativo
desenvolvido pelo CRF-AL e NDE/Colegiado do curso de Farmácia da IES a que a
mestranda está vinculada.
Por fim, pode-se afirmar que o MPES proporcionou a inserção da mestranda
no mundo cientifico e aumentou seus conhecimentos sobre pesquisa científica e a
temática de competências, o que possibilita usar essa preciosa ferramenta de saber
para qualificar e transformar a sua prática docente e profissional.
79
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84
APÊNDICES
85
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(T.C.L.E.) - ESPECIALISTA
(Em 2 vias, firmado por cada participante voluntário (a) da pesquisa e pelo
responsável)
“O respeito devido à dignidade humana exige que toda
pesquisa se processe após o consentimento livre e
esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por si
e/ou por seus representantes legais manifestem a sua
anuência à participação na pesquisa”
Eu,.................................................................................................................................,
Especialista
em
...................................................................................................,
tendo sido convidado (a) a participar como voluntário (a) do estudo “Administração
e gerenciamento como competência na formação do farmacêutico generalista
sob a ótica de egressos de uma universidade privada do nordeste brasileiro”,
que será realizada em Maceió-Alagoas, recebi da Sr (a) Ivanilde Miciele da Silva
Santos, Farmacêutica e Professora, responsável por sua execução, as seguintes
informações que me fizeram entender sem dificuldades e sem dúvidas os seguintes
aspectos:
1) Que o estudo se destina a analisar o desenvolvimento da competência de
administração e gerenciamento, estabelecida nas Diretrizes Curriculares Nacionais –
DCN do curso de farmácia, na formação do farmacêutico generalista sob a ótica de
egressos de uma universidade privada do nordeste brasileiro.
Os objetivos específicos da pesquisa são construir um quadro de ações e
atividades práticas do farmacêutico relativo à competência de administração e
gerenciamento, conhecer a percepção individual e coletiva do egresso de farmácia
sobre o desenvolvimento da competência de administração e gerenciamento durante
a graduação;
2) Que a importância deste estudo é identificar os pontos deficitários e as lacunas
existentes na formação do egresso, quanto à competência elencada, sob a ótica de
um farmacêutico atuante e inserido no mercado, e assim proporcionar uma revisão
do currículo e do Projeto Político Pedagógico (PPP) do curso de farmácia da
Instituição de Ensino Superior (IES) em estudo, baseando-se em problemas
encontrados em uma realidade e em indicadores levantados na pesquisa, e,
consequentemente, rever o perfil do farmacêutico generalista formado em Alagoas
Protocolo de pesquisa: Administração e gerenciamento como competência na formação do farmacêutico generalista
sob a ótica de egressos de uma universidade privada do nordeste brasileiro. Pesquisador responsável: Ivanilde Miciele
da Silva Santos.
86
quanto ao atendimento ao que preconiza as DCN e as necessidades da sociedade e
do sistema de saúde brasileiro;
3) Que os resultados que se desejam alcançar são obter a percepção do egresso do
curso de Farmácia do Centro Universitário Cesmac, sobre o desenvolvimento da
competência de Administração de Gerenciamento durante a sua graduação, assim
como proposições de estratégias e melhorias para o alcance efetivo desta
competência;
4) Que este estudo começará em Janeiro de 2015 e terminará em Março 2016;
5) Que eu participarei do estudo da seguinte maneira: participando como painelista
(respondente) especialista no método Delphi, que é uma técnica de previsão,
projetada pra conhecer com antecipação a probabilidade de eventos futuros, por
meio da solicitação e coleta sistemática da opinião de especialistas em um
determinado assunto.
Em linhas gerais, o método Delphi consulta um grupo de especialistas, do
qual eu, sendo um profissional de renome na área pesquisada (Gestão), farei parte,
a respeito de eventos futuros através de um questionário, que será repassado
continuadas vezes até que seja obtida uma convergência das respostas, um
consenso, que representa uma consolidação do julgamento intuitivo do grupo.
Pressupõe-se que o julgamento coletivo, ao ser bem organizado, é melhor do que a
opinião de um só indivíduo.
As respostas serão analisadas e reenviadas (feedback) aos especialistas,
inclusive a mim, juntamente com o questionário (podendo ser: com as mesmas
perguntas; contendo algumas perguntas iguais e acrescidas de novas e/ou
modificadas ou apenas com algumas perguntas novas e/ou modificadas), até se
obter um consenso, no intuito de construir conhecimento sobre o objeto em estudo
para aplicação na segunda parte da pesquisa: entrevista individual e grupo focal
com os egressos, etapas estas das quais eu não participarei.
O anonimato dos respondentes, inclusive o meu, a representação estatística
da distribuição dos resultados, e o feedback de respostas do grupo para reavaliação
nas rodadas subsequentes são as principais características deste método.
Um grupo heterogêneo de especialistas é desejável, por isso a pesquisadora
irá convidar profissionais de diversas áreas Farmacêuticas (Gestão Pública e
Privada e Gestão Acadêmica Pública e Privada no âmbito de Farmácia Hospitalar,
Farmácia Magistral, Farmácia Comercial e Academia), e um representante de
entidade de classe, como o Conselho Regional ou o Sindicato de Farmácia.
A de
disponibilização
do equestionário
auto-aplicável,
contato
o feedback
com
Protocolo
pesquisa: Administração
gerenciamento como
competência naoformação
do efarmacêutico
generalista
ossobespecialistas,
inclusive
a mim, se
darão
por meio
online,
através
de meu
correio
a ótica de egressos
de uma universidade
privada
do nordeste
brasileiro.
Pesquisador
responsável:
Ivanilde
Miciele
da Silva Santos.
eletrônico
(e-mail). Para a disposição do questionário será informado, via e-mail, um
Pesquisador responsável: Ivanilde Miciele da Silva Santos.
87
Endereço eletrônico para acesso a plataforma Google drive que hospeda o
questionário.
6) Que os possíveis riscos à minha saúde física e mental e as medidas que a
pesquisadora adotará para minimizá-los são: o de quebra do sigilo de minha
identidade e da confidencialidade de minhas informações coletadas, para minimizar
estes riscos a pesquisadora não irá utilizar o meu nome e sim um código que me
identifique no questionário, mantendo assim o anonimato. Somente terá acesso ao
material coletado, a pesquisadora, que mantém o compromisso do sigilo conforme
descrito no item 12 deste TCLE.
Caso eu seja colaborador da IES em estudo poderei sentir receio ou medo
que de alguma forma, ao colocar alguma insatisfação ou critica a IES, venha a sofrer
algum tipo de represália, para minimizar este risco a pesquisadora garante meu total
anonimato, conforme descrito acima e no item 12 deste TCLE.
Para minimizar o risco de constrangimento por eu não saber responder a
alguma pergunta do questionário, será descrito no questionário e verbalizado para
mim que eu tenho a opção de não responder a alguma pergunta que não queira.
Poderá haver o risco de incomodo em eu ter que dispor de tempo para
participação na pesquisa, para minimizar este risco, a minha participação será
online, por meio de correio eletrônico e plataforma google drive, onde eu terei 24h
por dias e 7 dias por semana para responder e enviar o questionário, tendo assim a
livre escolha de quando e onde responderei ao questionário.
7) Que poderei contar com a assistência para esclarecer eventuais dúvidas sobre
as perguntas que me serão feitas, em qualquer momento da pesquisa, sendo
responsável por ela a pesquisadora Ivanilde Miciele da Silva Santos;
8) Que os benefícios que deverei esperar com a minha participação são: a entrega a
mim, e a todos os participantes especialistas, de um relatório com os resultados da
pesquisa e as propostas de ações que possam vir a suprir as carências percebidas e
os problemas encontrados, para que eu possa ter acesso ao produto final do estudo
e constatar a importância de minha participação na pesquisa; Citação de meu nome
como especialista, caso eu assim concorde, na dissertação final do Mestrado e na
publicação do artigo, como equipe que participou da construção de conhecimento de
alta relevância para o desenvolvimento da pesquisa e para a formação do
profissional Farmacêutico de Alagoas.
Citação de meu nome, caso assim eu concorde, como equipe de especialistas
que contribuiu para a construção do conhecimento e a execução do estudo, no
relatório final da pesquisa que será entregue aos setores da IES em estudo e a
órgãos farmacêuticos competentes, sendo, respectivamente, a coordenação, o
Núcleo Docente Estruturante – NDE e o Colegiado do curso de Farmácia e o
Conselho Regional de Farmácia (CRF).
Protocolo de pesquisa: Administração e gerenciamento como competência na formação do farmacêutico generalista
sob a ótica de egressos de uma universidade privada do nordeste brasileiro. Pesquisador responsável: Ivanilde Miciele
da Silva Santos.
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A entrega do relatório final para a IES terá a finalidade de revisão e
atualização do Projeto Político Pedagógico (PPC) e do currículo baseando-se nos
pontos críticos encontrados na pesquisa e assim contribuir com a formação dos
futuros farmacêuticos generalistas que serão inseridos no Estado de Alagoas.
O relatório entregue a IES conterá também a proposta de ações e atividades
práticas do farmacêutico, construído por especialistas, inclusive por mim, para um
melhor desenvolvimento durante a graduação da competência de administração e
gerenciamento preconizada nas DCN do curso de farmácia.
A entrega do relatório final para o CRF terá a finalidade de fornecer subsídios
para a programação de treinamentos sobre a competência de administração e
gerenciamento, beneficiando assim todos os farmacêuticos inseridos no mercado,
além de contribuir para a geração de indicadores sobre o ensino farmacêutico, os
quais o Conselho Federal de Farmácia (CFF) vive em constante busca, processo do
qual fiz parte;
9) Que, sempre que desejar, serão fornecidos esclarecimentos sobre cada uma das
etapas do estudo;
10) Que, a qualquer momento, eu poderei recusar a continuar participando do
estudo e, também, que eu poderei retirar este meu consentimento, sem que isso me
traga qualquer penalidade ou prejuízo;
11) Que as informações conseguidas através de minha participação não permitirão a
identificação da minha pessoa, exceto aos responsáveis pelo estudo, e que a
divulgação das mencionadas informações só será feita entre os profissionais
estudiosos do assunto;
12) Que eu deverei ser ressarcido (a) por qualquer despesa que venha a ter com a
minha participação nesse estudo e, também, indenizado (a) por todos os danos que
venha a sofrer pela mesma razão, sendo que, para estas despesas foi-me garantida
a existência de recursos.
Finalmente, tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi informado
sobre a minha participação no mencionado estudo e, estando consciente dos meus
direitos, das minhas responsabilidades, dos riscos e dos benefícios que a minha
participação implica, concordo em dela participar e, para tanto eu DOU O MEU
CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU TENHA SIDO FORÇADO OU
OBRIGADO.
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sob a ótica de egressos de uma universidade privada do nordeste brasileiro. Pesquisador responsável: Ivanilde Miciele
da Silva Santos.
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Endereço do (a) participante voluntário (a):
Domicílio: (rua, conjunto)............................................................................Bloco: .........
Nº: ............., complemento: .................................................................
Bairro: ......................
Cidade:...................................CEP.:..................................Telefone: ..........................
Ponto de referência: ......................................................................................................
Nome e Endereço do Pesquisador Responsável:
Nome: Ivanilde Miciele da Silva Santos
Instituição: Centro Universitário Cesmac
Endereço: Rua Cônego Machado, 918, Farol, CEP: 57021-060.
Telefone: 99926-3745.
Correio eletrônico: miciele23@hotmail.com.
ATENÇÃO: Para informar ocorrências irregulares ou danosas, dirija-se ao Comitê de
Ética em Pesquisa e Ensino do Centro Universitário Cesmac (COEPE-CESMAC):
Rua Cônego Machado, 918. Farol, CEP.: 57021-060. Telefone: 3215-5062. Correio
eletrônico: coepe.cesmac@cesmac.edu.br.
Maceió, ______ de _______________ de _________
Assinatura ou impressão datiloscópica
Do (a) voluntário (a) ou responsável legal
(rubricar as demais folhas)
Assinatura do responsável pelo Estudo
(rubricar as demais folhas)
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sob a ótica de egressos de uma universidade privada do nordeste brasileiro. Pesquisador responsável: Ivanilde Miciele
da Silva Santos.
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APÊNDICE B – Carta Convite aos Especialistas para participação no Estudo
CARTA CONVITE
Caro Farmacêutico,
Você, sendo um profissional renomado em Alagoas em sua área de atuação,
está sendo convidado a participar como Especialista na pesquisa intitulada
Administração e Gerenciamento como Competência na Formação do
Farmacêutico Generalista sob a Ótica de Egressos de uma Universidade
Privada do Nordeste Brasileiro, do projeto de Mestrado Profissional em Ensino na
Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas, cujo objetivo
é analisar o desenvolvimento da competência de administração e gerenciamento
(Gestão), estabelecida nas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Farmácia,
na formação do farmacêutico generalista sob a ótica de egressos de uma
universidade privada do nordeste brasileiro.
Sua participação será exclusivamente na etapa do Método Delphi.
Caso aceite participar, será esclarecido (a) pela pesquisadora sobre como
será sua participação, o que é o Método Delphi, os possíveis riscos e benefícios da
pesquisa e em seguida, você e a pesquisadora, assinarão o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE que se encontra anexo, o qual você
poderá ler e esclarecer todas e quaisquer dúvidas que possam surgir.
Sua contribuição é muito importante para análise do currículo de farmacêutico
generalista, possibilitando a melhoria do currículo e aprimoramento da qualidade do
profissional farmacêutico formado no Estado de Alagoas, desse modo,
engrandecendo e beneficiando também você que faz parte de instituições de ensino
farmacêutico e/ou do mercado de trabalho do profissional farmacêutico.
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso de Farmácia, em sua V
competência, Administração e Gerenciamento, preconiza que:
“Os profissionais devem estar aptos a tomar iniciativas, fazer o
gerenciamento e administração tanto da força de trabalho, dos recursos
físicos e materiais e de informação, da mesma forma que devem estar aptos
a serem empreendedores, gestores, empregadores ou lideranças na
equipe de saúde” (BRASIL, 2002, p.2).
Maceió, _____ / _____________/ ____
Atenciosamente,
Ivanilde Miciele da Silva Santos
92
APÊNDICE C – Questionário para a 1ª rodada do Método Delphi
93
94
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96
97
APÊNDICE D – Questionário para a 2ª rodada do Método Delphi
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APÊNDICE E – Questionário para a 3ª rodada do Método Delphi
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APÊNDICE F – Competências para atuação em gestão e características de um
bom gestor elencadas pelos especialistas
Competências para atuação em gestão e características de um bom gestor elencadas
pelos especialistas
Competências
E1
E2
E3
E4
Conhecimento da área de gestão
Relações interpessoal
Conhecimento de marketing
Estudo das leis que regem a área de atuação
Compromisso
Responsabilidade
Dedicação
Gestão de pessoas; Habilidades humanas
Perfil para gestão
Competência pessoal e profissional
Articulação de ideias
Não deixar o pessoal interferir no profissional
Estar atualizado; vontade de conhecer; vontade de se
atualizar; interesse
Habilidades técnicas
Habilidades conceituais
Perspectiva
Atitude
Organização
Amor ao que faz
Discernimento
Firmeza nas decisões
Partilhar o conhecimento
Características
Competência
Compromisso
Responsabilidade
Estudioso
Paciência
Discernimento
Dinamismo
Planejador
Articulado nas ideias
Determinado
Equilibrado
Saber ouvir
Analítico
Técnico (saber fazer)
Proativo(fazer acontecer)
Líder
Administrador
Empreendedor
Atitude
Motivador
Agente de mudança; transformador
Saber lidar com conflitos
Ser justo
Realizador
Fonte: Autora, 2015.
X
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E5
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APÊNDICE G – Matriz de competências definidas pelos especialistas
classificadas conforme Delors et al. (2010)
Matriz de Competências definidas pelos Especialistas classificadas conforme Delors
et al. (2010)
Competência
1. Dominar Conhecimento da área
de gestão
2. Dominar Conhecimento de
marketing
3. Dominar as leis que regem a área
de atuação
4. Dominar Habilidades conceituais
5.
Demonstrar
vontade
de
conhecer; vontade de se atualizar;
interesse; estudioso
6. Ser capaz de Habilidades
técnicas
7. Ser capaz de gerir pessoas;
Demonstrar Habilidades humanas;
Ser capaz de ter Relações
interpessoais
8. Ser capaz de Empreender:
Atitude; Proativo (fazer acontecer);
Dinâmico;
ativo;
realizador;
planejador; determinado; motivador
9. Ser capaz de Planejar
10. Demonstrar Liderança
11. Ser capaz de Partilhar o
conhecimento
12. Demonstrar Perspectiva, no
sentido de ter: visão; prospecção;
esperança
13.
Demonstrar
Organização;
disciplina
14. Demonstrar Dedicação; Amor
ao que faz
15. Demonstrar Equilíbrio; bom
senso; Não deixar o pessoal
interferir no profissional
16.
Demonstrar
Firmeza
nas
decisões
17. Demonstrar Responsabilidade;
Compromisso; Discernimento
18. Demonstrar paciência; saber
ouvir
19. Ser capaz de transformar;
Agente de mudança; transformador
20. Ser capaz de Articular ideias
Fonte: Autora, 2016.
Aprender a
conhecer
Aprender a
fazer
Aprender a viver
juntos
Aprender
a ser
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X
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APÊNDICE H – Carta de solicitação de agendamento de um espaço para
entrega e apresentação dos resultados da pesquisa
ao Conselho Regional de Farmácia de Alagoas- CRF/AL
103
APÊNDICE I – Carta de solicitação de agendamento de um espaço para entrega
e apresentação dos resultados da pesquisa ao NDE e Colegiado
do Curso de Farmácia do Centro Universitário CESMAC
104
APÊNDICE J – Ata de presença à reunião de entrega e apresentação dos
resultados da pesquisa ao Conselho Regional de Farmácia de
Alagoas – CRF/AL
105
APÊNDICE K – Ata de presença à reunião de entrega e apresentação dos
resultados da pesquisa ao NDE e Colegiado do Curso de
Farmácia do Centro Universitário CESMAC
106
APÊNDICE L – Fotos da entrega e apresentação dos resultados da pesquisa ao
Conselho Regional de Farmáciade Alagoas – CRF/AL
Fonte: Autora, 2017.
107
APÊNDICE M – Fotos da entrega e apresentação dos resultados da pesquisa e
de um instrumento de avaliação ao NDE e Colegiado do Curso
de Farmácia do Centro Universitário CESMAC
Fonte: Autora, 2017.
108
APÊNDICE N – Artigo completo apresentado e publicado nas Atas do 6º
Congresso Ibero-Americano em Investigação Qualitativa –
CIAIQ 2017
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110
111
112
113
114
115
116
117
118
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ANEXOS
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ANEXO A – Parecer de aprovação do comitê de ética em pesquisa
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131
ANEXO B – Proposta para a atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Curso de Graduação em Farmácia - PADCNF
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