2- Carmem Lúcia Carneiro Leão de Biase - ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E OFTALMOLOGIA PERCEPÇÃO DISCENTE SOBRE A AQUISIÇÃO DE COMPETÊNCIAS NA FORMAÇÃO MÉDICA

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CARMEM LÚCIA CARNEIRO LEÃO DE BIASE - ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E OFTALMOLOGIA PERCEPÇÃO DISCENTE SOBRE A AQUISIÇÃO DE COMPETÊNCIAS NA FORMAÇÃO MÉDICA.pdf
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                    UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE

Carmem Lúcia Carneiro Leão De Biase

ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E OFTALMOLOGIA: PERCEPÇÃO DISCENTE
SOBRE A AQUISIÇÃO DE COMPETÊNCIAS NA FORMAÇÃO MÉDICA

Maceió
2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE

Carmem Lúcia Carneiro Leão De Biase

ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E OFTALMOLOGIA: PERCEPÇÃO DISCENTE
SOBRE A AQUISIÇÃO DE COMPETÊNCIAS NA FORMAÇÃO MÉDICA

Trabalho
acadêmico
apresentado
à
Universidade Federal de Alagoas como prérequisito parcial para obtenção do título de
mestre no Programa de Pós-Graduação do
Mestrado Profissional em Ensino na Saúde
Orientadora: Profa. Dra. Maria Antonieta
Albuquerque de Oliveira
Coorientadora: Profa. Dra. Maria Viviane
Lisboa de Vasconcelos.

Maceió
2017

Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central
Bibliotecário Responsável: Valter dos Santos Andrade
B576a

Biase, Carmem Lúcia Carneiro Leão De.
Atenção primária à saúde e oftalmologia : percepção discente sobre a
aquisição de competências na formação médica / Carmem Lúcia Carneiro Leão
De Biase. – 2017.
64 f.: il.
Orientadora: Maria Antonieta Albuquerque de Oliveira.

Coorientadora: Maria Viviane Lisboa de Vasconcelos.
Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino na Saúde) – Universidade
Federal de Alagoas. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em
Ensino na Saúde. Maceió, 2017.
Bibliografia: 38-41.
Apêndices: 42-60.

Anexos: 61-64.
1. Oftalmologia - Formação médica. 2. Atenção primária à saúde. 3. Discente
de Medicina – Percepção. 4. Curso de Medicina – Currículo. I. Título.

CDU: 614.253.4:378

Dedico este trabalho ao meu esposo, Aydano
Ferraz, também oftalmologista, pelo exemplo de
dedicação, perseverança e disciplina, grande
incentivador na concretização deste trabalho
acadêmico.

AGRADECIMENTOS
Agradeço:
A Deus, por me conceder o dom da vida, da saúde e do saber;
À Prof.ª Dr.ª Maria Antonieta Albuquerque de Oliveira, minha orientadora, pelos
seus precisos e valorosos ensinamentos, por sua disponibilidade e apoio
incondicionais nesta longa jornada;
À Prof.ª Dr.ª Maria Viviane Lisboa de Vasconcelos, minha coorientadora, por
me possibilitar enxergar novos percursos, guiando-me tão sabiamente pelos caminhos
da metodologia;
Às Prof.ªs Dr.ªs Mércia Lamenha e Ana Lydia Peixoto, avaliadoras presentes no
momento da minha qualificação e defesa, por suas preciosas contribuições;
Aos demais professores que fazem o Mestrado Profissional Ensino na Saúde,
cada um em seu papel, e que, com muita maestria, aprimoraram-me nos saberes da
filosofia, educação, metodologia e, não poderia deixar de citar, da epistemologia;
Aos funcionários do MPES, em especial à Cristina Conceição e Adenize
Ribeiro, sempre presentes e atenciosas desde o momento de minha inscrição;
Aos colegas de turma, que tão generosamente contribuíram com meu
aprendizado, em especial à querida amiga Elaine Amado, que entre as muitas idas e
vindas para a FAMED, nos fez rir e chorar, sozinhas, ou acompanhadas por colegas
como Julyana Assis e Gutemberg, pois os caminhos trilhados foram muitos, mas a
direção sempre foi a mesma: a do saber;
À amiga Prof.ª Dr.ª Lysete Bastos, pela sua contribuição no momento do OSCE,
e pelo incentivo carinhoso nesta caminhada;
Aos atores participantes do OSCE: Arthur Ferraz, Aydano Ferraz, Eline Santos
e Moana Cavalcante, esta última também colega de turma no mestrado, pela brilhante
atuação e disponibilidade;
Aos amigos Márcia Andrea Zanon e Danilo Cavalcante, que se dispuseram a
ajudar e me apoiaram no início desse processo;
À minha família e, em especial, ao meu esposo Aydano Ferraz, pelo apoio e
incentivo incondicionais, e aos meus filhos Arthur e Bruno, que compreenderam a
importância da realização deste projeto tão significativo em minha vida pessoal,
acadêmica e profissional;

E, finalmente, aos meus pais e irmãos, pela compreensão de que as minhas
ausências, ocorridas em datas importantes e realçadas pela distância entre Recife e
Maceió, foram necessárias para a conclusão desta pesquisa.

Ninguém caminha sem aprender a
caminhar, sem aprender a fazer o
caminho caminhando, refazendo e
retocando o sonho pelo qual se pôs a
caminhar.
Paulo Freire

RESUMO

Um dos maiores desafios enfrentados pelos cursos de medicina das universidades
brasileiras é formar um profissional generalista, crítico, reflexivo, humanista, resolutivo
e que atue de maneira adequada na Atenção Primária à Saúde (APS). Neste contexto,
este estudo teve como objetivo avaliar as competências e a percepção dos discentes
do curso de graduação em Medicina da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), no
que diz respeito à sua formação em oftalmologia na APS. Trata-se de um estudo de
caso, cujos dados foram obtidos pela realização de um OSCE (Exame Clínico
Estruturado por Estações) e por meio da análise temática das respostas dos discentes
a duas questões abertas sobre sua formação em oftalmologia na APS. Os resultados
mostraram que, apesar dos sujeitos apresentarem formação em oftalmologia na APS,
ela não é advinda exclusivamente da disciplina de oftalmologia, e que os
conhecimentos oftalmológicos ao longo do curso são decorrentes também de outros
momentos presentes no currículo formal. Desse trabalho resultaram dois produtos de
intervenção: a introdução de uma aula prática na disciplina de oftalmologia para
discentes de medicina, com temas frequentes no atendimento à APS e um relatório
técnico acerca dos objetivos e resultado da pesquisa apresentado ao Núcleo Docente
Estruturante (NDE) do Curso de Graduação em Medicina da UFAL.
Palavras-chave: Oftalmologia. Atenção Primária à Saúde. Educação. Currículo.
Discente de Medicina.

ABSTRAT

One of the greatest challenges faced by medical schools in Brazilian universities is to
educate a generalist, critical, reflective, humanist, and resolute professional, who
operate appropriately in primary health care (PHC). In this context the present study
aims to evaluate the skills and students perception of undergraduate medical interns
from Federal University of Alagoas (UFAL), regarding their training in ophthalmology
in PHC. It is a case study, where the data was obtained by performing an OSCE
(objective clinical structured examination) and through the thematic analysis of
students' answers to two open questions about their training in ophthalmology in PHC.
Results showed that despite the present subjects presented an education in
ophthalmology care in PHC, this formation is not arising exclusively from the discipline
of ophthalmology and eye care knowledge throughout the course are due to other
present moments in the formal curriculum. This work resulted in two intervention
products: the introduction of a practical class in the discipline of ophthalmology for
medical students with frequent themes in primary health care (PHC) and a technical
report on the objectives and results of the research presented to the Structural
Teaching Nucleus (STN) the UFAL Medicine Course.
Keywords: Ophthalmology. Primary Health Attention. Education. Curriculum. Medical
Student.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES E TABELAS

Ilustrações
Figura 1

Hipóteses diagnósticas aventadas pelos discentes relativas à

33

estação 3
Figura 1.1

Pirâmide das Competências

46

Tabelas
Tabela 1

Avaliação da acuidade visual

29

Tabela 2

Doenças sistêmicas presentes no âmbito da APS e que podem

32

gerar comprometimento ocular quando não controladas
Tabela 3

Paralisia facial periférica - lagoftalmo

35

Tabela 4

Olho vermelho/conjuntivite

37

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIS

Ações Integradas de Saúde

AP

Antecedentes pessoais

APS

Atenção primária á saúde

CEP

Comitê de Ética em Pesquisa

DCN

Diretrizes Curriculares Nacionais

DM

Diabetes Mellitus

DOU

Diário Oficial da União

ESF

Estratégia Saúde da Família

FAMED

Faculdade de Medicina

IES

Instituições de Ensino Superior

HAS

Hipertensão arterial sistêmica

HDA

História da doença atual

HUPAA

Hospital Universitário Professor Alberto Antunes

MPES

Mestrado Profissional Ensino na Saúde

NDE

Núcleo Docente Estruturante

OSCE

Objective Structured Clinical Examination

PPC

Projeto Político Pedagógico

PSF

Programa de Saúde da Família

SUS

Sistema Único de Saúde

TCLE

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFAL

Universidade Federal de Alagoas

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DO TACC

12

2 ARTIGO: Atenção primária à saúde e oftalmologia

14

2.1 INTRODUÇÃO

16

2.1.1 Considerações Gerais

16

2.1.2 Ensino Médico e Competências

17

2.1.3 Níveis de Atenção e Perfil Generalista

19

2.2 PERCURSO METODOLÓGICO

24

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

28

2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

40

2.5 REFERÊNCIAS

41

3 PRODUTOS DE INTERVENÇÃO

45

3.1 AULA PRÁTICA

45

3.2 RELATÓRIO TÉCNICO

50

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TACC

59

5 REFERÊNCIAS DO TACC

61

APÊNDICES

65

ANEXOS

76

12

1 APRESENTAÇÃO
Este estudo representa a trajetória da pesquisadora no Mestrado Profissional
em Ensino na Saúde (MPES) da Faculdade de Medicina de Alagoas (FAMED) da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Ele contém um artigo intitulado: “
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E OFTALMOLOGIA: percepção discente sobre a
aquisição de competências na formação médica”, e dois produtos de intervenção,
sendo um a introdução de uma aula prática na disciplina de oftalmologia para
discentes de medicina, com temas frequentes no atendimento à Atenção Primária à
Saúde (APS), e o outro, um relatório técnico apresentado na comunidade acadêmica
- disciplina de oftalmologia e Núcleo Docente Estruturante (NDE) do Curso de
graduação em Medicina da UFAL.
O motivo da escolha deste tema foi o fato da pesquisadora exercer, há 13 anos,
atividades como preceptora em oftalmologia no Hospital Universitário Professor
Alberto Antunes - HUPAA/UFAL, e observar a escassez de atividades práticas
exercidas pelos discentes que cursam a disciplina. Com o ingresso no mestrado,
houve a oportunidade de ampliar conhecimentos advindos das discussões
acadêmicas a respeito da importância do atendimento em medicina voltado para a
atenção primária à saúde (APS), o que intensificou as suas inquietações.
Como a literatura não deixa dúvidas em relação à importância do exercício de
atividades práticas no aprendizado da medicina, bem como de que há uma crescente
demanda no atendimento à APS, observa-se que as possíveis contribuições deste
estudo, que buscou analisar a percepção dos discentes de medicina da
FAMED/UFAL, acerca das competências adquiridas durante o curso para o
atendimento em oftalmologia na APS, são relevantes.
Trata-se de um estudo de caso do tipo explicativo, com abordagem hipotéticodedutiva. Os dados da pesquisa foram coletados por meio do Objective Structured
Clinical Examination (OSCE), também conhecido como “Exame Clínico Estruturado
por Estações”, e aprofundados por uma entrevista contendo duas perguntas
norteadoras, abertas, relacionadas ao tema. Os dados do OSCE estão representados
por tabelas, e os dados qualitativos, categorizados e submetidos à análise temática.
O estudo mostrou que, apesar dos sujeitos apresentarem formação em
oftalmologia na APS, esta não é advinda exclusivamente da disciplina de oftalmologia,

13

e que os conhecimentos oftalmológicos ao longo do curso são decorrentes também
de outros momentos presentes no currículo formal. Demonstrou também, por meio da
realização do OSCE e das falas dos discentes, que estes necessitam de uma melhoria
nas habilidades de comunicação, e prescrição médica em oftalmologia na APS.
Desta maneira os produtos de intervenção resultantes desta pesquisa foram: a
introdução de uma aula prática baseada em temas frequentes em oftalmologia na APS
e um relatório técnico acerca dos objetivos e resultados da pesquisa, apresentado à
disciplina de oftalmologia e ao NDE do Curso de Graduação em Medicina da UFAL.
O produto de intervenção intitulado: aula prática baseada em temas frequentes
em oftalmologia na APS, já foi aplicado pela pesquisadora em duas turmas
subsequentes do sexto período de medicina, que cursaram a disciplina de
oftalmologia, visando à melhoria das habilidades pretendidas, com ótima aceitação
pelos discentes do terceiro ano do curso. Esse produto buscou envolver os discentes
no processo ensino-aprendizagem e ser coerente com as competências das Diretrizes
Curriculares Nacionais.

14

2 ARTIGO
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E OFTALMOLOGIA: Percepção discente sobre a
aquisição de competências na formação médica
PRIMARY ATTENTION TO HEALTH AND OPHTHALMOLOGY: student perception
on the acquisition of competences in medical training

RESUMO
Um dos maiores desafios enfrentados pelas universidades brasileiras é formar um
profissional generalista, crítico, reflexivo, humanista, resolutivo e que atue de maneira
adequada na Atenção Primária à Saúde (APS). Esta pesquisa buscou analisar se a
formação em oftalmologia oferecida aos discentes de Medicina da Universidade
Federal de Alagoas (UFAL) está inserida nesse contexto. OBJETIVO: avaliar as
competências e a percepção dos discentes do curso de graduação em Medicina da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), no que diz respeito à sua formação em
oftalmologia
na APS. METODOLOGIA:
Trata-se
de
uma pesquisa
predominantemente qualitativa na modalidade estudo de caso, cujos dados foram
obtidos pela realização de um OSCE (Exame Clínico Estruturado por Estações) e por
meio da análise temática das respostas dos discentes a duas questões abertas sobre
sua formação em oftalmologia na APS. RESULTADOS: Evidenciou-se que, apesar de
os sujeitos apresentarem formação em oftalmologia na APS, ela não é advinda
exclusivamente da disciplina de oftalmologia, e que os conhecimentos oftalmológicos
ao longo do curso são decorrentes também de outros momentos presentes no
currículo formal. CONCLUSÂO: Apesar dos discentes do curso de graduação em
Medicina da UFAL encontrarem-se aptos em exercer atendimento em oftalmologia na
APS, algumas habilidades como a de comunicação e de prescrição medicamentosa
em oftalmologia, podem ser melhor exploradas ao longo do curso da disciplina.
Palavras-chave: Oftalmologia. Atenção Primária à Saúde. Currículo. Discente de
Medicina

15

ABSTRACT
One of the greatest challenges faced by Brazilian universities is to form a generalist,
critical, reflective, humanistic, and resolute professional who works properly in Primary
Health Care (PHC). This research sought to analyze if the training in ophthalmology
offered to medical students of the Federal University of Alagoas (UFAL) is inserted in
this context. OBJECTIVE: to evaluate the skills and perceptions of undergraduate
medical students at the Federal University of Alagoas (UFAL), in relation to their
training in ophthalmology in APS. METHODOLOGY: This is a predominantly
qualitative research in the case study modality, whose data was obtained by
performing an OSCE (Staged Structured Clinical Examination) and through the
thematic analysis of the students responses to two open questions about their training
in Ophthalmology in APS. RESULTS: It was evidenced that, although the subjects
present training in ophthalmology in PHC, it is not exclusively the ophthalmology
discipline, and that ophthalmological knowledge throughout the course is also due to
other moments present in the formal curriculum. CONCLUSION: Although
undergraduate medical students from UFAL are able to perform ophthalmology care
at APS, some skills such as communication and prescription of ophthalmology drugs
can be better explored during the course of the discipline.
Keywords: Ophthalmology. Primary Health Care. Curriculum. Medical Student

16

2.1 INTRODUÇÃO
2.1.1 Considerações Gerais
O progresso tecnológico na área da saúde nas quatro últimas décadas, bem
como as mudanças na política de assistência em saúde no Brasil, contribuíram
significativamente para repensar novos Projetos Pedagógicos de Curso (PPC) nos
cursos da área de saúde, dentre eles, a graduação médica, impondo novas propostas
de ensino-aprendizagem. Para tanto, o ajuste da matriz curricular do PPC às atuais
necessidades de assistência e com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais de
2001 e 2014 (DCN, 2001; 2014), exige a definição de competências e habilidades
gerais e específicas (IIME, 2003). Essa preocupação visa a assegurar a excelência
da qualidade dos serviços de saúde, associada ao respeito e ao bem-estar dos
pacientes (WFME, 2000).
Frente ao apresentado, o ensino médico brasileiro vem sendo debatido quanto
aos métodos de ensino e seus conteúdos, e, com isso, vivenciando um processo de
transformação desde 2001, com a promulgação das DCN. Desde então, diversas
tentativas de mudanças foram realizadas visando à eficácia na formação e a capacitar
o médico recém-graduado a lidar com a realidade do contexto social brasileiro.
(FRANCO; CUBAS; FRANCO, 2014).
As DCN instituíram as linhas gerais para a formação médica, determinando que
o graduado em medicina deve ter:
formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, e atuar pautado em
princípios éticos, no processo saúde-doença em seus diferentes níveis de
atenção, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação à
saúde, na perspectiva da integralidade da assistência, com senso de
responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da
saúde integral do ser humano (MARTINS, 2006).

Um dos principais desafios para as escolas médicas, atribuído pelas DCN 2001
e 2014, consiste em orientar a implementação de uma matriz curricular que favoreça
a integração entre as disciplinas, e que não seja a soma do conteúdo das distintas
disciplinas e especialidades. Além disso, diretrizes curriculares estabelecem
competências gerais, que devem ser adquiridas durante os cursos de graduação, tais
como: atenção à saúde, tomada de decisões, administração e gerenciamento,
comunicação e educação permanente (NOGUEIRA, 2009). As DCN, então, visam
assegurar a qualidade do exercício profissional da medicina no Brasil.

17

As DCN 2014 visam assegurar a qualidade deste exercício profissional quando
afirmam que o discente de medicina deve pautar-se em um pensamento crítico,
conduzindo o seu fazer nas melhores evidências científicas, na escuta ativa da cada
pessoa, família, grupos e comunidades e nas políticas públicas, programas, ações
estratégicas e diretrizes vigentes.
A Faculdade de Medicina de Alagoas (FAMED/UFAL), escolhida para o
desenvolvimento deste trabalho, foi fundada em 03 de maio de 1950, e o seu curso
de Medicina vem sofrendo mudanças ao longo desse período. Dentre elas, a mais
significativa foi a elaboração do Projeto Pedagógico Global da Universidade, em 1991,
e o Projeto Pedagógico (PPC), em 2006 e 2013.
Em 2001, as DCN foram essenciais para nortear a integração ensino/ serviço e
definir os princípios na construção de um novo currículo médico, já que se tratava de
uma exigência do sistema educacional brasileiro, para uma contextualização entre o
que se ensina e o que se espera do profissional egresso (UFAL, 2006).
Diante das exigências encontradas na área de saúde e o acúmulo de crises e
questionamentos - dentre eles a transição epidemiológica e demográfica, o
autocuidado das pessoas, autonomia do usuário, rapidez da produção e
obsolescência do conhecimento - o ano de 2013 foi marcado por novas mudanças no
PPC do Curso Médico da UFAL. Estas mudanças buscam inserir, desde o início do
curso, o discente de medicina da UFAL no serviço/comunidade, utilizando entre as
metodologias, a problematização de situações extraídas do cotidiano dos serviços.
Em virtude dos novos contornos e das demandas da saúde no Brasil,
explicadas por essa transição epidemiológica e demográfica, mais recentemente em
junho de 2014, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), resolução que corrobora
a necessidade de um egresso com perfil generalista e familiarizado com a APS, uma
vez que cerca de 80% das queixas na área de saúde, podem e devem ser resolvidas
na Atenção Primária à Saúde (APS).
Nessa perspectiva, o presente estudo pretende analisar as competências e a
percepção dos discentes de medicina da FAMED/UFAL, sobre sua formação em
oftalmologia, na APS.

2.1.2 Ensino médico e Competências
O ensino médico brasileiro continua em processo de transformação,
evidenciado pelo relato de experiências inovadoras e reformas curriculares em

18

inúmeras escolas médicas. No entanto, avaliações recentes desse ensino têm
mostrado que os cursos de graduação em medicina encontram-se com seu PPC ainda
organizado no modelo flexneriano, adotado na reforma universitária de 1968. Tal
modelo elege o ensino centrado no hospital, e promove a separação entre ciclo básico
e profissional. Embora essa reforma tenha surgido para modernizar o ensino médico,
visando uma base científica, também trouxe para esta formação características
mecanicistas e biologicistas, com fragmentação do conhecimento, estimulando a
especialização profissional (GOMES; REGO, 2011).
A formação médica brasileira, ao longo da história, não acompanhou as
propostas de mudanças no sistema de saúde, em especial no que diz respeito aos
cuidados básicos com a saúde.
Em 1986, com a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde, surgiu a
possibilidade da construção de um projeto de sistema público fundamentado numa
concepção ampliada de saúde. Agregado a isso, em 1988, foi aprovada a nova
Constituição Federal Brasileira, que em seu Art. 196 declara “A saúde é direito de
todos e dever do Estado [...]” (NOGUEIRA, 2009).
A Lei Orgânica da Saúde, de 1990, veio legitimar o Sistema Único de Saúde
(SUS)

dentro

dos

princípios

da

universalidade,

integralidade,

equidade,

hierarquização da assistência e participação da comunidade. Entretanto, o
desordenado financiamento culminou em um problema grave a ser resolvido. Surge
então o Programa de Saúde da Família (PSF), em 1993, para garantir, além dos
pressupostos do SUS, o trabalho comunitário, a territorialização da prática de saúde,
a resolubilidade no nível de atenção primária de saúde (APS) e a educação em saúde
(ITIKAWAL et al., 2008).
A Estratégia Saúde da Família (ESF) foi elaborada com a finalidade de
reorganizar o processo de trabalho e a atenção à saúde dentro do SUS. Almejou-se,
com esta estratégia, superar as práticas de cuidado curativas, oriundas do modelo
flexneriano, por meio de um modelo assistencial plural, que deve ser responsável pela
promoção da saúde, com o objetivo de modificar a grande demanda espontânea por
ações e serviços nessa área. Para atingir esse objetivo, seria indispensável operar
inúmeras transformações na produção do cuidado em saúde. Dentre estas, assinalase a abordagem da ação em saúde voltada à família e seu contexto, passando a
demandar um olhar e um fazer interdisciplinares (UCHIMURA; BOSI, 2012).

19

Nessa perspectiva, a ESF supera a antiga concepção de caráter unicamente
centrado na doença, e passa a adotar práticas gerenciais e sanitárias, democráticas
e participativas, com trabalho em equipes multidisciplinares, para populações de
territórios delimitados, pelos quais assume responsabilidade. Ressalta-se que a
produção cotidiana do cuidado em saúde depende, em grande parte, das
competências dos trabalhadores da saúde (UCHIMURA; BOSI, 2012). Os atributos
desejáveis nesses trabalhadores estão elencados nas DCN para os cursos da área
de Saúde, com a denominação de competências e habilidades (BRASIL, 2001;
BRASIL, 2014).
Segundo Perrenoud (1999), competência é a capacidade de mobilizar e
integrar o conjunto de conhecimentos especializados e saberes, recursos e
habilidades para a resolução de problemas num contexto profissional determinado.
Habilidade, para este autor, consiste na mobilização de conhecimentos e capacidades
para resolver uma situação-problema da vida real, sem ao menos pensar ou planejar.
Para Boelen et al. (2016), o cuidado em realizar o planejamento dos programas
das disciplinas pautado nas competências e habilidades segundo as DCN, leva à
obtenção da excelência nas escolas médicas, cujo objetivo é assegurar a excelência
da qualidade dos serviços de saúde prestados pelos egressos, refletindo em respeito
e bem-estar para com os pacientes.
Encontram-se nas DCN 28 competências e habilidades, sendo seis delas
gerais, comuns para os cursos de Medicina, Enfermagem e Nutrição; e 22 específicas
para o curso de Medicina (BRASIL, 2001).
Nos primeiros semestres do curso médico, as competências e habilidades se
apresentam em menor concentração, quando comparadas com os semestres mais
avançados, sendo exploradas gradativamente até o final da graduação, uma vez que
o desenvolvimento é constante durante o curso. No entanto, deve-se ficar vigilante,
pois a prática do cuidar pode ser substituída pela técnica de curar, levando a
profissionais menos humanizados (RIOS; SIRINO, 2015).

2.1.3 Níveis de atenção e perfil generalista
Com a redemocratização do Brasil, na década de 1980, o movimento da
reforma sanitária encontrou apoio nas universidades e conquistou a participação dos
municípios no desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (APS). Nessa época, foi
proposto o modelo de Ações Integradas de Saúde (AIS), depois substituído pelo

20

Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), até que em 1988 foi criado o
Sistema Único de Saúde (SUS), como consta na Constituição Federal. Nesse período,
observou-se a permanência de várias iniciativas de estados e municípios em relação
à APS, sendo esta, nos últimos anos, de competência dos municípios (BRASIL, 1998).
Nessas duas últimas décadas, as ações de saúde têm apresentado um caráter
preventivo. Sabe-se que cerca de 80% do atendimento em saúde pode e deve ser
realizado na APS, como forma de obter resolutividade e desafogar os serviços de alta
complexidade, dentre eles, o atendimento à saúde ocular.
A APS é ponto de convergência entre as políticas de saúde e o ensino médico,
na medida em que a Constituição Federal aponta para uma integração entre o sistema
de saúde e as necessidades de saúde da população, e descentraliza o ensino da
medicina dos hospitais. É a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que agora encontra
o modelo prioritário para a (re)organização da APS e toda a atenção à saúde no País
(SILVA; SILVA; BOUSSO, 2011).
A APS se baseia em um conjunto de ações, de modo individual e coletivo,
localizadas no primeiro nível de atenção dos sistemas de saúde, voltadas para a
promoção da saúde, a prevenção de agravos, o tratamento e a reabilitação, sem que
haja evolução para a atenção de média complexidade ou secundária.
Entende-se por atenção de média complexidade as ações e serviços
ambulatoriais e hospitalares que visam atender aos principais problemas de saúde da
população, e em quais práticas e clínica demandem a disponibilidade de profissionais
especializados e a utilização de recursos tecnológicos, de apoio diagnóstico e
terapêutico.
Já a atenção de alta complexidade ou terciária é composta por procedimentos
que exigem a incorporação de altas tecnologias e alto custo, não sendo ofertadas por
todas as unidades de federação. Verifica-se então a importância e abrangência desta
atenção primária nos serviços de saúde (LAVRAS, 2011).
A APS é reconhecidamente capaz de resolver cerca de 80% (oitenta por cento)
dos problemas de saúde (GOMES, 2012). No entanto, a formação médica no Brasil
tem reconhecido o hospital como lugar por excelência para a aprendizagem prática
do estudante. Embora este cenário venha se alterando, em especial após a publicação
das DCN 2001, ainda permanecem dúvidas sobre metodologias que fortaleçam a
aprendizagem em APS.

21

O desenvolvimento da APS no Brasil iniciou-se com os Centros de Saúde
Escola em 1920, e ocorreram várias transformações até os dias atuais. Algumas
ações para seu aprimoramento foram a criação do Serviço Especial de Saúde Pública
(SESP) e a ampliação dos Centros de Saúde, atrelados às Secretarias de Estado da
Saúde, na década de 1960 (TEIXEIRA, 2006; LAVRAS, 2011).
A saúde ocular é relevante e necessária na APS, tanto em nível preventivo
quanto curativo, porém, as alterações e complicações oculares decorrentes de
patologias altamente prevalentes são negligenciadas em seu âmbito, na maioria das
vezes, pelo desconhecimento técnico dos profissionais que atuam neste nível de
atenção.
A baixa acuidade visual e a cegueira têm sua prevalência aumentada em
consequência do retardo do diagnóstico precoce e da falta de medidas preventivas.
Então, a abordagem precoce dos problemas oculares deveria ser realizada ainda na
APS, evitando, assim, complicações oculares (CASTAGNO, 2009).
Os cursos de graduação em medicina, influenciados pelo modelo flexneriano
de caráter hospitalocêntrico, departamentalizado e curativista, propiciam na
graduação uma grande tendência à especialização prematura, gerando, no futuro
profissional da saúde, uma perspectiva reducionista da assistência integral ao usuário
(ALMEIDA FILHO, 2010).
O SUS, ao adotar o modelo de saúde centrado no usuário, possibilitou a revisão
das propostas curriculares dos cursos de graduação na área de saúde, fato que
constitui um dos desafios enfrentados pelas escolas de medicina para formar um
profissional generalista, crítico, reflexivo, humanista e resolutivo, com conteúdos
contemporâneos (BRASIL, 2005).
Desde então, mudanças curriculares nos cursos de graduação da área da
saúde, especialmente no curso de Medicina, são realizadas na busca de uma
adequação às DCN (BRASIL, 2001; BRASIL, 2014).
Foi por meio das DCN, que as Instituições de Ensino Superior (IES) que ofertam
cursos de graduação em Medicina se comprometeram em criar condições para que o
estudante entre em contato com a realidade o mais cedo possível, desenvolvendo
uma visão coletiva e solidária, propiciando a inserção do estudante na atenção
primária, desde os primeiros períodos da graduação. Bem como, a possibilidade de
que esses alunos vivenciem a relação indissociável entre ensino, pesquisa e extensão
(BRASIL, 2001; BRASIL, 2014).

22

Silva (2009) relata que o ensino de graduação na área médica visa habilitar o
egresso generalista a diagnosticar e tratar algumas doenças oculares, fazer o pronto
atendimento e o encaminhamento adequado de outras, dentro da APS.
Mendes (2015) enfatizam que a via de ingresso no sistema público de saúde é
por meio da APS, que se encontra no âmbito da gestão municipal, sendo fundamental
para a estruturação do SUS. No entanto, a desigualdade de acesso e o atendimento
de qualidade na APS têm criado inúmeras dificuldades para o desenvolvimento do
restante desse sistema.
Freitas et al. (2015) enfatizam que os modelos tradicionais de ensino não
atendem a formação generalista, conforme preconizam as DCN, uma vez que levam
o aluno a uma postura passiva. Sendo assim, o modelo metodológico que mais se
adequa à integração teoria/prática, serviço/ensino, é o que utiliza as metodologias
ativas, uma vez que estimula a formação de competências e habilidades, tornando o
discente construtor do seu próprio conhecimento.
Por estar a oftalmologia dentre as especialidades médicas, há dificuldades de
acessibilidade por parte da população a esses especialistas. Consequentemente, a
condução de queixas menos complexas que a envolvem, tais como a medida da
acuidade visual, a condução e tratamento de uma conjuntivite viral, podem e devem
ser resolvidas nas APS.
Pesquisa realizada por Lopes Filho et al. (2011) com os graduandos de 6º ano
do curso de Medicina da Universidade Federal do Piauí, teve como enfoque o
atendimento inicial em urgências oftalmológicas e prevenção da cegueira, e identificou
que as respostas obtidas foram satisfatórias. No entanto, recomenda a reformulação
dos conteúdos de oftalmologia, para que ocorra a otimização do aprendizado, com
vistas à melhoria do atendimento inicial referente às queixas oftalmológicas.
Foi o fato de exercer a medicina na área de oftalmologia, em um hospital
universitário, há 13 anos, desenvolvendo junto aos discentes e residentes atividades
clínicas e cirúrgicas como preceptora, que trouxe à autora deste trabalho inquietações
a respeito da formação em medicina no que concerne à APS. Assim, a relevância do
presente estudo alicerça-se na urgência de se avaliar como as mudanças da matriz
curricular do curso de Medicina da UFAL, realizadas primeiramente em 2001; e, mais
recentemente, em 2014, estão repercutindo na formação dos discentes, no tocante à
oftalmologia na atenção primária.

23

Nessa perspectiva, iniciou-se uma reflexão sobre a formação acadêmica
oferecida aos discentes da Faculdade de Medicina - FAMED/UFAL no que concerne
à aquisição de competências relacionadas à APS com ênfase na oftalmologia. Ou
seja, se os discentes de medicina da FAMED/UFAL desenvolvem durante sua
formação acadêmica competências que os habilite ao exercício profissional em
oftalmologia na APS.
Portanto, este estudo teve como objetivo avaliar as competências do discente
de medicina e a sua percepção no que diz respeito a sua formação em oftalmologia
na APS no curso de graduação em Medicina da Universidade Federal de Alagoas
(UFAL).

24

2.2 PERCURSO METODOLÓGICO
Para atingir os objetivos da pesquisa, optou-se por um estudo de caso do tipo
explicativo, com abordagem hipotético-dedutiva. O estudo de caso é o método mais
adequado para conhecer em profundidade todas as nuances de um determinado
fenômeno organizacional (WESLEY; CHARBEL, 2011). A amostra caracterizou-se por
ser não probabilística intencional, em que o pesquisador escolhe pessoas que
provavelmente detêm o conhecimento do tema a ser estudado (FONTANELLA;
RICAS; TURATO, 2008). Adotou-se como critérios de inclusão: ser discente do
internato da graduação em Medicina da FAMED, o que corresponde ao 11º e 12º
período do curso e matriculados, no primeiro semestre de 2016. Como critérios de
exclusão, estão os discentes dos demais períodos do curso de graduação em
medicina/FAMED.
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), por
meio do parecer n° 1.500.710 (Anexo A), e todos os participantes, após aceitação do
convite e orientação sobre sua contribuição na pesquisa, assinaram o TCLE
(Apêndice D).
Os dados foram coletados por meio do Objective Structured Clinical
Examination (OSCE), também conhecido como “exame clínico estruturado por
estações”, e de uma entrevista contendo duas perguntas norteadoras abertas e
relacionadas ao tema. Os dados do OSCE foram representados por meio de tabelas
e os dados qualitativos foram categorizados e submetidos à análise temática.
Para apresentação e discussão dos resultados, os dados foram organizados e
tabulados em planilhas eletrônicas do Excel, e tratados com estatística descritiva com
software Statistical Package for the Social Sciences, (SPSS) versão 22.0.
O OSCE é um instrumento de avaliação mundialmente aceito, válido, fidedigno
e eficaz, em que uma simulação do exame clínico é feita, permitindo observar
comportamento, domínio e habilidades dos discentes em relação a uma determinada
situação (RUSHFORTH, 2007).
A avaliação das habilidades na educação médica por meio do OSCE tem sido
muito utilizada em países como Inglaterra, Estados Unidos e Austrália. Essa técnica
também tem sido usada em outros cursos da área da saúde, como fisioterapia, terapia
ocupacional e enfermagem (MARION et al., 2008).
Assim, neste trabalho, o OSCE foi o método de coleta intencionalmente
escolhido por permitir simular um atendimento em oftalmologia na APS. Realizado em

25

sistema de rodízio, quatro estações foram construídas pela pesquisadora, e
escolhidos temas mais frequentes no atendimento na APS, dispostos em ordem
crescente de complexidade, e que exigissem do discente a demonstração de
habilidades e atitudes na resolução de problemas clínicos em oftalmologia, presentes
na APS.
Vale salientar que em todas as estações, inicialmente, a pesquisadora avaliou
a entrada do discente na sala e o seu comportamento em relação ao pacientesimulado, cabendo sempre à habilidade 1 avaliar a relação médico-paciente e a
habilidade de comunicação do discente. Nos outros itens, nas diferentes estações, as
tarefas executadas pelo discente foram relativas ao atendimento em oftalmologia na
APS. No desenvolvimento da técnica OSCE, em cada estação houve um discente e
um paciente simulado (ator ou atriz) em um contexto ou situação bem delimitada; as
tarefas clínicas a serem realizadas; as equipes de filmagem e um checklist
previamente elaborado. Esse checklist era posteriormente preenchido pela
pesquisadora, após a análise dos vídeos registrados pelas equipes de filmagem.
Para operacionalização do OSCE, foram criadas quatro estações abordando
temas relacionados à oftalmologia na APS:
Estação 1 – Tema: Avaliação da acuidade visual - Queixa: Baixa visual em
um olho - medida da acuidade visual;
Estação 2 – Tema: Doenças sistêmicas presentes no âmbito da APS e que
podem gerar comprometimento ocular quando não controladas - coleta da
história da doença atual (HDA), antecedentes pessoais (AP) e formulação de no
mínimo três hipóteses diagnósticas;
Estação 3 – Tema: Paralisia facial periférica (PFP) lagoftalmo - diagnóstico
e tratamento inicial - prescrição correta de medicação tópica (colírio) - necessidade de
proteção corneana;
Estação 4 – Tema: Olho Vermelho/conjuntivite - diagnóstico, prescrição
correta da medicação tópica (colírio) e confecção de atestado/licença médica.
Foram dispostas em cada sala-estação uma mesa e duas cadeiras, simulando
um consultório médico. Nas portas de entrada de cada estação, foi afixado um papel
com o número da estação, e um breve histórico em que constavam as informações
relativas ao paciente, bem como a tarefa a ser realizada pelo discente. Sobre a mesa
de cada uma das estações, esse mesmo histórico ficou disponível para que o discente
anotasse as suas considerações.

26

O OSCE aconteceu nas dependências da FAMED-UFAL. Antes da sua
aplicação, os discentes foram orientados, pela pesquisadora, quanto à confiabilidade
do método escolhido, e assinaram o TCLE. Em cada sala/estação, havia um paciente
simulado - ator ou atriz - e uma equipe de filmagem disposta discretamente para não
interferir no atendimento. O paciente simulado e a equipe de filmagem aguardaram a
entrada do discente na estação. Os discentes permaneceram em uma sala de espera
e foram liberados um a um, sem que houvesse contato de um discente com outro, no
decorrer das estações.
A elaboração das estações foi baseada no conteúdo de oftalmologia, que se
encontra nos seguintes livros: 1) Tratado de Medicina de Família e Comunidade:
princípios, formação e prática (GUZZO; LOPES, 2012); 2) Medicina Ambulatorial:
condutas de atenção primária baseadas em evidências (DUNCAN et al, 2013).
As estações foram construídas de maneira padronizada, de modo que todos os
discentes avaliados estivessem sob as mesmas condições. As habilidades foram
classificadas como: presente, quando o discente conseguiu desenvolvê-la em sua
plenitude; presente, porém de maneira incompleta, quando o discente a realizou
parcialmente; e ausente, quando o discente não conseguiu realizá-la.
Para a operacionalização estatística dos dados quantitativos foi considerado: o
valor numérico 1, quando a habilidade estava presente; valor numérico 2, quando a
habilidade estava presente, porém de forma incompleta, e valor numérico 3 quando a
habilidade estava ausente
Um checklist específico para cada estação foi elaborado pela pesquisadora e
registrou os comportamentos observados. O objetivo foi avaliar o desempenho dos
discentes em situações delimitadas, pré-definidas, em que houvesse interação com
paciente simulado - ator ou atriz, e recursos didáticos. Cada estação teve duração de
cinco minutos, e um sinal de comando foi dado tanto para o seu início quanto para o
término. Toda a atividade desenvolvida pelos discentes, nas estações clínicas
simuladas, foi gravada em vídeo pelas quatro diferentes equipes de filmagem, com a
permissão prévia dos discentes.
Como estratégia de aprofundamento dos dados, a pesquisadora optou por um
segundo instrumento de coleta de dados. Formulou um questionário com duas
perguntas abertas (Apêndice B):
1) Você se sente apto para atender pacientes com queixas oftalmológicas no âmbito
da atenção primária à saúde (APS)?

27

2) Como você percebe o curso de graduação em medicina da UFAL, mais
especificamente a disciplina de oftalmologia, em relação a formação do profissional,
no que concerne à assistência de qualidade em saúde ocular na APS?
Transcritas as respostas, foram analisadas as falas dos discentes, pautandose na análise temática. Trabalhou-se na organização das respostas, seguida da leitura
flutuante e da identificação do material de análise com foco no objeto de estudo. As
falas semelhantes foram codificadas em blocos e identificadas as unidades de
contexto com suas respectivas unidades de registro, guiadas pelo surgimento das
categorias.
As estações do OSCE foram construídas pela autora e a escolha dos temas foi
baseada em função da relevância e frequência com que são abordados no
atendimento em oftalmologia na APS.
Foram realizadas em cinco salas de aula da FAMED - UFAL, previamente
reservadas pela pesquisadora em um horário em que não houvesse prejuízo das
atividades acadêmicas dos discentes. A última dessas salas foi estrategicamente
escolhida para acolhê-los e, posteriormente, liberá-los, um a um, para o início do
OSCE, o que evitou o contato dos discentes em espera com o discente ingressante.
As outras quatro salas foram previamente organizadas de forma que se
assemelhassem a um consultório médico, tornando o ambiente adequado para a
realização do OSCE.

28

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao longo da história, a sociedade médica vem tentando conceituar e identificar
as competências essenciais para uma atuação que garanta aos profissionais o seu
exercício dentro de padrões de conhecimentos e atitudes éticas. O termo competência
técnica direciona o amplo conceito de competência para a área da habilidade clínica,
como a coleta da história clínica, o exame físico, o raciocínio clínico, a habilidade de
comunicação e procedimentos adequados (TERRA; GUARALDO, 2005)
Miller (1990) representou o processo avaliativo em formato piramidal, composto
por quatro níveis pelos quais o estudante deve passar. A base refere-se ao saber, que
se reporta ao conhecimento dos fatos, princípios e teorias. O segundo nível é o saber
como faz, que envolve habilidades para resolver problemas e descrever
procedimentos. O terceiro nível é o mostrar como faz, o que envolve a demonstração
de habilidades em situação padronizada, como simulações de computador,
procedimentos em manequins ou paciente simulado (OSCE). O quarto e último nível
é o fazer, no qual o estudante é observado em situações da sua futura prática
profissional, com pacientes reais e em ambiente de trabalho. Por este motivo, o OSCE
foi o instrumento de coleta de dados escolhido nesse estudo, pois permite avaliar o
comportamento, habilidades e atitudes dos discentes no decorrer de sua prática
oftalmológica.
A aprendizagem do adulto é facilitada quando este se torna autogestor de seu
próprio conhecimento, aprendendo aquilo que faz. Essa concepção de aprendizagem
baseia-se principalmente no fato de que o aluno é o sujeito de sua aprendizagem. Ele
aprende a fazer fazendo, utilizando dinamicamente a ação-reflexão-ação, dando
significado e buscando a resolução de problemas encontrados em sua realidade
concreta (CARVALHO et al., 2010).
Miller (1990) ainda afirma que adultos retêm apenas 10% do que ouvem, após
72 horas, entretanto, serão capazes de lembrar 85% do que ouvem, veem e fazem,
após o mesmo prazo.
Diante do exposto, as tabelas a seguir demonstram os resultados encontrados
e analisados pela pesquisadora nas estações do OSCE:
Na Tabela 1 estão apresentados os dados referentes à estação cujo tema foi
Avaliação da acuidade visual - Queixa: Baixa visual em um olho - medida da
acuidade visual

29

Diante dos resultados encontrados na tabela 1, estação 1, habilidade 1, que
tratou da questão referente à comunicação inicial entre o discente e o paciente
simulado, que 41,2% dos discentes cumprimentaram o paciente, bem como se
apresentaram ao mesmo, configurando-se a habilidade presente. Nas estações
subsequentes, no que se referente a essa mesma habilidade 1, os percentuais foram
menores, 11,8%; 29,4% e 23,5% respectivamente.

Tabela 1: Avaliação da acuidade visual. Maceió/AL, 2016.
Habilidade

n

%

1 Presente

7

41,2

2 Incompleta

7

41,2

3 Ausente

3

17,6

1 Presente

15

88,2

2 Incompleta

1

5,9

3 Ausente

1

5,9

1 Presente

14

82,4

2 Incompleta

3

17,6

3 Ausente

0

0

1 Presente

15

88,2

2 Incompleta

2

11,8

3 Ausente

0

0

Habilidade 1: Cumprimentou o paciente e apresentou-se

Habilidade 2: Fez anamnese

Habilidade 3: Aferiu a acuidade Visual

Habilidade 4: Formulou a hipótese diagnóstica

Fonte: Autora do estudo, 2016.

Essa mesma habilidade 1 esteve incompleta em 41,2%, 76,5%, 47,1% e 64,7%
nas estações subsequentes, pois os discentes cumprimentaram o paciente, porém
não se apresentaram; e ainda 17,6%, 11,8%, 23,5% e 11,8% dos discentes, ao
entrarem na estação 1, não cumprimentaram e nem se apresentaram ao paciente,
iniciando-se o atendimento sem que houvesse chance de se estabelecer o início da
empatia necessária à relação médico-paciente. No caso, contraria-se o explicitado por
Halpern (2001), para quem a empatia entre médico e paciente é importante, porque

30

deixa o último mais seguro e disposto a informar com mais desenvoltura seus
problemas, sintomas e dúvidas.
Apesar do OSCE, ser um instrumento validado e fidedigno, pode apresentar
limitações para a avaliação das competências clínicas, como dificuldade em simular
algumas patologias, avaliar a autoaprendizagem, motivação e responsabilidade, além
do tempo que se estima, pois no cotidiano, o tempo para avaliação de cada paciente
vai depender da comunicação estabelecida entre o médico e o paciente (HARDEN,
1990).
Uma pesquisa que investigou a percepção de pacientes atendidos em uma
clínica oftalmológica descreveu que quando o paciente chega ao consultório
oftalmológico, espera ser recebido com saudação de boas-vindas, pois a boa
receptividade é uma ação que favorece o relacionamento. Estende-se esta
necessidade para todo o curso médico e para toda a área da saúde. Diante disso,
relata-se a necessidade de se introduzir, na graduação, disciplina que trate da
comunicação como uma estratégia para auxiliar o futuro médico no trato com o
paciente. Os autores dessa pesquisa descrevem ainda que essa mudança envolve a
ruptura com o atual modelo de atenção. Assim, a formação acadêmica deve preparar
médicos para lidar de forma mais humana com as pessoas, somada às inovações
tecnológicas e postura ética, como base do atendimento (MIYAMOTO; STRUCKEL,
2012).
No campo acadêmico, várias teses abordam a relação médico-paciente, sob
perspectivas diferentes (GUIMARÃES, 2005; SUCUPIRA, 1982). No entanto, a
relação médico-paciente ainda constitui um tema marginal, frente à hegemonia do
modelo biológico organicista que domina a formação médica na sociedade
(SUCUPIRA, 1982).
No que tange às habilidades 2, 3 e 4, em que foram avaliadas, respectivamente,
a realização da anamnese, a aferição da acuidade visual e a formulação da hipótese
diagnóstica, os discentes atingiram aproveitamento acima de 80%, sendo constatado
que 88,2% da realização da anamnese; 82,4% da aferição da acuidade visual e 88,2%
da formulação da hipótese diagnóstica foram consideradas presentes na estação 1.
Como o eixo teórico-prático-integrado de aproximação à prática médica e à
comunidade faz-se presente ao longo dos seis anos de duração do curso médico
(UFAL, 2013) e permite inserir o discente de medicina da UFAL desde o primeiro
período do curso, na APS, esse conhecimento pode ser considerado advindo dessa

31

prática. Os dados nos mostraram que os discentes apresentaram competência em
realizar tais tarefas/habilidades citadas, porém, acredita-se que esse conhecimento
não estaria relacionado necessariamente à disciplina de oftalmologia, como se
observa nas falas a seguir:
“Além disto, não sinto segurança na própria realização do exame básico para
definir algumas doenças. Traz uma certa insegurança ao receber um paciente
com queixas oftalmológicas”. (E5)
“Geralmente não. Não vemos muito sobre as doenças oftalmológicas durante
nossa formação”. (E10)

Quando se comparam tanto os dados do OSCE, quanto os dados da análise
temática, percebe-se que existem momentos na formação médica, em que os
discentes apreendem conhecimentos e vivenciam experiências em oftalmologia, mas
que esses conhecimentos não são exclusivamente advindos da disciplina, como se
visualiza nas falas:
“As aulas teóricas são extremamente objetivas sobre os assuntos mais
corriqueiros da prática médica oftalmológica e não tivemos praticamente
nenhuma aula prática durante o período que passamos pela matéria.” (E1)
“[...] não tivemos muita noção de prática durante as aulas teóricas e
praticamente não tivemos aula prática...” (E1)
“A oftalmologia do curso da UFAL, em parte pela curta carga horária que
possui e em parte pelo mau aproveitamento do tempo, deixa a desejar no
aspecto da preparação do aluno para a identificação e condução das
patologias oculares”. (E5)

Compreende-se que o conhecimento adquirido pelo estudante durante o curso,
expresso por meio de suas concepções curriculares e seus procedimentos
organizacionais, resulta de visões específicas da realidade, que incidem sobre a
epistemologia do conhecimento, os valores e as motivações dos alunos. Então, podese inferir que as atividades extracurriculares assumem tanto o lugar de produto em
um currículo oculto, como, ao mesmo tempo, podem produzi-lo (PERES; ANDRADE;
GARCIA, 2007).
Ainda Peres; Andrade; Garcia (2007) avalia que a incorporação de atividades
extracurriculares na formação médica desvela a crise do currículo médico diante do
mercado de trabalho público ou da atuação futura do profissional liberal. Assim, a
causa do conjunto de atividades extracurriculares que os graduandos desenvolvem
traria a ideia de subversão da ordem na escola, da estrutura curricular formal
estabelecida em um curso médico.

32

Foram encontradas na categoria “Formação para saúde ocular com foco APS
adquirida por outras formas e/ou momentos do curso” as seguintes falas que
corroboram com o citado autor:
“[...] o que aprendemos durante o curso é fruto do nosso interesse e da
vivência na prática do atendimento nos estágios da atenção primária.” (E2)
“O único estágio que ‘aprendemos’ um pouco mais do exame oftalmológico
foi na neurologia, que tivemos que produzir um vídeo com exame físico da
‘neuro’ e dentre os exames tinha avaliação de fundo de olho, exames na
paralisia facial, paralisia de nervo oftálmico entre outros. (E1)

Na tabela 2, habilidade 2, referente à elaboração da história da doença atual
(HDA) e de antecedentes pessoais (AP), observa-se que 82,4% dos graduandos a
realizou de maneira satisfatória, mostrando um bom desempenho no que concerne à
semiologia na atenção básica, questionando ao paciente/ator, a respeito de doenças
sistêmicas como o Diabetes Mellitus (DM) e a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS),
doenças que, quando não prevenidas oua trtadas da maneira adequada, podem gerar
sequelas que podem vir a comprometer a saúde ocular.

Tabela 2: Doenças sistêmicas presentes no âmbito da APS e que podem gerar
comprometimento ocular quando não controladas. Maceió/AL, 2016.
Habilidade

n

%

1 Presente

2

11,8

2 Incompleta

13

76,5

3 Ausente

2

11,8

1 Presente

14

82,4

2 Incompleta

2

11,8

3 Ausente

1

5,9

1 Presente

9

52,9

2 Incompleta

6

35,3

3 Ausente

2

11,8

Habilidade 1: Cumprimentou o paciente e apresentou-se

Habilidade 2: Colheu HDA e AP

Habilidade 3: Formulou hipóteses diagnósticas com acertos

Fonte: Autora do estudo, 2016.

33

Na estação 2, habilidade 3, foi analisado se o estudante era capaz de formular
ao menos três hipóteses diagnósticas relacionadas ao paciente em tela. Salienta-se
que o paciente - ator foi treinado previamente pela pesquisadora para informar aos
graduandos, quando questionado no momento da colheita da HDA e AP, que sofria
de DM e HAS há muitos anos, e que essas doenças não tinham um seguimento
médico e nem controle adequados até então.
Os resultados demonstraram que houve uma variada gama de hipóteses
diagnósticas aventadas pelos graduandos, condizentes, em sua maioria, com o
quadro clínico proposto. Nessa perspectiva, constata-se que os dados apresentados
na tabela 2 corroboram com as DCN que citam no art 3°, segundo o qual o graduado
em medicina terá formação geral, humanista crítica, reflexiva e ética. Além de
capacidade para atuar em diferentes níveis de atenção à saúde, com ações de
promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, nos âmbitos individual e
coletivo (BRASIL, 2014).
A Figura 1 também reforça estes resultados, além de os mesmos serem
expostos pelos graduandos, conforme a fala abaixo.
“[...] mas temos grande importância na busca por repercussões oculares de
doenças

sistêmicas,

possibilitando

diagnósticos

precoces,

no

acompanhamento e reforço do tratamento e no reconhecimento das falhas e
complicações, porém não somos formados”. (E5)

Figura 1: Hipóteses diagnósticas aventadas pelos discentes na estação 3.
Maceió/AL, 2016.

Fonte: Autora do estudo, 2016.

34

Entre as hipóteses diagnósticas mais lembradas pelos graduandos está a
principal causa de cegueira reversível no mundo, a catarata. No entanto, a estação
solicitava ao menos a formulação de três hipóteses diagnósticas para que a tarefa
fosse considerada presente ou completa, e 52,9% foram capazes de formulá-las,
enquanto 35,3% não conseguiram formulá-las de maneira completa. Considerou-se a
tarefa ou habilidade incompleta quando o estudante citava ao menos uma hipótese.
Os graduandos que não formularam sequer uma hipótese diagnóstica, 11,8% do total,
se enquadraram na ausência de tal habilidade.
Na figura 1, observa-se a predominância da retinopatia diabética e/ou
hipertensiva, com 45,5%; além da presbiopia (dificuldade visual para perto em
pacientes acima de 40 anos de idade) em 11,4%; e glaucoma, também com 11,4%.
Para miopia, 9,1 %; astigmatismo, 6,8%, e hipermetropia, 4,5%.
Dentre os objetivos da ementa da disciplina de oftalmologia (2008) da
FAMED/UFAL, está o de oferecer os conhecimentos sobre a especialidade que deve
ter todo médico generalista e salientar as características de afecções que devem ser
encaminhadas ao oftalmologista. O que se observa na fala:
“Na minha época, vimos assuntos que possivelmente aparecem na atenção básica”. (E4)

Porém, observa-se nas falas dos discentes a crítica em relação à escassez de
aulas práticas na disciplina de oftalmologia:
“As aulas teóricas são extremamente objetivas sobre os assuntos mais
corriqueiros da pratica médica oftalmológica e não tivemos praticamente
nenhuma aula prática durante o período que passamos pela matéria.” (E1)

E ainda:
“[...] Um dos grandes problemas na minha formação foi a escassez de
práticas, seja em ambulatório ou em outros locais de desenvolvimento desse
tipo de atividade durante a graduação”. (E3)

Na tabela 3, habilidade 2, analisou-se a formulação da hipótese diagnóstica.
Foi observado que 82,4% dos discentes, a formularam com acerto, afirmando tratarse de uma paralisia facial periférica; 5,9% o fizeram de maneira incompleta; e 11.8%
não formularam hipótese diagnóstica ou a fizeram erroneamente.
Tomando-se como referência as discussões da literatura e a conjuntura
sociocultural e econômica, pode-se inferir que as intenções da educação superior não
são simples, nem lineares, mas abrangem, ao contrário, um conjunto propositado e
subjetivo que torna a formação profissional mais ampla, e não somente restrita às

35

atividades educativas encontradas numa estrutura curricular. Desde a década de
1980, intensificou-se o número de trabalhos que têm evidenciado o impacto do
contexto universitário, constituído tanto pelas atividades do currículo formal, que são
obrigatórias,

quanto

pelas

extracurriculares,

não

obrigatórias,

sobre

o

desenvolvimento psicossocial e cognitivo do estudante na universidade (PERES;
ANDRADE; GARCIA, 2007).
Nessa perspectiva, Peres; Andrade; Garcia (2007) entendem que existe o
currículo formal, concreto e previsto, que coloca aos alunos determinadas
experiências e prevê aulas, trabalhos práticos e exames; e o informal ou oculto, que
seria o conjunto de experiências e estímulos que o estudante recebe sem que tenham
sido previstos nem planejados pelas instâncias instituídas.

Tabela 3: Paralisia facial periférica - lagoftalmo - Maceió/AL, 2016.
Habilidade

n

%

1 Presente

5

29,4

2 Incompleta

8

47,1

3 Ausente

4

23,5

1 Presente

14

82,4

2 Incompleta

1

5,9

3 Ausente

2

11,8

1 Presente

4

23,5

2 Ausente

13

76,5

1 Presente

1

5,9

2 Incompleta

8

47,1

3 Ausente

8

47,1

Habilidade 1: Cumprimentou o paciente e apresentou-se

Habilidade 2: Formulou hipótese diagnóstica

Habilidade 3: Orientou o paciente sobre a necessidade de
se ocluir o olho acometido à noite

Habilidade 4: Prescreveu colírio lubrificante

Fonte: Autora do estudo, 2016.

Na habilidade 3 que se refere à necessidade de o discente orientar o tratamento
oclusivo noturno do olho acometido pela paralisia facial, 76,5% não o fizeram, o que

36

a pesquisadora considerou como habilidade ausente. Demonstrou-se então uma
lacuna na prevenção da saúde ocular na APS, dada a importância de tal orientação,
já que, segundo Axelsson (2011), os cuidados oculares em pacientes com paralisia
facial periférica representam a parte menos controversa do tratamento. Os

olhos

precisam ser lubrificados durante o dia com colírios do tipo lágrima artificial para a
proteção da córnea contra abrasões e, durante a noite, é recomendado o uso de
pomadas e tampões oclusivos, além da colocação de umidificadores nos quartos.
Como não há celeridade em se conseguir uma consulta com o especialista em
oftalmologia, essas medidas iniciais devem ser orientadas pelo médico generalista,
no âmbito da APS. Vale ainda salientar que nessa habilidade avaliada, os resultados
se dividiram em habilidade ausente e habilidade presente. Não houve, nesse caso,
nenhum resultado no qual a habilidade tenha sido avaliada como incompleta. Apenas
23,5% dos discentes orientaram a paciente - atriz quanto à necessidade de se ocluir
o olho acometido à noite.
Na tabela 3 habilidade 4, apenas um discente soube efetivamente prescrever o
nome de um colírio lubrificante/lágrima artificial, e portanto, protetor da superfície
corneana, correspondendo a 5,9% dos discentes com a habilidade presente. Do total
dos discentes que participaram desta pesquisa, 47,1% foram considerados com a
habilidade incompleta, pois orientaram a paciente - atriz sobre a necessidade do uso
do colírio lubrificante, porém, não souberam prescrevê-lo efetivamente. Outros 47,1%
sequer citaram a necessidade do uso do colírio lubrificante, o que é comprometedor,
pois segundo Rahman e Sadiq (2007), é importante empregar medidas de prevenção
da exposição corneana a fim de prevenir a cegueira irreversível.
As falas a seguir demonstram a necessidade de um conhecimento ftalmológico
voltado para a prática em oftalmologia na APS:
“Em queixas mais complexas, geralmente me faltam opções de diagnóstico ou
tratamento, por falta de conhecimento, e dessa forma, certamente encaminho
mais que o necessário [...].” (E10)
“Desta forma, sem conseguir clareza na formulação concreta do diagnóstico,
tendo em mente a importância da saúde ocular na qualidade de vida do
indivíduo, acabo optando pelo encaminhamento ao especialista”. (E4)

Essa pesquisa verificou que há um despreparo por parte dos discentes no que
se refere à prescrição de colírios em oftalmologia. Fato esse que foi confirmado na

37

quarta estação, na qual um quadro clínico de conjuntivite bacteriana foi descrito e o
discente, como tarefa, deveria prescrever antibióticos tópicos.
No que concerne à habilidade 2 da tabela 4, 88,2% dos discentes formularam
a hipótese diagnóstica corretamente, tornando a habilidade presente, e 11,8% não o
fizeram, configurando a habilidade 2 ausente. Neste item, não foram encontradas
respostas incompletas, já que se considerou como acerto o diagnóstico de conjuntivite
bacteriana, quadro frequente em postos de saúde que atendem à APS.
Apenas 11,8% não formularam a hipótese diagnóstica da maneira correta, pois
pensaram, equivocadamente, tratar-se de conjuntivite viral. Vale salientar que a
paciente-atriz exibia, no momento das queixas, uma fotografia que continha a imagem
de um olho com sinais de conjuntivite com abundante secreção purulenta, quadro
típico de uma conjuntivite bacteriana. Na conjuntivite viral, a secreção não se faz
presente.

Tabela 4: Olho Vermelho/conjuntivite. Maceió/AL, 2016.
Habilidade
Habilidade 1: Cumprimentou o paciente e apresentou-se
1 Presente
2 Incompleta
3 Ausente
Habilidade 2: Formulou hipótese diagnóstica
1 Presente
2 Ausente
Habilidade 3: Manteve higiene ocular com soro fisiológico
1 Presente
2 Ausente
Habilidade 4: Prescreveu colírio antibiótico
1 Presente
2 Incompleta
3 Ausente
Habilidade 5: Forneceu atestado médico
1 Presente
2 Incompleta
3 Ausente

n

%

4
11
2

23,5
64,7
11,8

15
2

88,2
11,8

16
1

94,1
5,9

5
11
1

29,4
64,7
5,9

11
6
0

64,7
35,3
0

Fonte: Autora do estudo, 2016.

Cabe aqui ressaltar a importância do diagnóstico diferencial entre a conjuntivite
viral e a bacteriana, uma vez que o tratamento de cada uma delas difere

38

completamente. Na conjuntivite viral há ausência de secreção, e utiliza-se apenas da
higiene com soro fisiológico gelado; já na conjuntivite bacteriana, o uso de
antibioticoterapia tópica se faz necessário tão logo o diagnóstico tenha sido firmado
clinicamente.
Segundo Guzzo e Lopes (2012), que referendam este trabalho, o tempo de
evolução da conjuntivite bacteriana é em torno de 3 a 5 dias. Como o contato com
outras pessoas deve ser evitado nas primeiras 48 horas de evolução, o afastamento
legal das atividades profissionais e/ou escolares faz-se necessária.
Então, em relação à habilidade 3, referente à manutenção da higiene ocular
com soro fisiológico, 94,1% dos discentes a mantiveram, e apenas 5,9% não teceu
comentários à respeito.
Já em relação à habilidade 4, relativa à prescrição do colírio antibiótico, apenas
29,4% dos discentes se encontraram aptos a prescrever o colírio, citando o nome
específico do antibiótico a ser utilizado e a posologia adequada a ser seguida pela
paciente-atriz. A habilidade foi considerada incompleta em 64,7% dos discentes,
quando estes só citaram a necessidade do uso do colírio antibiótico, sem prescrevêlo com posologia adequada. E, ainda, 5,9% dos discentes não atentaram para a
necessidade imperiosa de se prescrever colírio antibiótico naquele momento, de forma
que essa habilidade foi considerada ausente.
Então, embora em 2008 conste na ementa da disciplina de oftalmologia (UFAL,
2008) a preocupação em “oferecer os conhecimentos sobre a especialidade que deve
ter todo médico generalista”, observa-se uma carência por parte dos discentes em
conduzir as queixas oftalmológicas de maneira satisfatória na APS.
Vale a pena ressaltar aqui que, quando se fala em habilidade de comunicação,
refere-se à necessidade do discente cumprimentar e se apresentar ao paciente antes
de se ater a qualquer outro fato, seja ele médico ou não. A carência desta habilidade
foi observada pela pesquisadora no desenrolar do OSCE e nas respostas às
perguntas abertas aos discentes. Porém, como já mencionado, o OSCE apresenta-se
como uma ferramenta particularmente adequada para a avaliação de muitas, mas
certamente não todas, as competências.
No que refere à última habilidade pesquisada na tabela 4, como o contato com
outras pessoas nas primeiras 48 horas de evolução do quadro, este deve ser evitado
pela possibilidade de contágio, de forma que o afastamento legal das atividades
profissionais e/ou escolares faz-se necessário. Então, na habilidade 5 da tabela 4,

39

referente ao fornecimento do atestado médico para afastamento do trabalho, por se
tratar a conjuntivite viral de patologia altamente contagiosa, identificou-se que 64,7%
o prescreveram de maneira adequada, e forneceram uma licença médica que variou
entre 3 a 7 dias. No entanto, foi considerada a habilidade incompleta em 35,3%, dos
participantes do OSCE quando o número de dias de afastamento prescrito pelo
discente foi considerado insuficiente para o controle do contágio, isto é, quando os
discentes prescreveram atestados com tempo de licença inferior a dois dias, tempo
insuficiente para que a volta do paciente ao trabalho ou escola ocorresse de maneira
segura.

40

2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Estudo buscou avaliar se os discentes de medicina da UFAL adquirem,
durante o curso, competências em atender queixas oftalmológicas no âmbito da APS
e a percepção desses discentes no que diz respeito à existência de um preparo
médico para uma visão generalista em oftalmologia, tão necessária para um
atendimento na APS.
Evidenciou-se então, diante dos resultados encontrados no OSCE que, embora
os discentes de medicina da UFAL encontrem-se aptos a desempenhar assistência
em oftalmologia na APS, existem fragilidades no que diz respeito às habilidades de
comunicação e de prescrição de medicamentos.
Observou-se que o conhecimento apresentado nos resultados encontrados no
OSCE foi derivado não somente de sua construção durante a disciplina, e que esta
carece de mais momentos junto ao paciente. Demonstrou-se ainda que existiram
vivências práticas desses discentes em outros momentos, no transcorrer da formação
acadêmica, em outras disciplinas, como na disciplina de neurologia.
Diante dos resultados encontrados nas falas dos sujeitos, em resposta a duas
perguntas abertas feitas pela pesquisadora, e na busca por melhorias nesse cenário,
verificou-se a necessidade do incremento de aulas práticas com temas voltados à
atenção primária, na disciplina de oftalmologia.

41

2.5 REFERÊNCIAS
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educação médica no Brasil contemporâneo. Cad. Saúde Pública, v.26, n. 12 p.
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Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, 2005.
______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes
Curriculares Nacionais do Curso de Graduação de Medicina. Câmara de Educação
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______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes
Curriculares Nacionais do Curso de Graduação de Medicina. Câmara de Educação
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Medicina. Faculdade de Medicina/FAMED. Maceió-AL, 2013.
WFME Task Force on Defining International Standards in Basic Medical Education.
Med. Educ. v. 34, p. 8, p. 665-75, 2000.

45

3 PRODUTOS DE INTERVENÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA - FAMED
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE MPES

3.1 PRODUTO DE INTERVENÇÃO 1: INTRODUÇÃO DE AULA PRÁTICA NA
DISCIPLINA DE OFTALMOLOGIA PARA DISCENTES DO CURSO DE MEDICINA
COM TEMAS FREQUENTES NO ATENDIMENTO À ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

INTRODUÇÃO
O Produto de intervenção aqui desenvolvido faz parte de um dos pré-requisitos
para a obtenção do título de mestre pelo Programa de Pós-graduação em Ensino na
Saúde da Faculdade de Medicina (FAMED) da Universidade Federal de Alagoas
(UFAL). Trata-se de uma aula prática que foi introduzida na disciplina de oftalmologia
para os discentes do curso de medicina, com temas frequentes no atendimento à
Atenção Primária à Saúde (APS).
Este produto foi derivado das reflexões e necessidades encontradas na
pesquisa intitulada “Atenção primária à saúde e oftalmologia: percepção discente
sobre a aquisição de competências na formação médica”.
No presente estudo, observou-se uma lacuna no que diz respeito às atividades
práticas na disciplina de oftalmologia, bem como, a necessidade de uma melhoria nas
habilidades de comunicação entre o discente e o paciente, e na prescrição médica.
Diante dos resultados encontrados no estudo, a pesquisadora e preceptora do
ambulatório de oftalmologia do HUPAA - UFAL desenvolveu um plano para uma aula
prática, o qual se baseia em temas frequentes na Atenção Primária à Saúde (APS),
uma vez que cerca de 80% de resolutividade das queixas podem se dar nesse nível
de atenção.
De acordo com Costa et al. (2012) a evolução das metodologias de ensinoaprendizagem ao longo desses últimos anos trouxe à tona desafios hoje enfrentados
pelas universidades e pelos docentes que as constituem. Um desses desafios decorre
da necessidade do incremento das atividades práticas voltadas ao discente de
medicina, visando à melhoria de seu aprendizado, e, por conseguinte, da relação

46

médico-paciente, fatores que repercutirão em sua vida profissional e na saúde dos
pacientes atendidos.
Em 1990, George Miller publicou, na revista Academic Medicine, o artigo
intitulado: The assessment of clinical skills/competence/performance. Nesse artigo,
Miller apresentou a pirâmide das competências (Figura 1), que posteriormente ficou
conhecida como Pirâmide de Miller. Essa pirâmide é composta por quatro níveis. Os
dois níveis mais baixos referem-se a conhecimentos teóricos; e os dois superiores, a
habilidades técnicas e comportamento, respectivamente. No quarto e último nível da
pirâmide, está o fazer, posição em que se encontra este produto de intervenção e que
motivou a sua elaboração (MILLER, 1990).

Figura 1.1: Pirâmide das Competências. Maceió/AL, 2016.

Fazer

•Avaliação do desempenho in vivo,
vídeo, beira do leito, Mini-Cex.

•Avaliação do desempenho in vitro,
OSCE, paciente simulado.
Demonstrar

Saber
como

Saber

•Questões escritas com textos
dissertativos.
•Questões factuais com textos
dissertativos

Fonte: Adaptado de Van der Vleuten; Schuwirth (2005).

A Intensa busca pelo conhecimento e aquisição de habilidades e competências
é uma realidade para o discente de medicina. E como a aquisição destas habilidades
e competências se intensifica com a prática, o produto deste estudo deu-se pela
necessidade do incremento das atividades práticas na disciplina de oftalmologia, e
consequentemente melhora do fazer (PANÚNCIO-PINTO; TRONCON, 2014;
MARTINS et al., 2015).
Desta forma, o produto deste estudo foi a introdução de uma aula prática na
disciplina de oftalmologia com temas frequentes na APS, planejada e executada pela
autora, no ambulatório de oftalmologia do HUPAA-UFAL, direcionada aos discentes
do terceiro ano do curso de Medicina, matriculados na disciplina.

47

OBJETIVOS
Objetivo geral
Enfatizar o incremento às atividades práticas dos discentes do sexto período do curso
de medicina que cursam a disciplina de oftalmologia e abordar sua relação médicopaciente.
Objetivos específicos
1. Realizar a medida da acuidade visual em um paciente de acordo com a técnica
adequada e diagnosticar quando existir baixa visual;
2. Identificar a necessidade, e proceder a realização do exame fundoscópico,
utilizando-se do oftalmoscópio direto, em paciente com doença sistêmica passível
de gerar repercussões oculares;
3. Determinar diagnóstico diferencial entre as conjuntivites viral e bacteriana,
prescrever tratamento e atestado médico para prevenção do contágio;
4. Definir diagnóstico e saber referendar ao oftalmologista e/ou neurologista paciente
com hipótese diagnóstica de estrabismo.

METODOLOGIA
A disciplina de oftalmologia da graduação deve oferecer aos alunos a
oportunidade para complementar sua formação. Essa oportunidade consiste em
propiciar melhor orientação e treinamento aos graduandos, com a participação efetiva
de médicos assistentes, uma vez que essa prática contribui para maior
conscientização dos próprios membros da clínica sobre a importância do ensino de
oftalmologia aos futuros médicos (JOSÉ et al., 2007).

Procedimentos
Após uma aula teórica expositiva sobre estrabismo, ministrada pela
pesquisadora, com duração de 50 minutos, os discentes foram dirigidos ao
ambulatório de oftalmologia do HUPAA-UFAL, para atividade prática. Essa atividade
foi realizada durante duas horas, com pacientes previamente selecionados e
portadores de patologias frequentes na APS, dentre elas o estrabismo. Esses
pacientes foram examinados pelos discentes, sob a orientação da pesquisadora. Vale
ressaltar que a aula teórica já fazia parte da matriz curricular desse período, sendo
então inovada a parte prática.

48

Público-alvo
Discentes do sexto período do curso de medicina, matriculados na disciplina de
oftalmologia.

Localização temporal e espacial
A aula prática foi ministrada pela autora aos discentes do sexto período de
medicina, no ambulatório de oftalmologia do HUPAA-UFAL, em dois semestres do
curso. A primeira no dia 22/08/2016 e segunda no dia 06/02/2017.

Aplicação do produto
a) Planejamento e execução
Foram previamente selecionados e agendados pacientes do ambulatório do
HUPAA-UFAL, após o término da aula expositiva sobre estrabismo realizada na sala
de aulas do próprio ambulatório
Após a aula teórica, os discentes foram convidados a participarem da aula
prática. Nessa aula, eles tiveram a oportunidade de realizar a anamnese de um
paciente com estrabismo, obter a medida da acuidade visual e o exame fundoscópico.
Na mesma oportunidade, também foram debatidos temas como olho vermelho e
prescrição medicamentosa em oftalmologia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após o término da aula prática, realizou-se um momento de discussão e
reflexão com os discentes. Dessa forma, pode-se dizer que o produto de intervenção
atingiu os objetivos propostos, pois já foi viabilizado em duas turmas de medicina,
tendo sido recebido com entusiasmo e ótima aceitação por parte dos discentes. A aula
prática será ministrada a cada semestre pela pesquisadora, sempre no sentido de
incrementar a qualidade do processo ensino-aprendizagem, e procurará trazer o
discente de medicina para mais próximo da realidade de um atendimento em
oftalmologia na APS.

REFERÊNCIAS
COSTA, B.E.P. et al. Reflexões sobre a importância do currículo informal do
estudante de medicina. Sci. Médica. V. 22, n.3, p. 162-188, 2012.

49

JOSÉ, A.C.K., et al. Ensino Extracurricular em Oftalmologia – Grupos de
Estudos/Ligas de Alunos de Graduação. Rev. bras. educ. med. V. 31, n. 2, p. 166172, 2007.
MARTINS, M.A. et al. O estudo de Miller e os outros que se seguiram a ele
demonstraram que cada nível da pirâmide exige uma complexidade crescente de
instrumentos de avaliação. Lorem Ipsum. n. 3, p. 1-6, 2015.
MILLER, G.E. The assessment of clinical skills/ competence/performance. Acad
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PANÚNCIO-PINTO, M.P.; TRONCON, L.E.A. Avaliação do estudante – aspectos
gerais Medicina. Rev. FMRP, v. 47, n. 3, p. 314-323 Disponível em:
http://revista.fmrp.usp.br/. Acesso em 18 de março de 2017.
VAN DER VLEUTEN, C.; SCHUWIRTH, L. Assessing professional competence: from
methods to programmes. Medical Education.; n.39, p.309-317, 2005

50

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA - FAMED
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE MPES

3.2 PRODUTO DE INTERVENÇÃO 2: Relatório técnico da pesquisa: Um olhar
para a formação em oftalmologia na atenção primária à saúde.

Apresentação do relatório técnico
A pesquisa intitulada “Atenção primária à saúde e oftalmologia: percepção
discente sobre a aquisição de competências na formação médica” realizada com os
discentes do Curso de Medicina da Universidade Federal de Alagoas proporcionou a
elaboração de um relatório técnico da pesquisa como produto de intervenção,
apresentado à comunidade acadêmica - disciplina de oftalmologia e Núcleo Docente
Estruturante do curso (NDE).
Aproximar o discente da prática oftalmológica na atenção primária á saúde
(APS) constitui uma necessidade e um desafio enfrentado pelas instituições de ensino
superior (IES). A realização de um planejamento prévio voltado ao treinamento e à
atuação em atividades práticas ambulatoriais são algumas das medidas que precisam
ser melhor discutidas e implantadas.
Foi realizado um estudo de caso
À partir dos resultados dos dados da pesquisa coletados pelo OSCE ( exame
clínico estruturado por estações) e por análise das falas dos discentes em resposta a
duas perguntas abertas, constatou-se a importância e necessidade do aumento
dessas atividades na busca de que a formação prática em oftalmologia na APS se
complete de maneira satisfatória.
Consequentemente, a elaboração do relatório técnico e sua apresentação
junto á disciplina de oftalmologia e ao NDE se apresentam como uma forma de
viabilizar a interação entre os atores envolvidos no processo e sensibilizar as IES para
esses dados.
Os objetivos do Relatório Técnico são: promover discussões sobre a atual
formação em oftalmologia na APS dos discentes de Medicina da UFAL junto à

51

disciplina de oftalmologia e membros do NDE; Proporcionar um diálogo e uma maior
aproximação dos discentes de Medicina aos cenários de prática oftalmológica;
Sugerir a criação de espaços de discussão e diálogo entre discente, docente,
preceptores e gestores dos serviços de saúde; Informar ao coordenador da disciplina
de oftalmologia e ao NDE os resultados obtidos na pesquisa através da entrega
impressa

do

relatório

técnico

e

de

sua

apresentação

oral;

Realizar

a

discussão/reflexão sobre os resultados da pesquisa após o relatório técnico.
O relatório foi elaborado, entregue e apresentado oralmente pela pesquisadora
aos membros do NDE do Curso de Graduação em Medicina no dia 17 de maio de
2017 e na disciplina de oftalmologia no dia 26 de maio de 2017 (Anexos F e G).
Após as apresentações, realizou-se um momento de discussão e reflexão
acerca dos dados apresentados.
Os professores presentes, tanto na reunião do NDE, quanto na disciplina de
oftalmologia, ressaltaram a importância dos dados do relatório, e da necessidade da
constante discussão e reflexão no sentido de se buscar a melhoria da formação
acadêmica em Medicina, e mais especificamente, no assunto do nosso interesse, que
refere-se à formação médica no âmbito do atendimento em oftalmologia na APS.

52

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA - FAMED
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE MPES

CARMEM LÚCIA CARNEIRO LEÃO DE BIASE

RELATÓRIO TÉCNICO CIENTÍFICO: Um olhar para a formação em oftalmologia
na atenção primária à saúde

MACEIÓ
2017

53

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA - FAMED
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE MPES

CARMEM LÚCIA CARNEIRO LEÃO DE BIASE

UM OLHAR PARA A FORMAÇÃO EM OFTALMOLOGIA NA ATENÇÃO
PRIMÁRIA À SAÚDE

Relatório técnico apresentado como requisito
parcial para obtenção do título de mestre no
programa do Mestrado Profissional em Ensino
na Saúde da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal de Alagoas

MACEIÓ
2017

54

INTRODUÇÃO
A pesquisa intitulada “Atenção primária à saúde e oftalmologia: percepção
discente sobre a aquisição de competências na formação médica” realizada com os
discentes do Curso de Medicina da Universidade Federal de Alagoas proporcionou a
elaboração de um relatório técnico da pesquisa como produto de intervenção,
apresentado à comunidade acadêmica - disciplina de oftalmologia e Núcleo Docente
Estruturante do curso (NDE).
Os resultados da pesquisa indicaram a necessidade do incremento das
atividades práticas na disciplina de oftalmologia. Aproximar o discente da prática
oftalmológica na atenção primária á saúde (APS) constitui uma necessidade e um
desafio enfrentado pelas instituições de ensino superior (IES) A realização de um
planejamento prévio voltado ao treinamento e à atuação em atividades práticas
ambulatoriais são algumas das medidas que precisam ser melhor discutidas e
implantadas.
O SUS, ao adotar o modelo de saúde centrado no usuário, possibilitou a revisão
das propostas curriculares dos cursos de graduação na área de saúde, fato que
constitui um dos desafios enfrentados pelas escolas de medicina para formar um
profissional generalista, crítico, reflexivo, humanista e resolutivo, com conteúdos
contemporâneos (BRASIL, 2005).
Desde então, mudanças curriculares nos cursos de graduação da área da
saúde, especialmente no curso de Medicina, são realizadas na busca de uma
adequação às DCN (BRASIL, 2001; BRASIL, 2014).
Frente ao apresentado, foi proposto nesta pesquisa conhecer a percepção do
discente de Medicina sobre a sua formação em oftalmologia na APS.

OBJETIVO
O estudo propôs conhecer a percepção do discente de Medicina sobre a sua
formação no atendimento em oftalmologia na APS.

METODOLOGIA
Foi realizado um estudo de caso do tipo explicativo, com abordagem hipotéticodedutiva

55

Os sujeitos da pesquisa foram os discentes do internato da graduação em
Medicina da FAMED, que corresponde aos 11º e 12º períodos do curso, matriculados
no primeiro semestre de 2016.
Os dados foram coletados por meio do Objective Structured Clinical
Examination (OSCE) e da análise de 2 perguntas abertas realizadas aos discentes.
O OSCE foi gravado por 4 equipes de filmagem simultaneamente, e seus dados foram
representados por meio de tabelas. Já dados qualitativos decorrentes da entrevista,
foram categorizados e submetidos à análise temática.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), por meio do
parecer n° 1.500.710 (Anexo A), e todos os participantes, após aceitação do convite
e orientação sobre sua contribuição na pesquisa, assinaram o TCLE (Apêndice D).

RESULTADOS
Evidenciou-se, diante dos resultados encontrados no OSCE e nas falas dos
discentes, que existem fragilidades no atendimento em oftalmologia voltado para a
APS, tanto no que diz respeito as habilidades de comunicação quanto na prescrição
de medicamentos.
O estudo apontou ainda, à partir da análise dos vídeos gravados no transcorrer
do OSCE e das respostas dos discentes à entrevista, a necessidade de se introduzir
mais atividades práticas na disciplina de oftalmologia.

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
Diante da premente necessidade do estreitamento da relação médico-paciente,
tão vilipendiada nos dias atuais, e da crescente demanda no atendimento à APS, o
presente estudo aponta a necessidade de um direcionamento do discente de medicina
para uma formação médica com uma visão generalista, aqui em especial, em
oftalmologia. Visão esta tão necessária para um atendimento na APS.
O estudo e este relatório técnico recomendam uma aproximação entre o eixo
teórico-prático em oftalmologia, culminando para um aprendizado significativo.
Esta pesquisa buscou gerar reflexões sobre a aplicabilidade das DCNs, do PPC
do Curso de Medicina da UFAL e das diretrizes para o ensino na APS do referido
curso, por meio da percepção do discente, no que se refere à oftalmologia na atenção
primária. Além disso, favoreceu uma mudança na construção do conhecimento, tanto

56

para a autora, preceptora do ambulatório de oftalmologia do HUPPA/UFAL, quanto
para os discentes que frequentam a disciplina de oftalmologia.
A conclusão desta pesquisa demonstrou a importância do processo ensinoaprendizagem na formação discente em caráter geral, humanista, crítico, reflexivo,
ético, condizente com o PPC do curso de medicina e com as Diretrizes Curriculares
Nacionais..

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estudante de medicina. Sci. Médica. V. 22, n.3, p. 162-188, 2012.
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57

LISTAS DE FREQUÊNCIA

Lista 1

58

Lista 2

59

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TACC
O Estudo buscou avaliar se os discentes de medicina da UFAL adquirem,
durante o curso, competências em atender queixas oftalmológicas no âmbito da APS.
Buscou a percepção desses discentes no que diz respeito à existência, durante
o curso de graduação da UFAL, de um preparo médico para uma visão generalista
em oftalmologia, tão necessária para um atendimento na APS.
Evidenciou-se que, embora os discentes de medicina da UFAL encontrem-se
aptos a desempenhar assistência em oftalmologia na APS, existem fragilidades no
que diz respeito as habilidades de comunicação e de prescrição de medicamentos.
Os resultados encontrados nas falas dos sujeitos, em resposta a duas
perguntas abertas feitas pela pesquisadora, corroboraram com a proposta de
introdução de uma aula prática com temas voltados à atenção primária na disciplina
de oftalmologia.
Observou-se que o conhecimento apresentado nos resultados encontrados no
OSCE foi derivado não somente de sua construção durante a disciplina, e que esta
carece de mais momentos junto ao paciente.
Diante destas fragilidades, delinearam-se então os produtos de intervenção
deste trabalho. O primeiro, a introdução de uma aula prática na disciplina de
oftalmologia, realizada no ambulatório de oftalmologia do Hospital Universitário
Professor Alberto Antunes da Universidade Federal de Alagoas-HUPAA/UFAL,
proferida pela pesquisadora a cada semestre, e que foi direcionada a temas referentes
ao atendimento em oftalmologia na APS e o segundo, um relatório técnico
apresentado à disciplina de oftalmologia e ao NDE do Curso de Graduação em
Medicina da UFAL.
Este estudo alcançou os objetivos propostos e possibilitou a reflexão sobre a
formação em oftalmologia dos discentes de Medicina da UFAL, no âmbito da atenção
primária, direcionando seus pontos de fragilidades e permitindo que se apontem
sugestões pertinentes ao seu aprendizado.
No entanto, fazem-se necessárias novas pesquisas com caráter longitudinal,
tendo em vista as mudanças na matriz curricular, com base nas DCN.

60

Esta pesquisa buscou gerar reflexões sobre a aplicabilidade das DCNs, do
PPC do Curso de Medicina da UFAL e das diretrizes para o ensino na APS do referido
curso, por meio da percepção do discente, no que se refere à oftalmologia na atenção
primária. Além disso, favoreceu uma mudança na construção do conhecimento, tanto
para a autora, preceptora do ambulatório de oftalmologia do HUPPA/UFAL, quanto
para os discentes que frequentam a disciplina de oftalmologia.
A conclusão desta pesquisa demonstrou a importância do processo ensinoaprendizagem na formação discente em caráter geral, humanista, crítico, reflexivo,
ético, condizente com o PPC do curso de medicina e suas diretrizes.

61

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65

APÊNDICES
APÊNDICE A - CASOS PROPOSTOS NO OSCE

ESTAÇÃO 1
ARTHUR, 11 ANOS, VEM À CONSULTA COM QUEIXA DE QUE HÁ 1 ANO NÃO
CONSEGUE COPIAR AS TAREFAS ESCOLARES DO QUADRO, APRESENTANDO
DIFICULDADES EM ENXERGÁ-LAS. PARA CONCLUÍ-LAS, PRECISA DE AJUDA
DOS COLEGAS DE SALA.
1. Qual exame inicial?
Realize-o utilizando a tabela de Snellen e o oclusor à sua frente.
2. Qual a hipótese diagnóstica?
___________________________________________________
___________________________________________________

CHECK- LIST 1
HABILIDADE
Cumprimentou o paciente e apresentou-se
Fez anamnese
Aferiu a acuidade visual
Formulou hipótese diagnóstica

Presente

Incompleta

Ausente

66

ESTAÇÃO 2
DONA MARIA, COM 53 ANOS, REFERE DIFICULDADES PARA ENXERGAR DE
LONGE E DE PERTO, COM PIORA HÁ 3 MESES. A ÚLTIMA CONSULTA FOI HÁ 6
MESES, COM PRESCRIÇÃO DE ÓCULOS, QUE NÃO ESTÃO MAIS AJUDANDO.
1. Quais as hipóteses diagnósticas? (Mínimo 3)
A_______________________________________________
B_______________________________________________
C_______________________________________________

A___
CHECK- LIST 2
HABILIDADE
Cumprimentou o paciente e apresentou-se
Colheu HDA e AP adequadamente
Formulou hipóteses diagnósticas com acertos

Presente

Incompleta

Ausente

67

ESTAÇÃO 3
LALI, 23 ANOS, ASSISTENTE DE ESCRITÓRIO, REFERE QUE HÁ 12 HORAS
ACORDOU COM O OLHO DIREITO MUITO VERMELHO, ARDENDO E
LACRIMEJANDO
INTENSAMENTE.
OBSERVOU
DIFICULDADES
NO
FECHAMENTO E PISCAMENTO DO MESMO, E RELATA AINDA QUE SUA BOCA
ESTÁ DESVIANDO PARA O LADO ESQUERDO.
1. Qual o diagnóstico? ____________________________
2. Qual(ais) conduta(s) inicial(ais) a serem tomada(s)?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
CHECK- LIST 3
HABILIDADE
Cumprimentou o paciente e apresentou-se
Formulou hipótese diagnóstica
Orientou o paciente sobre a necessidade de
se ocluir o olho acometido à noite
Prescreveu colírio lubrificante

Presente

Incompleta

Ausente

68

ESTAÇÃO 4
GILDA, 28 ANOS, VENDEDORA. QUEIXA-SE DE OLHOS AVERMELHADOS,
INCHADOS E COM SECREÇÃO AMARELADA ABUNDANTE HÁ DOIS DIAS.
DESDE ENTÃO, HIGIENIZA OS OLHOS COM SORO FISIOLÓGICO E FALTOU AO
TRABALHO.
1. Qual a hipótese diagnóstica?
______________________________________________________________
2. Conduta com prescrição
______________________________________________________________
______________________________________________________________

CHECK- LIST 4
HABILIDADE
Cumprimentou o paciente e apresentou-se
Formulou hipótese diagnóstica
Manteve higiene ocular com soro fisiológico
Prescreveu colírio antibiótico
Forneceu atestado médico

Presente

Incompleta

Ausente

69

APÊNDICE B- PERGUNTAS ABERTAS AO DISCENTE DE MEDICINA

1. Você sente-se apto pra atender pacientes com queixas oftalmológicas no âmbito
da Assistência Primária à Saúde (APS)?
2. Você acredita que o curso de graduação em medicina da UFAL e, mais
especificamente, a disciplina de oftalmologia, prepara o médico para uma visão
generalista âmbito da saúde ocular na APS?

70

APÊNDICE C- IMAGEM MOSTRADA AO DISCENTE PARA A CONCLUSÃO DO
DIAGNÓSTICO NA ESTAÇÃO 4

71

APÊNDICE D - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Eu____________________________________________________________
convidado a participar voluntariamente da pesquisa intitulada “FORMAÇÃO DO
MÉDICO: A SAÚDE OCULAR NA ATENÇÃO PRIMÁRIA” que será realizada na
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (FAMED-UFAL), estou
ciente de que esta pesquisa será conduzida por Carmem Lúcia Carneiro Leão De
Biase, médica e aluna do mestrado profissional em ensino na saúde (MPES), sob a
orientação da Prof. Dra. Maria Antonieta Albuquerque de Oliveira e co-orientação da
Prof. Dra. Maria Viviane Lisboa de Vasconcelos, integrantes do Núcleo de Educação
Médica da FAMED-UFAL.
As informações me fizeram entender, sem dificuldades e sem dúvidas, os
seguintes aspectos: este estudo se destina a avaliar o desempenho dos discentes do
internato do curso de medicina sobre seu aprendizado em saúde ocular, e se este
aprendizado é voltado para a APS (Atenção Primária à Saúde). A importância desse
estudo se dá pelo fato de que a APS pode resolver aproximadamente 80% das
queixas de uma população, gerando, este estudo, benefícios diretos ao estudante de
medicina, uma vez que investiga se, ao longo do curso de medicina da FAMED/UFAL,
os discentes têm a sua formação em saúde ocular voltada para a APS, e de uma
forma indireta, benefícios à sociedade, pois visa a uma melhoria do atendimento
médico em saúde ocular na APS.
A minha participação é totalmente voluntária, e

se houver algum

constrangimento de minha parte, seja por inibição em frente aos monitores ao
participar das estações, seja por medo de quebra de sigilo, ou mesmo pelo tempo que
terei que dispender para a realização do OSCE (Exame Clínico Estruturado por
Estações), poderei interrompê-la a qualquer momento, e não terei nenhuma
penalidade ou perda de benefícios. Nos critérios de inclusão, estão os discentes que
estejam cursando o internato do curso médico da UFAL e entre os critérios de
exclusão estão os discentes dos demais períodos do curso de medicina. Esta
pesquisa terá início planejado para começar em abril de 2016 e terminar em julho de
2016. Participarei do estudo da seguinte maneira: Serão construídas na FAMED/UFAL
quatro estações simuladas, através do OSCE (exame clínico estruturado por
estações), com abordagem de temas relacionados ao atendimento em saúde ocular

72

na atenção primária. A pesquisadora do estudo me informou os objetivos da pesquisa
e que, caso aceite participar, ficarei com uma das duas vias que me foram entregues
para serem assinadas. A segunda via será devolvida à pesquisadora para ser
arquivada na coordenação do MPES - FAMED - UFAL, com padrões profissionais de
sigilo, que se responsabiliza para que não haja quebra dele.
A minha participação no estudo não acarretará custos e não estará disponível
nenhuma compensação financeira adicional, porém se houver algum dano decorrente
desta pesquisa, serei indenizado. Tendo compreendido o que me foi informado e
consciente dos meus direitos, das minhas responsabilidades, dos riscos e dos
benefícios que terei com a minha participação, concordo em participar da pesquisa
mediante a minha assinatura deste Termo de Consentimento.

Ciente, ______________________________________________________ dou o
meu consentimento sem que para isso eu tenha sido forçado ou obrigado.
Endereço do(a) participante voluntário(a):
Residência:(rua) ..............................................................................

Bloco: .........

Nº:............., complemento: .........................................................................Bairro: ….
Cidade:..............................

CEP:....................Telefone:................... Ponto de

referência: ...................................................................................................................
Pesquisadora: Carmem Lúcia Carneiro Leão De Biase
Endereço: Rua Hélio Pradines, 66 apt 1001; Bairro Ponta Verde; CEP: 57035-220, Maceió/Al. Contato
(82) 99331-1277
Instituição: Universidade Federal de Alagoas, Campus AC Simões, Cidade Universitária.

ATENÇÃO: Para informar ocorrências irregulares ou danosas durante a sua participação no estudo,
dirija-se ao: Comitê de Ética eAm Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas. Prédio da Reitoria,
1º Andar, Campus A. C. Simões, Cidade Universitária. Fone: 3214-1041.

Maceió, 13 de abril de 2016.

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Assinatura ou impressão datiloscópica do(a)
voluntário(a) ou responsável legal e rubricar
as demais folhas

Carmem Lúcia Carneiro Leão De Biase
Pesquisadora/Mestranda

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APÊNDICE E - TABELA DE CATEGORIZAÇÃO DO TEXTO DAS ENTREVISTAS

Categoria

Unidade de Registro

D1: “em relação às queixas específicas talvez tivesse um pouco mais de dificuldade...”
D2: Não. A formação acadêmica não nos prepara para essa situação, o que aprendemos durante o
ASSISTÊNCIA AS QUEIXAS curso é fruto do nosso interesse e da vivência na prática do atendimento nos estágios da atenção
OFTALMOLÓGICAS
NA primária.
APS
D3: “Acredito que estou apto a atender a maioria das queixas mais comuns em oftalmologia, porém
o preparo dado pela universidade é muito precário e precisei ir atrás do conhecimento na área por
outras vias...”
D10: “... Em queixas mais complexas, geralmente me faltam opções de diagnostico ou tratamento,
por falta de conhecimento... “
D4: “Sim. Pois são casos de baixa complexidade. Em caso de dúvida, encaminharia ao
especialista”.
D5: “Além disto, não sinto segurança na própria realização do exame básico para definir algumas
doenças. ….”traz uma certa insegurança ao receber um paciente com queixas oftalmológicas.
D6: “ não tenho muita segurança.”
D9: “Não me sinto apto, pois acredito que algumas situações mais fáceis até conseguiria resolver a
situação com consulta de livros e apostilas, mas em alguns outros casos mais complexos não me
sinto capacitado a resolver a situação sozinha...”
D10: “Geralmente não. Não vemos muito sobre as doenças oftalmologicas durante nossa
formação...”
D1: “..... não tivemos muita noção de pratica durante as aulas teóricas e praticamente não tivemos
AUSÊNCIA DE AULAS
aula pratica”... “até mesmo nos outros estágios como PSF ou na emergência do HGE não tive,
PRÁTICAS NA DISCIPLINA particularmente, contato com muitos pacientes que viessem com queixas oftalmológicas seja por
OFTALMOLOGIA
causa aguda ou crônica...”.
D1: “... e não tivemos pratica sobre retirada de corpo estranho ou lesões próximas a região ocular”.
D2: “... vivência na prática do atendimento nos estágios da atenção primária”.

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D3: “....Um dos grandes problemas na minha formação foi a escassez de práticas seja em
ambulatório ou em outros locais de desenvolvimento desse tipo de atividade durante a graduação”.

ENCAMINHAMENTO PARA
ESPECIALISTA

A DISCIPLINA DE
OFTALMOLOGIA NA
FORMAÇÃO DO DISCENTE
DE MEDICINA PARA APS

D4: “....em caso de dúvida, encaminharia ao especialista”.
D4: “Desta forma, sem conseguir clareza na formulação concreta do diagnóstico, tendo em mente a
importância da saúde ocular na qualidade de vida do indivíduo, acabo optando pelo encaminhamento
ao especialista”.
D10: “Em queixas mais complexas, geralmente me faltam opções de diagnostico ou tratamento, por
falta de conhecimento, e dessa forma, certamente encaminho mais que o necessário.... “
D1: “As aulas teóricas são extremamente objetivas sobre os assuntos mais corriqueiros da pratica
médica oftalmológica e não tivemos praticamente nenhuma aula pratica durante o período que
passamos pela matéria.”
D2: Infelizmente, a disciplina de oftalmologia na minha experiência, foi uma disciplina subestimada.
Algumas patologias foram abordadas mais para que compreendêssemos a doença ficando claro que
tratamento deveria ser feito com o próprio oftalmologista
D4: “... Na minha época, vimos assuntos que possivelmente aparecem na atenção básica.
D5: A oftalmologia do curso da UFAL, em parte pela curta carga horária que possui e em parte pelo
mau aproveitamento do tempo, deixa a desejar no aspecto da preparação do aluno para a
identificação e condução das patologias oculares.
D5: “...mas temos grande importância na busca por repercussões oculares de doenças sistêmicas,
possibilitando diagnósticos precoces, no acompanhamento e reforço da importância do tratamento e
no reconhecimento das falhas e complicações, porém não somos formados”…
D6: “A nossa disciplina de oftalmologia é muito fraca. As aulas são curtas e superficiais e só tivemos
uma prática no semestre…”
D7: “A disciplina de oftalmologia é muito compacta, não tivemos vivência em ambulatório, nem foram
abordados todos os temas necessários”.
D8: “Não, o espaço pequeno para a oftalmologia impedia o maior desenvolvimento das praticas em
atendimento”

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FORMAÇÃO PARA SAÚDE
OCULAR COM FOCO APS
ADQUIRIDA POR OUTRAS
FORMAS E/OU MOMENTOS
DO CURSO

D9: Não temos uma quantidade suficiente de aulas teóricas e não temos uma aula sequer de
atividades práticas.
D10: “ Nossa carga teórica é pouca e mal aproveitada. A parte prática inexiste.
D2: “... que aprendemos durante o curso é fruto do nosso interesse e da vivência na prática do
atendimento nos estágios da atenção primária”.
D1: O único estágio que "aprendemos" um pouco mais do exame oftalmológico foi na neurologia que
tivemos que produzir um vídeo com exame físico da neuro e dentre os exames tinha avaliação de
fundo de olho, exames na paralisia facial, paralisia de nervo oftálmico entre outros.
D10: “... o que acontece é que acabamos praticando de fato já durante nossa vida profissional, o que
não nos dá nenhuma experiência ou embasamento”
D9: “... conseguiria resolver a situação com consulta de livros e apostilas... “
D3: “...e precisei ir atrás do conhecimento na área por outras vias, como materiais de cursinhos
preparatórios para a residência.”

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ANEXOS
ANEXO A - Termo de Autorização da pesquisa – UFAL

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ANEXO B - Declaração de Infraestrutura e Instalações para Desenvolvimento
da Pesquisa e suas consequências

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ANEXO C

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ANEXO D – Termo de Autorização da pesquisa – Ufal

82

ANEXO E – ATA DA REUNIÃO DO NDE/FAMED – Ufal

83

ANEXO F – DECLARAÇÃO DA COODENADORA DO NDE

84

ANEXO G – DECLARAÇÃO DO COODENADOR DA DISCIPLINA

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ANEXO H– COMPROVANTE DE SUBMISSÃO DO ARTIGO

Mensagem encaminhada ---------De: RBPG <rbpg@capes.gov.br>
Data: 11 de julho de 2017 17:24
Assunto: [RBPG] Agradecimento pela submissão
Para: sra carmem lucia biase <carmem.biase@gmail.com>

sra carmem lucia biase,
Acusamos o recebimento do artigo "ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E
OFTALMOLOGIA: PERCEPÇÃO DISCENTE SOBRE A AQUISIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
NA
FORMAÇÃO MÉDICA", submetido à Revista Brasileira de Pós-Graduação com
vistas à publicação. A matéria será apreciada quanto a sua
adequabilidade às normas e à política editorial da RBPG.
Acompanhe o progresso da sua submissão pelo número de registro recebido,
através do endereço:
URL da submissão:
http://ojs.rbpg.capes.gov.br/index.php/rbpg/author/submission/1449
Login: milu1969
Em caso de dúvidas, entre em contato via e-mail: rbpg@capes.gov.br.