7- Helga Maria Teixeira Cassiano - O EXERCÍCIO DA PRECEPTORIA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA SEGUNDO OS PRECEPTORES DE UM CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA

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HELGA MARIA TEIXEIRA DE OLIVEIRA - O EXERCÍCIO DA PRECEPTORIA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA SEGUNDO OS PRECEPTORES DE UM CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA.pdf
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                    UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA
CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA
SAÚDE

HELGA MARIA TEIXEIRA CASSIANO

O EXERCÍCIO DA PRECEPTORIA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
SEGUNDO OS PRECEPTORES DE UM CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA

MACEIÓ
2017

HELGA MARIA TEIXEIRA CASSIANO

O EXERCÍCIO DA PRECEPTORIA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
SEGUNDO OS PRECEPTORES DE UM CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA

Trabalho Acadêmico de Mestrado apresentado ao Programa
de Pós-Graduação em Ensino na Saúde da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal de Alagoas, como
requisito parcial para obtenção do título de Mestra em
Ensino na Saúde.
Orientador: Prof. Dr. Francisco José Passos Soares

MACEIÓ
2017

Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central
Bibliotecária Responsável: Helena Cristina Pimentel do Vale
C3445e

Cassiano, Helga Maria Teixeira.
O exercício da preceptoria na estratégia saúde da família segundo os preceptores
de um curso de graduação em medicina / Helga Maria Teixeira Cassiano. – 2017.
150 f. : il.
Orientador: Francisco José Passos Soares.
Trabalho Acadêmico (mestrado Profissional em Ensino na Saúde) – Universidade
Federal de Alagoas. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ensino
na Saúde, Maceió, 2017.
Inclui bibliografia, apêndices e anexos.
1. Educação em saúde. 2. Educação de graduação em medicina – Preceptoria.
3. Serviço em saúde. 4. Atenção primária à saúde. I. Título.

CDU: 616:378.147

Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Medicina – FAMED-UFAL
Programa de Pós-graduação em Ensino na Saúde

FAMED-UFAL - Av. Lourival Melo Mota, s/n
Campus A.C. Simões BR 104 – Norte. Km 97,
Tabuleiro do Martins - Maceió -AL
CEP 57072-970. Email: mpesUFAL@gmail.com

Defesa do Trabalho Acadêmico de Mestrado da aluna Helga Maria Teixeira Cassiano,
intitulado “O Exercício da Preceptoria na Estratégia Saúde da Família segundo os
Preceptores de um Curso de Graduação em Medicina”, orientado pelo Prof. Dr. Francisco
José Passos Soares, apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde, da
Universidade Federal de Alagoas, na Área de Concentração: Integração ensino, serviço de
saúde e comunidade, aprovada em 27 de Abril de 2017.
Os membros da Banca Examinadora consideram a candidata __________________

Banca Examinadora

Prof. Dr. Francisco José Passos Soares – UFAL (Orientador)

Prof. ª Dr.ª Divanise Suruagy Correia – UFAL (Examinadora Interna)

Prof. ª Dr.ª Almira Alves dos Santos – UNCISAL (Examinadora Externa)

Dedico este trabalho acadêmico aos meus filhos, Gabriela,
Filipe e Arthur, na perspectiva de deixar para eles como
legado a ideia de que é a partir de pautar a formação na
observância do conhecimento e do saber que podemos
construir uma sociedade mais crítica, reflexiva, capaz de
se conduzir ao caminho da cidadania e da autonomia do
ser.

AGRADECIMENTOS

A Deus e a todos os meus guias espirituais, que sempre estão presente em minha vida,
não me deixando esmorecer nem perder a fé, conduzindo-me ao caminho da tomada de
consciência, entrega do amor e da evolução espiritual.
Aos meus amados pais, que não mediram esforços em investir no meu processo de
formação moral, intelectual, ética, religiosa e de cidadania, sobretudo apontando para uma
vivência pautada na lisura e decência como sendo o maior dos méritos da existência humana a
se seguir.
Aos meus amados filhos, incentivadores maiores da minha contínua busca pelo
conhecimento, responsáveis pela minha perseguição ao saber, pois tenho na maternidade uma
das maiores oportunidades de vivenciar a resiliência e o amor incondicional, sendo assim
necessária a observância da prudência de pautar os atos na honradez, de ser antes de tudo um
exemplo a seguir e não uma mácula a envergonhar.
Ao meu querido Anselmo, que sempre esteve ao meu lado me encorajando,
incentivando, que nos momentos de descrédito sempre me apoiava e reativava. Dizia: “você é
capaz”; quando o desânimo batia, dizia: “falta pouco”. Finalmente reconheço que sua
contribuição com a digitação noite adentro, se privando do seu merecido descanso,
aguentando meu estresse, fizeram a diferença.
Ao meu grande orientador, Dr. Francisco José Passos Soares, sempre firme e conciso
em suas recomendações, atento aos meus apelos, sem jamais ceder aos meus devaneios
intelectuais próprios da incipiente capacidade acadêmica, que me instigou a crer na ideia de
que há sempre mais a se conhecer, sendo assim necessário se debruçar sobre as mais
confiáveis fontes do saber. Impossível não o admirar.
À minha querida professora, Dr.ª Cristina Camelo de Azevedo, pelo carinho de dispor
a mim seus conhecimentos e fontes acadêmicas que contribuíram para elevar minha
compreensão sobre o tema em estudo.
Ao nobre Professor Dr. Jorge Arthur Peçanha de Miranda Coelho, que, com sua
honrosa contribuição e seus préstimos, colocou-nos à disposição um instrumento de validação
e reconhecimento internacional, além de sua imensurável disponibilidade em me atender e
ouvir sempre que o requisitei.
Ao Programa de Mestrado Profissional Ensino na Saúde e aos professores, que
tornaram possível a realização deste sonho que há muito quis realizar, especialmente aos

professores, que de maneira singular e especial, contribuíram com minha formação, sobretudo
ampliando minha visão acadêmica e elevando minha compreensão de mundo.
Aos meus queridos colegas de mestrado, que, ao longo desses anos, comigo dividiram
saberes e preocupações. Pautamos nossa convivência em um pacto de amorosidade,
cumplicidade, solidariedade e compromisso ético. Foi um enorme aprendizado e satisfação têlos como companheiros dessa jornada.
Aos meus colegas e amigos profissionais da rede de atenção básica, os preceptores.
Sem vocês não teria sido possível acontecer a pesquisa. Sou honrada pela confiança
depositada em mim através das suas falas, as mais íntimas das suas preocupações, anseios,
ideias, concepções, desabafos de suas trajetórias profissionais. Tamanha foi a credibilidade e
o nível de compromisso que vocês tiveram, não se eximindo de participar, dedicando seu
tempo de almoço e descanso a se debruçar sobre as questões que a pesquisa apontava, sem
jamais olharem para o relógio. Muito obrigada, vocês contribuíram enormemente em
minimizar as inquietações e indagações sobre o exercício da preceptoria.
E a todos que diretamente ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento
desta pesquisa: minha gratidão!

“A moralidade de um desejo existe quando conseguimos
prover os meios, organizar a possibilidade e ter suficiência
de instrumentos e recursos para que algo aconteça”.
Sérgio Cortella

RESUMO GERAL
O estudo “O Exercício da Preceptoria na ESF Segundo os Preceptores do Curso de Graduação
em Medicina da UFAL” oportunizou evidenciar como os preceptores compreendem a
vivência atual ou pregressa do processo ensino-aprendizagem, no exercício da preceptoria, a
partir das mudanças advindas na política governamental de formar os profissionais de saúde
com foco nos princípios do SUS. Após dez anos da reforma curricular do curso médico da
UFAL, e observando-se a baixa adesão dos profissionais à preceptoria, foi sentida a
necessidade de compreender as motivações para a adesão, permanência e evasão ao exercício
da preceptoria, com a finalidade de contribuir para a efetivação da Integração ensino-serviço
(IES). Decidiu-se pela escuta do preceptor sobre a formação médica, estágios,
responsabilidades e papéis da universidade e do serviço frente ao ensino, bem como da
vivência no papel de preceptor. Foram entrevistados dezessete médicos que atuam ou atuaram
como preceptores nas UBSF do município de Maceió. As falas foram analisadas por meio do
software IRAMUTEQ. A pesquisa revelou como fator dificultador principal para a adesão e
permanência dos preceptores a fragilidade na gestão da integração ensino-serviço, além dos
desafios impostos à academia e ao serviço: a interferência do modelo hegemônico liberal do
trabalho em saúde na gestão da IES, na prática da preceptoria e na compreensão do preceptor
sobre o perfil do médico; a necessidade da revisão de compromissos e responsabilidades
frente à formação médica pelos sujeitos envolvidos; a precariedade dos serviços; a
inexistência de uma política de formação pedagógica e de incentivos institucionais e
financeiros, sobretudo em apoiar a preceptoria. Os preceptores revelam a necessidade de
reconhecimento da função de preceptor pela academia e pelo serviço, dimensionando os
estágios nas UBSF como importantes para a formação médica. O trabalho despontou com a
perspectiva de se ter como produtos de intervenção: 1) indicação de uma resolução nas
instâncias deliberativas da CIR e CIES, que garantam o direito à voz e ao voto do preceptor;
2) sugestão de incluir no site da FAMED-UFAL/UFAL, uma janela nominada de espaço do
preceptor, a fim de assegurar reconhecimento profissional e viabilidade à comunicação com o
preceptor; 3) edição de um livro com os textos específicos à prática da preceptoria em saúde,
desenvolvidos no mestrado em ensino na saúde/FAMED-UFAL/UFAL.
Palavras-chave:

Preceptoria.

Atenção

Primária

em

Saúde.

Educação.

GENERAL ABSTRACT
The study – The exercise of preceptorship in the ESF per the preceptors of the Medicine
major’s undergraduates of UFAL – allowed us to evidence how the preceptors understand the
current or previous experience in the teaching-learning process, in the preceptorship exercise,
from the changes of the governmental politics about educating health professionals with the
final focus on SUS. After ten years of curricular reform in the medicine major of UFAL, and
observing the low accession of the professionals to the preceptorship, it arose the necessity of
understanding the motivations for the accession, permanence and evasion to the exercise of
the preceptorship focusing on contributing to the effective integration of teaching-service. It
was decided to listen to the preceptor about the medical training, internships, responsibilities
and the roles of the university and the service about the teaching and the experience of the
preceptor’s role. It was interviewed seventeen doctors that operate or operated as preceptors
in the UBSF of Maceió municipality. The speaks were analyzed by the software Interface de
R pour les Analyses Multidimensionnelles de textes et de questionnaires (IRAMUTEQ). The
research showed, as the major difficulty factor for the accession and permanence of
preceptors, the fragility in the integration of teaching-service management, and the challenges
imposed to the academy and the service: the interference of the hegemonic liberal model of
health work in the management of the teaching-service integration, in the practice of the
preceptorship and in the preceptor’s understanding about the medical profile; the necessity of
a review of compromises and responsibilities towards the medical training by the entities
involved; the services’ precarity; the inexistence of a politics of pedagogic formation and the
financial institutional services, especially in supporting the preceptorship. The preceptors
show the necessity of the acknowledgement of the preceptors function by the academy and by
the service, dimensioning the internships in the UBSF as important to the medical training.
The work arises with the perspective of having as intervention products: 1 – the indication of
a resolution In the deliberative instances of CIR and CIES, that guarantees the preceptor’s
right to speak and to vote; 2 – the suggestion of including in the FAMED-UFAL website, a
tab nominated the preceptor’s space, aiming to secure the professional acknowledgement, and
viability to communication with the preceptor; 3 – the edition of a book with specific texts to
the practice of preceptorship in health, developed in the master’s degree of health teaching.
Keywords:

Preceptorship.

Basic

Attention

in

Health.

Education.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AFC

Análise Fatorial de Correspondência

APS

Atenção Primária à Saúde

CAPES

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CF

Constituição Federal

CHD

Classificação Hierárquica Descendente

CIES

Comissão Permanente de Integração Ensino-Serviço

CIR

Comissão Intergestora Regional

COAPES

Contrato Organizativo de Ação Pública de Ensino-Saúde

CORA

Complexo Regulador de Assistência de Maceió

CRG

Colegiado de Gestão Regional

DCN

Diretriz Curricular Nacional

EDUFAL

Editora da Universidade Federal de Alagoas

ESF

Estratégia Saúde da Família

FAMED

Faculdade de Medicina

IES

Integração Ensino-Serviço

IRAMUTEC

Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes
Et Questionnaires

MEC

Ministério da Educação

MPES

Mestrado Profissional em Ensino na Saúde

MS

Ministério da Saúde

PET-SAÚDE

Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde

PPP

Projeto Político Pedagógico

PRÓ-SAÚDE

Programa de Reorientação da Formação Em Saúde

RST

Reagrupamento de Segmentos de Textos

SMS

Secretaria Municipal de Saúde

ST

Segmento de Texto

SUS

Sistema Único de Saúde

TACC

Trabalho de Conclusão de Curso

UBS

Unidade Básica de Saúde

UBSF

Unidade Básica de Saúde da Família

UFAL

Universidade Federal de Alagoas

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Segmentos de textos mais características da Classe 1 .............................................. 21
Figura 2- Segmentos de textos mais características da Classe 2 .............................................. 21
Figura 3- Segmentos de textos mais características da Classe 3 .............................................. 23
Figura 4- Dendograma com partições em Classes lexicais ...................................................... 24
Figura

5-Plotagem das classes e palavras definidoras, conforme esquema
de cores anteriormente definido.. ............................................................................... 25

Figura 6- Nuvem de palavras mais recorrentes nas entrevistas com os preceptores ................ 62
Figura 7- Análise de similitude entre as classes ....................................................................... 62
Figura 8- Nuvem de palavras-chave na análise das classes...................................................... 63
Figura 9-Parametragem de palavras ativas (1), suplementares (2) e eliminadas
da análise (0) .............................................................................................................. 63

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 14
2 ARTIGO - A Prática da Preceptoria Médica nas Unidades Básicas de Saúde da
Família do Município de Maceió. ..................................................................................... 15
2.1 Resumo .............................................................................................................................. 15
2.2 Abstract ............................................................................................................................. 15
2.3 Introdução ......................................................................................................................... 16
2.4 Método ............................................................................................................................... 19
2.5 Resultados e discussões .................................................................................................... 25
2.5.1 Classe 1: Desafios à Integração da Gestão Ensino-Serviço ............................................ 25
2.5.2 Classe 2: A Precariedade do Trabalho ............................................................................. 30
2.5.3 Classe 3: A Valorização da Atenção Básica como Cenário de Ensino-Aprendizagem... 35
2.6 Considerações finais ......................................................................................................... 37
2.7 Referências ........................................................................................................................ 39
3 PRODUTO DE INTERVENÇÃO – Indicação de resolução ao colegiado de gestão
regional, na perspectiva de garantir assentamento ao preceptor nas instâncias da
CIES............ ........................................................................................................................ 43
3.1 Apresentação ..................................................................................................................... 43
3.2 Justificativa ....................................................................................................................... 44
3.3 Objetivos ............................................................................................................................ 44
3.4 Meta.. ................................................................................................................................. 45
3.5 Etapas de execução ........................................................................................................... 45
3.6 Cronograma ...................................................................................................................... 45
3.7 Resultados esperados........................................................................................................ 45
3.8 Considerações finais ......................................................................................................... 46
3.9 Referências ........................................................................................................................ 46
4 PRODUTO DE INTERVENÇÃO – Desenvolvimento de espaço virtual no site da
FAMED-UFAL-UFAL na perspectiva de garantir e assegurar ao preceptor
visibilidade no processo ensino-aprendizagem junto à academia. ................................ 47
4.1 Apresentação ..................................................................................................................... 47
4.2 Justificativa ....................................................................................................................... 48
4.3 Objetivos ............................................................................................................................ 49
4.4 Meta ..................................................................................................................................49
4.5 Etapas de execução ........................................................................................................... 49

4.6 Cronograma ...................................................................................................................... 50
4.7 Resultados esperados........................................................................................................ 50
4.8 Considerações finais ......................................................................................................... 50
4.9 Referências ........................................................................................................................ 51
5 PRODUTO DE INTERVENÇÃO – Edição de livro: Ensino em Saúde na
Comunidade: A Gestão da Integração Ensino-serviço e o Exercício da Preceptoria. . 52
5.1 Apresentação ..................................................................................................................... 52
5.2 Justificativa ....................................................................................................................... 53
5.3 Objetivos ............................................................................................................................ 53
5.4 Meta.................. ................................................................................................................. 54
5.5 Etapas de execução ........................................................................................................... 54
5.6 Cronograma ...................................................................................................................... 54
5.7 Resultados esperados........................................................................................................ 54
5.8 Considerações finais ......................................................................................................... 54
5.9 Referências ........................................................................................................................ 55
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TRABALHO ACADÊMICO.....................................57
REFERÊNCIAS GERAIS ..................................................................................................58
APÊNDICE A – Imagens complementares. .......................................................................... 62
APÊNDICE B – Perfis léxicos ............................................................................................... 64
APÊNDICE C – Corpus proveniente das entrevistas ............................................................ 65
APÊNDICE D- Of. Nº 02/2017 – FAMED/UFAL .............................................................. 143
APÊNDICE E - Of. Nº 03/2017 – FAMED/UFAL ............................................................. 144
APÊNDICE F - Memorando Nº 09/2017 – MPES/FAMED/UFAL.................................... 145
APÊNDICE G - Solicitação de reunião com o supervisor de estágios curriculares da
FAMED-UFAL para socializar a pesquisa, seus resultados e o produto de intervenção. ... 147
APÊNDICE H - Solicitação de autorização para ponto de pauta em reunião do colegiado do
mpes, a fim de socializar a propositura de edição de um livro com as teses de mestrado que
versam sobre preceptoria ...................................................................................................... 148
ANEXO A – Carta de aprovação .......................................................................................... 149
ANEXO B- Resolução CIR/2017. ......................................................................................... 153
ANEXO C- Comprovante de submissão à revista científica.................................................154

14

1 APRESENTAÇÃO
Este trabalho é reflexo de inquietações e indagações pessoais em conhecer a fala do
preceptor sobre sua vivência na preceptoria, comprometida na relação de ensinoaprendizagem, com os discentes do curso de Medicina da UFAL nas Unidades Básicas de
Saúde que servem como cenário de práticas.
A partir do meu encontro com a academia - durante o processo de implementação do
Pró-saúde da Medicina, quando coordenadora da ESF de Maceió, em que nos foi solicitado
unir esforços na mobilização e sensibilização dos profissionais de saúde da SMS de Maceió a
participar e aceitar a função de preceptores - ficou evidente qual seria a maior dificuldade para
o exercício da preceptoria: o reconhecimento da insuficiência das habilidades inerentes ao
processo ensino-aprendizagem por parte dos profissionais de saúde.
A construção de novos saberes e práticas relacionadas à vivência da preceptoria
favorece a formação dos novos egressos da Medicina? A academia considera essa nova
experiência do processo ensino-aprendizagem válida? Há ressonância na fala do preceptor
como colaborador e partícipe na formação médica?
São todas essas questões que ecoam e impõem a necessidade de conhecer a fala do
preceptor que, de um momento para outro, vê-se na responsabilidade de fazer parte ativa do
processo de formação dos alunos de Medicina.
Este trabalho teve como objetivo geral conhecer a percepção dos preceptores médicos
sobre a vivência da preceptoria nas UBSF, reconhecendo as determinações à adesão ao
exercício da preceptoria, sua permanência nele, e à desistência do exercício da preceptoria.
O estudo pode ser caracterizado como descritivo de natureza qualitativa. A análise dos
dados foi obtida a partir dos segmentos de textos, oriundos das entrevistas com os
preceptores, por meio do software IRAMUTEC.
Constatou-se a necessidade da propositura de produtos de intervenção que dessem
respaldo à preceptoria nos âmbitos administrativo, político e de construção científica, no
intuito de dar visibilidade ao preceptor e ao contexto no qual ele está inserido.
O Trabalho de Conclusão de Curso teve como formatação um artigo intitulado “A
Prática da Preceptoria Médica nas Unidades Básicas de Saúde da Família do Município de
Maceió”, que será submetido à apreciação de revista científica.

15

2 ARTIGO - A Prática da Preceptoria Médica nas Unidades Básicas de Saúde da
Família do Município de Maceió

2.1 Resumo
A partir da constituição do SUS como ordenador dos recursos humanos da saúde, pela Lei
8080/90, passa a rede de atenção básica a se constituir espaço de ensino-aprendizagem, como
nova realidade que movimentará o processo de integração ensino-serviço. Essa perspectiva
requer a necessidade de políticas que validem, balizem e dimensionem os papéis e as
responsabilidades que devem ser compartilhadas nesse novo processo de gestão da formação
dos profissionais de saúde. Este estudo teve como objetivo conhecer a fala dos preceptores da
rede de atenção básica sobre o exercício da preceptoria nas UBSF de Maceió, vinculadas a um
curso público de graduação em Medicina. Trata-se de uma pesquisa de caráter transversal,
com abordagem qualitativa. Participaram da pesquisa 17 médicos da rede de atenção básica
da SMS de Maceió, que atuam ou atuaram como preceptores. No processo de coleta de dados,
utilizou-se a entrevista semiestruturada. Para análise dos dados, utilizou-se o software
IRAMUTEQ. Os resultados apontam para os desafios que permeiam a baixa efetividade da
IES, diante da fragilidade da relação entre a academia e o serviço: falhas na comunicação,
ambiguidade dos papéis e das responsabilidades dos entes envolvidos, incapacidade de
acordar e garantir aspectos que impulsionem a preceptoria (tais como o incentivo financeiro
pelo exercício da preceptoria, o desenvolvimento pedagógico, a reorganização do fluxograma
da rede de atenção básica, as práticas de planejamento e de vivências multi e
interprofissionais, a reestruturação física das UBSF que se encontram em estágio precário). A
dupla condição de profissional de saúde e preceptor prejudica a primeira condição devido a
exigências mantidas com a produtividade, e ao não reconhecimento, por parte do serviço, das
atividades de preceptoria como parte da produção e de carga horária cumprida. Como ponto
positivo, é apontado o reconhecimento da importância do papel do preceptor e do estágio na
atenção básica para a formação médica.
Palavras-chave: Preceptoria. Atenção Primária em Saúde. Educação.

2.2 Abstract

Since the start of the SUS as an organizer of health human resources, by the law 8080/90, the
network of basic care became a learning ground, as the new reality that will engage the
service-teaching integration process. This perspective requires policies that validate, shift and
dimension the roles and the responsibilities that must be shared in this new process of
formation of health professionals. This studies’ objective is to get to know the views of the
preceptors of the basic care network about the exercise of the function in the UBSF of Maceió
that are connected to the public Medicine courses. It´s qualified as a transverse research with
a quantitative analysis. In total 17 doctors of the network participated in the research of the
basic care network in the SMS of Maceió, which act or used to act in the preceptor role. In the
data collection process, it was used a semi-structured interview. To analyze this data, it was
used the IRAMUTEQ software. The results point to the challenges that comply to the low
effectiveness of the IES, in front of the fragility of the relation between academia and civil

16

society: Communication problems, protocol ambiguity e the responsibilities of the
organizations involved, inability to agree and guarantee the aspects that thrust the preceptory
(such as financial incentives, pedagogic development, reorganizing the basic care flux,
planning of the practices of multi and interprofessionals relations, the decoupling of the
hegemonic model influences and the physical restructuration of the UBSF, which are in
precarious state). The assignment of two functions, health professional and preceptor, to the
individual can harm the ability to develop the former, due to the demands in productivity that
neglect the exercise and the preceptory functions. The upside is the recognition of the
importance of the role of the preceptor and the internship in the formation of medic personnel
for the basic care system.
Keywords: Preceptorship. Basic Attention in Health. Education.
2.3 Introdução
O Sistema Único de Saúde (SUS) consolidou-se com a Constituição Federal (CF) de
1988 e foi regulamentado pela Lei 8080/90. Em 2011, o Decreto 7.508 veio dispor sobre a
organização relativa às ações de planejamento e de assistência à saúde, com articulação
interfederativa. Assim, desponta o setor saúde como corresponsável pela formação de
profissionais de saúde, em parceria com o setor educação (BRASIL, 1988; BRASIL, 1990;
BRASIL, 2011).
O Art. 27 da Lei 8080/90 prevê que os serviços públicos integrantes do SUS sejam
espaços de vivência prática e de pesquisa, pondo em movimento uma dinâmica de Integração
Ensino-Serviço (IES) para articular as responsabilidades da academia e do SUS com vistas à
formação orientada pelos princípios da Estratégia em Saúde da Família (ESF). Esse modelo
de formação emergiu para mudar estruturas rígidas e práticas pautadas no corporativismo,
advindas do processo histórico influenciado pelo modelo flexneriano, incorporadas no Brasil
a partir da década de 1950. Para tanto, tem exigido um processo de mobilização
interinstitucional para discussões e decisões aos nós críticos que entravam a formação em
saúde pautada em novos paradigmas (BRASIL, 1990; LAMPERT, 2002).
Visando promover a IES, o governo federal implementou políticas de formação de
recursos humanos em saúde, capazes de explorar práticas inovadoras, tendo como cenário o
SUS. Esforços de cunho macropolítico foram determinantes para as mudanças; assim, em
2001, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DNC) foram aprovadas pelo Conselho Nacional
de Educação (CNE), propondo uma nova realidade acadêmica aos cursos de graduação em
saúde. Em seguida, políticas estratégicas vêm instrumentalizar as mudanças na formação com
o Programa de Reorientação Profissional da Formação em Saúde (Pró-saúde) em 2005 e o

17

Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (Pet-Saúde) em 2008 (BRASIL, 2001;
BRASIL, 2005; RODRIGUES et al., 2012).
O CNE instituiu as DCN do curso de Medicina, visando uma nova organização
curricular capaz de instrumentalizar a IES e apontar para novas possibilidades de repensar o
processo ensino-aprendizagem fundamentado em novos paradigmas. Assim, os cursos
desenham currículos com propostas pautadas no compromisso ético, de formar indivíduos
com senso crítico sobre seu papel e instigar o aluno a adquirir habilidades em comunicação,
liderança, administração e gerenciamento.
Para o Ministério da Saúde (MS), a atenção básica é considerada cenário vivo das
práticas, em uma perspectiva de formar profissionais que venham atender às necessidades do
SUS. Desse modo, os serviços de saúde, em parceria com a academia, constituem-se em lócus
de formação de seus profissionais, sobretudo quanto à sua instrumentalização, tendo em vista
que é nesse contexto social que as ações políticas ganham materialidade plena e expressam as
possibilidades de criação e de apropriação de produção/reprodução no cotidiano social do
trabalho (BRASIL, 1990; PINHEIRO; LUZ, 2003).
O Pacto de Gestão de 2005 do setor saúde surgiu como uma das estratégias que veio
contribuir com o processo ensino aprendizagem no âmbito do SUS, pois, em seu quinto eixo
temático estruturante, aponta a redefinição sobre trabalho e educação em saúde como sendo
um dos pontos importantes à consolidação do programa. Ademais, apregoa como sendo
imprescindível a definição explícita das responsabilidades de cada ente público, tendo no
termo de compromisso um instrumento formal do pacto (BRASIL, 2005).
O Pró-Saúde em Alagoas foi iniciado no ano de 2006, nos cursos de Medicina e
Enfermagem da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), com a intenção de fomentar a
reordenação da formação sob a égide da política de educação permanente, visando privilegiar
a vivência do discente precocemente nas unidades básicas de saúde (UBSF), supervisionada
pela preceptoria (UFAL, 2012).
Em 2012, houve a fusão do Pró-Saúde com o Pró-Pet-Saúde, resultando no Pró-PetSaúde. Essa política se caracteriza pela educação na perspectiva interprofissional e elege a
preceptoria como caminho à promoção da IES, por ser alicerce à aprendizagem significativa e
promover a inserção do aluno na realidade de trabalho no SUS (UFAL, 2012).
As iniciativas isoladas dos setores de saúde e educação, no entanto, não foram capazes
de responder às necessidades da formação dos profissionais de saúde. Um grande desafio
estava imposto à academia e aos serviços. Esse demandou medidas pontuais na relação entre
as duas instâncias. Os Ministérios da Educação e Saúde, através de Portaria Interministerial de

18

nº 1.127, de 2015, instituíram o Contrato Organizativo de Ação Pública de Ensino-Saúde
(COAPES), que define diretrizes que nortearão a celebração dos contratos entre academia e
serviço, com o objetivo da garantia do acesso a todos os estabelecimentos de saúde, sob a
responsabilidade do gestor da área da saúde como cenário de práticas para a formação na
graduação e residência, além de estabelecer atribuições das partes relacionadas ao
funcionamento da IES e comunidade (BRASIL, 2015).
A importância da IES reside, principalmente, na preocupação com o perfil e o papel do
preceptor no contexto da formação médica, tendo o referencial de competência como
norteador de uma identidade coletiva (MATURANA, 2001).
Missaka e Ribeiro (2011) referem-se à preceptoria como uma atividade de ensino
essencial à formação acadêmica, norteada pelo construtivismo pedagógico, em uma
perspectiva de edificar o conhecimento mais significativo para a formação humana e
profissional. São atributos dos preceptores o compromisso com a aprendizagem do aluno, o
reconhecimento como educador e a capacidade de instigar o aluno para a aprendizagem
contextualizada.
Estudos conjecturam que a especificidade do preceptor está na relação laboral
vinculada ao serviço, na atuação profissional no ambiente de trabalho e na vivência da
preceptoria voltada ao momento da prática clínica (TRAJMAN et al., 2009). Faz-se então
necessário conhecer o preceptor, suas competências e seus ideais, analisar sua autopercepção
acerca da relação com o serviço e na preceptoria, dentro do cenário prático da formação
médica.
A pesquisa de Megale, Gotejo e Mota (2012) correlaciona as competências previstas
nas DCN dos profissionais de saúde àquelas que são necessárias à prática médica centrada em
habilidades clínicas, comunicação, raciocínio e profissionalismo, pautadas em uma prática
reflexiva, autônoma e de complexa responsabilidade crescente. O estudo demonstrou que
apesar das inovações tecnológicas, as expectativas de aprendizado à boa prática profissional,
na percepção dos discentes, estão pautadas nas habilidades médicas básicas, essenciais à
anamnese, exame físico completo, além de boa comunicação com o paciente.
Assim, o perfil do preceptor deve estar moldado em ser mais que um bom conhecedor
de conteúdos e domínio técnico; perpassa pela capacidade de cuidar, de ensinar suas práticas,
de ser facilitador, resolutivo, efetivo, de ter a integralidade como foco na sua dinâmica de
trabalho, de pautar suas relações no respeito, na ética e na humanização e de promover
condições para que o usuário e o discente sejam protagonistas na gestão do cuidado nas suas
respectivas condições (BARRETO et al., 2011).

19

Para Bentes et al. (2013), o preceptor deve estar capacitado para desenvolver uma
pluralidade

de

competências

(treinamento

de

habilidades

clínicas,

estímulo

ao

autoaprendizado, treinamento de feedback, atuar como supervisor, tutor e mentor).
Diante do conflituoso e prolongado processo histórico da implantação das políticas
públicas de reorientação da formação em saúde no Brasil, e da necessidade de fortalecimento
da gestão da IES, decidiu-se ampliar a compreensão sobre a vivência da preceptoria por
médicos e preceptores, vinculados a um curso público de Medicina.

2.4 Método
Nesta

pesquisa

descritiva

de

natureza

qualitativa,

utilizou-se

entrevista

semiestruturada, com sete perguntas norteadoras a respeito do exercício da preceptoria na
atenção básica.
1) Como você percebe a formação médica?
2) Como você percebe os estágios na rede de atenção básica?
3) Como você percebe o compromisso e a responsabilidade da gestão municipal e
federal para com a formação médica?
4) Como você percebe o papel da Universidade?
5) O que faria você desistir/retornar ao exercício da preceptoria?
6) Como você percebe a sua vivência na preceptoria?
7) O que você sugere para melhorar/adequar o exercício da preceptoria?
Participaram do estudo dezessete médicos da rede de atenção básica, que atuam ou
atuaram na preceptoria médica da UFAL. Foram considerados como critérios de inclusão ser
médico lotado nas UBSF do 5º e 7º distrito sanitário de Maceió e ter atuado ou estar atuando
como preceptor. O critério de exclusão adotado foi estar afastado das atividades laborais por
licença ou aposentadoria, ou ainda a recusa à assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido (TCLE).
Após a leitura e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, foi
solicitada a permissão para gravação das falas, que, transcritas, foram analisadas por meio do
software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et. de
Questionnaires (IRAMUTEC). (THE R FOUNDATION, 1993; PYTHON SOFTWARE
FOUNDATION, 1991).
O software apoia-se em cálculos sobre a coocorrência de palavras em segmentos de
texto, reunindo-as em classes, de acordo com sua semelhança e dessemelhança. O processo

20

objetiva alcançá-las por meio da classificação estatística de enunciados simples do corpus
considerado. A análise dos resultados, constituída pelo corpus de 118 textos, apresentou um
número de 1076 segmentos de texto. Destes, foram aproveitados 1064, correspondendo a
98,88% do total do corpus. Considera-se tal resultado como um significativo aproveitamento
do corpus, tendo em vista que foi superior a 75% (CAMARGO; JUSTO, 2013;
NASCIMENTO; MENANDRO, 2006).
A partir da Análise Fatorial de Correspondência (AFC), foi possível uma descrição,
obtida cruzando o vocabulário e as classes por meio de uma representação gráfica, na qual os
eixos permitem visualizar as relações e/ou oposições entre elas. Para que se possa
compreender esse processo de análise, faz-se necessário destacar alguns conceitos (ALBA,
2004; CAMARGO; ALCESTE, 2005).
O reagrupamento de segmentos de textos (RST) ou Unidade de Contexto
(terminologia utilizada para o Método de Reinert) consiste na reorganização destes em um
mesmo texto até que o número de diferentes segmentos de texto analisado seja maior que o
limite λ [Lambda – índice de associação para avaliar a relação entre variáveis, admitindo que
os dados sejam categóricos ou nominais, por exemplo, palavras], conforme se visualiza na
Figura 1, na Figura 2 e na Figura 3 (LOUBÈRE; AVERTISSEMENTS, 2014; REINERT,
1986).

21

Figura 1- Segmentos de textos mais características da Classe 1
χ2

Segmentos de texto
na verdade a falta de compromisso da gestão municipal com a preceptoria eles simplesmente
355,10 levam o aluno para lá mas eles não têm nenhum compromisso e essa preparação da
universidade que eu acho seria importantíssima
a falta de incentivo com uma bolsa incentivo nos aspectos da responsabilidade com o aluno e
a gente não viu um suporte tanto da parte da secretaria municipal como da própria
353,86
universidade eu acho que tinha que melhorar todo esse contexto melhorar essa relação entre
o aluno e o preceptor
eu vejo como uma grande responsabilidade dos poderes tanto principal o federal e acho que
nesse aspecto nós vivemos um momento desafiador porque assim nós estamos enfrentando
341,89
muitas carências eu acho que falta nessa relação da gestão com o serviço uma comunicação
efetiva
a universidade junto a gestão municipal deveria formalizar a bolsa porque seria o estímulo
336,13 para um determinado profissional se interessar em ser preceptor além de que eu acho que tem
que ter uma reformulação no atendimento da unidade
eu ainda não sei se quero retornar a preceptoria eu acho que gostaria de retornar a preceptoria
307,93 se houvesse uma preparação da universidade uma escolha onde a gente tivesse uma
programação uma mudança junto a gestão municipal
espero que esse seu trabalho seja uma mudança junto a universidade e gestão municipal na
305,25 preceptoria porque elas precisam acontecer o aluno precisa ir na unidade de atenção básica
eles precisam ter esse respaldo aí eu acho que o seu trabalho vem melhorar tudo isso aí
eu acho que eles têm a intenção tem que ter que ter o compromisso tanto da gestão municipal
303,80
como da federal para a formação médica
então eu acho que devia ter uma interação maior da rede municipal com a federal na formação
293,89
médica
a responsabilidade da gestão municipal e federal precisa melhorar essa relação não é tão
281,92 saudável não você citou o município o compromisso e responsabilidade da gestão municipal
seria somente vamos dizer assim o espaço físico para receber porque pertence ao município
eu percebo assim que em questão tem que haver uma estruturação melhor tanto desrespeito a
281,33 preparação dos preceptores como o envolvimento maior da secretaria municipal de saúde
junto a universidade
Fonte: Autor (2017)

Figura 2- Segmentos de textos mais características da Classe 2
χ2
230,96

219,60

215,28
209,47
209,01

207,48

203,73

(Continua)

Segmentos de texto
e pior é com outros exames mais complexos começa nisso aí já vai para a desmotivação
por parte deles que vai vendo paciente indo e vindo com a mesma queixa e a gente
querendo uma resposta
a gente consegue fazer muita coisa antes do exame chegar ou antes mesmo do
especialista me dar uma resposta mas eu acho que essa rede que cerca a atenção básica
precisa ser melhor estruturada
porque aí você vai discutir cada caso mas aqui a gente num tem teve tempos de
paciente fazer pré_natal todinho comigo e chegar à maternidade e num ter um exame
de sangue isso é angustiante
veja vou atender os pacientes e peço o mínimo possível de exames aí chegam aqui no
cora não está com internet nem tem previsão de quando vamos marcar
estão sendo formados para serem especialistas de ponta eles não querem ver o
paciente eles só pensam só pensam em ganhar dinheiro como especialistas e ponta
quando chegam aqui não querem nem tocar no paciente
porque hoje nós estamos num sistema guerra graças a deus que os pacientes que ainda
consegue chegar ao psf e tem pelo menos uma enfermeira um médico um acs e um
auxiliar de enfermagem nem que seja para consolá_lo numa conversa ela ainda é
privilegiado
é isso que a gente queria essa contrapartida exames exemplo seria maravilhoso aqui
no Canãa a gente teria como referência o hospital do açúcar todos os exames fariam lá
eles iam adorar seria maravilhoso

22

Figura 2- Segmentos de textos mais características da Classe 2

(Conclusão)

aí a gente fez um formulário aí a gente preenchia e os alunos levavam na mão e os
202,49
pacientes a gente conseguia que os alunos levassem os pacientes foi a única vez que a
gente conseguiu
ficou dentro da meta dos médicos a gente tirou uma meta plausível para que eles vejam
eles têm que ver x pacientes hipertensos diabéticos gestantes crianças mas um número
186,74
bem mais reduzido do que o profissional médico até porque ele tem que acompanhar os
demais profissionais da equipe
se vier aluno a gente ensina mas não tem nada nenhuma contrapartida nós gostaríamos
186,54
de ter em relação a universidade que nós tivéssemos nossos pacientes sendo atendidos
por eles consulta com especialistas do HU
e condições mínimas mas realmente faltava se eu deixasse o doutorando atender eu
329,43
tinha que ficar de pé o paciente não ia ficar de pé já teve turno deu ficar amanhã toda
em pé
porque eu gostava tanto de ser preceptora que o fator financeiro não influenciava tanto
foi mais a questão física mesmo não tinha condições de atender o aluno aqui na
324,85
unidade se eu tivesse um local adequado para receber meus alunos aí com certeza
aceitaria
não ter uma sala para o aluno atender que eu colocasse o doutorando ter que atender
323,03
comigo ter que dá conta da mesma quantidade de pacientes com ou sem alunos e se
não tinha uma sala para atender
eu até voltaria se me dessem condições físicas estruturais de trabalho para receber
311,04
esse aluno um posto de saúde um consultório com o básico que a gente precisa para
atender bem o paciente
é o que acabei de explicar eu precisaria para mim se for para mim eu até voltaria mas
303,47
voltaria com essa condição com bom espaço físico sala que eu possa atender o
paciente conversar com aluno com calma
ter que atender comigo ter que dar conta da mesma quantidade de pacientes com ou
298,60
sem alunos e se não tinha uma sala para atender porque ele tinha que atender ele tinha
que atender comigo
eu deixei justamente como eu falei no início o meu maior problema aqui é a estrutura
277,13
física eu não tenho condições de atender dois alunos aqui na unidade ainda perguntei
se um aluno seria interessante mas disseram só dois alunos
e todas as condições que uma unidade precisa ter para assistência e principalmente para
274,29
receber o aluno eu vou falar da experiência que eu passei não ter uma sala para o aluno
atender que eu colocasse o doutorando
e aqui nessa sala eu não tenho condições de ficar com dois alunos além da estrutura
262,17
física foi o incentivo financeiro o que oferecerão era uma coisa muito insignificante
mas para mim pessoalmente não foi nem essa questão
se eu deixasse ele atender só eu não podia atender a mesma quantidade de paciente
243,45
mas a mim sempre foi exigido a mesma quantidade de paciente de quem não é
preceptor de quem não estava ali com os alunos
Fonte: Autor (2017)

23

Figura 3- Segmentos de textos mais características da Classe 3
χ2
296,49
284,19

263,04

237,67

235,60

228,31

226,05

217,07

213,27
212,89

Segmentos de texto
eu acho que esses estágios na rede de atenção básica são necessários para o aluno de
medicina tanto o estágio inicial no 1 ano de medicina como o estágio no final do curso
e outra coisa que o governo não pensa nisso porque a proposta do governo na nova formação
dos médicos é que todos os recém-formados no curso de medicina a partir de 2019 passem
um ano de formação na atenção básica
mas que hoje alguns desses colegas são preceptores e recebem esses novos alunos e veem
que a formação deles está mais completa e isso veio fortalecer muito esses dois anos de
internato dedicados especificamente aos estágios a prática dos estágios melhorou muito
melhorou muito essa formação médica
bom eu venho de uma formação anterior em que o curso de medicina já era em seis anos
cinco anos a gente tinha o conhecimento apenas nas disciplinas e um ano no internato nas
clínicas fazendo prática
então essa nossa formação creio que os nossos alunos já saem mais seguros eles passam dois
anos em prática e isso a gente tem uma fala de nossos colegas preceptores do rural o estágio
no interior
então a proposta então do curso é dar o conhecimento com a carga da parte teórica nos
primeiros quatro primeiros e dois de internato dois anos mais de prática então a nova
formação
chegam às diretrizes curriculares nacionais e põe diminui essa fase de conhecimento para
quatro anos e deixa dois anos finais para o internato ou seja onde estão os estágios e aí um
deles o estágio na atenção básica
eu acho bastante válido importante principalmente porque o aluno inserido na unidade de
atenção básica ele vai estar vivenciando a realidade da medicina brasileira e principalmente
porque eu tenho uma paixão especifica pelo ensino
a preocupação da universidade tanto nas assistências médicas como na ufal em ter esses
estágios em postos de saúde no PSF para gente ter até uma visão melhor como é atenção
básica antes não tinha essa preocupação
que tem essa fala dessa transição de que o aluno quando iria antes para o estágio rural no
período que não tinha o estágio em atenção básica anterior ele chegava muito imaturo

Fonte: Autor (2017)

O conceito de “classe” representa um tema extraído do texto, ou seja, cada classe é
representada por vários segmentos de texto (ST) de maior verossimilhança. As classes são
nomeadas pelo pesquisador. Todas as respostas originárias das entrevistas são denominadas
de textos. A Classificação Hierárquica Descendente (CHD) corresponde a um tipo de análise
de agrupamento, isto é, uma técnica multivariada cuja finalidade é de agregar objetos (por
exemplo, palavras e segmentos de texto) com base nas características que eles possuem.
Especificamente, esta análise visa obter classes de ST que, ao mesmo tempo,
apresentam vocabulário semelhante entre si e vocabulário diferente dos segmentos das outras
classes. A partir dessas análises, o software organiza os dados em um dendograma que ilustra
as relações entre as classes, conforme a Figura (CAMARGO; JUSTO, 2013).

24

Figura 4- Dendograma com partições em Classes lexicais

CLASSE 1:

CLASSE 3:

CLASSE 2:

Desafios à Integração da
Gestão Ensino-Serviço

A Valorização da Atenção
Básica como Cenário de
Ensino-Aprendizagem

A precariedade do serviço e
do processo de trabalho

26%
37,8%

36,2%

Fonte: Autor (2017)

A AFC consiste no cruzamento entre o vocabulário (tendo em conta a frequência de
palavras) e as classes, representadas de forma gráfica em plano cartesiano, que possibilita
verificar a oposição entre as classes, como ilustra a Figura . Estas podem ter, entre si, uma
relação de total independência ou coindependência, o que possibilita a fusão de duas classes
em uma. Isso não se dá através apenas de uma sutil similaridade; requer que ambas as classes
tenham questões em comum, versem sobre determinações que se complementam e que as
discussões provocadas por ambas tenham intrínseca relação entre si (REINERT, 1998).

25

Figura 5- Plotagem das classes e palavras definidoras, conforme esquema de cores
anteriormente definido

Fonte: Autor (2017)

A princípio, o software construiu quatro classes. Todavia, por questões de similitude e
intrínseca relação de codependência entre as classes 2 e 3, estas foram agrupadas em uma
única classe, sendo consideradas apenas três classes para análise final dos dados. A análise e a
interpretação dos dados obtidos foram consideradas e desenvolvidas a partir do elenco de
segmentos de textos obtidos a partir dessas classes pelo software IRAMUTEQ.
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal
de Alagoas, com o número 49704115.8.0000.5013 ( ).

2.5 Resultados e discussões

2.5.1 Classe 1: Desafios à Integração da Gestão Ensino-Serviço

As falas convergem e dão visibilidade aos desafios que permeiam a baixa efetividade
da IES, em que pese a formação dos recursos humanos (RH) da saúde ser tarefa
compartilhada entre a academia e os serviços de saúde. Percebe-se que a implementação dessa
nova prática de gestão da aprendizagem enfrenta dificuldades para a sua efetivação.

26

Os relatos apontam para possíveis fatores que contribuem para fragilidade da IES: as
condições atuais de como se dá a interação, a comunicação entre a academia e o serviço, a
corresponsabilidade das instituições e seus gestores (universidade, secretarias de saúde,
coordenadores de serviços e diretores de unidade) envolvidos no apoio à preceptoria, que se
expressam na indefinição de papéis, e na formalidade da relação entre a academia e o serviço.
Os laços dessa relação ainda não são suficientes para criar e assegurar condições de
viabilidade ao exercício da preceptoria nas UBSF.
Para os entrevistados, chega a ser desafiador alcançar com efetividade e clareza as
propostas da IES.
“Eu vejo como uma grande responsabilidade dos poderes tanto principal federal e
acho que nesse aspecto nós vivemos um momento desafiador, porque assim nós
estamos enfrentando muitas carências, eu acho que falta nessa relação com a gestão
com o serviço uma comunicação efetiva”.
“A responsabilidade da gestão municipal e federal precisa melhorar, essa relação
não é tão saudável não, você citou o município, o compromisso e responsabilidade
da gestão municipal seria somente vamos dizer assim, o espaço físico para receber,
porque pertence ao município”.
“Então, eu acho que devia uma interação maior da rede municipal com a federal na
formação médica”.

As afirmações dos entrevistados vêm ratificar o pensamento de Ceccim e Feuerwerker
(2004), no que diz respeito ao desafio de conduzir as mudanças na formação dos profissionais
de saúde sob a égide do princípio da integralidade, que requer um repensar político-social,
uma prática dialética comprometida com a revisão de papéis e poderes, e uma implementação
da mudança que dialogue e se construa em todos os níveis de gestão. Para esses autores, quem
detém o domínio legal, técnico e político de ordenar a formação de profissionais de saúde são
os setores educação e saúde.
Cavalheiro e Guimarães (2011) afirmam que, a partir das mudanças induzidas na
formação do RH para o SUS, inicia-se o movimento da IES. A academia e o serviço são
desafiados em suas especificidades e potencialidades, a Universidade por ser lócus
privilegiado da construção do saber e por reconhecer que o serviço produz conhecimento, e o
serviço, por compreender que a parceria com a academia qualifica essa produção.
Esforços macropolíticos governamentais têm originado estratégias de legitimação e
apoio para incentivar o compromisso dos setores educação e saúde, visando formar indivíduos
com perfil para atender às demandas sociais (SISSON, 2009).
A resolução de nº 3 de 2014 do Ministério da Educação, em seu artigo 4º, faz
observância à necessidade de articular os conhecimentos, habilidades e atitudes requeridas ao
egresso para o exercício do futuro profissional médico, aos domínios atenção à saúde, gestão

27

em saúde, e educação em saúde, com capacidade para movimentar a IES, haja vista a
necessidade dos graduandos absorverem tais domínios a partir da vivência prática nos
serviços (BRASIL, 2014).
Neste estudo, os relatos dos preceptores apontam para a falta de compromisso das
gestões do serviço e academia frente à preceptoria. No tocante à preparação destes para a
vivência da preceptoria, eles responsabilizam a academia, pois acreditam que compete à
Universidade a capacitação dos mesmos. Em relação ao serviço, inferem que há pouco
envolvimento no processo ensino-aprendizagem, uma vez que apenas oferecem as UBSF
como cenários, sem o compromisso de verificar as condições em que se encontram essas
unidades para a vivência prática. Além disso, fazem referência também à insuficiência do
pacto de gestão entre a academia e o serviço.
“Na verdade, há falta de compromisso da gestão municipal com a preceptoria, eles
simplesmente levam o aluno para lá, mas eles não têm nenhum compromisso e essa
preparação da Universidade, que eu acho seria importantíssima”.
“Eu percebo assim: que em questão tem que haver uma estruturação melhor tanto a
respeito da preparação dos preceptores como o envolvimento maior da Secretaria
Municipal de Saúde junto à Universidade”.
“Eu ainda não sei se quero retornar à preceptoria, eu acho que gostaria de retornar à
preceptoria se houvesse uma preparação da Universidade, uma escolha onde a gente
tivesse uma programação, uma mudança junto à gestão municipal”.

Os resultados deste estudo confirmam e ampliam a contribuição realizada por Bentes
et al. (2013), que analisaram a preceptoria em residência médica, de que a condição de
preceptor se caracteriza pela detenção de conhecimentos e capacidade de desempenhar uma
pluralidade de competências e habilidades clínicas. Essas condições requerem investimento na
qualificação de habilidades e atributos, especialmente no que concerne às competências
pedagógicas com vistas à melhoria do processo ensino-aprendizagem.
Para Trajman et al. (2009), a participação dos preceptores na formação dos
profissionais de saúde requer atenção coordenada aos aspectos objetivos e subjetivos,
envolvendo o preceptor e seu ambiente de trabalho. No tocante à política de RH, faltam
condições necessárias ao bom desempenho da preceptoria: o ambiente de trabalho é precário,
as oportunidades para a educação continuada inexistem, o apoio institucional em ofertar
oportunidades de acesso a cursos e atualizações é ausente. Essas têm sido preocupações
relevantes, sendo a UBSF cenário de vivência prática.
Missaka e Ribeiro (2011) apontam que a possibilidade de se alcançar uma formação
com vistas a atender ao modelo de atenção à saúde coloca a preceptoria em uma condição
estratégica ao processo ensino-aprendizagem. Faz-se necessário que as instituições envolvidas

28

(serviço, academia) apoiem, contribuam e disponibilizem-se a ofertar, de forma contínua e
sistêmica, cursos voltados a ampliar os conhecimentos, atributos, habilidades; mas, acima
disso, que impulsionem a sensibilização do preceptor a desenvolver suas práticas educativas
em uma lógica emancipatória.
Nesta pesquisa, foi identificado que o preceptor tem uma compreensão que a gestão da
IES não foi capaz de acordar e garantir aspectos que dão impulso à preceptoria. Ele expõe a
responsabilidade das instituições governamentais municipais e universitárias em efetivar
medidas de incentivos à preceptoria. Apesar de não liderar o ranking de demandas, o
incentivo financeiro, na visão dos preceptores, motiva a vivência do exercício da preceptoria e
eleva o compromisso e a relação do preceptor com o aluno.
Observa-se, assim, que nas falas há ainda que incipiente a crítica reflexiva à
inexistência de uma política estruturante capaz de dar respostas ao desafio da efetivação da
preceptoria, com enfrentamento à exploração do trabalho.
“A falta de incentivo, incentivo com uma bolsa, incentivo nos aspectos da
responsabilidade com o aluno a gente não viu um suporte tanto da parte da
Secretaria Municipal como da própria universidade. Eu acho que tinha que melhorar
todo esse contexto, melhorar essa relação entre o aluno e o preceptor”.
“A universidade junto à gestão municipal deveria formalizar a bolsa porque seria um
estímulo para um determinado profissional se interessar em ser preceptor além de
que eu acho que tem que ter uma reformulação no atendimento da unidade”.

Bentes et al. (2013) expõem o fato da condição involuntária de preceptor, em algumas
situações, restando ao profissional médico aderir a esse papel por obrigação, ao fazer parte da
rede de atenção básica a que está vinculada à IES. Ademais, as instituições envolvidas com a
IES não têm se mostrado compreensivas em reconhecer que o preceptor exerce, além da
função de ensino, as atividades laborais de costume, o que exige do médico tempo,
envolvimento e responsabilidade. O não reconhecimento e a falta de valorização - quer seja
financeira, quer seja do desempenho das funções conjuntas absorvidas - ocasionam o
desestímulo, o afastamento, a desistência e o descrédito da capacidade ao exercício da
preceptoria.
A formação para o SUS requer aos atores envolvidos na IES (docentes, discentes,
gestores da academia, gestores da saúde, profissionais da saúde, conselheiros e comunidade)
investimentos em novas práticas de relações horizontalizadas, não havendo, assim, espaço
para a reprodução de domínio e poder, mas o compartilhamento dos frutos e produtos; não há
uma academia que dispõe dos serviços apenas como local de estágio e um serviço que se
utiliza do aluno como mera mão de obra. A construção desse novo processo convida todos os
atores envolvidos da IES a dialogar sobre os entraves, dificuldades e pontos críticos, e,

29

sobretudo, a traçar estratégias conjuntas de solução para uma formação comprometida com a
integralidade das práticas de saúde (CAVALHEIRO; GUIMARÃES, 2011).
Aqui, cabe uma reflexão sobre o compromisso legítimo da universidade com a
formação dos preceptores, conforme foi destacado por Trajman et al. (2009). À universidade
se propõe a responsabilidade pela promoção de cursos, atualizações, debates acadêmicos
voltados para formação nos atributos, habilidades e competências pedagógicas do preceptor.
Para esses autores, investimentos suficientes na melhoria das condições de trabalho, em
capacitações pedagógicas e em infraestrutura podem ser reconhecidos pelo preceptor como
tão importantes quanto o incentivo financeiro.
Mesmo não sendo unânime, há entendimento pelos preceptores de que existe intenção
por parte da academia e do serviço em efetivar a IES. Reconhecem os preceptores que não há
o que se questionar em relação ao compromisso ético, legal e legítimo que as instituições têm
para com a formação médica - o que não as exime da necessidade de rever os pactos
construídos, reavaliar a condução da gestão da IES, repactuar compromissos, e partilhar
responsabilidades que tornem factível a efetivação da IES.
“Eu acho que eles têm a intenção, tem que ter o compromisso tanto da gestão
municipal como da federal para a formação médica”.
“Espero que esse seu trabalho seja uma mudança junto à universidade e gestão
municipal na preceptoria, porque elas precisam acontecer. O aluno precisa ir à
unidade de atenção básica, eles precisam ter esse respaldo, aí eu acho que o seu
trabalho vem melhorar tudo isso aí”.

Identifica-se no relato apresentado nas entrevistas que existe consciência por parte dos
preceptores ao que Sisson (2009) aponta como sendo um marco das mudanças na formação
dos profissionais da área de saúde. Esse autor resgata a CF de 1988 para identificar o SUS
como ordenador da formação de recursos humanos. Tal status impulsionou o setor saúde a
cobrar da educação a adequação do ensino. Vê-se, assim, a academia compelida a rever a
lógica de formar, que até então atendia aos interesses do mercado de trabalho liberal, privado,
para um modelo de formação orientado pelas demandas epidemiológicas, da maioria da
população desassistida, e pelo trabalho no setor público com ênfase na atenção primária e
secundária.
Para Trajman et al. (2009), a formação dos profissionais de saúde com vistas a atender
aos princípios da Atenção Primária à Saúde (APS) exige vivência da realidade do SUS e
apropriação dos conhecimentos produzidos nos campos das práticas desde a graduação, e, em
sendo a APS espaço de construção de saberes, requer abordagens disciplinares e pedagógicas
inteiramente novas.

30

Missaka e Ribeiro (2011) consideram que a preceptoria é uma atividade complementar
à formação profissional, e, portanto, necessária, possibilitando a aprendizagem com enfoque
mais significativo à formação profissional e humana a partir da experiência com a realidade
social e seus determinantes. Não obstante, o preceptor deve ser detentor de bons atributos,
habilidades e competência, dentre as quais se destacam o compromisso com a aprendizagem
do aluno, o conhecimento do papel do preceptor como formador e a capacidade de incentivar
o aluno para sua aprendizagem. Dessa forma, nesta pesquisa, entende-se que não deve se
relegar a segundo plano o trabalho compartilhado de construção da preceptoria pela academia
e serviço, em conformidade com as diretrizes e princípios do SUS.
Para Ceccim e Feuerwerker (2004), uma política para mudança tem que ser capaz de ir
além das previsões legais, das proposituras formais, das declarações de intenção e das
instâncias; carece que esta tome materialidade social, que ganhe vida ao se tornar realidade.
Portanto, para isso, deve provocar o pensamento crítico, em todos os atores inclusos no
processo da IES, tanto da academia quanto do serviço e comunidade, e o comprometimento
em serem agentes de intervenções para transformação da realidade da formação profissional.

2.5.2 Classe 2: A Precariedade do Trabalho

A Classe 2 aborda a interferência direta e as falhas da cogestão do ensino no trabalho
em saúde, bem como seus efeitos e consequências no trabalho individual e no exercício da
preceptoria.
As falas são ricas em sua objetividade e subjetividade, e perpassam pela tomada de
consciência do quão deficiente se encontra o serviço em seu fluxo organizacional da
assistência. O preceptor toma para si a responsabilidade exclusiva da formação do aluno e não
vê que a formação deve seguir na perspectiva do olhar pluralista, vivenciado a partir da
multiprofissionalidade; não obstante, propiciar ao aluno uma vivência prática pautada em uma
relação precária em que não se reconhece a integralidade assistencial é relegar ao aluno uma
visão míope da interdisciplinaridade, e, sobretudo, é estar na contramão dos ordenamentos e
princípios do SUS.
Os preceptores reconhecem que o fluxograma da rede de atenção básica encontra-se
incapaz de dar as respostas devidas, relativas às questões de garantias da acessibilidade a
exames, especialidades, serviços de maior complexidade e resolutividade assistencial.
Eles percebem-se isolados no tocante à troca de saberes e à condução do processo de
trabalho, e a ideia que tem é que não há diálogo em uma perspectiva de dirimir as

31

dificuldades. Mesmo a rede de referência e contrarreferência instituída parece apenas constar
nos pactos de gestões, já que, na prática, não se consegue alcançar a integralidade da
assistência.
“Eu até voltaria, se me dessem condições de estrutura física de trabalho, para receber
esse aluno. Um posto de saúde com um consultório básico que a gente precisa para
atender bem o paciente”.
“E aqui nessa sala, eu não tenho condições de ficar com dois alunos, além da
estrutura física, foi o incentivo financeiro, o que ofereceram era uma coisa muito
insignificante”.
“Veja, vou atender os pacientes e peço o mínimo possível de exames, aí chegam
aqui no CORA, não está com a internet nem tem previsão de quando vamos
marcar”.

A precariedade do serviço de saúde de atenção básica está claramente explícita nas
falas acima, comprometendo a qualidade do trabalho e do ensino. Nesse contexto, Trajman et
al. (2009) alertam que o processo de trabalho imerso na precariedade do serviço subjuga a
produção criativa das ações de saúde a uma lógica de insatisfação, dependente da ética
alienante das relações do serviço com o profissional de saúde. Em contrapartida a essa lógica,
faz-se necessário que o preceptor desperte para a crítica reflexiva do processo de trabalho com
vistas a ampliar as dimensões realizadas do trabalho em saúde, sendo imprescindível que o
preceptor eleve sua formação profissional e ética e contribua para a gestão política dos
ambientes, incluindo os usuários nas tomadas de decisões, e, quando pertinente, os discentes.
Um estudo sobre avaliação dos atributos da APS no Estágio em Saúde da Família em
Maceió evidenciou similaridade na avaliação do comprometimento da qualidade do cuidado
tanto por parte do preceptor quanto do discente. As dimensões integralidade-serviço
complementares disponíveis, o acesso ao primeiro contato-acessibilidade e a coordenaçãointegração dos cuidados receberam escores ruins. Isso denota a fragilidade do processo de
trabalho, especificamente no fluxo organizacional, a possibilidade de insatisfação em relação
a componentes específicos da atenção, a falha de comunicação com outros serviços da rede
assistencial por problemas na referência e contrarreferência, o desempenho insatisfatório da
APS em seu papel de mediador entre a comunidade e os diferentes níveis de atenção à saúde,
organizados em serviços de referência e contrarreferência (LINS; SOARES; COELHO, 2016).
Entretanto, os autores sugerem que tais comprometimentos não invalidam a presença
do aluno nas UBSF, uma vez que os próprios discentes consideram válida a experiência.
O Pró-Saúde, ao ser instituído, trouxe as condições necessárias e equivalentes à adesão
à preceptoria, incentivo financeiro, oferta de cursos, espaços de discussão do exercício da
preceptoria - com a participação da academia, dos gestores e dos preceptores - além da
participação em congressos e eventos científicos. No entanto, as gestões não assumiram, nem

32

enfrentaram adequadamente, em nenhum nível, as possibilidades de incentivo e
favorecimento à preceptoria, o que desencadeou a desistência dos médicos à condição de
preceptor.
Para Sousa (2013), existe uma correspondência entre as precárias condições de
infraestrutura, a sobrecarga de trabalho e a baixa remuneração das equipes. Todos esses são
problemas encontrados nas UBSF, que se somam às dificuldades no campo da educação
superior.
No tocante à interdisciplinaridade, campo da gestão política do ensino no trabalho, as
falas indicam o isolamento dos profissionais, com dificuldade para atuar em equipe e
construir coletivamente um processo interprofissional. As falhas na gestão política e,
consequentemente, organizacional, dos ambientes e processos de trabalho, não permitem a
interação necessária entre os profissionais:
“Porque aí você vai discutir cada caso, mas aqui a gente num tem, teve tempos de
paciente fazer pré-natal todinho comigo e num ter um exame de sangue, isso é
angustiante.”
“Ficou dentro da meta dos médicos, a gente tirou uma meta plausível para que eles
vejam, eles têm que ver x pacientes hipertensos, diabéticos, gestantes, crianças, mas
um número bem mais reduzido do que o profissional médico, até porque ele tem que
acompanhar os demais profissionais da equipe”.

Barreto et al. (2011) enfatizam que a interdisciplinaridade é algo novo, que surge como
princípio da APS. Ela é dificultada por poderes que ainda influenciam, nos dias atuais, a
formação, e que não têm como base a partilha dos saberes, em prol da assistência integral,
dificultando assim sua efetivação. No entanto, se o foco central da assistência consistir na
atenção à saúde, a interdisciplinaridade se efetiva.
Missaka e Ribeiro (2011) acreditam que a relação do preceptor com o aluno contribui
com a formação do futuro médico. Para eles, a vivência da preceptoria põe o aluno à prova em
seus conhecimentos teóricos, exigindo proatividade e capacidade de atender às expectativas
do ser médico. Diante disso, deve-se dar a devida importância para a relação preceptor-aluno:
como o primeiro exerce o trato com o aluno, quais são suas habilidades, capacidade, atributos,
como tem sido suas intervenções no exercício da preceptoria e quais têm sido as condições em
que se realiza a sua prática. Para Sisson (2009), a identidade de uma profissão se interliga a
forma como se organiza e desenvolve o processo ensino-aprendizagem, e, em sendo o serviço
um espaço de apreender, este influencia nas concepções transformadoras da aprendizagem.
Ressalta-se que, em geral, a função de preceptor, bem como seus atributos e
habilidades, não está definida em documento oficial na maioria das contratações celebradas

33

entre o serviço e a academia. Uma melhor fundamentação desses aspectos poderia contribuir
para a construção da regulamentação e prática dessa função.
Visando formalizar e fortalecer a relação entre academia e serviço no processo ensinoaprendizagem, surge o COAPES, como estratégia político-administrativa da gestão da IES,
proposta pelo MS, para estabelecer as competências, papéis e responsabilidades de cada ente
público, relativas ao exercício da preceptoria. O COAPES afirma a necessidade de
valorização do preceptor, ao definir que caberá às gestões de saúde municipal e estadual,
institucionalizar a preceptoria como atribuição dos profissionais de saúde, bem como
promover incentivos à qualificação profissional, progressão funcional, gestão de carga horária
etc. A academia deve colaborar com a qualificação profissional do preceptor, ao incentivar a
participação em pesquisas, congressos, cursos e atualizações, além de oferecer certificação
dessa atividade (BRASIL, 2015).
As condições inadequadas da estrutura física das UBSF são afirmadas pelos
preceptores como determinantes às desistências do papel de preceptor. Os relatos apontam
que aspectos da precariedade da rede de atenção básica, relacionados à atividade laboral como exigências de cumprimento de metas de produtividade e as péssimas condições de
trabalho associadas à vivência da preceptoria - são, de fato, condições cruciais a não
permanência na preceptoria.
Percebe-se que as funções cumulativas de profissional e preceptor imprimem a ideia
de exploração do trabalho. Por um lado, deve-se atender às exigências da produtividade
pactuada pelo serviço, sem qualquer redução, e, por outro, o serviço precário que induz ao
deficiente exercício da preceptoria, sem o adicional financeiro correspondente. Essa
sobrecarga laboral faz o profissional temer pela sua autoimagem frente ao aluno, no sentido
de sentir-se avaliado por este: como sua competência técnica será percebida, bem como sua
capacidade resolutiva frente aos problemas da assistência médica? Estará ao nível das
exigências de ser desafiado pelo seu conhecimento que ainda não está previsto, na rotina, nas
normas e nas diretrizes dos estágios curriculares?
Todos esses questionamentos estão identificados nas falas do preceptor, que,
possivelmente, podem contribuir para a sua desmotivação ao exercício da preceptoria.
“E condições mínimas, mas realmente faltava, se eu deixasse o doutorando atender,
eu tinha que ficar de pé, o paciente não ia ficar de pé, já teve turno deu ficar a manhã
toda em pé”.
“E todas as condições que uma unidade precisa ter para a assistência e
principalmente para receber o aluno. Eu vou falar da experiência que eu passei, não
ter uma sala para o aluno atender, que eu colocasse o doutorando.”

34

“Se eu o deixasse atender só, eu não podia atender a mesma quantidade de pacientes,
mas a mim sempre foi exigido a mesma quantidade de pacientes de quem não é
preceptor, de quem não estava ali com o aluno.”

Trajman et al. (2009) afirmam que as UBSF, ao se constituírem como espaços de
construção do saber e de promoção à saúde, requerem condições favoráveis ao bom
desempenho dessas premissas, sendo necessária a alocação de recursos para manter boa
estrutura física, boas condições de trabalho, bom fluxo organizacional e boa prática de saúde
com perspectivas na integralidade assistencial e interdisciplinaridade. Logo, cabe aos
gestores, aos profissionais de saúde, aos docentes, aos discentes e à comunidade apoiarem
iniciativas que mobilizem ações concretas para o desencadeamento de mudanças na área de
saúde e no fortalecimento do SUS.
As instituições de ensino superior e o serviço, no tocante à formação em saúde, por se
constituírem, respectivamente, campos do saber e das práticas, têm a capacidade de se
reconstruírem. Todavia, quanto maior o empenho dessas instituições, maior a obrigação ética
de mudarem a si mesmas (CECCIM; FEUERWERKER, 2004).
Sisson (2009) defende que a identidade profissional é adquirida ao longo da vivência
do aluno no campo das práticas. É nesse universo que o aluno é desafiado a pôr seus
conhecimentos a serviço de uma prática assistencial. Essa dinâmica fortalece a introdução de
valores e ideais relativos ao modo de pensar e atuar, individual e/ou coletivamente. De fato, o
preceptor exerce uma influência maior no discente do que o professor de sala de aula, e isso
implica desenvolver no aluno valores sociais de uma prática a partir de suas experiências
vivenciadas e realizadas durante o estágio.
A identidade social de uma profissão, portanto, está interligada à forma como se
organiza, constrói e fundamenta o processo ensino-aprendizagem, e, em que pese o serviço
ser espaço de apreender, este influencia substancialmente nas concepções (hegemônica,
processo decisório, conflito, controle do saber) adquiridas durante a sua formação.
Percebe-se, na fala dos preceptores, que além da precariedade do serviço, os gestores
municipais não têm contribuído com medidas político-administrativas favoráveis à
estruturação da rede de atenção básica que ofereça um serviço de eficiência e seja referência
de unidades de ensino-aprendizagem. Evidencia-se um descompromisso político-social que
perpassa desde a alocação de escassos recursos à atenção básica até o privilégio da alta
complexidade, condição esta que fragiliza a consolidação dos princípios do SUS, e a
formação de recursos humanos em saúde.

35

2.5.3 Classe 3: A Valorização da Atenção Básica como Cenário de Ensino- Aprendizagem

Esta classe faz referência aos elementos positivos vivenciados pelos preceptores no
exercício da preceptoria. Há o reconhecimento pelos preceptores de que a formação na rede
de atenção básica desde o primeiro ano de graduação vem provocando no discente o
desenvolvimento gradual de segurança e, por conseguinte, autonomia.
Evidencia-se nas falas dos preceptores o reconhecimento da contribuição dos estágios
nas UBSF para o melhor desempenho do aluno no futuro exercício da Medicina nesses
mesmos cenários. Percebe-se, implicitamente, a observância dos atributos da APS ao longo da
vivência prática nas UBSF, quando os preceptores relatam que os discentes demonstraram
segurança e maturidade no ato do atendimento ao usuário. Esta classe é o desdobramento da
compreensão do preceptor quando inquirido sobre a sua percepção da formação médica e da
vivência na preceptoria. Nota-se que esses questionamentos direcionam a reflexão sobre a
formação, mais precisamente onde, como, e em qual contexto está inserido o preceptor.
“Então, essa nossa formação, creio que, os nossos alunos já saem mais seguros, eles

passam dois anos em prática e isso a gente tem uma fala de nossos colegas
preceptores do rural, o estágio no interior”.
“Que tem essa fala dessa transição, de que o aluno quando iria antes para o estágio
rural no período que não tinha o estágio em atenção básica anterior, ele chegava
muito imaturo”.
“Eu acho que esses estágios na rede de atenção básica são necessários para o aluno
de medicina, tanto o estágio inicial no 1º ano de medicina como o estágio no final do
curso”.

Barreto et al. (2011) enfatizam que, no ensino emergente, a coprodução da autonomia
é o foco de todas as relações existentes na produção do cuidar. A rede de atenção básica como
campo de práticas potencial e necessárias e o profissional como preceptor são, portanto,
fundamentais para a formação em saúde (TRAJMAN et al., 2009).
Os relatos demonstram que o preceptor toma consciência de que a presença do aluno
na UBSF induz à reflexão sobre a realidade do trabalho no SUS e à qualidade da
atenção básica nas UBSF de Maceió. Paralelamente, evidencia-se certo grau de conhecimento
sobre o projeto político pedagógico do curso de Medicina da UFAL e de como vêm ocorrendo
as mudanças na formação médica, que valorizam a atenção básica como espaço de construção
de saberes.
“A preocupação da universidade, tanto nas Ciências Médicas como na UFAL, em
ter esses estágios em postos de saúde no PSF é para a gente ter uma visão melhor de
como é a atenção básica, antes não tinha antes não tinha essa preocupação.”
“Eu acho bastante válido, importante, principalmente porque o aluno inserido na
unidade de atenção básica ele vai vivenciar a realidade da medicina brasileira, e
principalmente porque eu tenho uma paixão específica pelo ensino.”

36

“Chegam as DCN e diminuem a fase de conhecimento para quatro anos, deixa dois
anos finais para o internato, ou seja, onde estão os estágios, e aí um deles é o
estágio na atenção básica.”

As falas dos participantes do estudo enfatizam o que Barreto et al. (2011) considera ao
inferir que as importantes estruturas de poder na formação médica influenciam a produção de
conhecimento - conclui que há a necessidade de mudanças de paradigmas capazes de criar
uma ciência médica comprometida em atender às reais necessidades sociais. Esses autores
apontam ainda que o campo das práticas vivenciadas na APS é cenário privilegiado para o
ensino médico, inserido no contexto social real e com possibilidades de se observar,
acompanhar e identificar os determinantes sociais que permeiam o processo saúde-doença.
Para Cavalcante, Soares e Correia (2014), o processo ensino-aprendizagem nos
estágios nas UBSF provoca no discente a capacidade crítica-reflexiva sobre o processo de
trabalho, com reconhecimento das limitações impostas aos profissionais e início de um
processo de aquisição de atributos que conferem saber, competências, habilidades e
autonomia.
Os limites da formação médica vão além da construção do aprendizado didático e
prático, e perpassam pela incorporação da identidade profissional, em que há introdução de
valores e identificação com padrões adquiridos. A socialização profissional está ligada à
forma de pensar, de conduzir, de atuar e de interagir individualmente e coletivamente, e
ocorre a partir de experiências construídas ao longo das relações do aluno com o professor,
preceptor, escola, serviço. Desse modo, UBSF não são apenas fundamentais à aprendizagem,
mas são também determinantes à identificação profissional (SISSON, 2009).
A identificação profissional, no entanto, deve estar aliada à identificação cidadã que
mobilize todos os profissionais e usuários para a responsabilidade política, a fim de pressionar
os gestores para a melhoria da oferta de serviços à população mais carente, adequando o
acesso, a referência e contrarreferência, o controle social e a gestão das unidades às demandas
locais.
Lins, Soares e Coelho (2016), estudando a qualidade dos cenários de ensinoaprendizagem em Maceió, baseando-se nos atributos próprios à APS, concluem que as UBSF
são importantes para a formação médica, por contribuir, instigar e desenvolver no estudante
de graduação características profissionais adequadas às necessidades da população.
No entanto, apesar da identificação da presença de todos os atributos da APS nas
UBSF estudadas, os autores apontam falhas que comprometem a integralidade da assistência,
ressaltando a necessidade de se investir na estrutura e na organização dos cuidados. Eles

37

sugerem, para uma efetiva IES, o fomento de ações estratégicas conjuntas entre a academia e
o serviço, com foco na educação permanente dos profissionais.
Observa-se, ainda nessa categoria, um reforço crítico mais sutil à gestão macro
governamental, por induzir mudanças de cunho pedagógico, sem o empenho estratégico
financeiro, para viabilizar a estrutura física, organizacional, e profissional da rede de atenção
básica, no intuito de comportar a demanda de alunos nas UBSF.
Todos esses questionamentos e inquietações dos preceptores são abordados nas classes
anteriores; ora apontando a frágil relação da academia com o serviço, ora a precariedade dos
serviços como motivo desencadeador do desestímulo em permanecer na preceptoria e a
preocupação de ser identificado como ineficaz por vivenciar o processo de trabalho
desestruturado e dicotomizado.
No entanto, apesar de essas questões permearem o exercício da preceptoria, evidenciase nessa classe que os preceptores remanescentes ainda têm a esperança de solução a alguns
dos entraves da relação entre academia e o serviço, tais como: oferecimento de capacitações
aos preceptores, retorno das reuniões em que eles participavam e eram ouvidos em suas
agruras, melhorias na estrutura física das UBSF e reordenação do fluxo organizacional da
assistência.
“Hoje, alguns desses colegas são preceptores e recebem esses novos alunos e veem
que a formação deles está mais completa, isso veio fortalecer muito esses dois anos
de internato, dedicados, especificamente, aos estágios. A prática dos estágios
melhorou muito, melhorou muito essa formação médica”.
“Outra coisa, o governo, não pensa nisso, porque a proposta do governo na nova
formação dos médicos é que todos os recém-formados no curso de Medicina a
partir de 2019 passem um ano de formação na atenção básica”.

O discurso acima vem corroborar com um estudo que identificou aspectos relevantes
para o exercício pleno da preceptoria (assistência e docência): capacitação pedagógica,
reconhecimento e regulamentação da função do preceptor junto à universidade no processo
ensino-aprendizagem com apropriação de técnicas de ensino e de avaliação referenciadas nas
correntes críticas da educação e valorização da função do preceptor com ênfase na
mobilização das capacidades individuais e sociais de transformação das práticas assistenciais
e educacionais (JESUS; RIBEIRO, 2012).

2.6 Considerações finais
Considera-se que os objetivos do estudo foram contemplados, visto que, na percepção
dos preceptores, a atenção básica tem contribuído na formação dos discentes de Medicina,

38

bem como o exercício da preceptoria tem impulsionado o processo ensino-aprendizagem,
fornecendo conhecimento dos atributos da APS e senso crítico. Entretanto, a gestão da IES
não tem sido capaz de acordar e garantir aspectos que dão impulso à preceptoria.
É reconhecida por parte dos preceptores a importância da atenção básica na formação
profissional médica, a partir da valorização dos estágios vivenciados no exercício da
preceptoria nas UBSF durante o internato. O preceptor tem consciência das deficiências da
rede de atenção básica, mas reconhece que a presença do aluno tem contribuído para maior
reflexão do processo de trabalho.
Apesar das condições de vulnerabilidade apontadas entre a academia e o serviço,
vislumbra-se uma remota intenção de vínculo entre estes entes, pois não estão em cheque as
questões legais e éticas que envolvem essa relação, e sim a construção de um pacto solidário
de responsabilidades compartilhadas.
Foram elencados fatores preponderantes à participação dos profissionais da rede
municipal de saúde de Maceió ao exercício da preceptoria. Dentre eles, pode-se citar a
estruturação da rede de serviço, a revisão dos pactos de gestão entre academia e serviço, a
melhoria da relação dos entes envolvidos, a participação de todos no processo ensinoaprendizagem, o reconhecimento do papel do preceptor, a diminuição do número de
atendimentos para se desenvolver ações de cunho teórico-prático e, apesar de não liderar o
ranking, a criação de incentivo financeiro.
Percebe-se a influência do modelo hegemônico, centrado no médico, com a concepção
equivocada para ações integradoras da assistência, empenhada ainda no atendimento
individualizado.

Mesmo

assim,

desponta,

de

forma

incipiente,

um

movimento

multiprofissional.
No tocante a cursos de aperfeiçoamento da preceptoria, os médicos acreditam ser de
responsabilidade da academia, e acusam o serviço de omisso e desconhecedor do processo
ensino-aprendizagem. Apontam ainda que o compromisso do serviço se reduz a ceder o
espaço físico das UBSF, sem qualquer critério de adequação à proposta compatível com a
formação médica dentro dos princípios do SUS.
Diante da precariedade em que se encontra a rede de atenção básica de Maceió,
especificamente as UBSF, o profissional sente-se avaliado na pior condição pelo discente. Por
outro lado, é pressionado pelo serviço a dar conta das exigências de produção diária, sendo
esse um fator desestimulante.
A IES passa por um momento de muita fragilidade e os preceptores percebem que a
comunicação entre academia e serviço é falha e incipiente; não há socialização de como está

39

ocorrendo o processo ensino-serviço. A indefinição de responsabilidades e seus respectivos
papéis entre as partes dos entes envolvidos também tem contribuído para que os profissionais
relatem sensação de não pertencimento do processo.

2.7 Referências
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SISSON, M. C. Implantação de Programas e Redefinição de Práticas Profissionais. Revista
Brasileira de Educação Médica. vol.33.supl.1. Rio de Janeiro. 2009.p.92-103. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/rbem/v33S1/a10v33S1.pdf.
SOUSA, D. P. Preceptoria em Saúde Bucal na Atenção Básica no Município de Goiânia
sob a perspectiva do preceptor. Programa de Pós-Graduação em Mestrado Profissional em
Ensino na Saúde. Faculdade de Medicina da UFG. 2013, 151 p.
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Disponível em: <https://www.r-project.org/>. Acesso em: 07 fev. 2017.

42

TRAJMAN et al. A preceptoria na rede básica da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de
Janeiro: opinião dos profissionais de Saúde. Revista Brasileira de Educação Médica. V.
33.n. 01.2009, p. 24-32. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbem/v33n1/04.pdf Acesso
em 10 out. 2014.
UFAL. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - PróPet-Saúde. Universidade Federal de Alagoas (UFAL), 2012. Disponível em:
http://www.UFAL.edu.br/unidadeacademica/foUFAL/informes/atencao-inscritos-no-petsaude/selea2021afo-projeto-pro_petsaude-UFAL-maceio.dotx. Acesso em 08 fev. 2015.

43

3 PRODUTO DE INTERVENÇÃO – Indicação de resolução ao colegiado de gestão
regional, na perspectiva de garantir assentamento ao preceptor nas instâncias da CIES

3.1 Apresentação
Frente às iniciativas de fortalecimento das IES, surge o COAPES, em uma perspectiva
de redirecionar e reorganizar a relação entre a academia e o serviço. Ele traz em seu escopo
princípios que nortearão desde a formação dos profissionais de saúde em consonância com o
SUS, perpassando pelo compromisso das instituições de ensino e gestão municipal, estadual e
federal do SUS com o desenvolvimento de atividades educacionais, até a integração das ações
de formação no processo de educação permanente da rede de saúde, com a finalidade de
instrumentalizar a relação dos entes públicos envolvidos com o processo ensinoaprendizagem (BRASIL, 2015).
A portaria do Ministério da Saúde, de número 1996, de 2007, em seu artigo 2º, é
enfática em prever que os colegiados de gestão regional, com a participação da Comissão
Permanente de Integração Ensino-Serviço (CIES), conduzirão a política nacional de educação
permanente em saúde.
Os Colegiados de Gestão Regional (CGR) são compostos pelos gestores municipais de
saúde do conjunto de municípios de uma determinada região de saúde e por representante (s)
do (s) gestor (es) estadual (ais) (BRASIL, 2007).
O artigo 4º, parágrafo IV, descreve como uma das atribuições do CRG, no âmbito da
educação permanente em saúde, incentivar e promover a participação dos trabalhadores de
saúde na CIES.
As CIES são instâncias intersetoriais e interinstitucionais permanentes que participam
da formulação, condução e desenvolvimento da política de educação permanente em saúde
(BRASIL, 2007).
A CIES é composta por gestores da saúde municipais, estaduais e do Distrito Federal,
e ainda, conforme as especificidades de cada região, dentre outros representantes, estão os
trabalhadores do SUS e suas entidades representativas (BRASIL, 2007).
O anexo 2 da portaria 1996 prevê ainda que a CIES assuma o papel de indutor de
mudanças, promovendo o trabalho articulado entre as várias Esferas de gestão e as
instituições formadoras, com o fim de superar a tradição de organização de
capacitação/treinamentos pontuais.

44

Em que pese estar prevista a participação dos profissionais de saúde na CIES, impõese a necessidade de se garantir assento privilegiado ao preceptor, e positivar via resolução do
CRG a previsão de vez e voz do preceptor nos espaços decisórios de discussão e incremento
das políticas públicas que regulamentam a educação de ensino superior na saúde. A CIES é
um espaço de viabilização das demandas políticas para a qualidade da formação e
desenvolvimento dos trabalhadores no SUS, construídas a partir dos problemas vivenciados
no cotidiano das ações de saúde e na organização do processo de trabalho das equipes
(BRASIL, 2007).
A resolução é um ato de caráter normativo, contido na condição de instrução
normativa. São atos de outras autoridades públicas que não seja o chefe do Executivo e seus
auxiliares diretos a resolução e deliberação, por exemplo, que são atos normativos dos órgãos
colegiados (ANDRADE; ARAS, 2012).

3.2 Justificativa
As falas dos preceptores neste estudo vêm ratificar a ideia da necessidade de uma
efetiva participação dos atores envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Elas apontam
para processos de mudanças nas suas vivências do exercício da preceptoria, com a perspectiva
de serem reconhecidos com seu potencial e suas fragilidades, e, sobretudo, que se tenha a
compreensão de que a organização do cotidiano do trabalho no SUS possibilita a criação e
recriação dos ambientes como cenários potenciais de aprendizagem.
Assim, como os instrumentos normativos de pactuação de gestão interinstitucional, a
fala dos preceptores nos faz analisar sobre a necessidade de se discutir como e onde as
discussões podem ser produtivas e transformadoras para emergir novas formas de indução à
formação dos profissionais de saúde, na perspectiva da política nacional de educação
permanente em saúde.

3.3 Objetivos
 Garantir o acesso à instância deliberativa da CIES;
 Proporcionar ao preceptor a participação nos espaços de discussão entre os cenários de
prática e a instituição de ensino;
 Assegurar o direito à voz e ao voto nas discussões inerentes ao exercício da
preceptoria CIES.

45

3.4 Meta
Apresentar uma proposta de emissão de resolução pela CRG a fim de garantir assento
de preceptores na CIES Macrorregional I.

3.5 Etapas de execução
 Elaborar um ofício para solicitar ponto de pauta na CRG Macrorregião I, a fim de
apresentar os achados da pesquisa que fundamentam este produto de intervenção;
 Elaborar um ofício para solicitar ponto de pauta na CIES Macrorregião I, a fim de
apresentar os achados da pesquisa que fundamentam este produto de intervenção;
 Dialogar com a CIES Macrorregional I sobre a pertinência de incluir assento para
preceptor nesta instância consultiva;
 Acolher as considerações dos membros da CIES;
 Formular as adequações sugeridas e encaminhar solicitação de ponto de pauta para a
CRG;
 Socializar com a CRG a pesquisa e apresentar proposta de emissão de resolução que
garanta assento ao preceptor na CIES macrorregional I;
 Elaborar modelo de resolução como possível sugestão à CIES e CRG da Macrorregião
I.

3.6 Cronograma
 29/03/17 – Envio de ofício solicitando ponto de pauta na CIES Macrorregional I;
 30/03/17 – Contato com a gerência de participação social da Secretaria de Estado da
Saúde, solicitando ponto de pauta para apresentar pesquisa na reunião da CRG I
Região;
 Os demais encaminhamentos aguardarão a agenda da CIES Macrorregional I e da
CRG I Região.

3.7 Resultados esperados
Tem-se a perspectiva de que, por meio da Resolução proposta, possa-se oportunizar a
participação efetiva do preceptor no processo de construção da integração ensino-serviço, no

46

âmbito da CIES. Essa participação visa ressignificar o processo ensino-aprendizagem, o que
poderá impactar no exercício da preceptoria, uma vez que o preceptor terá visibilidade em
suas necessidades e fragilidades frente à sua condição de colaborador da formação médica.

3.8 Considerações finais
A proposta de resolução para assegurar a participação do preceptor na CIES
Macrorregional I está ancorada nos resultados obtidos com a pesquisa intitulada “O Exercício
da Preceptoria na Estratégia Saúde da Família segundo os Preceptores de um Curso de
Graduação em Medicina”.
Foram identificados os fatores preponderantes que dificultam a participação dos
profissionais da rede municipal de saúde de Maceió no exercício da preceptoria, tais como: a
estruturação da rede de serviço, a necessidade de revisão dos Pactos de gestão entre academia
e serviço, a melhoria da relação dos entes envolvidos, a participação de trabalhadores,
estudantes, docentes e gestores no processo ensino-aprendizagem, o reconhecimento do papel
do preceptor, a reprogramação da produção do preceptor com vistas à diminuição do número
de atendimentos, para que este possa desenvolver ações de cunho teórico-prático junto aos
estudantes que acolhe e orienta no serviço, e a viabilidade da criação de incentivo financeiro.
Essas questões expostas afetam o cotidiano do preceptor que - para atender e alinhar as
demandas - precisa de espaços institucionalizados que garantam o diálogo e possibilitem
abertura de um canal de interlocução com os gestores de saúde. Por conseguinte, sugere-se a
CIES Macrorregional I como dispositivo para que o preceptor dê visibilidade ao cotidiano de
suas práticas.

3.9 Referências
ANDRADE, F. C. M.; ARAS J. Direito Administrativo: 2º fase. Niterói: Ímpetos, 2012, p.
11- 20.
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria Nº 1.996, de 20 de agosto de
2007. Dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação
Permanente em Saúde. 2007.
______. Portaria Interministerial nº 1.127, de 04 de agosto de 2015. Institui as diretrizes
para a celebração dos Contratos Organizativos de Ação Pública Ensino-Saúde (COAPES),
para o fortalecimento da integração entre ensino, serviços e comunidade no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS), 2015.

47

4 PRODUTO DE INTERVENÇÃO – Desenvolvimento de espaço virtual no site da
FAMED-UFAL-UFAL na perspectiva de garantir e assegurar ao preceptor
visibilidade no processo ensino-aprendizagem junto à academia
4.1 Apresentação
O presente estudo evidenciou que, dentre as fragilidades que permeiam o processo da
gestão da IES, encontra-se a má comunicação entre academia e o serviço. As relações que tais
instâncias construíram ainda se encontram incipientes, por estes não terem sido capazes de
formalizar políticas garantidoras desse vínculo, com clareza de responsabilidades das partes
gestoras, e de definição de direitos ao preceptor. O compromisso atual é frágil, atendendo
apenas a exigências mínimas, formais, de garantia de cenários, insuficientes para direcionar a
formação médica para uma atenção qualificada pelo e para o SUS.
As instituições ainda não foram capazes de construir e assegurar um pacto
colaborativo, compartilhado, com ênfase no apoio à preceptoria. Isso resulta no isolamento do
preceptor, e, por conseguinte, na desistência gradual dessa função, hoje exercida por poucos.
A lei 9394 de 20/12/96, que versa sobre a educação superior, em seu art. 43, do
capítulo I ao IV, prevê dentre tantas finalidades (BRASIL, 1996):
 Estimular o pensamento crítico reflexivo;
 Colaborar na formação contínua;
 Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica;
 Comunicar o saber através do ensino;
 Suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional;
 Estabelecer com a comunidade em geral uma relação de reciprocidade,
desenvolvimento de atividades de extensão.

Esses princípios têm sua importância reconhecida pelos preceptores que participaram
do presente estudo.
Ceccim e Merhy (2009) afirmam que as relações humanas, ao exigirem encontros, em
quaisquer instâncias, requerem um exercício de reconhecimento da alteridade. A construção
de laços possibilita aos seres envolvidos o reconhecimento de si e do outro em suas
singularidades, e, sobretudo, cria a disposição para trilhar o processo de comunicação com

48

base na interação, sem perder de vista a observação de como, onde, de que forma ocorrem
essas relações humanas, compreendendo as infinitas possibilidades de inferências e
interferências micropolíticas que circulam na produção social. Os autores afirmam ainda que a
produção “comum a dois” eleva o nível da relação ao patamar da confiança mútua.
Para Ceccim (2004), a lógica da propositura da construção da interdisciplinaridade
deve compreender a intercessão dos saberes. Ele afirma que, ao vivenciar uma dialética
interdisciplinar, se constrói coletivamente uma consciência voltada a atender às necessidades
e equacionar as questões que emergirem, e se contribui para que fluam as potencialidades.
Esse campo de exercício da alteridade favorece ao processo de transformação dos
profissionais de saúde.
A portaria nº 389, de 23 de março de 2017, do MEC, ao considerar de extrema
importância o estreitamento das relações entre a universidade e o setor produtivo, bem como
de relevância social e científica, define como objetivo do mestrado profissionalizante a
qualificação para o exercício da prática transformadora, capaz de atender às demandas sociais,
organizacionais, profissionais e do mercado de trabalho. Este produto tem como fundamento,
portanto, uma intervenção nos campos da interinstitucionalidade e interdisciplinaridade para
apoiar o elemento mais frágil, ainda, na gestão da integração ensino-serviço (BRASIL, 2017).

4.2 Justificativa
As falas dos preceptores, neste estudo, vêm ratificar a ideia da necessidade de uma
efetiva participação dos atores envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Elas apontam
para processos de mudanças nas suas vivências do exercício da preceptoria, com a perspectiva
de serem reconhecidos com seu potencial e suas fragilidades, e, sobretudo, que se tenha a
compreensão de que a organização do cotidiano do trabalho no SUS possibilita a criação e
recriação dos ambientes como cenários potenciais de aprendizagem.
A aproximação entre os preceptores e a universidade deve ser facilitada para se
ampliar a escuta sobre o exercício da preceptoria, na tentativa de evitar maior evasão e
fortalecer a gestão da IES. Para isso, um canal de comunicação efetivo e permanente deve ser
criado, para distintas finalidades, tais como a identificação de preceptores e cenários, e o
fornecimento direto de instrumentos de avaliação, ementas, e documentos de certificação,
artigos científicos e etc.

49

4.3 Objetivos
 Garantir ao preceptor o reconhecimento como colaborador na formação médica;
 Assegurar um canal de comunicação efetivo e imediato entre o preceptor e a FAMEDUFAL;
 Assegurar o direito a informações científicas das produções de teses que versam sobre
a preceptoria nas UBSF de Maceió;
 Proporcionar um espaço de discussão pedagógica entre os preceptores, docentes e
discentes de forma institucionalizada.

4.4 Meta
Apresentar proposta de criação de um espaço virtual na página da FAMED-UFAL
para garantir espaço ao preceptor dentro da academia e estreitar a relação entre os médicos da
UBSF e os discentes, docentes e gestores do ensino do curso de Medicina.
Foi criada no site da unidade acadêmica uma aba intitulada “Espaço do Preceptor”,
com links voltados para avaliação do preceptor sobre Estágio, Autoavaliação, Avaliação do
Discente, Teses do MPES-UFAL (de 2011 a 2017), Artigos Científicos sobre Preceptoria,
Nomes e Contatos dos Preceptores e UBSF Vinculadas à UFAL.

4.5 Etapas de execução
 Formular memorando à direção da FAMED-UFAL solicitando a inclusão do espaço
virtual no site da FAMED-UFAL;
 Solicitar reunião à coordenação de supervisão de estágio curricular da FAMED-UFAL
para socializar os resultados da pesquisa;
 Apresentar a proposta de intervenção ao responsável pela supervisão de estágios nas
UBSF;
 Formular as adequações sugeridas em diálogo com o responsável pela supervisão de
estágios nas UBSF e encaminhar para apreciação da direção da FAMED-UFAL;
 Solicitar à direção da FAMED-UFAL autorização para implantação do produto de
intervenção da pesquisa;

50

 Alimentar a página com os documentos oficiais necessários para o estágio nas UBSF,
e demais documentos, tais como teses sobre a preceptoria, elaboradas no MPESUFAL entre 2011 e 2017, artigos científicos e etc.

4.6 Cronograma
 29/03/17 – Envio de ofício à direção da FAMED-UFAL e contato com o supervisor
dos estágios nas UBSF;
 30/03/17 – Contato com a responsável pelo setor de informática da FAMED-UFAL
para socializar o caráter e intenção do produto de intervenção;
 Os demais encaminhamentos aguardarão a agenda dos envolvidos com a supervisão
do estágio e setor de informática.

4.7 Resultados esperados
Tem-se a perspectiva de, através do espaço virtual proposto na página da FAMEDUFAL, oportunizar a participação efetiva do preceptor no processo de construção da
integração ensino-serviço no âmbito da academia. Essa participação visa ressignificar o
processo ensino-aprendizagem, o que poderá impactar no exercício da preceptoria, uma vez
que o preceptor terá visibilidade em suas necessidades e fragilidades frente à sua condição de
colaborador da formação médica.

4.8 Considerações finais
A proposta do espaço virtual no site da FAMED-UFAL busca institucionalizar a
participação do preceptor no processo ensino-aprendizagem (aproximando-o da universidade)
e está ancorada nos resultados obtidos com a pesquisa intitulada “O Exercício da Preceptoria
na Estratégia Saúde da Família segundo os Preceptores de um Curso de Graduação em
Medicina”.
Nela, identificaram-se fatores preponderantes que afetam a participação dos
profissionais da rede municipal de saúde de Maceió no exercício da preceptoria. São eles:
estruturação da rede de serviço, necessidade de revisão dos Pactos de gestão entre academia e
serviço, melhoria da relação dos entes envolvidos, reconhecimento do papel do preceptor,
reprogramação da produção do preceptor, visando à diminuição do número de atendimentos,

51

para que esse possa desenvolver ações de cunho teórico-prático junto aos estudantes que
acolhe e orienta no serviço, e viabilidade da criação de incentivo financeiro.
O efetivo exercício da preceptoria necessita de espaços institucionalizados que
possibilitem a interlocução com os gestores da academia. Portanto, sugere-se à FAMEDUFAL que institua em seu site o espaço para dar ao preceptor visibilidade dos documentos e
instrumentos necessários ao ensino, e simultaneamente, para que o preceptor dê visibilidade
ao cotidiano de suas práticas.

4.9 Referências
BRASIL. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Casa Civil. Brasília, DF.
______. Portaria nº 389, de 23 de março de 2017. Dispõe sobre o mestrado e doutorado
profissional no âmbito da pós-graduação stricto sensu. Ministério da Educação. Brasília, DF.
CECCIM, R. B. Educação permanente em saúde: descentralização e disseminação de
capacidade pedagógica na saúde. Rev. Min. Saúde Púb, Belo Horizonte, v. 5, n. 3, p.4-15,
jul. 2004. Semestral.
CECCIM, R. B.; MERHY, E. E. Um agir micropolítico e pedagógico intenso: a humanização
entre laços e perspectivas. Interface (Botucatu). 2009; v. 13. P. 531-542. Disponível
em: https://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832009000500006.

52

5 PRODUTO DE INTERVENÇÃO – Edição de livro: Ensino em saúde na
comunidade: a gestão da integração ensino-serviço e o exercício da preceptoria
5.1 Apresentação
O estudo realizado com médicos preceptores das UBSF de Maceió sobre o exercício
da preceptoria demonstrou a necessidade desses se sentirem partícipes do processo ensinoaprendizagem. Além disso, identificou-se a necessidade de eles serem valorizados e
reconhecidos em seus espaços de trabalho e na academia, podendo partilhar suas dificuldades,
o que requer mudanças significativas na gestão da IES e ações de cunho político-pedagógico.
Como produto de intervenção, para valorizar o trabalho do preceptor, propõe-se a
elaboração de um livro, contendo os textos específicos sobre a gestão da integração ensinoserviço, o preceptor e o exercício da preceptoria, desenvolvidos no Mestrado em Ensino na
Saúde da FAMED-UFAL.
Costa (2007) faz referência à condição da identidade profissional dos que ensinam na
Medicina estar interligada ainda, predominantemente, ao conhecimento técnico e específico
das disciplinas, não à docência. Portanto, a promoção de incentivos para a qualificação
docente deve ser incorporada pela academia na perspectiva do contínuo desenvolvimento
pedagógico.
A publicação de textos científicos sobre um campo ainda pouco estudado poderá servir
de fonte de conhecimento acerca das possíveis micro e macro interferências políticas locais no
processo ensino-aprendizagem, do percurso histórico de implementação da prática de
preceptoria, das fragilidades e dos desafios no presente, e etc.
O MEC, considerando a necessidade de atender às necessidades do mundo dos
serviços e ao sistema produtivo que requer profissionais competentes, institui portaria de nº 7
em 2009, que normatiza o MPES, no âmbito da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento,
de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a fim de oportunizar aos profissionais da saúde,
conhecimentos técnicos e científicos e fomentar o compromisso de serem agentes
colaboradores com a formação dos futuros profissionais (BRASIL, 2009).
A referida portaria prevê, em seu art.7º, capítulo IX, a exigência de um trabalho de
conclusão de curso (TACC) para se concluir o mestrado profissional, e em seu § 3º preconiza
os diferentes formatos que poderão ser apresentados (BRASIL, 2009), a saber:

53

O trabalho de conclusão final do curso poderá ser apresentado em diferentes
formatos, tais como dissertação, revisão sistemática e aprofundada da literatura,
artigo, patente, registros de propriedade intelectual, projetos técnicos, publicações
tecnológicas; desenvolvimento de aplicativos, de materiais didáticos e instrucionais
e de produtos, processos e técnicas; produção de programas de mídia, editoria,
composições, concertos, relatórios finais de pesquisa, softwares, estudos de caso,
relatório técnico com regras de sigilo, manual de operação técnica, protocolo
experimental ou de aplicação em serviços, proposta de intervenção em
procedimentos clínicos ou de serviço pertinente, projeto de aplicação ou adequação
tecnológica, protótipos para desenvolvimento ou produção de instrumentos,
equipamentos e kits, projetos de inovação tecnológica, produção artística; sem
prejuízo de outros formatos, de acordo com a natureza da área e a finalidade do
curso, desde que previamente propostos e aprovados pela CAPES.

Merhy (1998) defende a necessidade de se considerar o contexto atual dos
trabalhadores das UBS, para, a partir daí, produzir-se conhecimento sobre o processo de
trabalho, e divulgá-lo no intuito de que sirva de mola propulsora à reflexão crítica da
realidade e para tomada de consciência transformadora da realidade.
À vista disso, a portaria nº 389, de 23 de março de 2017, do MEC, considera que a
relação entre academia e serviço deve ocorrer com entendimento e sem lacunas. O artigo 2,
capítulo I, visa capacitar profissionais e qualificá-los, com vistas a atender às demandas
sociais, organizacionais e do mercado de trabalho (BRASIL, 2017).
Diante do exposto, a edição das teses vem contribuir com informações ricas, que
poderão servir de recondução na dialética desses preceptores.

5.2 Justificativa
O estudo vem evidenciar o quanto o processo de trabalho na atenção básica no SUS
vem sendo atravessado pela precariedade. Esse rico espaço de formação profissional e de
experiência da expansão da consciência política, coletiva e profissional requer atenção
conjunta e permanente das gestões da IES, no sentido de priorizar o processo ensinoaprendizagem como estratégia de qualificação do trabalho em saúde.

5.3 Objetivos
 Ampliar a divulgação dos conhecimentos específicos sobre a gestão da IES, o
preceptor e o exercício da preceptoria, produzidos do MPES-UFAL;
 Valorizar o trabalho em saúde no SUS como campo estratégico de políticas de
formação.

54

5.4 Meta
 Publicação de livro pela EDUFAL.

5.5 Etapas de execução
 Solicitar à coordenadora do MPES-UFAL pauta em reunião do colegiado a fim de
solicitar a autorização do produto de intervenção da pesquisa;
 Selecionar os textos compatíveis com o tema proposto para o livro;
 Solicitar autorização escrita dos autores para publicação;
 Adequar os textos às regras da EDUFAL;
 Encaminhar à EDUFAL para publicação.

5.6 Cronograma
 Previsão de encaminhamento dos termos de autorização de publicação aos autores –
junho de 2017;
 Revisão dos textos – julho a outubro de 2017;
 Encaminhamento à EDUFAL – novembro de 2017.

5.7 Resultados esperados
 Visibilidade ao exercício da preceptoria na rede de atenção básica de Maceió;
 Ressignificação do trabalho em saúde e do papel do preceptor;
 Fornecer elementos favorecedores à gestão da IES.

5.8 Considerações finais
A propositura do livro mostra-se relevante devido à gama de estudos sobre
preceptoria, fato este que se evidenciou no curso de MPES- UFAL desde sua implantação,

55

como se pode observar em levantamento realizado junto ao site da FAMED, na página da
Pós-graduação em Ensino na Saúde1.
Identificou-se que na turma que iniciou o curso em 2011, a preceptoria alcançou 30%
dos temas pesquisados; em 2012, atingiu 35%; em 2013, chegou a 40%; e, em 2014 até o
presente momento, das teses publicadas 100% versam sobre o tema em discussão.
Ressalte-se que os TACC's que se debruçaram sobre a preceptoria versaram nas mais
diversas especificidades, dentre as quais se pode destacar as seguintes: as pesquisas voltadas à
IES em 2011 alcançaram 50%; educação baseada em competências e habilidades 33,33% e
16,66% versou sobre as práticas e metodologias participativas; em 2012, a IES atingiu
28,57%, avaliação da qualidade da

APS 28,57%, educação permanente 14,28%,

interdisciplinaridade 14,28%, práticas e metodologias participativas 14,28%; já em 2013, as
pesquisas voltadas à IES representaram 28,57%, educação por competência e habilidades
28,57%, avaliação do processo ensino-aprendizagem 28,57%

e educação permanente

14,29%. Os trabalhos de conclusão de curso em 2014 até este ano discutem o tema em
evidência, no entanto, apenas três estão publicados, ficando o processo ensino-aprendizagem
com 33,33%, a interprofissionalidade nos estágios com 33,33% e as práticas pedagógicas e
metodologias ativas realizadas do campo das práticas com 33,33%.
A proposta de edição do livro tem como premissa informar sobre a produção científica
referente à gestão da IES, o preceptor e o exercício da preceptoria na rede de atenção básica
de Maceió. Com isso, pretende-se, junto a outras estratégias em encaminhamento relacionadas a este estudo e a outros em desenvolvimento no MPES - ressignificar o trabalho
em saúde e valorizar o papel do preceptor nessa área.

5.9 Referências
BRASIL. Portaria Normativa nº 7, de 22 de junho de 2009. Dispõe sobre o mestrado
profissional no âmbito da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - CAPES. Diário Oficial da União. 117. Ed. p. 31-32.
______. Portaria nº 389, de 23 de março de 17. Dispõe sobre o mestrado e doutorado
profissional no âmbito da pós-graduação stricto sensu. Ministério da Educação. Brasília, DF.
COSTA, N. M. da S. C. Docência no ensino médico: por que é tão difícil mudar? Rev. Bras.
Educ. Med., Rio de Janeiro, v. 31, n. 1, p.21-30, jan. 2007.
1

Disponível em: http://www.ufal.edu.br/unidadeacademica/famed/pos-graduacao/ensino-na-saude, acesso em:
abril de 2017.

56

MERHY, E. E. O SUS e um dos seus Dilemas: Mudar a Gestão e a Lógica do Processo de
Trabalho em Saúde (um ensaio sobre a micropolítica do trabalho vivo). In: TEIXEIRA, Sonia
F.. Democracia e Saúde. São Paulo: Cebes/lemos, 1998. P. 1-29.

57

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TRABALHO ACADÊMICO

A efetivação da preceptoria é um grande desafio que impulsiona a academia e o
serviço a repensarem sua dialética, sobretudo, exige determinação e disponibilidade dos
gestores em promover o crescimento, aprimoramento e vínculo da relação Universidade e
serviços de saúde. Requerendo assim que gestores, docentes, preceptores, discentes e
comunidade repensem seu papel frente à preceptoria.
A vivência do Mestrado, principalmente o estudo sobre a percepção dos preceptores ao
exercício da preceptoria, oportunizou-me ampliar meus conhecimentos, especificamente
quanto à docência, impulsionando-me a debruçar sobre leituras exaustivas referentes ao tema,
que me fizeram rever as práticas pedagógicas que permeiam os campos dos saberes
vivenciados a partir dos estágios nas UBSF, bem como compreender as interfaces que
norteiam o processo ensino-aprendizagem.
O resultado deste estudo evidenciou, dentre os pontos cruciais da IES, o comprometido
pacto de gestão entre a academia e os serviços de saúde na atenção básica do município de
Maceió, o qual precisa ser redimensionado quanto aos papéis, responsabilidades
compartilhadas, compromisso, mudanças e inovações que fomentem e fortaleçam a
preceptoria.
Almejo que os produtos desta pesquisa possam ir além da socialização e publicização da
percepção dos preceptores sobre a vivência da preceptoria, trazendo, desta feita, como
contribuição a institucionalização da preceptoria com autonomia, pautada na construção do
saber crítico-reflexivo voltado ao SUS, além de incentivar o reconhecimento e valorização
dos preceptores frente ao mister da preceptoria, instrumentalizando-os e capacitando-os
através de ferramentas indutoras de potencialidades técnicas, atitudinais, habilidades e,
sobretudo, condições favoráveis ao exercício duplo de ser profissional de saúde e preceptor.

58

REFERÊNCIAS GERAIS

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62

APÊNDICE A – Imagens complementares
Figura 6- Nuvem de palavras mais recorrentes nas entrevistas com os preceptores

Fonte: Autor (2017)

Figura 7- Análise de similitude entre as classes

Fonte: Autor (2017)

63

Figura 8- Nuvem de palavras-chave na análise das classes

Fonte: Autor (2017)

Figura 9- Parametragem de palavras ativas (1), suplementares (2) e eliminadas da análise (0)

Fonte: Autor (2017)

64

APÊNDICE B – Perfis léxicos
+-+-+-+-+-+-+-+-+
|i|R|a|M|u|T|e|Q|
+-+-+-+-+-+-+-+-+

Number of texts: 118
Number of text segments: 1076
Number of forms: 3672
Number of occurrences: 36993
Número de lemas: 2258
Number of active forms: 1989
Número de formas suplementares: 24
Número de formas ativas com a frequência >= 3: 755
Média das formas por segmento: 34.380112
Number of clusters: 4
915 segments classified on 1076 (85.04%)

###########################
tempo : 0h 0m 11s
###########################

65

APÊNDICE C – Corpus proveniente das entrevistas
**** *suj_1 *per_1
Eu acho que esse momento atual dos estudantes de medicina em relação ao meu tempo
é muito diferente, muito, muito mesmo, porque no meu tempo nós víamos as matérias básicas
e só íamos pra clínica no final, quarto, quinto ano de medicina que a gente começava a ver
alguma coisa, hoje eles já interagem mais, já começam do primeiro, segundo ano a interagir.
**** *suj_1 *per_2 score: 281.33
Eu percebo assim, que em questão, tem que haver uma estruturação melhor, tanto
desrespeita a preparação dos preceptores, né! Como o envolvimento maior da secretaria
municipal de saúde junto à universidade, né! Saber da presença desses alunos no estagio, na
rede e dar condições melhores tanto pra o preceptor como pra o aluno. Pra o preceptor eu vejo
a questão da preparação, né! Porque quando eu fui convidada pra ser preceptora, eu não fiz
nenhum curso pra isso, não foi oferecida nenhuma preparação, curso pra isso. Nunca tinha
sido preceptora, professora, como eles chamam. Não tinha preparo nenhum, a não ser mesmo
pra assistência, então, foi assim, cair um aluno de paraquedas, e você não ter nenhuma
preparação para isso anterior. E a questão de uma melhor estrutura para o aluno, é a questão
de estrutura da unidade mesmo, que muitas vezes recebe aluno numa condição de atender,
porque muitas vezes já é um aluno que já está no final do curso, que já precisa atender só,
com a supervisão, e não tem um lugar pra atender e todas as condições que uma unidade
precisa ter pra assistência e principalmente pra receber o aluno, né! Eu vou falar da
experiência que eu passei. Não ter uma sala para o aluno atender, que eu colocasse o
doutorando, ter que atender comigo, ter que dá conta da mesma quantidade de Pacientes com
ou sem alunos, e se não tinha uma sala pra atender, né! Porque ele tinha que atender, ele tinha
que atender comigo, se eu o deixasse atender só eu não podia atender a mesma quantidade de
Paciente, mas a mim sempre foi exigido à mesma quantidade de Paciente de quem não é
preceptor, de quem não estava ali com os alunos, né! E condições mínimas, mas realmente
faltava. Se eu deixasse o doutorando atender, eu tinha que ficar de pé. O Paciente não ia ficar
de pé, já teve turno deu ficar de amanhã toda em pé, pra poder deixar o aluno sentado pra
atender, isso ai sempre. O supervisor dos estágios vinha pra gente dar relatório, dizer o que
precisava e o que não precisava, mas era só uma coisa mesmo pra constar no papel, porque
nunca houve melhoras, entendeu? Pra não, já que aquela unidade está recebendo, algumas eu

66

sei que recebeu materiais que vinham do pró-saúde. Minha experiência, mas estou falando da
minha experiência.
**** *suj_1 *per_3
É também eu vou falar assim, de forma geral, tem aquelas pessoas que você percebe
que tem um compromisso, mas falando de uma forma geral a sensação que eu tinha é que a
gestão da secretaria, em algumas gestões parecia até que eles nem sabiam que tinha o aluno
ali naquela unidade, entendeu? Ás vezes você ia falar e parecia que tinha gente que nem sabia
que o aluno estava inserido naquela unidade, que existia o estágio, né! E essa questão do
comprometimento de melhorar mesmo as condições do estágio e do preceptor e da unidade,
assim, cada estágio tinha um coordenador, né? Alguns estágios eu não vi o supervisor passar e
outros eram só pra saber se os meninos estão bem. Mas, não havia um aprofundamento, uma
conversa, isso de forma geral. Algumas pessoas não! Mas, de uma forma geral era assim. Sim,
vejo sim, não tinha uma boa integração da gestão. Eu sempre que o aluno chegava à unidade
eu fazia questão de apresentar ao diretor unidade, dizer que ali tinha um aluno, até porque eles
veem com carta de apresentação, mas eu acho que falta muito essa parceria.
**** *suj_1 *per_4
Olhe, houve. Até que a gente depois de alguns anos, a universidade começou a
oferecer um curso pra gente, porque era uma coisa que a gente reclamava muito e eles sabiam
da necessidade, né? Que a gente tinha, de realmente ter uma preparação. E aí, eles, a
FAMED-UFAL, fez, ofereceu, um curso, que a gente ia todas as sextas pela manhã pra lá pra
universidade, mas foi um curso que não foi concluído, porque tiveram alguns desencontros e
dia de sexta inclusive, foi até com os colegas do HGE, que lá também recebe os alunos e só
que não chegou a concluir Eles disseram que iam marcar os encontros, mas não teve, não!
Outra coisa, o que acontece mesmo na relação a esses encontros, o que mostra é a falta de
comunicação entre a secretaria e a universidade. É que, a gente é que tinha que justificar pra
diretora da unidade que aquele horário que a gente estaria lá, pra lá, mas isso não conta pra
produção. Naquele horário não teve atendimento porque a gente estava no curso pra
preceptoria, entendeu? Então, falta muito essa questão de saber que o profissional não está
atendendo, por que é também parte do trabalho.
**** *suj_1 *per_5 score: 181.00
Não sou preceptora, por todas essas coisas que já falei principalmente essa questão de
sala, de não ter onde sentar, de estrutura, entendeu? É a qualidade de atendimento mínimo
também. É. Se houvesse mais, melhor integração da academia com a gestão se fosse uma

67

coisa assim, oficializada, que existe o preceptor em tais unidades, né? De dar as condições
favoráveis para o preceptor, aí eu voltaria. É uma atividade que eu gosto, faço com prazer,
mas vai ficando difícil, você vai cansando. J. K. Mandava dois alunos, aí quando estava um
preceptor de férias, mandava três, aí as últimas duas vezes pra ajudá-lo, eu disse: _ Não, eu só
recebo um, mas depois eu não recebi mais. Eu não falei porque eu esqueci, mas a bolsa é sim
importante também, num é? Eu também, eu acho que não adianta a bolsa sem as outras
condições, mas também eu já recebi bolsa do pró-pet, porque no curso de medicina foi dito
assim: que a gente só ficaria com a bolsa do pró-pet se recebesse os alunos do estágio, da
preceptoria, era como si tivesse fazendo as duas coisas pra receber uma, aí eu desisti também.
Os horários de reunião tinha que ir à reunião da UFAL, gastar meu combustível, sair da
assistência e em nada contava, junto do horário da assistência, aí você tinha que sair, e isso
complicavam, então, ficava difícil, muita gente desistiu. A última proposta, o J. K. Solicitou
que eu recebesse seis alunos e a bolsa de quinhentos reais, pra receber seis alunos do pró-pet,
mais dois da graduação, da preceptoria, eu não quis aí isso me desestimulou.
**** *suj_1 *per_6
Eh, os pontos positivos é claro que existo, eu vejo assim, você recebe o aluno, você é
mais estimulada pra o lado profissional a se atualizar, casos clínicos, e também os alunos
trazem coisas novas, com uma visão diferente, eles trazem também uma proposta deles, de
fazerem um projeto pra mudar qualquer coisa, seja no atendimento, no acolhimento, então,
isso aí é extremamente positivo. O ponto negativo basicamente já falou é, é a questão da
estrutura, a quantidade de Pacientes, a questão da bolsa, o valor dela e a retirada.
**** *suj_1 *per_7 score: 210.32
Eu acho que principalmente a questão de capacitação, de formar uma rede estruturada,
aqueles profissionais da assistência pra ser preceptores, de forma espontânea, que quisessem
participar do processo seletivo, que fossem capacitados, que tivesse toda uma estrutura
organizacional, que as unidades tivessem estrutura, a minha unidade é grande se comparada
com outras, mas a gente é uma unidade de PSF e é uma unidade mista, então, é muito
profissional, aí pra acolher o aluno fica difícil, questão da estrutura da unidade, então, isso
precisa ser melhorado. Então, antes você estrutura, caPACita pra poder colocar um estágio,
porque se começa uma coisa sem ter, geralmente se começa uma coisa sem ter antes
planejado. A gente tem que ter toda essa estrutura, uma rede escola mesmo, uma articulação
melhor, que a gestão e a academia possam funcionar de maneira mais adequada. Acrescentar
que quando o estágio começou, eu acho assim, não houve sequer uma reunião, eu acho que

68

você nem teve na gestão, como você falou que participou, eu lembro que eu e nem os colegas
recebemos uma carta convite, que a partir de data tal nós íamos receber alunos, muitos
colegas questionaram que não queriam, a gente ouviu um boato, que claro, boato é boato, né!
De que se não aceitasse o aluno seria transferido para uma unidade bem longe, aí muitos
aceitaram por isso, e depois quando viram que não seria assim, aí deixaram, eu ainda acolhi
porque era uma coisa que me agradava, né! E continuei acolhendo até onde eu pude. Ali
quando eu vi que não dava mais pra ser daquela forma. Só isso. Primeiro tinha que ter uma
sensibilização, uma preparação pra que houvesse a rede de preceptor, porque se hoje a
universidade tinha uma dificuldade muito grande pra ter o preceptor, porque eu acho que parte
daí, porque se tivesse tido um preparo, a bolsa, tivesse um diferencial pra quem fosse
preceptor, né! Eu acho que não tinha a dificuldade que tem hoje, eu acho que tinha se mantido
o grupo de preceptores. Ainda tem a questão da descontinuidade da gestão, principalmente do
secretario de saúde, quando você está dando alguns passos você para, aí sai com outro que
não sabe nem que aquilo existe. Então, isso também é um fator muito negativo.
**** *suj_2 *per_1
A formação médica tanto quanto a minha época organicista né?! Mas no final da
graduação, eu já tive a oportunidade de ter a inserção de conteúdos que nos faziam enxergar o
processo de saúde e doença, não apenas no terreno do biológico né?! Na realidade, eu já como
estudante de medicina, peguei uma grade que valorizava a saúde coletiva, várias disciplinas
que nos ampliava a olhar para o social, mas ainda a dimensão psíquica e espiritual, eu acho
que ainda faltou e ainda falta muito a avançar. Eu percebo que agora, com essas novas turmas
de medicina apesar de não está no dia a dia da academia, eu estou verificando que já há uma
inserção do estudante nas unidades de saúde e que tem sido enriquecedor pra formação desses
novos estudantes.
**** *suj_2 *per_2 score: 256.90
Eu percebo que eles foram montados, talvez, com certa urgência, e faltou, eu acho, um
planejamento maior por parte do diálogo na construção desses vínculos da universidade com
as unidades e com os profissionais, os preceptores, no caso. Porque eu acho que uma parceria
dessa natureza é uma via de mão dupla, a universidade tem os seus objetivos, mas o serviço
também tem o seu dia a dia estafante, cheio de desafios né?! E nós temos que conciliar os
interesses do saber da academia, com os interesses da população, que sofre, que busca uma
privacidade que nem sempre tem, pelas condições físicas da unidade e eu percebo que o
estudante vem muitas vezes para as unidades e, é enriquecedor a presença do estudante,

69

sempre, eu também fui estudante, e me senti sempre estimulado quando tinha essa
oportunidade, então nós como preceptores, ficamos ao mesmo tempo com a obrigação
Humana de acolher o estudante, mas eu senti uma ausência da universidade no dia a dia dessa
preceptoria. Então, isso desmotivou bastante e eu acho que não somente a mim, mas a outros
colegas também, então não dá pra fazer uma parceria dessa natureza se não houver uma
construção onde a universidade e o serviço sejam pares, tenham ambos voz ativa no que
desejam. Se uma buscar o saber, o saber que nos enriquece cultural, a outra tem o
compromisso do dia a dia de acolher uma população que sofre todas as agruras sociais,
econômicas, e que nem sempre essa população, essas pessoas estão sendo colocadas como
prioridade. A população já está cansada de ser utilizada para objetivos de grupos, de
corporativismos profissionais, então essa população precisa ser atendida e inclusive observada
na sua privacidade também. Então em diversos momentos, as vezes quando estava com o
estudante, as vezes a gente reduzia o número de pessoas na sala, um estudante com um
preceptor, e perguntando sempre ao Paciente se ele autorizava a presença, porque nós não
gostaríamos de ir para um consultório, ser atendido como pessoa, e lá existir uma outra pessoa
que está aprendendo, sem perguntar a nós mesmos como Pacientes se gostaríamos de ter
aquela pessoa lá na sala. Então, eu até não acredito num saber que seja formado dentro de
uma relação que não seja dessa forma, é um saber limitado. É um saber que com a
continuidade nós vamos verificar que ele precisa ampliar seus horizontes. Existem até
conteúdos de pesquisas, a gente sabe que a gente já viveu diversas verdades ao longo da
história né?! O que era verdade hoje, daqui a 10 anos, ou 50 anos, ou 20, no máximo algumas
décadas depois deixa de ser verdade. Então, essa população é um sujeito de direitos e deveres,
essas pessoas, e elas tem também um saber, não é um saber acadêmico oficial, mas é um saber
também e precisa ser entendido, valorizado e a gente aqui no serviço está sempre aprendendo
com essa população também, está dispondo a ela um tipo de saber que a gente adquire, mas
também está apendendo e construindo também a nossa bagagem. Então eu percebo que faltou
isso. Eu percebo muitas vezes que para se construir uma relação efetiva, não somente
buscar_se ouvir a preceptoria, no caso digo, nós e a universidade também, mas também o
usuário. Eu acho que seria enriquecedor isso.
**** *suj_2 *per_3 score: 341.89
Eu vejo, como uma grande responsabilidade dos poderes tanto, principal o federal, e
acho que nesse aspecto nós vivemos um momento desafiador. Porque, assim, nós estamos
enfrentando muitas carências, eu acho que falta nessa relação da gestão com o serviço uma

70

comunicação efetiva. Acho que é o grande desafio, talvez não só na saúde, mas no âmbito
geral é nós nos comunicarmos, os nossos anseios são muito tardiamente percebidos pela
gestão e também as construções de planejamento da gestão são muito tardias a chegada aqui.
Há uma distância que nos separa que eu acho que não é só geográfica, é uma distância na
comunicação mesmo, e nós estamos todos eu acho que precisando enfrentar esses desafios,
porque nós estamos na era da informática, mas eu percebo que também é um desafio por parte
tanto da gestão como do profissional porque nós temos muitas coisas que são online né? E por
falta dessa parceria, desse diálogo, dessa comunicação, desse entendimento, surge a
inoperância, a inoperância da gestão, a inoperância do serviço, a inoperância surge dessas
questões, mas ao mesmo tempo nós temos muitas coisas acontecendo de forma positiva, eu
acho que assim, eu não poderia falar muito de gestão porque não é meu dia a dia mas tem
muita coisa acontecendo de positivo na área da academia, na área do serviço, mas nós estamos
muito dispersos, não temos assim, essa capacidade de estreitar esses laços. Então eu acho que
se nós tivermos a gestão, eu toquei nesse aspecto com relação a preceptoria e universidade
então mais uma eu to tocando nesse aspecto com relação a gestão, eu acho que o grande
desafio hoje é essa questão da comunicação, da tão falada rede, que nos sempre falamos nela,
já se pensava, era muito refletida por diversos teóricos, mas que o grande desafio é fazer
funcionar. Então acho que aí entra essa outra parte de recursos econômicos, destinação com o
uso do dinheiro público. A ética com o uso dos recursos dos insumos, que é uma crise que
extrapola as fronteiras da saúde, mas também que nos convida a uma nova forma de
construção, eu acredito muito, a gente já passou por diversas fases, mas eu acredito muito no
nosso contexto local aqui na nossa região de Maceió, e pensando no nosso trabalho, mas
também maior até, nós estamos vivendo um momento muito rico de reconstruir o nosso
comportamento em relação a isso. Porque eu percebo também que esses desvios, esses
desmandos que ocorrem a nível político, tanto na gestão ligado a saúde quanto num nível
maior, reflete também uma inoperância social, a gente está sempre buscando um culpado
sobre em quem depositamos nosso voto, e nós precisamos de alguma forma buscar
responsabilidades e algumas que perpassam por nós mesmo enquanto sujeitos ocupando
funções específicas tão belas como na área de saúde. Eu acho que nós podemos, assim,
exemplificar através das situações que nós estamos vivendo nessas últimas gestões, agora, por
exemplo, nós tivemos recentemente uma gestão técnica, uma gestão técnica que de alguma
forma, recentemente, que buscou em alguns aspectos uma certa moralização em algumas
questões né, faltou talvez assim um pouco mais de diálogo né, mas imediatamente depois nós
tivemos uma outra mudança e veio uma gestão mais política né, e nessa gestão política, nós

71

estamos vivendo aí um empasse do diálogo mesmo. Então nós temos, por exemplo, situações
como reforma de unidade pendente, onde se fora, ao que se tem notícia, repassado uma verba
para uma reforma da unidade né. E nós que tivemos que sair de uma unidade para que ela
fosse reformada, e nós estamos num espaço inadequado pra tocar o serviço e essa reforma não
ocorria. Então, eu acredito que perpassa por tudo isso e perpassa também pela questão assim
de se colocar nos postos principalmente da saúde, pessoas onde se há uma convergência tanto
do ponto de vista daquilo que nós conversamos sobre a lisura, da ética e da moral como
também a competência pra estar naquela função, né?! Então eu acho que isso muitas vezes,
em muitos aspectos, a nível tanto da gestão municipal, eu não tenho, assim, condições de
fazer uma análise mais profunda porque não é o meu dia a dia né?! Não vivencio assim a
gestão, mas vivencio o profissional que está vivenciando as consequências né, então a gente
vê que falta essa preocupação por parte daquele que\...\ Tanto aquele que nomeia quem vai
ocupar determinadas funções, eu acho até que existem questões que, por exemplo, que às
vezes o gestor maior nem fica sabendo né?! O gestor maior municipal, digamos assim,
botando nesse contexto. Então são questões que, e são tão \...\ É tão difícil, você conseguir um
espaço de escuta no nível da gestão, que às vezes coisas pequenas poderiam ser solucionadas
e não são, e acaba a crise aumentando. E outra questão é a falta de continuidade das coisas,
então a gente precisaria amadurecer enquanto instituições né?! Ou seja, o serviço né.
Principalmente, a gestão municipal e federal, pra que, assim, nós precisamos amadurecer até
enquanto sociedade pra que o que a gente vá construindo independa de quem esteja lá né,
agora desde que sejam coisas efetivas e não por interesses. Não sejam políticas partidárias,
sejam políticas sociais. Sejam coisas efetivas. Então a gente começa a construir algo e depois
aquilo ali já desmorona! Olha eu\...\ Em primeiro lugar\...\ Eu, assim, em primeiro lugar eu
vejo com muito respeito né, a gestão federal na educação né, e principalmente na saúde, vejo
com muito respeito. Fui oriundo de escola pública né, no ensino fundamental e na própria
universidade, então tenho muito respeito e muita gratidão não é. Só que nós temos visto que,
aquilo que se é\...\ Se vivencia na época de estudante né, poderia ser enriquecido né, quando
você verifica o quê que aconteceu com aqueles que passaram pela universidade né, o quê que
está acontecendo né. Então assim, eu acho até que um momento como esse é rico nesse
sentido, porque, no presente quando você me traz as notícias da universidade a gente sente
aquela saudade né, daquele período rico né. Que a universidade é um\...\ está sempre em
transformação né, a gente percebe isso, ela está sempre em evolução, uma transformação né.
E essa transformação vai se dá com o que fizermos dela, enquanto\...\ Principalmente aqueles
que estão vivendo o dia a dia da universidade né. Então a gente vê a evolução, a gente que

72

está fora da universidade hoje, assim, não está diretamente ligado, a gente vê uma evolução na
universidade né, apesar de todas as agruras e todas as crises do ponto de vista material né, na
gestão, na universidade\...\. Mas a gente vê uma evolução do serviço, de quem está lá, de
quem está se aprimorando, essa preocupação\...\. Então a gente está vendo essa evolução né?!
Se ela vai num ritmo lento ou não, não caberia a mim aqui dizer né, assim\...\. Mas, eu acho
que, uma das questões muito enriquecedoras eu acho que é essa parceria né, do contato
justamente da universidade extrapolar essa questão dos muros né, dela se aproximar do sujeito
de fato né?! Dela\...\. Eu acho que a inserção do estudante na atenção primárias, nos serviços,
nas unidades de saúde da família, isso é bastante enriquecedor né, agora desde que ocorra
realmente essa construção né?! Porque às vezes, parecia ser, como se fosse assim: Olhe, toca
o serviço lá pra gente, o serviço de ensino\...\, não pode ser assim né?! Como também, nós
encontramos profissionais e professores na universidade muito comprometidos né?! Que as
vezes, sempre que buscados, sempre que\...\. Eles, de alguma forma, abrem_se a nos
instrumentalizar, a apontar caminhos, a mostrar onde a gente pode, digamos assim, enriquecer
uma fonte de pesquisa e tudo, e se disponibiliza pra isso. Mas essa questão precisar ser muito
mais bem construída pra que o estudante ele se sinta realmente acolhido, e não se sinta assim
né, digamos assim: joga pra lá_ joga pra cá né, acho que é\...\ Porque aí tem o estudante de
um lado e tem justamente a população também não é, que já tem assim, as suas demandas, as
suas necessidades. E as vezes eu me preocupo com isso, porque assim, ao mesmo tempo que é
enriquecedor pro estudante, é enriquecedor pro profissional estar ali juntos na unidade, mas eu
fico meio preocupado as vezes pra que a população, o usuário, ele não se sinta, como se fosse
assim, como se ele estivesse em segundo plano né?! Até mesmo quando a gente diz assim:
Vamos reduzir o número de atendimentos pra esse usuário, pra que o preceptor fique atrelado
a uma possibilidade maior de estudar, de pesquisar\...\, o que é sensato! Mas até isso tem que
ser pensado, pra que a gente também não penalize esse usuário, essa população que está
né\...\. Que, no final das contas, existe também toda uma construção de um saber,
efetivamente enriquecedor, quando se escuta as pessoas. Porque se não, nós vamos ter sempre
um faz de conta! Porque o adoecimento né, por aspectos, por exemplo, vamos dar um
exemplo, os aspectos nas infecções, nas dst’s, os dramas da saúde psíquica, emocional, saúde
mental né, os impactos da vida precária social, na saúde das pessoas, a violência, o contexto ai
da dependência química, comunidades periféricas vivendo sob situações de violência, então,
isso é um desafio muito grande, isso é todo um arsenal de possibilidades que a universidade
pode ajudar a aliviar né, somando forças com o serviço com a gestão né, e que muitas vezes a
gente fica as vezes assim, esbarrando com acomodações, tanto acomodações nossas né, no

73

serviço, acomodações as vezes quando se quer pesquisar coisas superficiais né, coisas que não
traz um impacto, não traz um\...\. Então a gente tem que refletir tudo isso porque é desperdício
de tempo, desperdício de energia, desperdício de dinheiro né?! Então eu acho que a gente
pode somar forças porque na realidade a dor graça no solo, no dorso das pessoas.
**** *suj_2 *per_4
É de uma importância grande né, uma importância grande, é bonito né?! A gente se
emociona quando a gente fala de universidade né?! Universidade chega a ser, o próprio termo,
bastante enriquecedor, universo, universidade! Mas, a gente vê que não somente a
universidade como o nosso sistema único de saúde, nós temos conquistado muito do ponto de
vista teórico de idealizações né?! Nós já sabemos o caminho, nós já sabemos mais ou menos o
caminho assim, mas só falta percorrer, adentrar_se, e dar as passadas nesse caminho. Eu acho
que isso não é só na universidade né, é nas instituições como um todo. Mas na universidade,
especificamente, nós temos, assim, potenciais enormes, quantas pessoas ali estão com a sua
vivência, com o seu saber. Também angustiadas talvez por suas lutas, por suas né\...\
Professores, funcionários, estudantes, pesquisadores, e esse povo todo traz, assim, uma
contribuição enorme né?! E aí que diz que muitas vezes a inanição da motivação, por não
estarmos integrados né, por não estarmos buscando essa integração. Então a universidade, ela,
tanto do ponto de vista de buscar o objetivo dela própria enquanto construção do saber,
quanto do ponto de vista de oferecer aquilo que ela tem construído. Então é uma via de mão
dupla né?! Realmente são possibilidades gigantescas, agora, a gente precisa fazer isso com
planejamento, com serenidade, com cautela né, porque se não, se torna, assim, algo que não se
SUStenta né?! Então a gratidão é muito grande, eu mesmo digo isso, assim, eu sou muito
grato aos meus professores da universidade, tem alguns que marcam mais a vida da gente né,
e eu também acho que esse trabalho que vocês estão fazendo aí, é um trabalho, assim, muito
importante sabe?! Eu acho que, carecemos dessa forma de abordagem qualitativa, de análise
de discursos. É algo que está me mostrando até uma esperança nessas novas formas de buscar
o conhecimento, porque até então a gente vivia aquele engessamento né, e a gente tem aqui
uma análise de discurso. Então eu acho que isso é enriquecedor né, acho que amplia muitos
horizontes, as metodologias, até o paradigma né, ampliando o paradigma da universidade de
conhecimento.
**** *suj_2 *per_5
Não, eu não sou mais preceptor. É um desafio muito grande, estar hoje sentindo,
assim, aquele ideal que a gente tem na atenção primário, no caso, especificamente, na
medicina de família e comunidade, tenho essa formação de médico de família e comunidade,

74

e o leque de atividades é muito grande. A gente percorre a saúde aí do idoso, da criança, as
gestantes, o pré-natal, ao mesmo tempo a gente vê a presença e a importância das atividades
ligadas a preceptoria, e eu aprendi um ditado que diz assim: Quem abraça demais as vezes é
difícil de apertar, ou seja, eu gosto das coisas assim, eu tenho esse compromisso de tentar
fazer as coisas, assim, com qualidade, não adianta eu abraçar muita coisa e não poder dar
conta. Então\...\. E assim, na preceptoria, nós tivemos a oportunidade de exercitá_la tanto com
a UFAL, de uma forma não, digamos assim, era pet não era pró-saúde ainda, não tinha
incentivo do ponto de vista financeiro, existia alguns momentos de reunião, onde havia toda
uma discussão onde se buscava essa instrumentalização do apoio, a nível de, capacitação.
Mas, nós tivemos poucos encontros e foi muito curta essa minha experiência no pró-saúde.
Mas, digamos assim, eu também fico\...\. É um pouco difícil narrar algumas coisas porque já
vai lá há algum tempo, então estou tentando aqui fazer um exercício de memorização. Agora
tivemos outra experiência depois com o pet, ligado a UNCISAL, eu senti que nessa fase já
teve uma estruturação maior, havia uma periodicidade maior de reuniões, havia uma proposta
já delineada no pet, mas também eu acho que é o desenho do pró-saúde e o desenho do pet, eu
acho que são um pouco né, talvez seja isso. Já existia, digamos assim, uma temática pra
realização de pesquisas com os estudantes, a gente já tinha uma linha pra seguir. E existia um
incentivo pra o preceptor, nessa época do pet existia, mas, também não sei se eu passei um
ano no pet, eu acho que deve ter sido isso, um ano ou mais, não sei se chegou a dois anos no
pet, e aí depois, assim, não deu mais pra ficar justamente por isso, era um pouco desafiador
pra mim, porque o pet, quando eu estava no pet pela UNCISAL, inicialmente trabalhava em
guaxuma, então os estudantes tinham mais facilidade de chegar na unidade, hoje eu estou
numa unidade muito longe da UNCISAL, então ficava muito distante também ficou inviável e
isso tudo fez com que a gente não desse continuidade né?! Eu, realmente, pedi pra sair da
preceptoria a essa época. Eu acho que, o que faria seria se a gente tivesse, realmente, assim,
uma efetiva parceria, com coisas muito bem definidas, já pra gente, assim, com o que a gente
quer, as metas que a gente quer alcançar, acho que talvez isso possas me fazer\...\ Porque é
muito gratificante pra gente receber o estudante, eu fui estudante e eu sinto que essa parceria é
muito rica, o estudante traz muita contribuição pra gente, sabe?! Mas, assim, a gente está
vivendo um momento, assim, de precariedade de condições físicas de trabalho, de insumos, e
ao mesmo tempo isso é enriquecedor, a gente se preocupa porque na verdade é necessário
uma habilidade muito grande pra você conciliar as necessidades da urgência do serviço e das
necessidades do usuário, e ao mesmo tempo poder dar a devida atenção, a esse que precisa
dessa atenção que é o estudante também. A gente se vê\...\ A minha dificuldade maior era

75

isso, que eu me via dividido né, o tempo todo. PSF precisa ser efetivado, assim, com maior,
com um olhar mais compassivo, mais generoso por parte dos gestores, porque nós temos um
diferencial que é a presença do agente de saúde, todo um potencial, mas, assim, a gente está
vendo um sucateamento, uma descrença nessa estratégia, que mesmo capenga, tem dado
provas de que é uma conquista extraordinária na saúde, porque a estratégia saúde da família,
ela está saindo da adolescência agora, se nós pensarmos em 2004, em1994, então nós estamos
saindo da adolescência, então tem muita coisa a ser construída, mas aí, se perdeu muito né,
assim, os gestores atualmente né, tão optando por outros modelos. Uma restrição de gastos é o
que eles alegam né, mas a gente vê que, onde existe a unidade saúde da família, mesmo que
não funcionando a contento, nós conseguimos trazer benefícios pra todos os indicadores de
saúde, existentes ali. A diminuição da mortalidade, a melhoria né, o controle das morbidades,
então a gente sabe que, imagine quando essa estratégia saúde da família funcionar a contento.
Então, hoje a gente vivencia esse desafio. Você está aqui me entrevistando aqui num espaço
cedido pra nós, porque a nossa unidade está lá fechada, pra se fazer uma reforma que não
ocorrera, e a unidade está correndo risco até de ser deteriorada né?! Hoje, nós já temos lá os
muros pichados, não sabemos se o que nós tínhamos, mesmo precário, nós vamos encontrar
quando voltar se não tiver essa reforma urgentemente. Então, como é que a gente vai receber
o estudante numa condição dessas? Então, assim, pra que a gente possa, realmente, receber o
estudante, a gente precisa de alguma forma de ter o mínimo necessário pra fazer a estratégia
saúde da família, é lógico que a gente também verifica que em determinados instantes o
estudante veio, e presenciou e participou junto com a gente inclusive nas situações de
dificuldade e aprendeu também com isso, e acrescentou com isso também, serviu pra nós e
serviu pra eles.
**** *suj_2 *per_6
Ela foi enriquecedora, ela foi enriquecedora, não é? Nessa relação à gente se sentiu útil
em poder ajudar na formação desses jovens, sentimos um pouquinho o gosto dessa atividade
nobre né, de poder ajudar, estimular e trocar, passar um pouquinho do que a gente aprendeu
isso foi enriquecedor. Uma questão também que eu acho interessante, foi sentir, na realidade,
aquilo que, provavelmente, aqueles médicos, aqueles profissionais que eu pude também um
pouco acompanhar quando estudante sentia, e algumas vezes eu me recordava doutora L.,
saudosa L., que teve uma vivencia muito grande na condução dos casos de hipertensão e
diabetes no PAM Salgadinho, uma pessoa que eu fiquei alguns meses com ela e tive um
aprendizado que, assim, uma coisa muito grande. E foi uma coisa que me motivou a não dizer
não ao estudante. Porque eu tive alguém que na época de estudante me acolheu também, então

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eu não podia dizer não. Às vezes eu estava sobrecarregado né, com alguma coisa, mas
ajudava o estudante e aí a gente conversava com o estudante pronto pra acolher, até
lembrando com gratidão essa pessoa que, eu percebi que, em alguns momentos ela estava né,
e ela me acolheu muito bem lá no PAM Salgadinho, então é muito enriquecedor. E também
essa relação nos traz aprendizado, a princípio nós temos maior conhecimento no que nós
estamos fazendo né, do que o estudante, mas, o estudante traz pra gente uma possibilidade, até
com a sua pergunta, a sua pergunta é algo enriquecedor, porque quando o estudante pergunta
algo, ele faz com que a gente revisite o que a gente sabe e cheque se é aquilo mesmo e amplie,
então acho que isso é muito rico, agora em cima de tudo isso tem um tempo limitado, tem
uma pessoa que está doente né, e isso tudo é muito desafiador pra gente, então por isso, que
eu falo o seguinte, é algo extremamente enriquecedor, agora precisa ser feito com maior
planejamento né, e não a toque de caixa, e quando eu falo toque de caixa, não estou fazendo
nenhuma queixa, assim, específica não, porque eu admiro muito aquelas pessoas da
universidade que foram os coordenadores, tanto do pró-saúde, do pet. A S., saudosa S., a R.
V., uma pessoa que tem uma serenidade Humana muito grande, foram pessoas que eu me
lembro de agora, assim, na época do pró-saúde. E como também no pet foi muito
enriquecedor, meu Deus, eu não posso esquecer o primeiro nome dela\...\ S., S. S. L. da
UNCISAL, e a UNCISAL, assim, há algo que achei muito interessante, eu tenho uma gratidão
enorme a UFAL, eu vim de lá da UFAL, né! Tenho uma gratidão enorme a UFAL, e tive a
oportunidade de receber esses estudantes e ter esmero no lidar com eles, em gratidão aquilo
que eu recebi na Universidade Federal de Alagoas, inclusive do professor que lhe coordena
né, F. P., foi uma pessoa que sempre teve um olhar a frente. Então, a gente recebia esses
estudantes e lembrávamos-nos disso, dessa parceria, de onde viemos. E a UNCISAL, eu não
tive a oportunidade de estudar na UNCISAL, a não ser depois, que fiz especialização lá, fiz
duas grandes especializações lá, então tenho uma gratidão enorme, porque fui estudante
também na UNCISAL, na especialização em saúde da família, pelo polo de saúde na família e
na especialização de geriatria e gerontologia que eu fiz na UNCISAL. Então, a graduação na
UFAL e as duas especializações na UNCISAL. Então, na UNCISAL, nós tivemos a
oportunidade de ver uma coisa que me deixou muito feliz que é um polo de saúde da família,
e todo um saber, e gerações que foram formadas e preparadas ali, é uma coisa muito
enriquecedora e eles têm um know how nessa área. A S. e sua equipe tem um know how
muito grande nessa área. Então, assim, é algo muito enriquecedor falando de estratégia saúde
da família, e é algo que surgiu, historicamente, há algumas décadas, não é Helga, eu acho que
você sabe. Lá pra trás, então, assim, são poucos polos que existem, eu soube até e fiquei

77

muito entristecido que parece que iria acabar. Eu não sei, mas espero que não tenha ocorrido
isso. Mas assim, algo muito enriquecedor aquilo ali viu, então assim, a minha experiência, a
minha vivência na preceptoria foi uma vivência muito rica, agora, nós hoje em dia,
vivenciamos essas situações que nos fazem, um tanto quanto receosos de hoje, na estrutura
que nós estamos, mas, eu acho que isso tudo é transitório e o estudante, volta e meio, ele está
permeando as unidades, seja na relação direta de preceptor ou não, a gente está sempre
encontrando o estudante na universidade hoje. Tanto os estudantes da universidade pública
quanto os estudantes das faculdades particulares, a gente está sempre em contato com eles.
**** *suj_2 *per_7
Olha, eu acho, eu acredito que a gente pode melhorar, assim, se a gente continuar
acreditando nos nossos ideais, nossos sonhos, e tiver a Paciência de reconstruir quantas vezes
se façam necessárias, eu acho que, vai ter sempre, sempre a gente vai está diante de desafios,
vamos ter sempre dificuldades, mas, eu acredito assim, que quando a coisa construída, quer
dizer, o êxito de qualquer empreendimento se dá no seu nascedouro né, eu tenho visto na
universidade, pessoas que nessa relação da preceptoria, no serviço, tanto pessoas que tem uma
habilidade muito grande pra se construir pra se planejar, como aquelas que tem uma
habilidade muito grande pra executar, acho que é uma tarefa feita\\...\ \Acho que é um desafio
feito em várias mãos, em várias instâncias. Então, assim, é algo que requer uma construção
coletiva, e construção coletiva pra gente é algo novo, nós enquanto nação brasileira
começamos agora a ter uma participação popular, então é algo embrionário, isso se reflete em
todas as instituições que nos fazemos, nós ainda temos muito que aprender nesse sentindo a
sentar, conversar, e construir de forma que não fique aquela conversa, assim, sem objetivo e
muito né?! Que se estabelecessem as metas que se buscam, e que nesse processo de
caminhada a gente vai ver a flexibilização né, e a redescoberta diante de tudo aquilo que a
gente viu. Então eu acredito que pessoas como você né, pessoas como F. P., pessoas que tem
uma visão diferenciada, estudantes, a participação do estudante, do centro acadêmico. Temos
H., várias pessoas, assim, que são arquivos, assim, de muita sabedoria, por exemplo, nós
temos aqui colegas\...\ Eu trabalho com a doutora N., tem uma experiência vasta nesse aspecto
né?! A J, M., a L., doutor A. V., então, temos figuras aí extraordinárias assim, K, eu estou
falando mais, assim, dos colegas médicos, mas temos expoentes extraordinários na área de
enfermagem, na área né?! E eu acho que, uma coisa que eu sonho também, é que a própria
atenção à saúde da família pudesse ter, assim, uma exceção de outros profissionais né, esse é
um sonho também. A gente não dá conta de tudo só. A psicologia faz muita falta, a nutrição,
muita falta, nós temos ainda, uma construção de práticas centradas na medicação né, e isso

78

agrada uns e desagradam outros né?! Porque por exemplo à prevenção, pra ser trabalhada, eu
irei falar de controle pressórico, controle glicêmico, é preciso se ter algo que perpasse o
tratamento que seja de estilo de vida né?! E a gente fica centrada muitas vezes no fármaco né,
isso de alguma forma é falar: Não, não é\...\ Isso na realidade não é o interesse maior. O
fármaco é muito importante, mas, assim, a gente precisa de saber o que a gente vai abordar e
como sensibilizar essa pessoa, para que ela possa se empoderar e ela mesma cuidar de si, e
não a gente, parecendo um super-herói né, com uma varinha mágica né, oferecendo o que a
gente não pode oferecer, porque nós somos facilitadores. Eu acredito muito no profissional de
saúde, seja médico, enfermeiro, tudo, como um facilitador, como um educador em saúde, que
o UNICEF nos disse que se tivermos uma das coisas, uma noção em saúde, somente uma para
oferecer, se tivéssemos só uma que tivéssemos que escolher, deveria ser a educação em saúde.
É um grande desafio a parceria da educação e da universidade com o serviço. É um grande
desafio e é uma grande necessidade, agora, dentro dessa perspectiva, do educar empoderar
aquele que merece o nosso respeito, que financiou o meu saber, talvez o seu saber, que é a
população, que paga os seus impostos, nos quais também estamos inseridos, mas temos o
compromisso grandioso com esse usuário. Essa pessoa é cidadão, que esta com a necessidade
de que nós enxerguemos o potencial, não só a doença, mas temos muitas vezes, políticas ou
programas centrados na doença, e não na saúde. Então, assim, protocolos, por exemplo, eu
gosto muito quando o programa vem assim: Saúde do homem, Saúde da mulher, Saúde da
criança, do que propriamente hiperdia, duas doenças que ganha o título de um programa né,
hipertensão e diabetes. Então, assim, eu acredito muito\...\ Teve um dia que nós estávamos
conversando com um usuário, foi o depoimento de uma enfermeira que está na universidade
hoje, ela fez uma sala de espera aqui, e o próprio usuário disse: Porque vocês falam tanto de
doença? Porque vocês falam tanto se isso aqui é uma unidade de saúde? É uma unidade de
saúde e vocês falam tanto de doença. Então, assim, é promover e prevenir né, e a gente só faz
isso empoderando a pessoa para que ela possa se cuidar. Então, um grande desafio, que está
posto e uma grande perspectiva aí, e acredito que nunca deixei de acreditar, e sou muito grato
a Deus, aos meus pais, e aos professores, todos eles, aos meus colegas de trabalho, aos
usuários, por essa oportunidade tão grandiosa que eu tenho de estar trabalhando na saúde. E
acredito perfeitamente no potencial que a gente tem, eu acho que nada, nenhuma crise é maior
que todo potencial e toda riqueza que nós temos no nosso contexto aqui nessa cidade, nesse
Estado tão belo, eu sou tão grato. Eu sou baiano, mas eu brinco dizendo que eu sou alabaiano, casei com uma alagoana e hoje eu tenho uma gratidão enorme, sabe, assim, por esse
Estado que nos acolhe, esse Estado sofrido, do ponto de vista das agruras, mas de tantas

79

belezas, de tanto potencial. Tem pessoas aí, que há na comunidade, que às vezes eu começo a
abordar na consulta né, e de repente eu paro e fico escutando, porque são verdadeiros\\...\ \
São pessoas sábias, que tem uma sabedoria, lógico que têm determinadas limitações que a
gente pode de alguma forma ali está oferecendo o nosso conhecimento, a nossa abordagem
terapêutica, para que elas possam ser socorridas, mas, elas também nós oferecem um saber
muito grande. Então, assim, eu agradeço, assim, essa oportunidade que você me deu, de está
conversando e que a gente possa ter sempre esse canal aberto de diálogo, de conversa.
**** *suj_3 *per_1
Eu acho que melhorou com relação à minha época, porque a gente não tinha a
obrigatoriedade (o dever), que tem hoje, de ficar no HGE. Também, a gente teve estágio rural,
mas o que eu estou dizendo é que agora faz parte, antes a gente ou fazia voluntário, ou fazia
aquela prova para ser admitido no HGE\...\ Eu acho que essa parte prática melhorou, tem que
ficar dois meses, além de ter o estágio no HU. Essa visão de especialista já tinha desde a
época em que fazia faculdade, o pessoal já vai\...\ Terminando o ano já tinha essa visão de ser
especialista, aí às vezes não se liga muito em outras matérias, porque aí já vai\...\ quer fazer
oftalmologia, aí não dá muito valor às outras, aí ainda na faculdade fazem isso.
**** *suj_3 *per_2 score: 213.27
Hoje a prática está melhor. Acho que a formação médica está mais construtiva, depois
desses anos com os estágios no PSF também. A preocupação da universidade, tanto nas
assistências médicas como na UFAL em ter esses estágios em postos de saúde, no PSF pra
gente ter até uma visão melhor, como é atenção básica, antes não tinha essa preocupação, a
gente ficava só nos ambulatórios do HU, só na especialidade e tudo mais, e agora os alunos
estão despertando. Pelo menos os que me acompanham, veem que é complexo, a gente está
aqui na atenção básica. Não só são aquelas besteirinhas de verminoses\...\ assim, eles têm uma
melhor noção das dificuldades. O que eu acho\...\ o que vejo é que, por ser obrigatório, têm
que fazer aquele estágio, uns não se entregam já outros, sim.
**** *suj_3 *per_3
Nenhum. Eu nem sei se vem alguma verba para isso, mas nunca vieram aqui vê
acadêmicos e doutorandos nesses anos para dar uma melhor orientação ao aluno, atendam
doze por turno, para ter um melhor aprendizado ou está faltando algum equipamento? Nunca;
nunca ninguém veio aqui falar com diretor para o diretor me dizer. Os alunos veem com uma
ficha de apresentação, que acho que é o J. K. Que entrega, aí entrego ao diretor. Mas o diretor
não sabe se vai ter aluno ou se não vai ter, não tem nenhuma ligação com a Secretaria

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Municipal de Saúde; é só via universidade pelo J. K, que foi atrás de médicos que quisessem
ficar com alunos, e ele fica quase mendigando para que os colegas queiram ficar com alunos,
né? Também tem a remuneração, que a mais de ano a gente não recebe um real. Nunca recebi
para ir para um congresso. Teve colegas que ainda conseguiram depois de muita insistência
para fazer o Congresso de Saúde da Família. Mas nunca ninguém veio atrás para oferecer.
Olhe, vá lá para tal congresso, já está tudo certo, nem por parte da secretaria, nem por parte da
Universidade Federal. Nunca, nunca recebi. Teve um tempo atrás que a gente recebeu uma
bolsa, mas era do pet, não teve nada a ver com os alunos que vêm. Aí eu ficava tanto com
alunos que estavam no pet, como com alunos que estavam fazendo estágio obrigatório no
PSF. Aí eu ficava com dois tipos de alunos.
**** *suj_3 *per_4
Eu não vejo, eu não vejo nada não. Teve um tempo atrás que ofereceram um curso que
era dia de sexta-feira, para os preceptores, mas não pude acompanhar. Então realmente não
tem estímulo nenhum.
**** *suj_3 *per_5 score: 160.65
Por causa da ausência de estímulos financeiros, de atualizações; porque ali o aluno
cobra da gente, aí a gente tem que está\...\ né? Tem que ter um tempo\...\ Quando faço
ambulatório são 16 atendimentos, e quando vem realmente as 16 pessoas, sobra pouco tempo
para dar atenção aos estudantes. E eles estão começando agora aqui, praticamente do zero. Eu
já conheço os Pacientes, eles não. Tem que ver os prontuários\...\ e essas coisas acabam
levando muito tempo. E por aqui os Pacientes apresentam queixas múltiplas, então temos que
fazer um exame completo. Isso dificulta sim, temos que apressar muitas vezes, porque se não,
não dá tempo.
Estou na preceptoria atualmente acho que pelo apelo do amigo, do J. Ele disse que a
maioria dos médicos estava saindo e que estavam precisando, aí eu fui me mantendo, mas é
como eu falei, essa é a última equipe que eu fico; ficarei até junho com três meninas. Depois
não continuarei. Para retornar ao exercício da preceptoria, atualmente, teria que mudar muita
coisa. Um maior apoio da Secretaria Municipal, a questão de a gente poder ter uma bolsa,
e\...\Uma melhora nas condições de trabalho. Tudo, tudo, tudo. Os exames que a gente pede
levarem o tempo certo, e não ficar esperando um ano pelo exame. O especialista, ou mais até.
**** *suj_3 *per_6 score: 230.96

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O desafio é isso, a gente quer ter condições de mostrar aos alunos aquilo que a gente
pode fazer. Porque, tipo, aqui é atenção básica, aí vem uma mulher, saúde da mulher, a gente
pede citologia, pede mamografia, pede os exames básicos de rotina; aí os alunos não veem o
retorno, pois ficam aqui dois meses; aí atendem uma mulher e não veem o resultado de uma
citologia. E pior é com outros exames mais complexos. Começa nisso, aí já vai para a
desmotivação por parte deles, né? Que vai vendo Paciente indo e vindo com a mesma queixa,
e a gente querendo uma resposta, querendo um diagnóstico, mas não tem o recurso para fazer
o diagnóstico e tratar adequadamente o que for. Também não tem a reciclagem, a atualização,
não tem para quem é preceptor e para os médicos em geral também do município. Tem esses
pontos negativos que eu falei. Tem a falta de condições físicas para gente fazer a sala de
espera, porque aqui é uma unidade mista, não é só PSF; a gente pede a anos que aja essa
separação. Foi feita uma nova instalação no terminal, mas até hoje não foi feita a separação.
Dificulta muito o trabalho. Principalmente agora, até as enfermeiras estão sem sala para fazer
a citologia, do outro lado não pode usar, porque é demanda. Era para fazer uma sala de espera,
um local confortável para colocar os Pacientes, mas a gente não tem. Aqui é tudo aberto e
quando chove molha tudo. Otoscópio, desde quando trabalho aqui há oito anos não tem um
otoscópio. Não faz nebulização, não tem tensiômetro – a gente teve que fazer uma cotinha
para comprar tensiômetro. Falta medicação. Melhorou um pouco com a farmácia popular, que
o hipertenso e o diabético conseguiam pegar lá. Só veio chegar agora por causa da eleição, até
me surpreendi, eu tive medicamento que veio chegar agora! Também, não me sinto valorizada
como preceptora. Não, pelos alunos não, eles até se sentem gratos. Mas é pela universidade e
pela secretaria municipal. Os alunos, a gente nota que tem uns que realmente valorizam essa
função de preceptor. A gente se sente valorizado por alguns. Na secretaria, acho que nem
sabem quem são os médicos preceptores, acho que não tem nem essa lista, não sei como é o
controle deles lá. Acho que também seria importante a visita de um coordenador da disciplina
para ver como é o cotidiano daqui. Até para acompanhar mais de perto os alunos aqui,
cumprimento de horários e essas coisas. Isso tem que partir lá de cima, realmente junto com a
gente para ver o que pode ser melhorado. E a minha parte eu vou fazendo, meu atendimento.
Os alunos me foram oferecidos, não e porque eu sou especial, tenho mestrado ou coisa assim.
Eu aceitei, mas eu falo para eles que não sou professora, eles vieram acompanhar o que faço
no dia a dia. Às vezes tenho que mudar a minha conduta, por sugestão dos próprios alunos, e
eu aceito isso. Eu vejo alguns pontos positivos na preceptoria, porque me alegra em despertar
em alguns alunos essa importância da atenção básica. Alguns não eram sensibilizados com
isso, mas quando chegam aqui veem como é importante ter uma boa qualidade na atenção

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básica. Eu acho importante que uns notam isso, são sensibilizados por esse lado. E também é
um aprendizado meu, eles me ensinam muito. A preceptoria me instiga para não fazer feio na
frente dos alunos. Pontuaria, numa escala de zero a dez, seis a preceptoria, pela troca que
existe com os alunos. É bom ter o contato deles, vai renovando, né?
**** *suj_3 *per_7 score: 218.82
Acho que o primordial é unir os preceptores, o representante da Universidade, o
representante da secretaria, e realmente a gente sentar para colocar os prós e os contras, para
melhorar. Não adianta eu estar aqui falando que preciso disso e daquilo, pois nunca ninguém
me perguntou isso. Nenhum representante desses locais me perguntou como é que está indo.
Só vem os alunos mesmo e eu nem sei o que é que eles falam depois, se gostaram ou se não
gostaram. Entendeu? Eles devem fazer relatório para a disciplina que eles estão, mas não se
tem o consenso de sentar para conversar o que estamos precisando, acho que o primeiro ponto
é isso. E antes os alunos podiam marcar consultas no HU com especialistas, tipo, era uma ou
duas no mês, onde a gente tinha acesso a dermatologista, a cardiologista\...\ Isso acabou
também, a mais de ano, e eu achava tão bom\...\ Até porque tinha continuidade do Paciente,
tanto aqui como lá no hospital universitário. Acho que isso deveria voltar, não sei por que foi
cortado. Acho que era porque o estágio no PSF era no quinto ano do curso, e agora é no sexto
ano. Mas eu acharia muito bom se a gente pudesse, porque já temos uma dificuldade enorme
de especialista aqui.
**** *suj_4 *per_1
Eu acho assim questão da preceptoria é algo assim, muito valioso, para o aluno
enriquece bastante. A questão chave de tudo isso, é o próprio médico, com o número que ele
tem de atendimento, ele ficar impossibilitado de dividir mais com esse aluno. Então, esse daí
é um ponto, é que precisa ser revisto, essa questão do número de atendimento para que o
profissional possa dar mais uma contribuição para esse aluno.
**** *suj_4 *per_2 score: 156.68
Bom, eu acho que essa questão do estágio, é algum assim, é necessário, esse estágio é
muito importante, agora precisamos ver quais os aspectos que a gente pode assim, ver esses
estágios de uma forma mais positiva, em qual o sentido assim você se refere mais a esses
estágios?
REFIRO-ME A SUA PERCEPÇÃO DOS ESTÁGIOS NA REDE DE ATENÇÃO
BÁSICA, O QUE VC ACHA DESSA EXPERIÊNCIA?

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Principalmente quando se iniciou essa preceptoria pelo PSF, eu, se na minha época
existisse eu acharia isso assim maravilhoso, por vários aspectos, um dos aspectos que acho de
suma importância é esse relacionamento do aluno com o Paciente, esse medo que inclusive
todo aluno tem do que é novo tudo que se iniciar a gente tem medo, e ali eles têm uma
oportunidade maravilhosa de se relacionar, de ficar bem à vontade com esse Paciente, de fazer
as perguntas que eles desejarem, de fazer uma história rica com o Paciente. A única questão
que a gente desde o início está tocando é a questão tempo. Mas, se existisse um tempo pra
eles, eu acho que foi um aspecto muito bom levar o PSF para contribuir para o crescimento
acadêmico desse aluno.
**** *suj_4 *per_3 score: 160.43
É, diante, realmente desse compromisso com o aluno, que o aluno é a parte principal
de tudo isso. É a questão da gente vê hoje que as unidades básicas estão aí sucateadas,
necessitando de uma atenção melhor pelo lado mesmo da gestão pública. Necessitando na
verdade de tudo melhor pelo lado da gestão pública, necessitando de tudo, é medicação, é
aparelhagem, enfim, tudo isso, até a parte física mesmo que se precisa para que a gente tenha
um melhor local de trabalho, isso não existe. Então, diante de uma falta de compromisso
nesse sentido, realmente afeta toda a estrutura, eu acho do acadêmico. Olhe, eu na verdade, eu
não passei muito tempo na preceptoria, mas eu ainda vejo que deverá existir assim, vamos
dizer, devia existir uma adesão, era muito importante essa adesão, que existisse uma maior
participação por parte da universidade, até com isso deixando o preceptor mais seguro da
responsabilidade que ele está naquele momento ocupando.
**** *suj_4 *per_4
É uma questão assim, que eu acho devia ter amadurecido um pouco mais, parece que a
coisa veio um pouco rápida e faltando certo amadurecimento na questão que estava se
vivendo. E precisando até mais dá um estímulo para o profissional que estava recebendo
aqueles alunos. Uma questão mesmo de uma bolsa, que precisava e a gente vê até pelos
menos na minha época precisava também dar mais uma contribuição ao profissional no
sentido de participar. A participação melhor, até em treinamentos, mais cursos, enfim,
precisava mais de um amadurecimento em todo aspecto.
**** *suj_4 *per_5 score: 353.86
Não, eu não sou mais preceptora, fui por um período assim de 01 ano e meio, mas eu
acredito num trabalho desses, acho que vai ser muito gratificante pra o aluno. O que precisa

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realmente é uma maior integração entre a universidade e a SMS. A falta de incentivo,
incentivo com uma bolsa, incentivo nos aspectos da responsabilidade com o aluno e a gente
não viu um suporte tanto da parte da secretaria municipal como da própria universidade, eu
acho que tinha que melhorar todo esse contexto, melhorar essa relação entre o aluno e o
preceptor. Enfim, a universidade e secretaria, uma integração melhor de todo esse trabalho.
Nesse momento, sinceramente eu não quero pensar, verdadeiramente eu já estou me
afastando, mas desde o início da minha fala eu acredito nesse trabalho, se de fato existir uma
revisão profunda em tudo que se falou aqui.
**** *suj_4 *per_6
É no meu ponto de vista eu senti assim, uma responsabilidade, a questão do aluno.
Você, eu pelo menos ficava assim muito tempo pra passar tudo isso, todas as orientações
necessárias que de fato o aluno necessitava, então, o número de Pacientes que eu tinha
juntamente com os alunos que eu tinha responsabilidade, como se diz, de acompanhar, me
deixava até em momentos assim, com aquela responsabilidade, era um objetivo que talvez não
alcançasse isso, esses alunos necessitavam de um profissional que tivesse um tempo maior pra
eles.
**** *suj_4 *per_7
É importante que a universidade, juntamente com SMS, haja assim. Uma integração
maior, um entendimento maior, em relação tanto ao aluno como profissional para que ambos
tenham de fato proveito no sentido acadêmico, no sentido produtivo. Enfim, tudo o que faça
com esse aluno cresçam e que também haja um incentivo profissional, é preciso de fato que
ambas as partes sentem e discutam todo esse processo que já se iniciou.
**** *suj_5 *per_1 score: 186.74
Eu vou começar historiando um pouquinho como foi à inserção do grupo de médico da
Secretaria Municipal de Maceió na preceptoria da FAMED-UFAL_UFAL. Em 2006 foi feito
uma pesquisa por eles na intenção de saber quem gostaria de exercer a função de preceptoria
em quanto médico da atenção básica e me lembro de que na época obviamente eu fui um dos
voluntários que aceitaria ser apesar de ainda não saber ainda como seria esse papel, mas eles
já deixavam claro que na época iam fazer uma capacitação, orientação pra gente e eu ficou
curiosa de querer receber aluno, apesar de alguns colegas na época dizerem que não, que nós
não tínhamos condições até mesmo estruturais inclusive de serem preceptores, mas eu aceitei
o desafio e achei que era muito gratificante. Então, a gente aceitou em 2006 essa proposta, em
2007 foram iniciados os estágios nas unidades de saúde de Maceió, porém antes nós passamos

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por uma capacitação liderada pelo NUSP com a capacitação liderada pela professora S. C. que
deu orientações à gente de como fazer eh principalmente com relação à avaliação dos alunos,
nós fomos orientados a fazer exatamente o que nós fazemos na unidade e incluir os alunos na
nossa rotina e tinha um cheque liste pra avaliar o aluno e tínhamos meta a atingir, então, foi
todo um preparo, um conhecimento, até porque o ensino estava passando por um processo de
transformação pelas mudanças curriculares propostas pelas diretrizes nacionais, né, a gente
estava sendo inserido nisso. Então, dentro desse contexto ficou um pouco mais claro, clareou
um pouco mais na cabeça da gente, como exercer esse papel de preceptor, que era que o aluno
ia aprender, quais seriam nossas atribuições, sobretudo como é que a gente ia fazer as
avaliações num modelo novo, até porque a gente veio de um modele de formação, eu vim de
uma formação diferente, e a gente estava então conhecendo um novo modelo de formação.
Então, eu percebo assim, primeiro lugar que é necessário obviamente eles terem essa
experiência e desde o início eu acho assim, eu pensei assim, eu vou mostrar ao aluno minha
realidade, como é o meu trabalho incluindo as dificuldades que a gente tem dificuldades em
estrutura, dificuldades em atendimento, dificuldades pessoais, de capacitação, de
conhecimento, os nossos limites, era assim que eu pensava e é assim que eu exerço a
preceptoria. Claro né depois de nove anos na preceptoria a gente vai adquirindo muito mais
experiência, mas ainda continua com o mesmo princípio de quando eu entrei na preceptoria,
que era mostrar pra o aluno em loco a realidade que ele vai encontrar inclusive quando ele se
formar. A princípio foi cobrado para os alunos que eles nos acompanhassem no PSF, com a
meta proposta para o atendimento do MEC, com 440 procedimentos pra os médicos. Isso a
princípio inclusive asSUStou, porque como é que nós vamos colocar os alunos pra fazer tudo
isso de uma vez só, até porque eles tinham outras atividades durante o estágio, e depois
inclusive a gente reavaliou essa meta, e como a universidade não conhecia o nosso trabalho, a
gente que levou quais eram as nossas meta, então, eles disseram os alunos têm que fazer essas
metas, e depois nós fomos avaliar com os alunos, e eles disseram, nós não conseguimos
alcançar essas metas, e algum tempo depois a gente avaliou e disse, qual é então o mínimo da
meta que o aluno tem que atingir? Acompanhar o médico? Até porque durante o estágio eles
não teriam que estar ligado só a figura do médico, eles teriam que conhecer o serviço como
um todo, então como é que eles iriam atingir essa meta, os 440 atendimentos mês? Então, a
gente reavaliou isso, e disse, não! Vamos deixar a meta do aluno separada da meta do
profissional do PSF, até porque esse aluno ficava com a gente de segunda a quinta e na sexta
ele tinha área verde e tinha aula teórica e não estava com agente, então a gente reviu a historia
da meta, de atendimentos, e fez um teto pra esse aluno, até aqui está bom pra o aluno atingir ,

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até porque ele tem outras metas a atingir, então, ficou dentro da meta dos médicos, a gente
tirou uma meta plausível pra que eles vejam, eles tem que ver x Pacientes hipertensos,
diabéticos, gestantes , crianças , mas um número bem mais reduzido do que o profissional
médico, até porque ele tem que acompanhar os demais profissionais da equipe. Bom, eu
venho de uma formação anterior em que o curso de medicina já era em seis anos, cinco anos a
gente tinha o conhecimento apenas nas disciplinas, e um ano no internato, nas clínicas
fazendo prática. Chegam as diretrizes curriculares nacionais e põe, diminui essa fase de
conhecimento pra quatro anos e deixa dois anos finais para o internato ou seja onde estão os
estágios, e aí um deles o estágio na atenção básica, então, a proposta então do curso é dar o
conhecimento com a carga da parte teórica nos primeiros quatro primeiros e dois de internato,
dois anos mais de prática, então, a nova formação, o novo aluno que está saindo, que propõe
as diretrizes é que ele seja mais crítico, mais generalista, com maior conhecimento e mais
reflexivo, que o curso trabalha isso com a tutoria e com os dois anos de internato, que dá
muito mais tempo pra ele por em prática todo esse conhecimento desses primeiros quatro anos
também, que a própria dcn deixa lá claro que até vinte por cento da carga horária do internato
a gente pode usar pra parte teórica, que a gente tem que ver isso como por isso em pratica,
então a gente tem que rever alguns temas, alguns assuntos para está colocando isso inclusive
em prática. Então essa nossa formação creio que os nossos alunos já saem mais seguros, eles
passam dois anos em prática e isso a gente tem uma fala de nossos colegas preceptores do
rural, o estágio no interior, que tem essa fala dessa transição de que o aluno quando iria antes
para o estágio rural no período que não tinha o estágio em atenção básica anterior, ele chegava
muito imaturo. Agora como ele já passa pelo estágio na atenção básica na capital e depois vai
para o interior, ele já chega muito mais maduro, com um outro conhecimento e isso já o deixa
mais seguro. Então eu vejo que a formação hoje está deixando ele mais seguro, mais
preparado para enfrentar o mercado do trabalho e com a visão generalista e de pessoas,
inclusive realmente mais reflexivos e mais críticos e isso inclusive a gente ouve a fala de
alguns colegas que foram formados no período da transição, que a gente chama de fase de
transição da universidade que pegou metade do curso no formato antigo e metade do curso no
novo formato que reclamaram muito da mudança, mas que hoje alguns desses colegas são
preceptores e recebem esses novos alunos e veem que a formação deles está mais completa e
isso veio fortalecer muito esses dois anos de internato dedicados especificamente aos estágios,
a prática dos estágios melhorou muito, melhorou muito essa formação médica. Agora as
habilidades técnicas, bom, é um dos pontos que quando a gente, especificamente no estágio
em atenção básica, que a gente percebe muito claro nesse aluno sobre, ele vem com uma

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carga de conhecimento teórico e a gente vai analisar então como é que está esse
desenvolvimento dele com relação a atitudes, habilidades. E aí isso fica muito claro nesses\...\
só historiando um pouquinho mais, o nosso estágio em atenção básica a princípio eram
duração de cinco meses, depois passou para três meses e foi diminuído e agora nós temos dois
meses de duração. Mesmo com dois meses de duração dar para perceber muito claramente
que ele chega de uma forma e sai de outra na atenção básica. Você consegue ver que ele traz o
conhecimento dele e ele mostra as suas habilidades, competências e inclusive hábitos, a gente
consegue ver que eles conseguem formar vínculo, que eles conseguem se relacionar com o
Paciente e isso é muito nítido. A gente dentro do nosso checklist obviamente que vai notando,
mas isso de tanto a gente ver, perceber nos alunos a gente nota. Tanto é que uma fala
corriqueira dele é a seguinte: Professor, quando está ficando bom, acaba o estágio. Quando a
gente aprendeu, pegou a mão, o estágio acaba. A gente diz: Não, mas vai ter o rural, vai ter
um outro estágio. E também é legal quando a gente encontra ex_alunos, os alunos egressos e
dizem isso para a gente: Professor, está sendo muito bom a experiência porque eu assumi um
PSF no interior; professor aquela experiência foi muito gratificante. Então isso está nítido
inclusive na fala deles.
**** *suj_5 *per_2 score: 216.66
Eu vou começar pelo profissional, pelos profissionais, pelos colegas. No princípio
tivemos uma maior adesão nessa participação na preceptoria, e claro, cada profissional é um
profissional e as condutas e os comportamentos e as atitudes são diferentes, isso ficou claro na
pesquisa que eu fiz com eles quando eu ouvi a fala deles, eles queriam que o estágio fosse um
pouco mais uniforme. Mas como eu disse a pouco, a história das metas, de se atingir, a gente
já colocou essa história das metas para tentar uniformizar mais, mas cada profissional atua de
uma forma diferente e leva um pouquinho a condução do seu estágio em seu loco
diferentemente. Paralelo a isso, a gente tem infraestrutura de unidades, que inclusive os
alunos comparam muito: Por que a minha unidade, fulano de tal está em uma unidade melhor
do que a minha estruturalmente? A gente diz: Porque a gente não escolhe por unidade, a gente
escolhe pelo local do preceptor. O preceptor que aceita. O preceptor capacitado é o preceptor
que recebe aluno. E a gente tem a questão também da estrutura da rede, que inclusive é um
dos objetivos do aluno, que ele conheça a estrutura da rede, as suas deficiências inclusive. E
inclusive eles ficam\\...\ \depois que passam pelo estágio eles dizem: Eu não achava que na
atenção básica tivesse tanta resolução quanto a gente vê. Apesar das dificuldades que a gente
encontra, mas existe uma resolutividade e eles conseguem enxergar isso que eles veem com

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um certo preconceito, achando que a atenção básica não tem a resolutividade que a gente tem,
a tão profanada resolutividade de oitenta e cinco a noventa por cento que a atenção básica tem
que dar, e isso fica claro no nosso atendimento, que são poucos os encaminhamentos no
montante do atendimento que a gente faz. Então é isso, depende muito da história do
preceptor, mas enquanto a gente tem metas, a gente precisa\...\ e do local que tem atividade,
faz citologia, realiza, tem atendimento odontológico\...\ dependendo dessa estrutura onde eles
estão inseridos. Outra coisa boa é nos nossos encontros, que eles têm encontros de estudo, a
gente faz momentos de discussão de caso clínico para tentar uniformizar um pouquinho mais
a experiência de todos eles. Vai que alguém não tenha experiência, por exemplo, no
tratamento de um Paciente ou de um acompanhamento de um Paciente com tuberculose, a
gente vai e socializa isso; ele não tenha a oportunidade de fazer a avaliação de um Paciente
com hanseníase, a gente tem um momento que leva isso para a sala de aula. Então, é nesses
momentos que a gente tenta uniformizar um pouquinho mais essas pequenas diferenças que
existe de conduta, digamos assim, não é nem de conduta, é de condução do estágio pelos
profissionais e as suas respectivas unidades de saúde, e claro, os outros profissionais da
unidade também. Agora o estilo próprio do preceptor exatamente, nós temos o lado técnico,
de conduta técnica, de conhecimento e\...\ mas as atitudes que é uma coisa inclusive que a
gente espera observar nos nossos estudantes, difere nos preceptores. Isso é enriquecedor, creio
que sim. A ponto de no último dia de estágio, que a gente faz uma avaliação escrita com esses
estudantes, uma avaliação teórica, eu abro espaço para a fala deles e é muito gratificante a
gente ouvir os comentários dos alunos sobre os preceptores, sobre como era a conduta com
eles. A maioria desses estudantes que passam, fazem encontros finais com seus preceptores,
gratificando esses preceptores, no reconhecimento do profissional, o seu lado lúdico de alguns
que são mais lúdicos, mesmo seu lado mais rigoroso daquele que é um pouquinho mais
rigoroso, mas todos eles enaltecendo a qualidade de cada um e fica marcado na figura desses
alunos esses preceptores, e isso se revela no carinho que eles têm, na gratidão que eles têm
por esses preceptores. Sobre um feedback para o preceptor, a gente não tem um instrumento
por escrito que mostra esse feedback para esse preceptor. O que tem toda\...\ enquanto eu fico
na função também de coordenador do estágio, e ao final de cada turma, em cada semestre são
três turmas porque são doze meses, então por ano nós temos seis turmas rodiziando nas
unidades, seis duplas normalmente, eu passo isso para o preceptor através de e-mail,
agradecendo mais uma vez e enaltecendo esse preceptor pela fala que eu ouço dos alunos.
Inclusive a gente tem uma preceptora que agora vai parar suas atividades no meio desse ano
por conta de problemas estruturais de sua unidade, justamente quando a gente termina uma

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turma que faz altos elogios a ela e que eu passo isso para ela, disse: É com muito pesar que
você está saindo quando uma turma ratifica que você é uma excelente preceptora. Inclusive
ela própria postou nas redes sociais e foi homenageada com um bolo em formato do PSF, e
que nunca tinha ganho um presente daquele\...\ então isso a gente nota, e isso os próprios
preceptores nos comentam nos nossos encontros de capacitações médicas, eles comentam
muito. Comentam: Turma boa; aquela dupla não foi tão boa assim; mas eles comentam muito
carinho essa relação que eles têm com esses alunos, isso fica claro. Em relação aos desafios,
eu acho que o maior desafio ainda é fazer o aluno se encantar pela atenção básica, esse é o
grande desafio. Porque eu acho que desses nove anos só tive dois alunos que se resolveram a
fazer residência em saúde da família, mas mesmo esses dois alunos já é assim um ganho
muito grande e alguns deles, dois que realmente fizeram que eu saiba, mas alguns ficaram
muito tentados a fazer e outros têm feito muito a questão de fazer clínica médica, não se
dedicar em fazer a residência em saúde da família, mas muito fazer clínica médica. E isso eu
creio que é fruto dessa formação, é fruto deles conhecerem a atenção básica, mas eu ainda
acho que falta maior encantamento desse aluno pela atenção básica. Esse é um grande desafio
que a gente tem pela frente.
**** *suj_5 *per_3 score: 233.69
Olhe, eu acho que existe\...\ a gente ainda precisa aprimorar esse compromisso maior,
esse compromisso. Precisa torná-lo mais institucional. A gente está em formação, em
discussão, um novo contrato, o COAPES, mas a gente tem apenas uma instituição a faculdade
com o convênio com a secretaria ainda muito frágil em termos de não amarrar isso
institucionalmente com os profissionais, aí eu vou falar especificamente do profissional
médico, a ponto de os colegas dizerem assim: Eu não fiz concurso para ser professor, eu fiz
concurso para ser médico. E a gente não quer que o profissional seja um professor, a gente
quer que ele passe a sua experiência, porque se a gente for olhar em termos de lei, está na
constituição, o SUS é um cenário de formação. Então para quem está no SUS, o SUS é um
cenário de formação, e a gente tem colegas ainda com essa fala de que não é pago para
ensinar, e que é outra coisa, que esses colegas querem muito uma contribuição, uma
contrapartida financeira para fazer essa função de preceptoria. Então eu acho que falta, que eu
espero que venha com o COAPES, esse compromisso maior, deixar mais claro para os
profissionais que estão na rede, que estão no SUS, que eles atuem como preceptores, que eles
entendam que parte da função dele enquanto profissional na atenção básica é também como
um produtor de conhecimentos para esses novos alunos. E não precisa ele ter uma formação

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profissional de professor, ele precisa ser preceptor e entender essa função de preceptoria, que
é passar a sua experiência, e essa é a melhor parte, a experiência desse profissional. Só para
esclarecer sobre o COAPES, bem, é uma tentativa, é um convênio que o governo federal está
propondo para que as instituições municipais e estaduais possam efetuar com as universidades
para que haja os estágios, para que os estágios possam ser efetuados, a gente especificamente
na área de saúde, com todas as categorias que trabalham na área de saúde para que isso seja
mais formalizado, seja mais institucionalizado. Então vem agora como um contrato único,
diferentemente de se fazer agora o contrato que a Universidade Federal de Alagoas tem com a
secretaria e agora com a expansão de universidades particulares, isso é preciso. Então agora
nós vamos ter um formato único de um contrato que mostre essa corresponsabilidade do
serviço público com as universidades públicas, inclusive deixando claro as universidades
públicas tem mais, digamos\..\. direito, prioridade, não é direito, no serviço público já que é
uma universidade pública. A gente está aí com muitas universidades particulares abrindo, com
um poder de capital que poderia está influenciando isso, por exemplo, a ponto de instituir
bolsa para preceptor, o que a universidade federa não tem, e que esse contrato vem deixar um
pouco mais claro essa relação entre essas instituições públicas e particulares no que diz
respeito a essa relação contratual entre as universidades e os profissionais que vão ser
preceptores em todos os seus cursos. Pode_se entender como um Pacto de gestão para garantir
a experiência do estágio, sim. Inclusive em nível de\...\ nos interiores. As cidades do interior,
que a gente tem o estágio rural, a gente está tendo enquanto universidade federal, estamos
tendo dificuldade de alocar esses alunos no interior. E outra coisa que o governo não pensa
nisso, porque a proposta do governo na nova formação dos médicos, é que todos os
recém_formados no curso de Medicina, a partir do 2019, passem um ano de formação na
atenção básica, para ele entrar em qualquer outra residência esse profissional tem que fazer
uma residência em saúde da família, um ano. Sobre a adesão dos profissionais à preceptoria
através desse Pacto, eu creio que isso ainda não garanta, ainda acho, ainda acho pela fala dos
colegas que será preciso um estímulo financeiro associado na criação de uma bolsa
preceptoria, inclusive eu criei esse termo, tentando PACtuar isso com própria universidade
federal. Já fui atrás, inclusive estive na reitoria da UFAL, mas não existe verba específica para
isso, mas eu creio que deva no futuro ser pensado inclusive como forma de estímulo. Claro
que está sendo proporcionado cursos para, inclusive para essa meta da residência em saúde da
família, curso para preceptores, para preparação dos preceptores principalmente nos
interiores. Porque por exemplo, a capital não vai poder assimilar todos esses médicos
recém_formados, tem que ter preceptoria em todas as cidades, e está sendo ofertado esse

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curso. Mas só isso não garante ainda essa adesão, nem garante se for um processo de
imposição se disser assim: Você tem que ser preceptor. Eu acho que ainda um dos caminhos,
seria tentar pensar em uma bolsa preceptoria enquanto estímulo para esse profissional, para
todos os profissionais da área de saúde. Você está na área de saúde, você enquanto tendo
aluno, você tem uma bolsa preceptor. A gente tira isso por um outro programa que é o pet. O
pet saúde vem com essa proposta, o profissional recebe o aluno para trabalhar junto com ele
em um programa de pesquisa em saúde, programa de estímulo do trabalho em saúde e, mas
esse profissional que recebe aluno, recebe uma bolsa. Então é um caminho a se pensar. Então
eu acho que só instituir o convênio não garante a adesão do profissional. Essa bolsa
solidificaria sim\...\ creio que sim. Seria um grande estímulo, até porque a grande maioria dos
profissionais que se afastaram da preceptoria, que já foram preceptores e se afastaram, a fala
deles é: A gente tem mais trabalho com aluno no atendimento, e isso geraria por que não um
estímulo financeiro para ter esse aluno junto? Outra coisa é que a gente já teve aqui,
especificamente Maceió, essa associação, em uma das versões, das primeiras versões do pet, a
gente tinha todo profissional da atenção básica médico, incluindo algumas enfermeiras tinha,
recebiam alunos do pet e recebiam alunos da graduação, a gente fazia esse Pacto. Então
aquele profissional que tinha bolsa pet recebia o aluno pesquisador e o aluno do estágio. Com
a redução, quando enxugou as bolsas pet, diminuíram bastante as bolsas pet, foi cortando no
programa, agora por exemplo, na Medicina a gente só tem quatro bolsas pet, a gente já teve
trinta incluindo capital e interior, e alguns profissionais inclusive foram deixando quando
disseram: Não tem mais bolsa. Também eu não sou mais preceptor.
**** *suj_5 *per_4 score: 204.96
A universidade tenta em contrapartida dar, os estímulos da universidade é certificar
preceptor, dar oportunidades a cursos, como por exemplo no mestrado, tem vagas para
professores e preceptores, concorrem em vagas separadas e alguns cursos de capacitação.
Inclusive está se pensando em um mestrado em saúde da família, já foi aventado muito antes
do mestrado em educação para a saúde foi pensando no mestrado em saúde da família, e agora
vai ser lançado a especialização em preceptoria na saúde da família. Esses são os estímulos da
universidade ao qual eu já disse em reuniões na própria universidade que ainda acho pouco,
pelas falas, volto a repetir pelas falas dos colegas. Alguns colegas, infelizmente pelo ritmo de
vida, não se interessam muito pela vida acadêmica, pelo lado acadêmico de fazer curso, se
especializar, querem manter as suas atividades rotineiras. E daí volto a insistir nesse ponto
porque, enquanto coordenador, eu fico preocupado com a ausência desses preceptores. Volto

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a insistir que acho que deveria existir essa bolsa enquanto estímulo. Se você tem aquele
profissional que recebe, e eu digo pela época que a gente tinha os preceptores recendo bolsa
pet, a procura era muito grande, a gente tinha inscrições, gente eu quero, eu quero entrar, eu
quero ser preceptor. Então isso prova que realmente a bolsa estimula. Então eu acho que a
universidade além de oferecer esses cursos, obviamente ela devia, é lógico que isso entra no
orçamento, isso vai encarecer muito mais, mas devia estar se pensando, inclusive em níveis do
Ministério, está pensando nessa possibilidade.
**** *suj_5 *per_5
Olhe, sim estou na função de coordenador, mas sou preceptor desde o início da
reforma curricular da UFAL desde 2007. Agora, desistir não. Às vezes eu queria sair da
coordenação que é um trabalho burocrático enquanto professor, mas da preceptoria não. Eu
digo inclusive que o fato de eu ter me tornado preceptor foi um estímulo muito grande na
profissão do PSF, que é muito exaustivo. E aluno fortalece esse vínculo, dar um estímulo para
estudar, para continuar e para ajudar no dia a dia, é um grande estímulo a presença do aluno,
isso sem dúvida. Inclusive a algum período que eu passo sem alunos, os meus próprios
companheiros de trabalho dizem que fica insuportável.
**** *suj_5 *per_6 score: 191.25
Então, fazendo um link com a questão anterior, você em algum momento pensou em
desistir? Não, porque essa vivência com alunos me fez, além de dar esse upgrade na questão
da minha própria formação, de curso, de fazer capacitações, de estudar mais, até porque você
está com eles, de ter uma troca de conhecimentos técnicos com eles porque eles estão vindos
de uma formação nova com mais conhecimentos, a gente tem essa troca. Não sou só eu que
passo conhecimentos para eles, eles passam também para mim. A outra coisa é você vivenciar
com pessoas diferentes, esse é que é o grande desafio e agora a cada dois meses. Tanto é que a
minha equipe a gente se afeiçoa mais a alguns do que a outros, e a equipe da unidade tem de
referência alguns alunos e dizem assim: Fulano de tal, por que você não traz fulano de tal de
volta? Eu disse: Mas o nosso lance é a gente saber vivenciar isso, essa relação\\...\ \que cada
um que vem, cada dupla, cada trio que chega traz uma vivência totalmente diferente, atitudes
diferentes, comportamentos, isso é enriquecedor. Quando chega um aluno ótimo, bem
desenvolvido, é supertranquilo, não te dar trabalho, desafiador é aquele aluno que chega
totalmente alheio. E eu lembro que a gente teve duas alunas, que inclusive não estavam
comigo estavam com a colega V. na unidade, e elas\...\ estava muito claro para a gente que
elas não gostavam da atenção básica e eu precisei intervir já que eu era coordenador e sou

93

supervisor, e eu precisei chamá-las assim para o canto e dizer: Olha, agora\...\ a gente não
quer que vocês gostem da atenção básica, do PSF, a gente quer que vocês entendam a atenção
primária, que vocês compreendam o serviço, vocês vão fazer qualquer especialidade, mas a
gente quer que vocês entendam do serviço. Então a gente precisa que vocês cheguem cedo,
que vocês participem. Isso foi um puxão de orelha. Elas até me disseram: Professor, o senhor
foi muito duro com a gente. Sim, mas eu precisava chamar a atenção de vocês. Então tem esse
exemplo. Então gente diferente que a gente vai conhecendo e isso é enriquecedor. E aí a gente
começa a fazer uma autoanálise, como é que eu estou me comportando? Quando eu olho o
comportamento e as atitudes deles, a gente começa a se auto refletir também, como é que eu
estou me comportando na minha relação médico_Paciente? Porque isso está a todo momento
em cheque. Eu me lembro de outro exemplo, de quando aconteceu um barraco, o famoso
barraco de um Paciente se queixando de mim na minha unidade, que adentrou a sala da gente,
adentrou o consultório um Paciente de outra área pedindo atestado e eu dizendo para ele que
ele não era da minha área, que eu não iria dar atestado, todo técnico e ele me destratou, e eu:
Pois não, senhor. O senhor tem a sua opinião. E ele me destratou. E o aluno depois que
terminou, aí o aluno foi me avaliar, disse: Professor, parabéns. Eu não teria essa sua
Paciência, eu não teria essa sua conduta, eu teria me exaltado com o Paciente. Então isso é
muito gratificante, assim como a gente ver eles\...\ tem hora que eu preciso dizer: Menino,
vamos com essa consulta que está muito demorada, porque a gente tem um prazo também.
Quando a gente ver eles com essa relação médico_Paciente, a gente também vai se
reavaliando. Então é isso, é uma troca muito, muito gratificante de cada um que passa, desde
aquele que é mais afinco na atenção, que gosta, até aquele que não gosta, que a gente precisa
estimular um pouquinho mais para que ele tenha um outro olhar para a atenção básica. É
enriquecedor, seria a palavra.
**** *suj_5 *per_7
Eu ainda creio que realmente é preciso que haja cursos de formação, de capacitação
para preceptoria, que eu fomentei isso, inclusive sugerí, foi o resultado da minha pesquisa, foi
um curso de capacitação para preceptores, que teve apenas a duração de um semestre, a
pretensão era que ele continuasse, mas como já existe um curso em nível nacional se eu não
me engano pelo próprio Ministério da Educação que fomenta esse curso, a faculdade se
propôs a trazer esse curso via faculdade para institucionalizá_lo. Mas eu creio que o que vai
aprimorar é a capacitação para os preceptores entenderem o que é preceptoria, qual a sua
função, qual é os seus limites, quais são os seus limites, como está os novos cursos com as
novas diretrizes, porque todos nós somos formados no outro formato. É preciso que haja um

94

conhecimento de como está o novo curso para que você possa se aprimorar, e isso só vai com
formação, com capacitação específica sobre preceptoria. Porque eu acho que apesar dos
nossos avanços, preceptoria ainda é algo muito novo, é algo que a gente está aprendendo a
fazer e é nesse aprendizado que a gente precisa repassar para os nossos colegas. Então
precisamos formar preceptores e isso creio que o Ministério já se atentou, até porque via
COAPES, pensando na formação lá na frente em 2019 tem que se formar preceptores, tem
que se caPACitar, porque senão como é que a gente vai botar todos os formandos fazendo
residência em saúde da família. A palavra é formação, capacitação.
**** *suj_6 *per_1
Eu percebo assim, que a mudança curricular inseriu o aluno da graduação de medicina
na atenção primária, foi muito importante, pela questão de ser assim, de ser um modelo de
assistência predominante e que já vai dá pra ele essa base de trabalho na atenção primária
mais voltada saindo mais do hospital, trabalhar mais nesse nível de atenção prepara melhor o
aluno quando ele for inserido no mercado de trabalho.
**** *suj_6 *per_2 score: 281.33
Eu percebo assim, que em questão, tem que haver uma estruturação melhor, tanto
desrespeito a preparação dos preceptores como o envolvimento maior da secretaria municipal
de saúde junto a Universidade. Saber da presença desses alunos no estágio, na rede e dar
condições melhores tanto pra o preceptor como pra o aluno. Para o preceptor eu vejo a
questão da preparação, porque quando eu fui convidada pra ser preceptora, eu não fiz nenhum
curso pra isso, não foi oferecida nenhuma preparação, curso pra isso. Nunca tinha sido
preceptora, professora, como eles chamam, não tinha preparo nenhum, a não ser mesmo pra
assistência, então, foi assim, cair um aluno de paraquedas, e você não ter nenhuma preparação
para isso anterior. E a questão de uma melhor estrutura para o aluno, é a questão de estrutura
da unidade mesmo, que muitas vezes recebe aluno numa condição de atender, porque muitas
vezes já é um aluno que já está no final do curso, que já precisa atender só, com a supervisão,
e não tem um lugar pra atender. E todas as condições que uma unidade precisa ter pra
assistência e principalmente pra receber o aluno. Eu vou falar da experiência que eu passei.
Não ter uma sala para o aluno atender, que eu colocasse o doutorando, ter que atender
comigo, ter que dá conta da mesma quantidade de Pacientes com ou sem alunos, e se não
tinha uma sala pra atender, né! Porque ele tinha que atender, ele tinha que atender comigo, se
eu deixasse ele atender só eu não podia atender a mesma quantidade de Paciente, mas a mim
sempre foi exigido a mesma quantidade de Paciente de quem não é preceptor, de quem não

95

estava ali com os alunos, né! E condições mínimas, mas realmente faltava. Se eu deixasse o
doutorando atender, eu tinha que ficar de pé. O Paciente não ia ficar de pé, já teve turno deu
ficar amanhã toda em pé, pra poder deixar o aluno sentado pra atender, isso ai sempre. O
supervisor dos estágios vinha pra gente dar relatório, dizer o que precisava e o que não
precisava, mas era só uma coisa mesmo pra constar no papel, porque nunca houve melhoras,
entendeu? Tipo, já que aquela unidade está recebendo alunos\...\algumas eu sei que recebeu
materiais que vinham do pró saúde. Minha experiência, mas estou falando da minha
experiência.
**** *suj_6 *per_3 score: 197.08
É também eu vou falar assim, de forma geral, tem aquelas pessoas que você percebe
que tem um compromisso, mas falando de uma forma geral a sensação que eu tinha é que a
gestão da secretaria, em algumas gestões parecia até que eles nem sabiam que tinha o aluno
ali naquela unidade, entendeu? Ás vezes você ia falar e parecia que tinha gente que nem sabia
que o aluno estava inserido naquela unidade, que existia o estágio, né! E essa questão do
comprometimento de melhorar mesmo as condições do estágio e do preceptor e da unidade,
assim, cada estágio tinha um coordenador, né? Alguns estágios eu não vi o supervisor passar e
outros eram só pra saber. Os meninos estão bem? Mas, não havia um aprofundamento, uma
conversa, isso de forma geral. Algumas pessoas não! Mas, de uma forma geral era assim. Sim,
vejo sim, não tinha uma boa integração da gestão. Eu, sempre que o aluno chegava na
unidade, fazia questão de apresentar ao diretor da unidade, dizer que ali tinha um aluno, até
porque eles veem com carta de apresentação, mas eu acho que falta muito essa parceria.
**** *suj_6 *per_4
Olhe, houve. Até que a gente, depois de alguns anos, a Universidade começou a
oferecer um curso pra gente, porque era uma coisa que a gente reclamava muito e eles sabiam
da necessidade que a gente tinha, de realmente ter uma preparação. E aí, eles da FAMEDUFAL, ofereceram um curso que a gente ia todas as sextas pela manhã para lá para
Universidade, mas foi um curso que não foi concluído, porque tiveram alguns desencontros e
dia de sexta inclusive, foi até com os colegas do HGE, que lá também recebe os alunos e só
que não chegou a concluir. Eles disseram que iam marcar os encontros, mas não teve, não!
Outra coisa, o que acontece mesmo em relação a esses encontros, o que mostra é a falta de
comunicação entre a secretaria e a Universidade. É que, a gente é que tinha que justificar pra
diretora da unidade que aquele horário que a gente estaria lá, pra lá, mas isso não conta pra
produção. Naquele horário não teve atendimento porque a gente estava no curso pra

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preceptoria, entendeu? Então, falta muito essa questão de saber que o profissional não está
atendendo, por que é também parte do trabalho.
**** *suj_6 *per_5 score: 153.69
Não sou preceptora. Todas essas coisas que já falei, principalmente essa questão de
sala, de não ter onde sentar, de estrutura, entendeu? É a qualidade de atendimento mínimo
também. Se houvesse melhor integração da academia com a gestão, se fosse uma coisa assim,
oficializada, que existe o preceptor em tais unidades de dar as condições favoráveis para o
preceptor, aí eu voltaria. É uma atividade que eu gosto, faço com prazer, mas vai ficando
difícil, você vai cansando. J. K. Mandava dois alunos, aí quando estava um preceptor de
férias, mandava três, aí as últimas duas vezes pra ajudá-lo, eu disse: Não, eu só recebo um,
mas depois eu não recebi mais. Eu esqueci, mas é sim a bolsa importante também. Eu também
, eu acho que não adianta a bolsa sem as outras condições, mas também eu já recebi bolsa do
pró-pet, porque no curso de medicina foi dito assim: que a gente só ficaria com a bolsa do
pró-pet se recebe os alunos do estágio, da preceptoria, era como si tivesse fazendo as duas
coisas pra receber uma, aí eu desisti também. Os horários de reunião, tinha que ir na reunião
da UFAL, gastar meu combustível, sair da assistência e em nada contava, junto do horário da
assistência, aí você tinha que sair, e isso complicava, então, ficava difícil, muita gente
desistiu. A última proposta, o J. K. solicitou que eu recebesse seis alunos e a bolsa de
quinhentos reais, pra receber seis alunos do pró-pet, mais dois da graduação, da preceptoria,
eu não quis, aí isso me desestimulou.
**** *suj_6 *per_6
Os pontos positivos é claro que existe, eu vejo assim, você recebe o aluno, você é mais
estimulado pra o lado profissional a se atualizar, casos clínicos, e também os alunos trazem
coisas novas, com uma visão diferente, eles trazem também uma proposta deles, de fazerem
um projeto pra mudar qualquer coisa, seja no atendimento, no acolhimento, então, isso aí é
extremamente positivo. Os pontos negativos basicamente já falei, é a questão da estrutura, a
quantidade de Pacientes, a questão da bolsa, o valor dela e a retirada.
**** *suj_6 *per_7 score: 218.26
Eu acho que principalmente a questão de capacitação, de formar uma rede estruturada,
aqueles profissionais da assistência pra ser preceptores, de forma espontânea , que quisessem
participar do processo seletivo, que fossem capacitados, que tivesse toda uma estrutura
organizacional, que a unidades tivessem estrutura, a minha unidade é grande se comparada

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com outras, mas a gente é uma unidade de PSF, é uma unidade mista, então, é muito
profissional, aí pra acolher o aluno fica difícil, questão da estrutura da unidade, então, isso
precisa ser melhorado. Então, antes você estrutura, caPACita pra poder colocar um estágio,
porque se começa uma coisa sem ter, geralmente se começa uma coisa sem ter antes
planejado. A gente tem que ter toda essa estrutura, uma rede escola mesmo, uma articulação
melhor, que a gestão e a academia funcione de maneira mais adequada. Acrescentar que
quando o estágio começou, eu acho assim, não houve sequer uma reunião, eu acho que você
não estava na gestão, como você falou que participou, eu lembro que eu e nem os colegas
recebemos uma carta convite, que a partir de data tal nós íamos receber alunos, muitos
colegas questionaram que não queriam, a gente ouviu um boato, que claro, boato é boato, de
que se não aceitasse o aluno seria transferido para uma unidade bem longe, aí muitos
aceitaram por isso, e depois quando viram que não seria assim, aí deixaram, eu ainda acolhi
porque era uma coisa que me agradava, e continuei acolhendo até onde eu pude, aí quando eu
vi que não dava mais pra ser daquela forma. Só isso. Primeiro tinha que ter uma
sensibilização, uma preparação pra que houvesse a rede de preceptor, porque se hoje a
Universidade tinha uma dificuldade muito grande pra ter o preceptor, porque eu acho que
parte daí, porque se tivesse tido um preparo, a bolsa, tivesse um diferencial pra quem fosse
preceptor, eu acho que não tinha a dificuldade que tem hoje, eu acho que tinha se mantido o
grupo de preceptores. Ainda tem a questão da descontinuidade da gestão, principalmente do
secretario de saúde, quando você está dando alguns passos você para, aí sai com outro que
não sabe nem que aquilo existe. Então, isso também é um fator muito negativo.
**** *suj_7 *per_1 score: 209.01
Olhe, H., eu vejo com muita preocupação, eu senti que os alunos que vieram até mim,
eu senti que a formação não está sendo boa, eles chegavam aqui, muitos deles nem sabiam
fazer uma receita médica. A formação não está sendo boa, e eu tive essa comparação com
porque inclusive minha filha foi fazer o curso de medicina em João Pessoa e eu pude fazer a
comparação da formação dos alunos daqui com a que ela recebeu em João Pessoa,
completamente deferente, e eu acompanhei as duas. Fiquei assustada, aqui está sendo muito
deficiente. Sim, eu vejo que os alunos estão sendo formados assim sem o devido cuidado com
o Paciente, eles estão sendo formados pensando mais nas especialidades, estão sendo
formados para serem especialistas de ponta, eles não querem ver o Paciente, eles só pensam,
só pensam em ganhar dinheiro como especialistas e ponta, quando chegam aqui não querem
nem tocar no Paciente. Eles não querem ver. Eles dizem: Não, eu quero ser neurocirurgião. E

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não querem se preocupar de prescrever um Paciente. Eu digo: Mesmo um neurocirurgião vai
ter que tratar uma febre. Eles não querem isso, eles estão pensando só em ser especialistas de
ponta. Exatamente isso, eles não estão sendo formados pra verem o ser Humano, eles
perderão a capacidade de tocar, eles não estão sendo estimulados a isso. A faculdade, a
universidade, não está olhando, não está ensinando esses meninos a verem o Paciente como
um ser Humano que precisa de atenção, de olhar e de cuidados. Eles estão vendo a carreira
médica como um meio de ganhar dinheiro. Dá-me uma dó de ver isso, nesses meninos. Claro
que tem umas ilhas de exceção, tem alguns garotos que eu recebi aqui que eu disse esses vão
ser médicos os outros vão ser estrelas, estão sendo formados para serem estrelas e não
médicos. Tinha uns que eu dizia: Meu Deus! Que eu pedia para irem à sala de curativos, pra
olhar o trabalho aqui, eles diziam: Não, eu não quero vê. Eu pedia pra eles irem à sala de
vacina, fazia parte, eles diziam: Não, eu não quero saber disso, não me interessa. Eles não se
interessavam por coisas básicas, mas um dia alguém vai ter perguntar sobre uma vacina de um
filho, um familiar, eles diziam: Não isso não me interessa, eu vou ser neurocirurgião. Isso que
me tocava, não queriam saber de cuidados básicos, só subespecialidade. Isso me entristeceu
muito, porque o que é ser médico? É um cuidar de pessoas, no seu geral, mas eles só estavam
preocupados naquela, só quer saber daquela, do que quer ser, parte que quer ser, parece o
curso todo preocupado em ser neurocirurgião.
**** *suj_7 *per_2 score: 149.68
Eles, os alunos, estão vindo aqui como obrigação, puramente obrigação, eles acham
isso aqui, vem pra gente, apenas para cumprir horário, pra eles é a parte chata, a parte que por
eles não viriam até aqui, a gente percebe isso. Não, os alunos não valorizam, eles veem como
a parte ruim da história, vem porque tem que vir, porque eles acham que a gente não faz nada,
atenção básica, eles não valorizam de jeito nenhum. Provavelmente, porque aqui a gente lida
com pessoas extremamente carentes, porque aqui a gente tem dificuldade de resolutividade e
eles querem vê as coisas funcionando, quer vê resolutividade e aqui a gente não tem, às vezes
a gente lida, a gente diz mais não do que sim e a gente aqui tem que olhar olho no olho e
sentir mau cheiro. A gente recebe Paciente que cheira mal, Paciente vem para aqui que você
tem que escutar, demorar, ir às casas, tem mau cheiro, galinha, gato, cachorro, periquito,
papagaio e a gente tem que ir, conversar e eles não gostam de fazerem visitas domiciliares e a
gente percebe, vão fazer constrangidos, não gostam de colocar os sapatinhos Arezzo no chão
de barro, a gente já teve muito isso aqui com aluno da UFAL e que a gente percebe a

99

dificuldade do aluno da UFAL. Percebo que muitas vezes não gostam de fazer visitas
domiciliares, a maioria não gostão desse tipo de estágio.
**** *suj_7 *per_3 score: 203.73
Na verdade, o compromisso não existe, a gente fica largada, a gente recebe os alunos,
mas eles percebem a nossa angustia no dia a dia, porque o Paciente chega até você, porque a
gente é a porta, você percebe a necessidade, mas você não vê o caminho a seguir, por
exemplo, eu estou agora com três senhoras precisando de histeroscopia, três senhoras com
endométrio espessado, e eu não tenho o que fazer, por mais que solicite. Que você tenha
colegas. Você faz? Aí não faz, não faz no Hospital do Açúcar, não consigo no HU, o HU
mesmo quando eu tinha da universidade, porque quando eu era preceptora da universidade, eu
dizia: Nós vamos querer ser preceptor, mas com a contrapartida, nós queremos que nossos
Pacientes sejam atendidos no HU. Exemplo. Nós fizemos isso, nós queremos que nossos
Pacientes sejam atendidos pelos especialistas do HU, aí a gente fez um formulário, aí a gente
preenchia e os alunos levavam na mão e os Pacientes, a gente conseguia que os alunos
levassem os Pacientes, foi a única vez que a gente conseguiu. A gente, com o formulário, os
alunos levavam os Pacientes, foi quando a gente conseguiu. Era época que nós conseguimos,
mas agora a gente não consegue nem um ginecologista, estou com três Pacientes esperando,
esperando e nada. Então, é difícil, a gente precisava fazer essa preceptoria, mas que tivesse
uma contrapartida. Então, qual o interesse que eu tenho se eu não tenho nenhuma
contrapartida? Se eles querem esse trabalho, se eles querem que a gente ajude a eles, eles
precisam também dá uma contrapartida. Porque na verdade, nós não temos contra referência,
mal referência, mal tem e contra referência eu nunca vi isso. A gente assim, esse
compromisso da gestão municipal é assim, vocês querem ter ou não querem? A gente diz:_
Quer, mais o que a gente vai receber? Mas não tem nada, não tem nada por escrito, nada
acordado, essa pergunta se quer ou não quer se vai ter e quando a gente diz que não quer, eles
dizem assim: Todo trabalhador do SUS tem obrigação de ensinar. Se vêm aluno a gente
ensina, mas não tem nada, nenhuma contrapartida. Nós gostaríamos de ter. Em relação a
Universidade que nós tivéssemos nossos Pacientes sendo atendidos por eles, consulta com
especialistas do HU. Se a gente também conseguisse algum Paciente que pudessem internar
lá, seria maravilhoso, a internação aqui a gente não tem. Todos os Pacientes eletivos, a gente
tem, a gente tem que forjar, as vezes a gente exagera no encaminhamento para o HGE, pra ser
atendido, pra de lá ir para internamento clínico. Então gente queria ter o HU como referência
pra gente, porque a gente está mais perto, a gente não tem nenhum leito de referência pra o

100

PSF, então, a gente queria o leito de referência e especialistas de referências já que a gente
não tem o nasf. É isso que a gente queria essa contrapartida. Exames? Exemplo seria
maravilhoso aqui no Canãa, a gente teria como referência o Hospital do Açúcar, todos os
exames fariam lá, eles iam adorar, seria maravilhoso, porque pegam e marcam pra fazer lá na
ponta verde. Coitados! Pegam dois ônibus muitas vezes. Sanatório, Hospital do Açúcar estão
mais pertos, porque não pôr pra lá? Então são essas coisas que precisariam ver isso e a gente
não tem. Hoje você fala de melhoria do fluxo organizacional de referência contra referência
que visa a melhor assistência do Paciente. É a gente queria essa organização melhor.
**** *suj_7 *per_4 score: 189.03
Eu acho ótimo que a universidade consiga trazer os estudantes pra rede de atenção
básica, eu acho fantástico, porque eles precisam. Agora eu acho que deveriam não só está no
final do curso e sim no início do curso, desde os primeiros anos do curso, deveriam está por
aqui. Eu geralmente recebia do 5º, mas era bom que eles estivessem antes, sentindo desde o
início. Lá na faculdade que minha filha fazia desde o segundo ano ela já frequentava as UBS,
mas ia com os professores, eles iam mostrando, fazendo atendimento, eles observando, indo
para os PSF’s pras casas, iam entrando nesse universo, desde cedo fazia parte, observar isso.
Aqui eles veem já no final do curso, parece que é no quinto ano e só passam dois meses, no
começo passavam quatro meses, agora só dois, é muito pouco tempo pra eles sentirem,
precisavam ficar mais tempo com a gente pra começar a mergulhar nesse universo, porque
dois meses é muito pouco pra eles sentirem o que é o SUS, o que é atenção básica. Então, dois
meses é muito pouco, pelo menos deveria ficar seis meses. Eles pensam que a gente não faz
nada, não se tem alcance de nossos objetivos, de que a gente não consegue fazer nada, mas a
gente faz muita coisa, apenas a gente não tem acesso a outros recursos como ultrassom de
articulação, muitas coisas a gente não tem, mas a gente consegue fazer muita coisa com o
pouco que temos, e eles pensam que não fazemos.
**** *suj_7 *per_5 score: 154.87
Olha, o que eu, eu acho que eu fiz preceptoria um bom tempo, o que me fez desistir foi
o seguinte, eu fiz preceptoria a um bom tempo, a última coisa foi, me fizeram fazer uma
pesquisa imensa como preceptora sobre qualidade de vida dos Pacientes hipertensos e
diabéticos, me deu um trabalho absurdo, eu envolvi todos os meus ACS, me deu um trabalho
imenso e a gente desse trabalho que nós fizemos, a gente não viu um nada desse trabalho, não
apareceu resultado algum, foi um trabalho imenso, envolvi meus ACS e os demais da outra

101

equipe e não resultou em coisa nenhuma, e depois queriam que a gente fizesse outro trabalho
sobre mortalidade que inclusive não pegava o bairro do Canaã, pegava Maceió inteiro, eu não
tenho tempo pra isso não! Eu disse, não tem condições, porque além do meu trabalho ainda
fazer mais isso, aí isso me desestimulou, porque o trabalho da gente aqui já é bastante, e fazer
mais esse trabalho que não ia nos render nada, nem vimos o fruto do trabalho que tínhamos
feito, não sabia pra que esse trabalho estava sendo feito, que até hoje não saiu o resultado de
coisa nenhuma, sem falar que eu achava que só daria conta de dois alunos e eu já estava com
três alunos, eu não conseguia mais dar conta de três alunos, porque pra você dar conta, olhar,
verificar receita que eles estavam fazendo, deixar eles atender, ensinar sobre a medicação, a
responsabilidade era minha, eu tinha que verificar se eles estavam fazendo certo, e eu tinha
muito Pacientes pra atender, ficava muita coisa pra mim em relação a eles, as vezes até
medicação que eu ia ensinar a eles a fazer, ensinar a mãe, mostrar a seringa e eu estava saindo
muito tarde e isso não dava pra mim e aí eu fui me desgostando, e eu ainda disse eu fico com
dois alunos, mas queriam que eu ficasse com três, além do mais fazer trabalho, aí eu disse eu
fico com os alunos, mas aí tinha que ficar com tudo, aí eu fui me desgostando, depois a bolsa
foi retirada, aí também já era demais. Tinha também umas reuniões que você tinha que largar
tudo aqui de uma hora pra outra, teve uma reunião que eu fui pra lá numa sexta feira à tarde,
tinha no quadro negro, discutir a discussão sobre a equidade do SUS, numa sexta feira á tarde,
depois de eu ter dispensado os Pacientes todos, aí eu disse: Aí não! Aí eu não aceito isso, não.
As reuniões não iam acrescentar nada, não ia ajudar em nada junto aos Pacientes e alunos,
muitas vezes marcavam segunda pela manhã, e a gente não pode sair daqui, porque é o dia
que desaguar tudo do fim de semana, mas a vivência da preceptoria é muito boa, eu aprendi
muito com os alunos. A convivência com os alunos é muito boa, têm uns que eu não consigo
esquecer_se deles, tem uns que me emocionam até hoje, tem um que está na Santa Mônica
como anestesista, outro é neurocirurgião, outro está na Pestalozzi, que viraram referência, aí
eu digo, já sei vou mandar pra D., aí ligo pra eles, e me tratam com carinho, viraram tábua de
salvação, eu sei que são pessoas que a gente pode contar. Então, isso é muito bom! São alunos
que a gente pode contar. Esses vão ser fantásticos. São ilhas, você percebe que ele nasceu pra
quilo e chega dar emoção porque você sabe que você contribuiu pra subir, que você sabe que
valeu a pena passar por aqui, quando eu lembro eu chego a me emocionar.
**** *suj_7 *per_6
Foi rica, foi rica, eu cresci muito com eles, eu gostei muito de trabalhar com eles, eu
sentia muitas vezes esse aluno, esse menino vai ser um médico fantástico, porque ele vai
perceber no Paciente aquele diferencial, ele vai captar, eu sabia, então, isso era bom, você

102

saber que você estava contribuindo pra aquela pessoa ia se formar e ia ter esse diferencial, que
eu estava conseguindo mostrar a ele que aqui no PSF aqui na atenção básica, aquele Paciente
precisava do olhar dele de um olhar diferente que as vezes ele não ia ver na universidade e
que na universidade ele não ia vê isso, porque lá é tudo muito corrido, tudo muito direcionado
pra especialidade, e aqui ele tinha a oportunidade de ver quando ia na casa do Paciente, que o
Paciente estava alí SUStentando a família todinha, ao lado de barulho de bar e via que o
Paciente não é só medicação, você tem que ver avida do Paciente, tinha o contexto familiar, o
contexto geral do Paciente, olhe se você vê a vida do Paciente, se você vê o Paciente com o
contexto geral você vai entender que o Paciente não é só medicação, como se vê na
universidade, tem que ver o Paciente, avida dele, se você entender isso você vai saber como
como tratar uma pessoa, então, era isso que a gente tentava mostrar aqui no PSF.
**** *suj_7 *per_7 score: 149.92
O que eu sugeria era primeiro que fosse colocada para o preceptor uma quantidade de
alunos que ele achasse adequado, respeitar isso, que cada preceptor tem sua maneira de
trabalhar, que fosse dito pra o preceptor quantos alunos ele acha que vai dar conta. Isso é uma
coisa básica, porque cada um sabe quanto pode trabalhar, segundo que oferecesse realmente
uma bolsa condigna com o trabalho que dar, porque realmente cuidar do aluno, ajuda_lo nisso
requer um trabalho extra, que você tem que tirar um tempo do seu trabalho pra deixar o aluno
exercer a função de atender o Paciente, medicar, examinar, fazer tudo isso, e você tem que
está ali supervisionando e se responsabilizando por aquele atendimento, então, requer seu
tempo também e sua responsabilidade, então, vai exigir tempo, então você tem que ter uma
remuneração condigna que você vai exercer o papel de professor e precisa dar uma
contrapartida para o serviço e pra você, lhe beneficiando não diretamente, mas aos Pacientes,
já foi feito uma vez e deu super certo, nós queremos que nossos Pacientes sejam atendidos no
HU, nas áreas que eles têm lá, reumatologia, cardiologia, dermatologia, porque a gente não
tem fácil aqui pela secretaria, e também nós queremos o que? Que nossos preceptores também
tenham acesso que a universidade pra o mestrado, que nos ajude, que foi prometido e não foi
conseguido, nós tentamos e não conseguimos, mas ainda não conseguimos acesso, essa ajuda
pra gente dar condição de progressões nas nossa carreiras.
**** *suj_8 *per_1 score: 153.04
Em 2007 já era para gente assumir, a preocupação foi na época ser professor, nem
todo mundo tem esse manejo, tem as preocupações com as demandas da unidade,

103

atendimentos, produção e além de desses ensinar a prática diária, e isso é ser preceptor. Na
prática é ser professor, e nem todo mundo tem aptidão, manejo em ser professor. Existe quase
10 anos de experiência, começou com um grupão não teve escolha, é necessário e não se teve
escolha, no começo eu vi assim. Depois eu comecei a vê as coisas boas que isso trouxe.
Muitas coisas boas, aumento até da nossa qualificação, eu pelo menos me preocupei em me
qualificar, em ensinar, aprender a ensinar. E assim quando no primeiro momento com os
alunos asSUSta, mas foram muito boas as primeiras turmas até hoje as pessoas comentam, os
funcionários foram muito acolhedores, os estagiários de medicina ficaram fazendo parte da
unidade do dídimo, entendeu? E a comunidade também. Assim, eu sempre faço sala de espera
para apresentar os estudantes, explico o que um convênio que a secretaria fez com a UFAL,
que a gente tem que acolher que eles estão aqui para aprimorasse, que eles têm conhecimento
teórico, mas aqui vão vivenciar a prática, eu faço isso até. Quando foi mais ou menos, eu, a
gente, começou muita gente, foi desestimulando e foi saindo e saindo, eu também, eu sai em
2012, fiquei 02 anos fora, mas eu retornei em 2014 e assim não me arrependo. Os meninos
hoje estão mais conscientes. Apesar de que eles não têm, eles não têm interesse de ser o
médico da família. Eu acho que a formulação do ensino, eles veem a vida com outra bagagem,
a vida prática, querem se integrar com as questões, os problemas, se aproximar mais, atender,
eles compreendem mais, tem mais anseios de aprender, são mais independentes, eles ficam no
consultório e eu em outro, eu fico só dando assistência. Então, assim cada mudança,
antigamente era 05 meses, passou para 03 e hoje são 02, a cada aluno novo faço sala de
espera, apresento, então, a comunidade acolhe aceita, alguns ficam meio resistentes, só que
ser cuidado por mim, mas eu explico a eles, não, não se preocupe, eles vão atender vocês, eles
são alunos que já estão terminando o curso de medicina, já estão no 6º ano. Então, não se
preocupe, eu vou estar aqui, a gente vai discutir o caso de vocês, eles não vão passar remédio
sem eu autorizar, aí, vou convencendo e convencendo e eles aceitam os alunos. Eu acho
assim, na época tomei um SUSto hoje eu acho a preceptoria importante, os alunos, hoje eu
gosto, hoje acho que é importante. A dificuldade que eu acho é não ter apoio da secretaria, em
nenhum momento à secretaria vem aqui, eu sei que são n tarefas que eles têm lá, mas a gente
não tem esse apoio de estarem aqui, vivenciar aqui. Algum dia, eu não sei, a UFAL também,
eu não penso em questão de bolsa, antigamente tinha bolsa e hoje em dia não tem mais. Mas é
eu penso que assim, estamos sós, somos apenas eu e os alunos, só são eu e eles e pronto.
Entendeu? Eu e eles. Uma das coisas que desde 2007, nunca mudou, já se devia ter repensado
isso é em relação à produção, deveria ter mudado, porque a mesma exigência que se tem com
o preceptor, tem a mesma exigência com o médico que não preceptor. Isso, nunca foi visto em

104

nível de SMS, Estado e Ministério, nada sobre isso, que já deveria ter mudado repensado isso.
Os médicos são preceptores, quer que a gente pode exigir? O mesmo nível de produção? Não
dá! Não tem como, a produção exigida é alta, a gente tem que ter tempo para o estudo com os
alunos, Eu tinha isso antigamente e agora a gente não tem mais. A minha demanda é muito
grande, tem quase 4.000 mil pessoas, chega a isso, estou esperando acabar o cadastro do e
SUS, mais a gente tem mais de 4.000 mil, chega a isso. E eu tenho que fazer a produção de
400 consulta ao mês. Tenho ainda que está dando assistência aos alunos. Aí eu não tenho mais
tempo, um horário mais para estudar com eles, que era importante, eu passar algum assunto
que sinto dificuldades deles em conduzir algum caso e eu não tenho mais esse momento, esse
tempo, é isso que sinto mais falta, não é da bolsa não. Eu não sinto necessidade de bolsa, o
que eu sinto é essa questão, do curto tempo, porque deveria ter um envolvimento do
município com o estado, com a universidade com o Ministério para vê essa questão, o médico
preceptor qual é a meta que ele deve ter de produção? Para poder que eles tenham uma hora,
um horário, um entendimento melhor de estudo com esses alunos. E às vezes a gente parte da
parte cientifica na UFAL, na universidade. A sala de aula é diferente da visão que a gente
tem. Muitas vezes a gente tem mesmo que se adaptar a prática, porque o que nós temos na
farmácia? O que é que o Paciente fala? Quais as queixas deles? É muito diferente do que se
encontra nos livros. Não é uma conta matemática, não! Não bate! E a gente não tem isso. Essa
questão de ver a nossa meta, o médico preceptor deveria se ter outro olhar. O médico
preceptor deveria ser visto com um olhar diferente, outro olhar por parte de todos da UFAL,
SMS, Ministério em relação à produção. Porque é difícil. Hoje a formação médica está
melhor, está bem melhor que a minha época, na minha época só tinha o estágio rural e a
vivência dentro do hospital, eu estou nem falando em termos de atenção básica, só era
vivência hospitalar. Hoje eu acho que a formação médica está bem melhor em relação à
atenção básica, porque com essa mudança curricular, eles estão isso de vir para atenção
básica, vivenciar ESF, eu acredito está bem melhor, eu acredito, eu tenho certeza, quando eu
vejo os meninos, o que eles falam, como é que eles conduzem a consulta, conduzem os
Pacientes, é bem melhor que a minha época, é!
**** *suj_8 *per_2 score: 158.69
O estágio em si, falta muito, tem muita coisa a desejar, porque como eu disse, a UBS
que tem o aluno, o médico preceptor, era para ter outro olhar da SMS do município junto com
parceria do estado com a universidade e com o Ministério, porque se eles estão vindos aqui
para vê à vivência da UBS, e a UBS não tem essa coisa de não faltar às coisas, falta! Falta

105

muita medicação, falta muita coisa da estrutura física mesmo, eh essa questão de ter realmente
esses estagiários, eles precisam ver uma boa qualidade de assistência, isso falta, isso não tem,
é como eu disse, sou eu e eles, sozinhos, não tem outra pessoa, ninguém não dá esse suporte
nem da parte da secretária nem da parte da UFAL para dar esse suporte, para dizer assim:
Vocês estão precisando de quê? Falta o quê? Não tem o quê? É a mesma coisa com a
demanda, eu preceptor tenho obrigação igual a atender que a outra colega que não recebe
alunos. A mesma coisa é com a assistência, o posto de saúde deveria ser diferenciado.
**** *suj_8 *per_3 score: 180.77
É como a gente está na unidade básica, eu não tenho conhecido exato como se der a
grade curricular, o que eu sei é que eu sei é que a gente está dando esse suporte na parte
prática quando eles chegam aqui no 6º ano. Agora como eu disse, quando eles chegam aqui eu
estou percebendo eles muito mais entrosados e muito mais entendendo o que é este estágio, o
que é atenção básica, que os primeiros alunos que chegarão aqui em 2007. Então, é o que eu
acho mais preparados, com mais habilidades, entendeu? Na época não aceitava essa mudança
não aceitavam muita a questão de ter que fazer esse estágio, porque muitos já vinham na
cabeça de ser cirurgião, de ser neurologista, neurocirurgião, cirurgia cardíaca, vem muito na
cabeça deles isso, entendeu? Aí era difícil entendeu? A visão hoje está mais generalista,
entendeu? Está bem mais. Eu acho que com a mudança curricular que houve, eu sei que teve
muitos problemas, mas a mudança que houve, fez uma melhora grande na formação. Mas, a
secretaria, ela hoje, o que ela faz? O trabalho dela hoje é ver com as unidades que recebe os
alunos, que recebe os estagiários, as unidades recebem outras faculdades não só a UFAL, vê
quem recebe, aí manda uma folha perguntando quem quer receber alunos, quem não quer
receber alunos, quem quer participar como preceptor, mas nenhum momento, vocês tem
estrutura adequada para receber o estudante? Não pergunta como está à estrutura, você, as
condições da unidade, não olham, aquela unidade tem estudante? Vamos ter um olhar
diferenciado, a secretaria de saúde não tem esse olhar diferenciado, não vamos deixar faltar.
Agora deu uma melhorada, mas tem época que falta muito, teve uma época a pouco que não
tinham nem receituário. Não tem um olhar diferenciado nem para o médico nem para unidade
que recebe o aluno, para mim é um compromisso só no papel, só de fachada, entendeu? Mas
não um efetivo, a coisa só funciona porque os médicos se dispõem, se disponibiliza fazer.
Hoje a universidade também está ausente, já foi mais presente, mais efetiva, mas agora é
ausente, só um telefonema, um e-mail, você vai receber alunos tais, e na época da nota se
manda pelo e-mail, só. Não vem a tutoria, o supervisor existe, está no papel, mais na prática

106

ele não existe, me perdoe o colega, mas nós não temos supervisão de forma alguma, não sei
por quê?
**** *suj_8 *per_4 score: 156.39
Falho, nessa composição falho, entendeu? Eu acredito que ele tem melhorado a
questão da formação dele na sala de aula, mas na formação dele na prática, no campo prático
está muito fragilizado. Deve-se a falta de integração ensino serviço, não tem integração,
quando se pensa vamos colocar o aluno na prática não se senta para vê qual melhor
assistência a dar a esse aluno para que esse aluno contemple o estágio dele. Que realmente
tenha toda visão se estágio, o que é a saúde da família, só eu que me Esforço para isso, eu
realmente sento com eles mostro as dificuldades que são as que vão de deparar na prática
deles quanto médico. Aí, às vezes eu deixo algumas situações acontecer, tipo algum Paciente,
eu digo isso é bom acontecer, porque assim vocês vão saber conduzir quando se depararem,
vocês vai ter a própria análise, porque eu não sou a perfeição, eu não tenho toda razão do
mundo, não! Mas isso aí vocês estão vendo hoje para no futuro vocês ter a visão de vocês, ver
o que é que vale apena, mas isso aí é como eu disse, só sou eu e eles mesmos. Eu não tenho
essa preparação, não sou professora, entendeu? Sou médica, mas só que como a gente já está
muitos anos com eles, a gente aprende o manejo de como lidar com eles. Teve capacitação
logo no início, mas não tivemos cursos preparatórios ao longo desse período, não tivemos
nada, nada, nada. A universidade e a secretaria deveriam durante esses anos todos, por
exemplo, a gente nunca teve uma avaliação, nunca chamou a gente para dizer gente vocês
estão gentes como é que vocês estão? Como vocês veem os alunos nas unidades básicas de
saúde? O que é que a gente pode melhorar? Fazer? Olhe, você está errando nisso, errando
naquilo, vamos corrigir aquilo. Eu não sei se estou bem? Eu acredito que sim pela fala dos
alunos, mas eu não sei se esse estágio se está contemplando. Acredito que sim. O que eles
veem buscar aqui que é a vivência com os Pacientes eu creio que sim, mas eu não tenho essa
avaliação, essa análise, eu não tenho curso de nada, atualmente eu não tenho nada. A gente
não sabe, eu não sei se os alunos quando saem daqui fazem alguma avaliação do estágio, eu
não sei, eu não sei, se eles fazem uma avaliação, eu não sei. A um projeto de intervenção que
eles fazem, mas, só chega à minha mão se eu cobrar, eles não tem uma exigência de quando
eles terminam o projeto de intervenção, eles têm que entregar a preceptora da unidade e a
universidade, eu não tenho não, o projeto de intervenção, eu só tenho quando eu cobro, pede.
De 2014 para cá, eu só tive uma intervenção, não existe feedback, não existe não! Uma coisa
que eu acho importante, mas não somos professores, a gente não sabe avaliar em termos de

107

nota, a gente devia ter curso, capacitação sobre isso, você devia ter uma capacitação para
saber melhorar avaliar, porque não temos apenas a gente bota lá um x-zinho na nota e manda
pelo e-mail, sem fazer uma avaliação, sem discussão de nada.
**** *suj_8 *per_5 score: 199.46
Eu já desistir uma época. Eu continuo preceptora, mas na época que eu desistir eu me
sentia desestimulado tanto por tudo isso, a UFAL nunca houve uma discussão para ver o que
precisamos mudar, o que estava errado, como podia melhorar e o que precisamos melhorar. E
na época eu não tive muita sorte, porque às vezes você pega dupla de aluno muito boa, a gente
fica feliz porque está com agente, mas eu tive uma dupla, que realmente eu fique, puxa vista!
Eu estou aqui atendendo, atendendo, por que a demanda é grande, e eu ainda tenho que está
vendo, que ficar dando puxões de orelha, conversando sobre esse aluno, para mim tem que vir
esse aluno já preparado da universidade, tem que chegar aqui preparado, ele tem chegar aqui
sabendo como é o estágio, é assim, assim e assado não! Eu não tenho que explicar não! Eles
têm que vir preparado e eu dar um complemento. Eu tinha uma dupla que desanimava muito,
faltava muito, então além do meu compromisso como médica eu ter que está nessa cobrança
toda com esses alunos, aí eu preferi desistir. Retornei porque eu tive com uma médica
residente aqui na unidade, ela hoje é inclusive professora, ela tinha perfil, então, a médica
tinha vocação para ser professora, ela é professora da FITS e parece que foi chamada para
UFAL, então, a médica residente passou dois anos aqui, passou aqui de fevereiro de 2014 a
fevereiro de 2016, então, ela é muito envolvida, e isso me estimulou a voltar. Eu conversei
com ela. Então, ela me estimulou, o colega coordenador falou comigo, volte! O pessoal gosta
muito de você, estamos sem preceptor e tal. Aí eu conversei com ela, eu disse: Você me
ajuda? Você fica com os alunos também. Ela disse: Eu Fico. Eu fiquei como preceptora e ela
me ajudando, e aí com eles aqui, aí eu fui me estimulando e aí eu voltei.
**** *suj_8 *per_6 score: 198.64
É, assim, eu acho que é válido, está sendo válido, é válido para mim, porque também
me fez eu me aprimorar, me fez eu vê que é importante a minha contribuição a essa formação
médica. Tem a vantagem que quando eles chegam aqui eles trazem coisas novas, eles têm
mais tempo assim. Novo vendo coisa nova na medicina, aí até me ajuda. A desvantagem
grande é a demanda de atendimento, entendeu? E não tenho tempo suficiente para dar atenção
que eu gostaria de dar. Eu sei que no hospital escola, o professor atende 10 Pacientes, sei lá,

108

no mínimo que dá para dar atenção, e eu tenho que atender 25 por dia, 30 por dia, então,
minha maior dificuldade é essa, eu não tenho tempo para dar a atenção que eu gostaria de dar.
**** *suj_8 *per_7 score: 159.98
É isso, é que a SMS e a universidade tenha outro olhar para a unidade, para o médico
que recebe aluno, que sente que faça discussão como pode melhorar. Eu passo por situações
as vezes que eu acho constrangimento, eu acho que quando a SMS convida os postos de
saúde, digamos que eles convidam muitos por distrito, aí bota lá, é a produção, você sabe que
você é enfermeira, aí isso está vermelho, isso está vermelho, isso está vermelho, isso está em
vermelho, pererê, pererê, como é que todo mundo naquela mesma fala, mas está faltando isso,
deixa faltar isso, deixa faltar aquilo. A SMS não tem aquela questão de não vamos melhorar,
vamos deixar com condições de trabalho para cobrar deixar em condições adequadas para se
trabalhar, para poder se cobrar, aí nessa condição de trabalho quem é a unidade que tem
aluno, quem são os médicos que tem aluno para gente vê o limite, e poder cobrar deles, mas
cobra sem nem dar as condições, entendeu? Então, aí eu fico constrangida, está abaixo, está
abaixo, eu digo: Meu Deus do céu! Eu trabalho tanto lá. Eu desenvolvo tanta atividade, boto
aluno para fazer isso, aquilo. E não consigo melhorar? Porque o erro está em quem? Em me
que estou trabalhando todos os dias. O que está faltando para melhorar? É isso! É conversar e
ter outro olhar para o médico e para unidade que tem aluno em formação.
**** *suj_9 *per_1
A experiência que eu tenho como preceptora e vendo essa grade curricular nova para
mim que na minha época era totalmente diferente, eu avalio que essa grade curricular ao meu
vê é muito corrida, complicada, para os alunos é complicado, é tudo muito misturado, porque
hoje em dia, eu não sei bem como é hoje em dia, porque como preceptora eu não tive a
oportunidade de ter uma avaliação correta, mas o que eu pude perceber é essa grade
curricular, é tudo muito misturado, é saúde da criança, é saúde do idoso, e nisso eles veem as
matérias tudo juntas de uma vez, cardiologia, ginecologia, neurologia, tudo muito misturado.
Então é muito diferente do que a época que eu estudei, e pelo que eu percebo, eu acredito, na
minha época, era muito melhor, entendeu? Porque eu acho que o aluno sai, não com aquela
visão que a gente tinha a frente, parece que a gente tinha mais tempo de estudar, porque eram
divididas mais separadamente as matérias, não era tudo tão misturado como agora. A meu ver
era melhor na minha época, eu vejo, em relação a isso. Para o aluno é favorável com certeza
já começar a ter vivência com o Paciente, está mais perto do doente, até mais contato, no
estágio do PSF, ele vai ter contato com a comunidade, não só a questão da doença, o adoecer,

109

mas o porquê do adoecer. Naquela comunidade ele vai ver como um todo e não apenas a
doença, vai vê como um todo na família, no trabalho, como vive, na casa, casa que ele mora,
como ele mora, entendeu? Tudo isso interfere.
**** *suj_9 *per_2 score: 226.96
Muito precário, primeiro, para mim, o nó maior é a questão do físico, a
estrutura física é o maior nó crítico da unidade que eu trabalho isso foi uma das causas que eu
deixei a preceptoria porque também a valorização do preceptor, eu acho que é importante
haver uma maior valorização do preceptor, e condição de trabalho, você tem insumos,
materiais. Em termo de Brasil isso é normal falta medicamento, insumos, materiais, isso é
comum, não é porque eu sou preceptora que eu vou mudar esse perfil, é a realidade que a
gente encontra. O aluno quando vem para uma unidade básica, ele vai entrar em contato com
o que a gente vive, eu acho até que não deveria haver diferença entre uma unidade que tem
preceptoria da que não tem. Em termos de insumos, materiais, eu acho deveria, eu acho que o
aluno deve entrar em contato com a realidade do país, do estado não é?
**** *suj_9 *per_3 score: 181.91
Olhe, o que eu percebo é que houve essa mudança curricular, sem nenhum
compromisso com os profissionais da atenção básica, ou seja, você é chamado para ser
preceptor, você é convidado para ser preceptor sem ter nenhuma preparação para isso, eu acho
que o preceptor para ser um bom preceptor ele tem que ter uma formação para isso.
Entendeu? Foi um dos motivos que me interessou fazer o mestrado na área de educação e
saúde, justamente para eu poder ser uma melhor preceptora. Mas, eu acho que não um
compromisso na atenção básica para receber esses alunos, não! Eles são jogados nas unidades.
Eu vejo que tem colegas que não estão nem aí, que os comentários que eu vejo é que eles têm
aqueles alunos ali como ajudantes – Ah! Eu deixo porque eles me ajudam – e ao meu vê não é
isso que eu tenho que fazer como preceptora, eu não quer um aluno aqui para ele me ajudar,
não! Eu quero um aluno para ele aprender o que eu puder passar para ele. Mas, para isso eu
senti necessidade de me aperfeiçoar nesta área que eu não tinha experiência nenhuma.
**** *suj_9 *per_4 score: 262.01
Eu passei pouco tempo na preceptoria, eu passei um ano e pouquinho, então, eu não
tive tantas, eu acho assim, a universidade é a maior interessada, né? Que dê tudo certo, ela que
é a maior responsável, mas eu acho que faltou esse engajamento maior com a própria

110

secretaria de saúde, com os diretores das unidades, com toda a estrutura para que pudesse fluir
a preceptoria, eu acho que falta para mim, o básico para mim é a preparação do preceptor para
o cargo, que eu acho que não tem a gente não tem essa preparação para receber o aluno como
preceptor. Com certeza a universidade, é que é a maior responsável para que hoje haja essa
formação do preceptor. Eu senti na pele, e por conta própria, por interesse, por sentir essa
necessidade de melhorar, de quer melhorar para melhor atender com aluno foi que eu procurei
fazer o mestrado, bem pessoal.
**** *suj_9 *per_5 score: 324.85
Eu deixei justamente como eu falei no início o meu maior problema aqui é a estrutura
física, eu não tenho condições de atender dois alunos aqui na unidade. Ainda perguntei se um
aluno seria interessante, mas disseram só dois alunos. E aqui nessa sala eu não tenho
condições de ficar com dois alunos. Além da estrutura física foi o incentivo financeiro, o que
oferecerão era uma coisa muito insignificante, mas para mim pessoalmente não foi nem essa
questão, porque eu gostava tanto de ser preceptora que o fator financeiro não influenciava
tanto. Foi mais a questão física mesmo, não tinha condições de atender o aluno aqui na
unidade. Se eu tivesse um local adequado para receber meus alunos, aí com certeza aceitaria.
**** *suj_9 *per_6 score: 153.38
Fui muito bom, eu gostei muito, era estimulante até para estudar, a troca com os
alunos, eles, é, eu gostei muito, experiência muito válida, muito boa, muito estimulante para o
profissional que vive no dia a dia da atenção básica. Receber aluno é uma oportunidade de a
gente voltar a estudar aqueles casos que chegavam diferentes, foi muito importante para mim,
muito válido.
**** *suj_9 *per_7
Primeiro lugar é a preparação do profissional médico para o cargo de preceptor, que é
diferente, você vai receber um aluno e que você vai ter ensinar alguma coisa que vocês estão
vivendo. Então, eu acho que isso aí você primeiro deveria fazer um preparo bem feito, em
segundo lugar, que as UBS tenham uma estrutura física para receber alunos, que não ocorre.
Terceiro lugar, o financeiro, o incentivo financeiro, a valorização da universidade com relação
ao preceptor, e sempre está promovendo cursos, avaliação com os preceptores, a integração
com os preceptores, eu achava também uma grande falha porque a gente não tinha muito
contato com os outros preceptores para saber quais as dificultas dos outros, tentar melhorar as
nossas. É por aí.

111

**** *suj_10 *per_1
Eu vejo a formação médica atual com muita preocupação. Eu já tenho 20 anos de
formada, e muitas coisas mudaram na estrutura da universidade, na faculdade de medicina.
Então, hoje eu vejo aluno mais voltado para as especialidades, já entram na universidade
pensando em ser cirurgião, dermatologista, etc. Então, eu não vejo mais o aluno com aquela
vontade conhecer todas as especialidades, como antigamente, eu vejo com muito cuido, é
claro que tem alunos excelentes, mas têm muitos que não estão comprometidos com a
medicina de uma forma geral, como antigamente eu via.
**** *suj_10 *per_2 score: 296.49
Eu acho que esses estágios na rede de atenção básica são necessários para o aluno de
medicina, tanto o estágio inicial no 1º ano de medicina, como o estágio no final do curso. No
estágio inicial eu percebo os alunos um pouco assustados com a situação e isso é importante
pra ele porque eles estão se deparando ali com a medicina preventiva, com o Paciente da
unidade de saúde, pobre, com as dificuldades do Paciente, as dificuldades das UBS, e no final
do curso eles voltam ali já com outra percepção, mais ao mesmo tempo eu percebo que o
interesse já não é tão grande, a maioria eu acho que não pretendem trabalhar com a medicina
preventiva, numa medicina pública, nem municipal, nem estadual. Então, eu vejo os alunos ali
só totalmente cumprindo a carga horária, se direcionando pra o que querem fazer, doidos pra
irem embora. É isso!
**** *suj_10 *per_3 score: 303.80
Eu acho que, eles têm a intenção, tem que ter que ter o compromisso tanto da gestão
municipal como da federal para a formação médica. Mas nessas preceptorias eu tenho visto
um descompromisso, estão ali só cumprindo uma obrigação, a gestão municipal aceita, mas
não tem uma programação, não tem uma reunião com a gente, os alunos são jogados, na
minha primeira preceptoria os alunos chegaram lá no posto de saúde e eu praticamente nem
sabiam que eles iam pra ali. Eu acho que tem que ter mais responsabilidade da gestão
municipal. Da gestão federal, eu acho que eles, já que eles têm que cumprir aquilo ali, eles
têm maior organização, responsabilidade, mas eu acho que tem que está mais perto, e mais, eu
acho que tem que está mais junto do aluno, eu vejo os alunos jogados, e tem que ter o
compromisso do preceptor, tem preceptor que está ali sem interesse, outros estão só obrigados
e não vão cumprir o que deveria cumprir. Então, eu acho que devia ter uma interação maior da
rede municipal com a federal na formação médica. Antes de levar o aluno às unidades

112

perguntar quem dos profissionais quer participar dessa preceptoria, deviam se reunir e definir
o papel do preceptor, um cronograma do preceptor, quais as mudanças que essa preceptoria
iria acontecer na unidade de saúde, porque eu não posso ter uma rotina de atendimento sem o
aluno e essa mesma rotina ser com o aluno. Então tinha que ter esse compromisso, essas
reuniões, essa escolha apropriada. Tem médicos das unidades de saúde que não tem interesse
nenhum pra ser preceptor e nem preparação nenhuma pra ser preceptor. Então, isso é
importante, escolher quem quer ser preceptor, ter reunião para definir o que fazer como fazer,
qual é o programa, qual é o objetivo do aluno na rede pública, etc.
**** *suj_10 *per_4 score: 223.98
É o papel da universidade é importante sim, e acho que não tenho acontecido, eu acho
que inclusive devia ter uma preparação dos preceptores nas unidades básicas, antes de
acontecer à preceptoria, então, sei lá! Acho que um curso, um treinamento, onde a gente
recebe o aluno já sabendo o que ia fazer como fazer, e isso eu acho que é o papel da
universidade.
**** *suj_10 *per_5 score: 307.93
Já têm uns 05 anos que não sou mais preceptora. Eu acho que foi tudo isso exatamente
que falei, a preceptoria devem ser escolhidas, a universidade deve preparar antes, ter um
protocolo junto à secretaria principalmente, onde a gente mudasse nossa rotina em quanto à
gente tivesse aluno ali, para melhorar o atendimento e o ensino, porque não adianta o aluno
estar na UBS e está só atendendo sem ter, sem está discutindo o caso, sem está levando coisas
pra estudar pra discutir está no outro dia. Eu ainda não sei se quero retornar a preceptoria, eu
acho que gostaria de retornar a preceptoria se houvesse uma preparação da universidade, uma
escolha, onde a gente tivesse uma programação, uma mudança junto à gestão municipal, e de
atendimento e bolsas que são de qualquer forma estímulo e muita vezes são prometidas e não
são pagas. Então, tudo isso leva o profissional a desistir de ser preceptor.
**** *suj_10 *per_6 score: 355.10
Olhe a vivência, a minha vivência na preceptoria não foi muito grande, mas assim eu
posso considerar boa, eu gostei, valeu muito apena. O aluno, um ponto positivo é que o aluno
estimula o profissional a estudar, a discutir casos, a se interessar pelo que ele está trabalhando
ali. O Ponto negativo é o aluno estar muitas vezes sem saber nem o papel dele ali, na unidade.
Na verdade, a falta de compromisso da gestão municipal com a preceptoria, eles

113

simplesmente levam o aluno pra lá, mas eles não têm nenhum compromisso e essa preparação
da universidade que eu acho seria importantíssima. Mas, é eu acho que sou muito positivo
para o aluno, eu acho que o aluno de medicina deve passar pelas unidades de saúde, pela
formação básica, eu acho que isso é importantíssimo para o aluno.
**** *suj_10 *per_7 score: 336.13
Olha, eu acho que a primeira coisa é que a unidade básica que for receber alunos da
preceptoria de medicina, elas deveriam estar equipados corretamente. Então, uma unidade de
saúde que vai receber alunos que você não tem o básico de atendimento, onde você não tem
condições de atendimentos, onde você não tem medicações para o Paciente, você não tem
condições de verificar uma pressão, então isso já é um ponto totalmente negativo. Então, eu
acho que primeiro deveria ter uma preparação dessa unidade, onde não faltasse nada ou não
faltasse o básico para o aluno que estar ali aprendendo. E segunda coisa, eu acho que a
universidade deveria fazer uma preparação como eu já falei a escolha dos preceptores e a
preparação desses preceptores, antes de iniciar a preceptoria. A universidade junto à gestão
municipal deveria formalizar a bolsa, porque seria o estímulo para um determinado
profissional se interessar em ser preceptor, além de que, eu acho que tem que ter uma
reformulação no atendimento da unidade, daquele médico que está sendo preceptor, porque eu
não posso com o aluno atender o mesmo número de atendimentos que eu faço sem o aluno.
Tem que ter uma adequação, tem que ter uma preparação desse posto de saúde pra isso.
Espero que esse seu trabalho seja uma mudança junto à universidade e gestão municipal na
preceptoria, porque elas precisam acontecer. O aluno precisa ir à unidade de atenção básica,
eles precisam ter esse respaldo aí, eu acho que o seu trabalho vem melhorar tudo isso aí.
**** *suj_11 *per_1 score: 187.40
Certo, da formação médica o que eu posso falar é a vivência minha na preceptoria, é
assim que eu vejo hoje aqui, os alunos em si, eu sinto assim, uns muitos interessados, outros
desinteressados. Geralmente, o estudante de medicina é muito estudioso, e eles buscam muito
isso. Da UFAL eles reclamam muito do desinteresse dos professores, mas, tem muitos
professores que eles elogiam muito. E eles têm muito conhecimento, isso aí tem. No dia a dia
eu vejo, eu enxergo, assim, eles têm muito conhecimento. Alguns têm certa dificuldade, mas
na grande maioria 80 por cento não tem dificuldade. Agora\...\ O quê\...\. Hoje, qual é a minha
percepção? É a falta de integração entre escola e serviço, isso aí que não se vê. Eu saí da
preceptoria faz uns quatro anos, eu voltei porque me pediram, porque que eu voltei, porque

114

numa turma era muito aluno. Eu já saí, porque agora não tem mais nome, está um caos, falta
de integração total, total entre o serviço e a escola, escola no sentido\...\ O aluno é jogado
aqui. Ninguém sabe o quê que acontece e não acontece aqui. Ninguém tem que saber, e eu
não vou dizer também. Hoje o que existe é que os dados são passados pela internet,
antigamente tinham os formulários, no tempo da Soninha funcionava, até ela, Soninha, estar
nesse processo. Funcionava! Ou bem ou ruim, mas a gente estava sofrendo junto, e hoje não
se vê mais nada disso, acabou tudo, tudo, tudo. Hoje, até a nota é via internet, que é um
absurdo um negócio desses. Que eu acho que não existe integração nenhuma. Ninguém até
hoje, que eu estou com três turmas já, ninguém da UFAL vem aqui. Hoje chega aqui\...\
Chega ao WhatsApp alguma coisa. Pronto! Só isso! Mais nada! Então, não sei o feedback,
como é que esse aluno está vivenciando. Seria muito mais fácil se tivesse uma fala, se tivesse
um momento, como antigamente era construindo esse momento. Era construindo entre o
aluno, o professor e a secretaria, mas hoje acabou tudo. Não tem mais nada. Hoje eu não
tenho estímulo nenhum pra ficar na preceptoria, e já saí, porque não me inscrevi, estou
recebendo esses alunos agora\...\ Porque não era nem pra receber\...\ Porque eu acho que não
tem pra onde eles irem. Porque foi a pior coisa a secretária junto a UFAL, enquanto escola,
enquanto gestão, enquanto conhecedora do valor do aluno, vir à rede\...\ do aluno conhecer.
Que eu sempre digo ao aluno, ele vai viver do SUS. O SUS é quem paga a escola, é quem
paga a faculdade, e quem paga a nossa vivência, os outros, são complementos. Mas o SUS é
quem paga a nossa vivência enquanto médico, nosso bem estar é o SUS, ou bom ou ruim, é
SUS. E eu não vejo a UFAL enxergando isso. O que sempre disse, eu sinto\...\ eu sinto que a
UFAL se aproveitou só pra jogar os alunos porque foi uma exigência curricular, aí ela fez
isso, que ela não buscou nada disso para crescer, porque naquele momento a gente tinha muita
abertura na secretaria de saúde e não foi construída uma ponte, pelo contrário, ela, na hora que
se apropriou daquilo, ela deixou prá lá. Eu sou uma das que posso dizer isso, porque eu
vivenciei isso dentro da secretaria. Eu lutei pra integração, pra haver essa integração
curricular, escola e secretaria. E a UFAL, não construiu as pontes que ela buscou, pelo
contrário, construiu muros. Ainda no tempo da Z, tinha certo interesse, mas depois que a Z.
Saiu acabou, foi um muro, que pronto, afastou tudo. Eu vejo assim, os alunos têm
conhecimento científico. A vivência com a comunidade, alguns tem certa dificuldade. Eu
peço que eles tenham Paciência, se vocês se interessam, vocês saem daqui bem. Eu deixo
literalmente à vontade. As duas primeiras semanas ficam vendo, depois eles começam a fazer
aqui o que eu faço, eles saem daqui bastante informados, depende do interesse do aluno. No
que se refere à avaliação e retorno dessa avaliação, não se conversa, não tem fala, não se

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planeja, não vem ninguém da UFAL aqui. Pronto! Quando era construído\...\ quando eu
participei do primeiro momento, tinha o preceptor, supervisor, médicos da UFAL hoje não
têm mais nada disso. Hoje os alunos estão jogados na rede. Vai depender do preceptor, do
aluno, porque a gente não conversa. A gente não se conversa. Tem preceptor que não está
nem aí e o aluno acha ótimo, porque vai pra casa estudar. E a secretaria, a UFAL, como eu
quero dizer, não existe. Não existe uma visita, não existe integração, não conversa, não existe
um feedback que correlacione esses conhecimentos. Existe uma vista grossa. Não está
funcionando dessa forma. Eu defendo uma construção que, no primeiro momento, quando eu
participei, e eu posso falar porque eu participei na UFAL como na secretaria, a UFAL tinha a
faca e o queijo. Porque não construí eu não sei. O que eu não entendo, é que ela não
aproveitou. Foi que, tipo, o currículo exigiu e ela botou aquilo pra frente. Mas que foi pra
melhorar? Foi pra dar valor? Não! Não existe uma valorização da atenção básica, não existe e
a gente sabe que na UFAL tem uma resistência muito grande até dentro da coordenação da
UFAL. Ela tentou quebrar isso? Pelo contrário! Chega ao ponto de um médico da UFAL, do
HU, dizer que não sabia se havia uma maca no posto de saúde. É um desconhecimento total
de como uma unidade funciona. Um posto de saúde?! É um desconhecimento total! E a
UFAL não se apropriar disso?! Porque aqui é o formador do médico. O médico vai para
atenção básica mesmo que ele não queira. Hoje, o currículo exige que ele vá para atenção
básica. A residência tem que fazer primeiro na clínica médica. Aonde vai se encontrar a
residência da clínica médica? Na atenção básica, no hospital universitário caindo aos pedaços,
aqui também! Mas tinha que ser investido. Perdeu-se este caminho, não existe mais
integração, não existe esse momento, não existe mais construção nenhuma. Eu não sei como
está agora, mas de quando eu participei no início, eu acho que a UFAL perdeu uma grande
oportunidade, porque a UFAL também devia ter investido nos preceptores, porque era uma
grande oportunidade, uma turma muito boa, uma turma que estava para melhorar, pra
construir, quando chegou o mestrado. Esse mestrado tinha construído uma base, como Mário
disse: Isso aí, a UFAL ainda vai ver a besteira que fez Mário que é professor, é médico da
Santa Casa, ele disse: Era pra ter aproveitado esse momento pra preparar a atenção básica e
não foi construído. Nós somos médicos, a gente não tem uma formação, ali foi pedido pela
UFAL, ali foi o maior erro. Eu acho que esse mestrado, que foi construído por nós, foi
solicitado por nós, foi solicitado ao MEC, a gente participou, participamos de congresso que
iria discutir o mestrado, e nesse momento a UFAL não priorizou a atenção básica, em
momento nenhum. Também ali teve um momento que todo mundo ganhou, ninguém quer
fazer tudo de graça. Já tinha um grupo de doze preceptores que ganhava uma bolsa, que se

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pedia que se quisesse uma bolsa, uma valorização. Eu estou ganhando isso, eu estou fazendo
isso, aí se conseguiu. Depois aquilo acabou, passou para ser metade, não é pra ser por aí, não
é pra diminuir, ao contrário, acabou. A UFAL em momento nenhum lutou, ela se acomodou,
nem no MEC, nem na Secretaria, jogou os alunos. As bases curriculares estão exigindo, eles
já sabem aonde é, fica tudo por isso mesmo, é tanto que existe. Mas os médicos não querem
mais receber os alunos. Hoje está se fazendo, por favor, que é muito ruim. E por favor, a gente
vai fazer porque conhece seu fulaninho, porque ninguém quer receber esses alunos. Aí a gente
faz esse favor.
**** *suj_11 *per_2 score: 176.49
Quando se iniciou, existia uma costura muito diferente de hoje. Existia uma costura,
uma integração, a UFAL e a secretaria, a atenção básica, entre preceptores, professores,
alunos, entre o gestor. Não estou dizendo que era 100 por cento na secretaria, mas os que
estavam interessados, eles iam, participavam. Naquele momento teve abertura, era portas
abertas para a UFAL, e a UFAL não soube aproveitar, pra UFAL fazer o que quisesse. Ela
teria construído todas as bases curriculares naquele momento, porque a secretaria estava de
portas abertas. Hoje eu acho um caos. Os alunos estão aqui porque eu estou fazendo um favor.
Eu não estou fazendo favor porque eu me sinto na obrigação de passar meus conhecimentos.
Eu gosto de aluno comigo. Eu cresço! Eles trazem muito conhecimento. Eles trazem coisas
novas porque a medicina vai mudando. Porque às vezes no tratamento, eles dizem: Não,
doutora! Já tem isso, já tem aquilo. Eles ajudam muito porque antigamente, o que a gente não
resolvia, a gente tinha o ambulatório de dermatologia, reumatologia, cardiologia, que a gente
encaminhava pra UFAL nossos problemas. Quando a gente tinha um problema desses, os
alunos levavam esses Pacientes e era maravilhoso! Hoje, não. Com o caos que está a
Secretaria de Saúde, que é o pior momento que a gente vive hoje, hoje eu não consigo fazer
nada. Fazíamos vários trabalhos, a gente investigava, pesquisava hoje eu não consigo fazer
mais nada. Nem um exame de sangue. Demora de dois a três meses. Demora a chegar quando
se marca. Com essas greves também, praticamente o pessoal do nível médio está trabalhando
dois a três meses por ano. Inviabiliza totalmente o trabalho. Eu, hoje, não tenho estímulo mais
nenhum pra estar no PSF. Janeiro e Fevereiro que já não se trabalha. São férias e carnaval.
Pronto. Depois começa uma greve, greve sem fim, que não viabiliza mais nada. Inviabiliza o
serviço, além desses problemas todos que a gente está vivendo. Hoje estou atendendo. Porque
hoje, além de não estar mais no nosso posto, tivemos que sair do posto porque inventaram
uma reforma que eu sabia que não iam fazer. Porque o povo do posto queria sair porque

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queria. Eu busquei a secretaria na pessoa da doutora N., quando ela assumiu. Contei pra ela,
que não era possível fazer da forma como estava se dizendo que faria a reforma. A gente
deveria ficar lá. Esperar, porque já havia acontecido outra e ficamos. Mas, todos os
funcionários foram contra mim. Então, busquei em último caso. Eu fui voto vencido. Então,
estamos desde outubro passado. Eu estou aqui jogada numa sala de depósito, sem ar
condicionado, sem a mínima condição de trabalho. E enquanto isso não me deu as mínimas
condições que uma sala tem. Eu fui pra área fazer visitas. Todos os dias eu ia. E todos os
funcionaram contra mim, porque hoje é sabido isso, quando tem reforma, são férias coletivas.
Eu tenho compromisso com a comunidade, estou há 10 anos, eles me procuram, eles me
buscam, eles sabem que eu tenho compromisso. Eu venho porque tenho compromisso. Mas
tanto faz eu vir, como não. A direção está nem aí! Em momento nenhum. Vem quem quer.
Tem dias que não tem ninguém. Só estou eu aqui pra atender. Quando chega certo horário, vai
embora todo mundo. O posto pode estar cheio, não tem pré-consulta, não tem nada. Eu não
vou mais brigar. Porque fazem o que querem e a ruim sou eu porque eu quero trabalhar, mas,
mais ninguém. Eu sei que é um caos, mas só a gente pode melhorar, porque somos nós, os
funcionários, que podem melhorar. Se o ser Humano, a parte Humana não quer Humanizar,
ver, enxergar o problema, não tem melhora. A gestão começa por nós, e se não tem essa
gestão, eu digo, prefeito não vem aqui, um secretário não vem aqui, nós que precisamos
melhorar pra está bem, pra atender bem. Mas a percepção não é isso. O estágio fica totalmente
fragilizado, porque fica a mercê do preceptor se quer fazer ou não. Tanto faz pra o UFAL, que
é a maior interessada e responsável pelo conhecimento, à responsabilidade é dela e não da
secretaria. Ela tinha que enxergar, ela tinha que fazer a secretaria enxergar pra melhorar. Mas,
no momento não há nenhuma comunicação. Vejo de forma positiva o estágio. Agora precisa
existir, voltar a construir as pontes que existiam. Mas se não construir, é só faz de conta. Aqui
é onde ocorre, onde se resolve 80 por cento das assistências. Você já manda direcionado,
investigado, faço toda a parte de investigação. Já mando pronto. Antigamente, até os exames
oftalmológicos eu já enviava, mas hoje não tem espaço para se trabalhar.
**** *suj_11 *per_3 score: 153.95
Pelo menos dentro da atenção básica eu posso falar. Nenhuma! É um caos total! Como
é que você melhora? Se você não tem conversa, não está agindo, não constrói, não planeja,
então é um caos. Existe uma conversa aí, que existe uma desestruturação para acabar o PSF,
enquanto os profissionais de saúde não estão enxergando isso. Só quem pode mudar somos
nós. A gestão? Ela dá estrutura, organiza, mas se a gente não mudar, eles vão acabar. A

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gestão, em nenhum momento, ela nunca veio ao posto. Só veio umas pessoas que se dizem do
distrito, mas só pra fomentar a mudança pra nós sairmos. Eles, junto com o diretor, são os
grandes responsáveis que forçaram a gente a sair do posto. Não existe valorização nenhuma
dos profissionais. Enquanto eu dizia que o compromisso que a gente tinha com a comunidade
de dez anos elevou o perfil de indicador de saúde, hoje é uma inversão. Quando eu cheguei,
eu não tinha nem um pé diabético. Passou de seis a oito meses, um pé diabético. Uma pessoa
perdeu a perna. Isso porque a gente não está junta. A mulher chegou aqui arrastando a perna
porque teve um AVC, quer dizer, um AVC num fim de semana. Só chegou aqui na quartafeira. Os familiares também, a comunidade, hoje não tem interesse de melhorar, resolver,
esperar, porque um AVC, uma perna doente, não procurar o serviço de saúde?! Acho que tudo
isso é porque a gente não está na área, porque se a gente tivesse trabalhando, se a gente
tivesse na área, se a gente tivesse visto isso, tivesse acompanhado, não teria acontecido isso.
Assim, a preceptoria fica incapaz de se efetivar, diante do descompromisso da gestão. Hoje a
preceptoria é um faz de conta, não existe capacidade nenhuma. Na formação médica, a UFAL
é omissa igual à secretaria. Não posso fazer nenhuma diferença. Porque talvez seja até pior,
porque a formação do aluno é responsabilidade da UFAL. Eu recebo um WhatsApp do
coordenador da preceptoria pra dizer: Os alunos estão indo, só isso. Não há supervisão, não
tem monitoramento, nem avaliação presencial. Nenhum acompanhamento presencial da
UFAL com os preceptores, o modelo foi construído, as pontes foram construídas. Eu
vivenciava a secretaria e a UFAL. Nós éramos uma ponte, mas hoje não tem nada. Hoje não
existe nada, integração com os alunos, alunos jogados, um diferencial é o aluno querer e o
preceptor, isso faz a diferença.
**** *suj_11 *per_4
Sinceramente, é omissão total da universidade. Eu sei que a gestão é política. Eu acho
que a universidade, ela tem tudo pra mostrar a secretaria o que é preceptoria, atenção básica, o
que é o aluno vir aqui aprender. Essa parte é da universidade. Ela teria que mostrar, estar
junto. Os alunos chegariam com encaminhamento da pessoa da secretaria, que nunca veio,
que não sabe nem o que é um posto, se eu existo, se o posto está aberto, funcionando, não
existe integração, não existe construção. É falha por todos os lados.
**** *suj_11 *per_5 score: 176.55
Quando eu não vejo que a UFAL, junto com a secretaria, não fornece as coisas
principais, o que tem de mais fundamental pra gente está em paz, a gente já tem tanto
problema no sentido de hoje não ter exames, remédios, material, curativo. Hoje só tem eu

119

aqui. Até receituário não tinha, eu era quem cortava o papel. Eu queria mostrar ao aluno que
ele ia cortar papel pra atender gente? Então, é uma degradação infinita desta gestão à frente do
serviço de saúde. Então, isso não é pra se mostrar pra aluno. Não porque não tem que mostrar
miséria, mas eu acho que ao aluno tem que ser mostrado o que a gestão está fazendo de bom.
E que essa gestão não fez nada até hoje. Agora não é um momento propício. Você está vendo
que melhorou, mas a gente trabalha sem medicação de pressão. O tempo todinho sem ter
medicação de pressão. É um dos motivos de meus Pacientes diabéticos complicar. É um dos
motivos de um Paciente, quando tem insulina, não tem fita para medir a glicemia. Quando
tem fita, não tem glicosímetro. Quando tem glicosímetro, não tem fita. Quando tem insulina,
não tem fita nem tem glicosímetro. Quando não tem insulina, não tem fita nem glicosímetro.
Isso é motivo do Paciente diabético perder a perna, e pra eles isso não faz nenhuma diferença.
Eu precisei trazer remédio de outro serviço que trabalho, pra fazer o tratamento desses
Pacientes. Eles logo começam, assim, não tem dinheiro pra sair. Se precisar que eles saiam,
eu ainda vou dando dinheiro. Mas eu não vou poder. É um descompromisso total do fato. E
quando eu passo pra UFAL é outro descompromisso total. Eu vou ficar pra quê? Nesse
momento, eu não vejo nenhum. Está tudo muito fragilizado. Não tem condições nenhuma pra
se começar a preceptoria. Começa logo pelo espaço físico, como você está vendo. Eu estou
num depósito. Numa sala de depósito sem ar condicionado, sem uma pia, sem ter nada. Isso
porque eu sugeri. Porque no momento, era pra ficar numa associação. Que o próprio líder, é
um doido, me disse: Doutora, como à senhora vai atender nessas condições? Quando R. é
cheio de dinheiro e não dá o mínimo valor pra gente, pra comunidade. Deixe de atender. Vá
pra praia! Chegou ao ponto de um dizer isso. Foi quando a noite eu tive a percepção: Meu
Deus! Eu to pensando só na comunidade, mas o que seria de nós ali numa casa, dentro da
comunidade, sem ter resposta nenhuma. Foi quando cheguei e a outra equipe estava reunida.
Eu pedi licença, entrei. Minha equipe não queria nem falar comigo. Eu era um bicho. Todo
mundo que nunca nem tinha pegado uma cadeira estava lá, agilizando a saída. Porque todos
queriam férias coletivas. Aí, conversei com o outro médico e a enfermeira e os outros agentes.
Eles iam alugar uma casa. Falei sobre os riscos, nossa segurança. A gente não tem nada aqui
no posto, mas a gente está dentro do nosso serviço. Mas falo e se a gente tiver fora, na
associação, sem está no serviço, sem qualquer referência e segurança? Eu tive um grande
desentendimento com o diretor, porque nós perdemos tudo e eu fui dizer a ele. Perdemos
dentista, farmácia, vacina, perdemos tudo. Só não perdemos o CNES, o resto tudo perdemos,
porque não tem mais nada. Hoje está o pessoal todinho sem vacina, fora a greve. Ninguém
trabalha, o pessoal faz de conta, os Pacientes não têm dinheiro pra vir pra cá, é muito distante

120

da área. As visitas que eu fazia eu continuo fazendo, mas os problemas vão aparecendo. O
agente não está na área, então, os problemas não vão se vendo, não vão se buscando resolver.
Hoje tem uma grande demanda reprimida. Eu não tinha isso. Eu não tinha problema nenhum
nesse posto.
**** *suj_11 *per_6
A vivência da preceptoria pra mim foi só enriquecedora. Melhora tanto o aluno, como
preceptor, como serviço. Assim, um diferencial que teve nesse posto aqui, foi que todos os
Pacientes adoram os alunos. Em momento nenhum teve rejeição como se diz por aí. A
primeira coisa, eu apresento eles: Olha, aqui são os alunos, que já vão ser médicos, neste
posto aqui isso foi construído. Até mesmo os alunos deixaram marca. A citologia era feita, e
neste posto aqui os Pacientes sempre se lembram dos alunos. Eu sinto muito ir acabando isso
que foi construído com tantas mãos.
**** *suj_11 *per_7
Sinceramente, eu não sei dizer. A forma que está, está um caos. Eu não enxergo. Eu
acho que precisava mudar tudo. Eu não sei como, porque eu não enxergo isso na secretaria
nem na UFAL. Eu não vejo nenhuma esperança. Eu adoro está com aluno, sinceramente!
Quando eu vejo que o aluno tem interesse. A primeira turma de aluno foi péssima, mas as
duas últimas ótimas. Para construir essas pontes, eu não vejo dessa forma como está sendo.
Eu não vejo possibilidades. Sinceramente! Nem vejo interesse da UFAL. A UFAL não
construiu, nem vejo a UFAL construindo. Nem a secretaria. Em momento nenhum a UFAL
veio aqui, nem a secretaria. Como é que se constrói sem se estar junto? Sem viver os
problemas e tentar resolver? Eu não sou pessimista não! Eu digo pros alunos: A gente pode
tudo! O que não resolvo é o que não depende de mim. Mas o que depende de mim, a gente
resolve.
**** *suj_12 *per_1
Eu percebo de forma bastante preocupante por dois motivos, porque eu não sinto na
prática um entrosamento entre a universidade e a secretaria da forma como deveria ser. Da
forma do ensino, vejo a secretaria como se fosse apenas um local em que eles, as UBS,
jogaram o aluno ali. Mas eu não sinto uma integração entre essas duas instituições. Vejo uma
falta de integração entre os preceptores que ficam nas unidades básicas e a universidade. Na
minha vivência eu não senti a universidade tão perto de mim, pelo contrário, eu senti a
secretaria. Apenas é cobrado de mim, mas a universidade eu não senti respaldo, eu não senti
apoio.

121

**** *suj_12 *per_2 score: 197.56
Eu acho que antes, alguns anos atrás eram bem melhor. Atualmente eu estou achando
os estágios bastante precários, onde nem a universidade nem a secretaria de saúde estão
preocupadas onde estão locando esses alunos. Eles estão locando os alunos, algumas vezes,
em algumas unidades sem estrutura nenhuma, nem pra ser uma UBS. E começando a ensinar
o errado ao estudante de medicina. Que o estudante de medicina tem que fazer, ensinando o
estudante de medicina improvisar o atendimento médico. Como exemplo, eu tenho aqui na
minha unidade, onde não eu, mas tem aluno da universidade aqui inserido, e há mais de um
ano e seis meses nós não estamos atendendo na unidade, e sim num salão de igreja. Sem
macas, sem estrutura nenhuma pra ser um consultório médico, e esses alunos estão aqui pra
fazer um estágio num local inadequado. Eu acredito que é válido num país como o que a
gente vive, onde a maioria da população, quase 90 por cento, segundo as estatísticas, depende
do SUS. Depende desse médico do SUS. Eu acho bastante válido. É importante que o aluno,
desde a época da universidade, esteja inserido nas unidades do SUS. Especificamente nesse
caso, nas unidades básicas. Para que futuramente ele não seja apenas um médico com a visão
de consultório. Que ele tenha uma vivência fiel do que é a medicina brasileira.

Agora,

eu

acho que esta situação precária que se encontra as UBS, a situação precária que se encontra a
atenção básica aqui em nosso Estado, torna-se um fator desmotivador pra que esse aluno
futuramente abrace a saúde pública como trabalho, profissão. E ele, vivenciando já na
universidade uma situação cada vez mais precária, o aluno quando se formar vai querer tudo,
menos trabalhar na saúde pública e com razão, porque, atualmente, não há condição nenhuma
de um médico, existem exceções, lógico, mais as condições são muito poucas pra um médico
fazer uma medicina de qualidade num sistema público aqui em nosso Estado.
**** *suj_12 *per_3 score: 235.04
Eu vejo que a universidade ela tem boa fé. Ela tem vontade que as coisas deem certo.
Ela tem preocupação com o aluno. Eu vejo com bons olhos a universidade. A universidade se
preocupa com os alunos. Agora, eu acho que universidade não está tendo força, pra junto com
os gestores municipais, pressionar para que eles deem pelo menos uma condição mínima pra
que esse aluno seja inserido nas UBS. Muitas vezes, eles estão mais preocupados em resolver
o problema de conseguir locar um aluno em determinado local. A universidade não vem olhar
onde é que esse aluno está locado, e muitas vezes, não é nem no consultório médico. Eu acho
que eles, o pessoal da universidade, tem compromisso. Eles têm compromisso com o aluno.

122

Agora, na prática eles estão faltando fiscalizar onde os alunos estão inseridos e o que estes
alunos estão aprendendo nas aulas práticas nas unidades básicas. Como, atualmente, eu não
estou como preceptora, eu não estou vivenciando nessa gestão. Eu não vivenciei a função de
preceptoria, eu não tenho opinião formada sobre essa pergunta.
**** *suj_12 *per_4 score: 229.16
A observação que eu quero fazer é uma observação pessoal. Quando eu adentrei na
unidade básica, especificamente no PSF, inclusive logo no início, eu fiquei com um aluno
como preceptora. Eu tinha acabo de sair da universidade como professora. Eu passei quatro
anos na universidade como docente, no curso de medicina, na ginecologia. Fui coordenadora
de alguns setores lá. Eu tenho uma paixão especifica pelo ensino. Por motivos financeiros eu
adentrei no PSF e na atenção básica, e abandonei a universidade porque estava chocando os
horários. Então, devido essa visão especial como docente que fui, e como compromissada que
eu era com os alunos, eu acho assim, que esse, que se deveria se ter no momento a
universidade, como eu falei anteriormente, um maior cuidado onde está se jogando esses
alunos. Uma fiscalização. É bastante válido que eles venham para o serviço público, pra
unidade básica. É bastante válido que eles venham, sem sombra de dúvida, é importantíssimo.
Porque o médico do Brasil não pode ser um médico de consultório, a maioria dos médicos do
Brasil deve ser do sistema público, porque aqui é o SUS que predomina. Agora, está faltando
um maior cuidado com o que se está fazendo. Fiscalização hoje, pra que futuramente a gente
não tenha um problema maior com esses médicos que são estudantes e futuros médicos.
**** *suj_12 *per_5 score: 311.04
O que me fez desistir da preceptoria foi vários fatores. O principal foi à falta de apoio.
A falta de valorização da SMS com a responsabilidade que eu estava assumindo. Eu não me
sentia desvalorizada pela SMS. Não me sentia diferenciada. Outro fator fui eu sentir muita
falta da universidade mais junto de mim. Daqui do local onde os alunos estavam. Então, pra
mim não era somente válido ir pra duas ou três reuniões no ano na UFAL. Eu preferia que
eles viessem aqui, ver os alunos deles, ver como eles estão sendo orientados. E o terceiro, e
principal motivo, foram justamente por eu ter sido docente. Eu tinha uma responsabilidade
quando eu comecei a notar o serviço público se deteriorando com o passar do tempo. Eu não
me senti à vontade de compactuar que os alunos em formação, começassem já aprendendo as
coisas erradas. Porque eu acho que o aluno tem que começar aprendendo o certo. Porque
quando ele se formar, ele vai ver muita coisa errada. Pode até vivenciar, improvisar, como nós

123

médicos fazemos hoje. Eu faço hoje. Eu improviso. Mas eu sei que estou improvisando
porque eu aprendi o que era certo. E eu estava vendo o aluno, já na formação, improvisando.
E aí, eu tinha medo que ele achasse que esse improviso era o certo. Eu até voltaria, se me
dessem condições físicas, estruturais de trabalho para receber esse aluno, um posto de saúde,
um consultório com o básico que a gente precisa pra atender bem o Paciente, que eu sentisse a
universidade mais perto de mim e que eu me sentisse mais valorizada pela SMS. Eu gostaria
que a SMS, me dessas condições de trabalho para eu exercer, não apenas a atividade de
médica, mas também a de preceptora. O que é que a SMS poderia fazer por mim? Dar um
posto de saúde melhor, um consultório melhor, para que eu pudesse, na minha vivência, ver a
quantidade de Pacientes que eu daria conta, pra ter um número de Paciente pelo número de
estudantes que eu tivesse. Que eu dissesse a quantidade, ou a gente chagasse ao número de
atendimento necessário para que realmente o aluno aprendesse. É isso. Que a SMS me desse
um ambiente melhor, condições dignas, consultório melhor, condições dignas de trabalho e
liberdade pra eu saber no meu dia a dia a quantidade de Pacientes ideal pra eu poder passar
um ensino de qualidade pra esses alunos. Segundo a SMS, eles passam pra gente uma meta de
400 Pacientes ao mês. Eu não sei se isso é uma lei, se isso é legal. Mas o que a gente recebe é
isso. São 400 ao mês. O número de atendimentos de um médico que não é preceptor e do que
é preceptor é o mesmo, e isso a gente sabe que não pode porque o preceptor, ele vai demorar
mais com Paciente. Ele está fazendo duas coisas. Ele vai está atendendo e ensinando o aluno a
atender. E depois, muitas vezes, vai está discutindo o caso clínico do Paciente. Não é
determinante o número de Pacientes porque determinante são todos os fatores envolvidos,
mas é um dificultador.
**** *suj_12 *per_6 score: 217.07
Eu acho bastante válido. Importante, principalmente, porque o aluno inserido na
unidade de atenção básica, ele vai estar vivenciando a realidade da medicina brasileira e
principalmente porque eu tenho uma paixão especifica pelo ensino. E a minha visão de
docente e compromissada com o aprendizado do aluno me faz reconhecer a validade da
preceptoria.
**** *suj_12 *per_7
Vou ser apenas repetitiva: condições dignas de trabalho para que esse aluno aprenda o
que é certo, e uma valorização maior da SMS. Só.
**** *suj_13 *per_1 score: 149.73

124

Olha, pelo menos a pouca experiência que eu tive, eu acho que o que passou pra mim
foi uma imaturidade dos estudantes que vieram aqui para essa unidade. A falta de maturidade,
de vivência. Eu percebi que os preceptores jogaram os estudantes sem primeiro orientar como
é que se comporta diante de uma situação. Por que assim, cada pessoa tem uma maneira de
trabalhar, né? Se você trabalha em um hospital escola, você tem aquele momento com os
estudantes, você sabe como portar com os estudantes. Eu não sei em que realmente a situação,
jogou os meninos aqui e talvez não tivesse orientação de como se comportar, mais assim, pelo
que eu percebi são pessoas que tem realmente estudo, conhecimento, mais quando parte para
esse outro lado, eu achei uma falta de respeito até com o profissional, entendeu? Isso eu falo
da minha situação, o que eu passei que inclusive pelo o que eu passei a minha estadia com os
estudantes foi muito curta, por que foi só terminar aquele período com esse grupo e eu me
recusei definitivamente a aceitar mais nenhum outro estudante comigo. Se não me engano, fiz
trinta dias, eu acho! Agora sim, não foram todos; eu fiquei com dois ou três estudantes, e foi à
atitude de um só que realmente me deixou muito constrangida. Eu disse, a partir de agora eu
não vou aceitar mais. A atitude isolada de um aluno do ponto de vista ético. Não
desmerecendo realmente o conhecimento dele e tudo, mais a situação que gerou foi que não
me agradou. A gente está aqui abre o consultório dá essa chance para o pessoal, a gente
trabalha naquele sistema corrido para dar X por dia, pra dar atendimento aquele pessoal. Aí
você perde aquele seu tempo para dar uma assistência ao estudante. Você se dar, se doa e não
vê que está tendo uma contra partida não tem condições. Falei com o diretor o que aconteceu
e a partir disso eu não quero mais nenhum estudante comigo. Isso me desmotivou para
vivenciar a preceptoria! Foi à primeira experiência que eu tive. Eu trabalho há muitos anos no
município e nunca me pus a essa situação, eu abri aquela exceção mais só que eu não tive a
contra partida, eu dei, mais em resposta o pessoal fizeram uma traição. A situação foi a
seguinte: eu tinha uma Paciente, uma gestante e ai a Rita atendeu essa Paciente junto com os
dois estudantes, então teve uma situação que ela saiu da sala, ela perguntou eu falei sobre a
Paciente, minhas dúvidas em relação a Paciente, então, ela se retirou da sala pegou o telefone
dela e foi ligar para a professora dela pra dizer que a minha atitude, ela foi contra a minha
conduta médica. Questionou a minha conduta, saiu da sala, não deu motivo e foi lá conversar
com a médica, eu não lembro na época o que foi. Só o fato de ela sair da sala e ir falar com
não sei se foi com a preceptora ou colega dela. A partir daquele momento eu não quero do
jeito que foi essa situação, pode ser uma situação até pior do que isso. Eu me senti
desrespeitada, se eu estava com ela na sala, ela veio para aprender um pouco comigo, se ela

125

tivesse alguma dúvida depois quando estivesse em casa, na faculdade e não ela se retirar da
sala naquele momento para ir conversar com a médica. Se você está com o professor, talvez
você saiba mais que ele mais você não vai dizer na cara do professor, você não vai desfazer o
que ele falou. A partir daquilo ali para evitar qualquer problema vou terminar com esse grupo,
mais também eu não vou querer mais. Eu acho que eles devem direcionar um pouco esses
estudantes para a vida pública, conviver com o Paciente, você tem suas dúvidas, tem aquele
desejo de fazer alguma coisa, talvez você saiba bem mais; você tem que saber dar o seu
limite. Tem que saber onde você está para poder contribuir também. Talvez se ele tivesse se
portado de outra maneira; teria sido até bom pra gente. Ai eu passaria a minha contribuição e
ela passaria a contribuição dela para mim. É a maneira de como ela agiu, eu sou uma pessoa
que tem a maior Humildade, eu reconheço onde está o meu limite. Agora uma traição, você
discutir, achar que não estou fazendo a coisa certa, sair da sala para discutir; então não tem
pra que você esta ali. A pessoa acha que sabe mais do que a pessoa que esta ali. Eu senti que
ela foi realmente infantil com relação a isso. Eu sou uma pessoa Humilde, quando eu não sei,
eu não tenho vergonha de perguntar, eu até gosto de trabalhar em dupla. Se você tem uma
dúvida, pergunta o que você está achando, se tem uma sugestão.
**** *suj_13 *per_2 score: 164.35
Já faz um bom tempo que não tenho mais estudante, minha experiência foi tão
curta\...\ um ciclo só. Foram 30 dias. Mas depende muito da pessoa, porque o outro rapaz que
estava comigo, uma pessoa maravilhosa. Acho que pra você jogar os alunos numa unidade, o
pessoal tem que ter amadurecimento, porque a realidade de uma universidade é
completamente diferente da nossa realidade, o que a gente trabalha aqui está por demanda, é
diferente de um professor de uma universidade, você entrega o Paciente para o estudante, aqui
não, temos que tocar o serviço. Então assim, se eles querem montar esse projeto, tem que
orientar. A integração ensino e serviço não tiveram essa participação do pessoal da
universidade, eles jogaram os estudantes, fizeram um projeto e colocaram os estudantes nas
unidades. A Lúcia trabalhava com os estudantes, chegou um momento que ela não quis mais.
São realidades diferentes, a universidade joga os alunos e você que atende o Paciente, faz
exame clínico, físico, jogaram sem orientar o que eles iam fazer, até a parte ética mesmo.
**** *suj_13 *per_3 score: 207.96
Diante da situação que agente está vivendo, não agora, mas anteriormente, que já estou
aqui desde 98, então assim, eu acho que está tendo um descaso muito grande com a saúde, e

126

parece que cada gestão está sendo pior. Saiu no Jornal Nacional (em algum jornal desses) a
questão do ensino da medicina, porque está deixando muito a desejar, hoje os alunos você
pode fazer uma prova desses meninos que estão saindo da universidade, praticamente 50 por
cento ou mais estão todos reprovados, eles não chegam numa pontuação de aprovação. O que
é isso? Eu acho que isso é falta de interesse, não digo de todos, mas uma boa parte, tanto de
cima quanto dos demais, porque você sabe que isso aí é uma cascata, se o professor não
incentiva o aluno também vai desinteressar, é isso que estou vendo hoje, e tanto que surgiu
uma questão que eles vão fazer uma prova para o fim do curso, se não me engano vai vingar
pra quem passou no curso ano passado em diante, pra fazer uma prova tipo da OAB, pra
selecionar esses alunos que estão saindo. Hoje em dia o Brasil está em uma situação\...\ Nem
todo mundo tem culpa não, nós somos as vítimas, mas a qualidade do ensino hoje\...\ Pra que
tanta universidade particular? Você acha que esses alunos que vão sair de uma particular (não
estou julgando todos), porque se você paga, você está induzindo que tem que passar,
independentemente. Por que tanta universidade particular? Visando financeiro ou a qualidade
que não está prestando? Na época que estudei a coisa era boa, se você não aproveitou era
porque não tinha vontade, mas hoje você vê um descaso em todos os setores, você vê nossa
situação, estamos aqui desde novembro, à unidade ficou para reformar, a gestão não pagou o
serviço à construtora, a construtora fechou as portas, estamos atendendo na associação, só 3
dias na semana, eu venho hoje pra constar, mas não estou atendendo, só vou atender quinta e
sexta, toda semana atendo quarta, quinta e sexta. O nível de precariedade no serviço vem
decaindo cada vez mais. Eu me ponho na situação do meu próximo, tem Paciente aqui que a
gente tem uma demanda muito grande de hipertenso e diabético, eu comprei um glicosímetro,
porque eu não vejo atender Paciente diabético, vendo uma glicemia de novembro do ano
passado. Se não tiver uma comoção dos poderes a tendência é\...\ estava assistindo ontem no
Jornal Nacional, disse que a quantidade de leitos do SUS está decaindo cada vez mais. O que
é que vai acontecer da pobreza? Esses Pacientes vãos pra onde? Vão morrer em casa. Se você
não tem contrapartida de lá, como vai ser a gente aqui, como que a gente vai trabalhar? Veja,
vou atender os Pacientes e peço o mínimo possível de exames, aí chegam aqui no cora, nós
não estamos com internet, tem nem previsão de quando vamos marcar. Aí como você vai
jogar um estudante pra vim pra uma unidade dessas, que você não tem o mínimo pra ensino?
Porque você vai ver só o Paciente, pelo menos uma universidade você tem Raios-X, tem
laboratório, porque aí você vai discutir cada caso, mas aqui a gente num tem. Teve tempos de
Paciente fazer pré-natal todinho comigo e chegar à maternidade e num ter um exame de
sangue, isso é angustiante. Quem não tem nenhum compromisso, com a comunidade, pra mim

127

é mais um Paciente. Você viu um relato que A. botou no grupo? Ela entrou em depressão.
Estou aqui há quase 8 anos, tem pessoas que você cria vinculo e você tenta ajudar e não
consegue agilizar a condição daquele Paciente. A precariedade de não ter material para
atendimento influencia na formação médica, mas existem tipos de pessoas, aquelas que se
preocupam com o próximo e aquelas que não se importa que se forme e num sabem nem
suturar, mas se você gosta de fazer, mas não tem a condição de fazer, aquilo angustia aí a
questão do glicosímetro, não vou abarcar tudo, mas se estiver ao meu alcance eu faço.
Faltando pilha pra sonar, a secretaria da uma pilha que não dura 2 dias, vou até comprar um
sonar pra mim, porque prefiro ter minhas coisas, eu sei que é minha, se quebrar eu mando
ajeitar, mas trabalhando desse jeito\...\ sobra pra mim. Chegando numa unidade vou fazer um
pré-natal e não conseguimos saber nem se o bebê está vivo, e pra umas pessoas tanto faz fiz
meu atendimento, e eu não gosto, se é pra fazer, vou fazer 100 por cento.
**** *suj_13 *per_4 score: 155.72
A L. era diretora médica da unidade, ela trabalhou um tempo maior com os estudantes,
ela chegou a me falar o seguinte, às vezes os estudantes a atrapalhavam no andar do
atendimento, porque como temos uma demanda grande, vamos supor, a gente faz 20
atendimentos, e quando ela estava com os estudantes ela dobrava o tempo de atendimento, por
quê? Os estudantes veem da universidade e eles ficam escutando ritmo, vendo se tem sopro,
eles fazem ciência com Pacientes, e aqui não podemos fazer ciência. Eles têm que passar pros
estudantes que nossa realidade é completamente diferente da realidade do HU. Vamos supor
cada especialidade daquela, eles têm no mínimo 5 ou 6 Pacientes, passam na cardiologia, eles
ficam pra ver o ritmo, se tem sopro, se num tem; Então aquilo ali leva certa demora com o
Paciente, coisa que não podemos fazer. Chegou uma época que lá não estava querendo mais
estudante. Mas como faz tempo que não vejo estudantes, eles podem ter melhorado isso aí,
não desmerecendo nenhuma preceptoria, pois tudo é válido, mas depende de cada ser Humano
se vai querer aprender daquele jeito, se quer o melhor.
**** *suj_13 *per_5 score: 156.42
No início eu não queria aceitar a preceptoria, pois nunca trabalhei com estudante, e
com a questão de complemento financeiro eu fiquei. Daí ocorreu o fato da falta de ética da
menina e se ela fez aquilo comigo no início, poderia até fazer coisa pior. Isso motivou de
forma negativa para eu não querer a preceptoria e também ter a questão da quantidade de
Paciente, se demora muito, o pessoal lá fora já está xingando. Nesse momento nada me

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motiva a retorna a preceptoria, e como motivaria se não dispomos também das condições para
isso, se eu já me sinto angustiada com o estado atual, imagina um estudante cheio de sonhos?
Você pega um Paciente, não dispõe nem dos exames básicos, o que é que eles vão aprender?
Vão aprender nada. A falta de aporte técnico e de estruturação, da regulação, dos exames. Se
houvesse uma referência e contrarreferência, uma integração de ensino serviço, através das
unidades com o HU, houvesse uma possibilidade de feedback e que o quórum não entrave, o
retorno e suporte técnico para acompanhamento dos Pacientes, seria tanto rentável pra a gente
quanto pra eles, isso seria um fator positivo para preceptoria, se tornaria viável.
**** *suj_13 *per_6
Minha vivência, quase não tive, foi tão curta. A experiência não foi positiva, pois não
me agradou. O que me desmotivou foi à experiência negativa, a relação interpessoal,
aluno/preceptor, tendo como plano a falta de ética de uma estudante, sendo uma situação
desconfortável para quem está na preceptoria.
**** *suj_13 *per_7 score: 178.12
Que um dos organizadores da preceptoria conviva um pouco com a gente, pra ver
nossa realidade com a realidade da universidade. Na universidade, tem a continuidade do
Paciente, a gente aqui não tem. Na universidade mesmo tendo dificuldade, vemos o segmento
daquele Paciente, coisa que aqui na realidade não tem mais. Que haja ao menos a integração
professores, não digo nem dos estudantes, com a nossa realidade. Para eu ser preceptora
teríamos que ter a contrapartida da universidade, uma especialidade, exames laboratoriais, que
seria básico para encerrarmos o Paciente; Que eles vissem nossa realidade, para tentar
diminuir nossa demanda também. Analisar a quantidade de Pacientes, aqui tem uma demanda
muito grande, lá não, lá eles discutem cada Paciente e atendem 5 Pacientes por dia, eles
sentam pra discutir cada caso, aqui nos temos 20 Pacientes por dia. Quanto ao contato com os
responsáveis da universidade, professor e tutor, não houve nem comunicação, agora que você
falou que notei, nem vieram falar comigo, nem cheguei a conhecer o responsável, não relatei
a universidade, pois não conhecia os responsáveis, mas eles também nem procuraram saber as
causas as minha desistência e os problemas, chegaram a mandar outro grupo, mas eu não
aceitei mais.
Eu não recusaria aceitar uma preceptoria, mas dando ênfase ao que falei
anteriormente, porque temos conhecimento não custa nada ajudar, passando sua vivência, seu
dia a dia, mas hoje não tem como dá o melhor, pois não depende só da gente, pois o sistema é
quase parando, mas espero que tenha servido de lição pra eles melhorarem, pois senti que eles

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apenas jogaram os estudantes na unidade e deveriam ter tido um profissional, tutor, pra
acompanhar eles uma vez na semana ao menos, ver como os estudantes estavam, procurar
saber como estava o andamento, mas não houve isso, eles deveriam ter tido responsabilidade
com os estudantes.
**** *suj_14 *per_1
Eu hoje vejo de outra forma. Não é como quando a gente era acadêmica. A gente era
produto daquele meio. Não conseguia entender muita coisa. Depois, a gente é jogada no
mercado de trabalho, e é meio que forçado a se adaptar no contexto que você está inserido.
Hoje em dia, acho que depois da preceptoria, a gente consegue ter uma visão melhor, mais
crítica. E hoje, eu acho que a academia avançou muito. Começa a enxergar que o aluno
precisa estar inserido no mercado de trabalho, vivendo o nosso dia a dia antes da graduação,
antes de terminar a graduação de fato. Eu acho excepcional. Antigamente, a gente era jogada
no mercado de trabalho sem saber nem pra que veio. E hoje, os alunos parecem muito mais
bem preparados. Eu acho que hoje, mais do que nunca, a gente conseguiu avançar mais e
mais. E o aluno sai bem mais preparado sabendo o papel dele, não só como profissional
técnico da medicina, mas com o papel social onde ele foi inserido.
**** *suj_14 *per_2 score: 219.60
Veja atualmente eu acho que a gente poderia melhorar muito. As UBS, na maioria das
vezes sucateadas, hoje eu posso falar que tenho uma UBS que foi reformada, que tenho uma
estrutura muito melhor, mas as coisas não se limitam a parede, portas, janelas. Temos que ter
uma rede que nos ajude, a rede é precária. O estágio hoje fica limitado porque a gente não
consegue ir além do aluno estar comigo no consultório. O meu aluno, hoje percebe minha
limitação porque eu não tenho uma referência, porque eu não tenho uma contra referência,
porque eu não tenho garantia do exame básico pelo menos de forma mais básica. Quando se
consegue é o exame no prazo médio ou ao longo prazo. E isso me deixar com um poder de
resolutividade muito pequeno. Lógico que a gente usa de nossa experiência. A gente consegue
fazer muita coisa antes do exame chegar, ou antes, mesmo do especialista me dar uma
resposta. Mas eu acho que essa rede, que cerca a atenção básica, precisa ser mais bem
estruturada. Isso ia ajudar na formação do meu estágio doutorando. Um poder de
resolutividade maior e uma qualidade de atendimento melhor sem duvida.
**** *suj_14 *per_3 score: 257.49

130

Veja bem, se o quesito for especificamente preceptoria a coisa está extremamente a
desejar. O gestor não lhe conhece, nem sabe que você recebe aluno. Ou se sabe a postura
deles é de uma pessoa que não tem o menor compromisso com a preceptoria. O profissional
que recebe o aluno tem que dar conta de todas as metas que estão estabelecidas pela gestão,
independente e apesar de ter estudante. E qualquer pessoa sabe que o profissional que está
com o aluno na sala perde mais tempo ou ganha mais tempo dependendo da ótica. E a gente
não consegue alcançar ou bater a meta que a secretaria estipula. Além disso, faltam coisas
básicas, como insumos, e a gente não tem como garantir. Eu acho que o compromisso e
responsabilidade do gestor municipal, e também da academia, não está boa não. Está muito
ruim no meu ponto de vista.
**** *suj_14 *per_4 score: 206.11
Veja bem, a universidade hoje exerce seu papel. Ela cumpre o que é estabelecido na
grade curricular e põe o aluno na UBS. Isso ela tem cumprido o seu papel. Só que eu acho que
ela tem se esquecido de aproximar esse preceptor à academia. Chegar junto do preceptor,
perguntar se ele está bem, se ele está sendo bem atendido no ponto de vista de atender o
estudante de medicina. Eu acho que a gente tem que pensar que o preceptor precisa ser
avaliado pela a universidade, precisa ser conhecido pela universidade, e que precisa ser
capacitado pela universidade. E eu acho que esse junto do preceptor já até foi melhor. Não sei
qual foi o motivo, quais são as dificuldades também da academia, mas eu acho que de repente,
deve poder existir mais. Eu acho que deveria resgatar essa aproximação do preceptor com a
academia. Quando você aproxima o preceptor da academia, você o reconhece. E é muito bom
a gente ser reconhecido. Essa é uma vaidade que é importante. Eu preciso de quem está lá na
ponta. E a academia? E a gente sabe que ela não sabe? Ela não sabe quem foi o preceptor. Ela
não avalia o seu preceptor. Ela não caPACita seu preceptor. Então, termina que o estudante,
que mau nos conhece, faz uma avaliação unilateral que a meu ver, não seria uma avaliação
verdadeira. E que até por entender, talvez, que não é real e não é verdadeira, não exista a
contraproposta. Eu não sei se verdade e também não vou procurar saber, e as coisas
caminham, é como fala, vai levando com a barriga, vai barrigando, e as coisas não melhoram
dessa forma.
**** *suj_14 *per_5
Não sou mais preceptora. Parei há um bom tempo como preceptora, por questões
pessoais e da Universidade. Acho que foi tudo que falei há pouco. A gente perdeu a
identidade. Eu acho que, se o preceptor hoje em dia não existe para a Universidade, ele é

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simplesmente um viés necessário pra cumprir as exigências curriculares. Eu acho que se eu
enxergasse, se eu vislumbrasse que as coisas iriam melhorar, se tudo isso que eu falei que o
preceptor fosse mais bem reconhecido, se aproximasse mais da academia, fosse capacitado\...\
acho que isso seria um bom motivo pra gente voltar. Sem dúvida, acho que todo trabalho, e
qualquer trabalho legal, tem de ser remunerado. Com certeza, a bolsa que era oferecida
anteriormente ao preceptor era interessante. Talvez não fosse o suficiente, mas era um
motivador pra se continuar a preceptoria.
**** *suj_14 *per_6
Eu gostava do que fazia. Tinha uma identificação, não só porque sou médica, não só
porque eu sou mãe de estudante de medicina, não só porque eu sou mãe de médica, mas
porque eu gostava do que fazia e tinha um resultado positivo na formação médica. A
oportunidade foi excelente e espero que a pesquisa venha resgatar mais profissionais
comprometidos com a formação do estudante.
**** *suj_14 *per_7
Como eu já falei todo momento, eu acho que a gente precisaria se aproximar da
academia, ser reconhecido pela academia, capacitado pela academia. Haver um diálogo mais
próximo, mais claro, para que a gente se sentisse mais à vontade com a academia. Maior
estreitamento por parte da academia e o retorno da bolsa, obviamente, seria de grande
importância.
**** *suj_15 *per_1 score: 155.17
A formação médica se eu for comparar com o passado, a formação médica do passado,
eu creio que, pela experiência da preceptoria, eu diria que os médicos da moda antiga tiveram
uma base boa. De se envolver com o Paciente. E com a preceptoria atual, com esse projeto de
você ter um preceptor, você receber o aluno, de você orientar esse aluno, de você conseguir
colocá-lo dentro de uma unidade pra saber se existe mesmo esse perfil. Com as informações
que ele já tem de bagagem na teoria junto com a prática, ele vai colocar aqui no SUS o que ele
aprendeu justamente com o preceptor. Tanto ele aprendendo comigo como eu aprendendo
com ele. Mas assim, a formação médica, no meu ver, se fosse possível colocar o aluno no
começo, no contato com o usuário, no contato com o Paciente do SUS, eu acho que essa
formação médica teria um valor bem mais expressivo. Com certeza, o que acabei de comentar
a pouco, o contato do aluno logo cedo com o Paciente dentro das UBS no trabalho do SUS,
isso vai com certeza, não tenho dúvida, vai colaborar muito pra formar esse médico,
principalmente o médico a nível, vamos dizer, do lado Humano. Porque você sabe que a

132

medicina forma aquela pessoa como médico, mas fica a desejar. Desejar no sentido dele se
envolver mais com o Paciente. E ali você consegue envolver esse Paciente, você consegue
envolver esse médico junto com o Paciente. Há o envolvimento com o Paciente. Você
consegue envolver mais. A relação médico Paciente fica muito mais apreciável. No meu ver,
quanto mais cedo o aluno estiver envolvido dentro da unidade com o usuário, com os
trabalhos que existir no PSF, com certeza vai colaborar muito pra formação médica.
**** *suj_15 *per_2 score: 168.63
Essencial. A minha resposta complementada de acordo com a primeira pergunta e a
segunda pergunta. Os estágios nos hospitais, os estágios nas maternidades, dentro do hospital
escola, é essencial também aos alunos, estarem dentro das UBS. Com certeza, é um
completando o outro. O aluno dentro da unidade, ele vai ter mais contato, maior relação
médico Paciente. Daí, da relação médico Paciente vem à parte da teoria, da prática, os alunos
vão trabalhar o lado de conhecimento teórico na prática, vamos colocar o aluno mesmo
tocando no Paciente, examinando, colocando o que ele aprendeu desde o início da faculdade,
dependendo em que nível que esse aluno esteja você vai colocar. Aumenta em todos os
sentidos a relação médico Paciente, principalmente no PSF, no PSF a gente trabalha com
famílias. Então ele conhece aquela família, conhece aquele Paciente. Pena que o estágio é um
tempo curto, mas esse aluno vai está ali, a relação médico Paciente é essencial.
**** *suj_15 *per_3 score: 281.92
A responsabilidade da gestão municipal e federal precisa melhorar. Essa relação não é
tão saudável não. Você citou o município, o compromisso e responsabilidade da gestão
municipal, seria somente, vamos dizer assim, o espaço físico pra receber, porque pertence ao
município. E o federal a relação de trazer esse aluno da universidade pra cá. Mas, que existe
um compromisso? Deveria existir. O município, o estado, a universidade, deveriam
contribuir, estimular, aumentar esse contato do aluno na UBS. A pergunta me deixa em
dúvida, sobre o compromisso e a responsabilidade do município. Juro a você, eu não sabia
que existia esse compromisso, vamos dizer assim, federal x município. O convite foi feito pra
mim, é como se só existisse o federal. A UFAL. E em nível de município, pra mim, seria eu,
como funcionária do município, eu ceder o espaço, minha experiência, minha vivência.
Jamais imaginei essa questão de compromisso, nunca passou pela minha cabeça isso. Pra
mim, em nível de município, seria a doutora que trabalha na rede municipal e que recebeu um
convite de uma rede federal pra receber esses alunos. Mas jamais eu saberia que existia esse

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compromisso município x federal. Desconheço. Desconhecia. Não sabia, não! Na verdade,
sou desconhecido, eu não sabia. O compromisso era um convite pessoal de um amigo médico,
professor da universidade e que por trabalhar na UBS, no município, tive esse convite.
Desconhecia mesmo.
**** *suj_15 *per_4 score: 151.10
Vamos somar participação. A universidade vinha com o aluno com uma bagagem x,
com a parte de prática e de teoria. E eu iria entrar com um pouco mais de teoria e minha
prática, e somaríamos conhecimento. Então, a universidade que forma o aluno pra sua
formação médica, no caso médico. E o preceptor com outra bagagem, contribuindo com essa
formação desse aluno. A universidade vem com o aluno, com aquele conhecimento oferecido
pela universidade e vamos somar nossos Esforços. Mais conhecimentos. É como se eu fosse
preceptor e fosse dar uma pequena lapidada nesse aluno para finalizar e colocá-lo na rede, no
exercício de ser médico. Prepará-lo para ser médico. Eu finalizo com o que eu conheço. Vou
lapidar um pouco esse aluno, que já veio com a bagagem da universidade, tanto teórica como
prática e eu acrescento um pouco mais. Eu o coloco junto com o Paciente, e a universidade
finaliza diplomando.
**** *suj_15 *per_5 score: 142.33
Não sou preceptora, vamos lá, vários fatores. Primeiro, o espaço físico. A unidade na
época era uma unidade muito pequena, muito pequena, eu recebia dois alunos estudantes de
medicina já com uma boa bagagem. No quinto ano! E eu não podia diminuir a minha cota de
Pacientes pra eu poder, vamos dizer assim, dar atenção a esses alunos. Porque, pra você
trabalhar com preceptoria, você não vai só fazer uma coisa superficial. Existe um programa,
existe um tutor que vai fazer a fiscalização tanto da carga horária de ensino desses alunos,
como minha participação. Resumindo, eu não tinha espaço físico pra eu dar atenção aos
alunos e aos Pacientes, eu teria que diminuir um pouco o número de Pacientes atendidos, isso
não foi permitido pela direção. A direção não permitia que eu diminuísse pra eu dar atenção,
já que esses alunos estavam aqui praticamente à semana toda. Eu não sei qual era a carga
horária, mas eu tinha que ficar com eles. E a história da bolsa na época pela UFAL, eu não era
uma preceptora oficial, eu era uma divisão, vou explicar melhor. A bolsa era dividida pra duas
colegas, havia a preceptora oficial que recebia e repassava para outra. Passado esse tempo, o
valor era muito pequeno pra você dar atenção a dois alunos, para eu explicar, discutir o caso
com eles, o que vamos fazer o que vamos pedir de exames, qual o possível diagnóstico, fazer

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caso clínico, estudo clínico\...\ levava tempo. Fazia porque gostava, mas chegou uma hora que
não tinha mais condição. E foi quando finalizou essa bolsa, teve que reduzir os preceptores,
quem era oficial manteve, e o outro saiu, foi o que me levou a deixar. Helga, tudo que falei a
pouco\...\ não é que goste de ensinar, não tenho esse perfil, mas um dia eu precisei. Na época
que eu era estudante de medicina eu precisei ser recebida na unidade e conhecer como
funcionava. Quem me recebeu passou pra mim uma boa bagagem, coisa que eu não vejo na
universidade. Segundo, se eu estiver numa unidade e tiver condições de receber o aluno, uma
sala boa, ter pelo menos um horário que eu pudesse estudar com eles, uma bolsa de incentivo,
eu voltaria pra preceptoria, certo? Que a direção da unidade também entendesse que o médico
que é preceptor, não é que ele vai diminuir sua cota de atendimentos, eu apenas precisaria já
que eu atendo todos os turnos, que diminuísse pelo menos dois atendimentos cada turno. Pelo
menos, com esses dois atendimentos a menos, eu poderia atender com mais cuidado, sem
correr, com condições de aprendizado. E termina que o Paciente fica imPaciente. Eu
conversando com aluno, ensinando a prescrever tantos medicamentos, explicando dosagem, aí
o aluno pergunta: Porque essa medicação, a amoxilina? Quantos miligramas por quilo?
Requer tempo. Paciente quer ver sua consulta finalizada e não eu dar atenção aos alunos.
Então, ambiente físico bom, sala ampla que poderia discutir com esse aluno, diminuir um
pouco desse atendimento, pelo menos dois atendimentos por cada turno, pra que com esses
dois atendimentos a menos eu poder ter melhor participação e contato com esses alunos, e ao
terminar ficaria eu e os alunos discutindo: Aconteceu isso, isso e isso. Vamos discutir
diagnóstico diferencial. Vamos discutir o tratamento, isso que precisa acontecer e a direção
não permitem, não colabora.
**** *suj_15 *per_6 score: 167.16
A vivência da preceptoria com certeza, sem dúvida, vai colaborar muito para a
formação do futuro médico. Então ela é essencial! É válida tanto para o aluno como para o
preceptor. Não só o aluno aprende, mas o preceptor também. Somamos Esforços e obtemos
certamente mais conhecimentos.
**** *suj_15 *per_7 score: 303.47
É o que acabei de explicar, eu precisaria, pra mim, se for pra mim eu até voltaria, mas
voltaria com essa condição. Com bom espaço físico, sala que eu possa atender o Paciente,
conversar com aluno com calma. Que a direção ajude em tudo. Deixou-se que houvesse
preceptoria aqui, então contribua. Porque não pode se fazer uma consulta sucinta, corrida,

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porque o aluno vai ficar perdido. Porque o médico fez essa consulta superficial. É o que
acontece hoje em dia sempre. Não se faz o que se aprende na universidade, coisa pequena,
verificar como se aprende na cardiologia, a colocar a mão no Paciente. O Paciente tem queixa
e o médico vai logo para os exames. A meu ver, para eu colocar esse aluno pra viver o que
aprendeu na universidade requer tempo, qualidade, espaço adequado.
**** *suj_16 *per_1
A formação do meu tempo para hoje, aí você bota de um a dez, cinco (a de hoje).
Você pega um médico que está se formando hoje, ele está praticamente só passando exame, o
resultado, e dá o diagnóstico. Inclusive um especialista mesmo, ele não toca em você, nem
fala. Entendeu? No meu tempo, você examinava um Paciente da cabeça aos pés quando era
um estudante. Eu tinha aula os três horários, para completar. Eu praticamente dormia dentro
do hospital. Eu fiz Ciências Médicas (o curso), tinha aula de manhã, à tarde, e à noite. Então a
gente só saia sabendo, só saia de uma matéria daquela sabendo. Então\...\ meus professores
foram os melhores do estado na época. O professor de anatomia era o A. C.. O L. F.\...\ o V.
L., pediatra. Tinha o professor J. A. tinha o S. C.\...\ só tinha fera\...\ tinha\...\ o IML, que
morreu\...\ D. C.. Então\...\ o professor A. era o quarto anatomista do mundo: ele foi o único a
dissecar um cadáver e fazer o esqueleto sem usar arame. A gente tinha a obrigação de estagiar
no HGE e o estágio rural, mas era no interior.
**** *suj_16 *per_2 score: 149.52
O que eu vejo hoje no estágio é um fazer de um médico assinante, o que ele faz? No
meu tempo o cara ficava do lado, o professor A. pegava um cordão e metia dentro dos
cadáveres, para você pensar que aquilo era um nervo, aí você ia lá e lascava a prova. Porque
era um cordão que ele botava, se você não soubesse anatomia, você ia à conversa. O aluno de
hoje vem ao estágio por ser obrigatório, por exemplo, tinha um aluno que chegava aqui, acho
que passava a noite acordado, e dormia, chegava o Paciente e acordava ele. Os alunos de hoje
são menos comprometidos do que quando eu era aluno, tem uns que colaboram, mas outros
veem sós para constar e passar o tempo. Agora, com as condições físicas, financeiras e de
pessoal\...\ você vê, não é? Que está nesse posto aqui. O elementar: a água para beber, o
prefeito cortou esse mês. O esgoto é entupido. A prefeitura veio endireitar a pia aqui e botou
pedaços de plástico. A formação médica hoje é fragilizada, porque antes tinha o contato com
o Paciente, você olhava, examinava, apalpava, fazia percussão, media pressão, fazia tudo.
Olhava nariz, boca, ouvido, tudo. Aí o problema é que foi encurtando, o tempo. Foi
aumentando a quantidade de gente, foi encurtando o tempo, e aumentando a burocracia. Hoje,

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tudo é papel para escrever. Aquele mapa é uma desgraça, você gasta mais tempo fazendo o
mapa do que atendendo. Desde que eu estou no serviço público vem caindo ano a ano, a
qualidade. Quando eu estava no estado, antes, no posto a gente fazia tudo, fazia pequenas
cirurgias, extraia unha, suturava\...\ tudo, não precisava ir para pronto socorro. Era mais
resolutivo e não precisava escrever tanto. A gente escrevia a quantidade de gente que ia
atender o que fez e pronto. Não tinha mapa. O mapa você preenche dos dois lados! Além
disso, você pega um Paciente desse, além de você fazer o atendimento, tem que conversar,
tem gente que\...\ aí eu levo quarenta minutos com um Paciente, se for para fazer uma
consulta, uma consulta benfeita. Quarenta minutos! Agora, você preenche o mapa, preenche o
receituário, preenche a PAC, preenche o receituário carbonado, preenche o receituário azul\...\
e agora, chegou mais um para escrever, se você quiser fralda para um idoso, você preenche
mais duas páginas, para liberar uma fralda. E o código de doença você tem que está
procurando, porque não tem aqui.
**** *suj_16 *per_3 score: 140.56
Infelizmente não são boas. Olhe a responsabilidade que a gente vê hoje é só exigência.
Quero isso, quero aquilo, era para ser hoje, era para ser amanhã. E cada dia mais coisa para
escrever, e o Paciente fica em segundo lugar. Tem mais coisa para escrever do que você
realmente olhar para o Paciente. Por isso que foi transformado, não existe mais médico hoje,
tem lá no CBO ‘técnico em saúde’, você vai lá à prefeitura e o nome que está lá é técnico em
saúde, não é médico mais. E eu já estou perto de me aposentar, agora tenho pena dos que tão
chegando aí com o excesso de médico que vai ter. Só aqui (Maceió) cada esquina está tendo
uma faculdade de Medicina; então tenho pena desse pessoal que vai sair. Se no SUS não
tivesse tanta corrupção, o dinheiro dava para todo mundo. Mas cada lugarzinho que ele para
até chegar aqui\...\ já foi embora mais da metade, de cada mil que vem chega só dez. Você
sabe disso. Infelizmente, se a gente for dizer a verdade, muita gente não vai gostar. O
comprometimento que tem é esse aqui que você está vendo. O dinheiro que vem vai para
alguém. Para gente não é. Ninguém, no caso os médicos, querem ficar com alunos diante
dessas circunstancias. A universidade ofereceu um curso às sextas-feiras à tarde, inviável. O
pessoal trabalha de segunda-feira até sexta, quando chega sexta à tarde e quer ir embora, tem
que ir para Universidade e ficar lá até a noite\...\ aí quase ninguém ia. E outra: até mesmo o
básico que é beber água o prefeito cortou. Faz um mês que não tem água. Você vê\...\ a gente
está aqui, aí entra um prefeito que ao invés de incentivar, corta tudo que é gratificação que a
gente tinha. Levou uma folha SUS que vinha para complementar, cortou o salário da gente em

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30 por cento para ninguém receber mais. O salário está congelado desde que ele entrou, vai
fazer quatro anos. Quer dizer que ele acha que a gente ganha muito, entendeu? Não tem uma
água aqui, a gente tem que pagar o almoço todo dia aqui, gasolina, que são 20 km para vir e
20 para voltar, saio daqui às 16h e chego a casa às 17h10min; e tudo isso é falta de estímulo.
O prefeito, no lugar de deixar tudo como tava, vem e tira tudo que você conquistou. Aí a
pessoa já trabalha com má vontade, sem ânimo. O cara chega à área, um calor danado, chega
aqui e não tem um copo de água para beber. E a gente sabe que tem dinheiro. A prefeitura
hoje só está mais preocupada com ponto eletrônico. PSF deveria ter horário especial, mas não
é assim. Às vezes um Paciente tem AVC, se vou sair, tem que botar o dedo ali.
**** *suj_16 *per_4
A contrapartida que a universidade ofereceu, foi o curso que foi oferecido às sextasfeiras para os preceptores e que eu não pude acompanhar.
**** *suj_16 *per_5 score: 158.30
As condições de trabalho, como eu já falei, tanto a bolsa, que enganaram, como o
tempo e coisa para escrever. E hoje o que está preocupando é coisa para escrever. É cheio de
papel aqui. E outra coisa: muitos Pacientes não aceitam falar na frente de pessoas estranhas.
Não volto mais não, porque eu vou me aposentar agora, entendeu? Não voltaria
porque não tem condições. O tempo vai passando e as coisas vão piorando; tanto o financeiro,
como o burocrático, como as condições de trabalho na unidade, entendeu? Essa seria a causa
principal, a falta de condições. É isso que eu falei\...\ são mais as condições de trabalho e as
econômicas. Tudo, no geral. Faltam materiais.
**** *suj_16 *per_6
Foi válido. É como falei, tirando as condições de trabalho e de mobilidade, as questões
de segurança no trabalho, o restante foi ótimo. Nunca tive problemas. Eles gostaram (os
alunos), até a soneca pegou algumas dicas. Ele dormia numa pensão só de homens, aí acho
que os caras não deixavam dormir. Geralmente, por mais que você fale, sempre tem um ponto
positivo. A amizade com o aluno, com a equipe que ele pega a prática, os conhecimentos
adquiridos; principalmente a dica que a gente dá a eles, depois de 36 anos de serviço a gente
tem uns macetes para passar para eles. Isso é o que eu acho mais relevante. A convivência.
Olha, ponto positivo é que a gente proporciona aos alunos ver a realidade, que o pessoal em
periferia, em péssimas condições de trabalho. Os meus alunos nunca tinham entrado numa
casa em uma favela. Quando fui trabalhar no Benedito Bentes, naquelas grotas lá, tinha umas
meninas que estavam com medo de entrar, aí eu pedia para guardar joias e essas coisas,

138

porque aqui a gente não usa. E tinha algumas que diziam que não iriam para PSF, porque se
acham superior ao pessoal da periferia. Geralmente isso é o pessoal, selecionado, elitizado,
que acha que tem tudo e não precisa. Então um dos pontos positivos é isso, fazer com que o
aluno tenha a realidade do momento. E os pontos negativos\...\ é praticamente 90 por cento.
Falta tudo, condições de trabalho; o PSF quando foi criado, ia ter um transporte para fazer
visitas domiciliares, eu me lembro de bem disso aí, cada equipe iria ter um carro para visita
domiciliar. Agora, se você não botar seu carro, vai ter que andar 1,5 km num sol de lascar.
Meio-dia! Então tudo isso aí foi desanimando. Antigamente, a prefeitura fornecia ônibus para
gente viajar por 40 horas em grupo de 12, eu viajei muito para Coruripe, para aquela região de
praia, Piaçabuçu. A gente viajava e o dia seguinte ao da chegada era folga uma espécie de
bonificação. A gente tinha material de educação continuada, a gente pedia e vinham
cartolinas, vinha pincel\...\ hoje, não vem nada, é só cortando, corta salário, corta gratificação,
corta água\...\ daqui a pouco vão cortar tudo\...\.
**** *suj_16 *per_7 score: 156.26
Seria que os próprios professores da UFAL viessem com os alunos e que eles próprios
fossem esses preceptores. Os médicos nas unidades apenas ajudaria no que fosse possível. A
minha opinião é essa, os próprios professores. Como fazia o professor D. antes: vinha com os
alunos e dava a matéria de acordo com o que a unidade básica oferecesse.
**** *suj_17 *per_1 score: 178.29
Na formação médica a nível público ou privado também? Eu acho que as
possibilidades hoje são bem maiores do que na minha época, principalmente em nível de
tecnologia, com a internet você tem acesso a praticamente tudo mais atualizado que tem.
Inclusive os profissionais que são professores, que são preceptores eles tem que estar bem
atualizados, porque corre o risco de passarem vergonha com determinadas coisas de não saber
e serem questionados sobre isso por não estarem atualizados. É a preceptoria para mim teve
este impulso. A gente às vezes com o passar dos anos se acomoda, se fixa tanto no trabalho,
no dia a dia, que às vezes a gente perde essa questão de atualização, inclusive uma coisa que
está faltando muito a nível assim de estado, município. Estes estímulos, antigamente a gente
tinha mais cursos, mais atualizações, hoje assim, tal município, pelo menos ao meu vê, não
está mais com esse potencial que nos tínhamos. Antigamente neste sentido para que é
preceptor é sempre um estímulo está estudando para poder está debatendo, estudando com os
estudantes. Mas o estímulo em si deve-se responsabilizar por alunos hoje em nível de

139

questões financeiras e de questões assim vamos dizer de trabalho, local de trabalho, de
recursos, hoje está muito aquém, não vale a pena. Além de você ter que uma meta para atingir
questão de produtividade que o município cobra, pelo menos no programa saúde da família,
você tem que também desenvolver também outra ação, que é a ação de ensinar, e isso requer
tempo, requer Paciência, isso requer você ter mais disponibilidade de tempo porque quando
você está estudando pelo menos na minha época, nós tínhamos números limitados de
Pacientes, porque nós tínhamos que ter tempo para gente poder conversar com o professor,
para ele explicar, ensinar, a mesma coisa é aqui, se os estudantes estão aqui para aprender, nós
tínhamos que ter tempo para conversar com eles, para passar informações para eles, e essa
questão de cobrança de lá, cobrança de cá, não tem essa disponibilidade, até mesmo se você
quiser fazer isso, como assim, nem pensando em bolsa, em questão, financeira, mas, o outro
lado da cobrança que você vai ter que produzir tantos atendimentos mês, tantos atendimentos
por semana, já lhe tira este estímulo, porque você fica pressionado, entendeu? É uma pressão
muito grande, então, assim eu já fui preceptora hoje não sou mais, recebi recentemente uma
proposta de voltar a ser, não quis, não valeria a pena. Nesse sentido, gosto de interagir, gosto
de conversar, gosto de falar, mas eu não posso fazer duas coisas ao mesmo tempo, não posso
atender e ensinar, e de produzir o que se quer que produza, então, é quando a gente não pode
assumir duas responsabilidades, é melhor a gente ficar só com uma e fazê-la o melhor
possível.
**** *suj_17 *per_2 score: 176.57
Olha, eu não tenho muito como lhe dizer sobre isso, porque realmente faz alguns anos
que eu já não estou mais lhe dando com os estudantes, quando eu estava, eu tentava passar
para eles a visão de tudo, tanto a questão de atendimento médico, quando a visita médica, os
grupos. Hoje, eu não sei sinceramente eu não sei, nesse sentido, eu não sei quem poderia lhe
responder é quem está atuando, não sei das condições físicas de cada posto, hoje o meu posto
tem uma condição física razoável, mas, no entanto nos falta muito pouca para ficar, vamos
dizer assim, não no excelente, mas, no bom. Como sempre faltam medicamentos, falta
material. Até pouco tempo nós não tínhamos fita, agora chegou, para fazer a glicemia. Então,
a falta de recursos, encaminhamentos, exames, nós não fazemos um exame de raios-X pelo
posto, pelo menos no meu posto, acho que faz uns dez anos que a gente não conseguiu
marcar. Então, muitas vezes, a gente fica sem ter o retorno, para um neurologista não se
marca, para um ortopedista não se marca, para um cardiologista muito difícil, isso eu imagino
que não ocorre só comigo, acho que os amigos também. Imagine você está mostrando ao

140

estudante que como funciona a rede SUS, então, você está mostrando o lado negativo, apenas
o negativo, você não tem retorno, não tem retorno com a questão dos exames, você pede, mas
não vem no máximo à gente está marcando laboratório, a parte de bioquímica, só, não tem
retornos dos encaminhamentos para os especialistas, eu fico muito triste. Eu acho que os
estudantes ficam: Meu Deus é isso que eu vou vê quando eu me formar? A falta do retorno, eu
vou fazer de conta que faço alguma coisa e o Paciente faz de conta que está sendo tratado. É
isso.
**** *suj_17 *per_3 score: 276.36
Olha, pelo momento critico que hoje está, mas desde antes, é, não vejo compromisso
federal, nem estadual, nem municipal. Eu creio que isso vem já lá de cima, a partir do
momento que o Ministério da Saúde não manda recursos para o estado, o estado não manda
para o município, vira uma bola de neve. Você vê as universidades federais em greve por tudo
quando é canto, sem funcionamento. O gestor sem dinheiro para manter o hospital, quer dizer,
na realidade, eu acho que nesse momento falta compromisso nacional com a saúde. O que
você está vendo hoje basta você ligar um momentinho no Jornal Nacional que você vê certas
coisas que Deus! A gente diz meu Deus, isso está acontecendo? Outro dia, eu estava vendo o
jornal Nacional com o meu filho que faz medicina, a gente vendo urgências públicas,
hospitais de urgência, e aqueles Pacientes tudo no corretor, que a gente vê no HGE também, e
falta isso e falta aquilo. Então, nós dois assistindo, eu olhei assim para cara dele e disse: Meu
filho, você está preparado para isso. Ele olhou para mim e disse: Mãe, eu ainda não estou,
não! E ele ainda está fazendo o segundo ano. Quer dizer, você imagina quem já está se
formando e pensar que pode está iniciando sua vida, sua vida como médico, numa coisa, num
sistema de guerra. Porque hoje nós estamos num sistema guerra. Graças a Deus que os
Pacientes que ainda consegue chegar ao PSF e tem pelo menos uma enfermeira, um médico,
um ACSE e um auxiliar de enfermagem, nem que seja para consolá-lo numa conversa, ela
ainda é privilegiado. Aí você vê os 80 por cento ou mais que não tem e que corre para os mini
prontos-socorros, é triste, realmente assim, hoje esses estudantes estão passando uma prova de
fogo, porque nesse momento, nesta convivência eles não ver se realmente querem isso para
vida deles, porque atualmente a formação médica hoje é uma formação assim, de vamos
dizerem assim, que você passa pelo estresse emocional desde o início. Você imagina os
coitados vê no hospital que deve ser assim e assim e que o curso de medicina deve ser assim e
assim, o coitado tem de fazer desse feito, a consulta deve durar no mínimo de 15 a 20
minutos, e você ver que não é desse jeito, que não é dessa forma, que não funciona assim, que

141

tudo que você aprendeu é só para os bancos da universidade, para vida prática não vai ser
assim, e você ter que aceitar isso, não é fácil não, só fica quem tem vocação, eu acho.
**** *suj_17 *per_4
Na época que eu fui preceptora eu assim, via muito boa vontade das pessoas que
participavam da coordenação, boa vontade existia, agora sempre àquela questão, esbarra
sempre nas condições, no como fazer, o recurso de onde vai vir? Entendeu?! Tem muita gente
boa, tem profissionais maravilhosos, não só na UFAL, na SMS, no Estado, agora não adianta
só a boa vontade, você tem que quem está atrás de der suporte, agora reclamar falta isso, falta
aquilo, eu não culpo os coordenadores do programa, de jeito nenhum, a questão estar por trás
disso. Eles sofrem tanta pressão como quem está à frente, não tem hoje nesse momento, eu
não sei como estar hoje, na época que eu fui preceptora tinha reuniões, conversarmos como
que estava o andamento, tinha cursos, vou dizer assim, hoje eu não sei se isso ainda persiste,
eu não sei informar, mas, aí sempre teve essa questão, falta o recurso. Dinheiro que deveria
vir e não vem, e a gente sabe mais do que nunca hoje para onde foi esse dinheiro, não é? Nós
temos assim vários programas que não funciona porque o recurso não chegou.
**** *suj_17 *per_5
Justamente o que te disse, eu não pode servir a dois senhores, não dá, ou você serve
mal a um ou serve mal a outro. Então, um dia para digamos assim fazer o meu trabalho como
médica do PSF e ensinar ou passar orientação para alunos sem dispor de tempo para isso. Eu,
nós temos muito para cumprir, temos cobranças, eu não tinha como fazer duas coisas ao
mesmo tempo. Então eu preferi deixar. Hoje não, hoje já, eu digo assim, eu não me sinto tão
idosa, mas com os meus 50 anos, já programei minha vida como eu quero fazer, com o tempo
a gente aprende que a melhor coisa que a gente pode fazer é fazer as coisas com prazer,
porque o prazer te dá qualidade de vida no sentido de fazer bem com o que você está fazendo.
Então, nesse momento como eu estou trabalhando até assim, até hoje colocarão a gente com o
ponto digital, tudo bem, bote o ponto digital quanta vez quiser, estou trabalhando tranquila
estou fazendo meu trabalho da melhor forma que eu posso, e assim eu não quero colocar nada
que eu não possa dá conta e que me crie ansiedade, acho que a gente vive num extremo e
quando mais você procurar fazer algum dentro da medida do possível, dentro do que você
precisa fazer bem sem encher a sua vida de coisas que você termina sem poder fazer nada
direito, é melhor você ficar com algum que você faça bem, com tranquilidade, com Paciência,
está bom demais. Acho que eu já dei minha contribuição.
**** *suj_17 *per_6

142

Assim, é boa a convivência com pessoas mais jovens, não é só a gente quem ensina, a
gente aprende a gente sempre está aprendendo alguma coisa e a visão nossa de 10, 20, 30 anos
atrás é uma, a visão deles é outra hoje, e a gente aprende como isso. A gente derruba
preconceitos, derruba muros que a gente coloca, é a gente até no pensamento, a questão de
respeito que a gente muita vezes, aquele senhor, aquela senhora, a gente percebe que você
pode ser tão respeitoso quanto, e isso rejuvenesce, é bom!
**** *suj_17 *per_7 score: 180.47
Eu acho que os preceptores, aqueles que desejam serem preceptores, teriam, deveriam,
ser mais valorizados, deveriam ser menos cobrados na questão da produtividade, que é uma
palavra horrível, já risquei do meu caderninho, porque isso deixa a gente muito tensa, muito
ansiosa. Valorizado na questão de oportunidade para fazer cursos, atualizações, valorizados
na diminuição de quantidade de atendimento de Pacientes para eles ter tempo para poderem
passar o mínimo ou o máximo que eles podem fazer através daquele SUS. Valorizados na
questão salarial também, porque quando a gente é bem paga é porque a gente merece. Então,
isso daí ajudaria bastante, se fosse revisto isso, que todo aquele profissional que se dispusesse
a também em ser o preceptor, que eles teriam essas vantagens, isso ajudaria bastante tanto a
formação desses novos médicos, porque estes precisavam ver a realidade, porque estar no
hospital, numa sala de aula vendo o mundo cor de rosa e quando ele se deparar com a
realidade? Então, fazendo isso, eu acho que disponibilidade seria maior, porque eles se
sentiriam valorizados, agora, simplesmente não pedir, só exigir e não dá nada em troca.

143

APÊNDICE D – Of. Nº 02/2017 – FAMED/UFAL

144

APÊNDICE E – Of. Nº 03/2017 – FAMED/UFAL

145

APÊNDICE F – Memorando Nº 09/2017 – MPES/FAMED/UFAL

146

147

APÊNDICE G – Solicitação de reunião com o supervisor de estágios curriculares da
FAMED-UFAL para socializar a pesquisa, seus resultados e o produto de intervenção

148

APÊNDICE H – Solicitação de autorização para ponto de pauta em reunião do
colegiado do MPES, a fim de socializar a propositura de edição de um livro com as teses
de mestrado que versam sobre preceptoria

149

ANEXO A – Carta de aprovação

150

151

152

153

ANEXO B - Resolução CIR/2017
RESOLUÇÃO DE Nº ______, CIR/2017.
A Comissão Intergestora Regional de Alagoas, na pessoa do presidente
_____________________________________, no uso de suas atribuições conferido pela
portaria de nº __, de _______, publicada em diário oficial do ___________, no dia
___________, e considerando:
A importância dos sujeitos envolvidos no trabalho, refletindo juntos sobre as suas
necessidades e problemas a partir da ideia de que será um trabalho competente e com
qualidade, no âmbito do cotidiano do serviço de saúde;
A responsabilização pelas ações de educação na saúde, incluída na agenda da gestão
do SUS;
O CIR e a CIES espaços de articulação com atores estratégicos no âmbito nacional,
estadual e municipal para a consolidação da política de educação permanente em saúde;
A necessidade de fortalecimento da estratégia de integração ensino-serviço, e a
importância do preceptor como elemento mediador dessa relação entre o serviço e a
universidade.
Resolve,
Com fulcro no artigo 4º, §IV e o art. 5º, II.
Art. 1º. Instituir expressamente assento ao profissional de saúde, em exercício da
preceptoria no âmbito do SUS, nas instâncias deliberativas da CIES. Fica expressamente
garantida ao preceptor sua participação na instância da CIES com direito a voz e voto nas
decisões pertinentes ao que concernir o processo ensino-aprendizagem no âmbito do SUS
como prevê o art. 4º, IV da lei de Política Nacional de Educação Permanente. Cabendo assim,
lê-se no que couber a pertinência dos profissionais de saúde nas CIES, como positiva o art. 5º
em seu capítulo II, a participação específica e expressa do preceptor nas CIES, com o intento
de que o preceptor corrobore, contribua com suas experiências na rede de atenção básica
como agente de direito e deveres na construção de uma formação de qualidade e em
consonância com o SUS. Não se eximindo assim a participação dos demais profissionais de
saúde como bem apregoa o art.5º, II.
Art.2º. Esta resolução entre em vigor a partir de _________.
COMISSÃO INTERGESTORA DA REGIONAL I, ___/___/_____
Presidente da CIR I

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ANEXO C- Comprovante de submissão à revista científica