10- Percepção do Estudante de Medicina Sobre a Atenção a Mulher no Climatério no Internato em Unidade de Saúde da Família

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                    UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
FACULDADE DE MEDICINA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE

LÚCIA DE FÁTIMA PASSOS

PERCEPÇÃO DO ESTUDANTE DE MEDICINA SOBRE A ATENÇÃO À MULHER
NO CLIMATÉRIO NO INTERNATO EM UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Maceió
2014

LÚCIA DE FÁTIMA MONTEIRO PASSOS

PERCEPÇÃO DO ESTUDANTE DE MEDICINA SOBRE A ATENÇÃO À MULHER
NO CLIMATÉRIO NO INTERNATO EM UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Trabalho Acadêmico de Conclusão do Curso
de Mestrado Profissional em Ensino em
Saúde da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal de Alagoas.
Orientadora: Profª Dra. Rosana Brandão
Vilela

Maceió
2014

FICHA CATALOGRÁFICA

FOLHA DE APROVAÇÃO

AGRADECIMENTOS

Ao nosso Senhor Jesus Cristo, filho de Deus, por ter me concedido viver esta
experiência.
À Profª Graça Monte, por ter dividido comigo, as inseguranças, os medos, e
principalmente os bons e divertidos momentos durante o mestrado.
Aos alunos que participaram da minha pesquisa.
À Minha orientadora Dr.ª Rosana Vilela, pelo total apoio e compreensão
durante a minha trajetória no mestrado
E em especial à minha filha Bárbara, que foi a maior colaboradora e
incentivadora nessa minha caminhada.

RESUMO GERAL

O climatério é o período de transição entre a fase reprodutiva ou fértil e a não
reprodutiva. Segundo a OMS, é uma fase biológica e não um estado patológico da
mulher. Esta fase pode desencadear vários sintomas como os vasomotores,
psicológicos, urogenitais, sexuais e outros, advindos do hipoestrogenismo, que
prejudicam sua qualidade de vida. Sabe-se que a relação entre esses sintomas e a
qualidade de vida relacionada à saúde ainda é assunto bastante controverso,
complexo e pouco discutido entre profissionais da área da saúde. Sob a perspectiva
da formação para a integralidade da atenção à saúde, especialmente na atenção á
mulher no climatério, esta pesquisa teve como objetivo conhecer eventuais limites
do estágio nas USF em relação ao desenvolvimento das competências gerais,
indispensáveis para atenção à mulher no climatério. Esta pesquisa, teve como
resultado final, a construção de um artigo científico, e a elaboração de um panfleto
educativo em forma de leque (produto), que tem como objetivo levar informações
pertinentes sobre o climatério para usuários (as) das unidades básicas de saúde,
estudantes e profissionais de saúde. No artigo apresenta uma pesquisa com
abordagem quantitativa e que usou um questionário tipo Likert para coleta de dados.
Os resultados demonstraram que os estudantes perceberam que as oportunidades
de desenvolvimento de competências cognitivas gerais e relacionais se encontravam
em zona de conforto. Porém, as oportunidades para o desenvolvimento de
competências técnicas específicas como: exame físico, ginecológico e
citopatológico, bem como nas competências de ordem integrativas encontravam-se
em zona crítica. Verifica-se nos resultados que apesar de haver iniciativas positivas
de romper com o tradicionalismo da formação médica, as maiores oportunidades
vivenciadas pelos estudantes em relação à saúde da mulher no climatério, ainda
estão centradas na cognição.

Palavras chave: Saúde da Mulher. Competências Clínicas. Integralidade em Saúde.
Climatério.

GENERAL ABSTRACT

Climacteric is the transition period between a reproductive phase or fertile andnonreproductive. Second WHO, it’s a biologicalphase and not a pathological condition of
the woman. This phase can trigger symptoms such as vasomotor, psychological,
genitourinary, sexual, and other, arising from hypoestrogenism that impair their
quality of life. It is known that the relationship between these symptoms and quality of
life related to health is still controversial, complex subject and rarely discussed
among professionals of the health area. From the perspective of training for
comprehensive health care, especially in women's care during climacteric, this
research aimed to identify any limits on the HU stage in the development of general
skills, which are essential to care for women during climacteric. This research had as
its end result, the construction of a scientific paper, and the elaboration of an
educational pamphlet fan-shaped (product), which has an objective to bring relevant
information to users on climacteric in the basic health units such as: students and
health professionals. The article presents a survey of the quantitative approach
where was used a Likert questionnaire for data collection. The results showed that
students perceived that the opportunities for developing general skills cognitive and
relational were in the comfort zone. However, opportunities for the development of
specific technical skills such as: physical, gynecological and cytological examination,
as well as the skills of integrative order was in critical zone. These results show that
although there are positive initiatives to break with traditionalism of medical training,
the greatest opportunities experienced by students in relation to women's health
during climacteric, are still focused on cognition.

Keywords: Women's Health. Clinical Competence. Integrality in Health. Climateric.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ESF

Equipe da Saúde da Família

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OMS Organização Mundial da Saúde
SUS

Sistema Único de Saúde

UBS

Unidade Básica de Saúde

USF

Unidade Saúde da Família

SUMÁRIO
1

APRESENTAÇÃO.............................................................................................9

2

ARTIGO CIENTÍFICIO.................................................................................... 12

2.1

Percepção do estudante de medicina sobre a atenção à mulher no
Climatério no internato em unidade de saúde............................................ 12

2.2

Resumo.......................................................................................................... 12

2.3

Abstract.......................................................................................................... 12

2.4

Introdução...................................................................................................... 13

2.5

Metodologia................................................................................................... 15

2.6

Resultados e discussão................................................................................ 19

2.6.1 Análise descritiva geral das dimensões.......................................................... 19
2.6.2 Dimensão integrativa – relacional................................................................... 20
2.6.3 Dimensão técnica 2 – procedimentos gerais................................................... 23
2.6.4 Dimensão cognitiva......................................................................................... 28
2.6.5 Dimensão técnica 1 – sintomas específicos.................................................... 31
2.7

Considerações finais.................................................................................... 33

2.8

Referências.................................................................................................... 35

3

PRODUTO....................................................................................................... 39

3.1

Panfleto – leque: Esse tal de Climatério..................................................... 39

3.2

Introdução...................................................................................................... 39

3.3

Metodologia................................................................................................... 40

3.4

Resultados..................................................................................................... 41

3.5

Resultados esperados com a intervenção.................................................. 42

3.6

Avaliação........................................................................................................ 42

3.7

Referências.................................................................................................... 43

4

CONCLUSÃO GERAL.................................................................................... 44
REFERENCIAS GERAIS................................................................................ 46
APÊNDICES.................................................................................................... 51
ANEXOS......................................................................................................... 56

9

1

APRESENTAÇÃO
A expectativa de vida do brasileiro aumentou consideravelmente nas últimas

décadas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2013), o
país tinha em 2012, 21 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. A
estimativa da OMS, é que o País seja o sexto em número de idosos em 2015,
quando deve chegar a 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. As mulheres
estão vivendo mais, em média 78,5, em relação aos homens, que é de 71,5. Diante
dessa realidade, o número de mulheres que estarão vivenciando a fase do
climatério, consequentemente aumentará, já que o início dessa fase começa por
volta dos 35 e 40 anos, estendendo-se até os 65 anos, quando inicia a fase da
senilidade.
O climatério é uma fase de transição, do período reprodutivo ou fértil para o
não reprodutivo, devido à diminuição dos hormônios sexuais produzidos pelos
ovários. Proporcionar a esta mulher uma vida de qualidade, onde ela possa ser vista
de forma integral, conhecendo alternativas de lidar com esta fase, são propostas que
já fazem parte das políticas públicas, voltadas para a assistência às mulheres. Entre
elas está o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) que veio
contribuir para promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres
brasileiras, garantindo seus direitos, através de uma assistência de qualidade,
promovendo ações de prevenção e recuperação, e acima de tudo, ampliar, e
humanizar essa assistência dentro do Sistema Único de Saúde.
A Atenção Básica é a principal porta de entrada dessa clientela, dentro do
SUS, através das Unidades de Saúde da Família, que também é referência de
campo de estágio curricular para os estudantes de Medicina da Universidade
Federal de Alagoas. Este estágio tem como um dos seus objetivos proporcionar ao
aluno uma aproximação maior com a comunidade, sua realidade, compreender o
processo saúde-doença, seus determinantes, observar a importância da relação
médico-paciente, e principalmente, compreender a necessidade de uma assistência
integral, humanizada, onde a escuta e o diálogo, sejam ferramentas imprescindíveis
no decorrer da sua formação.
A necessidade de oferecer a estas mulheres uma assistência integral nesta
fase foi uma carência observada por mim, durante a minha trajetória profissional,

10

visto que ao longo de 16 anos de atuação na enfermagem, dentro da Estratégia
Saúde da Família, pouco percebi a abordagem desta temática. Diante disso, como
mestranda, propus-me a conhecer eventuais limites do estágio nas USF em relação
ao desenvolvimento das competências gerais, indispensáveis para atenção à mulher
no climatério. Os resultados dessa pesquisa se apresentam em forma de um artigo
científico e de um produto de intervenção (panfleto-leque).
A pesquisa teve como objetivo conhecer eventuais limites do estágio nas USF
em relação ao desenvolvimento das competências gerais, indispensáveis para
atenção à mulher no climatério. Ela teve como cenário o Estágio Curricular na
Estratégia de Saúde da Família, e como sujeitos os estudantes do internato.
O Curso de Medicina da UFAL prevê em seu Projeto Político-Pedagógico
(PPP, 2006) um estágio curricular, durante o internato, na estratégia Saúde da
Família. Este estágio está vinculado ao Eixo de Aproximação à Prática Médica e
Comunidade (APMC) e tem carga horária de 36 horas semanais, com duração de
três meses, sendo distribuídos 02 alunos para cada preceptor médico entre as 11
Equipes de Saúde da Família, inseridas entre os sete Distritos Sanitários de Maceió.
O objetivo desse estágio é aproximar o aluno ao processo saúde-doença do
sistema de saúde e da comunidade, conhecer a inserção do médico nos diversos
espaços de trabalho, junto aos médicos de diferentes serviços e docentes do curso,
observar e entrevistar sobre a prática médica, discutir sobre a prática médica,
discutir e refletir a complexidade da prática e os diferentes aspectos que envolvem o
trabalho médico, preparando estes estudantes para desenvolverem ações de
prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual
quanto coletivo. Cada profissional deverá assegurar que sua prática seja realizada
de forma, integrada e contínua com as demais estâncias do sistema de saúde sendo
capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de procurar
soluções para os mesmos.
O questionário tipo Likert foi enviado, por email, a todos os estudantes (80)
que cursaram o estágio em UBS, durante o ano de 2013. Apenas 20 (vinte)
estudantes responderam ao questionário e estes formaram a nossa amostra.
O produto de intervenção trata-se de panfleto-leque com informações
importantes a respeito do climatério, e com objetivo de levar a informação de forma
simples, clara e objetiva para as mulheres de todas as classes sociais, estudantes e
profissionais de saúde.

11

A pesquisa teve a finalidade de verificar os resultados para a comunidade
científica, e o produto trabalhou os resultados na forma de um material didático, para
utilização por profissionais de saúde, estudantes, e usuários, como um instrumento
de informação a respeito do climatério.

12

2

ARTIGO CIENTÍFICO

2.1

Percepção do estudante de medicina sobre a atenção à mulher no
climatério no internato em unidade de saúde da família

2.2

Resumo

Este estudo teve o objetivo de conhecer eventuais limites do estágio nas USF em
relação ao desenvolvimento das competências gerais, indispensáveis para atenção
à mulher no climatério. Trata-se de um estudo quantitativo, tendo como sujeitos os
alunos do internato do curso de medicina. A fonte de informação utilizada no estudo
foi um instrumento de percepção do tipo Likert. Os resultados mostraram que o
estágio possibilitou o desenvolvimento das competências cognitivas e parte das
competências técnicas requeridas para à atenção à mulher no climatério. Encontrouse limitações na oportunidade de avanços para habilidades como: a realização de
exames físico geral, ginecológico e citopatológico; orientação sobre nutrição e
fatores de risco como álcool e fumo, bem como a discussão da indicação de terapia
de reposição hormonal para esta fase da mulher. Por fim, a dimensão integrativarelacional mostrou-se como a área mais crítica do estágio. Nesta dimensão é muito
visível a limitação de ambiente multiprofissional para o atendimento à mulher no
climatério, e a capacidade de integrar dados epidemiológicos, tendências e riscos
para a tomada de decisão. Estes resultados mostram que embora existam indícios
de ruptura com os tradicionais paradigmas da formação médica, as maiores
oportunidades de prática médica nas USF, junto à mulher no climatério, ainda estão
centradas na cognição.
Palavras-Chave: Internato. Climatério. Atenção Básica.
2.3

Abstract

This study has the objective to know any limits on the USF stage in the development
of general skills necessary to care for women during the climacteric. This is a
quantitative study, with the subjects of the boarding students of medical school. The
source of information used in the study was an instrument of perception Likert. The
results showed that the stage has enabled the development of cognitive skills and
some of the technical skills required to care for women during the climacteric. There
were limitations on the opportunity to progress to skills such asconducting general
physical examinations, gynecological and pap smear; nutrition guidance and risk
factors such as alcohol and tobacco, as well as the discussion of the indication of
hormone replacement therapy for this phase of the woman. Finally, the integrativerelational dimension proved to be the most critical area of the stage. This dimension
is very visible limiting environment for multidisciplinary care for women in climacteric,
and the ability to integrate epidemiological data, trends and risks to decision-making.
These results show that although there are signs of a break with the traditional
paradigms of medical education, the greatest opportunities for medical practice at
USF, near the women in climacteric, are still focused on cognition.

13

Keywords: Boarding. Climacteric. Primary Health Care.
2.4

Introdução
Embora o climatério seja citado em textos escritos por Aristóteles (384-322

a.C.), até a poucas décadas, a condição de mulher "menopausada" era raramente
publicizada, devido ao constrangimento que isso causava, fazendo com que pouco
se conhecesse acerca das suas necessidades e demandas. Em parte, a pouca
atenção prestada ao climatério no passado deveu-se à menor expectativa de vida da
mulher, porque poucas viviam o suficiente para chegar ao climatério. Esta situação
mudou com o progressivo aumento da expectativa de vida feminina a partir da
segunda metade do século X (DE LORENZI; BARACAT, 2005; PEDRO et al, 2003;
UCHÔA, 2003; UTIAN, 1993;).
O Brasil, à semelhança de outros países latino-americanos, passa por um
processo de envelhecimento populacional acelerado e intenso, com uma clara
tendência a feminização. Entre 1980 e 2000, a proporção de brasileiros com mais de
60 anos aumentou de 6,1% para 8,6%, devendo chegar a 14% até 2025, o que
representará uma das maiores populações de idosos no mundo (DE LORENZI et al.,
2005; RAMOS et al., 2007; VELOZ et al., 1999). Neste contingente, o aumento do
número de mulheres com mais de 50 anos na população mundial, que em 1990 era
de 467 milhões, deverá chegar a 1,2 bilhões em 2030, razão pela qual o período do
climatério tem merecido uma maior atenção no âmbito da saúde pública
(ROSENBAUM, 1998).
Define-se como climatério o fenômeno endócrino decorrente do esgotamento
dos folículos ovarianos que ocorre em todas as mulheres de meia idade. Inicia-se
entre os 35 e 40 anos, estendendo-se aos 65 anos, caracterizando-se por um estado
de hipoestrogenismo progressivo (BOSSEMEYER, 1999; ALDRIGHI, J.; ALDRIGHI,
C.; ALDRIGHI, A., 2002; DENNERSTEIN; LEHERT; GUTNRIE, 2002; DE LORENZI
et al., 2005. ).
Frente a esta nova realidade demográfica e resultados de pesquisas, a
assistência ao climatério tem passado por uma intensa mudança de paradigmas em
busca de uma assistência mais integral e humanizada. Conseqüentemente, o
conhecimento das condições de saúde dessas mulheres, suas demandas por
serviços médicos e necessidades sociais tornou-se mais prioritário do que nunca
para a formulação de políticas de saúde voltadas a um envelhecimento feminino

14

mais sadio, menos oneroso e com mais qualidade de vida (DE LORENZI et al.,
2005).
Diante desse contexto o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher
(PAISM), veio contribuir para promover a melhoria das condições de vida e saúde
das mulheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e a
ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e
recuperação da saúde em todo território brasileiro, e ainda, ampliar, qualificar e
humanizar a atenção integral à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde. Por
tudo isso, proporcionar uma assistência integral à saúde da mulher do climatério, é
de responsabilidade de gestores municipais, estaduais e principalmente dos
profissionais de saúde que atuam nas equipes de Saúde da Família. Isto faz da
atenção básica um cenário privilegiado na formação dos profissionais de saúde,
entre eles, o médico.
A consideração da atenção primária como nível adequado de formação
profissional para os alunos de Medicina é determinada pelo fato de que, na
comunidade, o aluno está numa posição privilegiada para aprender as atividades
preventivas, compreender a realidade do processo saúde-doença e sua abordagem
holística, assim como a complexidade e importância da relação médico-paciente e
da longitudinalidade da atenção, além de compreender a abordagem das doenças
prevalentes, tanto agudas como crônicas (PITZ; CASADO, 2004). Este cenário se
faz imprescindível para atender às Diretrizes Curriculares Nacionais, que tem como
base conhecimentos gerais e compromisso social (CIUFFO; RIBEIRO, 2008).
A utilização do conceito de competências no campo da educação tem surgido
como um elemento fundamental quando se delineia um currículo, segundo uma
proposta de ensino, na educação continuada e na avaliação, Silva e Tanaka (1999).
Apresentando, de forma sintetizada e simplificada as definições encontradas na
literatura mundial, competência é descrita como um complexo cenário no qual ocorre
a interação de conhecimentos, habilidades e atitudes para o cumprimento de uma
atividade (CARRACCIO et al., 2002).
Trazendo a discussão para o cerne desta pesquisa, com relação ao ensino na
saúde, e mais precisamente para o ensino médico, verifica-se que o ensino na
graduação médica deve propiciar o estabelecimento de competências gerais e
específicas, necessárias ao profissional que se pretende formar para a atenção

15

integral à saúde das pessoas e da comunidade (CONSELHO NACIONAL DE
EDUCAÇÃO, 2014).
Nas últimas décadas, várias escolas médicas do mundo inteiro têm elaborado
seus currículos com base em competências e as Diretrizes Curriculares para o curso
de Medicina têm incentivado esta prática em suas versões de 2001 e 2014
(BOLLELA; MACHADO, 2010; CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2001,
2014). Portanto, sob a perspectiva da formação para a integralidade da atenção à
saúde, especialmente na atenção à mulher no climatério, verificando-se o proposto
pelo ministério da saúde, Brasil (2008) e De Lorenzi et al. (2009) no atendimento
desta mulher na APS, essa investigação se propõe a conhecer eventuais limites do
estágio nas USF em relação ao desenvolvimento das competências gerais,
indispensáveis para atenção à mulher no climatério, na sua integralidade.
2.5

Metodologia
O

presente

estudo,

desenvolvido

segundo

abordagem

metodológica

quantitativa e descritiva, atendeu às diretrizes e normas regulamentadoras de
pesquisas que envolvem seres humanos. Foi aprovado pelo Comitê de Ética
(Plataforma Brasil) e identificado como CAAE: 17837013.0.0000.5013.
A pesquisa foi realizada em um curso de graduação em Medicina, em uma
instituição pública da região nordeste do país, no ano de 2013. O currículo desse
curso integra conhecimentos básicos e clínicos, mantendo um entrelaçamento de
aprendizagem de sistemas e ciclos de vida do ser humano, numa visão
biopsicossocial. Há ainda atividades de interação comunitária e ambulatórios
clínicos, que permitem inserir o estudante na comunidade desde a primeira fase do
curso. O internato em Saúde da Família e Comunidade ocorre no décimo período do
curso e tem a duração de doze semanas. É desenvolvido em Unidades de Saúde da
Família, vinculadas a Secretaria municipal de Saúde. Cada equipe de saúde da
família recebe em média 02 alunos por médico preceptor.
O universo do estudo foi constituído por 20 estudantes egressos do estágio
em Saúde da família, regularmente matriculados no curso de medicina. Esta
população representa 25% dos egressos disponíveis no período da pesquisa. A
amostra foi composta por 16 estudantes do sexo feminino e 04 estudantes do sexo

16

masculino, que estiveram inseridos em quase todas as unidades de Saúde da
Família que são cenários de prática do curso de medicina.
Na construção da escala de atitudes, o modelo adotado foi do tipo Likert, que
objetiva verificar o nível de concordância do indivíduo com uma proposição que
expressa algo favorável ou desfavorável em relação a um objeto. Espera-se que os
indivíduos que apresentem atitudes favoráveis a determinado tema possivelmente
concordem com itens que expressem algo positivo sobre a questão, e aqueles com
atitudes negativas concordem com itens que expressem aspectos desfavoráveis ao
tema e discordem daqueles que salientem pontos positivos (CRONBACH, 1996;
LAMBERT, W. W.; LAMBERT, W. E., 1981; MILLER, 1967; SUMMERS;
BOHRNSTEDT, 1976; SELLTIZ, 1987; PASQUALI, 1997).
Para elaboração do questionário, quatro dimensões foram incorporadas e, se
constituíram nos núcleos direcionadores do questionário. Para cada uma dessas
dimensões, foram elaboradas assertivas abordando habilidades médicas descritas
na literatura e relacionadas à atenção à saúde da mulher no climatério (BRASIL,
2008; OSÓRIO-WENDER; ACCETTA; CAMPOS, 2004). A redação procurou ser
objetiva, simples, clara, sem ambiguidades e sem uso de expressões extremadas,
com frases condizentes com o atributo.
Foram construídos vinte e sete itens da escala para representar os construtos
de interesse, expressando quatro dimensões. São elas: cognitiva, técnica,
integrativa e relacional.
A Dimensão Cognitiva (C) refere-se à aquisição e aplicação do conhecimento
científico para a solução de problemas relativos ao exercício profissional,
abrangendo conhecimentos de ciências básicas, clínicas e sociais, com postura
crítica, analítica e interpretativa sobre a aquisição desses conhecimentos; a
capacidade de avaliar, manusear e interpretar a informação médica à luz dos
preceitos da medicina baseada em evidências; a habilidade de identificar lacunas de
aprendizado e o compromisso de sempre procurar aprender e se aperfeiçoar
profissionalmente. Para esta Dimensão foram construídas 5 assertivas.
A segunda é a Dimensão Técnica. Esta Dimensão foi dividida em Técnica 1
(T1) com 4 assertivas que compreende possibilidades dos estudantes inquirirem
sobre os sintomas específicos do climatério, como a irregularidade menstrual, os
vasomotores (ondas de calor), os secundários, à atrofia urogenital no pósmenopausa, e a diminuição da libido, bem como o desenvolvimento de habilidades

17

para o exame físico e realização de procedimentos, estes inseridos na Técnica 2
(T2). Esta segunda parte da Dimensão Técnica consta de 11 assertivas.
A Dimensão Integrativa foi contemplada com 5 assertivas. Ela diz respeito ao
uso apropriado de estratégias do raciocínio clínico, incorporando elementos
biológicos, clínicos, humanísticos e sociais ao processo de julgamento clínico e de
tomada de decisões. Compreende também a integração das informações
provenientes dos ciclos básico e clínico no processo de elaboração diagnóstica.
Neste grupo de perguntas, foi ainda incorporada a Dimensão Relacional (com 2
assertivas) que é mencionada como a habilidade para estabelecer e manter boas
relações profissionais com pacientes, famílias, colegas e outros membros da equipe
de saúde; abrange habilidades de comunicação verbal, não verbal, para verbal e
comunicação escrita legível, clara, coerente, coesa e tecnicamente precisa,
envolvendo também a escuta atenta e interação respeitosa, ética, com os diversos
membros do contexto acadêmico, hospitalar e da comunidade.
As dimensões estudadas estão descritas no Quadro 1, utilizando-se as letras
C, T1, T2 e IR respectivamente.
O procedimento de validação aparente e de conteúdo foi realizado por dois
docentes das áreas de Medicina, todos com experiência pessoal e profissional
importante no assunto investigado. Aos docentes foi solicitado que opinassem sobre
adequação semântica, facilidade de compreensão, adequação da representação
comportamental e vinculação dos itens propostos em relação às respectivas
dimensões para validação interna de conteúdos e construtos.
A versão preliminar do instrumento foi também aplicada a quatro estudantes
com características pessoais de liderança, de bom desempenho acadêmico e que se
dispuseram a colaborar com a pesquisa, bem como contribuir com sugestões
relativas à apresentação da escala e explicações necessárias à formulação de item
que expressasse o que se pretendeu mensurar nas respostas dos sujeitos
pesquisados. Com base nas sugestões dos docentes e dos estudantes foi
aperfeiçoada a redação para melhor adequação dos itens e subsequente aplicação
na amostra.
A coleta de dados foi realizada através de disponibilização online do
questionário da pesquisa e do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
O tempo necessário para os pesquisados responderem o questionário foi em
média de 10 minutos, conforme a previsão inicial. A explicação sobre a base geral

18

dos instrumentos utilizados (objetivo, forma e conteúdo) foi dada com a neutralidade
requerida nas investigações de cunho científico, em linguagem simples e objetiva. É
importante mencionar que foram solicitadas a adesão voluntária e a assinatura do
termo de consentimento pós-informado, com o objetivo de garantir a privacidade do
pesquisado.
Para interpretação dos resultados foi solicitado aos pesquisados que
selecionassem as respostas que melhor expressassem suas opiniões, de acordo
com o esquema: 1- Discordo Totalmente (DT); 2- Discordo (D); 3- Tenho dúvida (I);
4- Concordo (C); 5- Concordo totalmente (CT). Foram orientados que não havia
resposta “certa” ou "errada”, uma vez que eram buscadas tendências atitudinais. Foi
destacado também ser fundamental a escolha de somente uma opção de resposta
para cada asserção, em todo o instrumento.
Também foi incluído no questionário um cabeçalho, onde o estudante
informava o seu sexo e unidade onde cursou o estágio. Não foi incluído nenhum
campo onde o estudante pudesse se identificar.
Foram atribuídos valores de zero a dois às categorias de declarações, de
acordo com o nível de concordância com cada item e conforme a intensidade da
concordância expressa pelos sujeitos. Em uma análise inicial, observou-se que a
resposta "discordo totalmente” apresentava uma alta proximidade com a resposta
"discordo” e “tenho dúvidas” no mapa de correspondências. Assim, as respostas
"discordo totalmente”, "discordo” e “tenho dúvidas” foram unidas em uma única
categoria com valor zero. Se a resposta foi "concordo", teve valor um e “concordo
totalmente” teve valor dois.
Para identificar a tendência atitudinal de cada sujeito da amostra, foi obtida
uma média geral de escores em termos da resposta de cada dimensão e verificados
os intervalos das médias (IM) de forma linear. Da mesma forma foi obtida a Moda
para cada uma das respostas. Os resultados foram interpretados da seguinte
maneira:

IM ou Moda de 0 a 0,9 = zona crítica;
IM ou Moda de 1,0 a 2,0 = zona de conforto.

Os dados obtidos por meio dos questionários do tipo Likert foram estruturados
com auxílio do programa StatisticalPackage for Social Science (SPSS) versão 10,0.

19

Os dados sofreram análises descritivas e a análise da consistência interna do
questionário foi utilizado o coeficiente alfa de Cronbach (CRONBACH,1996; BLAND;
ALTMAN, 1997).
2.6

Resultados e discussão:
A APS possibilita o primeiro ponto de contato com o sistema de saúde, a

primeira aproximação do profissional da saúde com os usuários com a possibilidade
de ajudá-los a entender seus sintomas e a melhorar a própria capacidade de lidar
com os problemas, sem a necessidade de utilização da tecnologia médica dura
(MERHY; FRANCO, 2003). Para tanto, é necessário ter conhecimento da vida e
trabalho e de do contexto cultural e social deste usuário (PENDLETON et al., 2007).
Assim, a vivência de um estudante na APS traz, entre outras coisas, a oportunidade
de realizar o atendimento à mulher no climatério num sentido ampliado, aprender um
cuidado integral e longitudinal por meio do conhecimento da realidade e modo de
vida destas mulheres.
A

literatura mostra

uma clara tendência

à feminização dentro do

envelhecimento populacional brasileiro. As mulheres com mais de 39 anos
correspondem a 37% da população feminina (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTCA, 2013). Além disso, a sua expectativa de vida
ultrapassa em à masculina, fazendo com que ocorra uma maior procura nos serviços
de saúde brasileiros por mulheres com queixas relacionadas ao climatério (PEDRO
et al, 2003; ROSENBAUM,1998; ZAHAR et al, 2001 ). Este dado encontra
semelhança com os resultados das análises dos dados deste estudo, onde quase a
totalidade dos estudantes pesquisados (95%) teve a oportunidade de atender
mulheres na faixa etária acima de 40 anos, durante estágio na ESF.
2.6.1 Análise descritiva geral das dimensões
Pode-se identificar no Quadro 1 a boa percepção dos pesquisados para o
desenvolvimento da dimensão cognitiva e técnica 1 (sintomas específicos), e uma
atitude preocupante ou crítica no que se refere às dimensões técnica 2 (habilidades
gerais) e integrativa-relacional (Quadro 1). Sendo assim, a análise da percepção dos
estudantes sobre o desenvolvimento de competências relacionadas à atenção à

20

saúde da mulher no climatério no estágio de saúde da família será relatada e
discutida por dimensão, considerando da menor pontuação geral para a maior, ou
seja, da mais crítica para a melhor avaliada.
Quadro 1 - Análise descritiva geral das dimensões com identificação das médias e
respectivas zonas de desenvolvimento de competência.

Dimensões

No

Média

Zona

DP

Assertivas das

Valor

Valor

máximo

mínimo

asserções
C - Cognitiva

05

1,09

conforto 0,55

2,0

0,20

T1 – Técnica 04

1,10

conforto 0,61

2,0

0,0

(sintomas
específicos)
T2- Técnica

11

0,94

crítica

0,44

2,0

0,36

IR-

07

0,91

crítica

0,52

2,0

0,14

Integrativarelacional
Fonte: Autora, 2014.

Em ligação com o presente estudo, foi realizado por Melo e colaboradores
(2014), com 203 médicos da ESF de Minas Gerais, uma pesquisa em que foi
demonstrado que 61,9% relataram ter dificuldades para prestar cuidados à saúde da
mulher no climatério, mostrando com isso a necessidade de explorar melhor esse
assunto durante a formação.
2.6.2 Dimensão Integrativa-relacional (IR)
O quadro que apresenta a Análise descritiva geral das dimensões (Quadro 1)
mostra que a Dimensão Integrativa-Relacional apresentou a menor média de
asserções (0,91), mostrando-se em uma zona crítica de desenvolvimento de
competência. Estes resultados sugerem que os atores envolvidos não percebem a
progressão dessas competências durante o estágio nas Unidades de Saúde da
Família (USF).
Para melhor interpretação das respostas, o Quadro 2 verifica a frequência e,
usando a Moda para cada assertiva da dimensão IR, identifica a zona de
desenvolvimento de competência para cada uma delas. Neste quadro pode-se

21

visualizar comportamentos distintos na frequência e na moda de para cada uma das
afirmativas. Mantendo a mesma sistemática das dimensões, as assertivas serão
relatadas e discutidas, considerando da mais crítica para a melhor avaliada.
Nos resultados expostos no Quadro 2, a percepção da maioria dos
estudantes

o

internato

na

ESF

não

possibilitou

vivenciar

atendimento

multiprofissional na atenção à saúde da mulher no climatério. Entretanto, observa-se
pela literatura que o trabalho em equipe é a base para ações integrais na saúde e
para atender com qualidade as necessidades dos usuários de acordo com cada
situação e experiência adquirida (SCHRAIBER et al, 1999; SANTOS, 2000).
Também crítica foi a oportunidade desses estudantes para obter e utilizar dados
epidemiológicos e valorizar tendências e riscos para a tomada de decisão sobre a
saúde da mulher no climatério. Corroborando com a importância do atendimento
multidisciplinar e a vigilância epidemiológica, Lopes (2007) enfatizam que os
profissionais de saúde preocupados com a questão da integralidade, comprometemse em identificar o verdadeiro significado das queixas climatéricas, de forma a se
atender a mulher e não o problema referido. Ao mesmo tempo, a consulta possibilita
identificar possíveis agravos não manifestos ou situações de risco. Nesse contexto,
o atendimento de caráter multidisciplinar e interdisciplinar ganha espaço por
potencializar e qualificar a intervenção médica.
A percepção atual é de que o fenômeno saúde em todas as fases da vida
esteja conectado a uma realidade social específica, sendo influenciado por fatores
políticos, econômicos e culturais, não se restringindo a fatores biológicos. Cerca de
70% dos estudantes afirmaram que o estágio possibilitou incorporar dados
biopsicossociais e reconhecer os determinantes de saúde, no desenvolvimento do
raciocínio clínico relacionado ao atendimento dessa mulher. Porém, Teixeira,
Mishima e Pereira (2000) enfatizam que a abordagem multidisciplinar possibilita
melhor utilização dos dados biopsicossocial, pois a mulher é atendida por todos os
membros da equipe que também a envolve na resolução do seu problema,
incentivando a sua autonomia para os cuidados em saúde (TEIXEIRA; MISHIMA;
PEREIRA, 2000).

22

Quadro 2 – Frequência das respostas e classificação da Zona dimensão IntegrativaRelacional

Fonte: Autora, 2014.

23

Na Dimensão IR há uma boa concordância para as assertivas relacionadas à
questão integrativa, sobre as possibilidades dos estudantes assumirem seu papel,
na atenção à saúde da mulher no climatério, nas ações de prevenção e proteção
frente às enfermidades e promoção da saúde. Gonçalves e Merighi (2007) relatam
que, no mundo todo, há preocupação com a elaboração de programas de saúde que
atendam às necessidades da população feminina durante o climatério, já que não se
trata apenas de uma questão biomédica, mas que implica um conjunto de aspectos
socioeconômicos e culturais.
As últimas afirmativas da Dimensão IR e as melhores avaliadas foram
referentes a questão relacional. Elas se mostram em zona de conforto, mostrando
que o estágio possibilitou o desenvolvimento da comunicação, em suas variadas
formas, entre o estudante e a mulher no climatério, bem como proporcionou
compreender a importância dos princípios éticos para o benefício da atenção a esta
mulher. Starfield (2004) afirma que a APS é um cenário prioritário de ensino e
pesquisa em habilidades da comunicação.
Considerando as respostas da Dimensão IR e apoiando-se na literatura (DE
LORENZI et al., 2005, 2006; SILVA; SENA, 2008), onde a formação profissional não
pode ter como referência apenas a doença mas deve estimular uma compreensão
ampliada das necessidades de saúde, com vistas à integralidade do cuidado, o
acolhimento e a escuta ampliada como indispensáveis para atenção à saúde,
reconhece-se a necessidade da escola e do serviço buscarem um paradigma mais
abrangente, não somente explicativo (cognitivo), mas sim interpretativo e
multidisciplinar das questões relacionadas à saúde da mulher climatérica.
2.6.3 Dimensão Técnica 2 – Procedimentos Gerais
Dentro do processo do envelhecimento, o climatério corresponde a um
período relativamente longo na vida da mulher, sendo marcado por alterações
corporais importantes, devendo merecer atenção crescente por parte dos
profissionais de saúde. Neste estudo, a segunda dimensão de menor média das
asserções, mostrando-se em Zona Crítica (média = 0,94), foi a Dimensão Técnica 2
que aborda o desenvolvimento de procedimentos gerais para o atendimento à
mulher no climatério. Os resultados apresentados no Quadro 1 sugerem que os
atores envolvidos na pesquisa, de uma maneira geral, não percebem oportunidades

24

adequadas para o desenvolvimento destas competências técnicas, durante o estágio
nas USF.
O olhar para cada uma das assertivas (Quadro 3) permite identificar
comportamentos distintos na frequência e moda da pontuação para cada uma delas.

25

Quadro 3 – Frequência das respostas e classificação da Zona dimensão Técnica
(habilidades gerais no atendimento à mulher no climatério)

Fonte: Autora, 2014.

A afirmativa que abordou a oportunidade de realizar exames ginecológicos e
citopatológico durante o atendimento à mulher no climatério teve a discordância de

26

65% e 60%, respectivamente, mostrando-se em zona crítica (Mo = 0). Estes exames
são importantes para a saúde da mulher. Todas as mulheres com ou sem atividade
sexual devem fazer o exame anualmente, mesmo na ausência de sinais ou sintomas
de algum quadro patológico (COSTA; ANDRADE, 2010). Vários fatores podem ter
contribuído para a ocorrência desse fato. Estudos mostram que a necessidade da
posição ginecológica da mulher durante o exame se torna um momento
constrangedor e vergonhoso.

Estes sentimentos podem ser agravados pela

quantidade de aprendizes na sala de exame para visualizar ou realizar, com a
finalidade de adquirir destreza e técnica neste procedimento (FERREIRA, 2009;
RODRIGUES; FERNANDES; SILVA, 2001; ANDRADE et al., 2011).
Andrade e colaboradores (2011) afirmam ainda, que os sentimentos negativos
vivenciados quanto à presença de estudantes no convívio com a comunidade, em
especial no exame citológico, podem ser reduzidos quando a confiança é
estabelecida com o profissional ou futuro profissional, ou então quando o profissional
e a usuária partilham de comum acordo em relação à quantidade de pessoas, bem
como sobre a importância da presença de alunos na sala de exame para melhor
capacitação profissional.
A avaliação clínica da mulher no climatério deve ser voltada ao seu estado de
saúde atual e também pregresso e envolve uma equipe multidisciplinar. A atenção
precisa abranger além da promoção da saúde, prevenção de doenças, assistência
aos sintomas clínicos e possíveis dificuldades dessa fase cabendo ao ginecologista
muitas vezes o papel de clínico geral. Um exame físico geral bem elaborado,
seguindo o que preconiza o Manual de Atenção a Saúde da Mulher no Climatério, ou
seja, exame físico geral, com atenção voltada para aspectos específicos deste grupo
etário, como: verificação do peso e altura para cálculo do Índice de Massa Corpórea
(IMC) define a necessidade de um maior cuidado com a alimentação; A verificação
da pressão arterial para rastreamento de alterações, acompanhamento e
encaminhamentos necessários; A medida da circunferência abdominal, que
associada a outros fatores, indica a atenção para a avaliação da síndrome
metabólica e risco cardiovascular (BRASIL, 2008). Estes importantes aspectos
técnicos mostraram-se em zona crítica (Mo= 0).
A promoção da alimentação saudável e a manutenção do peso adequado são
fundamentais para promover a saúde e o bem-estar durante toda a vida da mulher,
principalmente no período do climatério. Vale ressaltar que o consumo inadequado

27

de alimentos pode contribuir para agravos, como a osteoporose, e o consumo em
excesso pode comprometer a saúde com o surgimento da obesidade que, além de
ser uma doença crônica, pode aumentar os riscos para o desenvolvimento de
hipertensão arterial, Diabetes mellitus e outras. Estas doenças constituem alguma
das principais causas de morbimortalidade na população adulta brasileira (BRASIL,
2008). Portanto, considerando papel primordial do exame físico e da nutrição na
promoção, manutenção e recuperação da saúde, é fundamental que haja preparo
adequado dos profissionais de saúde em relação ao assunto.
A recomendação e a orientação a respeito da eliminação de fatores de risco
como o álcool e o tabagismo à mulher no climatério, ficou em zona considerada
crítica (Mo = 0), sugerindo que os estudantes não tiveram a oportunidade de
realizarem essa competência durante o estágio. De acordo com alguns estudos o
tabagismo, em especial, tem se mostrado extremamente nocivo à mulher
climatérica, contribuindo para uma maior deterioração da sua qualidade de vida,
devendo ser combatido nessa fase (CORRÊA, 2003; FONSECA et al., 1999).
Medidas como o cuidado alimentar, o combate ao sedentarismo, a restrição
ao tabagismo e terapia hormonal (THR) são igualmente importantes na promoção da
saúde e qualidade de vida no climatério (DE LORENZI et al., 2005, 2006). O estudo
mostrou que a oportunidade de discutir a indicação de THR, durante o estágio, foi
vivenciada pela metade do grupo pesquisado. Fica claro a necessidade de discutir
melhor este assunto durante a formação do estudante, devido sua importância
dentro do contexto psicossocial da mulher, colocando em discussão os prós e os
contra dessa terapia.
A assertiva que se refere a possibilidade do estudante de medicina, durante o
atendimento à mulher no climatério nas USF, reconhecer suas próprias limitações e
a necessidade de aprender e se aperfeiçoar profissionalmente e permanentemente,
obteve um percentual de concordância de 85%, ficando em zona de conforto (Mo =
2), evidenciando que frente aos desafios de construção de um novo modelo,
baseado na família, pretende-se preparar um profissional apto a construir seu
conhecimento e apropriar-se das novas teorias e práticas. Enfim, um profissional
capaz de desenvolver, ao longo de sua carreira, um processo permanente de autoaprendizagem e reconheçam os limites de seus conhecimentos. Nesse processo,
deve haver uma preocupação rotineira desse profissional e das equipes em

28

identificar problemas críticos de sua realidade de trabalho e buscar soluções
apropriadas.
A indicação e interpretação de exames complementares tornam mais efetivas
e eficientes a utilização deles. Entre as ações desenvolvidas pelas equipes de APS,
destacam-se as ações relacionadas ao controle dos cânceres do colo de útero e da
mama. Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2008, ocorreram 1.384.155
casos novos de câncer da mama em todo o mundo, o que torna o tipo de câncer
mais comum entre as mulheres. Considerando a alta incidência e a mortalidade
relacionadas a essas doenças, é responsabilidade dos gestores e dos profissionais
de saúde realizar ações que visem ao controle dos cânceres do colo do útero e da
mama e que possibilitem a integralidade do cuidado, aliando as ações de detecção
precoce com a garantia de acesso a procedimentos diagnósticos e terapêuticos em
tempo oportuno e com qualidade (BRASIL, 2013)
Os resultados listados no Quadro 3 mostram que há uma excelente
concordância (≥90%) para as assertivas sobre as possibilidades dos estudantes
indicarem e interpretar o exame citopatológico de colo uterino e a mamografia,
colocando o desenvolvimento destas competências em área de conforto.
Por fim, a afirmação em que houve maior nível de consenso foi a que aborda
a recomendação do exercício físico. A prática regular de exercício físico resulta em
muitos benefícios para o organismo, melhorando a capacidade cardiovascular e
respiratória, promovendo o ganho de massa óssea, a diminuição da pressão arterial
em hipertensas, a melhora na tolerância à glicose e na ação da insulina. Este estudo
mostrou que os estudantes tiveram a oportunidade de desenvolver esta
competência, durante o estágio curricular nas Unidades de Saúde da Família.
2.6.4 Dimensão Cognitiva
A análise da média geral da pontuação dos respondentes sobre as cinco
assertivas referentes a dimensão cognitiva (aspectos gerais), mostrou escore
situado em Zona de Conforto (IM=1,09) para o desenvolvimento das competências
gerais apontadas nesta dimensão (Quadro 1). O resultado analisado desta forma
sugere que os atores envolvidos percebem que essas competências estejam sendo
adequadamente desenvolvidas durante o estágio em Saúde da Família. No entanto,
o Quadro 4 mostra o comportamento para cada uma das assertivas.

29

Os resultados sugerem que, apesar da dimensão como um todo apresentarse na Zona de Conforto, nota-se que a assertiva que trata da comunicação
interpessoal apresenta-se em nível crítico de desempenho.
A comunicação interpessoal é um método de comunicação que promove a
troca de informações entre duas ou mais pessoas. Este tipo de comunicação efetiva,
com palavras, gestos, toque e expressões faciais, é fundamental para o bom
desenvolvimento da relação médico-paciente (RODRÍGUEZ SILVA, 2006). Portanto,
o estudante reconhece que existe a oportunidade de treinar a habilidade de
comunicação nesse cenário de prática (Quadro 2), mas ele não se sente confortável
em estabelecer uma boa comunicação interpessoal com eficiência e empatia à
paciente, seus familiares, meios de comunicação e outros profissionais da equipe de
saúde (Quadro 4). Uma revisão sobre a visão dos pacientes a respeito da qualidade
da assistência médica verificou que a satisfação se relacionava com a competência
interpessoal e técnica dos clínicos e com a relação de parceria baseada em
conversas que abordassem aspectos sociais e assuntos agradáveis. (LEWIS, 1994).

30

Quadro 4 – Frequência das respostas e classificação da Zona dimensão Cognitiva

Fonte: Autora, 2014.

31

O Quadro 4 mostra também que o desenvolvimento de competências
importantes na visão ampliada do trato com a mulher relativo a sua autonomia, a
solução de problemas, a escuta e obtenção de informações foram adequadamente
desenvolvidas, pelos estudantes e consideradas em zona de conforto. Mendonça
(2004) relata que no momento em que a mulher encontra espaço para falar, ouvir e
trocar informações há maior compreensão do processo que está vivendo, sendo
necessário que se elabore as informações a partir de sua realidade. Nota-se no
estudo uma boa frequência (80%) de concordância para a assertiva sobre as
possibilidades de o estudante elaborar e aplicar os seus conhecimentos na solução
dos problemas relacionados à atenção a saúde da mulher no climatério. Estes
resultados vêm reafirmar o conhecimento da integralidade como principal foco do
estágio.
2.6.5 Dimensão Técnica 1 – Sintomas específicos
Entre 50% a 70% das mulheres referem sintomas somáticos e dificuldades
emocionais nos anos que seguem a menopausa, com destaque para ondas de calor
ou fogachos, devido as suas implicações negativas para a sua qualidade de vida. A
atrofia urogenital é outra queixa comum nessa fase e que pode causar intenso
desconforto à mulher (ALDRIGHI, J.; ALDRIGHI, C.; ALDRIGHI, A., 2002;
BOSSEMEYER, 1999; DE LORENZI et al, 2005). A dimensão que tratou destes
sintomas foi a melhor avaliada (Tabela 1), sugerindo que os atores envolvidos
reconhecem que essas competências estejam sendo desenvolvidas adequadamente
durante o estágio nas USF.
O Quadro 5 apresenta a frequência individual das assertivas e revela
comportamento semelhante na frequência e moda para cada uma delas. As quatro
assertivas do estudo referentes a este assunto tiveram um nível de concordância de
80%, considerando-se em zona de conforto e mostrando que os estudantes realizam
estas competências de forma adequada durante o estágio.

32

Quadro 5 – Frequência das respostas e classificação da Zona na dimensão Técnica
(sintomas específicos)

Fonte: Autora, 2014.

33

O climatério precisa ser entendido como um período normal de transição, em
que a prevenção de doenças e o alívio de possíveis desconfortos podem ser
abordados de diferentes maneiras (BERNI; LUZ; KOHLRAUSCH, 2007; DE
LORENZI; BARACAT, 2005). Para a formação de profissionais de saúde equipados
para lidar com a integralidade no cuidado, e para ser responsável com a sociedade
em que vivem, é necessário que a escola invista em cenários de aprendizagem
capazes de promover as diversas dimensões, e não apenas a cognitiva.
Os resultados desta pesquisa se assemelham ao realizado por Ciuffo e
Ribeiro (2008). Naquele estudo, os autores mostraram que a formação ainda não
atende às necessidades da sociedade, embora existam indícios de ruptura com os
tradicionais paradigmas da formação médica e desenvolvimento de projetos com os
serviços e a comunidade.
2.7

Considerações finais
No climatério, em especial, é importante que os profissionais de saúde

acolham adequadamente as mulheres, permitindo que exponham as suas dúvidas e
receios. Além do apoio emocional e respeito, estas demandam uma assistência
ajustada a suas necessidades, evitando-se intervenções desnecessárias.
A pesquisa oferece importantes e estruturais informações para análise da
inserção do estudante nas USF.
A dimensão cognitiva ainda ocupa um papel central no desempenho e
oportunidades do estágio indicando que a escola e a preceptoria têm como objeto o
conhecimento, corroborando com o diagnóstico de um ensino ainda tradicional. As
limitações do estágio surgiram para determinadas competências técnicas, e
mostrou-se mais crítica naquelas associadas à dimensão integrativa-relacional.
De um modo geral, os dados apontam para a necessidade de revisão de
práticas e de valores que norteiam não só o atendimento à mulher no climatério
como também a própria prática médica.
Ademais, faz-se imprescindível uma intervenção realizada de forma articulada
entre a escola médica, serviço e demais cursos da área da saúde. É preciso
reconhecer que uma ação isolada não tem o potencial de resolução de problemas
complexos, como os que as USF se propõem a enfrentar no seu cotidiano.

34

A reestruturação no campo da saúde não passa apenas por transformações
no modelo de ensino médico. A solução passa também por uma reformulação mais
abrangente nos currículos das outras profissões, requer repensar os currículos e as
relações neles estabelecidas, a fim de propiciar o aprender junto, o trabalho
interprofissional.
No entanto, as mudanças que as escolas médicas vêm realizando parecem
um começo significativo, no sentido de buscar transformações, mesmo que a longo
prazo, na ordem de valores, postura e conduta dos sujeitos que lidam diretamente
com a questão do ensino e da saúde.
A insuficiente apreensão de alguns aspectos da pesquisa impõe a
necessidade de aprofundamento, com abordagem qualitativa, dessas limitações
identificadas no estágio, visando um melhor funcionamento do mesmo.

35

2.8

Referências

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39

3

PRODUTO DE INTERVENÇÃO

3.1

Caracterização

Título: Esse tal Climatério...
Tipo: MATERIAL INSTRUCIONAL
Formato: Panfleto - Leque
3.2

Introdução
O climatério é a fase de transição entre o período reprodutivo e o não

reprodutivo da vida da mulher, estendendo-se até os 65 anos de idade, sendo a
idade média de 50 anos para o seu início (FREITAS, 2011). É um acontecimento
fisiológico na vida da mulher e muito confundido com a menopausa.
A Importância de a mulher ser informada sobre esta fase...
Levar a informação para esta clientela através de materiais educativos
impressos como folhetos, panfletos, folder, livreto, cuja proposta é proporcionar
informação sobre promoção da saúde, prevenção de doenças, modalidades de
tratamento e auto-cuidado. Bernier, (2006). Este conhecimento contribui com a
qualidade de vida das pessoas.
Os materiais de divulgação - nos formatos de cartazes, cartilhas, folders,
panfletos, livretos - são, convencionalmente, chamados de “materiais educativos”
nos serviços de saúde, por fazerem parte da mediação entre profissionais e
população. (MONTEIRO; VARGAS, 2006).
De acordo com Pelicioni, M. e Pelicioni, C. (2007) e Pelicioni, M., Pelicioni, C.
e Toledo (2008), a abordagem educativa deve estar presente nas ações de
promoção da saúde e prevenção de doenças na vida cotidiana da população,
facilitando a incorporação de práticas corretas de forma a atender suas reais
necessidades. Esta ação educativa deverá ser de comunicação, de diálogo, pois
somente motivado e capacitado o indivíduo poderá incorporar novos significados e
valores para melhorar sua saúde e qualidade de vida.

40

O material educativo além de promover a capacitação colabora na
uniformização das orientações e estimula os profissionais para a ação (ECHER,
2005).
Panfleto como um veículo de informação
Panfleto pode ser definido como um “texto publicitário curto, impresso em
folha avulsa, com distribuição corpo a corpo feita em locais de grande circulação”
Costa (2008).
Diante disso, esse produto tem como objetivo facilitar a discussão sobre o
climatério com estudantes, profissionais de saúde e usuários da Rede Básica de
Saúde, em salas de espera, rodas de conversa e dinâmicas, estimulando a
promoção da saúde. Apresenta-se como ferramenta importante para estimular a
participação dos indivíduos nas tomadas de decisões, no que se refere a sua saúde,
e consequentemente na sua qualidade de vida. Para Buss (2000), a promoção da
saúde visa assegurar a igualdade de oportunidades e proporcionar os meios
(capacitação) que permitam a todas as pessoas realizar completamente seu
potencial de saúde. Os indivíduos e as comunidades devem ter oportunidade de
conhecer e controlar os fatores determinantes da sua saúde. Desta forma,
ambientes favoráveis, acesso à informação, habilidades para viver melhor, bem
como oportunidades para fazer escolhas mais saudáveis, estão entre os principais
elementos que favorecem a capacitação dos indivíduos.
3.3

Metodologia

Três etapas foram desenvolvidas na construção do Produto de Intervenção:


Pesquisa sobre o tema climatério



Seleção de mensagens para o público alvo: Usuários (a), profissionais de
saúde e estudantes dos cursos da área da Saúde



Identificação do veículo de divulgação adequado ao público alvo, ao cenário e
aos objetivos do mestrado profissional em ensino na saúde

41

3.4

Resultado

Frente

Verso

42

3.5

Resultados esperados com a intervenção


Divulgar o conhecimento sobre o assunto com as mulheres assistidas na rede
básica e saúde.



Divulgar conhecimento aos profissionais que atuam na ESF sobre esta
temática.



Facilitar participação dos estudantes nas atividades de promoção de saúde,
durante o estágio curricular nas Unidades de Saúde da família.

3.6

Avaliação
Kubota et al. (1980) referem que é fundamental avaliar o resultado do uso dos

materiais educativos para conhecer o papel que esses materiais efetivamente
desempenham na comunicação entre profissionais e usuários dos serviços de
saúde. De acordo com Kelly-Santos e Rozemberg (2005), a ausência de
experiências que avaliem os materiais educativos se contrapõe à quantidade de
impressos que são utilizados. São precárias as referências que pesquisam sobre a
eficiência ou comunicabilidade dos materiais educativos. De acordo com Kubota et
al. (1980), existem dois procedimentos de avaliação que podem ser considerados
para o material impresso: um pré-teste aplicado durante o processo de produção,
para se conhecer a percepção e interpretação das informações pelos sujeitos
receptores; e uma avaliação da eficiência durante o seu uso, destinada a analisar o
comportamento dos indivíduos em relação ao material.
Diante da importância da avaliação do impacto do produto de intervenção,
está previsto a aplicação de um pré-teste em um grupo de 10 mulheres (piloto), onde
já houve uma reunião prévia com essas mulheres para divulgação do produto.

43

3.7

Referências

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44

4

CONCLUSÃO GERAL
Atuar como preceptora pelo Programa de Educação Para Trabalho, foi a mola

propulsora para o meu ingresso no mestrado. Estar junto do estudante trouxe uma
nova perspectiva para a minha vida profissional, que é ingressar na docência.
Portanto, frequentar este mestrado em Ensino na Saúde, veio agasalhar a
oportunidade de estar mais perto desse desejo. O mestrado me proporcionou várias
formas de aprender, possibilitou o amadurecimento pessoal e profissional. Conviver
com pessoas de vários cursos, foi algo extremamente enriquecedor, pois cada um,
na sua singularidade, mostrou o quanto temos que aprender uns com os outros.
Mostrou ainda, que não existe verdade absoluta, que quando o conhecimento é
construído e partilhado, a possibilidade da mudança é iminente.
A temática Climatério surgiu da minha percepção sobre as necessidades
destas mulheres nesta fase da vida na atenção básica, durante minha atuação
enquanto enfermeira da Estratégia Saúde da Família. Para atender às minhas
inquietações, realizei, durante o mestrado, uma pesquisa e um produto de
intervenção sobre o tema.
O objetivo da minha pesquisa foi conhecer eventuais limites do estágio nas
USF em relação ao desenvolvimento das competências gerais, indispensáveis para
atenção à mulher no climatério. Os resultados demonstraram que, na percepção dos
estudantes, o estágio na Saúde da Família, as competências referentes as
dimensões cognitiva,técnica (sintomas específicos) e relacional ficaram em zona de
conforto, ou seja, foram vivenciadas pelos estudantes de forma adequada. As
dimensões técnica (habilidades gerais no atendimento à mulher no climatério) e a
integrativa não foram desenvolvidas adequadamente durante o estágio curricular
nas Unidades de Saúde da Família, sendo consideradas como zona crítica.
Dentro desses resultados, chama-nos atenção que 03 competências
importantes relacionadas à atenção à saúde da mulher no climatério como: realizar
exame físico geral da mulher, realizar o exame ginecológico da mulher e realizar o
exame citopatológico não foram vivenciadas pelos estudantes de Medicina, durante
o estágio curricular nas unidades de saúde da família, diante disso fica a
necessidade de maior diálogo entre a academia e o serviço para a construção dos

45

objetivos

de

aprendizagem

deste

estágio.

Visto

que,

são

competências

fundamentais para uma assistência de qualidade e integral.
Espero que os resultados obtidos nesta pesquisa venham contribuir
positivamente para uma efetiva mudança dos paradigmas referentes à saúde das
mulheres no climatério. Espero que os futuros profissionais médicos possam
contribuir, intervir e serem colaboradores neste processo, levando as pessoas a
serem co-responsáveis pela sua saúde, entendendo que oferecer uma saúde de
qualidade é dever dos governantes, e acima de tudo, que todos nós temos esse
direito.
Esta pesquisa teve como limitação a transversalidade, ou seja, os dados
foram colhidos em um único momento, no caso, o ano de 2013. Outra limitação
importante se refere ao número reduzido de sujeitos que devolveram o questionário
respondido.
Levar a informação é proporcionar as pessoas uma forma de participação
dentro do seu contexto social. Ensinar é a melhor forma de aprender (Paulo Freire).
Dentro dessa perspectiva, espero que o produto construído facilite esse
aprendizado, ajudando a todos nós, profissionais de saúde, a entender o ser
humano na sua integralidade.
Como produto dessa pesquisa foi elaborado um panfleto, em forma de leque,
trazendo informações relevantes sobre o climatério. Este material educativo tem a
proposta de ser um veículo de informação importante para as mulheres, estudantes
e profissionais de saúde, promovendo a educação em saúde, e incentivando a
autonomia dos sujeitos no processo saúde- doença e seus determinantes sociais.
Por fim, o estudo desenvolvido durante o mestrado, apesar de suas
limitações, atingiu ao objetivo proposto, contribuiu com a literatura sobre o tema, e
apontou limites do estágio curricular desenvolvido nas UBS que devem ser
observados pelo curso de medicina. O estudo mostra também a necessidade de
desenvolvimento de pesquisas qualitativas, com estudantes e preceptores, para
melhor avaliação das deficiências encontradas.

46

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51

APÊNDICES

52

APÊNDICE A

53

54

55

APÊNDICE B - Produto (panfleto)

56

ANEXO

57

ANEXO A