9- Marta Cristina Tenório Lins Mota - QUALIDADE DE VIDA DO DISCENTE DE MEDICINA

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                    UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE

MARTA CRISTINA TENÓRIO LINS MOTA

QUALIDADE DE VIDA DO DISCENTE DE MEDICINA

Maceió
2018

MARTA CRISTINA TENÓRIO LINS MOTA

QUALIDADE DE VIDA DO DISCENTE DE MEDICINA

Trabalho Acadêmico de Mestrado apresentado ao
Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde
da Faculdade de Medicina da Universidade Federal
de Alagoas, para obtenção do grau de Mestra em
Ensino na Saúde.

Orientadora: Profa. Dra. Divanise Suruagy

Maceió
2018

Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central
Bibliotecária Responsável: Helena Cristina Pimentel do Vale – CRB4 -661

M917q

Mota, Marta Cristina Tenório Lins.
Qualidade de vida do discente de Medicina / Marta Cristina Tenório Lins Mota.
– 2018.
58 f.: il.
Orientadora: Divanise Suruagy.
Dissertação (Mestrado em Ensino na Saúde) – Universidade Federal de Alagoas.
Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde. Maceió,
2018.
Inclui bibliografia
Apêndices: f. 52-58.
1. Educação médica. 2. Estudantes de medicina – Qualidade de vida. 3. Psicometria.
4. Ensino superior. I. Título.

CDU: 61:378

RESUMO GERAL
Introdução: Apesar de haver inúmeras maneiras de conceituar qualidade de vida,
não existe uma definição que seja amplamente aceita. Atualmente a Organização
Mundial de Saúde define qualidade de vida como a percepção do indivíduo de sua
posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais vive e em
relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Não pode ter um
conceito universal, porque se baseia na percepção individual e subjetiva do
indivíduo. O curso de medicina é marcado por inúmeros fatores geradores de
estresse que podem influenciar a qualidade de vida do estudante, exigindo dele
adaptação e mudança de estilo de viver. Objetivo: Identificar a qualidade de vida
dos discentes do 1ºao último período do curso de medicina da UFAL. Método: Foi
realizado um estudo analítico, quantitativo de corte transversal com 370 discentes do
1º ao 12º períodos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas. A
coleta dos dados foi realizada por meio de questionário especifico sócio demográfico
e do instrumento de qualidade de vida, o WHOQOL bref. As análises estatísticas
foram realizadas no SPSS versão 22.0 para sistema operacional Windows:
estatísticas descritivas (frequência, percentual, média, desvio-padrão, erro padrão e
intervalo de confiança de 95%) e de tomada de decisão (MANOVA) para comparar
os escores médios dos construtos aqui considerados em função dos sexo e do
estágio no curso. Resultados: Não foi encontrado diferença de qualidade de vida
entre os sexos. Houve diferença estatisticamente significativa nos Domínios Físico e
Psicológico entre o Ciclo Clinico e o Internato porem sem evidência de diferença de
pesquisa com tamanho do efeito pequeno (η²p) de 0,033 e 0,040 respectivamente.
Na analise pareada entre sexo e ciclos do curso, não houve diferença significativa
No que diz respeito a Percepção geral da qualidade de vida a media obtida foi 59,29
, que foi considerado um escore mediano. O mesmo aconteceu com a Satisfação
com a saúde cuja media foi 52,59. As facetas: sono, capacidade para realizar
atividades do dia a dia e do trabalho, oportunidades de lazer e sentimentos
negativos (mau humor, desespero, ansiedade e depressão) influenciaram
negativamente a qualidade de vida dos entrevistados. Considerações finais:
Sugere-se maior preocupação dos envolvidos na educação médica a desenvolverem
estratégias, que incluam valorização dos relacionamentos interpessoais, equilíbrio
entre estudo e lazer, organização do tempo, cuidados com a saúde, alimentação e o
sono, prática de atividade física, e com o desenvolvimento de ações que preparem
o estudante para lidar com o estresse durante a formação médica. Esta pesquisa
gerou um artigo cientifico: Qualidade de vida do discente de medicina e como
produto um relatório técnico que será
encaminhado para o Núcleo Docente
Estruturante do Curso de Graduação em Medicina da UFAL (NDE) , Colegiado do
Curso, Pro Reitoria de Assuntos Estudantis ( PROEST) e ao Núcleo de apoio
Pedagógico da FAMED/ UFAL
e um vídeo feito com estudantes dirigido aos
discentes chamando atenção para o cuidado com a saúde.

Palavras-chave: Qualidade de vida. Estudantes de medicina. Educação médica.
Psicometria

ABSTRACT GENERAL
Introduction: Although there are numerous ways to conceptualize quality of life,
there is no definition that is widely accepted. Currently, the World Health
Organization defines quality of life as the individual's perception of your position in
life, in the context of culture and value systems in which lives and in relation to your
goals, expectations, standards and concerns. Cannot have a universal concept,
because it is based on individual and subjective perception of the individual. Medical
school is marked by numerous stress-generating factors that can influence the
quality of student life, demanding his adaptation and change of living style.
Objective: To identify the quality of life of students from the 1st to the last period of
the UFAL medical course. Methods: we conducted a quantitative, analytical study of
cross section with 370 students from 1st to 12th periods of the Faculdade de
Medicina da Universidade Federal de Alagoas. The data collection was carried out
through a questionnaire socioeconomic and demographic-specific quality of life
instrument the WHOQOL BREFs statistical analysis were performed in SPSS for
Windows operating system 22.0 version: descriptive statistics (frequency,
percentage, mean, standard deviation, standard error and confidence interval of
95%) and decision-making (MANOVA) to compare the average scores of the
constructs here considered, on the basis of sex and of course stage. Results: not
found difference in quality of life between the sexes. There was no statistically
significant difference in physical and psychological Domains between the Clinical and
the boarding school Cycle but no evidence of difference in research with small effect
size (η ² p) of 0.033 and 0.040 respectively. In the paired analysis between sex and
cycles of the course, there was no significant difference regarding the general
perception of the quality of life the media obtained was 59.29, which was considered
a middling score. The same happened with the satisfaction with health whose media
was 52.59. Facets: sleep, ability to perform day-to-day activities and work, leisure
opportunities and negative feelings (bad mood, hopelessness, anxiety and
depression) influenced negatively the quality of life of the respondents. Final
considerations: Suggests greater concern of those involved in medical education to
develop strategies, including recovery of interpersonal relationships, balance
between study and leisure, time, health care, food and sleep, practice of physical
activity, and with the development of actions to prepare the student to cope with
stress during medical training. This research has generated a scientific article:
QUALITY of LIFE of the STUDENTS of MEDICINE and as a technical report which
will be forwarded to the Structuring of Teaching Core undergraduate program in
Medicine from UFAL (NDE), Collegiate, Dean of Pro Student Affairs (PROEST) and
the core of Pedagogical support of FAMED/UFAL and a video made with students
directed to students calling attention to health care.

Keywords: Quality of life. Medical students. Medical Education. Psychometries

AGRADECIMENTOS
Gratidão à minha orientadora, Profa. Dra. Divanise Suruagy Correia, por
acreditar no meu trabalho e me incentivar a crescer.
Agradeço ao meu co-orientador Prof. Dr. Jorge Artur Peçanha de Miranda
Coelho, pela paciência e atenção na elaboração dos dados estatísticos.
Meus agradecimentos às professoras Dra. Maria de Lourdes Vieira e Dra.
Mércia Lamenha pelo incentivo que me deram para que eu fizesse este mestrado.
Agradeço à minha amiga Weidila Siqueira de Miranda que me ajudou a
construir esse projeto. Minha gratidão em especial pela sua participação na
construção do relatório técnico e na organização do trabalho.
Agradeço a todos os discentes que participaram da pesquisa e em especial
aqueles que me ajudaram na coleta dos dados
Minha gratidão aos estudantes: Monalisa Nunes, Raquel Andrade, Fillipe
Agra, Andressa Mundim, Suzanna Tamy, Kathiane Pereira, Ingrid Guedes, Ana
Carolina Rocha e Marina Mendes, responsáveis pela produção do vídeo.
A minha gratidão especial ao meu esposo Marcos, pelo carinho, compreensão
e por ser o meu grande incentivador para que eu fizesse este mestrado.
E por fim, agradeço aos meus filhos Marcos Filipe e Raphael, razão da minha
vida, pelo carinho e atenção que sempre me deram.

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Média final da avaliação geral do WHOQOL–bref por domínio dos
discentes da FAMED 2017................................................................... 23
Gráfico 2 - Médias obtidas em relação ao Domínio Físico de acordo com os
Ciclos: Básico, Clínico e Internato dos discentes da FAMED 2017.... 24
Gráfico 3 - Média do domínio psicológico em relação aos Ciclos de estudo
dos discentes da FAMED 2017............................................................ 24
Gráfico 4 - Auto - avaliação da qualidade de vida pelos discentes da FAMED
2017...................................................................................................... 25
Grafico 5 - Distribuição dos percentuais das respostas dos discentes da
FAMED 2017 quanto à satisfação com a saúde................................... 25
Gráfico 6 - Avaliação da Qualidade do sono pelos estudantes da FAMED
2017...................................................................................................... 26
Gráfico 7 - Satisfação em relação a realização de atividades diárias dos
discentes da FAMED 2017................................................................... 26
Gráfico 8 - Percentual de Aceitação da Aparência Física dos discentes da
FAMED 2017.........................................................;.............................. 27
Gráfico 9 - Frequência de sentimentos negativos dos discentes da FAMED
2017...................................................................................................... 27
Gráfico 10 - Domínio Meio Ambiente percentuais em relação a cada faceta.......... 28
Gráfico 11- Percentual de Oportunidade de atividade de lazer dos discentes
da FAMED 2017................................................................................... 29

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Distribuição dos Domínios do WHOQOL: médias, desvio
padrão, mínimo e máximo, erro padrão, intervalo de confiança
de 95%.................................................................................................. 20
Quadro 2 - Domínio Relações sociais percentual de respostas das questões
20; 21 e 22 do WHOQOL bref............................................................. 28

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição dos Dominios do WHOQOL: médias, desvio padrão,
mínimo e máximo, erro padrão, intervalo de confiança
de 95%.................................................................................................. 22

LISTA DE ABREVIATURAS

FAMED

Faculdade de Medicina

HRQL

Health-R.QoL

MANOVA

Multivariate Analyse of Variances

NDE

Núcleo Docente Estruturante

OMS

Organização Mundial da Saúde

PROEST

Pró- Reitoria de Assuntos Estudantis

SPSS

Statistical Package for the Social Sciences

TIC

Tecnologia de Informação e Comunicação

UFAL

Universidade Federal de Alagoas

WHOQOL

World Health Organization Quality of Life

SUMÁRIO

1

APRESENTAÇÃO........................................................................................ 12

2

ARTIGO: QUALIDADE DE VIDA DO DISCENTE DE MEDICINA............. 14

2.1

Introdução.................................................................................................... 16

2.2

Metodologia ................................................................................................ 18

2.2.1 Participantes.................................................................................................. 18
2.2.2 Instrumento................................................................................................... 19
2.3

Resultados................................................................................................... 22

2.4

Discussão.....................................................................................................29

2.5

Considerações Finais................................................................................. 34
REFERÊNCIAS............................................................................................. 34

3

PRODUTO EDUCACIONAL DE INTERVENÇÃO........................................ 38

3.1

Introdução.................................................................................................... 38

3.2

Relatório Técnico........................................................................................ 39

3.2.1 Objetivo......................................................................................................... 40
3.2.2 Metodologia................................................................................................... 40
3.2.3 Resultados.....................................................................................................41
3.3

Considerações Finais e Ações Sugestivas...............................................43
REFERÊNCIAS............................................................................................. 43

4

CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TRABALHO ACADÊMICO....................... 45
REFERÊNCIAS GERAIS.............................................................................. 46
ANEXOS....................................................................................................... 50

12

1

APRESENTAÇÃO
O que me motivou a fazer esse estudo foi a minha vivência pessoal como

docente e supervisora do Estagio de Clinica Médica onde convivíamos, diariamente,
com as queixas dos estudantes: de cansaço, de excesso de conteúdos para
aprender; pouco tempo livre para estudar, dormir e para se divertir. Vi vários
acadêmicos desenvolverem no decorrer do curso, quadros de ansiedade e
depressão.
O presente estudo, intitulado “Qualidade de vida do discente de medicina”, foi
desenvolvido no Programa de Mestrado Profissional em Ensino na Saúde da Faculdade
de Medicina (FAMED) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), tendo como
objetivo: identificar a qualidade de vida dos discentes de medicina da Universidade

Federal de Alagoas do 1º ao 12º períodos.
A partir desse conhecimento poder subsidiar intervenções que auxiliem no
processo de formação profissional e na melhoria da qualidade de vida dos mesmos.
(QV) engloba diversos aspectos da vida de uma pessoa: físicos, psicológicos e
sociais, atribuindo-lhe a possibilidade de sentir ou não bem-estar.
QV significa o quanto a pessoa está ou não satisfeita com sua vida, sendo
esta condição variável de pessoa a pessoa, refletindo sua condição sociocultural,
estado civil, sexo, idade, hábitos prejudiciais à saúde como alcoolismo e tabagismo,
ou até mesmo de suas aspirações pessoais, fator este de grande relevância na
determinação do que o sujeito considera bom ou ruim, melhor ou pior (AZEVEDO et
al., 2013; GONÇALVES et al., 2013).
O estudo da QV na população é muito importante para o desenvolvimento
contínuo de indicadores sociais, para o conhecimento dos fatores de condição,
modo e estilo de vida, para o desenvolvimento de padrões normativos de
comparação

e

como

componente

focal

de

esforços

para

promoção

da

educação/formação do aluno. O estudo foi realizado com 370 discentes de medicina
da UFAL, do 1º ao 12º períodos e utilizou uma abordagem quantitativa. Os dados
foram colhidos de fevereiro a julho de 2016. Foi utilizado um questionário
estruturado , o Whoqol Bref que é a versão abreviada do Whoqol 100 que foi gerada
para uso em estudos epidemiológicos de grande extensão, onde algumas facetas
podem ser suprimidas por serem desnecessárias ou pelo fato de o tempo ser restrito

13

(FLECK et al. 2000; SKEVINGTON; LOTFY; O'CONNELL, 2004). Assim como a versão
completa, foi traduzida para o português pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, coordenado pelo Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck (FLECK et al., 1999).

O World Health Organization Quality Of Life (WHOQOL) mostrou-se como
sendo o instrumento mais completo, abrangendo domínios físico, psicológico,
relações sociais e meio ambiente, possibilitando estudar não somente as condições,
estilos e modo de vida, que em sua somatória perfazem o conceito mais amplo e
abrangente de QV.
O período vivenciado pelo estudante durante o seu curso de graduação na
universidade configura-se em um momento de muitos desafios, mudanças e
dificuldades a serem superadas. O contexto do ensino superior exige que o
estudante desenvolva uma série de características e habilidades antes não
utilizadas. Tornar-se médico requer alto nível de dedicação e abnegação, desde o
processo seletivo, altamente concorrido, até o período de pós-graduação. Alguns
estudos envolvendo os estudantes universitários e as questões referentes a esta
etapa (ALMEIDA E SOARES, 2003) chamam a atenção para a vulnerabilidade
experimentada neste período que pode afetar a saúde dos jovens e comprometer o
seu desenvolvimento pessoal e profissional
O estudo permitiu verificar que a qualidade de vida e a percepção geral de
saúde dos discentes foram apenas medianas, existindo vários fatores influenciando
negativamente essa qualidade de vida e a saúde física e psicológica desses
estudantes . Isto pode ser verificado na Análise das facetas do Whoqol bref onde o
desempenho nas questões que dizem respeito ao sono, lazer, capacidade de
executar tarefas do dia a dia, aceitação de aparência física e pensamentos
negativos, não foi dos melhores.
Esta pesquisa gerou um artigo cientifico “QUALIDADE DE VIDA DO
DISCENTE DE MEDICINA” e um relatório técnico que será

encaminhado para o

Núcleo Docente Estruturante do Curso de Graduação em Medicina da UFAL (NDE),
Colegiado do Curso, Pro Reitoria de Assuntos Estudantis ( PROEST) e ao Núcleo
de apoio Pedagógico da FAMED/ UFAL; e um vídeo feito com estudantes, dirigido
aos discentes, chamando a atenção para o cuidado com a saúde .

14

2

ARTIGO: QUALIDADE DE VIDA DO DISCENTE DE MEDICINA
Resumo

Introdução: Apesar de haver inúmeras maneiras de conceituar qualidade de vida,
não existe uma definição que seja amplamente aceita. Atualmente a Organização
Mundial de Saúde define qualidade de vida como a percepção do indivíduo de sua
posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais vive e em
relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Não pode ter um
conceito universal, porque se baseia na percepção individual e subjetiva do
indivíduo. O curso de medicina é marcado por inúmeros fatores geradores de
estresse que podem influenciar a qualidade de vida do estudante, exigindo dele
adaptação e mudança de estilo de viver. Objetivo: Identificar a qualidade de vida
dos discentes do 1º ao último período do curso de medicina da UFAL. Método: Foi
realizado um estudo analítico, quantitativo de corte transversal com 370 discentes do
1º ao 12º períodos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas. A
coleta dos dados foi realizada por meio de questionário especifico sócio demográfico
e do instrumento de qualidade de vida o WHOQOL bref. As análises estatísticas
foram realizadas no SPSS versão 22.0 para sistema operacional Windows:
estatísticas descritivas (frequência, percentual, média, desvio-padrão, erro padrão e
intervalo de confiança de 95%) e de tomada de decisão (MANOVA) para comparar
os escores médios dos construtos aqui considerados em função do sexo e do
estágio no curso. Resultados: Não foi encontrado diferença de qualidade de vida
entre os sexos. Houve diferença estatisticamente significativa nos Domínios Físico e
Psicológico entre o Ciclo Clinico e o Internato, porém sem evidência de diferença de
pesquisa com tamanho do efeito pequeno (η²p) de 0,033 e 0,040 respectivamente.
Na analise pareada entre sexo e ciclos do curso ,não houve diferença significativa
No que diz respeito a Percepção geral da qualidade de vida a media obtida foi 59,29,
considerado um escore mediano. O mesmo aconteceu com a Satisfação com a
saúde cuja média foi 52,59. As facetas: sono, capacidade para realizar atividades
do dia a dia e do trabalho, oportunidades de lazer e sentimentos negativos (mau
humor, desespero, ansiedade e depressão) influenciaram negativamente a
qualidade de vida dos entrevistados. Considerações finais: Sugere-se maior
preocupação dos envolvidos na educação médica a desenvolverem estratégias, que
incluam valorização dos relacionamentos interpessoais, equilíbrio entre estudo e
lazer, organização do tempo, cuidados com a saúde, alimentação e o sono, prática
de atividade física, e com o desenvolvimento de ações que preparem o estudante
para lidar com o estresse durante a formação médica.
Palavras-chave: Qualidade de vida. Estudantes de medicina. Educação médica.
Psicometria

15

Abstract
Introduction: Although there are numerous ways to conceptualize quality of life,
there is no definition that is widely accepted. Currently, the World Health
Organization defines quality of life as the individual's perception of your position in
life, in the context of culture and value systems in which lives and in relation to your
goals, expectations, standards and concerns. Cannot have a universal concept,
because it is based on individual and subjective perception of the individual. Medical
school is marked by numerous stress-generating factors that can influence the
quality of student life, demanding his adaptation and change of living style.
Objective: To identify the quality of life of students from the 1st to the last period of
the UFAL medical course Methods: we conducted a quantitative, analytical study of
cross section with 370 students from 1st to 12th periods of the Faculdade de
Medicina da Universidade Federal de Alagoas. The data collection was carried out
through a questionnaire socioeconomic and demographic-specific quality of life
instrument the WHOQOL BREFs statistical analysis were performed in SPSS for
Windows operating system 22.0 version: descriptive statistics (frequency,
percentage, mean, standard deviation, standard error and confidence interval of
95%) and decision-making (MANOVA) to compare the average scores of the
constructs here considered, on the basis of sex and of course stage. Results: not
found difference in quality of life between the sexes. There was no statistically
significant difference in physical and psychological Domains between the Clinical and
the boarding school Cycle but no evidence of difference in research with small effect
size (η ² p) of 0.033 and 0.040 respectively. In the paired analysis between sex and
cycles of the course, there was no significant difference regarding the general
perception of the quality of life the media obtained was 59.29, which was considered
a middling score. The same happened with the satisfaction with health whose media
was 52.59. Facets: sleep, ability to perform day-to-day activities and work, leisure
opportunities and negative feelings (bad mood, hopelessness, anxiety and
depression) influenced negatively the quality of life of the respondents. Final
considerations: Suggests greater concern of those involved in medical education to
develop strategies, including recovery of interpersonal relationships, balance
between study and leisure, time, health care, food and sleep, practice of physical
activity, and with the development of actions to prepare the student to cope with
stress during medical training.

Key words: Quality of life. Medical students. Medical Education. Psychometries

16

2.1

Introduçâo
A ideia de se viver com qualidade já estava presente na antiguidade.

Aristóteles, 384 - 322 a.C., se referia à associação entre felicidade e bem-estar
(DINIZ e SCHOR, 2006). Hipócrates, 460 e 370 a.C., e Galeno, 132 e 200 d.C.,
afirmavam que o equilíbrio sustenta um corpo saudável (GORDON, 2002). Epicteto,
55 e 135 d.C, escreveu “Como viver uma vida com qualidade, tranquilidade e
sabedoria.” (LEBELL, 2000).
Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define qualidade de vida
como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e
sistemas de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações”. Esta foi a primeira definição padronizada de qualidade de
vida, resultado de estudos do projeto WHOQOL group, (1995) que considera a
subjetividade e fatores transculturais (DINIZ e SCHOR, 2006). A OMS afirma
também que qualidade de vida não pode ter um conceito universal, porque se baseia
primariamente na percepção individual e subjetiva da posição do indivíduo na vida
(WHOQOL Group, 1995; FLECK et al., 2000).
O interesse em estudar o efeito da educação sobre a vida do discente não é
novo. Segundo MOREIRA (2001, p. 13), coube a Comênio, 1592 - 1670, afirmar, em
seu livro Didática Magna que “há vinculação entre saúde, higiene e educação no
sentido de estabelecer fundamentos para o prolongamento da vida” iniciando assim
essa relação entre educação, saúde e qualidade de vida.
Na última década do milênio passado, a preocupação com o universitário
ganhou força nos meios acadêmicos, sendo motivo para se pesquisar as condições
de vida e satisfação do discente. Nos dias de hoje, esse assunto tem sido tratado de
forma mais sistemática e com maior interesse. Várias teorias e modelos surgiram
para a análise das alterações pelas quais passa o estudante. As modificações
ocorrem em parte pela necessidade do discente se adaptar ao novo ambiente e à
nova sistemática de ensino/aprendizagem que caracteriza a educação superior,
além do momento de transformação natural em sua vida.
O curso de medicina é marcado por inúmeros fatores geradores de estresse
que podem influenciar a qualidade de vida do aluno, exigindo dele adaptação e
modificações na maneira de viver (TEMPSKI et al., 2012).

17

A opção pela carreira médica em plena adolescência traz consigo mudanças
fundamentais na vida do jovem, que enfrenta a intensa competição do vestibular,
tendo que abdicar desde cedo de desejos, horas de lazer, convívio com a família e
amigos . A formação médica è a mais longa de todos os cursos universitários, com
duração mínima de 6 (seis) anos e uma carga horária semestral extensa para que os
estudantes adquiram as competências exigidas para o exercício da profissão, com
atividades teóricas e práticas, em variados cenários de aprendizado. O excesso de
atividades e exigências muitas vezes não permite que o discente tenha tempo para
se exercitar, cuidar da sua saúde, aumentando as chances de aparecimento de
doenças ligadas ao estresse como: ansiedade e depressão (OLIVEIRA, 2006;
FIEDLER, 2008; FIGUEREDO et al., 2014; MAYER et al. 2016). MURRAY et al.
(2001) enfatizam que fatores estressantes como: pressão para aprender, grande
quantidade de novas informações, falta de tempo para atividades sociais, contato
com doenças graves e com a morte no cuidado clínico dos pacientes, podem
contribuir para o aparecimento de sintomas depressivos. COSTA e PEREIRA ( 2005)
falam sobre os diversos tipos de abusos (físico, verbal, institucional, risco médico
desnecessário) que são vividos pelos estudantes de Medicina, podendo agravar seu
estresse.
Várias crises são vivenciadas ao longo do curso, desenvolvendo diferentes
modos de enfrentamento. Aqueles com personalidade estruturada e bom respaldo
familiar, superam as crises com mais tranquilidade, aprendem e se desenvolvem
com elas, buscando auxílio psicológico quando necessário. Por outro lado, aqueles
com problemas psicológicos prévios e/ou com família desestruturada podem
desenvolver quadros psicopatológicos (MILLAN, 1999). CAPRA (1995) descreve que
existem três maneiras não saudáveis de escapar de uma situação estressante: uma
leva à doença física, a outra à doença mental e a terceira à doença social com
comportamento antissocial, crime, abuso de álcool e drogas.
De acordo com FONTANA (1991) o estresse excessivo promove um
decréscimo da concentração e atenção. As memórias de curto e longo prazo
deterioram-se, reduzindo sua amplitude e reconhecimento. A velocidade de resposta
torna-se imprevisível, aumentando os índices de erros. Perde-se a capacidade de
concentração, de organização e planejamento. Aumentam as tensões e os distúrbios
do pensamento. A autoestima diminui, reforçando a sensação de depressão e
desamparo. Diminuem ainda a articulação verbal, o interesse e entusiasmo pelo

18

trabalho. Os níveis de energia se reduzem e altera-se o padrão de sono. Neste
estágio o uso de drogas pode se instalar. O indivíduo fica crítico em relação ao meio
e adquire tendência a ignorar novas informações. Todos estes sintomas em conjunto
ou isolados, podem potencialmente prejudicar o processo de ensino-aprendizagem
na formação médica.
Muitos estudos demonstram que o curso de medicina provoca mudanças no
estilo de viver dos futuros médicos, que na maioria das vezes têm diminuída sua
qualidade de vida com influência negativa no processo ensino/aprendizagem.
(OLIVEIRA, 2006; FIEDLER, 2008; ZHANGH, et al, 2012; FIGUEREDO et al, 2014;
MAYER et al, 2016).
O objetivo desta pesquisa foi identificar a qualidade de vida dos discentes de
medicina da Universidade Federal de Alagoas do 1º ao 12º períodos e com esse
conhecimento poder subsidiar intervenções que auxiliem no processo de formação
profissional e melhoria da qualidade de vida dos mesmos.
2.2

Metodologia
Trata-se de um estudo analítico, quantitativo de corte transversal, com 370

discentes da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
2.2.1 Participantes
Contou-se com uma amostra de 370 estudantes, com idade variando de 17
até 41 anos (Média = 23,89; DP = 3,60), sendo 60% do sexo feminino. Os
participantes estavam cursando, no momento da pesquisa: 1º ano (n = 73, 19,7%),
2º ano (n = 45; 12,2%), 3º ano (n = 71; 19,2%), 4º ano (n = 41; 11,1%), 5º ano (n =
61; 16,5%) e 6º ano (n = 79;

21,4%). Considerando a estrutura currícular, os

participantes estavam cursando no momento da pesquisa: Básico (n = 118; 31,9%),
Clínico (n = 112; 30,3%) e Internato (n = 140; 37,8%). A procedência dos estudantes
ficou representada da seguinte forma: Maceió (n = 173, 46,8%), Interior (n = 68,
18,4%), Outro Estado (n = 123; 33,2%) e Outro País (n = 6; 1,6%). A amostra é não
probabilística, isto é, de conveniência, tendo a participação de estudantes que,
convidados, aceitaram colaborar voluntariamente.

19

2.2.2 Instrumento
WHOQOL - bref. Consta de 26 questões, sendo duas questões gerais de
qualidade de vida e 24 questões divididas em quatro domínios: (1) Físico, composto
por 7 questões: (WHOQOL3[R], WHOQOL4[R], WHOQOL10, WHOQOL15,
WHOQOL16, WHOQOL17 e WHOQOL18); (2) Psicológico, composto por 6
questões:

(WHOQOL5, WHOQOL6, WHOQOL7, WHOQOL11, WHOQOL19 e

WHOQOL26[R]); (3) Relações Sociais, composto por 3 questões: (WHOQOL20,
WHOQOL21 e WHOQOL22); e (4) Ambiental composto por 8 questões:
(WHOQOL8, WHOQOL9, WHOQOL12, WHOQOL13, WHOQOL14, WHOQOL23,
WHOQOL24 e WHOQOL25) (FLECK et al., 2000; FIEDLER, 2008).
Quadro 1 – Dominio e facetas do WHOQOL- bref
(continuação)
Dominios

Domínio Físico

Domínio Psicológico

Domínio Relações
Sociais

Questão

Facetas

03
10
16
15
17
04
18

Dor e desconforto
Energia e fadiga
Sono e repouso
Mobilidade
Atividade da vida cotidiana
Dependência de medicação ou de tratamentos
Capacidade de trabalho

05
07
19
11
26
06

Sentimentos positivos
Pensar, aprender, memoria e concentração
Auto estima
Imagem corporal e aparência
Sentimentos negativos
Espiritualidade/religião/crenças pessoais

20
22
21

Relações pessoais
Suporte (apoio) social
Atividade sexual

20
Quadro 1 – Dominio e facetas do WHOQOL- bref
(conclusão)
Dominios

Domínio Ambiente

Questão

Facetas

08
23
12
24
13
14
09
25

Segurança física e proteção
Ambiente no lar
Recursos financeiros
Cuidados de saúde e sociais e disponibilidade e qualidade
Oportunidade de adquirir novas informações e habilidades
Participação e oportunidades de recreação/lazer
Ambiente físico (poluição/ruído/trânsito/clima)
Transporte

Fonte: FLECK at al., 2000 - Adaptado pela autora.

WHOQOL1 e WHOQOL15 estão associados a uma escala de resposta do
tipo Likert que varia de 1 “Muito ruim” até 5 “Muito boa”. O WHOQOL2 está
associado a uma escala de resposta do tipo Likert que varia de 1 “Muito insatisfeito”
até 5 “Muito satisfeito”. De WHOQOL3 até WHOQOL14 a escala é do tipo Likert e
varia de 1 “Nada” até 5 “Extremamente”. De WHOQOL16 até WHOQOL25 a escala
é do tipo Likert e varia de 1 “Muito insatifeito” até 5 “Muito satisfeito”. Por fim, o
WHOQOL26 está associado a uma escala de resposta do tipo Likert que varia de 1
“Nunca” até 5 “Sempre”.
O instrumento WHOQOL-bref considera as duas últimas semanas vividas
pelos respondentes, e o tempo médio de seu preenchimento é de dez minutos. A
análise do WHOQOL foi baseada na sintaxe WHOQOL-bref (1998) com auxílio do
software SPSS (Statistical Package for Social Sciences). A equação sugerida pela
OMS foi aplicada para a estimativa de escores de cada domínio. Foram seguidos os
seguintes passos:
a) Conferência dos itens: A conferência dos 26 itens, que devem conter respostas
com valores inteiros de 1 a 5. Respostas com valores diferentes, ou não respondidas
serão consideradas dados perdidos.
b) Reversão das perguntas com frase na negativa: Os escores dos domínios são
escalonados numa posição positiva (maiores escores denotam maior qualidade de
vida). Portanto, as questões que estão na negativa (questões 3, 4 e 26) foram
recalculadas da forma invertida: (1=5) (2=4) (3=3) (4=2) (5=1).

21

c) Computação dos escores por domínios: O WHOQOL - abreviado. A equação
sugerida pela OMS foi aplicada para a estimativa de escores de cada domínio.
Os escores finais de cada domínio foram calculados por uma sintaxe, que considera
as respostas de cada questão que compõem o domínio. Foram obtidos quatro
médias, que denotam a percepção individual de qualidade de vida em cada domínio.
Em seguida, cada média foi multiplicada por 4 no sentido de tornar os escores dos
domínios comparáveis aos escores usados no WHOQOL - 100. Portanto, esta
escala possui uma amplitude de valores variando entre 4 e 20. Existem dois itens
que são avaliados separadamente dos domínios: questão 1, que pergunta sobre a
Percepção geral individual da Qualidade de vida e a questão 2, que pergunta sobre
a Percepção geral individual da Saúde. Da mesma forma, calculou-se a média de
cada pergunta, multiplicando o resultado por 4.
d) Transformação dos escores na escala de 0 a 10. Conversão dos escores do item
anterior numa escala de 0 - 100, através da fórmula:[(Média – 4) x (100/16)].
e) Foram excluídos da análise os alunos que não preencherem 80% do questionário.
A aplicação do WHOQOL - bref foi dada por acessibilidade e de forma
individual - em formato lápis e papel. Os participantes, que aceitaram colaborar
voluntariamente com a pesquisa – assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido , foram elucidados sobre o anonimato e sigilo de suas respostas, e
requeridos a responder o WHOQOL - bref. Garantiu-se o respeito às diretrizes éticas
que regem a pesquisa com seres humanos. Ainda, o estudo não envolveu engodo,
constrangimento ou risco aos participantes. Antes de responderem ao questionário,
os discentes preencheram um cabeçalho contendo dados como: idade, sexo, estado
civil, procedência, período que está cursando e se mora com familiares. A aplicação
desses instrumentos foi efetuada por uma equipe de discentes e docentes
previamente treinados. O questionário foi aplicado após o término das aulas do 1º ao
8º periodo e em visita a cada local de estágio no Internato.
As análises estatísticas foram realizadas no SPSS versão 22.0 para sistema
operacional Windows (Statistical Package for the Social Sciences, IBM, Armonk,
New York, USA): estatísticas descritivas (frequência, percentual, média, desviopadrão, erro padrão e intervalo de confiança de 95%) e de tomada de decisão
(MANOVA - Multivariate Analyse of Variances ) para comparar os escores médios
dos construtos aqui considerados em função dos sexos e do estágio no curso
[básico (1º ao 4º periodo), clínico (5º ao 8º periodo) ou internato (9º ao 12º periodo)].

22

Para confeccionar os gráficos do tipo barra e radar utilizou-se o Excel (Microsoft
Office 365).
O

projeto

foi

aprovado

pelo

Comitê

de

ética

da

UFAL

(CAAE:

51318115.8.0000.5013).
2.3

Resultados
Foram entrevistados 370 discentes do 1º ao 12º período do curso de medicina

da UFAL sendo a maioria do sexo feminino (60,0%). A idade variou de 17 a 41 anos
sendo a média 23,8 anos. O maior percentual desses discentes foram procedentes
da capital de Alagoas, Maceió, (46,8%) seguido de outros estados do Brasil (33,2%).
Houve predominância de estudantes solteiros (94,9%) e aqueles que moravam com
a família (64,3%). A maior parte, 200 (54,4%), ia para faculdade com transporte
próprio.
A análise dos dados referentes ao WHOQOL mostrou que a média da
Percepção geral de qualidade de vida na população estudada foi de 59,29 ±21,96,
na Percepção geral de saúde foi 52,59 + 24,05, no Domínio Físico, 58,83 ± 14,24 no
Domínio Psicológico, 58,90 ± 15,63 no Domínio Relações Sociais 63,32 ± 19,63 e no
Domínio Ambiental 58,51 + 14,74.
TABELA 1 - Distribuição dos domínios do WHOQOL
M

DP

Mín-Máx

EP

IC de 95%
[LI, LS]

Físico

58,83

14,24

17,86; 92,86

0,764

[57,32; 60,33]

Psicológico

58,90

15,63

8,33; 95,83

0,839

[57,25; 60,56]

Relação social

63,32

19,63

0,00; 100,0

1,054

[61,25; 65,40]

Ambiental

58,51

14,74

21,88; 93,75

0,791

[56,95; 60,06]

PGQV

59,29

21,96

0,00; 100,0

1,179

[56,97; 61,61]

PGS

52,59

24,05

0,00; 100,0

1,291

[50,05; 55,13]

Nota. M = Média; DP = Desvio Padrão; Mín-Máx – Mínimo e Máximo; EP = Erro Padrão; IC de 95%,
LI, LS = Intervalo de Confiança de 95%, Limite Inferior, Limite Superior, PGQV = Percepção Geral da
Qualidade de Vida, PGS = Percepção Geral da Saúde.
Fonte:

23
Gráfico 1 - Média final da avaliação geral do WHOQOL–bref por domínio

PGQV = Percepção Geral da Qualidade de Vida, PGS = Percepção Geral da Saúde, F= Domínio
Fisico, P = Dominio Psicologico, RS = Dominio relaçoes sociais, A = Dominio Ambiental)
Fonte:

Inicialmente, por meio de uma MANOVA (Multivariate Analyse of
Variances), verificou-se se há diferença em todos os domínios do WHOQOL - bref
em função do sexo e do estágio no curso – básico (1º - 4º periodo), clínico (4º - 8º
periodo) ou internato (9º e 12º periodo).
Não se encontrou diferenças entre os escores médios para todos os domínios
do WHOQOL – bref, que permita ajuizar que mulheres e homens se diferenciem
quanto ao padrão de resposta [Lambda de Wilks = 0,98; F (6; 336) = 0,801; p =
0,569], com um tamanho de efeito (η²p) de 0,014 - Cohen (1992) recomenda que
0,02 é um efeito pequeno, 0,15 é um efeito médio e 0,35 é um efeito grande. Em
relação a classificação dos participantes em função do momento no curso ciclo
Básico, Clínico e Internato observou-se que há diferença entre os escores médios
[Lambda de Wilks = 0,93; [F(5, 346) = 2,344, p = 0,041, com um tamanho de efeito
(η²p) de 0,033] especificamente, para o domínio físico. Há uma diferença média de
4,66 [IC de 95% 0,21, 9,10] entre o internato (M = 61,63) e o clínico (M = 56,97).
Também para o domínio psicológico [F(5, 346) = 2,839, p = 0,016, com um tamanho
de efeito (η²p) de 0,040]. Há uma diferença média de 5,39 [IC de 95% 0,52, 10,25]
entre o internato (M = 61,62) e o clínico (M = 56,23). Entretanto, os participantes que
estavam no Internato e os que estavam no Clínico apresentam escores médios no

24

domínio físico e psicológico acima de 50 que seria o ponto médio arbitrário da escala
que vai de 0 até 100. Depreende-se, que há diferença estatisticamente significativa,
mas que não há forte evidência de diferença de pesquisa. Note que o tamanho do
efeito foi pequeno - tamanho de efeito (η²p) de 0,033 e 0,040, respectivamente.
Quanto a interação entre sexo e ciclos do curso ( básico, clínico e internato) ,
constatou-se que não há diferença o suficientemente grande entre os escores
médios para todos os domínios do WHOQOL - bref. [Lambda de Wilks = 0,97; F (6;
336) = 0,811; p = 0,639], com um tamanho de efeito (η²p) de 0,014.
Gráfico 2 - Médias obtidas em relação ao Domínio Físico de acordo com os Ciclos:
Básico, Clínico e Internato dos discentes da FAMED, 2017

Nota : B = Básico; C= Clínico; I = Internato
Fonte:

Gráfico 3 - Média do domínio psicológico em relação aos Ciclos de estudo dos
discentes da FAMED, 2017.

Fonte

25

Ao se analisar as duas questões gerais do WHOQOL-BREF observou-se que
na primeira que trata da Avaliação da Qualidade de Vida, 50,54% dos discentes
consideram-na boa ou muito boa. A segunda questão que mede a Satisfação com
as Condições de Saúde, demonstrou-se que 41,20% dos entrevistados estavam
satisfeitos ou muito satisfeitos. (gráfico 4)
Gráfico 4 – Auto - avaliação da qualidade de vida pelos discentes da FAMED, em 2017.

Fonte

Gráfico 5 - Grau de satisfação com a saúde na perspectiva dos discentes da FAMED,
em 2017

Fonte

Fazendo-se a análise dos Domínios do WHOQOL Bref , verificou-se que no
Domínio Físico Geral (composto por 7 facetas, relacionadas com a dor, energia,
locomoção, sono, atividade, medicação e capacidade de trabalho) as questões que
dizem respeito ao sono e a capacidade de desempenhar as funções do dia a dia,

26

apresentaram escores baixos. Em relação ao sono, os discentes mostraram-se
insatisfeitos (44,8%), ou muito insatisfeitos (16,8%) (gráficos 6).
Gráfico 6 – Avaliação da Qualidade do sono pelos estudantes da FAMED, em 2017.

Fonte

E quanto a capacidade de desempenhar as funções do dia a dia, apenas
(24,7%) responderam que estavam satisfeitos e (2,4%) muito satisfeitos (gráfico 7).

Gráfico 7 - Satisfação em relação a realização de atividades diárias pelos discentes da
FAMED, em 2017

Fonte

No domínio Psicológico que avalia os sentimentos positivos, pensamento,
autoestima, corpo, sentimentos negativos e espiritualidade, para a questão

que

aborda a aceitação da aparência física, 57% afirmam que a aceitam “muito” ou

27

“completamente”, porém 32,7% deles a aceitam somente “mais ou menos”,
enquanto que 10,3% se dividiram entre “nada” e muito pouco”, perfazendo um total
de 43%, que é uma porcentagem expressiva, visto que o autoconceito é muito
influenciado pela aceitação da aparência física.
Gráfico 8 – Percentual de Aceitação da Aparência Fisica dos discentes da FAMED,
em 2017.

Fonte

Já a questão que trata dos sentimentos negativos, os discentes responderam
da seguinte forma: frequentemente (23,9%); muito frequentemente (21,5%) e
sempre (7,6%), totalizando 53% (Gráfico 9).
Gráfico 9 - Frequência de sentimentos negativos dos discentes da FAMED, em 2017.

Fonte

28

O domínio relações sociais, composto por três facetas que avaliam:
relacionamentos, suporte e vida sexual, foi o que apresentou melhor média 63,1%
com mais de 50% dos entrevistados referindo estarem satisfeitos ou muito satisfeitos
(tabela 3).
Quadro 2 - Grau de satisfação com relação ao domínio Relações Sociais na
perspectiva dos discentes da FAMED, em 2017.
QUESTÕES

Quão satisfeito você esta
com
suas
relações
pessoais?

Muito
insatisfeito

Insatisfeito

Nem Satisfeito
nem
Insatisfeito

Satisfeito

Muito
Satisfeito

2,2%

14,4%

26,2%

43,3%

13,9%

8,5%

12%

27,3%

35,8%

16,4%

1,6%

7,4%

31,2%

46%

16,7%

Quão satisfeito você esta
com sua vida sexual?

Quão satisfeito você está
com o apoio que você
recebe dos amigos?

Fonte

No Domínio Meio Ambiente que envolve questões ligadas a Segurança,
Moradia, Finanças, Serviços, Informação, Lazer, Desenvolvimento e Transporte, a
questão que diz respeito a oportunidade de Atividade de Lazer, 46,5%

dos

entrevistados responderam: Muito pouco (41,4%) e Nada (5,1%) (Gráfico 10 e 11).
Gráfico 10 – Grau de satisfação das facetas do Domínio Meio Ambiente na perspectiva
dos discentes da FAMED, em 2017.

Fonte

29
Gráfico 11 – Percentual de Oportunidade de atividade de lazer dos discentes da
FAMED, em 2017.

Fonte

2.4

Discussão
Com base nos resultados observados, no presente estudo houve predomínio

de discentes solteiros (94,9%) e do sexo feminino (60,0%), isto, pela maior inserção
das mulheres causando a feminilização do curso de medicina nas ultimas décadas.
O movimento social das mulheres procurando se instruir mostra um anseio de
participação mais efetiva no mercado de trabalho e de influenciar as decisões e
rumos dessa sociedade, pois a posse de diploma de curso superior confere status
social (OLIVEIRA, 2006), podendo explicar a predominância feminina encontrada
nos resultados. CLEBSCH (2006) observa uma mudança no comportamento
feminino, de que a média de idade da mulher contrair matrimônio elevou-se de 24
anos em 1993 para 27,3 anos em 2003, fato que demonstra que as mulheres não
estão mais centradas em procurar constituir família como primeiro objetivo de vida a
ser alcançado, o que é, sem dúvida, um fator significativo para explicar essa
condição civil encontrada em nossa amostra.
A pesquisa não encontrou diferença na Percepção Geral da Qualidade de
Vida, nem na Percepção Geral de Saúde e nem nos domínios do WHOQOL bref
entre os sexos masculino e feminino. Tal fato não foi observado com os resultados
de outros estudos onde as mulheres mostraram mais dificuldades no enfrentamento

30

do curso médico, apresentando percentuais elevados de depressão, diminuição do
bem estar, da qualidade de vida e elevado nível de estresse acadêmico. FIEDLER
(2008) analisando a qualidade de vida de discentes de várias instituições brasileiras
que participaram do Encontro Cientifico dos Estudantes de Medicina ocorrido no ano
de 2004, através do WHOQOL bref; encontrou escores menores em todos os
domínios no sexo feminino. O estudo de OLIVEIRA (2006) observou a qualidade de
vida e desempenho de graduandos de vários cursos em São Paulo, ambos os sexos
apresentaram um perfil de QV semelhante em três domínios, exceto no domínio
Físico em que foi observada uma média superior significativa para os estudantes do
sexo masculino com relação à média do total. ZHANGH, et al. (2012), pesquisando
qualidade de vida do estudante de medicina na China, encontrou escores menores
no sexo feminino no domínio Psicológico e Físico, entretanto elas obtiveram melhor
desempenho no domínio relações sociais em comparação aos homens, mostrando
maior capacidade de lidar com os mais diversos relacionamentos ENNS et al. (2015)
não encontrou diferença significativa entre homens e mulheres no ambiente escolar.
SERINOLLI et

al. (2017) encontrou escores moderadamente

menores no sexo

feminino nos domínios físico e psicológico e discretamente menor em relação ao
domínio de relações sociais. Não houve diferença entre os sexos no domínio Meio
Ambiente.
Pesquisas anteriores mostraram que discentes do sexo feminino procuram
mais frequentemente os serviços de suporte que seus colegas do sexo masculino.
DAVIES et al. (2000) estudaram sete grupos focais masculinos para identificar seus
interesses pela saúde e entender as barreiras na procura por auxílio e
recomendações a fim de adotar um estilo de vida mais saudável.
Os resultados mostraram que os homens estavam cientes de que tiveram
necessidades importantes na área da saúde, mas que não se esforçaram para pedir
auxílio. Essas necessidades se localizaram na área física e emocional, ressaltando o
problema de álcool e de adição de substâncias psicoativas. Nesta pesquisa, quando
se fez a correlação no que se refere ao momento do curso: Ciclo Básico (1º - 4º
período), Ciclo Clinico (5º - 8º período) e Internato (9º - 12º período), foi encontrado
diferença estatisticamente significativa no domínio Físico e Psicológico, porém sem
diferença de pesquisa, entre o ciclo Clinico com menores escores e o Internato, que
obteve melhor desempenho. Não houve piora da qualidade de vida com o progredir
dos anos do curso.

31

Outros estudos já mostraram ser o 3º ano o momento de transição do curso
médico onde os discentes iniciam a clinica com foco de aprendizado para doença,
diagnóstico e tratamento. É nesse momento que acontecem os primeiros contatos
com o paciente real, eles não têm ainda conhecimento, nem habilidade prática para
interagirem com o doente e, principalmente, quando este se encontra em fase
terminal, gerando sentimento de ansiedade, inquietação e insegurança já citado em
outras publicações (PTIKALA, 2004; PARO et al., 2010; MACLEOD et al., 2003;
LIENARD et al., 2010). FIEDLER (2008) quando se refere ao ano de curso, relata
que houve uma queda nos valores dos domínios psicológico e de relação social, no
grupo de terceiro e quarto anos, enquanto que no grupo do quinto e sexto anos, o
domínio de relações sociais apresentou maior escore. PARO et al (2010), observou
um impacto negativo expressivo nos domínios físico e mental nos estudantes do 3º e
4º anos quando avaliados pelo HEALTH-RELATED QOL (HRQL) em comparação
com as outras fases do treinamento médico. Por sua vez, ALVES et al (2009)
observaram um decréscimo significativo do domínio psicológico entre os alunos em
conclusão do curso médico, quando comparados aos estudantes do início do curso.
HASSED et al. (2008) utilizando o questionário WHOQOL-bref num estudo de
coorte por um ano com estudantes de Medicina, também detectaram piora no
domínio psicológico. CHAZAN et al (2015) observaram os piores escores de QV em
relação ao ano de graduação, no terceiro e sexto ano, em discentes da UERJ,
principalmente em relação aos domínios Psicológico e de Relações sociais.
Em relação a interação entre sexo e ciclos do curso (Básico, Clinico e
Internato) não houve diferença significativa nos resultados obtidos nesta pesquisa.
FIEDLER, na análise pareada de sexo e ano de curso demonstrou que o sexo
feminino foi o maior responsável pela queda dos escores no grupo do terceiro e
quarto anos, pois o grupo masculino desses anos apresentou queda somente no
domínio psicológico quando comparado aos outros anos do curso.
Na análise das duas primeiras questões do WHOQOL bref observou-se uma
avaliação positiva. A primeira questão que diz respeito a Qualidade de Vida geral,
os resultados mostraram que os discentes apresentaram escore mediano com
média de 59,1, com 50,54% dos participantes considerando-a boa ou muito boa. A
media alcançada foi colocada em uma escala que é representada por um número
real, compreendido no intervalo 0 (zero) a 100 (cem), sendo que os valores entre 0
(zero) e 40 (quarenta) são considerados “região de fracasso”; de 41 (quarenta e um)

32

a 70 (setenta), correspondendo à “região de indefinição”; e acima de 71 (setenta e
um) como tendo atingido a “região de sucesso” (FLECK et al., 2000).
Estudo conduzido com cem acadêmicos de Medicina em Sorocaba (SP)
também encontrou uma avaliação boa ou muito boa (86% nos do primeiro ano e
88% nos do sexto ano) na questão que trata da QV geral (DIAS et al., 2010).
Resultado positivo também foi encontrado em estudo semelhante feito na UNB
(BAMP et al., 2013), onde o percentual dos discentes que pontuaram como boa ou
muito boa foi de 71,5%. FIEDLER (2008) encontrou uma media de QV geral de
76.6. CHEHUEN NETO, et al (2008) em pesquisa com discentes de medicina e
direito de Juiz de Fora encontrou uma média de 86,75% dos estudantes de medicina
que declararam a qualidade de vida como boa e muito boa.
Já a segunda questão que trata da satisfação com a saúde geral, os
estudantes obtiveram uma média de 52,59 com 41,2% dos respondentes avaliandoa como satisfeito ou muito satisfeito. A saúde foi considerada importante, mas tem
ficado comprometida pela impossibilidade de manutenção de estilo de vida
saudável, sendo difícil conciliar atividades que priorizam a saúde com as que são
exigidas pelo trabalho acadêmico.
Em pesquisa análoga com discentes da UnB, o índice de satisfação com
saúde encontrado foi maior, cerca 70,2% dos entrevistados estavam satisfeitos ou
muito satisfeitos (BAMP, 2013). Um percentual mais alto também foi encontrado
entre os estudantes de medicina de Juiz de Fora onde a média de satisfação foi de
79,47% (CHEHUEN NETO, 2008)
Outro problema encontrado na população estudada se refere ao sono, pois
61,6% dos entrevistados disseram estar insatisfeitos ou muito insatisfeitos,
mostrando a dificuldade de conciliar atividades escolares, sono e lazer, causando
efeito negativo na qualidade e quantidade do sono.
O excesso de carga horária, o amplo conteúdo e as atividades
complementares ao curso obrigam o estudante a diminuir suas horas de sono. A
literatura aponta que essa privação causa progressiva deterioração mental,
psicológica e física, que inclui mudanças de humor, diminuição da coordenação
motora e da capacidade de raciocínio, problemas de memória, de aprendizado e da
fala, alucinações, paranoia e danos físicos como alterações de batimentos cardíacos
e temperatura corporal (COHEN, 1998).

33

Os discentes entrevistados apresentaram certo grau de comprometimento nas
questões que dizem respeito a capacidade de desempenhar funções do dia a dia,
concentração, capacidade de trabalho. Na pesquisa sobre a saúde dos médicos no
Brasil, observou-se que o estresse, a ansiedade e a depressão podem cursar
também com manifestações físicas, dentre elas: fadiga, alterações no sono e
dificuldade de concentração (BARBOSA et al., 2007)
Os discentes quando interrogados sobre a oportunidade de atividades de
lazer, 46,1% responderam que tem muito pouco ou nenhuma oportunidade neste
sentido, isso corrobora com as respostas dos estudantes da UNB onde 70,3% dos
entrevistados referiram algum grau de comprometimento das oportunidades de
lazer. A insatisfação dos futuros médicos com a falta de tempo para atividades de
lazer tem estreita relação com a carga horária exigida e o áureo período de sua
juventude (BAMP et al., 2013). Os cursos de Medicina no Brasil exigem dedicação
integral por um período médio de seis anos, sem contar com a residência médica,
restringindo o tempo dedicado pelos estudantes a atividades prazerosas e
comprometendo sua qualidade de vida.
Alguns autores enfatizam que a redução do estresse e a melhoria da
qualidade de vida do estudante seriam uma forma de promover neles a criatividade
e a iniciativa, tornando-os aptos para lidar melhor com as necessidades
psicossociais dos pacientes (GROSSEMAN, 2001; GROSSEMAN e PATRICIO,
2004). Como ressalta JUNG, (1975): “somente se o médico souber lidar com ele
mesmo e com seus próprios problemas, será capaz de ensinar o paciente a fazer o
mesmo”.
O processo de tornar-se médico “com conhecimento e jeito de médico”
excede a proposta de uma grade curricular. O estudante vivencia um processo de
socialização que, além da aquisição de saberes técnicos e habilidades, se constrói
em comportamentos e valores dominantes dessa profissão, por meio de exemplos
dos próprios professores médicos ou do comportamento da sociedade frente aos
“doutores”. (LAMPERT, 2002)
A discussão sobre a construção de estratégias que possam influenciar na
melhoria do padrão de qualidade de vida de estudantes, como valorização de
relacionamentos interpessoais e prática de atividades físicas e de lazer (ZONTA,
2006), passa necessariamente pela consciência da estrutura de um modelo que
reflete um comportamento da classe profissional. Tal fato se inicia no período da

34

graduação, mas que pode se manter durante a residência médica e a vida
profissional. (FIGUEREDO et al., 2014)
2.5

Considerações Finais
A pesquisa constatou que os discentes de medicina da UFAL apresentaram

resultados medianos no que diz respeito a qualidade de vida e percepção geral de
saúde, sendo algumas facetas responsáveis por influenciarem negativamente a
qualidade de vida: sono, capacidade de realizar atividade diária, oportunidades de
lazer e sentimentos negativos (mau humor, desespero, ansiedade e depressão).
Estas estão relacionadas ao sucesso no processo de formação e na realização das
atividades acadêmicas.
A promoção da saúde integral do paciente é uma preocupação constante do
futuro médico, sendo importante ser alertado a cuidar de si para ter condições de
fazê-lo pelo outro. Quanto mais precocemente este profissional refletir sobre sua
própria vida e qualidade de vida, melhor condição terá para contribuir com a
qualidade de vida do(s) outro(s).
Recomenda-se uma maior atenção dos profissionais que lidam com a
educação médica para o desenvolvimento de estratégias, que incluam valorização
dos relacionamentos interpessoais, equilíbrio entre estudo e lazer, organização do
tempo, cuidados com a saúde, alimentação e o sono, prática de atividade física, e
com o desenvolvimento de atitudes que preparem o estudante para enfrentar o
estresse durante o curso médico.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Leandro S.; SOARES, Ana Paula. Os estudantes universitários: sucesso
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.

38

3

PRODUTO EDUCACIONAL DE INTERVENÇÃO

3.1

Introdução
No mundo atual as tecnologias da informação e comunicação (TIC) surgem

no cenário educacional como elementos inovadores capazes de disponibilizarem
conteúdos, informações, promover interações entre os discentes, destes com seus
professores e com a comunidade. Tudo isso facilita o processo de ensino
aprendizado podendo se adaptar diferentes estilos e objetivos de aprendizagem,
instigando a busca ativa e o compartilhamento de conhecimento e recursos de
gerência do processo educativo (GOUDOURIS et al, 2013).
Dentre as diversas tecnologias disponíveis, os vídeos despontam como meio
de comunicação social de rápido acesso, capaz de atingir um público amplo e
variado, disseminando a informação de forma lúdica.
Moran (1995) ressalta a importância da utilização de vídeos em ambientes
pedagógicos como uma experiência mais próxima da sensibilidade do homem,
porque toca todos os sentidos se aproximando da forma de comunicação habitual
das pessoas, o que o torna um recurso mais sedutor e atraente. O público alvo são
os estudantes de medicina das instituições de ensino superior.
Nesta pesquisa optou-se por apresentar dois produtos: um relatório técnico,
destinado ao NDE, Colegiado do curso, Pró Reitoria de Assuntos Estudantis
(PROEST)

e ao Núcleo de Apoio Pedagógico da FAMED/UFAL; e um vídeo

destinado a conscientização dos discentes.

No relatório são apresentados os

resultados da pesquisa, bem como algumas recomendações para melhorar e
conscientizar a qualidade de vida dos acadêmicos de medicina.
O conteúdo do vídeo foi discutido com os discentes do curso de medicina,
buscando uma linguagem mais próxima do público estudantil. O vídeo contém
depoimentos que foram concedidos de forma espontânea. Os participantes do vídeo
falaram sobre a QV relacionada à qualidade do sono, a aceitação da aparência
física, a frequência de sentimentos negativos, oportunidade de atividade de lazer e o
cuidado com a saúde.

39

3.2

Relatório Técnico
Atualmente a Organização Mundial da Saúde (OMS) define qualidade de vida

como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e
sistemas de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações”. Esta foi a primeira definição padronizada de qualidade de
vida, resultado de estudos do projeto WHOQOL group, que considera a
subjetividade e fatores transculturais (Diniz e Schor, 2006). A OMS afirma também
que qualidade de vida não pode ter um conceito universal, porque se baseia
primariamente na percepção individual e subjetiva da posição do indivíduo na vida
(WHOQOL Group, 1995; Fleck et al, 2000).
Na última década do milênio passado, a preocupação com o universitário
ganhou força nos meios acadêmicos, sendo motivo para se pesquisar as condições
de vida e a satisfação do discente. Nos dias de hoje, esse assunto tem sido tratado
de forma mais sistemática e com maior interesse.
O curso de medicina é marcado por inúmeros fatores geradores de estresse
que podem influenciar a qualidade de vida do aluno, exigindo dele adaptação e
modificações na maneira de viver (Tempski et al, 2012). O excesso de atividades e
exigências muitas vezes não permite que o discente tenha tempo para se exercitar,
cuidar da sua saúde, aumentando as chances de aparecimento de doenças ligadas
ao estresse como: ansiedade e depressão (Oliveira, 2006; Fiedler 2008; Figueredo
et al., 2014; Mayer et al, 2016).
De acordo com Fontana (1991), o estresse excessivo promove um
decréscimo da concentração e atenção. As memórias de curto e longo prazo
deterioram-se, reduzindo sua amplitude e reconhecimento. A velocidade de resposta
torna-se imprevisível, aumentando os índices de erros. Perde-se a capacidade de
concentração, de organização e planejamento. Aumentam as tensões e os distúrbios
do pensamento. A autoestima diminui, reforçando a sensação de depressão e
desamparo. Diminuem ainda a articulação verbal, o interesse e entusiasmo pelo
trabalho. Os níveis de energia se reduzem e altera-se o padrão de sono. Neste
estágio o uso de drogas pode se instalar.

40

O indivíduo fica crítico em relação ao meio e adquire tendência a ignorar
novas informações. Todos estes sintomas em conjunto ou isolados, podem
potencialmente prejudicar o processo de ensino-aprendizagem na formação médica.
Muitos estudos demonstram que o curso de medicina provoca mudanças no
estilo de viver dos futuros médicos, que na maioria das vezes têm diminuída sua
qualidade de vida com influência negativa no processo ensino/aprendizagem.
3.2.1 Objetivo
O objetivo do relatório e apresentar os resultados da pesquisa sobre
qualidade de vida dos discentes de medicina/UFAL, assim como algumas
recomendações dirigidas aos profissionais que compõem o Núcleo Docente
Estruturante do Curso de Graduação em Medicina da UFAL (NDE), Colegiado do
Curso, Pro Reitoria de Assuntos Estudantis (PROEST) e ao Núcleo de Apoio
Pedagógico da FAMED/ UFAL e que esses resultados possam subsidiar
intervenções que auxiliem no processo de formação profissional e na melhoria da
qualidade de vida dos discentes.
3.2.2 Metodologia
A confecção do relatório baseou-se nos resultados da pesquisa sobre
qualidade de vida do discente de medicina que foi um estudo analítico, quantitativo
de corte transversal, com 370 discentes da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Alagoas (UFAL).
Os estudantes foram avaliados por meio do questionário WHOQOL- bref
o qual é composto por 26 questões, sendo duas perguntas sobre qualidade
de vida global e o restante divididos em quatro domínios de qualidade de vida,
sendo que cada domínio tem por objetivo verificar: Capacidade física, Bem-estar
Psicológico, Relações Sociais, Meio Ambiente onde o indivíduo está inserido,
totalizando 24 questões. As perguntas do

WHOQOL estão

associados a uma

escala de resposta do tipo Likert . As respostas às questões são dadas numa
escala com um único intervalo de 1 (um) a 5 (cinco), segundo a metodologia
WHOQOL.
A aplicação do WHOQOL - bref foi dada por acessibilidade e de forma
individual - em formato lápis e papel. Os participantes, que aceitaram colaborar

41

voluntariamente com a pesquisa – assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, foram elucidados sobre o anonimato e sigilo de suas respostas, e
requeridos a responder o WHOQOL - bref.
O instrumento WHOQOL-bref considera as duas últimas semanas vividas
pelos respondentes, e o tempo médio de seu preenchimento foi de dez minutos.
As análises estatísticas foram realizadas no SPSS versão 22.0 para sistema
operacional Windows (Statistical Package for the Social Sciences, IBM, Armonk,
New York, USA): estatísticas descritivas (frequência, percentual, média, desviopadrão, erro padrão e intervalo de confiança de 95%) e de tomada de decisão
(MANOVA- Multivariate Analyse of Variances) para comparar os escores médios
dos construtos aqui considerados em função dos sexos e do estágio no curso
[básico (1º ao 4º periodo), clínico (5º ao 8º periodo) ou internato (9º ao 12º periodo)].
Para confeccionar os gráficos do tipo barra e radar utilizou-se o Excel (Microsoft
Office 365).
O

projeto

foi

aprovado

pelo

Comitê

de

Ética

da

UFAL

(CAAE:

51318115.8.0000.5013).
3.2.3 Resultados
Foram entrevistados 370 discentes do 1º ao 12º período do curso de medicina
da UFAL, sendo a maioria do sexo feminino (60%). A idade variou de 17 a 41 anos
sendo a média 23,8 anos. O maior percentual desses discentes foram procedentes
da capital de Alagoas, Maceió, (46,8%) seguido de outros estados do Brasil (33,2%).
Houve predominância de estudantes solteiros (94,9%) e aqueles que moravam com
a família (64,3%). A maior parte dos estudantes, 200 (54,4%), vão para faculdade
com transporte próprio.
A pesquisa não encontrou diferença na Percepção Geral da Qualidade de
Vida nem na Percepção Geral de Saúde e nem nos domínios do WHOQOL bref
entre os sexos masculino e feminino
Em relação a classificação dos participantes em função do momento no
curso:

ciclo

Básico,

Clínico

e

Internato

observou-se

que

há

diferença,

estatisticamente significativa, entre o Ciclo Clinico e o Internato (com melhores
escores) nos domínios Físico e Psicológico, porém sem evidência de diferença de

42

pesquisa porque o tamanho do efeito foi pequeno - tamanho de efeito (η²p) de 0,033
e 0,040, respectivamente.
No que diz respeito a interação entre sexo e ciclos do curso (Básico, Clinico e
Internato) não houve diferença significativa nos resultados obtidos neste estudo.
Na análise das duas primeiras questões do WHOQOL bref observou-se uma
avaliação positiva. A primeira questão que diz respeito a Qualidade de Vida geral, os
resultados mostraram que os discentes apresentaram escore mediano com média
de 59,1, com 50,54% dos participantes considerando-a boa ou muito boa.
Já a segunda questão que trata da satisfação com a saúde geral, os
estudantes obtiveram uma média de 52,59 com 41,2% dos respondentes avaliandoa como satisfeito ou muito satisfeito. A saúde foi considerada importante, mas tem
ficado comprometida pela impossibilidade de manutenção de estilo de vida
saudável, sendo difícil conciliar atividades que priorizam a saúde com as que são
exigidas pelo trabalho acadêmico.
Outro problema encontrado na população estudada se refere ao sono, 61,6%
dos entrevistados disseram estar insatisfeito ou muito insatisfeito, mostrando a
dificuldade de conciliar atividades escolares, sono e lazer causando efeito negativo
na qualidade e quantidade do sono.
Quanto à capacidade de desempenhar as funções do dia a dia, apenas
(24,7%) responderam que estavam satisfeitos e (2,4%) muito satisfeitos.
No domínio Psicológico, a questão que aborda a aceitação da aparência
física, 57% afirmam que a aceitam “muito” ou “completamente”, porém 32,7% deles
aceitam somente “mais ou menos” e 10,3% se dividiram entre “nada” e muito pouco”,
perfazendo um total de 43%, que é uma porcentagem expressiva, visto que o
autoconceito é muito influenciado pela aceitação da aparência física.
Já a questão que trata dos sentimentos negativos (mau humor, desespero,
ansiedade

e

depressão),

frequentemente (23,9%);

os

discentes

responderam

da

seguinte

forma:

muito frequentemente (21,5%) e sempre (7,6%),

totalizando 53%.
No Domínio Meio Ambiente que envolve questões ligadas a Segurança,
Moradia, Finanças, Serviços, Informação, Lazer, Desenvolvimento e Transporte, a
questão que diz respeito a oportunidade de Atividade de Lazer, 46,5% dos
entrevistados responderam: Muito pouco (41,4%) e Nada (5,1%).

43

3.3

Considerações Finais e Ações Sugeridas
A pesquisa constatou que os discentes de medicina da UFAL apresentaram

resultados medianos no que diz respeito a qualidade de vida e percepção geral de
saúde, sendo algumas facetas responsáveis por influenciarem negativamente esta
qualidade como: sono; capacidade de realizar atividade diária, oportunidades de
lazer e sentimentos negativos (mau humor, desespero, ansiedade e depressão).
Estas questões estão relacionadas ao sucesso no processo de formação e na
realização das atividades acadêmicas.
A promoção da saúde integral do paciente é uma preocupação constante do
futuro médico, sendo importante ser alertado a cuidar de si para ter condições de
fazê-lo pelo outro. Quanto mais precocemente este profissional refletir sobre sua
própria vida e qualidade de vida, melhor condição terá para contribuir com a
qualidade de vida do(s) outro(s).
Recomenda-se uma maior atenção dos profissionais que lidam com a
educação médica para o desenvolvimento de estratégias, que incluam valorização
dos relacionamentos interpessoais, equilíbrio entre estudo e lazer, organização do
tempo, cuidados com a saúde, alimentação e o sono, prática de atividade física, e
com o desenvolvimento de atitudes que preparem o estudante para enfrentar o
estresse durante o curso médico, com
A)

Fórum sobre QV com a participação de gestores, docentes e discentes;

B)

Disponibilizar um espaço de convivência nas dependências da FAMED

C)

Criar um núcleo de apoio psicopedagógico para atender os alunos e

e HU;

fazer um plano de ações que aconteçam periodicamente durante o curso.
REFERÊNCIAS
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assessment The WHOQOL Group. Psychol Med., v. 28, p. 551-558, 1998.
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medicina e da influência exercida pela formação acadêmica. 2008. 308 f. Tese
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São Paulo, 2008.

44

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ufop sobre Sua Qualidade de Vida. Revista Brasileira de Educação Médicca, Rio
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45

4

CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TACC
A pesquisa constatou que os discentes de medicina da UFAL apresentaram

resultados medianos no que diz respeito a qualidade de vida e percepção geral de
saúde sendo algumas facetas responsáveis por influenciarem negativamente a
qualidade de vida: sono, capacidade de realizar atividade diária, oportunidades de
lazer e sentimentos negativos (mau humor, desespero, ansiedade e depressão).
Estas estão relacionadas ao sucesso no processo de formação e na realização das
atividades acadêmicas.
Melhorar a percepção de qualidade de vida no curso de medicina depende de
medidas de desenvolvimento pessoal e de desenvolvimento institucional. As Escolas
de medicina têm como verdade comprovada que uma das principais estratégias para
promover a qualidade de vida do paciente é o cuidado integral do indivíduo,
incluindo não só suas condições físicas e psicológicas, mas também sua inserção no
ambiente em que vive. No entanto, nem sempre as escolas de medicina ensinam a
esses discentes a lidarem com as angústias, as frustrações e as incertezas advindas
do processo ensino aprendizagem, deixando, muitas vezes, o estudante como único
responsável pela manutenção da sua saúde física, mental e social, enfim da sua
qualidade de vida. É necessário ensinar o estudante de medicina a valorizar a vida,
cuidar da sua saúde física e mental, estabelecer e manter seus relacionamentos,
gerir seu tempo e desenvolver resiliência. Quanto mais precocemente este
profissional refletir sobre sua própria vida e qualidade de vida, melhor condição terá
para contribuir com a qualidade de vida do(s) outro(s).
Recomenda-se uma maior atenção dos profissionais que lidam com a
educação médica para o desenvolvimento de estratégias, que incluam valorização
dos relacionamentos interpessoais, equilíbrio entre estudo e lazer, organização do
tempo, cuidados com a saúde, alimentação e o sono, prática de atividade física, e
com o desenvolvimento de atitudes que preparem o estudante para enfrentar o
estresse durante o curso médico.

46

REFERÊNCIAS GERAIS
ALMEIDA, Leandro S.; SOARES, Ana Paula. Os estudantes universitários: sucesso
escolar e desenvolvimento psicossocial. In: MERCURI, E.; POLYDORO, S. A. J.
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50

ANEXOS

51

ANEXO A - WHOQOL - ABREVIADO - Versão em Português

PROGRAMA DE SAÚDE MENTAL
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
GENEBRA

Coordenação do GRUPO WHOQOL no Brasil
Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck
Professor Adjunto
Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Porto Alegre – RS - Brasil

Instruções
Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida,
saúde e outras áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões . Se
você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha
entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá
ser sua primeira escolha.
Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós
estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as
duas últimas semanas . Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma
questão poderia ser:
Você recebe dos outros o apoio de que necessita?
1-nada

2- muito pouco

3- médio

4- muito

5- completamente

Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos
outros o apoio de que necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve
circular o número 4 se você recebeu "muito" apoio como abaixo.
Você recebe dos outros o apoio de que necessita?
1- nada

2- muito pouco

3- médio

4- muito

5- completamente

Você deve circular o número 1 se você não recebeu "nada" de apoio.

52

Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece
a melhor resposta.
1 Como você avaliaria sua qualidade de vida?
1- muito ruim

2- ruim

3- nem ruim nem boa

4- boa

5- muito boa

2 Quão satisfeito(a) você está com a sua saúde?
1- muito insatisfeito
5- muito satisfeito

2- insatisfeito

3- nem satisfeito nem insatisfeito

4- satisfeito

As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas
últimas duas semanas.
3 Em que medida você acha que sua dor (física) impede você de fazer o que você
precisa?
1- nada

2- muito pouco

3- mais ou menos

4- bastante

5- extremamente

4 O quanto você precisa de algum tratamento médico para levar sua vida diária?
1- nada

2- muito pouco

3- mais ou menos

4- bastante

5- extremamente

5 O quanto você aproveita a vida?
1- nada

2- muito pouco

3- mais ou menos

4- bastante

5- extremamente

6 Em que medida você acha que a sua vida tem sentido?
1- nada

2- muito pouco

3- mais ou menos

4- bastante

5- extremamente

4- bastante

5- extremamente

7 O quanto você consegue se concentrar?
1- nada

2- muito pouco

3- mais ou menos

8 Quão seguro(a) você se sente em sua vida diária?
1- nada

2- muito pouco

3- mais ou menos

4- bastante

5- extremamente

9 Quão saudável é o seu ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativos)?
1- nada

2- muito pouco

3- mais ou menos

4- bastante

5- extremamente

As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é
capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.
10 Você tem energia suficiente para seu dia-a-dia?
1- nada

2- muito pouco

3- médio

4- muito

5- completamente

53

11 Você é capaz de aceitar sua aparência física?
1- nada

2- muito pouco

3- médio

4- muito

5- completamente

12 Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades?
1- nada

2- muito pouco

3- médio

4- muito

5- completamente

13 Quão disponíveis para você estão as informações que precisa no seu dia-a-dia?
1- nada

2- muito pouco

3- médio

4- muito

5- completamente

14 Em que medida você tem oportunidades de atividade de lazer?
1- nada

2- muito pouco

3- médio

4- muito

5- completamente

As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a
respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.
15 Quão bem você é capaz de se locomover?
1- muito ruim

2- ruim

3- nem ruim nem bom

4- bom

5- muito bom

16 Quão satisfeito(a) você está com o seu sono?
1- muito insatisfeito 2- insatisfeito
satisfeito 5- muito satisfeito

3- nem satisfeito nem insatisfeito

4-

17 Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade de desempenhar as atividades
do seu dia-a-dia?
1- muito insatisfeito 2- insatisfeito
satisfeito 5- muito satisfeito

3- nem satisfeito nem insatisfeito

4-

18 Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade para o trabalho?
1-muito insatisfeito 2- insatisfeito
satisfeito 5- muito satisfeito

3- nem satisfeito nem insatisfeito

4-

19 Quão satisfeito(a) você está consigo mesmo?
1- muito insatisfeito 2- insatisfeito
satisfeito 5- muito satisfeito

3- nem satisfeito nem insatisfeito

4-

20 Quão satisfeito(a) você está com suas relações pessoais (amigos, parentes,
conhecidos, colegas)?
1- muito insatisfeito 2- insatisfeito
satisfeito 5- muito satisfeito

3- nem satisfeito nem insatisfeito

4-

54

21 Quão satisfeito(a) você está com sua vida sexual?
1- muito insatisfeito
2- insatisfeito
satisfeito 5- muito satisfeito

3- nem satisfeito nem insatisfeito

4-

22 Quão satisfeito(a) você está com o apoio que você recebe de seus amigos?
1- muito insatisfeito
2- insatisfeito
satisfeito 5- muito satisfeito

3- nem satisfeito nem insatisfeito

4-

23 Quão satisfeito(a) você está com as condições do local onde mora?
1- muito insatisfeito 2- insatisfeito
satisfeito 5- muito satisfeito

3- nem satisfeito nem insatisfeito

4-

24 Quão satisfeito(a) você está com o seu acesso aos serviços de saúde?
1- muito insatisfeito 2- insatisfeito
satisfeito 5- muito satisfeito

3- nem satisfeito nem insatisfeito

4-

25 Quão satisfeito(a) você está com o seu meio de transporte?
1- muito insatisfeito
2- insatisfeito
satisfeito 5- muito satisfeito

3- nem satisfeito nem insatisfeito

4-

As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou
experimentou certas coisas nas últimas duas semanas.
26 Com que freqüência você tem sentimentos negativos tais como mau humor,
desespero, ansiedade, depressão?
1- nunca
5- sempre

2- algumas vezes

3- frequentemente

4- muito frequentemente

Alguém lhe ajudou a preencher este
questionário?..................................................................
Quanto
tempo
você
levou
questionário?..................................................
Você tem algum comentário sobre o questionário?
OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO

para

preencher

este

55

ANEXO B - SINTAXE WHOQOL-bref (1998)
STEPS FOR CHECKING AND CLEANING DATA AND COMPUTING
DOMAIN SCORES FOR THE WHOQOL-BREF
(prepared by Alison Harper and Mick Power on behalf of the WHOQOL Group)
Steps SPSS syntax for carrying out data checking,cleaning and computing total
scores.
Check all 26 items from assessment have a range of 1-5
RECODE Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8 Q9 Q10 Q11 Q12 Q13
Q14 Q15 Q16 Q17 Q18 Q19 120 Q21 Q22 Q23 Q24 Q25 Q26
(1=1) (2=2) (3=3) (4=4) (5=5) (ELSE=SYMSIS).
(This recodes all data outside the range 1-5 to system missing)
Reverse 3 negatively phrased items
RECODE Q3 Q4 Q26 (1=5) (2=4) (3=3) (4=2) (5=1)
(This transforms negatively framed questions to positively framed questions)
Compute domain scores
COMPUTE PHYS= MEAN.6(Q3,Q4,Q10,Q15,Q16,Q17,Q18)*4.
COMPUTE PSYCH= MEAN.5(Q5,Q6,Q7,Q11,Q19,Q26)*4.
COMPUTE SOCIAL=MEAN.2(Q20,Q21,Q22)*4.
COMPUTE ENVIR=MEAN.6(Q8,Q9,Q12,Q13,Q14,Q23,Q24,Q25)*4.
(These equations calculate the domain scores. All scores are multiplied by 4 so as to
be directly comparable with scores derived from the WHOQOL-100. The “.6” in “M
EAN.6” specifies that 6 items must be endorsed for the domain score to be calcula
ted.)
Transform scores to 0-100 scale
COMPUTE PHYS=(PHYS-4)*(100/16).
COMPUTE PSYCH=(PSYCH-4)*(100/16).
COMPUTE SOCIAL=(SOCIAL-4)*(100/16).
COMPUTE ENVIR=(ENVIR-4)*(100
/16)