12. Rosângela Maria de Almeida Cavalcante - PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO – PET – MUDANDO PARADIGMAS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE
ROSÂNGELA MARIA DE ALMEIDA CAVALCANTE
Programa de Educação Pelo Trabalho – PET – Mudando Paradigmas em uma Unidade
de Terapia Intensiva
MACEIÓ-AL
2017
ROSÂNGELA MARIA DE ALMEIDA CAVALCANTE
Programa de Educação Pelo Trabalho – PET – Mudando Paradigmas em uma Unidade
de Terapia Intensiva
Trabalho Acadêmico de Conclusão de Mestrado
apresentada ao Programa de Pós Graduação em
Ensino na Saúde da Faculdade de Medicina –
FAMED da Universidade Federal de Alagoas –
UFAL, como requisito parcial à obtenção do título de
Mestra em Ensino na Saúde.
Orientadora: Profª. Drª. Lucy Vieira da Silva Lima.
Coorientador: Prof.Dr. Antônio Carlos Silva Costa.
MACEIÓ-AL
2017
Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central
Bibliotecária Responsável: Helena Cristina Pimentel do Vale – CRB4 - 661
C376p
Cavalcante, Rosângela Maria de Almeida.
Programa de Educação pelo Trabalho – PET : mudando paradigmas em
uma unidade de terapia intensiva / Rosângela Maria de Almeida Cavalcante. –
2018.
68 f. : il.
Orientadora: Lucy Vieira da Silva Lima.
Coorientador: Antônio Carlos Silva Costa.
Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino na Saúde) – Universidade
Federal de Alagoas. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em
Ensino na Saúde. Maceió, 2018.
Bibliografia: f. 34-36.
Apêndices: f. 49-59.
Anexos: f. 60-68.
1. Ensino em saúde. 2. Programa de Educação pelo Trabalho. 3. Unidade de
terapia intensiva. 4. Abordagem interdisciplinar do conhecimento. I. Título.
CDU: 61:378.147
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Dedico este trabalho a todos que contribuíram com minha história. À minha
família que sempre apoiou meus desafios e especialmente a meus filhos, que
colaboraram incansavelmente nas minhas dificuldades de informática, de
organização de texto, de estruturação do trabalho, incluindo ideias, criação,
sugestões, sempre com muito carinho.
Meu sincero, singelo e carinhoso agradecimento.
Amo vocês!
AGRADECIMENTOS
A DEUS, meu maior, especial e eterno Mestre. Sem Ele nada disso seria possível. O Senhor é
minha fonte de inspiração, de amor!
À minha mãe, Maria, que igual à outra Maria (mãe de Jesus) sempre torce, vibra e diz “sim”
aos meus sonhos e desafios, desde que seja para o meu crescimento. Com suas orações,
conselhos, paciência e muito amor, educou-me e criou do jeito certo; apesar de ter concluído
apenas a terceira série (nível fundamental), com muita dificuldade, na década de 40, percebeu
a importância da educação.
Ao meu pai Cícero (in memorian),com seu jeito discreto, assistia e me encorajava apenas
com o olhar. Um olhar que tudo falava. Um grande homem, que nada me deixou faltar!
Aos meus queridos e abençoados filhos, Claudia e Kevin, cujo trabalho já dediquei. Eles,
que estão sempre ao meu lado, custem o que custar. Minha filha com seu jeito diferente,
autêntico de ser; mestra e doutoranda em matemática (essa herança não foi minha);
inteligente, sonhadora, meiga – é a Cacau, Cau, Cauzinha (como carinhosamente a chamo; e
meu filho, sempre sorridente, generoso, bondoso, amigo – é o Vin (como carinhosamente o
chamo), fisioterapeuta (herança minha – área da saúde). Não há palavras suficientes para a
descrição do meu amor e agradecimento a DEUS por ter me concedido esses seres
incrivelmente maravilhosos e abençoados como filhos na minha vida.
Ao meu genro, Johann, que com muita paciência e presteza contribuiu para a realização
desse trabalho.
Ao Arnaldo, ex-companheiro, que no seu silêncio - entendi como apoio.
Às minhas colegas de trabalho Janine, Piedade e Elaine que me incentivaram a realizar esse
mestrado.
À minha amiga e comadre Angélica que sempre acreditou em mim.
Aos meus colegas de turma, cada um com seu jeito, sua maneira - como foi maravilhoso
conhecer, conviver, aprender e me divertir com todos vocês.
À minha orientadora, professora, doutora Lucy Vieiraque, com uma simples pergunta:
porque você não faz mestrado? Ascendeu a minha vontade de continuar a ler, pesquisar,
aprender, filosofar, questionar, interrogar, indagar, inquirir, pensar… Aqui estou eu! Feliz,
satisfeita e extremamente grata a essa mestra que sempre se apresenta doce, gentil, educada,
respeitosa, sábia – parece uma mãe que ensina.
Ao meu co-orientador professor doutor Antônio Carlos Silva Costa que chegou para
garantir que pesquisa-ação também cabe na saúde.
Aos professores do Mestrado Profissional do Ensino na Saúdepelos ensinamentos,
motivação, paciência, troca de saberes, inspirações, encorajamentos que tanto enriqueceu o
meu aprendizado. Mestrado multiprofissional extremamente inteligente, interessante, criativo,
sábio. Amei esse mestrado!
Aos profissionais da secretaria do MPES que facilitou meu progresso com as orientações
necessárias.
Aos profissionais da higienização e limpeza, cujo trabalho contribuiu e favoreceu uma
estada mais confortável e agradável.
A professora Patrícia Nascimento, tutora do projeto, aos estudantes de odontologia,
enfermagem, medicina do PET, gestores e profissionais de saúde da Unidade de Terapia
Intensiva Adulta do Hospital Geral do Estado Professor Osvaldo Brandão Vilela,pela
relevante participação e colaboração no resultado desse trabalho, tornando possíveldemonstrar
a importância do PET Saúde, a interdisciplinaridade e seus benefícios.
Muito Obrigada!
“O bem que você faz hoje, pode ser esquecido amanhã. Faça o bem assim mesmo. Veja que,
ao final das contas, é tudo entre você e DEUS! Nunca foi entre você e os outros”.
Madre Tereza de Calcutá.
RESUMO
Este trabalho tem como propósito descrever minha experiência vivenciada como preceptora
do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET Saúde, especificamente o PET
Redes/Urgência e Emergência e demonstrar as mudanças observadas em consequência de um
projeto intitulado “Implantação de Protocolo de Higiene Oral como parte dos Cuidados Gerais
de Pacientes internados em UTI de Hospital de Urgência”, desenvolvido pelos estudantes de
odontologia, enfermagem e medicina da Universidade Federal de Alagoas-UFAL, no período
de março de 2014 a março de 2015. A pesquisa salienta especialmente a percepção dos
participantes referente ao PET, ao projeto e a relevância da interdisciplinaridadeobservada
entre os gestores, profissionais de saúde e estudantes, o qual foi determinante para que o
projeto acontecesse e as consequentes mudanças ocorressem. Trata-se de uma pesquisa de
abordagem qualitativa do tipo pesquisa-ação, cuja preceptora é participante do projeto e
profissional da instituição de saúde onde foi realizada. Participaram da pesquisa: 16
profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos / auxiliares de
enfermagem) e 06 estudantes participantes do PET. Utilizaram-se as técnicas de Grupo Focal
(GF) com os profissionais de saúde em duas sessões utilizando as mesmas perguntas abertas
enviadas via e-mail aos estudantes do PET na forma dequestionário divididas em três
dimensões: I – Aprendizagem e Crescimento Profissional. II – Aplicação do Projeto. III –
Transformação na UTI e como Profissional. Para a análise dos dados foi aplicada a técnica do
conteúdo proposta por Bardin. No perfil dos sujeitos envolvidos nesse estudo, notou-se que a
maioria era do sexo feminino, idade média de 41,5, com tempo de trabalho em UTI de 9 a 26
anos. O estudo observou bastante congruência nas respostas das duas equipes que
descreveram o PET como um excelente programa que trouxe um projeto capaz de realizar
mudanças importantes como percebido e vivenciado: melhoria na técnica de higiene bucal,
interação entre estudantes e profissionais de saúde, envolvimento da equipe multiprofissional,
contribuição junto a outras medidas para a redução na taxa de infecção das Pneumonias
Associadas à Ventilação Mecânica (PAV), motivou a atividade interdisciplinar e beneficiou o
paciente internado naquela unidade. A partir dos resultados dessa pesquisa, alguns objetivos
importantes foram alcançados, tais como: a elaboração de um produto no formato de
Protocolo Operacional Padrão (POP) da instituição; a inclusão da higiene bucal na prescrição
médica como medida na prevenção da PAV;a admissão recente de dentistas como membros
da equipe da Unidade de Terapia Intensiva, além de um vídeo informativo e educativo que
ficará disponível para palestras e apresentações na Secretaria do Estado da Saúde (SESAU),
demonstrando a importância e o passo a passo da higiene bucal em pacientes intubados.Após
a realização desse trabalho, acredita-se que o PET, tanto evidencia comoincentiva a prática
colaborativa ea interdisciplinaridade, estabelecendo novas possibilidades na construção do
saber que envolve o ensino na saúde, praticando a integralidade, que é um dos princípios do
SUS. Além disso, creio que atendeu a um dos objetivos desse Mestrado Profissional, pois
possibilitou intervenção na realidade, exercitando a interdisciplinaridade, fundamentando que
estamos no caminho certo para as mudanças, buscando a melhoria na qualidade do ensino e
pesquisa em saúde, fortalecendo o Sistema Único em Saúde.
Palavras-chave: Programa de Educação pelo Trabalho. PET Saúde. Unidade de Terapia
Intensiva.Interdisciplinaridade.
ABSTRACT
This paper aims to describe my experience as preceptor of the Programa de Educação pelo
Trabalho - PET Saúde, specifically PET Network/Emergency, and demonstrate the changes
observed as consequence of a project entitled “Implementation of Oral Hygiene Protocol as
part of the General Care of Patients hospitalized in Intensive Care Unit (ICU) of Emergency
Hospital”, developed by students of dentistry, nursing and medicine of the Federal University
of Alagoas - UFAL, from March 2014 to March 2015. The research emphasizes the
participants’ perception regarding PET, the project and the relevance of the interdisciplinarity
observed among managers, health professionals and students, which was determinant for the
project to happen and the consequent changes occurred. It is a research of qualitative
approach of the research-action type, whose preceptor is both participant of the project and
professional of the health institution where it was realized. Participated in the research:
sixteen health professionals (doctors, nurses, physiotherapists, technicians / nursing assistants)
and six students participating in PET. Focal Group (FG) techniques were used with health
professionals in two sessions using the same open questions sent via e-mail to PET students in
the form of a questionnaire divided into three dimensions: I - Learning and Professional
Growth. II - Project Application. III - Transformation in the ICU and as a Professional. For
the analysis of the data, the technique of the content proposed by Bardin was applied. In the
profile of the subjects involved in this study, it was observed that the majority were female,
mean age 41,5, with ICU duration of employment from 9 to 26 years. The study observed a
great deal of congruence in the responses of two teams that described PET as an excellent
program that brought a project capable of making important changes as perceived and
experienced: improvement in oral hygiene technique, interaction between students and health
professionals, team involvement multiprofessional, contribution to other actions to reduce the
rate of infection of Pneumonia Associated with Mechanical Ventilation (PAV), motivated the
interdisciplinary activity and benefited the hospitalized patient in that unit. From the results of
this research, some important objectives were achieved, such as: the elaboration of a product
in the format of the Standard Operational Protocol (SOP) of the institution; the inclusion of
oral hygiene in medical prescription as an action in the prevention of PAV; the recent
admission of dentists as members of the ICU team, as well as an informative and educational
video that will be available for lectures and presentations at the Secretaria do Estado da Saúde
(SESAU), demonstrating the importance and step-by-step of oral hygiene in intubated
patients. After completing this work, it is believed that PET both evidence and encourages
collaborative practice and interdisciplinarity which is one of Sistema Único de Saúde (SUS)
principles. In addition, I believe that it met one of the objectives of this Professional Master’s
Degree, since it enabled intervention in reality, exercising interdisciplinarity, grounding that
we are on the right path for change, seeking to improve the quality of teaching and research in
health, thus strengthening the SUS.
Key-Words: Programa de Educação pelo Trabalho. PET Saúde. Intensive Care
Unit.Interdisciplinarity.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT
AMIBTTTT
ANVISA
CAAE
CEP
CNS
CME
DCN
FAMED
GF
HEJC
HGE
IHI
IT
MPES
MEC
MS
OMS
PAV
PCN
PET
PET Saúde
PLC
POP
RDC
SCIRAS
SESAU
SBPT
SUS
TACC
TCLE
UE
UFAL
UTI
Associação Brasileira de Normas Técnicas
Associação de Medicina Intensiva Brasileira
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Certificado de Apresentação para Apreciação Ética
Comitê de Ética e Pesquisa
Conselho Nacional de Saúde
Central de Material e Esterilização
Diretrizes Curriculares Nacionais
Faculdade de Medicina
Grupo Focal
Hospital Escola José Carneiro
Hospital Geral do Estado
Institute for Healhcare Improvement
Instrução de Trabalho
Mestrado Profissional em Ensino na Saúde
Ministério da Educação e Cultura
Ministério da Saúde
Organização Mundial da Saúde
Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica
Parâmetros Curriculares Nacionais
Programa de Educação Tutorial
Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde
Projeto de Lei da Câmara
Protocolo de Operação Padrão
Resolução Diretora Colegiada
Serviço de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde
Secretaria de Estado da Saúde
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
Sistema Único de Saúde
Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Unidade de Emergência
Universidade Federal de Alagoas
Unidade de Terapia Intensiva
SUMÁRIO
1.
APRESENTAÇÃO............................................................................................................................. 13
2.
ARTIGO .......................................................................................................................................... 16
3.
4.
2.1.
Resumo.................................................................................................................................. 16
2.2.
Abstract ................................................................................................................................. 17
2.3.
Introdução ............................................................................................................................. 18
2.4.
Projeto motivador do PET ..................................................................................................... 19
2.4.1.
Apresentação do Projeto Motivador............................................................................. 20
2.4.2.
Importância da Preceptoria nas Ações do PET.............................................................. 21
2.4.3.
A Interdisciplinaridade como perspectiva do PET ......................................................... 22
2.4.4.
O Cenário (HGE/UTI) ..................................................................................................... 23
2.4.5.
Participação dos Profissionais de Saúde no Projeto ..................................................... 23
2.4.6.
Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) – Desencadeador da Pesquisa. ..... 24
2.5.
Percurso Metodológico ......................................................................................................... 25
2.6.
Resultados e Discussão ......................................................................................................... 28
2.6.1.
Importância do PET e Projeto........................................................................................ 28
2.6.2.
Aplicação do projeto – Dificuldades e Desafios ............................................................ 29
2.6.3.
Interdisciplinaridade ..................................................................................................... 30
2.6.4.
Sustentabilidade ............................................................................................................ 32
2.6.5.
Benefícios do projeto .................................................................................................... 32
2.7.
Considerações Finais ............................................................................................................. 34
2.8.
Referências ............................................................................................................................ 36
PRODUTOS DE INTERVENÇÃO ....................................................................................................... 40
3.1.
Instrução de Trabalho ........................................................................................................... 40
3.2.
Vídeo ilustrativo/animação ................................................................................................... 40
3.3.
Considerações Finais ............................................................................................................. 41
CONCLUSÃO GERAL ....................................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS GERAIS ............................................................................................................................ 43
APÊNDICE A – CARTA-CONVITE PARA OS ESTUDANTES ....................................................................... 44
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .................................................... 45
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO .............................................................................................................. 47
APÊNDICE D – INSTRUÇÃO DE TRABALHO HIGIENE BUCAL .................................................................. 48
APÊNDICE E – PRESCRIÇÃO MÉDICA ..................................................................................................... 51
SERVIÇO MÉDICO – PRESCRIÇÃO .......................................................................................................... 51
ANEXOS ................................................................................................................................................. 53
ANEXO A – APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA UFAL ...................................... 53
13
1. APRESENTAÇÃO
Esta pesquisa está inserida na Formação em Saúde, do Programa de Mestrado
Profissional em Ensino na Saúde (MPES) da Faculdade de Medicina (FAMED) da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
O MPES é um programa de Pós - graduação strictu sensu que permite a inserção de
profissionais formais (docentes) ou informais (preceptores) de vários cursos da área da saúde,
possibilitando o exercício da interdisciplinaridade e qualificando para o ensino e pesquisa
(FACULDADE DE MEDICINA, 2012).
No mestrado requer o desenvolvimento de um trabalho dentro da(s) linha(s) de
pesquisa do programa e a criação de um projeto de intervenção que deverá ser apresentado
juntamente com o Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso – TACC; ambos obedecendo
ao Padrão UFAL de Normatização, fundamentado nos preceitos da Associação Brasileira de
Normas e Técnicas (ABNT). Portanto, além da pesquisa concluída, o produto de intervenção
deve ser criado, aplicado e transformado em realidade, sempre atendendo o preceito de
melhorar a formação em saúde e promover a qualidade da atenção em saúde da população
(FACULDADE DE MEDICINA, a, 2014).
Essa proposição pedagógica conjugou com meus interesses e sonho, pois sempre
acreditei que, quando nos juntamos, o saber fica mais amplo, mais rico, mais vasto e assim,
todos aprendem, todos ensinam.
Sendo assim, em 2015, me inscrevi para concorrer a uma vaga no MPES; a escolha
por esse mestrado foi, principalmente, devido à integração de vários cursos que, para mim,
possibilitava outras visões, novas discussões, ricos aprendizados; e para meu deleite e alegria
fui aprovada, com o tema da dissertação praticamente eleito, visto o entusiasmo que
vivenciava como preceptora do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PETSaúde e que originou esse Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso (TAAC).
O tema da pesquisa surgiu do encantamento dessa pesquisadora após a participação
como preceptora de um projeto desenvolvido por estudantes da UFAL (Universidade Federal
de Alagoas) na Unidade de Terapia Intensiva Adulta/Geral (UTI) do Hospital Geral do Estado
(HGE), no período de março de 2014 a março de 2015, onde exerço minha profissão de
enfermeira até o momento presente. O PET com seus objetivos e formação (coordenador,
tutor e preceptor) apresentava-se como uma grande oportunidade de viabilizar possíveis
melhorias no âmbito dos serviços atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
14
O projeto intitulava-se “Implantação do Protocolo de Higiene Oral como parte dos
cuidados gerais de pacientes internados em UTI de hospital de urgência”. Uma mudança, uma
inovação na técnica realizada há muito tempo nessa unidade hospitalar. Uma nova proposta
de cuidado com um olhar amplo, multiprofissional, uma oportunidade de exercitar a
interdisciplinaridade, reforçando uma dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS): a
integralidade do cuidado.
Como enfermeira dessa instituição e exercendo minhas funções assistenciais na UTI
Adulta, sempre observei o descuido com a higiene bucal dos pacientes internados,
principalmente os que se encontravam intubados, fazendo uso de ventilação mecânica. A
limpeza acontecia, porém, de forma precária pela falta de material adequado, pela ausência de
compromisso de alguns profissionais, pela privação desse cuidado na prescrição médica, pela
insuficiência no conhecimento dos benefícios dessa ação, pela dificuldade de acessar a
cavidade oral devido à presença do tubo orotraqueal e também pela ausência da capacitação.
Surgia uma grande oportunidade para juntar estudantes e profissionais, aproximar a
universidade da instituição, unir os saberes em torno de um objetivo: melhorar a higienização
bucal dos pacientes, o que iria implicar diretamente na redução da taxa de infecção associada
à ventilação mecânica e, consequentemente, diminuição no tempo de internação, devido ao
minguamento das complicações que surgem quando a higiene bucal não é realizada de forma
adequada, eficaz, junto a outras medidas preventivas.
Foi minha primeira experiência como preceptora e primeiro contato com o PET; e a
partir desse encontro, desse descobrimento, nasceu essa vontade de “aprender para ensinar”, e
sonhar novas possibilidades de criação, de mudanças, de melhorias, de fazer ciência; praticar
a interdisciplinaridade, buscando soluções com melhores resultados, com diversidade de
saberes, para outras realidades observadas e vivenciadas nas instituições de saúde sustentadas
pelo Sistema Único de Saúde – SUS.
E essa possibilidade de ser, ao mesmo tempo, preceptora e profissional da instituição
fez-me enxergar e vivenciar a real e eficiente proposta do PET-Saúde, cujo processo e
resultado ativou a vontade e a coragem para mudar uma realidade, uma técnica, um modelo
que se praticava durante muito tempo e já não apresentava tanta eficácia; porém, mesmo
assim, se perpetuava.
O PET trouxe essa proposta de inovação, renovação, criação. É importante atender a
projetos novos, propostas que norteiam e buscam outros resultados; fazer diferente, sair da
zona de conforto, recriar, inventar, transformar, melhorar – dizer sim as mudanças, inovações!
15
O PET incentiva novas experiências, estimula vivências, traz essa resposta e resgata esse
conceito de que é possível colocar em prática o que se aprende.
O PET ensina enquanto trabalha e trabalha enquanto ensina; proporciona uma
maior interação entre a universidade e os serviços de saúde; aproxima estudantes e
profissionais; viabiliza teoria e prática; troca experiência, ideias e conhecimentos; treina
flexibilidade, aprimora criatividade, exige mudanças e a prática da interprofissionalidade e
interdisciplinaridade, fundamental e necessária para a realização desse projeto. Favorece a
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, a constituição de grupos de
aprendizagem tutorial e a integração ensino-serviço e comunidade (BRASIL, 2008).
Foram perceptíveis as emoções demonstradas pelas duas equipes: estudantes e
profissionais. Os estudantes se apresentavam ávidos e, ao mesmo tempo, receosos; ávidos
para demonstrar o que aprenderam e receosos frente aos profissionais de saúde, pelo
reconhecimento do tempo de prática profissional. Por outro lado, os profissionais de saúde se
apresentavam bastante receptivos as novas informações, aos novos conhecimentos.
Observando esse momento, traduzo como respeito recíproco!
A realização desse trabalho trouxe muita reflexão, principalmente sobre as mudanças,
a importância de tentar outras formas para obter novos resultados; a possível e singular prática
da interdisciplinaridade; a importância do PET com seus projetos simples, possíveis e viáveis,
sempre pensando no aprimoramento, criação ou descoberta de um modelo, de uma técnica,
um percurso, um fluxo – para melhorar a vida do paciente, de uma comunidade e possibilitar
vivermos o que preconiza os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS): universalidade,
equidade e integralidade.
16
2. ARTIGO
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO – PET SAÚDE - MUDANDO
PARADIGMAS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA.
2.1. Resumo
OBJETIVO: Apresentação do PET como agente indutor da interdisciplinaridade e
transformador da realidade da saúde. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Registrar as mudanças
ocorridas na Unidade de Terapia Intensiva Adulta (UTI-A), a partir de um projeto
desenvolvido por estudantes integrantes do PET-Saúde e profissionais da saúde. Interpretar a
percepção dos atores envolvidos a partir das respostas às questões. Expressar a necessidade da
presença do cirurgião dentista na equipe de terapia intensiva. MÉTODO: Pesquisa de
abordagem qualitativa, do tipo pesquisa-ação. A coleta de dados ocorreu entre os meses de
setembro a novembro de 2017, por meio das respostas dos estudantes do PET e profissionais
de saúde da UTI Adulta do HGE. Com os estudantes foi utilizado um questionário com dez
questões abertas divididas em três dimensões enviadas por e-mail, sendo: I – Aprendizagem e
Crescimento Profissional. II – Aplicação do Projeto. III – Transformação na UTI e como
Profissional. Com os profissionais de saúde da UTI-A foram realizadas duas sessões com as
mesmas perguntas, utilizando a técnica de Grupo Focal (GF). Para a interpretação do
resultado utilizou-se a análise de conteúdo de Bardin. CENÁRIO: Unidade de Terapia
Intensiva Adulta do Hospital Geral Professor Osvaldo Brandão Vilela (UTI/HGE).
SUJEITOS: Seis estudantes participantes do PET, dezesseis profissionais de saúde da UTI
Adulta do HGE, participantes do projeto e orientadores do projeto (tutora e preceptoras).
RESULTADOS: Para os dois grupos estudados, houve bastante congruência nas respostas
sobre o tema abordado. Os estudantes mencionaram a relevância do PET enquanto estudantes
e atualmente como profissionais, o valioso conhecimento adquirido com o projeto, com os
profissionais, com o setor e salientou o benefício que o projeto proporcionou a todos,
principalmente ao paciente. Os profissionais de saúde ressaltaram a importância de renovar
uma técnica habitual com melhores resultados para os pacientes, além da percepção de que,
trabalhando juntos, alcançam êxito com mais rapidez e leveza. CONCLUSÃO: Nesse
trabalho, o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET Saúde – se configurou
como agente transformador da realidade. Durante a permanência dos estudantes na
implantação e implementação do projeto, foram observadas mudanças de condutas, de
técnicas, de comportamento; estudantes e profissionais trabalharam numa perspectiva
interdisciplinar e isso é comprovado na conguência das respostas dos questionários. O PET
promove o processo ensino – serviço – comunidade; essa tríade facilita, valoriza e estimula o
trabalho multidisciplinar, pois olhares diferentes qualificam mais a assistência ao paciente. O
PET fortalece a integração docente-assistência, associa teoria-prática,aproxima a
universidade-instituição de saúde.
Palavras-chave: PET; Projeto;UTI.
17
2.2. Abstract
OBJECTIVE: To introduce PET as an agent that promotes interdisciplinarity and transforms
health reality. SPECIFIC OBJECTIVES: To record changes in the Adult Intensive Care
Unit (A-ICU), based on a project developed by PET - Saúde students and health
professionals.To interpret the perception of the actors involved from the answers to the
questions. To express the need for the presence of the dentist surgeon in the intensive care
team. METHOD: Research of qualitative approach, research-action type. Data collection
took place between September and November 2017, through the responses of PET students
and health professionals from the A-ICU of HGE. With the students a questionnaire was used
with ten open questions divided into three dimensions sent by e-mail, being: I - Learning and
Professional Growth. II - Project Application. III - Transformation in the ICU and as a
Professional. With the health professionals of the A-ICU, two sessions were held with the
same questions, using the Focal Group (GF) technique. The Bardin content analysis was used
to interpret the result. SCENARIO: Adult Intensive Care Unit (A-ICU) of the Hospital Geral
Estadual Professor Osvaldo Brandão Vilela (HGE). SUBJECTS: Six students participating in
PET, sixteen health professionals from HGE A-ICU, project participants and project
counselors (tutor and preceptor). RESULTS: For the two groups studied, there was a great
deal of congruence in the answers about the subject. The students mentioned the relevance of
the PET as students and currently as professionals, the valuable knowledge acquired with the
project, with the professionals, with the industry and highlighted the benefit that the project
provided to all, especially the patient. The health professionals emphasized the importance of
renewing a habitual technique with better results for the patients, besides the perception that,
working together, they reach success with more speed and lightness. CONCLUSION: In this
work, the Programa de Educação pelo Trabalho - PET Saúde, has been established as a
transforming agent of reality. During the students’ stay in the implantation and
implementation of the project, changes in behavior and techniques were observed; students
and professionals worked in an interdisciplinary perspective and this is proven in the
congruence of answers of the questionnaires. PET promotes the teaching-service-community
process; this triad facilitates, values and stimulates the multidisciplinary work, since different
views qualify the patient’s assistance more. PET strengthens teacher-care integration,
associates theory-practice, approximates the university-health institution.
Keywords: PET; Project; ICU
18
2.3. Introdução
O Brasil renovou sua maneira de ensinar, principalmente no que se refere à área da
saúde. Algumas mudanças já são observadas através das matrizes curriculares, utilização das
metodologias de ensino-aprendizagem e na formação dos profissionais de saúde,
principalmente no que se refere ao conhecimento dos princípios e diretrizes do Sistema Único
de Saúde (SUS, 2010).
O PET Saúde foi instituído através da Portaria Interministerial nº 421, de 03 de março
de 2010, inicialmente com o PET – Saúde da Família e, em seguida foram lançados os PET’s
Vigilância em Saúde, Saúde Mental e Redes de Atenção. Todos tendo como fio condutor a
integração ensino – pesquisa – comunidade e a indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão,
inspirado no Programa de Educação Tutorial (PET) do Ministério da Educação (MS, 2013).
Com isso, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) e Ministério da Saúde (MS)
assumiram o compromisso previsto pela Lei 8080/90 de ajudar nessa política de formação dos
recursos humanos da saúde e, assim, surgiu o PET Saúde com o objetivo de encontrar
melhorias na formação dos profissionais e docentes, para o enfrentamento das realidades de
saúde da população brasileira, por meio da articulação do ensino na saúde.
É uma inovação pedagógica que agrega os cursos de graduação da área de saúde e
fortalece a prática acadêmica que integra a universidade em atividades de ensino, pesquisa e
extensão, com demandas sociais de forma compartilhada (PET-Saúde/MS, 2013).
Realiza-se como educação interprofissional, onde estudantes de diversos períodos em
suas graduações, mediados por professores de várias áreas de formações, aprendem e
interagem em conjunto, visando à melhoria da qualidade no cuidado à saúde das pessoas,
famílias e comunidades, valorizando, assim, o trabalho em equipe, a integração e as
especificidades de cada profissão.
Idealizado como um instrumento para viabilizar programas de aperfeiçoamento
e especialização em serviço dos profissionais de saúde, bem como de iniciação ao trabalho,
estágios e vivências, dirigidos aos estudantes da área, de acordo com as necessidades do
Sistema Único de Saúde (MS, 2013).
De acordo com a Portaria 421 do Ministério da Saúde, os PET’s são constituídos por
tutores que são docentes das Instituições de Ensino Superiores (IES) e integrantes do PET –
Saúde. Tem a função de supervisão docente-assistencial, exercida em campo, dirigida aos
profissionais de saúde com vínculo universitário, exercem o papel de orientadores de
referência para os profissionais e/ou estudantes da área da saúde e a finalidade de orientar e
estimular a produção de conhecimentos resultantes das vivências dentro do programa; os
19
preceptores são os profissionais vinculados aos serviços de saúde e que possuem a função de
supervisão por área específica de atuação ou de especialidade profissional, dirigida aos
profissionais de saúde; tem a finalidade de orientar os monitores em serviço; os monitores são
acadêmicos regularmente matriculados em IES públicas ou privadas integrantes do PETSaúde e que possuem a função de desenvolver vivências em serviço e atividades de pesquisa,
sob a orientação do tutor e preceptor, visando à produção e à disseminação de conhecimento
relevante na área da saúde e às atividades de trabalho; além de desenvolver trabalhos
acadêmicos em eventos científicos. O Ministério da Saúde disponibiliza bolsas para os três
integrantes e considera a participação voluntária (BRASIL, 2007).
O PET/Redes – Urgência e Emergência foram criadas pela Portaria Nº 1600, de 07 de
julho de 2011, reformulou a Política Nacional de Atenção às Urgências do SUS, seguindo o
estabelecido no decreto 7508, que é como um conjunto de ações em serviços de saúde, cujos
objetivos da proposta de trabalho em rede são: atuação profissional e gestora, visando o
aprimoramento da qualidade, de atenção por meio do desenvolvimento de ações coordenadas,
contínuas e que busquem a integralidade e longitudinalidade do cuidado em saúde. Tem como
pressuposto a educação pelo trabalho (SOUZA et al, 2012).
Com a criação do PET/Redes, observou-se que o ensino no Brasil tem se modificado e
essa parceria do Ministério da Saúde e Ministério da Educação tem feito intervenções com o
propósito de melhorar a qualidade profissional, a assistência à saúde, a aproximar a teoria da
prática, trazer a academia para as instituições, exercitar a interdisciplinaridade com a equipe
multiprofissional. Há uma complementaridade de informações, ideias, interesses e
conhecimentos e o aprendizado é percebido, notório, relevante e valioso para todos.
A experiência proporcionada pelo PET-Saúde aos acadêmicos dos diversos cursos da
área da saúde permite vivenciar e atuar nas unidades, contribuindo para a interação acadêmica
e atuação transdisciplinar e multiprofissional dos mesmos. A aquisição de novos aprendizados
propiciada é extremamente relevante para uma formação diferenciada, o que torna o futuro
profissional mais preparado para enfrentar o mercado de trabalho (OLIVEIRA SOBRINHO et
al., 2011).
2.4. Projeto motivador do PET
O projeto “Implantação de Protocolo de Higiene Oral como parte dos cuidados gerais
de pacientes internado em UTI de hospital de urgência” fez parte do Programa de Educação
pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) com o propósito de implantar e implementar o
20
protocolo de higiene oral com escova de dente e clorexidina aquosa 0,12% (ANEXO – B),
para pacientes intubados, comatosos e sedados e o incentivo a escovação com creme dental
em pacientes acordados e conscientes.. Essa medida contribui para o completo
restabelecimento do paciente, melhora do seu estado geral e, principalmente, previne as
infecções secundárias; essa, uma vez adquirida, aumenta o tempo de permanência do paciente
na instituição, favorecendo outras doenças oportunistas, possibilitando a ocorrência de
eventos adversos e, consequentemente o aumento dos custos hospitalares.
Para o desenvolvimento do projeto, a equipe foi composta por tutora (professora e
dentista), duas preceptoras (enfermeiras) e oito estudantes (uma de medicina, duas de
enfermagem e cinco de odontologia). Para que o mesmo se desenvolvesse foi necessário a
permissão e apoio da Direção Geral do Hospital e a parceria com os serviços de farmácia,
setor de compras, equipe do Serviço de Controle de Infecção Relacionada à Assistência a
Saúde (SCIRAS), Central de Material e Esterilização (CME), Coordenações de enfermagem,
fisioterapia e medicina da UTI.
2.4.1. Apresentação do Projeto Motivador
•
Apresentação do PET Saúde pela coordenadora do programa a todos os
integrantes (tutor, preceptor e estudantes), no auditório do Instituto da Visão, através de aula
expositiva com slides, além de respostas aos questionamentos verbais. Foi exibido o objetivo
do programa, o projeto, equipe, objetivos e carga horária; sempre reforçando a proposta do
PET de abordar o tripé: ensino – pesquisa – extensão.
•
Apresentação do projeto pelos estudantes à preceptora, na sala de aula do
hospital, utilizando cartazes (teoria) e a técnica de higiene bucal com o macro modelo da
arcada dentária (prática).
•
Apresentação do projeto pela preceptora e tutora aos gestores, na sala de
reunião da direção do hospital. O projeto foi apresentado às lideranças do hospital (direção
geral, supervisão administrativa), o qual foi acolhido e em seguida, providências cabíveis
foram executadas para o início.
•
Apresentação da UTI (ambiente, rotina, normas, profissionais) pelas
preceptoras, para tutor e estudantes, utilizando aula com slides, no auditório do HGE. Alguns
estudantes estavam visitando o hospital e/ou uma UTI pela primeira vez. Desse modo, as
características do hospital e principalmente a UTI devido ser uma área crítica, com
particularidades específicas foi criteriosamente detalhada.
21
•
Apresentação do projeto pela tutora e preceptora para as coordenações de
medicina, enfermagem, fisioterapia da UTI no próprio setor. Nessa oportunidade foi
mencionada a necessidade do envolvimento das três categorias, para o êxito do projeto.
•
Apresentação do projeto pela preceptora a equipe do SCIRAS e setor de
compras nos referidos setores respectivamente. O SCIRAS tinha a informação das taxas de
infecção da UTI, sendo a de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV) a mais alta,
em torno de 83%, o que causava grandes preocupações.
•
Apresentação do projeto pela preceptora, para a equipe do Serviço de Farmácia
no referido setor. Esse serviço ficou com a responsabilidade de solicitar e manter a escova de
dente e, a solução aquosa de clorexidina 0,12% como um insumo padrão do hospital.
•
Apresentação do projeto pelos estudantes aos profissionais de saúde dentro da
UTI, através de cartazes e demonstração da técnica com arcada dentária (macro modelo),
durante duas semanas consecutivas, tempo suficientes para informar o conteúdo teórico e
prático a todos os profissionais do setor.
2.4.2. Importância da Preceptoria nas Ações do PET
A preceptoria é uma modalidade de ensino que vem se destacando no cenário da
formação de recursos humanos em saúde no Brasil. São profissionais vinculados a serviços do
SUS que recebem estudantes de graduação ou pós-graduação da área da saúde, no contexto de
um programa de educação, a fim de orientá-los no cenário de seu trabalho (RODRIGUES,
2012).
De acordo com Missaka e Ribeiro (2011), a preceptoria, nessa perspectiva de ensino é
vista como atividade essencial às atuais demandas de formação e atenção em saúde,
favorecendo a aprendizagem significativa na formação humana e técnica do estudante.
A figura do preceptor é vista como o profissional de saúde responsável por
desempenhar dupla função no seu ambiente de trabalho: a de assistência e a de ensino
(JESUS; RIBEIRO, 2012).
A preceptoria destaca-se cada vez mais como modalidade de ensino na formação de
recursos humanos. Tem o objetivo primário de promover a integração do saber teórico ao
exercício profissional, a partir de vivências em cenários reais de atenção à saúde
(RODRIGUES; RIGATTO, 2013).
Elemento pedagógico fundamental à concepção de trabalho enquanto princípio
educativo, o preceptor é responsável por mediar o aprendizado prático do aluno (WERNECK
22
et al., 2010), sendo por isso impulsionado a superar o papel do especialista que transmite um
ofício, para assumir a condição de educador.
A preceptoria, de acordo com ROCHA; RIBEIRO, 2012 é uma atividade de cunho
pedagógico, desenvolvida em ambiente de trabalho e formação profissional, conduzida por
profissional da assistência.
É notória a importância do preceptor, pois é o profissional que promove a integração
da teoria à prática; prepara o ambiente de trabalho para acolher o estudante; articulam
recursos humanos e materiais, além de estabelecer relações com seus pares, a equipe
multiprofissional e a instituição de saúde.
2.4.3. A Interdisciplinaridade como perspectiva do PET
Utilizado desde os anos 60, a partir de um movimento revolucionário de universitários,
a interdisciplinaridade, com suas variâncias transdisciplinaridade e multidisciplinaridade
entre outras, não tem uma única definição, contudo, é percebido, por autores como FREIRE
(1996), PAVIANI (2005), Fazenda (2005; 2008), FLICKINGER (2010), como uma
possibilidade de quebrar a rigidez dos compartimentos que se encontram isoladas as
disciplinas dos currículos escolares.
Flinckinger (2010) justifica a importância da interdisciplinaridade a partir do
fundamento hermenêutica. Segundo o autor, a especialização interdisciplinar não dá conta dos
processos educativos demandados para a sociedade atual. É necessária uma “reconstrução de
pontes entre as disciplinas, no intuito de fazer jus à complexidade crescente dos problemas
que se colocam e uma só perspectiva de questionamento não consegue mais abarcar”.
No final da década de 60, a interdisciplinaridade chegou ao Brasil e logo exerceu
influência na elaboração da Lei de Diretrizes e Bases Nº 5.692/71. Desde então, sua presença
no cenário educacional brasileiro tem se intensificado e, recentemente, mais ainda, com a
nova LDB Nº 9.394/96 e com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).
Interdisciplinaridade, segundo os PCN’s, significa a interdependência, interação e
comunicação entre campos do saber, ou disciplinas, o que possibilita a integração do
conhecimento em áreas significativas.
A interdisciplinaridade se caracteriza pela intensidade das trocas entre os especialistas
e pelo grau de integração real das disciplinas no interior de um mesmo projeto. Não é uma
moda, mas corresponde a uma nova etapa de desenvolvimento do conhecimento. Também
não se trata de postular uma nova síntese do saber, mas sim, de constatar um esforço por se
aproximar, comparar, relacionar e integrar os conhecimentos. (JAPIASSU, 1976).
23
2.4.4. O Cenário (HGE/UTI)
O Hospital Geral Professor Osvaldo Brandão Vilela (HGE) foi inaugurado no dia 16
de setembro de 2008 e surgiu da junção de dois hospitais: Hospital Escola Dr. José Carneiro e
a Unidade de Emergência Dr. Armando Lages. Possui 338 leitos e recebe diariamente entre
450-500 usuários; é considerado de alta complexidade, com atendimento exclusivo pelo
Sistema Único de Saúde. (SESAU/AL).
A porta de entrada acolhe pelo Protocolo de Manchester, separado pelas áreas:
vermelha (trauma e clínica), destinada a pacientes graves com risco de vida; a área amarela
para pacientes procedentes da área vermelha após estabilizar; a área azul, para pacientes com
menor gravidade e a área verde, para pacientes sem risco de vida, internados.
(<http://www.saude.al.gov.br).
A UTI é considerada área crítica – aquela onde existe, dentre outros, risco aumentado
para desenvolvimento de infecções relacionadas à assistência, seja pela execução de processos
envolvendo artigos críticos (como acessórios respiratórios) e material biológico, pela
realização de procedimentos invasivos ou pela presença de pacientes com suscetibilidade
aumentada aos agentes infecciosos ou portadores de microorganismos de importância
epidemiológica (RDC-7/2010 – MS/ANVISA).
A Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Geral do Estado dispõe de 19 (dezenove)
leitos, sendo 18 (dezoito) ativos, permanentemente ocupados, com pacientes em estado grave,
necessitando de vigilância contínua e cuidados intensivos.
O dimensionamento de Recursos Humanos e equipamentos são orientados e obedece a
Resolução RDC-7 do Ministério da Saúde/ANVISA, que dispõe sobre os requisitos mínimos
para o funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva e o Projeto de Lei 2776/08 que
regulariza a presença obrigatória de cirurgiões-dentistas nas Unidades de Terapia Intensiva.
Atende pacientes a partir de 14 (catorze) anos em diante, de diversas patologias, em
estado grave, porém, recuperáveis. Cada leito possui, no mínimo, um ventilador mecânico,
um monitor multiparâmetro, quatro bombas de infusão, suporte de soro, um respirador
manual (ambu), uma cama elétrica (RDC 7 – MS).
2.4.5. Participação dos Profissionais de Saúde no Projeto
A UTI Adulta do HGE conta com 86 (oitenta e seis) profissionais de saúde, entre
médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnico-auxiliares de enfermagem, que trabalham em
regimes de plantão (MT/N) e diarista.
24
Os profissionais nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, trabalham em regime
de diarista (segunda a sexta, excetuando-se sábado, domingo e feriado). Há visita de outros
profissionais quando solicitado (fonoaudiólogo, cirurgião bucomaxilofacial, farmacêutico e
outras especialidades médicas) para atender o paciente na necessidade que ele apresenta, além
do apoio logístico quando necessário (serviço de imagem, laboratório, hotelaria, manutenção
e outros).
Na equipe de apoio, temos os auxiliares de serviços gerais (padioleiro e higienização)
em horário integral.
2.4.6. Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) – Desencadeador da
Pesquisa.
É toda infecção adquirida durante a internação hospitalar (desde que não incubada
previamente à internação) ou então relacionada a algum procedimento realizado no hospital
(por exemplo, cirurgias), podendo manifestar-se inclusive após a alta (ANVISA, 1998).
Nesse estudo trataremos das infecções associada à higiene bucal que contribui
drasticamente para a ocorrência das Pneumonias Associadas à Ventilação Mecânica (PAV).
A PAV é um processo infeccioso do parênquima pulmonar que acomete pacientes
submetidos à intubação endotraqueal e ventilação mecânica por mais de 48-72 horas e para as
quais a infecção não foi o motivo para iniciar a ventilação (SBPT, 2009).
É considerada a infecção mais recorrente em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e
representa números expressivos nas taxas de morbimortalidade e repercute em danos
potenciais na saúde dos indivíduos, refletindo no aumento significativo no tempo de
internação e nos custos hospitalares (SOUZA, S.G. et al., 2012).
Pacientes internados em unidades de terapia intensiva, geralmente encontra-se em
estado grave, comatosos, sedados ou apresentam rebaixamento do nível de consciência;
portanto, incapazes de realizar algumas atividades simples, como a higienização da cavidade
bucal.
No artigo intitulado “Controle de infecção oral em pacientes internados: uma
abordagem direcionada aos médicos intensivistas e cardiologistas”, KAHN e colaboradores
(2008), também afirmam que as doenças orais podem desempenhar um papel importante na
etiopatogenia de diversas enfermidades sistêmicas, tais como doenças cardíacas coronárias,
acidentes vasculares cerebrais, endocardite bacteriana, diabetes mellitus e infecção
respiratória. Dentre as doenças orais, destaca-se a doença periodontal, em que a presença de
25
microorganismos gram-negativos, semelhantes aos das várias infecções crônicas e
respiratórias, ocorre em muitos casos.
As características da cavidade bucal permitem considerá-la um incubador microbiano
ideal, pois sofre colonização contínua e apresenta uma grande variedade de micróbios
presente no corpo humano. São encontradas em praticamente todos os nichos da cavidade
bucal, principalmente no dorso da língua e superfícies dos dentes, várias espécies de bactérias,
fungos e vírus.
O biofilme dentário constitui um reservatório para os microorganismos; entretanto,
fatores intrínsecos e comportamentais do paciente, como idade, alcoolismo, tabagismo, estado
nutricional, higiene bucal, algumas medicações utilizadas, alteram significativamente na SUS
composição, resultando no aumento da quantidade e da complexidade deste biofilme.
Portanto, a condição de higiene bucal está intimamente relacionada ao número e espécies de
bactérias presentes na boca (LANG N.P; MOMBELLI A.; ATTSTROM , R., 2005).
Para resolver esse problema, uma estratégia utilizada para a prevenção das PAV’s é a
institucionalização de protocolos aplicados pela equipe multidisciplinar com apoio do
SCIRAS.
A literatura evidencia que medidas de higiene bucal reduzem a colonização de
patógenos na cavidade bucal, com efeitos benéficos na prevenção da pneumonia associada à
ventilação mecânica (SOUZA; GUIMARAES; FERREIRA, 2013).
Dessa forma, sociedades e organizações nacionais e internacionais têm preconizado a
higiene bucal como uma das medidas mais recomendada para a prevenção da PAV associada
a outras ações que se apresentam como um pacote de cuidados (bundles), criado em 2006 pelo
Institute for Healthcare Improvement (IHI): cabeceira elevada entre 30-45º, adequar o nível
de sedação (despertar diário), monitorar pressão do cuff do tubo endotraqueal, drenagem de
secreção subglótica, pausar a dieta antes de baixar a cabeceir (ANEXO - C).
Além do benefício na qualidade de vida e na recuperação dos pacientes, os custos dos
protocolos preventivos são muito menores que o uso de antibióticos, para tratar as
pneumonias associadas à ventilação mecânica. Lembrando sempre que, uma vez a pneumonia
instalada, aumenta os custos hospitalares e potencializa os riscos de eventos adversos ao
paciente.
2.5. Percurso Metodológico
26
A metodologia aplicada é a pesquisa-ação. Segundo Barbier (2002), nesse tipo de
pesquisa é criada uma situação de dinâmica social radicalmente diferente da pesquisa
tradicional. “O processo o mais simples possível, desenrola-se num tempo relativamente curto
e os membros envolvidos tornam-se íntimos colaboradores”. Não é possível ser desenvolvida
sem participação coletiva e sem a apreciação da complexidade do real.
A pesquisa-ação consiste essencialmente em acoplar pesquisa e ação em um único
processo, no qual os atores implicados participam, junto com os pesquisadores, para chegarem
interativamente a elucidar a realidade em que estão inseridos, identificando problemas
coletivos, buscando e experimentando soluções em situação real. Simultaneamente, há
produção e uso de conhecimento. Esse tipo de pesquisa prever a resolução de um problema de
forma coletiva e de modo participativo. (THIOLLENT, 1997, 2011).
Segundo Coughlan e Coughlan (2002), pesquisadores em projetos de pesquisa-ação
não são meros observadores de algo que está acontecendo, mas trabalham e fazem acontecer e
que existem dois objetivos: resolver um problema e contribuir com a ciência. A pesquisa-ação
é interativa, requer a cooperação entre o pesquisador e profissionais.
A pesquisa-ação foi o método que melhor se aplicou para essa pesquisa, visto a
participante ser preceptora do projeto e profissional da instituição onde se desenvolveu o
projeto. Trata-se de uma pesquisa – ação - participante.
Os dados da pesquisa-ação foram obtidos a partir do resultado dos dois encontros de
Grupo Focal (GF), atendendo aos critérios adotados para esse método de apreender
significados, atitudes e expectativas dos sujeitos sobre o fenômeno em estudo (VIEIRA et al.,
2013; GATTI, 2012; POPE; MAY, 2009; RESSEL et al., 2008), cujo material produzido está
mantido em sigilo e utilizado exclusivamente pelos pesquisadores responsáveis.
As sessões de GF foram realizadas com os profissionais de saúde que participaram do
projeto, com duração de aproximadamente 55 minutos, com gravação em vídeo através de
aparelho celular, no mês de setembro de 2017. Foram sujeitos da pesquisa dezesseis
profissionais de saúde, correspondendo a 18,6% do total de profissionais plantonistas. O
questionário foi enviado por e-mail para os oito estudantes do PET; entretanto apenas seis
retornaram com as respostas, o que corresponde a 75%. O envio do questionário e as respostas
ocorreram entre os meses de setembro a novembro de 2017.
O roteiro dos GF pautou-se: no entendimento sobre o PET Saúde, no projeto e na
interdisciplinaridade. Os GF foram gravados e, posteriormente, transcritos, na íntegra.
O universo estudado em sua maioria foi do sexo feminino, A faixa etária desses
profissionais oscilou entre 35 e 53 anos, com tempo de trabalho em UTI entre 9 a 29 anos. Os
27
estudantes eram do sexo feminino com faixa etária entre 21 e 25 anos. Todos os participantes
foram informados detalhadamente sobre a pesquisa. Visando manter a privacidade dos
participantes da pesquisa, dividimos os grupos da seguinte maneira: o grupo dos médicos
(Diamante); grupo dos enfermeiros (Rubi); grupo dos fisioterapeutas (Safira); o grupo dos
técnico-auxiliares de enfermagem (Esmeralda) e o grupo dos estudantes (Brilhante). Utilizouse o mesmo roteiro para os grupos, mantendo a linha de importância do projeto, benefícios e
dificuldades encontradas na percepção dos mesmos.
Quadro 1: Perfil dos profissionais que atuam na UTI Adulta – HGE, AL, 2017
Profissão/Cognomes
Idade
Tempo de UTI
Médicos/Diamante
42-51
12-18
Enfermeiros/Rubi
43-53
15-29
Fisioterapeutas/Safira
35-44
09-15
Técnicos/Auxiliares/Esmeralda
31-52
10-26
Fonte: Autora da Pesquisa, Maceió – AL, 2017.
Na primeira sessão de grupo focal, houve a presença de um médico, um enfermeiro,
um fisioterapeuta e quatro técnicos de enfermagem Na segunda, foram dois médicos, um
fisioterapeuta, dois enfermeiros e quatro técnicos de enfermagem.
A pesquisa teve como critério de inclusão fazer parte da equipe de profissionais da
UTI Adulta e ter participado do desenvolvimento do projeto quando o mesmo aconteceu no
período de março/2014 a março de 2015. Excluímos os profissionais que não participaram do
projeto, mesmo sendo integrantes da equipe, como psicólogo, nutricionista e outras
especialidades. Todos os participantes foram anteriormente informados. Os estudantes através
de carta-convite (APÊNDICE A) por meio de e-mail e os profissionais de saúde através de
adesão voluntária e assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
(APÊNDICE B. Em ambos os instrumentos da pesquisa, os objetivos encontravam-se
clarificados e a pesquisadora apresentou-se disponível para esclarecer qualquer dúvida.
Para a análise dos dados, foi aplicada a técnica de análise de conteúdo proposta por
Laurence Bardin (2011): a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados.
Realizaram-se a pré-análise do material coletado e a leitura das transcrições. Em seguida,
procedeu-se à exploração do material. A terceira e última fase foi a do tratamento dos
resultados obtidos e interpretados.
28
Foi observada a Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, e a pesquisa foi
aprovada no Comitê de Ética e Pesquisa, obtendo parecer favorável (Certificado de
Apresentação para Apreciação Ética sob o CAAE: 65893517.0.0000.5013).
2.6. Resultados e Discussão
A partir dos dados obtidos, foi realizada a leitura exaustiva das respostas do
questionário (APÊNDICE C) dos estudantes participantes do PET e profissionais de saúde da
UTI Adulta, onde se conclui que, ambas as equipes percebem a importância do PET e
principalmente o valor do projeto enquanto cuidado com o paciente grave e intubado; o
envolvimento de todos os sujeitos e de alguns setores foi de importância fundamental para
que o projeto fosse executado e as mudanças acontecessem. Uma ação interprofissional,
interdisciplinar e intersetorial, exatamente o que preconiza o PET na perspectiva da
interdisciplinaridade e em atendimento aos princípios e necessidades do Sistema Único de
Saúde (SUS). Resultados e discussões decorrentes da análise são agora apresentados junto às
suas categorias temáticas.
2.6.1. Importância do PET e Projeto
Notaram-se nas conversas e discussões bastante congruência nas respostas em ambos
os grupos. A semelhança nas respostas referente ao PET é inquestionável. Todos viram o PET
como uma grande oportunidade para novos aprendizados. O estudante refere como uma
experiência valiosa para a vida pessoal e profissional; a junção dos cursos faz refletir sobre as
ações de forma geral. Então, se transforma em uma troca constante, onde levam
conhecimentos, mas também aprendem, e muito. O profissional de saúde se dispôs a aprender,
a reaprender, a atualizar-se com estudantes de vários cursos que, juntos, tinham um só
objetivo.
Brilhante 1 – [...] foi de grande importância pela oportunidade de formação baseada
em ensino-serviço, com o envolvimento de diferentes categorias; estimulou ampliar
meu olhar me trazendo aprendizado e amadurecimento que levo hoje para minha vida
profissional.
Brilhante 4 – Proporcionou-me uma visão prática do que realmente são as redes de
atenção à saúde, ... bem como a importância da interação e do trabalho da equipe
multiprofissional no campo da saúde.
Rubi 1 – [...] estamos acostumados com estudantes dentro do setor, mas dessa vez eles
tinham um projeto para mostrar e desenvolver. “Não vieram apenas aprender, vieram
também ensinar”.
29
Safira 1 e Rubi 2 – eu achei que fosse só estudante de odontologia; talvez porque se
tratasse de higiene bucal.
Esmeralda 5 – Eu achei o projeto tão importante que levei pra outra instituição em
que trabalho.
Diamante 1 – Estamos acostumados a ter acadêmicos, mas com um projeto foi a
primeira vez. Foi interessante!
Paulo Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia – saberes necessários à prática
educativa (1996) diz que ensinar exige respeito à autonomia do educando e exige bom senso;
questiona por que não se deve aproveitar a experiência que tem os alunos; por que não
discutir a realidade e a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina; por que não
estabelecer uma necessária intimidade entre os saberes curriculares fundamentais e a
experiência social.
É absolutamente imprescindível registrar a importância e observação sobre o PET para
o aprimoramento da formação em saúde, através do estimulo ao trabalho interprofissional,
interdisciplinar e fundamentado nos princípios e diretrizes do SUS. Profissionais percebem a
necessidade de trabalhar juntos, mesmo porque conhecimento e competência de cada um
isoladamente não são suficientes para atender à complexidade da atenção à saúde
(AGUILAR-DA-SILVA, SCAPIN; BATISTA, 2011).
A experiência proporcionada pelo PET-Saúde aos acadêmicos dos diversos cursos da
área da saúde permite vivenciar e atuar nas unidades, contribuindo para a interação acadêmica
e atuação transdisciplinar e multiprofissional dos mesmos. A aquisição de novos aprendizados
propiciada é extremamente relevante para uma formação diferenciada, o que torna o futuro
profissional mais preparado para enfrentar o mercado de trabalho (OLIVEIRA SOBRINHO et
al., 2011).
2.6.2. Aplicação do projeto – Dificuldades e Desafios
Nessa questão, observou-se também bastante semelhança por parte dos dois grupos,
porém, com uma discreta mudança referente às respostas na questão desafio.
Brilhante 1 – [...] dificuldade em adquirir o material (escova de dentes), que foi
resolvido pela articulação intersetorial. Porém, a maior dificuldade inicialmente foi a
falta de sensibilidade de alguns por acreditar que era um serviço a mais [...] mas não
30
foi uma unanimidade; houve profissionais interessados e bem receptivos e como
desafio eu vi a inserção de um cenário novo, com diferentes categorias profissionais”.
Diamante 2 – A gente já sabe que isso ia acabar por causa das escovas; no serviço
público é assim; já to aqui há 15 anos e já me acostumei com isso.
Esmeralda 8 – Eu acho que tudo que é novo assusta; você fica insegura, com medo e
questiona: - será que essa é a maneira certa? Será que to fazendo certo? É o tempo da
gente se acostumar e depois fica normal.
Esmeralda 1 – Eu lembro que a gente quando fazia com a escova, sangrava; mas aí
elas (estudantes) explicavam que era porque tinha uma infecçãozinha e era só limpar
que o sangue parava; porque a espátula não fazia essa limpeza profunda e o desafio
foi aprender a técnica, porque no começo não foi fácil com o paciente intubado.
Safira 2 – A dificuldade e o desafio é manter o material [...] serviço público a gente já
sabe que tem hoje e não tem amanhã [...] a gente já sabia que ia faltar.
Brilhante 3 e 4 – as dificuldades foram várias: horário das aulas no mesmo horário
do projeto, falta de material para desenvolver o higiene oral, a distância da
universidade para o hospital, mais envolvimento da equipe da UTI [...]e o maior
desafio foi se manter no projeto, porque não foi fácil conciliar os horários das aulas
com o hospital, a distância da universidade para o hospital.
Esmeralda 4 e 5 – A gente já sabia que ia começar e não ia a frente, porque aqui é
assim; as coisas começam e não continuam.
A dificuldade referida nas falas traduz a realidade dos serviços públicos de saúde. Há
uma quebra na continuidade dos projetos, programas por vários motivos: troca de governo,
demora na aquisição por licitação, ausência de interesse por desconhecimento dos
protagonistas, pela falta da governabilidade sobre as aquisições.
O protocolo foi instituído, porém, em alguns momentos, a higiene bucal dos pacientes
é realizada com a clorexidina aquosa 0,12%, espátula e gazes (técnica antiga), pela falta da
escova de dente. A clorexidina aquosa 0,12% é padronizada pela instituição.
Vale lembrar o Art. 198, item II da Constituição Federalde 1988 - Atendimento
integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais.
2.6.3. Interdisciplinaridade
Nesse quesito, houve muita concordância entre os profissionais.
31
Diamante 1 – Aqui na UTI a gente trabalha muito unida, sem dificuldade nesse
sentido.
Rubi 1 – É verdade. Essa equipe é bastante unida, todos podem opinar, questionar e
há muito respeito entre nós; houve inclusive envolvimento de outros setores, como
Central de Material e Esterilização (CME), setor de compras, farmácia. A CME
mudou a forma de limpar os acessórios respiratórios que, antes do projeto era
desinfectado e, com o projeto foi discutida a alta taxa de infecção e passou a ser
esterilizada imediatamente. Eu lembro disso. Hoje, o material vem embalado no papel
grau cirúrgico.
Brilhante 1 – O cuidado interdisciplinar, para mim, tem o poder de transformar
realidades do serviço em todos SOS níveis de atenção, na busca da integralidade e
resolutividade [...] o diálogo entre diferentes profissionais, desperta para a riqueza da
soma de conhecimentos e novas atitudes e o impacto positivo no cuidado ao usuário.
Brilhante 3 – [...] quanto a questão do projeto, houve envolvimento dos profissionais.
Brilhante 4 – [...] o projeto nos revelou de forma concreta a relevância de cada
profissional e do trabalho em equipe em benefício do paciente. Levo a experiência do
trabalho como equipe multiprofissional.
Safira 1 – [...] existiu a interdisciplinaridade, mas é necessário que exista sempre,
inclusive em outras medidas.
Safira 2 – [...] há essa preocupação para ver o aparelho, se o tubo tá no lugar certo e
sempre nos chamam.
A experiência da equipe multidisciplinar possibilitou o encontro com diferentes
campos do conhecimento e aproximou áreas distantes de um processo de trabalho (ASSEGA,
2010).
A prática em saúde demanda um trabalho que transcende os fazeres individualizados
de cada profissão, assumindo a importância da equipe. Vislumbra-se um profissional de saúde
que, mesmo com sua formação específica, encontra-se aberto às diferenças, ao
compartilhamento em suas ações em saúde (BATISTA, 2013; PEDUZZI et al, 2012).
Alguns autores (FREIRE, 1980; VAN KNIPPENBERG; DE DREU E HOMAN,
2004) salientam a importância da igualdade de status dos membros dos grupos, sustentando
que a percepção de igualdade (de poder, de prestígio, de recursos) entre grupos pode facilitar
a atração entre os seus membros e reduzir os preconceitos mútuos negativos.
32
2.6.4. Sustentabilidade
Durante o ano que foi desenvolvido na UTI o projeto apresentou alguns períodos de
interrupção de acordo com o protocolo que foi ensinado, praticado, devido à falta dos
produtos; ora escova, ora solução de clorexidina aquosa 0,12%.
Diamantes, Safiras – [...]faltou a escova de dente e aí a limpeza com a escova parou,
mas fazem como antes.
Esmeralda 2 – Não, a gente faz do jeito antigo com a gaze e a clorexidina e quando
falta clorexidina, a gente faz com o que o paciente traz. Mas não deixa de fazer não.
Safira 2 – [...] sabemos da importância de uma boca limpa, principalmente para nós,
que trabalhamos com aspiração de secreção o tempo todo.
Safira 1 – [...]faltou institucionalizar! A halitose incomoda demais tanto com prejuízo
pro paciente como para o profissional [...] outro dia eu vi um paciente escovando os
dentes aqui na UTI e fiquei muito feliz.
Esmeralda 1 – Se fosse como o equipo que a gente troca com três dias era melhor.
Não pode não Rosa? Veja aí, porque é tão bom com a escova!
2.6.5. Benefícios do projeto
Referente a esse quesito foram identificados pontos divergentes nas respostas dos
participantes. Os estudantes mencionaram um grande aprendizado desde como se comportar
em um hospital, UTI, com relação à própria segurança e a segurança do paciente –
conhecimento que levam para a vida profissional. Os profissionais focaram mais no benefício
que o projeto trouxe para o paciente, como na redução das taxas de infecção, redução da
halitose, melhor e maior limpeza da cavidade bucal.
Brilhante 3 – [...] acredito que levei mais do que deixei; a experiência permeou áreas
de biossegurança, de planejamento, ações, interação com os demais membros,
enfrentamento de conflitos...e hoje estou capacitada para falar de higiene bucal no
local onde trabalho como enfermeira.
Brilhante 1 –Hoje como residente de uma equipe multiprofissional, o que pratico de
forma mais intensa dessa experiência é o olhar integral diante do cuidado.
Safira 1 e 2 – “[...] saber que contribuiu inclusive para redução das taxas de
pneumonias associadas à ventilação mecânica é excelente para o paciente, para nós e
para o hospital.
33
Esmeralda 1, 5, 7, 8 – Tudo que é bom pro paciente a gente gosta.
Diamante 1 – Vimos à redução na taxa de infecção e foi gratificante pro paciente e
prá nós também.
Esmeralda 2 – [...] principalmente quando o paciente apresenta trauma de face e usa
aquele fixador para segurar os dentes; a escova facilita muito a limpeza.
Esmeralda 3 – [...] quando o paciente tem os ferros na boca, limpar com gaze é ruim,
porque engancha..aí é outro trabalho prá retirar; a escova facilita.
Amaral e colaboradores (2009) e KAHN e colaboradores (2008) relatam que a
descontaminação com o uso de antibi¬óticos sistêmicos gera uma significativa redução dos
níveis de PAV nos pacientes tratados; porém, esse tipo de intervenção é limitado devido à
resistência bacteriana. Desta forma, a desconta¬minação tópica oral parece mais atraente, já
que requer apenas uma fração dos medicamentos utilizados na descontaminação sistêmica.
Com a preocupação de estabelecer a melhor forma de intervenção nos ambientes
hospitalares, diversas pesquisas foram realizadas para avaliar os efeitos da clorexidina a
0,12% no biofilme dental e na infecção gengival. Os resultados mostraram-se positivos em
relação à redução do acúmulo de placa, à diminuição do sangra¬mento gengival e à
diminuição da colonização de diversos tipos bacterianos.
O dado sobre a infecção respiratória na UTI Adulta no início de 2014 marcava 67%,
porém, houve registro no mês de maio e junho de 78 e 82% respectivamente. Nesse momento,
houve uma necessidade de reflexão do grupo do projeto, coordenadores da UTI, gestores e
coordenadora da CME. Salientamos, oportunamente, que a prática da higiene bucal com os
produtos recomendados (escova de dente e clorexidina solução aquosa a 0,12%) só iniciou em
meados do mês de maio – antes trabalhamos a teoria e os contatos necessários para a
execução da prática. Após as mudanças e o trabalho em equipe, essa taxa de infecção nos
meses seguintes reduziu para 47%, chegando a 33% - dados fornecidos pelo SCIRAS/HGE.
Reduzir eventos adversos decorrentes de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde
(IRAS) está contemplado na meta internacional de Segurança do Paciente. Estimativas da
Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que entre 5 a 10% dos pacientes que utilizam
os serviços hospitalares adquirem uma ou mais infecções. (ANVISA – Segurança do
Paciente).
Imperioso salientar a importância de adquirir o cirurgião dentista como membro da
equipe de terapia intensiva, por ser o profissional mais capacitado para a avaliação, análise e
34
decisão sobre a saúde bucal do paciente. A UTI/HGE possui três cirurgiões dentistas desde o
mês de novembro de 2017, pioneiro em Alagoas.
Existe um Projeto de Lei da Câmera (PLC) 34/2013, cuja ementa “torna obrigatória a
prestação de assistência odontológica a pacientes em regime de internação hospitalar, aos
portadores de doenças crônicas e, ainda, aos atendidos em regime domiciliar na modalidade
home care”. (Senado Federal – assistência Legislativa).
O profissional dentista como integrante da equipe, passa a dividir responsabilidades,
especialmente nas questões referentes ao controle das infecções e da melhor oferta de
conforto a esses pacientes, atentando para o papel nocivo dos comprometimentos e das
infecções bucais para a degradação do estado geral dos pacientes internados em unidades de
terapia intensiva.
Destacamos nessa pesquisa, a participação da tutora como cirurgiã dentista,
conhecedora do assunto pela formação, fundamentação científica, experiência, cujas
informações e referência foram imprescindíveis para o desenvolvimento e êxito do projeto.
2.7. Considerações Finais
De acordo com as pesquisas anteriormente comentadas e a vivência do projeto é
indiscutível que o uso da solução aquosa de clorexidina a 0,12% e escova de dente aliada a
outras medidas reduzem as Pneumonias Associadas à Ventilação Mecânica (PAV) – infecções
que comprometem inquestionavelmente a sobrevida dos pacientes internados em terapia
intensiva, prolongando o tempo de internação, aumentando os custos hospitalares, além da
probabilidade de adquirir outros danos e eventos adversos.
As medidas preventivas precisam ocupar um lugar de destaque nos serviços públicos e
serem levadas mais a sério, pois impactam diretamente nas doenças. As PAV’s podem ser
reduzidas e/ou evitadas com medidas simples, possíveis e viáveis, possibilitando um retorno
do paciente mais cedo para sua vida em sociedade, além da economia referente aos gastos
hospitalares.
Reduzir eventos adversos decorrentes de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde
(IRAS) está contemplado na meta internacional de Segurança do Paciente. Estimativas da
Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que entre 5 a 10% dos pacientes que utilizam
os serviços hospitalares adquirem uma ou mais infecções. (ANVISA – Segurança do
Paciente).
A redução dos índices de PAV depende de vários fatores como a simples e adequada
higienização das mãos pelos profissionais, elevação do decúbito acima de 30º, aspiração de
35
secreções da cavidade bucal, assistência odontológica e execução de protocolo de higiene
bucal (ANEXO C).
Após esse trabalho, conclui-se que, o desenvolvimento de um protocolo padronizado
de higiene bucal em pacientes intubados, assistidos em UTI’s é considerado seguro, eficiente
e de baixo custo; que é possível união multiprofissional em prol de um resultado melhor para
o paciente; que a presença do profissional cirurgião dentista na UTI é importante no
treinamento e orientação em torno da escovação, além da realização de procedimentos
odontológicos, visando à remoção de focos infecciosos bucais e possíveis agravos ao
paciente; que tudo isso é necessário para a diminuição da incidência das PAV’s, redução do
tempo de hospitalização e dos custos para o tratamento dessa infecção, promoção de conforto
oral e qualidade de vida do paciente, justificando todo nosso tempo de pesquisa, estudo e
dedicação.
Ressaltamos nesse estudo, a extrema importância do PET que, com um projeto
possível, simples e viável, realizou outras mudanças necessárias para uma melhor assistência
ao paciente; a significante função do preceptor enquanto profissional do serviço, que fica com
a missão de assegurar a continuidade das conquistas advindas com o projeto.
Atualmente, como enfermeira dessa instituição, afirmo que o projeto foi implantado,
implementado, com cirurgiões dentistas presentes e integrados na equipe, realizando a higiene
bucal e outros procedimentos necessários, contribuindo para a redução das PAVs, conforto
bucal e, consequentemente, assegurando melhoria na qualidade da assistência ao paciente
internado nessa unidade hospitalar.
36
2.8. Referências
AGUILAR-DA-SILVA, R.H.; SCAPIN, L.T. ; BATISTA, N.A. Avaliação da formação
interprofissional no ensino superior em saúde: aspectos da colaboração e do trabalho em
equipe. Campinas/Sorocaba: Avaliação, 2011.
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hospital-acquired, ventilator-associated, and healthcare-associated pneumonia. Nova
Iorque: ATS Journals, 2005.
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mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e dá outras
providências. Brasília, DF.
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reorientação da formação profissional em saúde. Brasília: MS/MEC, 2009.
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Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasilia, DF, set. 1990.
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37
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39
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40
3. PRODUTOS DE INTERVENÇÃO
Como requisito desse mestrado, é necessário aplicar um produto de intervenção,
atendendo o princípio de melhorar a formação em saúde e promover a qualidade da atenção
em prol da saúde da população.
Desse estudo, criamos dois produtos: transformamos o Protocolo de Operação Padrão
de Higiene Bucal em Instrução de Trabalho - IT - (APÊNDICE D), pois é o padrão de
documento de técnicas do HGE. Esse documento - IT (idem as demais) foi instituído em todas
as áreas assistenciais, validada pela direção do hospital. Atualmente está sendo revisado pelos
cirurgiões dentistas, como também criando outros referentes à área da odontologia.
3.1. Instrução de Trabalho
Institucionalização da técnica (IT) de higiene bucal, seguindo o modelo dos Protocolos
de Operação Padrão (POP) da AMIB. A mudança da técnica de higiene bucal foi adaptada aos
padrões dos protocolos da instituição e disseminada para todos os setores que internam
pacientes intubados, impossibilitados de realizar sua própria higiene bucal.
Inserida na prescrição médica, referenciando como medida de prevenção às
Pneumonias Associadas à ventilação Mecânica (APÊNDICE E).
3.2. Vídeo ilustrativo/animação
A idéia do vídeo surgiu por considerá-lo como uma ferramenta poderosa, capaz de
trazer resultados de forma rápida e interativa. Os vídeos educativos, em particular as
animações, representam uma boa estratégia para atrair a atenção da audiência e iniciar a
problematização através da relação estabelecida entre os fatos apresentados e o mundo real
(RUI et al., 2013).
Em 1995, Móran define o vídeo como forma de entretenimento e sedução, que
informa e envolve inicialmente a comunicação sensorial, emocional e intuitiva, para então
alcançar a racional. Desde então essa forma de mídia tem sido muito utilizada para divulgar
temas referentes à saúde e educação.
O produto audiovisual em questão, disponibilizado no padrão MPEG-4 Part14 (com a
extensão "mp4") constitui-se de duas partes, com funções e abordagens distintas. Nos
primeiros três minutos, há uma animação no formato multimediasmall web format (produzida
com o software Adobe Flash e a extensão "swf"), que busca conscientizar os profissionais de
saúde sobre a importância da escovação dos dentes dos pacientes, em especial, aqueles que
fazem uso da respiração mecânica. Os minutos seguintes são compostos por uma combinação
explanatória de imagens, textos e transições (produzida com o software Nero Video 2016).
41
A primeira parte procura formar uma ligação emocional entre o espectador e a tarefa, e
tem como objetivo evidenciar a importância da presença consciente do profissional de saúde
na recuperação do paciente internado, buscando incentivar a responsabilidade e dedicação em
relação aos detalhes da condição de saúde do mesmo.
A segunda parte busca a racionalidade da sistematização do processo, e foi
desenvolvida com o objetivo de sintetizar as etapas do procedimento da escovação e
evidenciar que qualquer profissional de saúde está apto a realizá-lo, desde que exista o
cuidado e compromisso que deve ser naturalmente inerente ao serviço de saúde.
3.3. Considerações Finais
Os produtos foram criados com o objetivo de incentivar a realização de uma prática
tão habitual quando estamos saudáveis e tão banalizadas quando estamos adoecidos – higiene
bucal; tão necessária em ambas as situações - saúde e doença.
A técnica enquanto Instrução de Trabalho, documento padrão do HGE, facilita o
conhecimento e auxilia na realização da prática, visto ser detalhada.
O vídeo foi criado com o propósito de demonstrar a técnica com mais leveza, mais
graciosidade, sem perder, no entanto, o objetivo central – cuidar da saúde bucal e evitar outras
sérias complicações.
42
3.4. Referências
RUI, H.M.G. et al. Uma prova de amor: o uso do cinema como proposta pedagógica para
contextualiza o ensino de genética no ensino fundamental. Rev. Bras. de Ensino de Ciência
e Tecnologia, Curitiba - PR, v.6, n.2, p. 268-280, 2013. Disponível em: <
http://revistas.utfpr.edu.br/pg/index.php/rbect/article/
view/1642/1050>. Acesso em: 06 jul. 2017.
MORAN, J. M. Interferências dos Meios de Comunicação no nosso Conhecimento. Rev.
Bras. de Com. , São Paulo, v. XVII, n. 2, p. 38-49, jul./dez. 1994.
4. CONCLUSÃO GERAL
Participar do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET Saúde foi
grandemente relevante; posso afirmar que foi um profundo estímulo para a realização desse
mestrado e incentivo para novos projetos e estudos. Observei e vivenciei apenas aspectos
positivos durante todo o processo de construção e execução: engajamento multiprofissional;
interdisciplinaridade; empenho para resolutividade dos problemas: estudantes se dedicando
para organizar os horários e realizar os portfólios (primeiro contato com essa ferramenta –
outra descoberta); esforço da direção para efetivação das compras dos produtos (a instituição
não possui governabilidade financeira); a disposição dos profissionais de saúde da UTI para
aprender a técnica proposta; a insistência da tutora e preceptora para a sustentabilidade do
projeto, além de encorajar, orientar e corrigir os portfólios dos estudantes; manter o contato
permanente com os setores envolvidos: farmácia e compras, SCIRAS. Enfim, essa dinâmica
entre estudantes, profissionais/setores e pacientes cumpriu o objetivo do PET que é integrar
ensino – serviço – comunidade na perspectiva da interdisciplinaridade .
Os produtos de intervenção têm o propósito de incentivar a prática da higiene bucal,
compreendendo os motivos, os benefícios que uma simples ação pode oferecer a um paciente
internado em qualquer instituição de saúde.
As inquietações continuam, pois ainda há muito que aprender, criar, desenvolver e um
mestrado só não bastam. Entretanto, esse Mestrado Profissional em Ensino na Saúde foi o
primeiro passo para outros ainda maiores.
Sócrates, Platão, Piaget, Vigotsky, Rubem Alves, Ariano Suassuna, Paulo Freire,
Japiassú, Fazenda – e tantos outros filósofos, poetas, educadores sábios e apaixonantes,
verdadeiros conquistadores de almas, pessoas inspiradoras que, através desse mestrado, desse
estudo e dos professores/mestres/doutores alcancei mais conhecimentos e deixei-me seduzir e
percorrer esse caminho encantador.
43
REFERÊNCIAS GERAIS
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO; MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa Nacional de
Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde. Brasília: Ministério da
Saúde, 2007. Disponível em: < http://www.prosaude.org/rel/pro_saude1.pdf>. Acesso em: 06
jul. 2018.
CARVALHO, E.S.S.; FAGUNDES, N.C. A inserção da preceptoria no curso de graduação
em enfermagem. Revista da Rede de Enf. Do Nordeste. Fortaleza, abr./jun. 2008. v. 9, n. 2,
p.98-105. Disponível em: < http://www.periodicos.ufc.br/rene/article/view/5043>. Acesso
em: 06 jul. 2018.
44
APÊNDICE A – CARTA-CONVITE PARA OS ESTUDANTES
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL
FACULDADE DE MEDICINA – FAMED
MESTRADO PROFISSIONAL ENSINO NA SAÚDE – MPES
Carta Convite para Participação na Pesquisa
Cara colega, visto a sua condição de participante do Programa de Educação pelo Trabalho –
PET /Redes Urgência e Emergência, no período de março de 2014-março de 2015, com o
projeto intitulado “A análise da implantação do protocolo da higiene bucal como parte dos
cuidados gerais de pacientes internados em UTI”, temos a honra de convidá-la a participar da
pesquisa – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO: MUDANDO
PARADIGMAS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA, por mim
desenvolvida, Rosângela Maria de Almeida Cavalcante, aluna do Mestrado Profissional em
Ensino na Saúde – FAMED/UFAL, sob a orientação da professora Lucy Vieira Silva Lima e
do co-orientador professor Antônio Carlos Santos Costa, tendo como objetivo: demonstrar os
benefícios e impactos observados na unidade de terapia intensiva após a implantação do
projeto. Sua participação é de extrema importância e relevância, cujo resultado irá colaborar
para a sustentabilidade das conquistas trazidas pelo projeto. Suas respostas receberão
tratamento científico e estarão sob sigilo. Concordando em participar da pesquisa, você
responderá um questionário dividido em quatro partes, construídos pelos pesquisadores e
deverá ser reenviado para o e-mail: rosangela.ma.cavalcante@gmail.com.
Com meus agradecimentos,
Rosângela Mª de Almeida Cavalcante - pesquisadora
Profª. Dra. Lucy Vieira e Prof. Dr. Antônio Carlos – orientadora e co-orientador.
45
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(Profissionais de Saúde da UTI Geral/HGE)
O (a) senhor (a) está convidado (a) a participar da pesquisa intitulada “Programa de
Educação pelo Trabalho – PET Saúde – Mudando Paradigmas em uma Unidade
deTerapia Intensiva” que será realizada na Unidade de Terapia Intensiva Adulta do Hospital
Geral do Estado Professor Osvaldo Brandão Vilela. O objetivo dessa pesquisa é demonstrar as
mudanças observadas e vivenciadas em conseqüência de um projeto desenvolvido por
estudantes de medicina, odontologia e enfermagem da Universidade Federal de Alagoas, por
meio do Programa de Educação pelo Trabalho para a saúde (PET – Saúde).
Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo pesquisa-ação e utilizaremos a
técnica de Grupo Focal (GF). Nessa técnica, reúne-se um grupo de pessoas, cuja conversa será
conduzida por um moderador e guiada por questões abertas referente ao tema abordado,
dividida em três dimensões: I – Aprendizagem e Crescimento Profissional. II – Aplicação do
Projeto. III – Transformação na UTI e como Profissional. Será realizada na copa da UTI, com
duração de aproximadamente 60 minutos, visto que, os participantes estarão em serviço.
É garantido ao participante total anonimato e o direito de recusar-se a participar da pesquisa,
assim como responder qualquer questão que considere inapropriada, inadequada ou
constrangedora; não haverá qualquer pagamento, custo financeiro para o participante.
O registro da técnica de grupo focal será realizado por meio de gravação de áudio e vídeo e os
nomes dos participantes serão identificados por cognomes, visando manter a privacidade na
pesquisa.
Os riscos são mínimos, uma vez que não será realizado nenhum experimento, teste ou outro
tipo de procedimento que prejudique o bom estado físico ou social do participante da
pesquisa, inclusive serão omitidos dados que identifiquem a participação dos voluntários.
Os dados coletados serão posteriormente transcritos na íntegra e mantidos em absoluto sigilo.
Os benefícios que deverá esperar pela participação será o de ajudar ao pesquisador,
contribuindo para a demonstração das mudanças ocorridas na UTI Adulta por meio da
vivência de um projeto, fortalecer a relação ensino – saúde, colaborar na formação dos futuros
profissionais de saúde, assistir com melhor qualidade os usuários do Sistema Único de Saúde
(SUS).
Os resultados dessa pesquisa serão publicados em revistas científicas e divulgados em eventos
de saúde, porém, seu nome será guardado e protegido.
O (a) senhor (a) poderá solicitar, em qualquer momento, esclarecimentos sobre alguma dúvida
que possa surgir, como também, retirar seu nome da pesquisa se assim for seu desejo.
Esse TCLE será feito em duas vias; uma via ficará sob a guarda da pesquisadora responsável,
Rosângela Maria de Almeida Cavalcante e a outra via será entregue ao senhor (a).
Estando ciente de todo o processo dessa pesquisa, dos seus direitos assegurados, solicitamos
seu consentimento para participar voluntariamente dessa pesquisa por meio da assinatura
desse documento.
Eu, ___________________________________________, ciente dos meus direitos,
responsabilidades, riscos e benefícios, concordo em participar dessa pesquisa através da
minha assinatura nesse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Nome do Participante:_________________________________________________________
46
Assinatura: ____________________________
Data: ____/____/_____
Pesquisadora Responsável: _____________________________________________________
Data: ____/____/____ Contato: (82)991026421 – Rosangela.ma.cavalcante@gmail.com
Orientadora: Profª. Dra. Lucy Vieira da Silva Lima
Data: ____/____/____ Contato: (82)99991.3683 – Lucyvslima@uol.com.br
Coorientador: Prof° Dr. Antônio Carlos Silva Costa
Data: ____/____/____ Contato: 99981.7222 – acscosta@gmail.com
_______________________________________________________________________
Atenção: Para tirar dúvidas sobre questões éticas ou informar ocorrências irregulares ou
danosas durante a sua participação no estudo, dirigir-se ao Comitê de Ética e Pesquisa da
Universidade Federal de Alagoas, no prédio da reitoria, 1º andar, Campus A. C. Simões,
Cidade Universitária. Telefone: 3214.1041.
________________________________________________________________________
47
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO
Nome (apenas as iniciais): _____________________________________________
Formação/Instituição: ________________________________________________
I.
Aprendizagem e Crescimento Profissional
1.1. Na sua opinião, qual a importância de ter participado do PET Saúde-Redes
Urgência e Emergência? (Importância do PET)
____________________________________________________
II.
III.
1.2. O que significou ter desenvolvido um projeto dentro de uma UTI de um
hospital público? (Sobre o
Projeto))__________________________________________________________
________________________________________
1.3. Você acha que o conhecimento adquirido no seu curso é o suficiente para
assegurar o melhor tratamento aos pacientes ao longo de sua carreira
profissional? Nesse sentido, qual a importância do envolvimento de
profissionais com as atividades de pesquisa desenvolvidas na universidade?
(Interdisciplinaridade)______________________________________________
________________________________________
Aplicação do Projeto – Dificuldades e Desafios
2.1. Quais as dificuldades vivenciadas durante a aplicação do projeto e como as
mesmas foram resolvidas?
__________________________________________________________________
________________________________________
2.2. Que desafios foram necessários serem vencidos no aspecto pessoal e
acadêmico?
__________________________________________________________________
________________________________________
Transformação na UTI e no Profissional
3.1. Quais as transformações que ocorreram no trabalho dentro da UTI durante
a aplicação do projeto? Quais as novas preocupações que foram percebidas
através do projeto e que passaram a fazer parte do cenário do hospital?
__________________________________________________________________
________________________________________
3.2. O que você deixou e levou como experiência dessa vivência nesse projeto e na
UTI?
__________________________________________________________________
________________________________________
3.3. Comentem sobre a sustentabilidade do projeto.
__________________________________________________________________
________________________________________
Os dados dessa pesquisa são sigilosos e estão sob a responsabilidade dos pesquisadores,
podendo os mesmos fazerem análise estatística dos dados e tornar os resultados públicos, sem
a identificação dos participantes. Esta pesquisa já tem aprovação do Comitê de Ética da
Universidade Federal de Alagoas – UFAL.
48
APÊNDICE D – INSTRUÇÃO DE TRABALHO HIGIENE BUCAL
INSTRUÇÃO DE TRABALHO
SETOR: NÚCLEO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NSP/SERVIÇO DE CONTROLE DE INFECÇÃO
RELACIONADA À SAÚDE - SCIRAS
TÍTULO: Higienização da Cavidade Bucal.
PÁG
CÓDIGO:
REVISÃO:01
VERSÃO:01
.: 1/1
OBJETIVO: Orientar o procedimento para execução da Higiene Oral em pacientes
intubados.
EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) NECESSÁRIO: precaução
padrão completa (máscara, gorro, luvas e avental) + precaução adicional indicada pela
SCIRAS de acordo com a necessidade mediante patologia apresentada pelo paciente.
DOCUMENTOS COMPLEMENTARES: Medidas de Prevenção de Pneumonia Associada
à Ventilação Mecânica – PAV + paramentação padrão e adicional + Higiene das mãos.
SETORES RELACIONADOS: Assistenciais, SCIRAS, NSP.
DESCRIÇÃO DA INSTRUÇÃO DE TRABALHO:
AÇÃO
DESCRIÇÃO DA AÇÃO
FORMULÁRIO RESPONSÁVEL
1. Reunir todo Reunir e aproximar do paciente todo oNão se aplica. Equipe de
o material
material
necessário
(escova
dental,
enfermagem/
necessário (kit compressas de gaze, solução aquosa de
odontologia.
higiene bucal). clorexidina 0,12%, abaixador de língua,
hidratante labial, copo descartável, sistema de
vácuo, cuffômetro, sonda de aspiração com a
numeração adequada, para executar a ação.
2. Observar as Analisar as restrições do paciente (lesão naProntuário do
Equipe de
restrições do coluna, lesão de face) de acordo com apaciente.
enfermagem/
paciente.
patologia apresentada através do prontuário eLivro de
odontologia.
passagem de plantão.
Ocorrência do
setor.
3. Higienizar Higienizar as mãos seguindo técnica padrão –Protocolo de
Equipe de
as mãos.
ANVISA.
Higienização das enfermagem/
Mãos.
odontologia.
4. Paramentar- Usar EPI (padrão e adicional) de acordo comProtocolo de
Equipe de
se com os
as necessidades para o atendimento aoEquipamento de enfermagem/
Equipamentos paciente.
Proteção
odontologia.
de Proteção
Individual.
Individual
Normas de
(EPI’s).
Biossegurança –
ANVISA.
5. Comunicar Comunicar ao paciente o procedimento queNão se aplica. Equipe de
ao paciente o será realizado independente do nível de
enfermagem/
procedimento a consciência.
odontologia.
ser realizado.
49
6. Posicionar o
Elevar a cabeceira deixando-a entre 30 àBundle de
paciente
45º, para evitar broncoaspiração, facilitar aPrevenção à
mantendo
ação – respeitando as restrições.
PAV.
cabeceira
elevada (30º a
45º).
7. Aferir a
Assegurar a correta fixação do tuboProtocolo de
medida do
endotraqueal e verificar a pressão do baloneteprevenção das
cuff/balonete. (cuff), mantendo-a entre 18 e 22 mmH20
Pneumonias
Associadas à
Ventilação
Mecânica.
8. Montar o Adaptar a sonda ao aspirador e proceder àProtocolo de
aspirador.
aspiração da cavidade oral.
Aspiração de
Secreção das
Vias aéreas
Superiores
/Traqueal.
9. Lubrificar Umedecer para evitar rachaduras e facilitarNão se aplica.
os lábios.
eliminação de sujidades, crostas.
10. Realizar
inspeção da
cavidade oral.
11. Detectar
presença de
próteses
/ortéses
dentárias.
12. Iniciar a
escovação.
Observar:
alterações,
sangramento,Não se aplica.
mobilidade dental, lesões de mucosas
traumáticas, edemas de lábios ou peribucais.
Proceder a remoção de próteses sobreNão se aplica.
implantes com avaliação do profissional
odontólogo.
Embeber a escova com solução aquosa de
solução aquosa de clorexidina 0,12%.
Posicionar suavemente a cabeça da escova, na
região da gengiva e o dente, de maneira que
forme um ângulo de 45º com o longo eixo do
dente.
Com movimentos vibratórios (vaivém)
brandos, pressione levemente as cerdas de
encontro a gengiva, fazendo com que elas
penetrem no sulco gengival e abrace todo o
contorno do dente.
Em seguida, inicie um movimento de
varredura no sentido da gengiva para o dente,
de forma suave e repetida, por pelo menos
cinco vezes, envolvendo dois ou três dentes.
Prossiga sistematicamente com o movimento
por todos os dentes pelo lado de fora (face
Equipe de
enfermagem/
odontologia.
Equipe de
fisioterapia.
Equipe de
enfermagem/
odontologia.
Equipe de
enfermagem/
odontologia.
Equipe de
enfermagem/
odontologia.
Equipe de
enfermagem/
odontologia.
50
13.Limpar a
escova.
vestibular) e pelo lado interno (face lingual).
Com movimentos de vaivém, escove as
superfícies
mastigatórias
dos
dentes
superiores e inferiores, passando em seguida
para a escovação da língua (se possível,
segurar a língua com gaze seca), do palato e
da parte interna das bochechas. Na presença
de saburra lingual, a utilização de raspadores
de língua está indicada.
Realizar também a higiene do tubo e sonda
nasogástrica/nasoenteral
com
gaze
umidificada em solução aquosa de
digluconato de clorexidina 0,12%.
Umidificar a escova de dente na solução
aquosa de digluconato de clorexidina 0,12%.
14. Aspirar
Aspirar secreções contidas na cavidade bucal
cavidade bucal. durante a execução da higienização e sempre
que for necessário.
15. Higienizar a Realizar a limpeza da escova de dente em
escova de
água corrente e na solução de digluconato de
dente.
clorexidina 0,12% e armazená-la protegida
próximo
ao
paciente
devidamente
identificada. Desprezá-la em caso de desgaste.
16. Organizar o Descartar material utilizado em lixoPrograma de
ambiente.
contaminado, conforme rotina hospitalar.
Gerenciamento
de Resíduos de
Saúde (PGRS).
17. Deixar o
Posicionar o paciente confortável e seguro. Não se aplica.
paciente
confortável.
18. Realizar
Registrar a ação no prontuário do paciente;Prontuário do
Equipe de
registro em
carimbar e assinar.
paciente.
odontologia e
prontuário
enfermagem.
DATA ELABORAÇÃO:
ELABORADO POR:
VERIFICADO POR:
10/11/2017
Enfermeira Rosângela
Dra. Janaína Salles (Supervisora
DATA REVISÃO:
Cavalcante
Médica).
CONTROLADO PELA SEÇÃO DE MODERNIZAÇÃO ADMINISTRATIVA:
____________________________________
Fonte: Protocolo de Higiene Oral - AMIB
51
APÊNDICE E – PRESCRIÇÃO MÉDICA
SERVIÇO DE
ENFERMAGEM
CÓD QUANT DEV
SERVIÇO MÉDICO – PRESCRIÇÃO
XXXXXXXXXXX
DATA: 07 /12/2017
SERVIÇO DE
ENFERMAGEM
HORÁRIO DE
MEDICAMENTOS E
PROCEDIMENTOS
DIETA
1. DIETA ENTERAL
ANTIBIÓTICOS
04
02
02
06
15
03
01
08
03
01
04
01
03
2.Imipenem 500mg === em 3h
AD 10ml
S.F 0,9% 100ml
EV 6/6h ( 29/01 )
3. POLIMIXINA B 500.000UI AD- 10ML
S.F 0,9% 100ml EV 12/12h ( 05/02 )
4. Fluconazol 200mg EV 12/12h ( 02/02 )
HIDRATAÇÃO
4. S.R.L 500ml EV 12/12h
MEDICAMENTOS DE ALTA VIGILÂNCIA
5. SEROQUEL 25MG, SNE, DE 8/8H
6. Fentanil -50ml
S.G 5% -100ml BI EV 5ml/h
7. Hidantal 50mg/ml 2ml AD 18ml EV 8/8h
8. Ác. Valproico 100mg
S.F 0,9% 100ml EV 1x dia
9. Noradrenalina- 04amp
SG 5% -100ML EV BI
10. PROPOFOL- 100ML, EV, BI, ACM
11. DARUNAVIR 1CP, SNE, DE 12/12H (NA GAVETA
DO PACIENTE)
12. RITONAVIR 1CP, SNE, DE 12/12H (NA GAVETA
DO PACIENTE)
13. TENOFOVIR +LAMIVUDINA- 1CP SNE À NOITE
(NA GAVETA DO PACIENTE)
14. CLONAZEPAN 10GTS, SNE, 12/12H
15. LIQUEMINE 0,25ML, SC, 8/8H
OUTROS MEDICAMENTOS
14. OMEPRAZOL 40mg EV 1x dia
15. DIPIRONA – 2ML + AD 10ML EV 6/6h
16. NBZ COM 02 4/4h:
S.F 0,9% 5ML + ATROVENT 25GTS
17. GLICEMIA CAPILAR 12/12h
18. PURAN 125MCG- 1CP SNE 1x dia
19. PLASIL 1 AMP + AD- 18ML EV 8/8h
MEDIDAS DE PREVENÇÃO ÀS PAV’s
20. Aspirar cavidade oral rotineiramente e sempre antes de
baixar decúbito --- atenção !!
12 18
24
18
06
18
06
500
500
14
06
22
06
1° 2° 3º
14 22 06
22
1° 2° 3º
1° 2° 3º
10
22
10
22
22
18
14
06
22 06
06
12 18 24 06
10 14
18 22 02 06
18(
)
06(
06H
14 22
)
06
Atenção!
52
21. HIGIENE ORAL COM CLOREXIDINA AQUOSA
0,12% - 2X/DIA
22. Decúbito elevado entre 30-45º
23. Monitorar a pressão do cuff do tubo
24. Despertar diário – adequar sedação
25. Pausar a dieta quando baixar cabeceira
M
N
Atenção!
M
T
7horas
Atenção!
53
ANEXOS
ANEXO A – APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA UFAL
54
55
56
57
4.1. ANEXO B – PROTOCOLO DE HIGIENE BUCAL – AMIB
58
59
60
61
4.2. ANEXO C – BUNDLE DE PAV
Cuidados de prevenção da PAV
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2012 Out-Dez; 21(4): 837-44.
