10 - Hulda Alves de Araújo Tenório - DISCENTES DE ENFERMAGEM: FORMAÇÃO PARA O MERCADO DE TRABALHO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE
FACULDADE DE MEDICINA
DISCENTES DE ENFERMAGEM: FORMAÇÃO PARA O MERCADO DE
TRABALHO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
HULDA ALVES DE ARAÚJO TENÓRIO
MACEIÓ-AL
2017
HULDA ALVES DE ARAÚJO TENÓRIO
DISCENTES DE ENFERMAGEM: FORMAÇÃO ACADÊMICA PARA O MERCADO
DE TRABALHO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Trabalho Acadêmico de Mestrado Profissional do
Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde da
Faculdade de Medicina -FAMED, da Universidade
Federal de Alagoas - UFAL, como requisito parcial
para a obtenção do Título de Mestre em Ensino na
Saúde.
Orientadora: Profª Dr.ª Divanise Suruagy Correia
MACEIÓ-AL
2017
HULDA ALVES DE ARAÚJO TENÓRIO
DISCENTES DE ENFERMAGEM: FORMAÇÃO ACADÊMICA PARA O MERCADO
DE TRABALHO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Esta dissertação foi julgada para a obtenção do título de Mestre em
Ensino na saúde pelo Mestrado Profissional em Ensino na Saúde na
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas.
Maceió 15 de março de 2018
Professora Dra. Maria de Lourdes
Coordenadora do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde – FAMED/UFAL
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
Profa. Dra. Margarete Cavalcante
_______________________________________________
Profa. Dra. Divanise Suruagy Corrreia
_________________________________________________
Profa. Dra. Clodis Maria Tavares
Aos meus Filhos Lorena Alves Tenório e Nereu Tenório da Silva Neto motivos pelo qual me
levanto todos os dias na tentativa de ser e fazer algo melhor.
AGRADECIMENTOS
À Deus, por tudo ter dado certo, pois minha fé está firmada no que ele é, meu
socorro presente na angústia e na luta.
Aos meus amados filhos Lorena Alves e Nereu Neto por me fazerem sorrir e
encontrar motivos para continuar essa jornada.
Aos meus pais Raquel Correia, Iran Chaves, Cristina Carnaúba e Nereu Tenório, por
todo apoio e por segurarem minhas mãos e enxugarem minhas lágrimas quando precisei.
Á minha irmã Raabe Alves, meu espelho, meu porto seguro, meu grande e eterno
amor.
Ao meu cunhado Joel Alcântara que em silêncio demonstra seu amor.
Às minhas tias, aos meus tios e demais familiares pela torcida, apoio e amor
ofertado.
Em especial, a minha amiga Alda Galdino, por ter ficado ao meu lado em todas as
etapas deste sonho, sempre disponível e pronta a ajudar com todo zelo e amor.
À minha amiga Emily Souza pela amizade sincera, assim como ao meu amigo e
irmão Gidelson Gabriel maior presente que o mestrado poderia me dar.
Luciana Viana, Thyara e Raissa Fernanda sem vocês isso também não seria possível,
obrigada.
À minha coordenadora de Enfermagem e amiga Jirliane Martins por acreditar mais
do que eu no meu potencial para a docência, você é um instrumento de Deus.
À minha orientadora Divanise Suruagy, um anjo que Deus colocou em minha vida e
que nem sabe a dimensão do quanto cuidou de mim em momentos pessoais difíceis e que
tantas vezes me fizeram pensar em desistir. Deus te abençoe minha eterna orientadora,
competente, atenciosa e acima de tudo humana.
Às minhas professoras Clodis Maria e Margarete Cavalcante que tanto contribuíram
com meu crescimento profissional e por sempre estarem dispostas a ajudar nessa minha
conquista.
Amo vocês!
“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando,
no fim terás o que colher”.
Cora Coralina
RESUMO GERAL
A Constituição Federal de 1988 (CF/88) garantiu direito a saúde para todos os cidadãos
brasileiros e diante desta realidade uma nova rede de atenção à saúde foi criada na tentativa de
suprir as necessidades da população, bem como de intervir sobre determinantes e
condicionantes que influenciam no estado de bem-estar físico, psíquico e social dos sujeitos.
Nesta atual conjuntura, o modelo de saúde espera dos profissionais que nele atua, habilidades
e competências que atendam ao Sistema Único de Saúde (SUS), compreendendo seus
princípios e diretrizes, comprometendo-se com a defesa do mesmo. Tais pressupostos poderão
ser desenvolvidos já nos centros formadores, a partir de resoluções, como as DCN/ENF
(resolução nº 03 de novembro de 2001), elaboradas na perspectiva de subsidiar e orientar as
Instituições de Ensino Superior (IES) em seus Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) no
desenvolvimento de uma formação voltada para as reais necessidades do sistema de saúde.
Assim, este trabalho teve como objetivo geral analisar a formação do discente de enfermagem
para o mercado de trabalho no Sistema Único de Saúde. Trata-se de um estudo analítico,
transversal e de abordagem quantitativa, realizado em 2016, com 150 graduandos de
enfermagem de uma faculdade particular em Alagoas. Para isso, foi utilizado um questionário
composto por 26 perguntas abertas e fechadas que versavam sobre o perfil sociodemográfico
dos pesquisados, impressões dos sujeitos em relação ao curso, processo de ensino e
aprendizagem, mercado de trabalho em enfermagem e saúde coletiva. Os dados foram
coletados e tabulados em planilha eletrônica Microsoft Excel® e analisados em software
aplicativo Statistical Package for Social Science - SPSS®, versão 20. Como resultados foram
desenvolvidos dois artigos “Perspectivas da Formação Acadêmica de Discentes de
Enfermagem para o Mercado de Trabalho no Sistema Único de Saúde” e “Gestão e Gerência
de Enfermagem na Saúde Pública: perspectivas da capacidade de atuação do discente, além de
um produto de intervenção o “SUScorrendo: capacitando em primeiros-socorros no SUS”,
cujo objetivo foi levar alunos dos primeiros períodos do curso de Enfermagem para os
cenários do sistema público de saúde, onde esses pudessem desenvolver atividades de
educação em saúde com a temática dos primeiros socorros. O novo modelo de atenção à
saúde aumentou a diversidade dos serviços e da assistência ofertada à população, ampliando
com isso os desafios propostos para obtenção da eficácia e qualidade desse cuidar. Dentre as
dificuldades encontradas, pontua-se o processo de formação na busca de um novo perfil de
profissionais na saúde baseados nas mudanças propostas pelas Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCN). Os avanços já começaram, porém, os campos e cenários de atuação prática
para formação discente, ainda são limitados, desfavorecendo o desenvolvimento de
competências. Além disso, o novo perfil sociodemográfico dos discentes de Enfermagem
deve ser um quesito observado pelas unidades formadores, pois aspectos relativos a este
âmbito, parecem interferirem nas propostas de ensino e aprendizado.
Descritores: Mercado de Trabalho; Educação em Enfermagem; Sistema Único de Saúde.
GENERAL ABSTRACT
The Federal Constitution of 1988 (CF/88) guaranteed the right to health for all Brazilian
citizens and facing this reality a new health care system was created in attempt to supply the
needs of the population, as well as to intervene on determinants and constraints that influence
physical, psychological and social well-being of people. Thus, the system expects
professionals with ability and skills in accordance to the Unified Health System (SUS),
comprehending its principles and guidelines and committing with its defense. These
assumptions can be developed within training centers from resolutions, such as DCN/ENF
(resolution nº 03, November 2001) elaborated aiming to subside and guide Higher Education
Institutions (IES) regarding their Political Educational Projects (PPP) to develop qualification
focused on the real needs of the health system. Thus, this study aims to analyze qualification
of nursing students to the job market within the Unified Health System. It is an analytical,
cross-sectional and quantitative approach study, conducted in 2016, with 150 nursing
undergraduate students of a private institution in Alagoas. A questionnaire containing 26
objective and subjective questions concerning socio-demographic profile of subjects and their
impression about the course, teaching and learning process, nursing job market and collective
health. Data was collected, tabled into a Microsoft Excel® electronic spreadsheet, and
analyzed via application software, Statistical Package for Social Science - SPSS®, version
20. As result, a couple of articles were developed: Perspectives of Academic Formation of
Nursing Students to the Job Market within the Unified Health System and Nursing
Management and Administration in Public Health: perspectives of the student's performance
ability, besides of an intervention product: “SUScorrendo: first-aid training within the SUS”,
which aim was to bring nursing students from the first semesters into public health system
scenarios, where they could develop health education activities concerning first-aid. The new
health care model increased diversity of services and assistance offered to the population,
enhancing challenges in order to obtain care efficacy and quality. Among difficulties found, it
is noteworthy the training process in order to achieve a new profile of health professionals
based on the changes proposed by National Curricular Guidelines (DCN). Advances have
started, although, practice fields and scenarios for students training are still limited,
disfavoring development of skills. Besides, the new socio-demographic profile of nursing
students should be an item observed by the training units, because aspects related to it seems
to interfere in the teaching and learning proposals.
Keywords: Job Market; Nursing Training; Unified Health System.
LISTA DE TABELAS - ARTIGO 1
Tabela 1 – Dados sociodemográficos dos sujeitos pesquisados – Maceió (AL) 2016............24
Tabela 2 – Frequência de Expectativas em Relação ao Curso e sobre a Capacidade em
Preparar para o Mercado de Trabalho – Maceió (AL) 2016......................................,..............24
Tabela 3 - Frequência em ser Favorável a maior Vivência no SUS, entre Cursar Disciplina
Eletiva de Saúde Coletiva e já ter Vivenciado alguma Experiência de Ensino no SUS - Maceió
(AL) 2016..................................................................................................................................25
Tabela 4 - Associação entre Percepções sobre Mercado de Trabalho em Enfermagem e Saúde
e Capacidade de Realizar Educação em Saúde - Maceió (AL) 2016 .......................................26
Tabela 5 - Associação entre as atividades preventivas e de promoção em saúde juntamente
com outros profissionais de saúde - Maceió (AL) 2016 ..........................................................27
Tabela 6 - Associação entre Capacidade de Realizar Educação em Saúde em grupos
populacionais e Período do Curso - Maceió (AL) 2016 ..........................................................28
Tabela 7 - Associação da Capacidade de Realizar Atividades Assistenciais voltadas para os
cuidados de pacientes da Clínica Médica e Cirúrgica, com a Experiência de Ensino no SUS e
a Percepção sobre Mercado de Trabalho, voltado para o SUS - Maceió (AL) 2016................29
LISTA DE TABELAS – ARTIGO 2
Tabela 1 – Dados referentes à caracterização dos sujeitos pesquisados - Maceió (AL)
2016...........................................................................................................................................51
Tabela 2 - Frequência da capacidade do curso em preparar para o mercado de trabalho, com
dedicação de 8h diárias de suas atividades laborais ao setor público - Maceió (AL)
2016...........................................................................................................................................51
Tabela 3 - Frequência da expectativa de trabalho após a graduação - Maceió (AL)
2016...........................................................................................................................................52
Tabela 4 - Capacidade de Realizar a Supervisão da Equipe de Enfermagem na Saúde Pública
com o Período do Curso - Maceió (AL) 2016..........................................................................52
Tabela 5 - Associação entre a Capacidade de Realizar Planejamento de Ações em Saúde
Pública visando a Melhoria do Serviço e sua Relação aos Relacionamentos Interpessoais Maceió (AL) 2016 ....................................................................................................................53
Tabela 6 - Associação entre a capacidade de realizar reuniões administrativas com gestores,
profissionais e usuários de saúde, para tratar de assuntos da saúde pública e a percepção sobre
mercado de trabalho em enfermagem e sobre a saúde coletiva – Maceió (AL) –
2016...........................................................................................................................................54
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACS
Agente Comunitário de Saúde
AL
Alagoas
APS
Atenção Primária à Saúde.
CAPS
Centro de Atenção Psicossocial
CNE
Conselho Nacional de Educação
CNS
Conferência Nacional de Saúde
CES
Conselho Estadual de Saúde
CEP
Comitê de Ética e Pesquisa
CF
Constituição Federal
COFEN
Conselho Federal de Enfermagem
DCN
Diretrizes Curriculares Nacionais
DCN/ENF
Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Enfermagem
DEA
Desfibrilador Externo Automático
EPS
Educação Popular em Saúde
ESF
Estratégia Saúde da Família
FIES
Programa de Financiamento Estudantil
IES
Instituições de Ensino Superior
LDB
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
NASF
Núcleo de Apoio a Estratégia Saúde da Família
PCR
Parada Cardiorrespiratória
PES
Planejamento Estratégico em Saúde
PNH
Política Nacional de Humanização
PROUNI
Programa Universidade para Todos
REUNI
Programa de Apoio a Planos e Reestruturação e Expansão da Universidades
Federais
RSB
Reforma Sanitária Brasileira
SBV
Suporte Básico de Vida
SUS
Sistema Único de Saúde
TCLE
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UBS
Unidade Básica de Saúde
UFAL
Universidade Federal de Alagoas
UFPB
Universidade Federal da Paraíba
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO GERAL............................................................................................. 14
ARTIGO 1
PERSPECTIVAS DA FORMAÇÃO ACADÊMICA DE DISCENTES DE
ENFERMAGEM PARA O MERCADO DE TRABALHO NO SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE................................................................................................................................17
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................19
1.1 MÉTODOS................................................................................................................... 23
1.2 RESULTADOS ........................................................................................................... 24
1.3 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 30
1.4 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 39
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 40
ARTIGO 2
GESTÃO E GERÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE PÚBLICA: PERSPECTIVA
DA CAPACIDADE DE ATUAÇÃO DO DISCENTE ...................................................45
2. INTRODUÇÃO .............................................................................................................47
2.1 MÉTODOS ..................................................................................................................50
2.2 RESULTADOS ........................................................................................................... 51
2.3 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 55
2.4 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 62
REFERÊNCIAS................................................................................................................ 63
3. PRODUTO..................................................................................................................... 67
3.1 INTRODUÇÃO . .........................................................................................................67
3.2 PROCEDIMENTOS E MÉTODO............................................................................ 69
3.2.1 Tipo de projeto de Intervenção .............................................................................. 69
3.2.2 Situação Problema.................................................................................................... 70
3.2.3 Movimento de parcerias Internas e Externas........................................................ 70
3.2.4 Seleção e Capacitação dos Discentes....................................................................... 71
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................ 71
3.3.1 Capacitação dos Alunos em Primeiros Socorros................................................... 71
3.3.2 Vivenciando o SUS: primeiros-socorros para a equipe de Consultório na
Rua...................................................................................................................................... 73
3.4 CONCLUSÃO............................................................................................................. 78
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 79
CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TRABALHO ACADÊMICO ................................. 81
REFERÊNCIAS GERAIS DO TRABALHO ACADÊMICO ...................................... 83
APÊNDICE A – APOSTILA DE PRIMEIROS-SOCORROS .....................................91
ANEXO A – QUESTIONÁRIO AUTOAPLICADO..................................................... 95
ANEXO B – AUTORIZAÇÃO DO CEP........................................................................ 98
14
APRESENTAÇÃO GERAL
Esta pesquisa foi desenvolvida no programa de pós-graduação Mestrado Profissional em
Ensino na Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas e teve como
objetivo analisar as perspectivas dos graduandos de enfermagem quanto sua formação para
atuação no mercado de trabalho do SUS. O presente trabalho surgiu da necessidade de
compreender e analisar como os alunos da graduação em Enfermagem se avaliam em termo de
competências e habilidades profissionais futuras, e se percebem no mercado de trabalho do SUS,
visto que, este setor ainda é o que mais emprega a categoria Enfermeiros no âmbito da saúde.
Visto as mudanças relacionadas às Diretrizes Nacionais Curriculares para a formação
em Enfermagem (DCN/ENF) em 2001 e baseado no pressuposto de que cabe ao SUS deliberar
as necessidades de seus recursos humanos, surgiu o interesse de analisar se tais mudanças
propostas alcançaram os projetos políticos pedagógicos das Instituições de Ensino Superior (IES)
sendo capaz de oferecer ao mercado de trabalho profissionais com competência técnicocientífica e com potencial crítico e reflexivo, que transforme a realidade em que atuam a partir de
um olhar holístico e integral, além do uso de uma criatividade que priorize uma atuação pautada
nos princípios e diretrizes do SUS.
Durante os meus 12 anos de docência na Enfermagem, desde 2005, atuando no nível
médio, de graduação e pós-graduação, foi possível observar pontos evolutivos e favoráveis no
processo de Ensino e Aprendizagem, como o entendimento sobre a necessidade da congruência
entre a teoria e sua íntima relação com a prática, bem como professores introduzindo diversas
metodologias que diferiam das vigentes na época, em uma tentativa de melhorar a troca de
conhecimento entre professor e aluno, que por vezes ficou inerte ao verticalismo docente. Porém,
havia situações que pareciam interromper com a condição de aprimoramento e melhoria das
relações entre docentes, discentes e instituições de ensino, um exemplo visto, eram as formações
profissionais voltadas para o tecnicismo com ênfase nas especializações. Nesse contexto, as
instituições de ensino ofereciam suas vagas e garantiam suas formações baseadas em conceitos
teóricos e científicos pré-formulados, oriundos muitas vezes de locais regionalmente e
culturalmente diferentes daqueles vivenciados por alunos do Nordeste, meu local de atuação.
Outro fator a se ressaltar é que a maior parte das referências bibliográficas utilizadas na
área da Enfermagem vem de traduções internacionais, ou seja, de realidades que diferem daquilo
que muitas vezes podíamos como docentes, experienciar com os alunos, ficando no campo do
imaginário e das especulações os problemas e as intervenções pertinentes às realidades locais.
15
As DCN/ENF sugerem as IES que ajustem suas matrizes e de seus projetos
pedagógicos, a partir da resolução que as regulamenta (Resolução nº 3 do dia 11 de novembro de
2001). A resolução em tela propõe Enfermeiros com formação generalista, humanista, crítica e
reflexiva, e para isso, oferece orientações de como alcançar tal perfil. O propósito é de formar
profissionais com competência e qualificação para o Exercício de Enfermagem com base no
rigor científico e intelectual, porém alicerçado em princípios éticos. Esses profissionais deverão
ser capazes de intervir sobre os problemas/situações de saúde-doença mais prevalentes no perfil
epidemiológico nacional, porém com ênfase na sua região de atuação, identificando seus
condicionantes e determinantes. Ainda, capacitado para atuar com responsabilidade social e
compromisso com a cidadania (BRASIL, 2001).
No que se refere às instituições dos cursos de graduação em saúde, em específico os de
Enfermagem, essa resolução orienta articular ensino, pesquisa, extensão e assistência, para
garantir um aprendizado construído a partir de um perfil almejado pelo o SUS e pelas
necessidades reais do contexto saúde, tendo autonomia local. Nas academias, os graduandos
deverão desenvolver uma visão de educar para a cidadania e para a ética, sendo estimulados à
dinâmicas de trabalho interdisciplinares, com atividades teórico-práticas desde o início do curso,
permeando toda a formação do Enfermeiro. As metodologias no processo relacionadas com o
processo de ensinar e aprender devem estimular o graduando a refletir sobre a realidade social,
aprendendo a aprender (BRASIL, 2001).
Neste sentido, após 16 anos da criação das diretrizes e das sugestões para o
direcionamento dos cursos na área de Enfermagem, ainda é possível perceber que alguns
modelos pedagógicos, ainda parecem distantes do proposto pelas DCN/ENF. Neste sentido, os
discentes da graduação em Enfermagem, na IES pesquisada, cursam matérias de base como:
anatomia, fisiologia, bioquímica, imunologia e se deparam com matérias práticas, quando têm
contato com os sujeitos ativos do contexto saúde, só a partir do 4º período na disciplina de Saúde
Coletiva. Além disso, as práticas reducionistas e especializadas fazem parte do contexto das salas
de aula nos discursos dos discentes que já referenciam maior dedicação na academia para áreas
de atuação que pretendem exercer suas atividades laborais após a formação, por não
compreenderem a visão generalista e totalitarista que propõe o SUS.
Outro fato importante, na atividade docente atual, foi que ao ministrar a disciplina de
Saúde da Família de aplicação apenas teórica aos alunos do 3º período do curso, que tinha como
eixos de conhecimento as temáticas pertinentes ao SUS, foi notória a "insatisfação" dos alunos
sobre o conteúdo das legislações, princípios e diretrizes. Ainda, o comportamento de não
16
contentamento pelo sistema onde ao final da disciplina, os próprios estudantes ecoavam a
bandeira levantada por grande massa de usuários do SUS “tudo é bonito no papel”.
De acordo com Dias et al. (2016) é possível ver os avanços quanto aos direitos à saúde
proporcionados pelo SUS, porém maiores também são os desafios e eles emergem e demandam
constantes movimentos de mudança no sentido de sanar essas dificuldades. Um dos principais
obstáculos para a melhoria da assistência prestada e para efetividade do sistema é a falta de
profissionais com formação adequada para atuar no SUS. Então novas estratégias deverão ser
dirigidas à transformação dos recursos humanos, porém, para que isso aconteça, deve haver
vontade política, busca de conhecimentos, habilidades, novos comportamentos e processos
organizativos que desenvolvam serviços de saúde melhores. Diante deste cenário viu-se a
necessidade de responder a seguinte questão norteadora: Quais as perspectivas dos graduandos
de enfermagem quanto a sua formação para o mercado de trabalho do SUS?
Tais perspectivas foram analisadas a partir de um questionário com os 150 alunos do
curso de Enfermagem da IES privada, na qual sou funcionária e, emergiram dois artigos, o
primeiro intitulado: “Perspectivas da Formação Acadêmica de Discentes de Enfermagem para o
Mercado de Trabalho no Sistema Único de Saúde”, que será apresentado a seguir. O segundo
artigo tem como título: Gestão e Gerência de Enfermagem na Saúde Pública: perspectivas da
capacidade de atuação do discente, também apresentado nesse trabalho acadêmico.
17
ARTIGO 1
PERSPECTIVAS
DA
FORMAÇÃO
ACADÊMICA
DE
DISCENTES
DE
ENFERMAGEM PARA O MERCADO DE TRABALHO NO SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE
RESUMO
O Sistema Único de Saúde (SUS) criado a partir da constituição de 1988 (CF/1988) teve como
marco primordial permitir um maior acesso à saúde pela população brasileira. Tendo como
pilares de sustentação seus princípios e diretrizes este sistema estabeleceu maior cobertura
assistencial, e tal marco ampliou a necessidade de capitação trabalhista, além de estabelecer
mudanças no perfil dos trabalhadores da saúde que passaram a considerar o trabalho em saúde
como um eixo estruturante da melhoria da qualidade de vida da população. Diante de tal fato, as
unidades formadoras tentam sincronizar seus currículos pedagógicos a esta realidade e, porque
não, em uma visão futurística de absorção de seus egressos no mercado de trabalho do SUS.
Objetivo geral: analisar as perspectivas dos graduandos de enfermagem quanto sua formação
para atuação no mercado de trabalho do SUS. Trata-se de um estudo analítico, transversal e de
abordagem quantitativa, realizado em 2016, com 150 graduandos de enfermagem de uma
faculdade particular em Alagoas. Foi utilizado um questionário composto por 26 perguntas
abertas e fechadas que versavam sobre o perfil sociodemográfico dos pesquisados, impressões
dos sujeitos em relação ao curso, processo de ensino e aprendizagem, mercado de trabalho em
enfermagem e saúde coletiva. Os dados foram coletados e tabulados em planilha eletrônica
Microsoft Excel® e analisados em software aplicativo Statistical Package for Social Science SPSS®, versão 20. Os estudantes apresentaram a idade média de 27 anos, 46% destes era natural
do interior de Alagoas e 82% deles positivam satisfação quanto sua formação acadêmica.
Destacou-se o desejo em 96,7% dos discentes em experienciar uma maior vivência no SUS a
partir de uma disciplina eletiva com conteúdo de saúde coletiva como o SUS e a Estratégia
Saúde da Família (ESF). Quando foram questionados sobre a capacidade de realizar atividades
assistenciais voltadas para os cuidados de pacientes da clínica médica e cirúrgica e educação em
saúde, onde os estudantes demonstraram mais esta capacidade no grupo que disse possuir
experiência de ensino no SUS, embasado na presença de diferença estatística (p= 0,000 e
p=0,001) respectivamente. O odds ratio de 4,03 e 3,8 mostra que o estudante que possuía alguma
experiência de ensino no SUS tem razão de chances em 4,03 e 3,8 vezes maior de apresentar
capacidade de realizar atividades assistenciais voltadas para cuidados de usuários da clínica
médica e cirúrgica; e educação em saúde que aquele estudante que não obteve esta experiência
no SUS. Assim, a inclusão dos estudantes de enfermagem nos campos de atuação de
Enfermeiros no SUS, parece proporcionar, ao futuro egresso, uma melhor perspectiva de atuação
no mercado de trabalho. Tais momentos são capazes de promover um contato com o modelo
assistencial de saúde propiciando experiência e conhecimentos que culminarão no
desenvolvimento de maior habilidade, além de uma maturidade profissional.
Descritores: Mercado de Trabalho; Educação em Enfermagem; Sistema Único de Saúde.
18
ABSTRACT
PERSPECTIVES OF ACADEMIC FORMATION OF NURSING STUDENTS TO THE
JOB MARKET WITHIN THE UNIFIED HEALTH SYSTEM
The Unified Health System (SUS) created from the Federal Constitution of 1988 (CF/1988)
guaranteed wider health access to the Brazilian population. Its principles and guidelines are the
supporting pillars for this system, establishing greater care coverage, increasing need for labor
recruitment, besides promoting changes in the health workers profiles regarding the fact that
health care aim is to improve population quality of life. Thus, training units try to synchronize
their educational curriculum to this reality, or even to an upcoming integration of students into
the SUS job market. General object: to analyze the perspectives of nursing undergraduate
students regarding their training to work in the SUS job market. It is an analytical, crosssectional and quantitative approach study, conducted in 2016, with 150 nursing undergraduate
students of a private institution in Alagoas. A questionnaire containing 26 objective and
subjective questions concerning socio-demographic profile of subjects and their impression
about the course, teaching and learning process, nursing job market and collective health. Data
was collected, tabled into a Microsoft Excel® electronic spreadsheet, and analyzed via
application software, Statistical Package for Social Science - SPSS®, version 20. Students were
in average 27 year-old, 46% were from the countryside of the state of Alagoas, and 82% were
satisfied with their academic education. It is noteworthy that 96.7% of the students wished to
experience more the SUS routine as an elective module with collective health content, such as
the SUS and Family Health Strategy (ESF). When they were asked about the capacity to promote
care activities toward patient care in the medical and surgical clinic and health education,
students from the group with experience in SUS training were more affirmative, based on the
statistical difference (p= 0.000 e p=0.001), respectively. Odds ratio of 4.03 and 3.8 show that the
student who had some teaching experience in the SUS had odds ratio 4.03 and 3.8 times bigger
to be able to execute care activities regarding patients care in the medical and surgical clinic and
health education than those student who did not present experience in the SUS. Thus, the
inclusion of nursing students in the field of action of nurses in the SUS seems to provide to the
future student a better perspective of work in the labor market. Such moments are capable of
promoting contact with the health care model enabling experience and knowledge which will
provide skill development and professional maturity.
Keywords: Job Market; Nursing Education; Unified Health System.
19
1 INTRODUÇÃO
O Sistema Único de Saúde (SUS) criado a partir da Constituição Federal de 1988
(CF/1988) teve como marco primordial permitir um maior acesso à saúde pela população
brasileira. Tendo como pilares de sustentação seus princípios e diretrizes, este sistema garantiu o
direito à saúde tendo como fundamento os princípios da integralidade, equidade e
universalidade.
Baseadas nestas constatações, novas políticas de saúde foram criadas
proporcionando ampliação, tanto em termos de cobertura assistencial, quanto em relação aos
seus gastos correntes em investimentos e em pessoal. Ademais, a consolidação do SUS
estimulou o crescimento de diversos segmentos industriais e de serviços voltados para o
suprimento das necessidades que englobam o contexto saúde (DEDECCA; TROVÃO, 2013).
Ainda, como alicerce prático e político, construído a partir de vários segmentos sociais a
Reforma Sanitária Brasileira (RSB) foi um marco para a idealização do SUS, visto ser um
processo consumado a partir de um projeto de mudanças que propôs a democratização da saúde,
do Estado e da sociedade. Tal movimento teve vigência na ditadura militar, onde o modelo de
saúde da época era segmentado e fragmentado, excluindo a população mais pobre, centrando a
atenção em consultórios médicos e hospitais privados. Neste sentido, a RSB foi impulsionada
pela crítica ao modelo vigente e na idealização da construção de um novo sistema de saúde para
o país (PAIM, 2012).
As modificações propostas por tal reforma ao setor foram além de uma reforma apenas
sanitária, pois englobou uma reforma administrativa, agrária, bem como conseguiu profundas
reformas urbanas e financeiras, sendo sintetizado e legitimado no relatório final da 8ª
Conferência Nacional de Saúde (CNS). Para a totalidade destas mudanças acontecerem, foram
incorporadas quatro dimensões que deveriam ser integralmente percebidas e incorporadas como
eixos direcionadores da atenção e do cuidado nos serviços de saúde (PAIM, 2012).
Compreende-se sobre elas: a dimensão específica que está relacionada ao processo
saúde-doença nas populações, onde se considera sua relação com o meio; a dimensão ideológica
baseada em valores, juízos e símbolos capazes de expressar a história sanitária local; a dimensão
institucional que atua na prática dos campos das instituições que compõem o setor saúde; e na
dimensão das relações que compreendem a organização da sociedade e sua produção a partir de
um determinado momento histórico. Neste cenário, ao adotar esses conceitos ideológicos
multidimensionais, exigiu-se também uma reformulação profunda no próprio conceito de saúde,
20
revendo-se a legislação no que diz respeito á promoção, proteção e recuperação da saúde (PAIM,
2012).
O conceito ampliado de saúde propôs assim uma rede de assistência voltada para a
afirmação de que os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do país, ou
seja, que a partir de determinantes e condicionantes, como alimentação, moradia, saneamento
básico e dentre outros, a saúde poderá sofrer influências negativas ou positivas (MAFFISSONI
et al., 2017). Tal fato contribuiu para a necessidade de expandir setores, instituições e o
quantitativo de profissionais de saúde a fim de manter o equilíbrio destes fatores e controlar,
através de um modelo de vigilância, seus possíveis estímulos.
Em um estudo transversal realizado por Machado et al. (2016) cuja população alvo foi
constituída por 1,8 milhões de profissionais de enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares
de enfermagem), com registro ativo no Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), foi possível
destacar as modalidades institucionais em que a equipe de enfermagem desenvolviam suas
atividades, englobando tanto instituições privadas como públicas. Esta pesquisa destacou que
56,6 % desses profissionais trabalhavam em hospitais, 18,1% atuavam em Unidades Básicas de
Saúde (UBS) e outros serviços de saúde similares como Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
e Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF). Foram apontados profissionais em segmentos
ambulatoriais que incluíram clínicas, policlínicas, unidades mistas e outros serviços sem
internação, concentrando 6,1% do total de profissionais. Já as unidades de diagnóstico e terapia
totalizam mais de 0,1%.
Os resultados acima confirmam a magnitude das áreas de atuação dos recursos humanos
na saúde, em destaque os de enfermagem, sendo identificada uma crescente absorção desta
categoria nas diferentes esferas de governo e níveis de complexidade. Como afirmam Dedecca e
Trovão (2013), a esfera trabalhista constitui-se em uma das dimensões relevantes que o setor
saúde carrega, onde a expansão dos serviços de atendimento revela uma abertura para geração de
novas oportunidades no mercado de trabalho. Nesse contexto, o âmbito assistencial convive com
uma expansão expressiva e recorrente de seu nível ocupacional, sobrepondo-se inclusive à
conjuntura econômica do país.
Ressalta-se aqui, que além dos aspectos quantitativos advindos da RSB e da
promulgação da CF/1988, novos modelos de atenção à saúde também emergiram pela
necessidade de suprir as necessidades de um perfil assistencial voltado para a visão de um todo, e
não mais pelos fragmentos e especificidades do conhecimento. Para atender às novas
determinações da realidade econômica, social e política do país, o mercado de trabalho passa a
21
exigir profissionais com formação generalista, capazes de atuar em diferentes níveis de atenção à
saúde, e não mais concentrando a formação em enfermagem no âmbito hospitalar (BARROS
NETO et al., 2014)
No entanto, percebe-se que as transformações que ocorreram ao longo da formação do
profissional enfermeiro, foram direcionadas para se ajustar às exigências do mercado, sendo esse
eixo econômico, determinante das mudanças curriculares que os cursos tiveram. Neste sentido,
as mudanças no modelo assistencial do SUS, grande empregador do setor saúde, vêm apontando
para uma transformação do perfil dos futuros trabalhadores, por meio da adoção de estratégias
dirigidas ao campo da formação, onde profissionais possam construir seu aprendizado com base
nos princípios e diretrizes deste, sendo agentes transformadores e formadores no processo saúdedoença (BARROS NETO et al., 2014; WINTERS; PRADO; HEIDEMANN, 2016).
Sobre tal aspecto Martini et al. (2017) apontam que a formação desses profissionais
deve seguir os pressupostos da reforma curricular dos cursos de graduação. Tal reforma emergiu
da necessidade de reorientar os currículos pedagógicos, a partir dos desafios educacionais
colocados pela globalização onde o conhecimento incorpora um papel fundamental. Renovar os
sistemas educacionais na direção de indivíduos com maior domínio de habilidades culturais,
empreendedoras e autônomas, proporciona o empoderamento dos processos de trabalho
tecnológicos e complexos que constituem o mundo moderno.
Nesse cenário, a graduação na área de saúde, em relação à enfermagem, precisou
encontrar formas de preparar e desenvolver profissionais com competências crítico reflexivas,
com ética e conhecimento da política para prestar cuidados de enfermagem, na tentativa de
distanciar o conhecimento centrado na técnica, no saber biológico e tradicional capaz de reduzir
os indivíduos apenas em parte de uma matéria (MARTINI et al., 2017).
Para que tais mudanças fossem possíveis, novas estratégias surgiram e, como marco
inicial, consta a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de nº 9.394 de 1996, que
teve como prioridade especificar a responsabilidade da União em assegurar o processo avaliativo
nacional, com definição de prioridades e centrado na melhoria da qualidade do ensino. Diante
disso, o Conselho Nacional de Saúde e Câmara de Ensino Superior (CNE/CES), através do
Parecer nº 1.133/2001, reforçou a articulação entre Educação Superior e Saúde com a finalidade
da formação geral e específica dos egressos/profissionais, destacando a promoção, prevenção,
recuperação e reabilitação da saúde. Após essa normativa, na área da enfermagem, foi aprovada
a Resolução CNE/CES nº 3 de 07 de novembro de 2001, que definiu as Diretrizes Curriculares
22
Nacionais para o Curso de Graduação em Enfermagem (DCN/ENF) (MARTINI et al., 2017;
FERNANDES; REBOUÇAS, 2013).
As DCN/ENF, atualmente em vigor, estimulam as mudanças nas fragilidades presentes
na prática assistencial onde a atuação profissional dos Enfermeiros se volta para ações tecnicistas
e de teor curativo, com base em um modelo de formação reducionista e previamente formulado.
O que se propõe com as DCN/ENF é a adoção de estratégias dirigidas ao desenvolvimento de
profissionais com base nos princípios e diretrizes do SUS, no conceito ampliado de saúde, na
busca de metodologias de ensino que considerem o trabalho em saúde eixo estruturante das
atividades, baseado do trabalho interdisciplinar, na integração ensino e serviço, onde um novo
modelo assistencial seja oferecido a partir de um novo modelo de formação (WINTERS;
PRADO; HEIDEMANN, 2016).
O modelo de formação em referência estimula experiências práticas no ensino, que se
baseiam em pressupostos do SUS como a integralidade e a humanização, dentro de um cenário
real de saúde, formando profissionais mais críticos, criativos e resolutivos. Os referidos
pressupostos indicando que os desafios serão múltiplos tornando-se de fundamental a realização
de estudos que aprofundem as imprecisões teóricas inquietantes, salientando as superações das
dificuldades, sendo possível em transpor orientações propostas nas DCN/ENF para os cenários
do processo de formação (FERNANDES; REBOUÇAS, 2013). Assim, surgiu a seguinte questão
norteadora da pesquisa: quais as perspectivas dos graduandos de enfermagem quanto sua
formação para o mercado de trabalho do SUS?
A hipótese da pesquisa foi que os estudantes de Enfermagem estejam sendo formados
com perspectivas positivas de atuação para mercado de trabalho do SUS, vistos a partir do
desenvolvimento de habilidades e competências em sua assistência diante da realidade desse
sistema (COSTA, 2009).
O estudo teve como objetivo geral analisar as perspectivas dos graduandos de
enfermagem quanto a sua formação para atuação no mercado de trabalho do SUS. Esse estudo se
justificou, porque o modelo de atenção sugerido pelo SUS implica o desafio de redirecionar as
práticas de prestação de serviços, além da formação de profissionais de saúde para um olhar
direcionado para as necessidades individuais e coletivas da população. Visto que um dos
objetivos/atribuições do SUS é a participação na formação dos recursos humanos em saúde, se
faz necessário que as escolas estejam amparadas em políticas intersetoriais que reflitam práticas
de formação reais, baseadas no atual sistema de saúde que norteia seu cuidar (FERNANDES;
REBOUÇAS, 2013).
23
Baseado nos dados sobre a formação para SUS revelado pelos discentes é possível
compreender o quanto as unidades formadoras vêm contribuindo para a implantação das
mudanças curriculares, e mais importante, para mudança no perfil dos profissionais de saúde
exigido pelo mercado de trabalho do SUS. Em um mercado que reflete uma maior
competitividade, se destacam aqueles que possuem competência técnico-científica e com
capacidade de criação e habilidade na resolução de problemas, provavelmente advindas das
experiências reais que vivenciam durante sua formação. Além disso, aspectos que apontam para
a singularidade dos sujeitos e para o aprofundamento das relações pessoais entre os protagonistas
do contexto saúde, deverão constituir um eixo norteador e de habilidade presente no perfil deste
profissional.
1.1 MÉTODOS
Trata-se de um estudo analítico, transversal e de abordagem quantitativa realizado em
2016 com graduando de enfermagem de uma faculdade particular em Alagoas. Os discentes
foram distribuídos entre os 10 períodos do curso para garantir a participação dos vários níveis de
desenvolvimento acadêmico que compõem o curso de enfermagem. A amostra foi composta por
15 estudantes para cada período resultando em um total de 150 pesquisados.
Durante a pesquisa, os graduandos responderam a um questionário produzido e já
reconhecido através da literatura nacional e internacional, adaptado ao curso de Enfermagem
(COSTA, 2009) composto por 26 perguntas abertas e fechadas, composto por 05 partes: perfil
sociodemográfico dos pesquisados, impressões dos sujeitos em relação ao curso, processo de
ensino e aprendizagem, mercado de trabalho em enfermagem e saúde coletiva (SUS e ESF)
(ANEXO I). O questionário foi entregue em sala de aula pela pesquisadora que se encontrava
disponível para a retirada de dúvidas e aceite de possíveis desistências durante o preenchimento
do questionário. O tempo médio para preenchimento do instrumento foi de 15 minutos.
Os dados coletados na pesquisa foram tabulados em planilha eletrônica Microsoft
Excel® e analisados em software aplicativo Statistical Package for Social Science - SPSS®,
versão 20. As análises foram realizadas com base no tipo de dado (nominal, ordinal, contínuos e
discretos) e para a análise estatística descritiva foram calculadas: frequência, média, desviopadrão, erro padrão da média e Intervalo de Confiança de 95%. Para a análise inferencial foram
utilizados os teste Qui-quadrado, seguido do Teste Exato de Fisher em casos dos valores
esperados menores de 5. Para comparação de médias entre os grupos foi utilizado o teste t de
24
student de amostras independentes. Para todas as análises as diferenças entre os grupos foram
consideradas significativas com valores de p < 0,05. Foram consideradas as diferenças
detectadas das variáveis entre os grupos que se percebiam capazes em realizar atividades
relacionadas à sua atuação no SUS.
O projeto foi aprovado pelo CEP da Faculdade Estácio de Alagoas com processo
número 1.380.775 e CAAE: 46912515.4.0000.5012 em 23 de dezembro de 2015.
1.2 RESULTADOS
A amostra foi composta por 150 alunos de enfermagem e apresentou a idade média de
27 anos (desvio padrão ± 7,181), sendo 88% com predominância do sexo feminino, 46% natural
do interior de Alagoas (Tabela 1).
Tabela 1 – Dados sociodemográficos dos sujeitos pesquisados - Maceió (AL) - 2016.
N
Idade
Sexo
Feminino
Masculino
Naturalidade
Maceió
Interior de Alagoas
Outras capitais
Outras cidades do
interior do Brasil
%
150
132
18
88
12
66
69
6
8
44
46
4,3
5,7
Média
Mín. - Máx
Desvio padrão
27,87
17 - 53
± 7,181
Fonte: produzido pela autora, 2016.
Em relação às expectativas ao curso 76,6% dos alunos, estes afirmaram estarem
supridos com a sua formação em Enfermagem, e ainda 82% positivam satisfação quanto esta
formação voltada para o mercado de trabalho do SUS (Tabela 2).
Tabela 2 – Frequência de expectativas em relação ao curso e sobre a capacidade em
preparar para o mercado de trabalho - Maceió (AL) - 2016.
O curso atende às suas expectativas
Sim
Não
Em parte
N
115
1
34
(%)
76,6
0,7
22,7
25
Continua
Sim
Não
Não sei
Capacidade do curso em preparar para o mercado de trabalho
N
(%)
123
82
10
6,7
17
11,3
Fonte: produzido pela autora, 2016.
Apesar do nível de satisfação evidenciado destaca-se, no universo pesquisado, o desejo
de 96,7% dos discentes de experienciar uma maior vivência de Ensino durante a graduação no
SUS, com 57,3% afirmando o interesse quanto à ampliação da proposta de integração entre
ensino e serviço a partir de uma disciplina eletiva constituída de conteúdos de saúde coletiva
como o SUS e a Estratégia Saúde da Família (ESF). Outro dado importante está na afirmação de
que 68% desses cursistas já vivenciaram, durante algum momento acadêmico, experiências de
ensino em disciplinas direcionadas para o SUS (Tabela 3).
Tabela 3 - Frequência em ser favorável a maior vivência no SUS, em cursar disciplina
eletiva de Saúde Coletiva e já ter vivenciado alguma experiência de Ensino no SUS Maceió (AL) – 2016.
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Favorável a proposta do curso em maior vivência no SUS
N
(%)
145
96,7
5
3,3
Cursar a Disciplina de Saúde Coletiva em caso
de Disciplina Eletiva
N
(%)
86
57,3
64
42,7
Experiência de ensino no SUS
N
(%)
102
68
48
32
Fonte: produzido pela autora, 2016.
Em relação à capacidade de realizar educação em saúde para grupos populacionais os
pesquisados que demonstraram maior aptidão estavam entre aqueles que responderam também
possuir experiência de ensino em disciplinas no SUS (odds = 3,8; p= 0,001,). Os alunos que
referiram sentir-se preparado para atuar no SUS, apresentaram uma associação estatisticamente
significativa para a capacidade de realizar educação em saúde para grupos populacionais (odd=
3,92; p = 0,029) (Tabela 4).
Nesse universo, estudantes que demonstraram interesse em cursar disciplinas que
envolvem conteúdos de saúde coletiva no SUS (mesmo que elas fossem optativas) apresentaram
26
resultados de associação estatística significativa com a capacidade de realizar educação em saúde
para grupos populacionais (odds = 3,29; p = 0,02) (Tabela 4).
Tabela 4 - Associação entre percepções sobre mercado de trabalho em enfermagem e saúde
e capacidade de realizar educação em saúde - Maceió (AL) – 2016.
Capacidade de realizar educação em saúde para
grupos populacionais
Sim
P Valor
OR
IC 95%
18
0,7
4
0,318*
-
-
22
9
3
14,7
6,0
2,0
0,669*
-
-
30,7
26,0
9,3
6,0
5,3
13
9
7
4
1
8,7
6,0
4,7
2,7
0,7
0,581*
-
-
76,7
0,7
34
0
22,7
0
1,00*
0,77
0,70-0,84
58,0
19,3
15
19
10
12,7
0,001
3,8
1,71-8,43
110
6
73,3
4,0
28
6
18,7
4,0
0,029*
3,92
1,17-13,11
110
6
73,3
4
28
6
18,7
4
0,02
3,92
1,17-13,11
N
O curso de Enfermagem da IES está
capacitando para a inserção no atual
mercado de trabalho
Sim
96
Não
9
Não sei
11
O mercado de trabalho está propício aos
futuros Enfermeiros assistenciais
Sim
82
Não
23
Não sei
11
Onde gostaria de exercer a profissão
Interior de Alagoas
46
Maceió
39
Grandes centros
14
Não sei
9
Outro
8
Pretende especializar
Sim
115
Não
1
Possui alguma experiência de ensino no
SUS
Sim
87
Não
29
Sente-se preparado para atuar no SUS
Sim
Não
Faria as disciplinas que envolvem o
conteúdo da saúde coletiva se optativas.
Sim
Não
Não
%
N
%
64
6
7,3
27
1
6
54,7
15,3
7,9
*Realizado teste exato de Fisher considerando p < 0,05.
Quando foram questionados sobre a capacidade de realizar atividades preventivas e de
promoção em saúde juntamente com profissionais de outras áreas da saúde (atividades
multiprofissionais), os estudantes demonstraram mais esta capacidade no grupo que respondeu
também ter possuído experiência de ensino em disciplinas no SUS, com base na presença de
diferença estatística (p= 0,018). O odds ratio de 3,69 mostra que o estudante que possuía alguma
27
experiência de ensino em disciplinas no SUS tem razão de chances em 3,69 vezes maior de
apresentar capacidade de realizar atividades preventivas e de promoção em saúde junto a outros
profissionais da saúde do que aquele estudante que não obteve esta experiência no SUS (Tabela
5).
Tabela 5 - Associação entre às atividades preventivas e de promoção em saúde juntamente
com outros profissionais de saúde – Maceió (AL) – 2016.
Capacidade de realizar atividades de prevenção e
promoção em Saúde na equipe multidisciplinar.
Sim
Não
P
OR
IC 95%
valor
N
%
N
%
Expectativa de trabalho depois da graduação
Setor public
Setor privado
Setor público e privado
Magistério
Administração dos serviços de saúde
Pesquisa
O curso de enfermagem da IES está
capacitando para a inserção no atual mercado
de trabalho
Sim
Não
Não sei
O mercado de trabalho está propício aos
futuros enfermeiros assistenciais
Sim
Não
Não sei
Onde gostaria de exercer a profissão
Interior de Alagoas
Maceió
Grandes centros
Não sei
Outro
Pretende especializar
Sim
Não
Possui alguma experiência de ensino no SUS
Sim
Não
Sente-se preparado para atuar no SUS
Sim
Não
Faria as disciplinas que envolvem o conteúdo
da Saúde Coletiva se optativas.
Sim
Não
31
2
96
3
1
2
20,7
1,3
64
2,0
0,7
1,3
6
0
8
1
0
0
4
0,0
5,3
0,7
0,0
0,0
109
10
16
72,7
6,7
10,7
14
0
0
91
31
13
60,7
20,7
8,7
54
43
17
12
9
0,404
-
-
9,3
0,0
0,0
0,064
-
-
13
1
1
8,7
0,7
0,7
0,373
-
-
36
28,7
11,3
8
6
5
5
4
1
0
3,3
3,3
2,7
0,7
0,0
0,622
-
-
134
1
89,3
0,7
15
0
10
0,0
0,900
0,89
0,852 - 0,949
96
39
64
26
6
9
4
6
0,018
3,69
1,23 - 11,07
104
31
69,3
20,7
9
6
6
4
0,129
2,23
0,73 - 6,77
126
9
84
6
12
3
8
2
0,103
3,50
0,83 - 14,69
*Realizado teste exato de Fisher considerando p < 0,05.
Ao se avaliar a associação entre a capacidade de realizar educação em saúde para
grupos populacionais e o período letivo cursado, encontrou-se significância estatística (p =
28
0,000), sendo esta capacidade diferente nos 10 períodos do curso. Nota-se que percentuais
maiores ou iguais a 80% apontando apresentarem esta capacidade a partir do 4º período do curso
(Tabela 6).
Tabela 6 - Associação entre capacidade de realizar educação em saúde em grupos
populacionais e período do curso – Maceió (AL) – 2016
Capacidade de realizar educação em saúde para grupos
populacionais
Sim
Não
IC 95%
p valor OR
N
%
N
%
PERÍODO
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
6
8
6
12
13
14
15
14
13
15
40,0
53,3
42,9
80,0
81,3
93,3
100
93,3
86,7
100
9
7
8
3
3
1,0
0,0
1,0
2,0
0,0
60,0
46,7
57,1
20,0
18,8
6,7
0,0
6,7
13,3
0,0
0,000
-
* Realizado teste Exato de Fisher considerando significância de p ˂ 0,05.
Quando questionados sobre a capacidade de realizar atividades assistenciais voltadas
para os cuidados de pacientes da clínica médica e cirúrgica, os estudantes que responderam
também possuir experiência de ensino em disciplinas no SUS demonstraram maior preparo para
tais cuidados com base na presença de diferença estatística (p= 0,000). O odds ratio de 4,03
mostra que o estudante que possuía alguma experiência de ensino no SUS tem razão de chances
em 4,03 vezes maior de apresentar capacidade de realizar atividades assistenciais voltadas a
pacientes da clínica médica e cirúrgica do que aquele estudante que não obteve experiência de
ensino no SUS.
Já em relação ao aluno que referiu sentir-se preparado para atuar no SUS, este apresenta
associação estatisticamente significativa com a capacidade de realizar atividades assistenciais
voltadas aos cuidados de pacientes da clínica médica e cirúrgica (p = 0,002). Estudantes que se
dizem preparados para atuar no SUS, apresenta 3,26 vezes mais razões de chances de apresentar
capacidade de realizar atividades assistenciais voltadas para os cuidados de pacientes da clínica
médica e cirúrgica que aqueles que não se sentem preparados para esta atividade.
Estudantes que demonstraram interessem em realizar disciplinas formadas por
conteúdos de saúde coletiva (SUS e ESF), mesmo se estas fossem apenas optativas,
apresentaram associação significativa com a capacidade de realizar atividades assistenciais
voltadas para os cuidados de pacientes da clínica médica e cirúrgica (p = 0,035). Estudantes que
29
se dizem dispostos a realizar disciplinas relativas a conteúdo de saúde coletiva (SUS e ESF)
mesmo sendo optativas, apresentam 3,9 vezes mais razões de chances de apresentar capacidade
de realizar atividades assistenciais voltadas aos cuidados de pacientes da clínica médica e
cirúrgica que aqueles que não se sentem preparados para estas atividades (Tabela 7).
Tabela 7 - Associação da capacidade de realizar atividades assistenciais voltadas para os
cuidados de pacientes da clínica médica e cirúrgica, com a experiência de ensino no SUS e a
percepção sobre mercado de trabalho voltado para o SUS – Maceió (AL) – 2016.
Capacidade de realizar atividades assistenciais
voltadas aos cuidados de pacientes da clínica médica
e cirúrgica
Sim
Não
p valor OR
IC 95%
N
%
N
%
Expectativa de trabalho depois da
graduação
Setor público
21
Setor privado
1
Setor público e privado
56
Magistério
1
Administração dos serviços de saúde
0
Pesquisa
2
O curso de enfermagem da IES está
capacitando para a inserção no atual
mercado de trabalho.
Sim
96
Não
9
Não sei
11
O mercado de trabalho está propício aos
futuros enfermeiros assistenciais.
Sim
92
Não
12
Não sei
7
Onde gostaria de exercer a profissão
Interior de Alagoas
33
Maceió
27
Grandes centros
8
Não sei
6
Outro
7
Pretende especializar
Sim
81
Não
0
Possui alguma experiência de ensino no
SUS
Sim
66
Não
15
Sente-se preparado para atuar no SUS
Sim
69
Não
12
14
0,7
37,3
0,7
0,0
1,3
16
1
48
3
1
0
10,7
0,7
32
2,0
0,7
0,0
64
6
7,3
27
1
6
41,3
8
4,7
0,589
-
-
18
0,7
4
0,318
-
-
42
20
7
28
13,3
4,7
0,078
-
-
22
18
5,3
4
4,7
26
21
13
7
2
17,3
14
8,7
4,7
1,3
0,332
-
-
54
0,0
68
1
45,3
0,7
0,460
-
-
44
10
36
33
24
22
0,000
4,0
3
1,93 - 8,39
46
8
44
25
29,3
16,7
3,2
6
1,49 - 7,16
0,002
30
Continua
Sim
Faria as disciplinas que envolvem o
conteúdo da saúde coletiva se optativas
Sim
Não
Capacidade de realizar atividades
assistenciais voltadas aos cuidados de
pacientes da clínica médica e cirúrgica
Não
p valor
OR
IC 95%
N
%
N
%
78
3
53 60
2
9
40
6
0,035
3,9
0
1,01-15,03
*Realizado teste exato de Fisher considerando p < 0,05
1.3 DISCUSSÃO
No estudo em questão 88% (Tabela 1) dos sujeitos são do sexo feminino, confirmando a
tendência ainda feminina que a equipe de enfermagem carrega, em que segundo estudos sobre a
área, a presença da feminilização marca a profissão com porcentagens relativas a 90% através de
estudos na área. Contudo, dados apontam para um crescimento constante, na década de 90, de
homens neste cenário, que se intensificou a partir da reforma universitária em 1968 e possibilitou
a inserção do sexo masculino no curso de enfermagem por aprovação no vestibular e não apenas
por vocação ou por condutas consideradas adequadas (MACHADO; VIEIRA; OLIVEIRA,
2012; COSTA; FREITAS; HAGOPIAN, 2017).
Apesar da crescente ascensão masculina na profissão nos tempos atuais, conota-se que
existe um preconceito histórico oriundo das diferenças de gênero e de papéis sociais. Em estudo
realizado com moradores da cidade de Itajubá-MG atendidos por enfermeiros do sexo masculino,
foi relatado que há resistência e preconceito por parte da população atendida, sendo esse
comportamento predominante. Constatou-se que apesar da “aceitação” e da “conquista” dos
homens e sua profissionalização na enfermagem, existem aspectos como o constrangimento de
usuárias mulheres diante de alguns conteúdos e de alguns procedimentos quando realizados por
profissionais homens, foram referidos como embaraçosos (VITORINO; HERTEL; SIMÕES,
2012).
Outro aspecto importante descrito no estudo acima foi à vinculação do masculino a
força física e não a qualidade e a competência apresentada por estes profissionais em seus
campos de atuação. Ainda, a da impressão de uma baixa expectativa de crescimento social,
quando homens se encaixam em profissões que são femininas, colocando inclusive em julgo
aspectos pessoais dos sujeitos, como a masculinidade (VITORINO; HERTEL; SIMÕES, 2012).
31
Características inerentes ao perfil sociodemográfico dos estudantes de Enfermagem,
podem contribuir para a ocorrência do estresse durante sua formação. A ampliação de diretrizes
para uma política de assistência estudantil baseada no princípio da autonomia universitária,
contribuiu significativamente para a inserção de alunos nas graduações.
Para implementar a proposta, alguns programas foram desenvolvidos dentre eles, o
Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI
- cujo objetivo foi expandir as vagas nas universidades federais pela criação de novas instituições
e da abertura de novos campos; e também, do PROUNI “programa universidade para todos”
onde se destinou a compras de vagas em instituições superiores privadas. Ressalta-se ainda o
programa de financiamento estudantil –FIES- que protagonizou esta ampliação, oferecendo uma
contrapartida financeira as IES para o ingresso do aluno. Todas essas iniciativas carregaram em
si uma estratégia expansionista visando para ampliar o espaço social da educação superior
(BLEICHER; OLIVEIRA, 2016; CORRÊA; SANTOS; KOBI, 2014).
Essa expansão deu-se também para alunos que residem em cidades menores,
favorecendo a interiorização dos ensinos superiores, com maior oportunidade de formação para
os munícipes de cidades menos favorecidas. Contudo, quando aspectos sociodemogáficos são
confrontados em estudos, percebe-se que as distâncias entre a sede das IES e o local de
residência dos discentes interferem na qualidade da formação acadêmica. Em estudo realizado
com 130 acadêmicos de enfermagem foi evidenciado que, do 1º aos 8º períodos do curso houve
destaque, como segundo maior fator estressante, o “ambiente” com média de 1,89 (dp=0,81).
Esses autores apontaram que o deslocamento dos estudantes de suas residências para as
universidades, locais das aulas práticas e campos de estágios, bem como as condições do
transporte público utilizado, foram referidos como estressores (BUBLITZ et al., 2012).
Corroboram Moura et al. (2016) que também avaliaram a qualidade de vida dos
estudantes de enfermagem durante a graduação e constataram que 64,6% desses alunos moravam
em municípios distantes e destacaram que 22,2% afirmaram a presença de fadiga e estresse,
tendo como desencadeadores a distância entre a casa e a faculdade, bem como as condições de
transporte. Tal fato assemelha-se a realidade dos sujeitos da atual pesquisa, a qual evidenciou
69% de discentes oriundos de cidades do interior de Alagoas (Tabela 1), o qual pode contribuir
com aspectos negativos no âmbito do ensino e da aprendizagem.
Outra questão apontada nesse estudo foi à satisfação dos acadêmicos quanto ao curso de
enfermagem, e com 76,6% (Tabela 2) de aprovação, à instituição estudada vem contribuindo
para uma boa experiência acadêmica. Vale ressaltar que a pesquisa em questão evidenciou
32
apenas a visão do discente quanto sua formação, não adentrando a aspectos que exemplifique e
que resgatem a prática da intersecção entre a formação e o mercado de trabalho, tal afirmativa
pode justificar o total de 11,3% (Tabela 2) dos alunos não obterem respostas concretas sobre sua
qualificação.
Em estudo realizado em Universidade Pública Federal localizada no Sul do Brasil sobre
a satisfação do discente na graduação de enfermagem, os estudantes apontaram como maiores
promotores da satisfação pessoal: o constructo do currículo e ensino, a readequação dos
ambientes com investimentos em novas áreas da tecnologia e informação, as estruturas físicas
das instituições e as interações harmônicas entre professores, estudantes e funcionários. Ainda
foi possível destacar com relação direta, em outra pesquisa parecida: a satisfação de ser um
estudante de nível superior, o sentimento de pertencer a um grupo de estudantes, a possibilidade
de perceber o seu futuro como promissor e a aplicabilidade dos conteúdos desenvolvidos
(HIRSCH et al., 2015 e BUBLITZ et al., 2015).
Quanto aos aspetos relacionados à satisfação acadêmica para formação ao mercado de
trabalho do SUS, 82% dos alunos (Tabela 2) apontaram que a instituição de ensino contribuía
adequadamente neste quesito. No que concerne a esta prática, a aderência à formação
profissional na perspectiva do SUS vem levando a alterações no modelo pedagógico acadêmico,
buscando reorientá-lo para as reais necessidades da sociedade. Em estudo realizado por
Fernandes et al. (2013) a partir do discurso de 13 discentes distribuídos em quatro IES públicas e
particulares foi possível identificar a presença da articulação do processo de formação do
enfermeiro com o SUS a partir de práticas de ensino em vários cenários de aprendizagem e dos
conteúdos curriculares que discutem os princípios e diretrizes deste sistema.
Uma forma de aproximar os futuros trabalhadores do SUS do seu contexto real é através
de vivências neste cenário. De acordo com Dias e colaboradores (2016) a falta de profissionais
que atuem adequadamente no SUS, a partir de uma formação voltada para esse sistema, tem sido
um fator comprometedor para a gestão e para a melhoria da qualidade da assistência ofertada.
Tal fato emerge e demanda um constante movimento de mudança no sentido de enfrentar essas
dificuldades. Quanto a este aspecto 96,7% dos pesquisados (Tabela 3) são favoráveis a esta
ampliação, e a verdade é que tais mudanças já vêm sendo incorporadas pelos cursos de
graduação a partir das Diretrizes Curriculares de Ensino (DCN) desde 2001.
As Diretrizes Nacionais para o Curso de Graduação em Enfermagem (DCN/ENF)
surgiram na resolução nº 03 de 7/11/2001 e apontaram para a necessidade de articulações
intersetoriais entre a educação e saúde, trazendo indicadores de mudança no processo de
33
formação do enfermeiro. Deste modo, o perfil do egresso/profissionais passou a ter como
objetivo uma assistência generalista, crítica e reflexiva com ênfase na promoção, prevenção,
recuperação e reabilitação da saúde (FERNANDES et al., 2013).
Em um estudo bibliográfico recente foi possível perceber que mesmo após 16 anos dos
direcionamentos apontados pela DCN/ENF o índice de aderência ainda foi considerado baixo,
revelando a necessidade das IES buscarem maior vinculação entre a adoção das bases
epistemológicas presentes nas diretrizes e as propostas contidas nos projetos político pedagógico.
Ainda, vale ressaltar que, em estudo em que foram agrupados os depoimentos de discentes sobre
a articulação das DCN no curso de Enfermagem, alguns revelaram não perceberem esse
processo, negando a existência de articulação, o que levou a uma insegurança dos discentes
quanto ao seu fazer. Esses discentes expressaram ser considerados mão-de-obra barata, e ainda,
que os cenários de práticas não são cuidadosamente selecionados tendo em vista o
desenvolvimento, pelos discentes, das competências e habilidades previstas nas diretrizes
curriculares na perspectiva do SUS (MARTINI et al., 2017; FERNANDES et al., 2013).
Segundo Hirsch et al (2015), o aumento da carga horária disponibilizada para
disciplinas de caráter prático oferece aos sujeitos mais segurança e autoconfiança, sendo fatores
que contribuem para o reforço da identidade profissional através do aumento da experiência e
conhecimentos clínicos. No estudo em questão 36% dos alunos (Tabela 3) ainda não
vivenciaram nenhuma situação de prática no SUS e 57,3% (tabela 3) são favoráveis a cursar uma
disciplina eletiva de saúde coletiva que abordem o contexto do SUS e da ESF.
Ao analisar a Projeto Político Pedagógico da IES estudada verificou-se que os alunos
iniciam suas atividades de campo nos cenários do sistema de saúde a partir do 4º período do
curso. Nesse contexto, disciplinas de base como: anatomia, fisiologia, parasitologia, bioquímica,
permanecem no currículo pedagógico da instituição nos primeiros períodos, assim como
disciplinas de semiotécnica e semiologia que são desenvolvidas em laboratórios. Neste sentido,
verificou-se, que no ano de 2016 houve uma alteração na matriz curricular do curso, quando à
disciplina de Saúde da Família, com enfoque ao SUS, a qual fazia parte da matriz curricular do
7º período, e que foi incorporada a matriz pedagógica dos alunos do 3º período do curso, porém
de acordo com a ementa da disciplina, essa disciplina se reporta apenas aos aspectos teóricos e
de aplicações em sala de aula. O fato de não estarem vivenciado práticas no SUS, desde os
primeiros períodos da graduação como orienta as DCN/ENF é um dado preocupante, visto que
existem evidências recentes de uma tendência estudantil para a vivência de poucas atividades
extracurriculares, o que limita consideravelmente sua experiência de formação.
34
Em uma pesquisa que avaliou às atividades desenvolvidas pelos estudantes de
enfermagem no último período do curso, 15% dos alunos haviam desenvolvido atividades de
extensão, 9% atividades de monitoria e atividades de extensão, 8% de monitoria e 14% deles
tinham desenvolvido todas as atividades ofertadas dentro da graduação, porém um montante de
42%, não havia desenvolvido atividade nenhuma, limitando-se apenas aos conteúdos propostos
pelo curso (OLIVEIRA; NUNES; MOURÃO, 2015).
Ainda é importante ressaltar que, no constrito da academia outro estudo recente mostrou
que 71,7% dos alunos do primeiro ao último semestre do curso de enfermagem de faculdades
públicas e privadas, não participaram de estudos pesquisa, incluindo disciplinas eletivas. É
importante destacar que os grupos de estudo e pesquisa proporcionam maior vínculo entre a
teoria e a prática, além de incentivar a busca pelo cientificismo a partir das ações realizadas, pois
aprofundam o conhecimento e a leitura sobre os conteúdos, o que se constitui em um diferencial
para o futuro enfermeiro (BUBLITZ et al., 2015).
No que concerne a aspectos da formação voltados para as principais habilidades que
deverão ser desenvolvidas por Enfermeiros em sua atuação no SUS a educação em saúde é um
eixo primordial, visto englobar práticas para atuar em todos os níveis de atenção à saúde.
Nesse contexto, a educação em saúde surge como um instrumento importante para a
promoção à saúde, pois é capaz de proporcionar o empoderamento, ou seja, a capacidade da
comunidade ou dos indivíduos, se tornarem agentes ativos do processo saúde-doença, dispondo
assim de conhecimentos e habilidades para protagonizar o contexto saúde. Isso se distancia de
uma prática de ensino verticalizada, mas de uma troca de conteúdos e conhecimentos onde as
ações educativas possam promover a autonomia dos indivíduos, sem estarem regulados ou
supervisionados por profissionais de saúde. A educação em saúde é capaz de desenvolver nos
indivíduos autonomia diante de seu processo saúde-doença (OLIVEIRA et al., 2015;
OLIVEIRA; NUNES; MOURÃO et al., 2015).
Neste estudo os alunos que vivenciaram experiências no SUS, apresentam 3,9 vezes
mais chance de possuir capacidade de educar em saúde (Tabela 4), atribuindo-se a este dado a
contribuição do exercício de tais práticas durante a graduação, o que os aproximam do serviço.
Metodologias de ensino que envolvam um contato com a realidade, diálogo com os atores,
discussão de textos e conhecimento/problematização da realidade dos serviços de saúde são
capazes de desenvolver um aluno ainda mais crítico e reflexivo (SALES; MARIN; SILVA
FILHO, 2015).
35
Sobre este quesito Amaral, Ponte e Silva (2014) descreveram em sua pesquisa que
alunos de Enfermagem da disciplina Educação Popular em Saúde (EPS) no primeiro ano do
curso de graduação e que tiveram a experiência de capacitação dos Agentes Comunitários de
Saúde (ACS) em EPS para o SUS, revelaram as potencialidades desta prática. Nesse contexto foi
pontuado um aprimoramento do conhecimento sobre trabalho dos agentes, além de seus saberes
e práticas e o aperfeiçoamento da pedagogia da problematização e de discussão dos problemas
de saúde identificados pelos ACS e pelos alunos, visto que a EPS foi construída na perspectiva
da promoção à saúde.
A relação entre a educação e saúde com o processo de ensino e aprendizagem se
fortalece quando cursos de graduação em Enfermagem são capazes, inclusive, de formar
indivíduos em bacharelado e em licenciatura, como é a experiência de alunos do 6º período de
uma universidade pública em Minas Gerais. De acordo com as falas dos discentes, as disciplinas
pedagógicas da licenciatura, aprimoraram o desenvolvimento de habilidades educativas
ampliando o desenvolvimento destes alunos para atividades de educação em saúde, estimulando
o processo de ensino e aprendizagem no sentido educador/educando; e desenvolvendo
habilidades de comunicação interpessoal e educacionais (SANTOS et al., 2011).
Outro aspecto observado na formação em enfermagem é a obrigatoriedade de atividades
práticas diárias apenas nos últimos semestres da graduação quando é composta de 20% da carga
horária total do curso como preconiza a resolução nº 441/13 do COFEN nos chamados estágios
obrigatórios. Essa normativa pode engessar algumas IES a garantir esforços e bons campos
apenas neste período. Em estudo que avaliou os estágios obrigatórios na visão do estudante de
Enfermagem, foi possível constatar que tais atividades sozinhas, não foram capazes de
proporcionar a segurança necessária para os alunos desenvolverem as atividades profissionais
futuras, gerando ansiedade e medo, principalmente por estarem prestes a sair do mundo
universitário (MARCHIORO et al., 2017).
Contribuindo com a insegurança desse discente quanto ao seu futuro profissional, existe
a preocupação em encarar a grande competitividade do mercado de trabalho. Sobre isso, Jesus e
colaboradores (2013) afirmam que como o atual cenário profissional da saúde dispõe de um
número grande de profissionais, cabe à empresa escolher os mais capacitados, e dentre estes,
indivíduos com melhor formação e com maior experiência profissional que se adequem ao perfil
de escolha. Portanto, favorecer práticas de atuação em serviços durante períodos da graduação
pode contribuir consideravelmente para a atuação deste discente tanto no estágio obrigatório
quanto na condição de egresso.
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Em pesquisa desenvolvida em um hospital escola com enfermeiros supervisores, foi
destacada a importância dos estágios obrigatórios no aprimoramento e na formação dos
graduandos para o mercado de trabalho, porém houve referência ao despreparo e a imaturidade
com que os discentes vêm chegando aos últimos períodos. A falta de interesse e o despreparo
teórico-prático do acadêmico na realização do estágio vêm comprometendo a realização deste,
visto que a forma como este se desenvolve está diretamente relacionada à conduta do aluno. A
postura de desinteresse em aprender induz o enfermeiro a não investir na troca de informações
com o acadêmico fator este que interfere na troca de conhecimento, além do vínculo e da
qualidade da assistência prestada (SOUZA et al., 2017).
No sentido das interações interpessoais que são apontados na atuação do contexto
saúde, no estudo em questão, os participantes que responderam terem vivenciado práticas no
SUS tinha 3,69 vezes mais chances de realizar atividades preventivas e de promoção em saúde
juntamente com outros profissionais de outras áreas da saúde (Tabela 5), sendo aspectos da
multidisciplinaridade e da interdisciplinaridade campos percorridos pelo SUS.
O trabalho interdisciplinar contempla, entre outros aspectos, a possibilidade de trabalho
conjunto, que respeita as bases disciplinares específicas, buscando a partir delas, soluções
compartilhadas para os problemas de saúde. É o encontro das diferentes disciplinas que perpassa
pelos aspectos teóricos e práticos na construção de um novo saber, intervindo nas dimensões
sociais, pedagógicas e de pesquisa (BISPO; TAVARES; TOMAZ, 2013).
Sobre as práticas de extensão com enfoque nas atividades interdisciplinares, em projeto
de extensão popular interdisciplinar desenvolvido na Universidade Federal da Paraíba (UFPB),
os estudantes desenvolviam atividades de visitas domiciliares semanais, participavam de
movimentos comunitários, das atividades junto à Unidade Básica de Saúde (UBS), de lutas
sociais e de grupos de cuidado. Um dos pontos de observados e pleiteados pelo projeto foi o fato
de levar os extensionistas a aprenderem a trabalhar em grupo através do respeito às diferentes
maneiras de pensar e aos posicionamentos dos envolvidos; valorizando o tempo que cada sujeito
tem para seu amadurecimento individual ou em sociedade e ao aprimoramento de valores como:
“acolher o outro; a construir, construir junto, pensar junto, fazer junto” (LEITE; RIBEIRO;
ANJOS, 2014
Diante de toda a problemática que englobam a necessidade de intensificar as atividades
práticas, cabe ressaltar a importância da escolha de em qual período da graduação em que é
proveitoso inserir os alunos nestas práticas. No estudo em questão, alunos do 1º aos 4º períodos,
37
afirmaram não se sentir aptos a realizarem atividades sequer de educação em saúde (Tabela 6) e,
com base na literatura que explora a temática, tal fato parece comprometer aspectos da formação.
A literatura mostra que estudantes do 8º período do curso de Enfermagem que haviam
vivenciado desde o 1º ao 6º períodos a disciplina de “Atividades Práticas na Atenção Primária à
Saúde (APS)”, demonstrou a relevância, para esses discentes, e o impacto que as atividades
proporcionaram à formação. Os alunos destacaram a importância das experiências adquiridas
para a formação de competências, assim como relatando maior vínculo, maior capacidade de
interação, melhor conduta técnica e prática, além de aprimorar um desenvolvimento crítico e
uma reflexão fidedigna sobre a realidade que compõe a atenção primária (LIMA et al., 2016).
Por outro lado é importante ressaltar que a proposta de mudança nos projetos
pedagógicos dos cursos em saúde deve englobar não apenas a área da atenção primária, mas os
demais níveis assistenciais, incluindo o hospitalar. Neste sentido, como abordam Sales, Marlin e
Silva Filho (2015) a articulação teoria-prática na formação do enfermeiro sinaliza a necessidade
de se fortalecerem os diferentes cenários de aprendizagem, estando inserido também o contexto
hospitalar. Deste modo, existe necessidade de mudança no modelo de ensino que priorizou o
campo da atenção básica em saúde no contexto das DCN, sendo preciso avançar nesta questão,
por meio da operacionalização dos princípios e diretrizes do SUS também na média e alta
complexidade, onde os hospitais de ensino são um importante veículo nessa nova lógica de
atenção.
Os estágios extracurriculares, comumente chamados de não obrigatórios, aproximam os
estudantes de diversas áreas de conhecimento, dentre eles o hospitalar, que precisam ser
potencializados enquanto espaços privilegiados de aprendizagem e apoio à formação para
habilidades técnicas e científicas (SANTOS; OLIVEIRA, 2012). No estudo em questão os
alunos que disseram vivenciarem práticas de atuações no SUS têm 4,03 vezes mais chances de
desenvolverem atividades voltadas para a clínica médica e cirúrgica (Tabela 7).
Em um estágio extracurricular intitulado “o cotidiano do SUS enquanto princípio
educativo” desenvolvido pela Escola Estadual de Saúde Pública na Bahia, estudantes dos
terceiros ao sétimo períodos do ensino superior de diversas áreas de conhecimento, foram
inseridos no contexto hospitalar do SUS e revelaram potencialidades. Para tais alunos essa
vivência permitiu uma aproximação das ações de enfermagem da vigilância epidemiológica e da
saúde coletiva hospitalar, com um aprendizado diferenciado por incluir a temática da vigilância
epidemiológica, além de não se tratar apenas de uma prática observacional, mas de ação e
intervenção, sendo capaz de influenciar na capacidade de decisão e habilidades do aluno para
38
adquirir competências de resolver problemas na sua atuação posterior na condição de trabalhador
de saúde (SANTOS; OLIVEIRA, 2012).
Neste sentido, visto a magnitude da temática, sugere-se aos cursos de graduação em
enfermagem apostar em currículos que atendam às necessidades de saúde da população no SUS,
bem como às exigências do mercado de trabalho atual. Intersectar o escopo da academia aos
objetivos dos serviços de saúde e às tendências do mercado de trabalho, a partir da construção de
uma proposta pedagógica, pode garantir a empregabilidade dos discentes, além do
desenvolvimento de práticas efetivas e resolutivas que atendam as demandas das comunidades.
O SUS continua tendo um dos mais amplos mercados de trabalho para os profissionais de saúde
e ignorar esta condição poderia ser um grande equívoco (MAFFISSONI et al., 2017).
39
1.4 CONCLUSÃO
A formação na área de saúde ainda é um desafio constante, visto que as alterações
relacionadas ao mercado de trabalho definem o perfil do trabalhador que será absorvido nessa
esfera. Novas mudanças e adaptações parecem necessárias, principalmente quando o campo de
atuação engloba o mercado de trabalho do SUS. O modelo atual de assistência à saúde propõe e
subsidia às IES para a consecução de um perfil de egresso generalista, reflexivo, criativo, com
base em princípios éticos que colaborem com a formação da cidadania.
Os resultados desta pesquisa mostram que as possíveis tentativas de direcionamento das
academias frente as propostas das DCN/ENF se deparam com obstáculos, dentre eles o número
de ingressos nos cursos de graduação de enfermagem com perfis sociodemográficos peculiares,
como exemplo, o de residirem distantes das sedes da IES, dos locais de prática e da dificuldade
de locomoção aos locais propostos para desenvolvimento de atividades acadêmicas. Tais
situações podem interferir nas propostas curriculares e acadêmicas do curso, bem como
comprometer o rendimento e o desenvolvimento técnico-científico proposto para o egresso.
Dessa forma, sugere-se que as IES consigam incorporar às vivências práticas integrando o ensino
aos serviços de saúde, além da possibilidade de correlacionar o modelo do currículo pedagógico
ao perfil de seu discente.
Nota-se, que os estudantes pesquisados esperam atuar no mercado de trabalho do SUS,
porém as competências relacionadas a esta atuação foram efetivadas apenas quando esses
estavam inseridos nos cenários que compõe o sistema. Graduandos que vivenciaram experiência
de ensino em disciplinas no SUS ou que pretendem participar de disciplinas de saúde coletiva
que abordem a temática do SUS e ESF revelaram possuir uma maior capacidade de educar em
saúde, desenvolver atividades de promoção à saúde na dimensão interdisciplinar e de oferecer
uma assistência de clínica médica e cirúrgica no contexto hospitalar.
Portanto, parece importante inserir os estudantes de enfermagem nos campos de atuação
de Enfermeiros que atuam no SUS, onde possam percorrer os cenários de atuação, sendo capazes
de promover as resoluções com abordagem prática e resgate teórico. Tal prática poderá favorecer
ao futuro egresso com melhores perspectivas de atuação no mercado de trabalho, visto que no
estudo em questão, não houve uma positividade uniforme dessa perspectiva. Tais momentos são
capazes de promover um contato com o modelo assistencial de saúde propiciando experiência e
conhecimentos que culminarão no desenvolvimento de maior habilidade, além de uma
maturidade profissional.
40
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45
ARTIGO 2
GESTÃO E GERÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE PÚBLICA: perspectiva da
capacidade de atuação do discente
A formação do Enfermeiro é um tema discutido na atualidade e isso se deve as transformações
socioeconômicas que emergiram com a globalização. Neste sentido, percebe-se a necessidade de
transformações emergentes nos currículos dos profissionais que atuam neste cenário, com base
em um ensino que promova competências. Na atual conjuntura do mercado de trabalho, uma
rede de gestão e gerência tende a se estruturar aumentando as possibilidades de emprego, e
consequentemente, de profissionais enfermeiros executando tais funções. Objetivo geral: analisar
as perspectivas das competências dos discentes de enfermagem para atuar nas atividades de
gestão e de gerência nos serviços públicos de saúde. Trata-se de um estudo analítico, transversal
e de abordagem quantitativa, realizado em 2016 com 150 graduandos de enfermagem de uma
faculdade particular em Alagoas. Foi utilizado um questionário composto por 26 perguntas
abertas e fechadas que versavam sobre o perfil sociodemográfico dos pesquisados, impressões
dos sujeitos em relação ao curso, processo de ensino e aprendizagem, mercado de trabalho em
enfermagem e saúde coletiva. Os dados foram coletados em 2016 e tabulados em planilha
eletrônica Microsoft Excel® e analisados em software aplicativo Statistical Package for Social
Science - SPSS®, versão 20. A amostra estudada apresentou idade média de 27 anos, sendo 88%
composta pelo sexo feminino, 46% natural do interior de Alagoas; e do total dos pesquisados,
94% dedicariam 8h diárias de suas atividades laborais ao setor público. A capacidade de
supervisão de enfermagem esteve presente em 80% dos estudantes, contudo existiu uma queda
preocupante desta aptidão no 10º período, com apenas 26,7% dos estudantes referindo ter
capacidade. Ações de planejamento de ações em saúde pública puderam ser observados com
valores maiores a 74% para discentes que mantinham uma relação interpessoal no mínimo
regular com os colegas. Existe dificuldade da utilização das ferramentas e instrumentos de gestão
e gerência pelos discentes de Enfermagem, sugerindo-se maiores discussões e experiências
práticas nas instituições de ensino na área de administração e gerência, a fim de aprimorar as
competências dos egressos neste quesito.
Descritores: Gestão em Saúde; Organização e Administração; Educação em Enfermagem.
46
ABSTRACT
NURSING MANAGEMENT AND ADMINISTRATION IN PUBLIC HEALTH:
PERSPECTIVES OF THE STUDENT'S PEFORMANCE ABILITY
Nurses’ education is a current debated topic due to socio-economic transformation emerging
from globalization. Thus, forthcoming transformations regarding professional curriculum within
this area are necessary, based on an education that promotes competences. In the current labor
market environment, a growing management and administration network tends to increase job
possibilities and demand for nurses executing these functions. General objective: to analyze the
perspectives of nursing students’ capability in the management and administration of activities in
the public health services. It is an analytical, cross-sectional and quantitative approach study,
conducted in 2016, with 150 nursing undergraduate students of a private institution in Alagoas.
A questionnaire containing 26 objective and subjective questions concerning socio-demographic
profile of subjects and their impression about the course, teaching and learning process, nursing
job market and collective health. Data was collected, tabled into a Microsoft Excel® electronic
spreadsheet, and analyzed via application software, Statistical Package for Social Science SPSS®, version 20. Subjects studied were in average 27 year-old, 88% were female, 46% were
from the countryside of the state of Alagoas, and 97% out of the entire sample dedicated 8 hours
per day with labor activities within the public sector. Nursing supervision capability was present
in 80% of students; however, there was a concerning decrease of this ability in the 10 th semester,
when only 26.7% of students were affirmative. Planning actions in public health were more
present within 74% of students who had (at least) regular interpersonal relationship with
colleagues. It is difficult to nursing students to use management and administration tools and
devices, suggesting need for discussions and practical experiences in educational institutions of
administration and management, in order to improve students’ ability toward this issue.
Key-words: Health Management; Organization and Administration. Nursing Education.
47
2 INTRODUÇÃO
A formação do Enfermeiro é um tema discutido na atualidade e isso se deve as
transformações socioeconômicas que emergiram com a globalização. O crescente avanço
tecnológico, científico e industrial, associado à facilidade do acesso às informações e a
comunicação, promoveram mudanças na sociedade e nos setores que a compõem, dentre eles
o setor saúde. A dinâmica das organizações de saúde tende a estar em mudança contínua,
adaptando-se a cada novo modelo de assistência que se vincula às características e aos
comportamentos da sociedade (DIAS et al., 2017).
Neste sentido, percebe-se a necessidade de transformações emergentes nos currículos
dos profissionais que atuam neste cenário, com base em um ensino que promova
competências, como proposto nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de
Graduação em Enfermagem (DCN/ENF), atualmente em vigor, a partir da resolução nº 03 de
novembro de 2011. Tal proposta surge como reflexo a um mercado de trabalho no SUS
exigente e diversificado com necessidade de aprimorar e qualificar os profissionais para o
desenvolvimento de competências e habilidades voltadas para a atenção à saúde, tomada de
decisão, liderança, trabalho em equipe, comunicação, educação permanente, administração e
gerenciamento, consideradas essenciais para essa formação (CHALITA et al., 2016; BRASIL,
2001).
Quantos aos aspectos da empregabilidade, segundo Melo et al. (2016) o setor privado
até o ano de 2000 era o maior empregador no âmbito da saúde, e seu percentual correspondia
a 54% dos vínculos. No entanto, nas últimas décadas, o mercado de trabalho do Sistema
Único de Saúde (SUS) apresentou crescimento significativo com aumento no número de
empregos formais, e tais aspectos tiveram influências pelo aumento na acessibilidade aos
serviços de saúde proposto por princípios e diretrizes desse sistema, bem como pela
municipalização de sua rede de assistência.
A descentralização dos serviços de saúde, que teve ênfase no processo de
municipalização, foi um dos marcos que promoveram aos municípios competências
administrativas e financeiras para que criassem ações de saúde pautadas nas necessidades
locais e de acordo com as interações entre esses municípios. A legalidade desse processo vem
acontecendo desde as Normas Operacionais Básicas (NOB 01 e NOB 96) e vigoram a cada
nova política de saúde (BARRETO; SOUZA, 2016; MOURA; PINTO; ARAGÃO, 2016).
48
Nessa conjuntura, uma rede de gestão e gerência se estruturou aumentando às
disponibilidades para o exercício laboral, não só na área assistencial, mas em cargos
administrativos e gerenciais. Não obstante, o gerenciamento já é parte do processo de trabalho
da enfermagem por anos, visto que Enfermeiros tentam conciliar os modelos administrativos
ao seu cotidiano, cujo papel principal consiste no cuidar ao paciente. O gerenciamento do
cuidar é complexo e exige uma visão de administração do macroambiente e microambiente de
trabalho onde essas vertentes se inter-relacionam possibilitando o cuidado direto e indireto ao
cliente (MADUREIRA et al., 2016).
Sobre as bases conceituais dos termos gestão e gerência, no campo laboral, as
funções de gestão em saúde representam o conhecimento aplicado no manejo das
organizações como um todo, na capacidade de gerir um sistema maior, onde estão inseridos
aspectos gerenciais que consideram os diagnósticos situacionais locais de redes, esferas
públicas, hospitais, laboratórios, clínicas e demais instituições e serviços de saúde. Os
profissionais tendem a planejar, prevenir, provir e controlar os recursos materiais e humanos
para o bom funcionamento do serviço. Além disso, essa prática desenvolve a gerência do
cuidado com habilidades cognitiva, analítica, comportamental e com habilidade de ação
(DIAS et al., 2017; CELEDÔNIO et al., 2017).
No mundo pós-moderno a aquisição da competência gerencial é possível e deve
basear-se nos ensinamentos produzidos pela experiência individual, a partir das vivências do
serviço em que se atua. Todos os profissionais do setor saúde deverão ser dotados dessa
competência e, principalmente, de competência do conhecimento, onde as propostas que
compõem o SUS deverão ser largamente estudadas, praticadas e defendidas (BARRETO;
SOUZA, 2016).
Um ambiente favorável para este aprimoramento é durante a graduação, e o curso de
Enfermagem é um dos poucos, na área da saúde, que possui nas diretrizes curriculares carga
horária específica para as disciplinas de administração. Essa possibilidade de formação
favorece a articulação com os diferentes saberes sendo capaz de construir uma prática
profissional que referencia, não somente a troca de conhecimentos e habilidades, mas também
no aprimoramento de atitudes pessoais e relacionais que visam um projeto comum para a
transformação da realidade em saúde (DIAS et al., 2017; CHALITA et at., 2017).
Em um estudo realizado por Peiter, Caminha e Oliveira (2017) que traçou o perfil
dos gerentes nos serviços da Atenção Primária à Saúde (APS) a partir das publicações entre os
anos de 2006 a 2015, observou-se a forte presença de enfermeiros, estando justificada pelas
49
habilidades de integrar cuidados em saúde, associando gerência e assistência. Dessa forma,
parece necessário que as Instituições de Ensino Superior (IES) formem egressos de
Enfermagem com competências nas áreas administrativas e gerenciais, pois esses aspectos
fazem parte do campo de atuação prático dessa categoria. Diante disso, surgiu a seguinte
questão norteadora da pesquisa: quais as perspectivas de competências dos discentes de
enfermagem para atuar na gestão e na gerência dos serviços públicos de saúde?
A hipótese que se apresenta, é que, devido as insuficientes discussões e atividades
práticas nas disciplinas de Administração de Enfermagem, os alunos não obtêm às
competências necessárias para desempenhar as complexas atividades de gestão e gerência
tendo dificuldades de atuação como egressos no mercado de trabalho (SOUZA & SOUZA et
al., 2015)
O estudo tem como objetivo geral analisar as perspectivas de competências dos
discentes de enfermagem para atuar nas atividades de gestão e de gerência dos serviços
públicos de saúde.
A justificativa parte da compreensão de que devido o atual cenário político e social e
diante das exigências de atuação no mercado de trabalho para Enfermagem, faz-se necessário
que esses profissionais adquiram habilidades e competências para atuar como gestores das
organizações de saúde ou gerentes das unidades em que estejam inseridos, visto que, tais
atividades tendem a ser incorporadas cada vez mais em suas atividades laborais, além dos
aspectos técnicos e práticos da profissão. Se o curso de Enfermagem dispõe de uma disciplina
em seu projeto político pedagógico que trabalha tais aspectos e que são fortalecidos pelo que
propõe as DCN/ENF, então a tomada de decisão, o planejamento, a comunicação, a liderança,
a administração, o gerenciamento e a educação permanente já devem fazer parte das
competências e habilidades dos discentes.
50
2.1 MÉTODOS
Trata-se de um estudo analítico, transversal e de abordagem quantitativa realizado
em 2016 com graduandos de enfermagem de uma faculdade particular em Alagoas. Em
função da pesquisa, os discentes foram distribuídos entre os 10 períodos do curso visando
garantir a participação dos vários níveis de desenvolvimento acadêmico que compõem o curso
de enfermagem. A amostra foi composta por 15 estudantes para cada período resultando em
um total de 150 pesquisados.
Os graduandos responderam a um questionário produzido e já reconhecido através da
literatura nacional e internacional, adaptado ao curso de Enfermagem (COSTA, 2009)
composto por 26 perguntas abertas e fechadas, e dividido em 05 partes: perfil
sociodemográfico dos pesquisados, impressões dos sujeitos em relação ao curso, processo de
ensino e aprendizagem, mercado de trabalho em enfermagem e saúde coletiva (SUS e ESF)
(ANEXO I). O questionário foi entregue em sala de aula pela pesquisadora que se encontrava
disponível para a retirada de dúvidas e aceite de possíveis desistências durante o
preenchimento do questionário. O tempo médio para preenchimento do instrumento foi de 15
minutos.
Os dados coletados na pesquisa foram tabulados em planilha eletrônica Microsoft
Excel® e analisados em software aplicativo Statistical Package for Social Science - SPSS®,
versão 20. As análises foram realizadas com base no tipo de dado (nominal, ordinal, contínuos
e discretos) e para a análise estatística descritiva foram calculados os dados: frequência,
média, desvio-padrão, erro padrão da média e Intervalo de Confiança de 95%. No que
concerne à análise inferencial foram utilizados os teste Qui-quadrado, seguido do Teste Exato
de Fisher em casos dos valores esperados menores de 5. Para comparação de médias entre os
grupos foi utilizado o teste t de student de amostras independentes. Para todas as análises as
diferenças entre os grupos foram consideradas significativas e apresentaram valores de p <
0,05. Foram consideradas as diferenças detectadas das variáveis entre os grupos que se
percebiam capazes em realizar atividades relacionadas à sua atuação no SUS.
O projeto foi aprovado pelo CEP da Faculdade Estácio de Alagoas com processo
número 1.380.775 e CAAE: 46912515.4.0000.5012 em 23 de Dezembro de 2015.
51
2.2 RESULTADOS
A amostra estudada foi composta de 150 alunos de enfermagem, que apresentaram a
idade média de 27 anos (média de 27,87 min-max de 17 – 53; desvio padrão 7,181), sendo
88% composta pelo sexo feminino com 46% natural do interior de Alagoas (Tabela 1).
Tabela 1 – Dados referentes à caracterização dos sujeitos pesquisados – Maceió (AL) –
2016.
N
%
150
Idade
Sexo
Feminino
Masculino
Naturalidade
Maceió
Interior de Alagoas
Outras capitais
Outras cidades do
interior do Brasil
Período
132
18
88
12
66
69
6
8
44
46
4,3
5,7
150
100
Média
Mín. - Máx
Desvio padrão
27,87
17 - 53
± 7,181
Fonte: construído pela autora, 2016
Em relação à capacidade do curso em preparar para o mercado de trabalho, 82% dos
estudantes afirmaram estar supridos em relação a sua formação em Enfermagem. Foi referido
também que dedicariam 8h diárias de suas atividades laborais ao setor público (94%) (Tabela
2).
Tabela 2 – Frequência da capacidade do curso em preparar para o mercado de
trabalho, com dedicação de 8h diárias de suas atividades laborais ao setor público –
Maceió (AL) – 2016.
Sim
Não
Não sei
Sim
Não
Capacidade do curso em preparar para o mercado de trabalho
N
(%)
123
82
10
6,7
17
11,3
Dedicaria 8 horas de trabalho diárias ao serviço público
N
(%)
141
94
9
6
Fonte: construído pela autora, 2016.
Outro dado importante quanto a expectativa de atuação é que 24,7% deles, após a
graduação, têm expectativas de trabalhar exclusivamente no setor público (Tabela 3).
52
Tabela 3 – Frequência da expectativa de trabalho após a graduação – Maceió (AL) –
2016.
Expectativa de trabalho após a graduação
N
37
2
104
Setor Público
Setor Privado
Setor
público
e
privado
Magistério
Administração dos serviços de saúde
Pesquisa
(%)
24,7
1,3
69,3
4
2,7
0,7
1,3
1
2
Fonte: construído pela autora, 2016.
Em relação à associação entre a capacidade de realizar supervisão da equipe de
Enfermagem na saúde pública de acordo com o período do curso, observou-se que existiu
diferença estatística (p = 0,02) nos vários períodos do curso em relação à capacidade de
supervisionar a equipe de enfermagem. Observou-se que somente a partir do 7º período
começaram a existir valores maiores de 80% dos estudantes que se percebia com esta
capacidade. Contudo, existiu uma queda preocupante desta aptidão no 10º período, com
apenas 26,7% dos estudantes referindo ter capacidade de realizar supervisão da equipe de
Enfermagem na saúde pública (Tabela 4).
Tabela 4 - Capacidade de realizar a supervisão da equipe de enfermagem na saúde
pública com o período do curso – Maceió (AL) – 2016.
Capaz de Realizar supervisão da Equipe de Enfermagem na saúde pública.
Sim
Não
p valor
OR
IC95%
N
%
N
%
Período
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
4
5
4
6
5
7
12
9
10
4
26,7
33,3
28,6
40
31,3
46,7
80
60
66,7
26,7
11
10
10
9
11
8
3
6
5
11
73,3
66,7
71,4
60
68,8
53,3
20
40
33,3
73,3
0,02
-
-
*Realizado Teste Exato de Fisher considerando significância de p ˂ 0,05.
Quando se avaliou a relação entre a capacidade de realizar planejamento de ações em
saúde pública visando melhorar o serviço e atividades em saúde com a interação entre os
relacionamentos acadêmicos, percebeu-se que esta capacidade recebeu interferência a
depender das relações interpessoais com os colegas. Notou-se que quando os relacionamentos
53
eram excelentes/ótimo, bom ou regular a capacidade de realizar planejamento de ações em
saúde pública eram mais presentes, com valores maiores de 74% (regular). E percebeu-se
também que valores maiores que este foram obtidos em relacionamentos melhores. Esta
diferença estatística foi detectada pelo valor de p = 0,008 .
Tabela 5 - Associação entre a capacidade de realizar planejamento de ações em saúde
pública visando a melhoria do serviço e sua relação com os relacionamentos
interpessoais – Maceió (AL) – 2016.
Capaz de realizar planejamento de ações em saúde pública
visando melhorar o serviço.
Sim
Não
p valor OR IC95%
N
%
N
%
Participar de ações de Extensão e Pesquisa
Pesquisa
Extensão
Nenhuma
Atividades educativas mais prazerosas no curso
Aulas teóricas
Aulas prática
GD
Seminários
Jornada
Relacionamento com professores
Excelente/Ótimo
Bom
Regular
Ruim
Relacionamento com colegas
Excelente/Ótimo
Bom
Regular
Ruim
Relacionamento com colegas
Excelente/Ótimo
Bom
Regular
Ruim
Péssimo
11
23
87
100
92
76,3
0
2
27
0
8
23,7
0,05
-
-
18
93
6
2
2
90
78,8
85,7
66,7
100
2
25
1
1
0
10
21,2
14,3
33,3
0
0,667
-
-
47
31
38
88,7
91,6
73,1
6
7
14
11,3
18,4
26,9
0,205
-
-
39
34
43
5
86,7
82,9
75,4
71,4
6
7
14
2
13,3
17,1
24,6
28,6
-
-
42
25
50
4
0
93,3
83,3
74,6
57,1
0
3
5
17
3
1
6,7
16,7
42,9
42,9
100
-
-
0,417
0,008
*Realizado teste exato de Fisher considerando p < 0,05.
Quanto a associação da capacidade de realizar reuniões administrativas com gestores,
profissionais e usuários de saúde, para tratar de assuntos da saúde pública e sobre a percepção
sobre mercado de trabalho em Enfermagem e sobre Saúde Coletiva, observou-se que, sobre
esta questão, nenhuma das variáveis teve significância estatística, pois todos os valores de p
apresentados foram sempre maiores que 0,05 (parâmetro de significância estabelecido)
(Tabela 6).
54
Tabela 6 - Associação entre a capacidade de realizar reuniões administrativas com
gestores, profissionais e usuários de saúde, para tratar de assuntos da saúde pública e a
percepção sobre mercado de trabalho em enfermagem e sobre a saúde coletiva – Maceió
(AL) – 2016.
Reuniões administrativas com gestores, profissionais e
usuários de saúde, para tratar de assuntos da saúde
pública
Sim
Não
P valor OR
IC 95%
N
%
N
%
Expectativa de trabalho depois da
graduação
Setor público
20
Setor privado
2
Setor público e privado
56
Magistério
2
Administração dos serviços de saúde
1
Pesquisa
1
O curso de enfermagem da Estácio FAL
está capacitando para a inserção no atual
mercado de trabalho
Sim
71
Não
3
Não sei
8
O mercado de trabalho está propício aos
futuros enfermeiros assistenciais
Sim
57
Não
15
Não sei
10
Onde gostaria de exercer a profissão
Interior de Alagoas
30
Maceió
30
Grandes centros
9
Não sei
9
Outro
4
Pretende especializar
Sim
82
Não
0
Possui alguma experiência de ensino no
SUS
Sim
61
Não
21
Sente-se preparado para atuar no SUS
Sim
65
Não
17
Faria as disciplinas que envolvem o
conteúdo da Saúde Coletiva se optativas.
Sim
77
Não
5
*Realizado teste exato de Fisher considerando p < 0,05.
13,3
1,3
37,3
1,3
0,7
0,7
17
0
48
2
0
1
11,3
0,0
32
1,3
0,0
0,7
47,3
2
5,3
52
7
9
34,7
4,7
6
0,18*
-
-
38
10
6,7
47
17
4
31,3
11,3
2,7
0,32*
-
-
20
20
6
6
2,7
29
18
12
4
5
19,3
12
8
2,7
3,3
0,382*
-
-
54,7
0,0
67
1
44,7
0,7
0,453*
0,45
0,37 - 0,53
40,7
14
41
27
27,3
18
0,14
1,91
0,95 - 3,83
43,3
11,3
48
20
32
13,3
0,15
1,59
0,75 - 3,36
51,3
3,3
61
7
40,7
4,7
0,26
1,76
0,53 - 5,84
55
2.3 DISCUSSÃO
A predominância da faixa etária no estudo em questão foi de 27 anos, aproximandose dos resultados de outra pesquisa realizada por Mourão et al. (2015), onde a média da idade
dos alunos estava entre 21 a 26 anos, o que correspondeu a 93,2% dos graduandos de
Enfermagem. Isso indica que os jovens têm iniciado, cada vez mais cedo o ensino superior,
concluindo suas atividades universitárias, são inseridos no mercado de trabalho, porém muitas
vezes sem maturidade emocional para exercer as responsabilidades advindas da profissão.
Um estudo realizado com enfermeiros recém-graduados em Montes Claros, Minas
Gerais, revelou que às principais dificuldades encontradas no processo de liderança e gestão
envolveram a superação do preconceito da limitada experiência e a pouca idade, afim de obter
a credibilidade da equipe na mudança de papel. Outro aspecto que se observa nas graduações
em enfermagem é o número moderado de evasões que pode estar relacionada, muitas vezes,
com a imaturidade para a escolha da profissão (SOUZA & SOUZA et al., 2015; BUBLITZ et
al., 2015)
Em relação a predominância dos sexos a Enfermagem ainda é considerada feminina,
visto que 90% da categoria ainda é composta por mulheres, contudo existe uma tendência
para a ascensão de profissionais e de estudantes do sexo masculino nos últimos anos, trazendo
novos direcionamentos para a formação (MACHADO et al., 2016). Na pesquisa em questão
12% dos discentes são do sexo masculino (Tabela 1), esse novo perfil na área de enfermagem,
foi fato evidenciado em outro estudo com 276 graduandos do curso de Enfermagem do Centro
de Ciências da Saúde (CCS) da UVA em Sobral- CE, onde a presença masculina
compreendeu a 21,4% (59) do total dos estudantes. Percebe-se assim uma inclinação do
mercado, que vem desde 1990, caminhando para a igualdade de gêneros na profissão,
desmistificando a cultura histórica de a Enfermagem ser uma profissão exclusiva das
mulheres (XIMENEZ NETO, 2017).
No perfil dos alunos da IES estudada é que a maioria (46%) dos pesquisados (Tabela
1) são do interior do Estado de Alagoas. Tal perfil deve-se a ampliação do número de vagas
nos cursos de graduação que se deu em determinado estágio de desenvolvimento do SUS.
Devido ao novo modelo de atenção à saúde foi necessário um aumento de profissionais de
enfermagem para atender as necessidades do mercado de trabalho voltadas para o contexto
político e social.
56
A expansão dos programas na Atenção Básica a Saúde (ABS), como a implantação
da Estratégia Saúde da Família (ESF) e do Núcleo de Apoio a Estratégia da Família (NASF),
a partir do processo de municipalização que levou a iminência de um maior número de
profissionais de nível superior. No entanto, com isso, surgiu um número excessivo de cursos
de graduação em Enfermagem, apontando para uma reflexão sobre a qualidade desse ensino e
com que competências estariam sendo formados estes profissionais (XIMENES NETO et al.,
2017).
Além disso, Barros Neto e colaboradores (2014) apontam que a sobrecarga de
profissionais enfermeiros disponíveis no mercado de trabalho favorece a diminuição da média
salarial, aumenta as fragilidades dos vínculos empregatícios, além de que, existe o risco de o
excedente, muitas vezes, aceitar formas de trabalhos e salários precários.
Outra questão identificada nessa pesquisa foi à satisfação dos acadêmicos quanto a
sua formação para o mercado de trabalho onde 82% dos discentes da IES pesquisada (Tabela
2) afirmam sentirem-se satisfeitos. Quanto a este quesito, sabe-se que o meio acadêmico
proporciona ao aluno situações diárias que demandam mudanças e adaptações que podem ser
avaliadas como estressoras e, tal situação pode ocasionar nessa população, problemas no
rendimento acadêmico e na qualidade da assistência prestada (BUBLITZ et al. 2012).
Bublitz e colaboradores (2012), em pesquisa realizada com 130 graduandos de
enfermagem, na qual avaliou os fatores mais estressantes da vida acadêmica, a formação
profissional estava no 4º domínio mais estressante dentre os 6 domínios estudados (realização
de atividades práticas, comunicação profissional, gerenciamento de tempo, ambiente,
atividades teóricas e a formação profissional). Esse domínio, apontava para os aspectos
relacionados a preocupação do aluno com o conhecimento adquirido na fase da formação
acadêmica para o impacto dessa formação no futuro profissional e em direção da percepção
das possíveis atividades a serem desenvolvidas após formados. Como a maior parte dos
discentes da pesquisa em questão apontam com positividade quanto a este quesito, infere-se
que a IES estudada vem contribuindo para o bom desenvolvimento desses aspectos.
Foi referido pelos pesquisados que 94% (Tabela 2) deles dedicariam 8h diárias de
suas atividades laborais ao setor público após a graduação. Tal dado reflete o que Machado e
colaboradores (2016) mostraram em sua pesquisa que traçou o perfil da Enfermagem no
Brasil. Dos 414.000 enfermeiros com registro ativo no Conselho Federal de Enfermagem
(COFEN), constataram que 270 mil destes enfermeiros atuavam (65,3%) no setor público,
mesmo sendo as atividades no âmbito hospitalares as mais exercidas neste setor. Por outro
57
lado, verifica-se que na atual conjuntura, o cenário público tomou um significado particular e
diferenciado dos demais, pois envolve a produção de bens e serviços da Enfermagem, sendo o
maior empregador da categoria.
A Reforma Sanitária Brasileira (RSB), o princípio da descentralização e da
municipalização, levaram as mudanças na organização, no funcionamento e na gestão dos
serviços, com expansão dos empregos públicos na esfera municipal. O modelo de atenção a
saúde passou a focar suas ações na ABS, com adesão dos municípios à ESF e aos demais
programas voltados a essa rede de cuidados, como consequência, a força de trabalho na saúde
tornou-se essencialmente vinculada aos municípios, com diminuição da importância e de
empregos na esfera federal. Ressalta-se que em, 1992, os municípios representavam 41,6% do
total dos empregos públicos e, em 2005, subiram sua participação para 68,8% (SANTINI et
al., 2017). Sendo assim, quanto às expectativas dos possíveis egressos da IES estudada, no
que ser refere ao ingresso do serviço público, o poder municipal parece ter maior capacidade
de absorção.
Porém, há de se enfatizar aqui que em um estudo onde se avaliou a inserção do
recém-formado no mercado de trabalho, apenas 17,1% deles tiveram êxito por meio de
concursos públicos e 8,5% conseguiu atuar neste cenário por indicação de colegas. Assim, é
perceptível que o egresso do curso de Enfermagem precisa estar bem preparado para a
realização de concursos, ter uma postura profissional adequada e, também, possuir boa rede
de relacionamentos interpessoais a fim de facilitar sua absorção nesta esfera (JESUS et al.
2013).
Quanto a expectativa de trabalhar exclusivamente no setor público apenas 24,7%
(Tabela 3) deles afirmam querer esta realidade, talvez isso deva-se a ideia que Machado e
colaboradores trazem em seu estudo (2016, p.38), tal seja, a do "mito do múltiplo emprego"
onde profissionais do setor saúde têm a potencialidade de atuarem em vários locais.
Diferentemente do esperado, neste mesmo estudo, foi observado que 58%, ou seja, mais da
metade dos enfermeiros com vínculo COFEN informaram ter apenas um emprego, refletindo
uma certa escassez de oferta de vagas para absorção da categoria profissional.
O movimento que se observa é um desequilíbrio em entre à oferta de empregos e à
demanda de profissionais que vem se intensificando a partir do crescimento dos cursos de
graduação em enfermagem e, consequentemente, do número de egressos que são lançados no
mercado de trabalho a cada ano. Em uma pesquisa realizada com enfermeiras na busca do
primeiro emprego viu-se a existência de sofrimento psíquico em 18,1 % das entrevistadas, as
58
quais apresentavam sintomas de depressão por estarem desempregadas há mais de 18 meses
após a conclusão da graduação (BARROS NETO et al., 2014; SILVA; MARCOLAN, 2015).
É importante observar que, mesmo somando as vagas do setor público com as do
privado, elas são insuficientes para absorver o grande percentual de profissionais, levando a
uma relação prejudicial entre a expansão de cursos e a empregabilidade, o que configura um
“exército de reserva”. Além disso, a mudança e a reestruturação do mercado de trabalho levou
às terceirizações e contratos temporários com redução dos postos de trabalhos, e quando esses
são ofertados, apresentam-se como precários, informais, subempregos e com perdas salariais
(SILVA; MARCOLAN, 2015).
Outro problema citado por Silva e Marcolan (2015) que pode contribuir para atual
condição de desemprego dos egressos está relacionada a formação. O primeiro emprego é um
passo desafiador que acompanha o profissional, nesse sentido, em uma pesquisa realizada por
Souza & Souza et al. (2015) com recém-formados de Enfermagem, viu-se nas falas dos
indivíduos em questão que a formação não abordou, por exemplo, toda complexidade que
envolve a gerência de pessoas e processos em saúde, algo peculiar da competência do
profissional Enfermeiro. A liderança em enfermagem foi uma temática presente nas
discussões da graduação, porém com pouco tempo de estágio na disciplina de administração,
sendo enfatizado por eles o despreparo em lidar com a complexidade dos aspectos políticos e
interpessoais intrínsecos na atual conjuntura do mercado de trabalho.
Ainda sobre o caráter administrativo e gerencial do exercício profissional dessa
categoria, enfatiza-se a supervisão de enfermagem que emerge como um instrumento de
gerência privativo do Enfermeiro. Essa ferramenta é capaz de promover um planejamento,
uma implementação e uma avalição do cuidado integral ao usuário e tem a finalidade de
definir as relações de trabalho, objetivando uma orientação ao trabalho da equipe de
Enfermagem. Nesse sentido, o Enfermeiro supervisor deve manter uma postura ética, com
atitude imparcial, flexível e de liderança (CHAVES et al. 2017; CELEDÔNIO et al., 2017).
Nesse quesito, 80% (Tabela 4) dos pesquisados, no estudo em questão, afirmaram ter a
capacidade de exercer essa competência podendo ser observada a partir do 7º período.
A liderança refere-se à competência de buscar cotidianamente mudanças necessárias
para garantir a qualidade da assistência aos usuários, sem esquecer dos fatores organizacionais
e das necessidades da equipe. Assim, a supervisão em enfermagem pode variar de acordo com
o local, a cultura institucional e o nível de atenção na qual se desenvolve, tendo influência
também das competências e habilidades do supervisor que são determinadas pelo
59
conhecimento científico, pela prática clínica, de gerenciamento, de comunicação, de ética, do
comportamento profissional, da capacidade de ensinar e de apoiar a equipe. No Brasil, o
enfermeiro desenvolve esta supervisão, obrigatoriamente, sobre o nível técnico e elementar,
estando inseridos dentre os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) (CELEDÔNIO et al.,
2017; FARAH et al., 2016).
Em um estudo onde, objetivou-se compreender a percepção de enfermeiras sobre sua
atividade de supervisão de enfermagem na Atividade Primária em Saúde (APS), a partir das
suas falas, a maioria das pesquisadas responderam que realizavam essa função
cotidianamente, sendo uma ação importante no processo de trabalho, independentemente da
alocação funcional que a enfermeira exerça. Tal função foi destacada como uma ferramenta
gerencial que possibilita acompanhar e contribuir na educação permanente e no desempenho
dos profissionais da equipe de enfermagem, com a finalidade de melhorar a qualidade da
assistência a ser prestada aos usuários do sistema. Porém, referenciaram uma sobrecarga de
funções, visto ter que realizar também as atividades assistenciais (FARAH et al., 2016).
Um fator preocupante no estudo em questão, foi que a capacidade de realizar a
supervisão da equipe diminuiu nos alunos dos 10º períodos (26,7%) (Tabela 4). Sobre tal
fato, Hirsch et al. (2012) perceberam comportamento semelhante em sua pesquisa com
estudantes de enfermagem dos últimos períodos do curso que apontaram uma insatisfação
com as questões de currículo e do ensino, quando comparados aos estudantes mais jovens.
Para tais autores, possivelmente isso se deu, por tais discentes já estarem a mais tempo em
contato com o ambiente formativo, tanto teórico como prático, o que lhes permite uma visão
mais abrangente e crítica do processo de ensino-aprendizagem.
Outra atividade presente nas práticas da gestão e gerência de enfermagem é o
planejamento das ações em saúde, sendo uma das ferramentas utilizadas por enfermeiros e
demais profissionais do setor. O Planejamento Estratégico em Saúde (PES) é um instrumento
que tem o propósito de buscar a melhor forma de gerenciar ações que envolvem as
instituições, de forma que as decisões atuais reflitam de maneira positiva e eficaz no futuro.
Nas instituições públicas os profissionais de saúde que atuam na gestão/gerência de órgãos e
setores da saúde, voltam-se para concretização de objetivos sociais através do uso prático
desse instrumento (SILVA; BASSI, 2013).
É uma ferramenta útil, flexível e eficaz para lidar com as necessidades da direção em
cada lugar da administração pública, pois focaliza os problemas a partir de uma realidade
sobre a qual se pretende agir, onde é necessário considerar os vários sujeitos que compõe
60
estes cenários conferindo diferentes sentidos e graus de relevância aos problemas
identificados. O ato de planejar envolve um exercício de razão e de sensibilidade, que engloba
atividades de maior ou menor complexidade no cotidiano de trabalho e, sob essa ótica,
propicia a construção de planos para enfrentar situações atuais ou futuras, assim toda
atividade organizacional deve preceder de um planejamento (SANTOS, 2016).
Como já mencionado, a ação de planejamento em saúde dá-se de maneira articulada
entre os sujeitos do contexto onde se quer intervir. Sobre as relações interpessoais, necessárias
a esse processo, foi observado na atual pesquisa, que dos estudantes que apontaram ter um
relacionamento com os colegas, no mínimo, regular 74% deles (Tabela 5) tinham mais
possibilidades de desenvolver planejamento de ações em saúde pública.
Para Trajano et al. (2017) o ambiente de trabalho em saúde tem suas particularidades,
pois apresentam relações hierárquica e verticalizadas entre as diferentes categorias, resultando
em alguns sentimentos negativos, como o de desvalorização. Nesse contexto, há realidades
em que a equipe de enfermagem vivenciam relações interpessoais que surgem como
geradoras de insatisfação e esta relação pode interferir na qualidade dos diálogos e de ações
administrativas, como o planejamento em saúde, assim como na qualidade da assistência
prestada.
Um ambiente favorável para aprofundar essas relações interpessoais, bem como para
resolver problemas locais são as reuniões com a equipe de saúde e demais atores do processo.
De acordo com Santos e colaboradores (2017) nas reuniões em equipe é possível proporcionar
maior clareza sobre os papéis no processo de trabalho, proporcionando tarefas coletivas,
necessárias para a eficiência e eficácia das práticas de saúde. Tais momentos são comuns no
contexto do trabalho em saúde, além de que, o modo como são realizadas estas reuniões
poderá trazer conteúdos de inovação. Sobre a capacidade de reuniões entre gestores,
profissionais e usuários para tratar de assuntos da saúde pública os discentes do estudo em
questão referem aptidão para desenvolver tal atividade (Tabela 6).
As reuniões são ferramentas estimuladas pela Política Nacional de Humanização
(PNH), a partir de uma de suas diretrizes que é a cogestão. A proposição da humanização
estabelece o cultivo da ética de emancipação dos sujeitos, efetivada a partir do diálogo
construído de maneira compartilhada, onde os participantes estejam comprometidos na gestão
do processo de trabalho para debater e construir estratégias que melhorem o acesso e a
qualidade dos serviços de saúde, em todos os níveis assistenciais, a fim de melhorar as
relações estabelecidas entre os trabalhadores, os gestores e os usuários (BECCHI et al., 2013).
61
Ainda sobre a necessidade de competências administrativas e gerenciais para
enfermeiros, em estudo realizado por Celedônio et al. (2017) que objetivou analisar a gestão
do processo de trabalho dos gerentes das Unidades Básicas de Saúde (UBS), foi observado a
unanimidade da amostra com Enfermeiros na função de gerente e coordenador da unidade.
Essa prática é regulamentada pelo COFEN, que estabelece atribuições de chefia,
planejamento, organização, coordenação e avaliação dos serviços de enfermagem, sendo a
comunicação um dos principais instrumentos do exercício gerencial.
Essa aptidão para comunicar-se é capaz de conseguir a reunião de pessoas em torno
de projetos, metas, objetivos e processos de trabalho e de obter resultados significativos,
motivando o grupo e criando um clima de trabalho favorável. Os enfermeiros assumem esta
função devido a sua formação profissional, com capacidade técnico-administrativa que
baseado nas DNC/ENF traz como competências gerais: a atenção à saúde, tomada de decisão,
comunicação,
liderança,
administração
e
gerenciamento;
e
educação
permanente
(CELEDÔNIO et al., 2017; LEAL; CAMILO; SANTOS, 2017).
Pressupondo que esses aspectos sejam essenciais no processo de trabalho do
enfermeiro, cabe às IES proporcionar ao estudante, através de disciplinas de administração e
gerenciamento, o exercício da capacidade de planejar, organizar, dirigir e avaliar o processo
de trabalho da enfermagem, oportunizando práticas reais para a realização das condutas
técnico-científicas, ético-políticas e socioeducativas, de forma a permitir a formação de
sujeitos capazes de transformar a realidade pessoal, trabalhista e social (LEAL; CAMILO;
SANTOS, 2017).
62
2.4 CONCLUSÃO
As competências e habilidades relativas a função gerencial e de gestão são partes
inerentes ao exercício profissional do Enfermeiro, portanto parece ser necessário que se
discutam às modificações que estão ocorrendo no mundo do trabalho e no setor saúde, se
baseando nas realidades da clientela para construção de um perfil profissional mais eficiente.
Realidades como a de concluir o nível superior, na atual conjuntura trabalhista, não
garante a empregabilidade, mesmo havendo uma maior demanda de empregos no setor
público, as vagas disponíveis não acompanham o crescente do número de profissionais de
Enfermagem que vem sendo inseridos todos os anos no mercado de trabalho.
Ademais, mesmo para aqueles que conseguem se inserir neste mercado, aspectos da
formação são pertinentes para garantir a conquista e a manutenção da atividade laboral, além
da qualidade de atuação dos processos que compõe o setor saúde, como por exemplo, na
gestão e gerência dos serviços de saúde.
As competências relativas a essas áreas, como supervisão de enfermagem, trouxeram
uma preocupação importante, e evidenciaram nesta pesquisa, que os alunos do último período
do curso, obtiveram uma diminuição considerável da capacidade na citada área, talvez por já
vivenciarem uma realidade prática e perceberam quão complexo é gerenciar uma equipe.
Portanto sugere-se maiores discussões e experiências práticas nas instituições de ensino, na
área de administração e gerência, a fim de aprimorar essas competências nos egressos.
Além disso, parece importante trabalhar as ferramentas de planejamento em saúde de
uma forma que os discentes possam, aliados a isso, melhorar suas relações interpessoais,
como no que se refere a atitudes de liderança, tomadas de decisão e criatividade. Nessa
direção, a questão do relacionamento interpessoal é importante, pois, como referenciado na
pesquisa, quando os sujeitos não desenvolvem uma boa relação com os pares do contexto, a
capacidade de planejar em saúde diminui consideravelmente, visto que o diálogo entre os
atores do processo saúde e suas relações, são imprescindíveis para a utilização dos
instrumentos de gestão.
63
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22 de Jan 2018.
67
3. PRODUTO
SUSCORRENDO: capacitando em primeiros socorros para o SUS
3.1 INTRODUÇÃO
Os primeiros socorros são as condutas iniciais prestadas a pessoas que estejam em
sofrimento ou em risco de morte que podem ser realizadas em indivíduos já feridos ou que
adoeçam inesperadamente, tais ações não são exclusivas dos profissionais de saúde e se
enquadram no âmbito das práticas de reconhecimento das condições que colocam a vida em
risco e da consequente tomada de iniciativas necessárias à manutenção de condições ideais
para o funcionamento dos órgãos, até a chegada de uma equipe de saúde qualificada
(PEREIRA; PAULINO; SALTARELLI et al., 2015).
Não existe determinação precisa de quando situações inusitadas que comprometam a
vida possam acontecer, por outro lado, com o crescimento populacional, aumentou o número
de acidentes em todos os âmbitos da sociedade. Estes acontecimentos não intencionais são
constituídos por acidentes de trânsito, intoxicações, queimaduras, quedas, afogamentos,
traumas, incêndios, dentre outros, que podem necessitar de condutas iniciais que reduzam ou
não piorem a gravidade da situação, ou seja, situações de urgência e emergência que irão
determinar as intervenções de socorristas que atenderão as vítimas de acordo com suas
necessidades (PEREIRA; PAULINO; SALTARELLI, 2015).
Na verdade, os primeiros-socorros podem significar o ponto definitivo entre a vida e
a morte, e consiste em uma ferramenta importante para manutenção de condições ideais como
também de um prognóstico mais favorável. Desta forma é imprescindível uma aproximação
com ações iniciais que garantam a integridade funcional e estrutural de órgãos, bem como o
bem-estar psíquico e mental de sujeitos vitimados (GALINDO NETO et al., 2017).
Informações que compreendam a identificação dos principais acidentes, de como
preveni-los e de como agir são fatores indispensáveis ao sucesso do atendimento inicial, que
podem evitar complicações decorrentes de medidas intempestivas e impedindo a paralisia do
socorrista no momento de decidir qual o próximo passo a seguir (LIMA; NEVES JÚNIOR,
2016).
Segundo Pereira, Paulino, Salterelli et al. (2015) apesar de sua relevância no país, o
ensino de primeiros socorros ainda é pouco difundido, inclusive o desconhecimento sobre o
tema, Desse modo, o auxílio a vítimas em situações de urgência ou emergência, dá-se apenas
68
pelo impulso da solidariedade, sem treinamento adequado, o que pode causar danos
irreparáveis. Percebe-se ainda, que nem sempre esse conhecimento está presente na formação
e nem no cotidiano dos profissionais de saúde. Contudo, é preciso ofertar meios que
aperfeiçoem e capacitem tais sujeitos para essas situações, não desmembrando a temática do
currículo acadêmico e da educação permanente das profissões em saúde.
Na verdade, observa-se que os conteúdos essenciais para o curso de graduação em
Enfermagem conforme o estabelecido pelas DCN/ENF, devem ter relação com o processo
saúde/doença do indivíduo, da família e da comunidade, proporcionando a integralidade das
ações deste cuidar. O perfil profissional deve compor competências técnicas, éticas e
políticas, permitindo um censo crítico e resolutivo a partir do reconhecimento das situações
reais ou potenciais, sendo meta prioritária do ensino (WINTERS; PRADO; HEIDEMANN,
2016).
Neste sentido, ter em seus currículos pedagógicos disciplinas que acrescentem a
abordagem aos cuidados iniciais a vítimas de acidentes, é dar a estes profissionais de saúde
subsídios para uma assistência técnica e científica ainda mais qualificada. Uma forma de
perceber a temática em questão, e na área de atenção básica onde esses profissionais estão
inseridos no projeto “saúde nas escolas”. Nesse projeto, a educação em saúde engloba temas
que prevalecem no contexto da infância e da adolescência, tendo como ênfase, por exemplo,
os acidentes domésticos e do ambiente escolar com necessidade de atuação imediatista. Neste
sentido, as ações de primeiros-socorros são temas de pauta recorrente para educação em saúde
infantil (GALINDO NETO et al., 2017).
É possível fomentar o conhecimento a partir de uma necessidade real, sendo a
atuação de práticas em serviço é uma proposta que pode ser iniciada durante a graduação.
Através de experiências com graduandos no SUS é possível desenvolver o aprendizado de
forma construtiva e libertadora, permitindo aos sujeitos respostas sobre seus questionamentos
e uma percepção precisa das políticas de gestão e do cuidado ofertado por este sistema de
saúde, bem como uma inclusão ativa no contexto do modelo de atenção e oferta de serviços
(MAFFISSONI et al. 2017).
Um dos meios fortalecedores para essa aproximação são às práticas de educação em
saúde que podem transversalizar todos os envolvidos no contexto, como profissionais,
gestores e usuários desenvolvendo e estimulando a “capacidade de ensinar, aprender, aprender
a aprender e aprender a ensinar”, ampliando assim o cuidado em uma perspectiva mais
humana e integral. Evidencia-se com esta prática, a necessidade de ir além dos muros da
69
faculdade e do sistema de saúde, para atuar em diferentes locais de aprendizado (AMARAL;
PONTES; SILVA, 2014; OLIVEIRA et al., 2015, p. 154).
Em estudo recente que relatou a experiência dos alunos de enfermagem nos últimos
períodos do curso, durante o curso de uma disciplina de práticas em saúde que teve como
objetivo desenvolver educação em saúde para leigos com a temática de primeiros socorros,
viu-se que o desenvolvimento dessa prática gerou nos graduandos/educadores a habilidades
de trocar de experiências, o que lhes favoreceu a ampliação de conhecimentos além de
proporcionar e oferecendo uma maior interação entre o educador e o educando. Ainda mais,
essas ações fortaleceram, na população leiga para a promoção da autonomia diante da tomada
de decisões em situações de emergência. A abordagem deste estudo comunga com a literatura
correlata, no sentido de reafirmar que ao desenvolverem educação em saúde ao longo da
formação acadêmica os futuros enfermeiros têm sua esfera educativa fortalecida, além de
contribuírem para o protagonismo dos indivíduos nas questões de saúde (OLIVEIRA et al.,
2015).
O enfermeiro é geralmente quem faz a gestão/gerência das ações, trabalho que
engloba diversos desafios, dessa forma é preciso repensar a formação em saúde, perpassando
o processo apenas de aquisição de diploma e enveredando para a construção de profissionais
enfermeiros com potencial transformador, com fortalecimento do compromisso e na defesa do
SUS (MAFFISSONI et al. 2017). Sendo assim esse projeto teve como objetivo geral:
implementar a vivência prática do SUS aos discentes de Enfermagem dos 1º ao 5º período do
curso, utilizando como ferramenta de aprendizagem a educação em saúde, com capacitação
em primeiros-socorros dos profissionais que atuam no âmbito do SUS.
3.2 PROCEDIMENTOS E MÉTODO
3.2.1 Tipo de projeto de intervenção
Tratou-se de um Curso de Capacitação vinculado a uma Instituição de Ensino
Superior Privada com o objetivo de desenvolver atividades práticas extracurriculares para
atuação dos discentes do curso de graduação em Enfermagem na educação em saúde voltadas
para os conhecimentos práticos dos primeiros-socorros.
70
3.2.2 Situação problema
O projeto foi iniciado a partir da elucidação dos resultados da pesquisa realizada pela
pesquisadora docente da IES, cujo trabalho acadêmico intitulado “DISCENTES DE
ENFERMAGEM: FORMAÇÃO PARA O MERCADO DE TRABALHO NO SISTEMA
ÚNICO DE SAÚDE”, revelou potencialidades práticas. Diante das discussões reluzentes da
pesquisa foi possível destacar que alunos nos primeiros períodos do curso de enfermagem não
haviam vivenciado práticas no SUS e que não desenvolveram habilidades para atuar em
educação em saúde, nem em práticas assistências de clínica médica e cirúrgica e ainda, que a
falta de regulares relações interpessoais interferia em algumas ferramentas gerenciais.
Nesse sentido, viu-se a necessidade de desenvolver momentos de vivência prática
nos cenários do SUS, onde os alunos na fase inicial do curso entre os primeiro e quintos
períodos pudessem começar a desenvolver habilidades e competências intrínsecas a profissão
e, consequentemente, a aquilo que o mercado de trabalho almeja.
Sendo a temática de primeiros-socorros de utilidade no contexto assistencial e,
principalmente, de expectativa como um possível conhecimento para graduandos e
profissionais da área de saúde, optou-se em desenvolver o assunto, pois se constituiu de
conteúdo imprescindível não trabalhado no currículo acadêmico dos primeiros períodos do
curso.
Além disso, em enquete realizada anteriormente pela pesquisadora, onde se
perguntou sobre os principais temas que os alunos pretendiam desenvolver nas oficinas, foi
consenso referirem que havia esperado maior aquisição de conhecimento sobre o assunto
“primeiros-socorros” visto cursarem uma graduação na área de saúde e, portanto, passarem a
ser uma referência em seu meio familiar e social diante dos agravos e incidentes que
comprometam a saúde.
3.2.3 Movimento de parcerias internas e externas
De posse dos resultados encontrados foi realizado um encontro entre a pesquisadora
e a coordenação do curso de Enfermagem, sendo apresentado a situação problema e a
proposta de implementação do Curso de capacitação “SUScorrendo: capacitando em
primeiros socorros para o SUS” que poderia barganhar tal condição. A medida de intervenção
foi apoiada pela coordenação de Enfermagem, que logo lançou a proposta da oficina de
práticas, incorporadas ao Sistema de Informações Acadêmicas (SIA) da IES, na ideia de
71
recrutar os alunos interessados que estivessem dentro dos critérios de inclusão propostos pela
responsável pelo projeto.
3.2.4 Seleção e capacitação dos discentes
A fase de submissão a entrevista foi marcada inicialmente pela divulgação das
oficinas, com edital de abertura e período de inscrição.
Os critérios de inclusão dos alunos eram estar matriculados no curso de Enfermagem
da IES proponente e estarem cursando do 1º ao 5ª período do curso. Após o período de
inscrição os alunos foram submetidos a entrevistas, com vistas à aptidão no desenvolvimento
da temática, bem como para análise de disponibilidade de tempo para o momento das oficinas
e treinamento nas IES, e posterior realização de atividades de educação em saúde no contexto
SUS, ou seja, o estudante deveria dispor de pelo menos 4h diárias e dois dias da semana,
totalizando 08 horas semanais.
Nas oficinas, foram inscritos 22 alunos, havendo empate nos critérios da entrevista,
sendo o desempate realizado a partir da apresentação do coeficiente anual do curso. Dentre as
maiores notas foram selecionados 09 alunos: 02 alunos do 1º período, 02 alunos do 2º
período, 02 alunos do 3º período, 02 alunos do 4º e 01 aluno do 5º período que foram
distribuídos em 01 por cada turno (vespertino e noturno).
3.3 RESULTADO E DISCUSSÃO
3.3.1 Capacitação dos alunos em primeiros socorros
Após o processo de seleção, os alunos participaram de oficinas de primeiros socorros
distribuídas por 02 dias em períodos de 3h. Para o primeiro dia de oficina a temática escolhida
foi a explanação teórica sobre os conteúdos previstos para temática, apontados a seguir:
1. Instabilidades: fratura e luxações;
2. Hemorragias: lesões corto-contusa e epistaxe;
3. Crise convulsiva
4. Desmaio/síncope
5. Trauma abdominal: eviscerações
6. Objeto encravado
7. Queimadura: 1º 2º 3º 4º graus.
8. Corpo estranho: adulto, criança e lactente
72
9. Parada cardiorrespiratória e SBV/ uso do DEA.
No segundo momento da oficina, os alunos foram desenvolver as atividades práticas
no laboratório da IES. Utilizou-se como abordagem metodológica a problematização com o
objetivo de buscar dos participantes as experiências, os conhecimentos prévios,
esclarecimentos de dúvidas e as estratégias utilizadas no cotidiano dos participantes diante de
situações de primeiros socorros. Os materiais didáticos usados foram manequins próprios para
o ensino de parada cardiorrespiratória e engasgo, e talas.
Fotos 1 - Treinamento Prático de RCP em laboratório com os alunos, 2017.
Fonte: acervo pessoal de fotos da pesquisadora, 2018.
No seguimento da proposta, a equipe do SUScorrendo vivenciou o SUS a partir da
capacitação em primeiros-socorros da equipe do Consultório na Rua de Maceió. De acordo
com Abreu e Oliveira (2017), o consultório na rua é uma estratégia de atenção à saúde da
população em situação de rua, o qual busca oferecer suporte social, afeto e perspectivas de
mudanças para a população atendida.
73
Compreendendo melhor a população específica Engstron e Teixeira (2017) apontam
que a População em Situação de Rua (PSR) é um grupo populacional não homogêneo,
composto por indivíduos que têm aspectos em comum como a “garantia de sobrevivência por
meio de atividades produtivas, desenvolvidas nas ruas, com vínculos familiares rompidos ou
fragilizados e a não referência de moradia regular”.
Neste sentido, o consultório na rua se constitui de um atendimento aos diferentes
problemas e necessidades de saúde da PSR sendo efetivada a partir da atuação de equipes de
consultórios na rua (eCnaR), as quais se responsabilizam pelo cuidado com essa população,
procurando atuar numa abordagem integral à saúde. Realizam atividades educativas e
culturais, fazem a dispensação de insumos de proteção à saúde e encaminhamentos para rede
de saúde e intersetorial. A eCnaR deve configurar-se, assim, como a principal porta de entrada
dessa população para a rede de serviços e deve atuar integrada à Rede de Atenção à Saúde
(RAS), assim como a outras redes intersetoriais (FERREIRA; ROZENDO; MELO, 2016;
KAMI; LAROCCA; CHAVES et al., 2016; ENGSTRON; TEIXEIRA, 2017).
Para essa população específica, é possível perceber que além de aspectos relativos à
marginalização social, de expropriação de direitos, outro aspecto dessa fragilidade é a
constante exposição a situações hostis, discriminatórias, violentas e perigosas (FERREIRA;
ROZENDO; MELO, 2016). Sendo assim tratar da temática de primeiros socorros com a
eCnaR se faz necessário, pelo risco a que estão expostos os indivíduos em situação de rua,
para a prática de educação em saúde desses profissionais, além da necessidade de
intervenções imediatistas já que atuam em um ambiente de risco para acidentes e agravos à
saúde.
3.3.2 Vivenciando o SUS: primeiros-socorros para a equipe de Consultório na Rua
A equipe de consultório na rua em Maceió estava composta por 12 componentes,
porém nesse mesmo local, haviam outros profissionais que optaram em permanecer e assistir
a capacitação. Dentre as áreas de atuação desses participantes tivemos: 03 assistentes sociais,
03 enfermeiras, 02 educadores físicos, 01 artista de artes cênicas, 01 psicóloga e 10 agentes
sociais, totalizando 20 pessoas.
Enfatizamos que relato sobre a história do projeto e sobre todo caminho percorrido
até aquele momento é imprescindível a uma melhor compreensão deste. Assim, o local de
encontro para realização das atividades, deu-se no dia 07 de fevereiro de 2018, as 14h na sede
do Centro POP 1 (Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua),
situado na Avenida da Paz, sem número, Jaraguá (próximo ao Coreto). No primeiro momento
74
a equipe do SUScorrendo foi apresentada pela professora responsável, Hulda Alves sendo
imprescindível o relato sobre a história do projeto e sobre todo caminho percorrido até aquele
momento.
Foto 2 - Equipe (1) do Projeto SUScorrendo: capacitando em primeiros socorros no SUS
Fonte: acervo pessoal de fotos da pesquisadora, 2018.
Após apresentação do projeto e de seus participantes, chegou o momento dos
profissionais da eCnaR se apresentarem, o que favoreceu um ambiente de interação entre os
facilitadores do projeto (SUScorrendo) com a equipe. Foi entregue como material didático
uma apostila (APÊNDICE 1) elaborada pela equipe do SUScorrendo, a fim de facilitar a troca
de conhecimento.
Foto 3 - Momento de interação entre a equipe do projeto e a eCnaR
Fonte: acervo pessoal de fotos da pesquisadora, 2018.
Posteriormente, iniciou-se a capacitação baseada na problematização dos fatos,
sempre incluindo aspectos da realidade vivenciada pela eCnaR. Os casos foram apontados e
os profissionais indagados diante de sua conduta e seus conhecimentos prévios sobre os
75
primeiros socorros. A partir das soluções propostas inicialmente pelos grupos, novos
apontamentos foram feitos e condutas foram acrescidas e aprimoradas dentro do
conhecimento técnico e científico proposto pelo assunto.
Foto 4 – Momento da troca de conhecimentos de acordo com o conhecimento prévio dos
profissionais da eCnaR
Fonte: acervo pessoal de fotos da pesquisadora, 2018.
O momento da capacitação foi desenvolvido a partir da explanação teórica e por
demonstrações práticas das situações de urgência e emergência, partindo de temas escolhidos
previamente pela equipe do projeto. Os casos abordados foram as situações de fraturas,
luxações, objeto encravado, hemorragias, engasgo, desmaio/síncope, trauma abdominal, crise
convulsiva, parada cardiorrespiratória (PCR), além de outros acidentes levantados pelos
profissionais durante a capacitação, como por exemplo, intervenções em situações de
politraumatismos.
Dando sequência as atividades, os alunos do projeto foram divididos e ficaram
responsáveis por “estações”, nome dado ao local em que seriam desenvolvidas as atividades
práticas com os profissionais, sendo cada uma dessas estações codificadas por cores. O aluno
da estação laranja (Rosylange), ficou responsável pelas atividades práticas de Suporte Básico
de Vida (SBV), capacitando os profissionais para situações de PCR; o aluno da estação
amarela (Rafael) facilitou o aprendizado para práticas de socorro em situações de engasgo,
desmaio e crise convulsiva; e o aluno (Pollyane), da estação verde, realizou práticas de
imobilização em membros,
com tala e papelão, favorecendo habilidades de primeiros-
socorros em situações de instabilidade (fraturas e luxações).
76
Fotos 5 – Alunos do projeto em estações para capacitação prática dos profissionais da
eCnaR.
Foto 5.1 – Estação Amarela
Fonte: acervo pessoal de fotos da pesquisadora, 2018.
Foto 5.2 Estação Laranja
Fonte: acervo pessoal de fotos da pesquisadora, 2018.
Foto 5.3 Estação Verde
Fonte: acervo pessoal de fotos da pesquisadora, 2018.
Todos os profissionais de saúde que compunham a eCnaR realizaram as atividades
práticas propostas pelos facilitadores do projeto SUScorrendo, que se constituiu em uma
experiência de intensa troca de conhecimentos e de empoderamento para ambas equipes. Ao
77
fim, o momento foi avaliado pelos participantes, no intuito de melhorar as próximas
capacitações.
Como resposta ao treinamento, os profissionais referiram a importância da temática
de primeiros socorros dentro de seu contexto de atuação e positivaram pela forma como foram
abordados e explanados os conteúdos teórico-práticos nas oficinas referenciadas
anteriormente. A repercussão positiva da capacitação foi notória, onde nas falas dos
profissionais, agradeceram a iniciativa e afirmaram aguardar uma outra experiência, com
outras situações, bem como se comprometeram em multiplicar o conhecimento adquirido aos
indivíduos em situação de rua.
Para os discentes que participaram do primeiro contato com profissionais do SUS
com atividades de educação em saúde em primeiros-socorros a experiência abriu perspectivas
de futuras atuações dentro do serviço público, aprimorando nos alunos a autoconfiança, as
habilidades de ensino, as relações interpessoais, o conhecimento dos cenários reais, além da
conscientização da importância que eles tiveram na construção de mais conhecimento aos
sujeitos ativos do contexto desse sistema de saúde.
Nessa direção, novas parcerias já estão sendo montadas, inclusive para tornar a
equipe do SUScorrendo um projeto de extensão, já no primeiro semestre de 2018.1, com
duração de 12 meses e certificado com carga horária a definir. Inicialmente o edital será
ofertado para os alunos de Enfermagem, mas o objetivo é fazer desse projeto um ambiente de
interação entre os outros cursos da área de saúde da IES, como educação física, nutrição,
fisioterapia e psicologia, na perspectiva desenvolver mais um princípio do SUS, a
interdisciplinaridade.
Foto 6 – Finalizando as Atividades
Fonte: acervo pessoal de fotos da pesquisadora, 2018
78
3.4 CONCLUSÃO
As práticas de atuação nos ambientes, setores, órgãos e instituições que fazem parte
do contexto do SUS reforçam uma visão realista de que esse sistema ainda está vivo e que sua
existência não depende apenas de uma vontade política, mas de uma postura pessoal e ética
dos profissionais que já o fazem e daqueles sujeitos que nele, em breve, estarão atuando.
Vivenciar a capacitação com os profissionais do consultório na Rua ampliou as
perspectivas de atuação e de comprometimento com o serviço de saúde que oferece
promoção, proteção, prevenção e recuperação à saúde, e porque não enfatizar, abre as portas
para absorver profissionais com um perfil voltado para sua defesa, capaz de desenvolver um
senso crítico, uma análise reflexiva, uma conduta humana e acima de tudo integral.
Não importa em que condição estes sujeitos se encontram, se ainda estão na
formação acadêmica ou se já estão em práticas assistenciais como profissionais do serviço,
pois se sabe que é possível favorecer a troca de conhecimentos e construir atitudes e
habilidades diariamente que positivam para eficácia e qualidade do cuidar em saúde.
Esse projeto vem construindo expectativas favoráveis para todos os que participam
dele, pois vem somar numa perspectiva positiva daqueles que almejam finalizar a graduação e
estar entre os protagonistas ativos do SUS, favorecendo o aprimoramento de habilidades,
técnicas científicas, de tomada de decisão, de relações interpessoais, de uma visão clara da
realidade que propõe o sistema, seja pela escassez de recursos, ou pelo desânimo de alguns
profissionais e da visão de refúgio, em que as portas de alguns serviços do SUS são para
alguns usuários do sistema.
Essa nova ação do SUS também pode aperfeiçoar nos profissionais que já estão
inseridos nos ambientes de trabalho com as habilidades referentes as temáticas de primeiros
socorros, no intuito de ampliar sua prática de cuidar, proporcionando uma assistência ainda
mais integral. Além disso, essa interação entre o ensino e o serviço pode despertar uma
relação de cuidado e responsabilidade recíproca entre as unidades formadoras e esses
profissionais que são espelhos vivos para o corpo discente e docente das IES.
Nossos agradecimentos a Enfermeira do SAMU Alda Galdino, que foi ponte e nos
ajudou nesse processo de capacitação e a Enfermeira Coordenadora do eCnaR em Maceió
Jorgina Sales pelo espaço aberto e pela confiança.
79
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81
CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TRABALHO ACADÊMICO
O mestrado profissional em Ensino na Saúde da FAMED trouxe várias expectativas,
desde a aprovação até a finalização do TACC. O trabalho inicial sempre envolveu o discente e
suas expectativas de formação no SUS, porém dentro de uma abordagem mais restrita ao
entendimento de alguns princípios e em uma análise metodológica voltada para a qualificação
dos resultados, para o direcionamento de um estudo qualitativo. Porém, como tudo na vida é
preciso adaptação, o projeto inicial foi alterado e analisar a formação na perspectiva do
discente para o mercado de trabalho do SUS, passou a ser o objetivo principal, a partir de uma
análise quantitativa, de números que pudessem demonstrar, simbolicamente, esse atual
ambiente de formação.
O estudo foi um desafio, assim como o mestrado, mas as disciplinas de metodologia
da pesquisa, bases do SUS, humanização no SUS e bases interdisciplinares em saúde, foram
as principais referências e pilares científicos para a realização dos artigos, na ampliação do
conhecimento, na busca de acrescentar e encontrar na literatura publicada, os aspectos vistos
nessas disciplinas, dentro das evidências científicas acerca das formações em saúde.
Os resultados desse estudo foram inúmeros, apontando as fragilidades e as
potencialidades da atual formação dos Enfermeiros na IES estudado, cujo o PPP é nacional,
ou seja, outros graduandos de enfermagem, em outros estados, parecem também comungar
dos aspectos apontados no estudo em questão. Percebe-se assim que a formação em
Enfermagem e os avanços propostos pelas DCN/ENF aos cursos de graduação ainda estão
caminhando em passos lentos, pelo menos no que se refere a algumas instituições educadoras
de vínculo privado.
Os modelos reducionistas, hospitalocêntricos, tecnicistas, ainda se revelam nas
matrizes curriculares dos cursos, levando a formação de alunos com habilidades restritas e
específicas para determinadas situações. O integral, o crítico, o reflexivo, o líder, o decidido,
o criativo e o humano, passa a ser uma atitude pessoal, muitas vezes não fortalecida durante a
graduação. Esse aspecto, foi apontado como limitado, pelo déficit de ambientes de prática
entre o serviço de saúde e as unidades formadoras. A experiência de atuar dentro do contexto
e dos cenários do SUS ainda parece ser um momento de expectativa para últimos períodos do
curso de Enfermagem, deixando que os discentes desenvolvam em pouco tempo, um mínimo
de competência para uma perspectiva futura de atuação neste cenário.
82
Nas literaturas pesquisadas, é possível perceber um avanço para o novo perfil do
egresso nas IES públicas e que práticas de ensino já são realizadas nos primeiros períodos do
curso de Enfermagem, mas talvez tal realidade, deva-se a facilidade de acesso aos hospitais de
ensino que são direcionados a esta unidade formadora, o que difere da realidade de muitas
IES privadas. O que se percebe, são poucos campos de práticas no SUS para a grande
demanda de discentes que precisam vivenciar e realizar as práticas assistenciais.
Não obstante, devido a esta escassez de locais que favoreçam a interação ensino e
serviço, os alunos realizam apenas visitas técnicas ou passam um período curto que não os
permite uma aproximação mais íntima com os sujeitos que compõem o sistema, com clima
organizacional e com a rotina de trabalho destes setores e órgãos.
Dessa forma, sugere-se para as IES e docentes que querem e almejam um SUS ainda
melhor, criarem momentos para incluir os seus discentes dentro desta realidade, usando uma
forma até de uma forma criativa para que isso acontece, seja com práticas de extensão, com
projetos de pesquisa ou com estágios extracurriculares. Através de acordos e parcerias é
possível aumentar o escopo das práticas desses alunos favorecendo a formação de habilidades
e competências propostas para os futuros profissionais de saúde. É do presente que se faz o
futuro e do passado que se enxerga o presente.
83
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91
APÊNDICE A – APOSTILA DE PRIMEIROS-SOCORROS
SUS correndo:
Primeiros-socorros no SUS
Facilitadores: Profa. Hulda Alves e Alda Galdino; Rafael, Rosylange, Francisco e Pollyane.
INTRODUÇÃO:
É o atendimento imediato e provisório prestado a uma vítima em situação de acidente ou
agravo. O objetivo principal é manter a vítima viva e protegida contra novos e maiores riscos enquanto
aguarda o atendimento especializado.
PRINCÍPIOS:
Ser rápido, mas não precipitado; usar bom senso, sabendo reconhecer suas limitações; agir
com calma e confiança – evitar o pânico; demonstrar tranquilidade, dando ao acidentado segurança;
manter sua atenção voltada para a vítima e para a cena; Falar de modo claro e objetivo; aguardar a
resposta da vítima; explicar o procedimento antes de executá-lo; responder honestamente as perguntas
que a vítima fizer.
1 HEMORRAGIAS
É a perda de sangue através de ferimentos, pelas cavidades naturais como nariz, boca, entre
outros. Podendo ser resultante de um traumatismo ou não. O socorrista deve avaliar a quantidade
(volume) e a coloração do sangue perdido.
Ações: Compressão direta (curativo compressivo); torniquete.
- Epistaxe: perda de sangue pelo nariz. Ações: cabeça para trás; compressão direta; compressa gelada.
2 INSTABILIDADE: FRATURAS E LUXAÇÕES
2.1 FRATURA: Perda, total ou parcial, da continuidade de um osso.
Tipos de Fraturas: exposta (extremidade óssea se externaliza) ou fechada (não apresenta
exposição da parte óssea, apenas sinais de deformidade, edema/inchaço, dor, mudança na coloração da
pele e crepitação).
Ações: Imobilização das duas articulações próximas à fratura (a articulação distal e a proximal).
Atenção: se for fêmur imobilizar membro todo.
Nas fraturas em que a extremidade óssea aparecer (fratura exposta) ela deverá ser lavada e
protegida com curativo limpo.
2.2 LUXAÇÕES: deslocamento de dois ou mais ossos com relação ao seu ponto de articulação
normal
92
Ações: Imobilização das duas articulações próximas à fratura (a articulação distal e a proximal).
OBJETO EMPALADO
É quando o objeto utilizado no trauma penetrante (arma branca, ferro, cabos de madeira)
alojado/preso no local do corpo.
fica
Ações: nunca retirar o objeto; fixar o objeto para não se movimentar.
TRAUMA ABDOMINAL
Lesões abdominais não reconhecidas são uma das principais causas de morte nos pacientes
traumatizados. As complicações e a morte podem decorrer de lesões de fígado, baço, cólon, intestino
delgado, estômago, ou pâncreas, que não foram inicialmente detectados. A morte pode ocorrer
precocemente por perda intensa de sangue.
EVISCERAÇÃO: saída dos órgãos da parede abdominal.
Ações: hidratação da região e proteção com pano limpo.
Atenção: Nunca tentar colocar os órgãos para dentro.
DESMAIO
O desmaio ou síncope é a perda súbita ou temporária de consciência.
- Sinais e sintomas: Palidez intensa; suor abundante (sudorese); pulso fraco e acelerado; respiração
fraca e curta; vertigem, náuseas e escurecimento da visão.
- Ações: aja rapidamente para evitar uma queda; deixe a vítima deitada de costas e eleve suas pernas
elevadas (posição de Trendelenburg).
-Se a vítima não perder a consciência: fazer a vítima sentar-se com os joelhos ligeiramente afastados e
a cabeça entre os mesmos, se possível mais baixa; orientá-la para que respire profundamente, e para
que force a elevação da cabeça enquanto o socorrista a pressiona levemente para baixo;
CRISE CONVULSIVA
É uma contração violenta, ou série de contrações dos músculos voluntários, com ou sem a
perda da consciência.
Nenhum atendimento de primeiros socorros consegue interromper uma convulsão, mas você
pode evitar complicações garantindo que a pessoa não se machuque nem se asfixie.
Ações: não impedir os movimentos convulsivos da vítima; pegue a pessoa, se for possível,
quando esta cair e deite-a; retire qualquer mobília e todos os objetos (próteses dentárias, óculos,
colares) duros ou pontiagudos que possam machucar a vítima; afrouxe roupas apertadas em torno do
pescoço e da cintura; caso a vítima já ter cerrado os dentes, não tente abri-lhe a boca. Terminada a
convulsão, vire a pessoa de lado para evitar que ela sufoque com a saliva, ou sangue proveniente de
uma língua mordida ou vômito; certificar-se de que a vítima está respirando bem.
Atenção: não dê à vítima nenhuma medicação ou líquido pela boca, pois ela poderá sufocar.
Encaminhá-la para receber assistência especializada.
93
ASFIXIA
Objeto estranho no sistema respiratório, obstruído a passagem de ar.
Sinais e Sintomas: incapacidade de falar; respiração difícil e barulhenta (ESTRIDOR); resto de
sufocação (levando as mãos para a garganta); agitação e confusão; alteração da cor da pele
(extremidades), passando a ficar azulada o que indica baixa oxigenação do sangue.
Ações: manobra de Heimlich
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM ADULTO
É a interrupção súbita e brusca da circulação e/ou da respiração (GÓIS et al., 2015).
É a ausência de atividade mecânica cardíaca, confirmada pela ausência de pulso detectável,
ausência de responsividade e apneia ou ventilação agônica (AEHLERT, 2007).
Ações:
94
95
ANEXO A – QUESTIONÁRIO AUTOAPLICADO
1ª parte: Perfil
1 Qual o período que você está cursando? ___________
2 Qual o seu sexo? ( ) Masculino ( ) Feminino
3 Qual a sua idade? ______________ (anos)
4 Natural de Cidade_____________________________Estado____________
2ª parte: Impressões do sujeito com relação ao curso
5 Ao fazer a escolha do seu curso, você dispunha de informações suficientes a respeito do
mesmo?
( ) Sim ( ) Não ( ) Mais ou menos
6 O que mais influenciou na escolha do curso de Enfermagem? (Marque apenas uma opção)
( ) A concorrência às vagas era menor
( ) Oferece boa situação econômica
( ) É fácil para obter emprego
( ) Dá prestígio econômico- social- cultural
( ) Permite conciliar profissão com interesse particular
( ) Tenho afinidade profissional e pessoal com o mesmo
( ) Influência familiar
( ) Influência de amigos
( ) Ser da área da saúde/biológica
( ) Realização de um ideal
( ) Outros (especificar qual ou quais)
_________________________________________________________________
7 O curso atende às suas expectativas?
( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte
8 Como você classifica o curso de Enfermagem em relação ao seu grau de satisfação pessoal?
( ) Excelente/Ótimo ( ) Bom ( ) regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
9 A principal tarefa da Enfermagem é: (Marque apenas uma opção)
( ) Assistência ao paciente com doenças.
( ) Prevenção das doenças e promoção da saúde.
() Ser o elo entre a equipe médica e o paciente.
3ª parte: O processo ensino aprendizagem
10 Você conhece o Projeto Pedagógico do Curso de Enfermagem?
( ) Sim ( ) Não ( )Em parte
96
11 A Estácio FAL oferece ações de Extensão e Pesquisa. Em qual (is) destas ações você já
participou?
( ) Pesquisa ( ) Extensão ( ) Nenhuma
12 Quais atividades educativas são mais prazerosas no curso?
( ) Aulas teóricas ( ) Aulas práticas ( ) GD ( ) Seminários ( ) Jornada
13 Marque com o X como considera o seu relacionamento, com:
Excelente/Ótimo/Bom/ Regular/ Ruim /Péssimo
Professores
Colegas
Funcionários
4ª parte: O mercado de trabalho em Enfermagem
14 Qual a sua expectativa de trabalho depois da graduação? (pode marcar mais de uma opção)
( ) Setor público
( ) Setor privado
( ) Setor público e privado
( ) Magistério
( ) Administração dos serviços de saúde
( ) Não pretendo exercer a profissão
( ) Pesquisa
15 Você acha que o Curso de Enfermagem da Estácio FAL está capacitando para a inserção
no atual mercado de trabalho? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
16 Na sua opinião o mercado de trabalho está propício aos futuros Enfermeiros assistenciais?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
17 Onde você gostaria de exercer a profissão?
( ) Na região do interior de Alagoas ( ) Maceió ( ) Grandes centros ( ) Não sei
( ) Outro
18 Pretende especializar? ( ) sim ( ) não
Se sim, quanto tempo, em meses, depois de formado(a)?
__________________________________________________________________
Se sim, em qual (is) área(s)?
__________________________________________________________________
Justifique a escolha da área em que pretende especializar:
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________
97
5ª parte: Saúde Coletiva (SUS, ESF)
19 Considerando o conhecimento adquirido no curso de Enfermagem, até o atual momento de
sua formação acadêmica, quais das atividades abaixo você julga capaz de assumir?
Favor responder todas as atividades
Já sou capaz de Realizar
Sim
Não
Educação em saúde para grupos populacionais
Atividades assistenciais voltadas aos cuidados de pacientes da clínica
médica e cirúrgica.
Levantamento epidemiológico de doenças
Reuniões administrativas com gestores, profissionais e usuários de
saúde, para tratar de assuntos da saúde pública.
Atividades preventivas e de promoção em saúde juntamente com
outros profissionais de outras áreas da saúde (atividades
multiprofissionais)
Atividades coletivas de prevenção e de promoção da saúde
Supervisão da equipe de Enfermagem na saúde pública
Planejamento de ações em saúde pública visando melhorar o serviço.
20 Teve alguma experiência de ensino no SUS? ( ) sim ( ) não. Se sim, como classificaria esta
experiência: ( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( ) ruim ( ) péssima
21Você é favorável à proposta do curso de propiciar maior vivência à realidade do SUS? (
)sim ( ) não
22 Você se sente preparado para atuar no SUS? ( ) sim ( ) não
23 Na sua opinião, as ações do SUS na Enfermagem são voltadas para:
( ) pessoas pobres e desfavorecidas
( ) população no geral
24 Se as disciplinas que envolvem o conteúdo da Saúde Coletiva (SUS, ESF) fosse optativas,
você as faria? ( ) sim ( ) não
25 Quando você precisa de tratamento médico, procura preferencialmente:
( ) procura médico particular.
( ) procura médico do SUS.
Justifique sua resposta:
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________
26 Após formado, você dedicaria 8 horas diárias ao serviço público? ( ) sim ( ) não
Por que?
___________________________________________________________________
“Agradecemos pela colaboração dispensada a este trabalho”
98
ANEXO B – AUTORIZAÇÃO DO CEP
99
100
