4- Artigo sobre Pesquisa Qualitativa

Arquivo
PesquisaQualiTURATTO (1) (1).pdf
Documento PDF (103.2KB)
                    Rev Saúde Pública 2005;39(3):507-14

#%

www.fsp.usp.br/rsp

Métodos qualitativos e quantitativos na área
da saúde: definições, diferenças e seus objetos
de pesquisa
Qualitative and quantitative methods in health:
definitions, differences and research subjects
Egberto Ribeiro Turato
Laboratório de Pesquisa Clínico-Qualitativa. Faculdade de Ciências Médicas. Universidade Estadual
de Campinas. Campinas, SP, Brasil

Descritores
Pesquisa biomédica, métodos.
Pesquisa qualitativa. Pesquisadores.

Resumo
Interesses e realizações referentes a pesquisas qualitativas têm sido crescentes no
campo da saúde. Por conseqüência, tem havido maior demanda para os programas
de pesquisa institucional e para publicações nos periódicos científicos. Frente a esta
realidade, o presente artigo teve os seguintes objetivos: (a) apresentar definições de
métodos qualitativos usados nas Ciências do Homem e nas Ciências da Saúde; (b)
compará-los com os métodos quantitativos comuns das Ciências da Saúde; (c)
ilustrar o assunto com os constructos mais importantes nesses campos metodológicos.
São fornecidos critérios para julgar a pertinência do caminho percorrido pelos
pesquisadores qualitativistas, desde a elaboração do plano de pesquisa até a
interpretação dos resultados.

Keywords
Biomedical research, methods.
Qualitative research. Research
personnel.

Abstract
The interest and accomplishments in qualitative research have been increasing in
health. As a consequence, there is a greater demand for both institutional research
programs and scientific journal publications. This article has the following purposes:
(a) to present some definitions in qualitative methods used in Humanities and
Health; (b) to compare them to the usual quantitative methods of health sciences;
and, finally, (c) to illustrate the subject with the most important constructs in these
methodological fields. Above all, the author’s scope was to provide criteria to
evaluate the pertinence of the path taken by qualitative researchers, from research
plan elaboration to result interpretation.

INTRODUÇÃO
Tem-se deparado, de modo crescente, com interesses e com realizações de pesquisas qualitativas no
campo da saúde. Em conseqüência, há uma maior
demanda na busca dos programas de pesquisa institucional, assim como na procura de congressos acadêmicos e periódicos científicos, respectivamente,
para viabilizar projetos e divulgar os resultados de
seus trabalhos. Na última década, as pesquisas qualitativas tornaram-se bem aceitas pelos jornais médiCorrespondência para / Correspondence to:
Egberto Ribeiro Turato
Rua Carlos Guimarães, 230 Apto 82
13024-200 Campinas, SP, Brasil
E-mail: erturato@uol.com.br

cos. Porém, em épocas passadas, esses pesquisadores
tinham os manuscritos rejeitados devido aos trabalhos serem considerados não-científicos. Era como
se consistissem apenas de histórias curiosas contadas
por pessoas sobre os eventos de suas vidas, sem preocupações sistemáticas, isto é, como se aquelas fossem de caráter anedótico.2
Hoje em dia, felizmente muitas revistas científicas
divulgam pesquisas qualitativas de modo habitual.
Por exemplo, a Revista de Saúde Pública, renomado

Recebido em 24/11/2004. Aprovado em 5/4/2005.

#&

Métodos qualitativos e quantitativos em saúde...
Turato ER

periódico brasileiro, possui até mesmo um roteiro de
avaliação de artigos qualitativos para seus consultores. Atualmente, é fácil encontrar profissionais de saúde que não somente dêem importância aos métodos
qualitativos na medicina, mas também reconhecem
sua ajuda para melhor compreender a vida dos pacientes. Da mesma forma, uma quantidade crescente
dos próprios pesquisadores médicos está usando tais
métodos.2 Isso não significa, necessariamente, que
os métodos qualitativos estejam bem compreendidos e utilizados por eles, pois alguns investigadores
apresentam seus relatórios qualitativos usando conclusões do senso comum, entre outros problemas.
Frente a esses desafios, fazia-se necessário um artigo tutorial que discutisse a metodologia da investigação qualitativa, trazendo aos leitores suas mais importantes definições. Complementarmente, tais definições necessitariam ser comparadas com os clássicos conceitos das pesquisas convencionais de campo
– tais como as epidemiológicas – e com outros procedimentos de levantamentos científicos construídos
com mensurações e ferramentas matemáticas em geral. E finalmente, o público acadêmico poderia melhor discriminar os temas e constructos atualmente
mais procurados nesses campos metodológicos.
O objetivo preciso do presente texto é, portanto,
servir ao discernimento e ao aprofundamento sobre
a temática do método qualitativo, com um recorte
de objeto para empregá-lo no entendimento do
setting e do processo saúde-doença. Os alvos são os
leitores e os consumidores destas produções científicas para terem maior clareza de critérios no julgamento da pertinência do caminho percorrido pelos
pesquisadores qualitativistas, desde o plano de pesquisa, passando pela coleta de dados, até a interpretação dos resultados. Igualmente, o presente artigo
carrega o escopo de fornecer subsídios àqueles acadêmicos que pretendem elaborar seus projetos de
investigação qualitativa, para que o façam no rigor
esperado para qualquer geração de conhecimentos
em ciência. Assim, seguem-se as definições concernentes, um comparativo entre as metodologias quáli
e quânti; finalizando com uma diversificada lista
de elaborações conceituais, próprias dos vocabulários de cada método.

Rev Saúde Pública 2005;39(3):507-14
www.fsp.usp.br/rsp

com a discussão sobre métodos qualitativos ou compreensivos. O pensamento científico moderno, como
se sabe, nasceu há quase quatro séculos, com Galileu.
A ele se deve o legado de ter conferido autonomia à
Ciência, distinguindo-a da Filosofia e da Religião,
delimitando assim qual seria seu objeto, objetivo e
método (observação, experimentação e indução).8 A
ciência estabeleceu-se, desde então, no objeto específico das coisas da natureza, ou seja, no estudo das
leis que enunciam as ligações dos fenômenos entre
si, enquanto a filosofia deveria ocupar-se das questões ontológicas (do ser enquanto ser) e, por fim, a
religião manteria as chamadas verdades religiosas
como seu objeto.
Por sua vez, a história dos métodos qualitativos
ou compreensivos é mais recente. Há pouco mais de
um século, juntando-se com o início das idéias de
se criarem as Ciências Humanas, surgem em contraponto às então já organizadas Ciências Naturais.
Com seus métodos qualitativos, a disciplina de Antropologia desenvolveu a chamada etnografia, cuja
revolução ocorreu nos anos 20 com as publicações
de Malinowski.10 Esse antropólogo permaneceu alguns anos convivendo com nativos da Oceania, observando participativamente o que lá ocorria. A partir deste fato, a história da ciência atribuiu-lhe o
pioneirismo na metodologia científica qualitativa,
já que ele procurou descrever sistematicamente
como havia obtido seus dados e como ocorria a experiência de campo.
Primeiramente, entretanto, deve-se dar mérito a
Marx e a Freud por terem propiciado importantes
cortes epistemológicos para compreensões novas e
profundas do ser humano, permitido estudos científicos autônomos para as Ciências Humanas. Esses
pensadores construíram escolas que, respectivamente, ergueram o véu que oculta os mecanismos da Ideologia atuante nos grupos da sociedade e tiraram a
máscara que esconde os mecanismos do Inconsciente atuante no mundo psíquico dos indivíduos.4 Contribuíram decisivamente para a sustentação da
cientificidade das Ciências Humanas, nas quais se
encontra o lócus da construção metodológica da pesquisa qualitativa.

ANTECEDENTES HISTÓRICOS

CONCEITOS USUAIS DE MÉTODOS
QUALITATIVOS

Considere-se que o discurso das Ciências Naturais
– a Física, a Química, a Biologia e as numerosas ciências derivadas, dentre elas as Ciências Médicas –
mescla-se com o entendimento dos métodos quantitativos ou explicativos. Da mesma forma, a discussão
sobre as Ciências do Homem e da Cultura mistura-se

Metodologicamente, para explicar cientificamente os fenômenos relacionados a drogadição, por exemplo, pesquisadores utilizam psiquiatria, epidemiologia ou farmacologia clínica. Mas para compreender o
que a dependência química significa para a vida do
doente, este é um tema para os investigadores quali-

Rev Saúde Pública 2005;39(3):507-14
www.fsp.usp.br/rsp

tativistas, que podem ser: o psicólogo, o psicanalista, o sociólogo, o antropólogo ou o educador. Entretanto, seria interessante que os próprios profissionais
de saúde pudessem empregar métodos qualitativos,
com a vantagem de que eles já trazem – devido a sua
experiência em assistência – as inerentes atitudes clínica e existencial.14 Isso permitirá que eles realizem
ricos levantamentos de dados e façam interpretações
de resultados com grande autoridade.
Por outro lado, é decisivo que se trabalhe com
nitidez a concepção do método qualitativo de pesquisa, pois não se convém imitar ingenuamente o
entendimento que se traz de outras abordagens investigativas. Deve-se, assim, evitar assertivas destes tipos: método de pesquisa que não lança mão de
recursos como números, cálculos de percentagem,
técnicas estatísticas, tabelas, amostras numericamente representativas, ensaios randômicos, questionários fechados ou escalas de avaliação. Tentar definir
pela via da negação não constitui obviamente uma
definição.14 Também não é o caso de dizer, como se
costuma concluir de modo intuitivo, que o método
qualitativo é usado para estudar a “qualidade” de
um objeto. No contexto da metodologia qualitativa
aplicada à saúde, emprega-se a concepção trazida
das Ciências Humanas, segundo as quais não se busca estudar o fenômeno em si, mas entender seu significado individual ou coletivo para a vida das pessoas. Torna-se indispensável assim saber o que os
fenômenos da doença e da vida em geral representam para elas. O significado tem função estruturante: em torno do que as coisas significam, as pessoas
organizarão de certo modo suas vidas, incluindo seus
próprios cuidados com a saúde.
Não se confunda, no entanto, pesquisa qualitativa nas Ciências Humanas e da Saúde com o usual
nas Ciências Naturais, as quais se ocupam de conduzir estudos também chamados de qualitativos.
Nestas, o pesquisador fixa seu interesse em conhecer, agora certamente, as “qualidades” físicas, químicas ou biológicas de seu objeto de investigação.
Pesquisadores das Ciências da Natureza falam comumente do emprego de métodos qualitativos ao se
ocuparem, como num exemplo das áreas biológicas, na parasitologia médica, do objetivo de detectar a presença ou não de protozoários num material
coletado para análises clínicas. Trata-se do termo
qualitativo, obviamente com significado próprio
dentro de seu modelo epistemológico-metodológico. Para tanto, o pesquisador utilizará técnicas tais
como: coleta de material dentro de procedimentos
de obtenção precisa, acondicionamentos em recipientes adequados, cuidados com a identificação do
material e sua análise em laboratório bem equipa-

Métodos qualitativos e quantitativos em saúde...
Turato ER

do. Em suma, esse pesquisador terá estudado um
particular fenômeno da Natureza, em profundidade,
descrevendo-o em suas propriedades, fazendo assim pesquisa qualitativa em Ciências Naturais.
Voltando para o contexto das Ciências do Homem
e da Saúde, transcreve-se inicialmente uma definição genérica de métodos qualitativos apresentada
pelos sociólogos Denzin & Lincoln,6 habitualmente
citada na literatura: “Os pesquisadores qualitativistas
estudam as coisas em seu setting natural, tentando
dar sentido ou interpretar fenômenos nos termos das
significações que as pessoas trazem para estes”. A
mera leitura da definição acima pode ser insuficiente
para uma compreensão acurada ao leitor desacostumado com a prática dessas pesquisas. Sublinha-se
novamente que, se não é diretamente o estudo do
fenômeno em si que interessa a esses pesquisadores,
seu alvo é, na verdade, a significação que tal fenômeno ganha para os que o vivenciam.
Em palavras semelhantes, os educadores Bogdan
& Biklen1 pontuam: “[Os pesquisadores qualitativistas] procuram entender o processo pelo qual as
pessoas constroem significados e descrevem o que
são estes”. Esses autores também tomam significado como idéia-chave. Depreende-se que o pesquisador qualitativista não quer explicar as ocorrências
com as pessoas, individual ou coletivamente, listando e mensurando seus comportamentos ou correlacionando quantitativamente eventos de suas vidas. Porém, ele pretende conhecer a fundo suas vivências, e que representações essas pessoas têm dessas experiências de vida.
Por sua vez, organizando uma definição detalhada de métodos qualitativos, as enfermeiras Morse &
Field, 12 assim os caracterizam: “Indutivos,
holísticos, êmicos, subjetivos e orientados para o
processo; usados para compreender, interpretar, descrever e desenvolver teorias relativas a um fenômeno ou a um setting”. Embora as autoras procurassem
ser abrangentes em sua definição, infelizmente deixaram de fora os termos significado/significação.
No seu alvo amplo, no entanto, ganha força a palavra teoria que implica que o método qualitativo é
não é apenas um modo de pesquisa que atende a
certas demandas. Ele tem o fim comum de criar um
modelo de entendimento profundo de ligações entre elementos, isto é, de falar de uma ordem que é
invisível ao olhar comum. Saliente-se ainda o termo
processo, aqui particularmente rico, caracterizando
o método qualitativo como aquele que quer entender como o objeto de estudo acontece ou se manifesta; e não aquele que almeja o produto, isto é, os
resultados finais matematicamente trabalhados. Por

#'

#

Métodos qualitativos e quantitativos em saúde...
Turato ER

sua vez, o raciocínio indutivo é relativo ao fato de
que estes pesquisadores se fundamentariam sobre
os dados de campo, estudando individualidades a
fundo e colecionando informações que, paulatinamente, desembocariam na construção de uma teoria
densa e plausível. Êmico quer dizer que a interpretação do cientista há de ser feita na perspectiva dos
entrevistados e não uma discussão na visão do pesquisador ou a partir da literatura. Deve-se principalmente trazer conhecimentos originais e não se fixar
em confirmar as teorias já existentes, pois assim a
ciência não avança.
Privilegiando, a seu turno, uma definição estrutural e com objetivos contemplando a visão sociológica, Minayo,11 aponta as metodologias qualitativas
como: “[...] aquelas capazes de incorporar a questão
do significado e da intencionalidade como inerentes
aos atos, às relações, e às estruturas sociais, sendo
essas últimas tomadas tanto no seu advento quanto
na sua transformação, como construções humanas significativas”. Novamente o termo significado ganha
presença, neste contexto com interesse pelas estruturas sociais, procurando conhecer o querer-dizer das
estruturas para os sujeitos sob estudo.
Por fim, apresenta-se a definição do método clínico-qualitativo, uma particularização e um refinamento dos métodos qualitativos genéricos das Ciências Humanas, porém voltado especificamente
para os settings das vivências em saúde: “Aquele
que busca interpretar os significados – de natureza
psicológica e complementarmente sociocultural –
trazidos por indivíduos (pacientes ou outras pessoas preocupadas ou que se ocupam com problemas
da saúde, tais como familiares, profissionais de saúde e sujeitos da comunidade), acerca dos múltiplos
fenômenos pertinentes ao campo dos problemas da
saúde-doença”.13
Nesse particular método, o pesquisador é chamado
a usar um quadro eclético de referenciais teóricos para
redação de seu projeto e para a discussão dos resultados, sempre no espírito da interdisciplinaridade. Todo
o empreendimento deve ser sustentado por três pilares, que funcionam como características demarcadoras
e consistem das seguintes atitudes: existencialista,
clínica e psicanalítica. Essas propiciam, respectivamente: uma postura de acolhida das angústias e ansiedades inerentes do ser humano; uma aproximação
própria de quem habitualmente já trabalha na ajuda
terapêutica; e a escuta e a valorização dos aspectos
psicodinâmicos mobilizados sobretudo na relação
afetiva e direta com os sujeitos sob estudo.Esse método tem-se provado adequado em pesquisas qualitativas já realizadas no campo da saúde.3,5,7

Rev Saúde Pública 2005;39(3):507-14
www.fsp.usp.br/rsp

AS CARACTERÍSTICAS DOS MÉTODOS
QUALITATIVOS1
Primeiramente, o interesse do pesquisador volta-se
para a busca do significado das coisas, porque este
tem um papel organizador nos seres humanos. O que
as “coisas” (fenômenos, manifestações, ocorrências,
fatos, eventos, vivências, idéias, sentimentos, assuntos) representam, dá molde à vida das pessoas. Num
outro nível, os significados que as “coisas” ganham,
passam também a ser partilhados culturalmente e assim organizam o grupo social em torno destas representações e simbolismos. Nos settings da saúde em
particular, conhecer as significações dos fenômenos
do processo saúde-doença é essencial para realizar as
seguintes coisas: melhorar a qualidade da relação
profissional-paciente-família-instituição; promover
maior adesão de pacientes e da população frente a
tratamentos ministrados individualmente e de medidas implementadas coletivamente; entender mais profundamente certos sentimentos, idéias e comportamentos dos doentes, assim como de seus familiares e
mesmo da equipe profissional de saúde.
Segunda propriedade do método: o ambiente natural do sujeito é inequivocamente o campo onde
ocorrerá a observação sem o controle de variáveis.
Terceiro ponto: o pesquisador é o próprio instrumento de pesquisa, usando diretamente seus órgãos do
sentido para apreender os objetos em estudo, espelhando-os então em sua consciência onde se tornam
fenomenologicamente representados para serem interpretados. Quarto atributo: o método tem maior força no rigor da validade (validity) dos dados coletados, já que a observação dos sujeitos, por ser acurada,
e sua escuta em entrevista, por ser em profundidade,
tendem a levar o pesquisador bem próximo da essência da questão em estudo. Quinta característica: se a
generalização não é a dos resultados (matematicamente) obtidos, pois não se pauta em quantificações
das ocorrências ou estabelecimento de relações causa-efeito, ela se torna possível a partir dos pressupostos iniciais revistos, ou melhor, dos conceitos construídos ou conhecimentos originais produzidos. Caberá ao leitor e consumidor da pesquisa usá-los para
examinar sua plausibilidade e utilidade para entender casos e settings novos.
Com finalidade didática, é relevante traçar os perfis
comparativos entre as características das metodologias quáli e quânti aplicadas ao campo da saúde. Na
Tabela 1, o leitor contemplará os níveis conceituais de
ambas as metodologias, iniciando por qual atitude científica se deve ter quando utilizado um ou outro método. Vê-se também a força maior de cada método
(reliability versus validity), assim como qual deveria

Rev Saúde Pública 2005;39(3):507-14

Métodos qualitativos e quantitativos em saúde...
Turato ER

www.fsp.usp.br/rsp

Tabela 1 - Diferenças e similaridades entre os métodos quantitativos e qualitativos de pesquisa.
Níveis conceituais nas metodologias
Métodos quantitativos de campo e
Métodos qualitativos de campo
experimentais
Paradigma mais influente
Positivismo
Fenomenologia
Atitude científica
Busca da explicação do comportamento
Busca da compreensão da dinâmica do Ser
Raciocínio do método

Força do método
Objeto de estudo
Objetivos de pesquisa
Autores de referência na filosofia e na
ciência
Quadro de referenciais teóricos
Temas comuns
Principais disciplinas
Interesse por comparações
Desenho do projeto
Andamento do projeto
Instrumentos específicos
Tipos de instrumentos de pesquisa

Adequação dos instrumentos
Amostragem
Perfil da amostra
Tamanho da amostra
Estudo das varáveis
Tratamento/ análise dos dados

Apresentação dos resultados
Alvo da discussão dos resultados
Estratégia da discussão
Cotejamento com a literatura
Finalização da concepção teórica
Conclusões sobre as hipóteses

das coisas
Humano
Epistemologicamente, todos os métodos são dedutivos a priori (partindo de hipóteses
imaginadas pelo pesquisador em suas experiências de vida e em estudos teóricos) e
indutivos a posteriori (partindo de dados coletados em campo, em laboratório ou em
registros da literatura)
Atribuída à qualidade da alta
confiabilidade/ reprodutibilidade dos
resultados que foram obtidos
Fatos (vistos e descritos)
Estabelecimento matemático das relações
causa-efeito

Atribuída à qualidade da alta validade dos
dados/ achados que foram colhidos

Fenômenos (apreendidos)
Interpretação das relações de significado
dos fenômenos, como referido pelas
pessoas
Descartes, Comte, Claude Bernard, Pavlov, Dilthey, Marx, Freud, Malinowski, Weber
Durkheim

Como em qualquer tipo de pesquisa, reúne conhecimentos, escolas e autores
que dão sustentação ao pensamento científico do pesquisador e à sua prática
profissional
Ocorrências mais freqüentes, gerais,
universais
Ciências Médicas, Psicologia
Comportamental, Sociologia Positivista
Ocorrências confrontadas entre grupos
expostos e não-expostos a certas variáveis
ou situações
Recursos preestabelecidos
Procedimentos prefixados
Surveys e experimentos
Observação dirigida, questionários fechados,
escalas, classificações nosográficas, exames
laboratoriais, dados randomizados de
prontuários, psicodiagnóstico
Ensaio-piloto
Randomizada: indivíduos pegos ao acaso,
representativos estatisticamente de uma
grande população
Número maior de sujeitos; representantes
com características do todo populacional
Prévia e estatisticamente definido; “N” é
indispensável
Necessidade de controle de variáveis

Ocorrências específicas e em settings
particulares
Psicanálise, Antropologia, Psicologia
Compreensiva, Sociologia Compreensiva
Busca de comparações intergrupos é em
vão

Recursos em aberto e flexíveis
Procedimentos ajustáveis
Pesquisador como instrumento
Pesquisador com seus sentidos: observação livre, entrevistas semidirigidas;
complementares: coleta intencional em
prontuários e testes projetivos eventuais
Ensaio de aculturação
Intencionada: busca proposital de indivíduos
que vivenciam o problema em foco e/ou têm
conhecimentos sobre ele
Poucos sujeitos; representantes com
características de certa subpopulação
Preocupação com “N” é impertinente;
número de sujeitos definido em campo
Não-controle de variáveis; necessidade de
estarem livres
Uso de técnicas bioestatísticas para
Uso de análise de conteúdo (dentre
organização dos achados, habitualmente
outras): categorização por relevância
tabulados por especialistas
teórica ou reiteração dos dados; realizada
pelo pesquisador
Em linguagem matemática (tabelas,
Apresentada pelo uso de observações do
quadros), habitualmente separada da
campo e citações literais, integrada na
discussão no relatório científico
secção da discussão
Estabelecimento das correlações entre
Interpretação de dados categorizados,
resultados (matemáticos)
simultaneamente à apresentação destes
Como em qualquer área do conhecimento e com qualquer método científico, a
discussão/interpretação propõe a existência de relações não-visíveis entre os
elementos obtidos (= teoria)
Confrontação dos achados com resultados Confrontação dos novos conceitos com
de outras pesquisas quantitativas
os construídos em outras pesquisas
qualitativas
Construção teórica inicial é verificada e
Construção teórica inicial é, no mínimo,
testada
ampliada, reformulada, corrigida e
clarificada
Confirmação ou refutação das hipóteses
Hipóteses iniciais e posteriores revistas
previamente formuladas
num crescendo; conceitos construídos

Tipo de generalização (feita/ proposta/
presumida)

Estatística: dos resultados (matematizados)
aplicados para explicar outras populações
constituídas pelas mesmas variáveis

Generalização por quem

Estabelecida/disposta pelo autor/
pesquisador

Conceitual: dos novos conhecimentos e
pressupostos revistos aplicados para
compreender outras pessoas ou settings
constituídos pelas mesmas vivências
Verificada/ validada pelo leitor/
consumidor da pesquisa

#

#

Rev Saúde Pública 2005;39(3):507-14

Métodos qualitativos e quantitativos em saúde...
Turato ER

www.fsp.usp.br/rsp

ser o real recorte do objeto eleito para investigação em
uma e outra estratégia metodológica; e finalmente,
identificar as dessemelhanças quanto ao desenho do
projeto e aos tipos de instrumentos usuais para cada
pesquisa. Ponto crítico é mostrar as distinções existentes na técnica de amostragem e o perfil da amostra de
sujeitos. A análise dos dados mostra que são diferentes os caminhos de lapidação daquilo que foi coletado
em ambos os métodos. Por fim, há de se clarear o que

são as conclusões, de fato, de um e de outro método,
com o conseqüente trabalho de desfazer os nós quanto
à generalização realmente possível e pretendida pelo
método quantitativo e pelo qualitativo.
Essa importante tábua de dissimilitudes mostra que
os métodos têm identidades próprias, do momento
em que seus autores levantam as perguntas (hipóteses de trabalho) até quando redigem seus relatórios

Tabela 2 - Assuntos valorizados correntemente nas pesquisas qualitativas nas áreas da saúde.
Construtos habituais em métodos
qualitativos

Como se constituem

Significados/ significações/
ressignificações

Estudo dos fenômenos habituais ou novos nos settings da saúde quanto ao que querem
dizer, passam a representar ou simbolizam – psicológica ou sociologicamente – para
certos indivíduos ou para determinado grupo sociocultural.

Representações psíquicas/
representações sociais

Estudo do conjunto dos elementos da realidade, conforme apreendidos pela sensopercepção e representados na consciência, então construídos em imagens e caracterizados na história pessoal (representações psicológicas) ou coletiva (representação social).

Simbolizações/ simbolismos

Estudo (êmico) dos processos mentais inconscientes ou dos processos socioculturais
subjacentes, nos quais objetos em geral e idéias partem de outros elementos, seja por
qualidades específicas ou por aspectos gerais que tenham em comum, emergindo símbolos que carregam elementos investidos nos objetos e idéias iniciais.

Percepções/ pontos de vista/
perspectivas

Estudo do modo de apreender que se dá pelos órgãos dos sentidos dos sujeitos da
pesquisa, tendo como objeto os fenômenos em suas qualidades para sua identificação e
compreensão por parte do pesquisador.

Vivências/ experiências de vida

Estudo sobre o percebido e relembrado do que se viveu (experimentou, pensou), sobre
sentidos desconhecidos do interjogo da vida, ou sobre as significações não-ditas dos
conhecimentos adquiridos e acumulados historicamente pelas pessoas ou grupos.

Metáforas/ analogias

Respectivamente: estudo das translações semânticas e similaridades de sentido; encontradas no discurso dos sujeitos e relevante para o entendimento dos significados ocultos
referentes ao assunto sob entrevista

Mecanismos de defesa (egóicos)/
mecanismos de adaptação
(psicossociais)

Estudo psicanalítico da dinâmica das defesas nos processos inconscientes (repressão,
negação, e outros) protetores do sujeito (de seu ego) frente a seus impulsos e idéias
inaceitáveis (para o consciente).
Estudo psicológico da dinâmica das adaptações nos processos psicossociais que permitem à pessoa organizar-se frente a exigências internas (psíquicas) e/ou externas (sociais,
culturais, ambientais).

Adesão e não-adesão a tratamentos e
prevenções
Estigmas

Cuidados/ confortos
Reações e papéis de cuidadores
profissionais e domésticos/ burn-out

Fatores facilitadores/ pontes e barreiras
frente a abordagens
Revisão narrativa da literatura

Metassíntese

Estudo de motivos/razões psicológico-psicanalíticos e/ou socioantropológicos, devido
aos quais as pessoas cumprem corretamente ou não as indicações, aconselhamentos,
solicitações e condutas preconizadas pelos profissionais da saúde.
Estudo psicossociológico das repercussões das situações de indivíduos que se encontram
inabilitados para a aceitação social plena; interpretação das vivências das pessoas
enxergadas em seus sinais externos que os excluem dos grupos seguidores da norma
biológica, psicológica ou sociológica.
Estudo sobre o que representam a atenção e a proteção, em condições e situações
desfavoráveis de doentes, visando orientar a melhora de seu estar físico, psíquico e social.
Estudo sobre como são vivenciados problemas de profissionais de saúde, familiares ou
pessoas relacionadas, por prestarem cuidados a doentes ou incapacitados.
Em particular, a dinâmica da síndrome do esgotamento com o estudo dos significados da
exaustão devido a tarefas de cuidados a doentes, bem como o estudo do manejo psicológico frente ao trabalho excessivo com doentes
Estudo da dinâmica dos fatores tidos como responsáveis pelo melhor ou pior resultado
das aproximações diagnósticas, terapêuticas ou preventivas, do ponto de vista dos acometidas por problemas de saúde ou de seus cuidadores
Levantamento de trabalhos científicos publicados na abordagem qualitativa, equivalente
à revisão sistemática de literatura (usual nas abordagens quantitativas). Discussão de
vários trabalhos conduzidos no rigor metodológico, incluindo análise de conteúdo do
material examinado e selecionado.
Versão polêmica imitativa da metanálise (originalmente usada para estudos quantitativos), consistindo de técnica voltada para estudos qualitativos; propósito de sintetizar
conclusões de uma quantidade de pesquisas publicadas em periódicos, selecionadas de
acordo com o objeto enfocado; realizada por meio de levantamento de banco eletrônico
de dados, referente geralmente a período curto e recente de anos.

Rev Saúde Pública 2005;39(3):507-14

Métodos qualitativos e quantitativos em saúde...
Turato ER

www.fsp.usp.br/rsp

finais de pesquisa. A complexidade de cada empreitada e, sobretudo, as construções epistemológicas
autônomas desautorizam grande parte das pesquisas,
que se auto-intitulam como “quanti-quali”, a continuar apresentando-se ao meio acadêmico por meio
deste presumido modelo misto. Na realidade, muitos
dos trabalhos assim denominados são apenas de construção quantitativa, já que encaixar simples citações
literais de falas de sujeitos, que responderam a questionários previamente padronizados, não configura
legitimamente a existência de uma reivindicada simultaneidade com pesquisa qualitativa.

Encerrando o presente artigo, advêm as Tabelas 2
e 3, aspirando codificar, respectivamente, os construtos mais comuns usados nas pesquisas qualitativas e quantitativas. Em apreciação panorâmica e
comparativa de ambos os quadros, é esperado que o
leitor se aproprie da capacidade de distinguir os
enquadres da saúde a que se reservam ambos os
métodos. Na coluna da direita, ao explicitar como
cada concepção se constitui, foram empregadas definições bem estabelecidas na literatura da epidemiologia9 e/ou bem tipificadas como descritores nas
ciências da saúde.15

Tabela 3 - Assuntos valorizados correntemente nas pesquisas quantitativas nas áreas da saúde.
Construtos habituais em métodos
quantitativos

Como se constituem

Freqüência/ incidência/ prevalência/ Estudo do número de ocorrências em um intervalo de tempo numa população.
surto
Medidas epidemiológicas principais sobre como certo evento se distribui, relacionado a

Fatores de risco/ fatores de sobrevida

Estudos retrospectivos/ prospectivos/
experimentos controlados randomizados/
seguimentos
Achados clínicos/ sinais e sintomas/
síndromes/ transtornos

Diagnósticos/ prognósticos/ evolução/
tratamentos/ manejos/ resultados
Avanços no tratamento/ controvérsias/
atualizações/ impactos da doença

Efeitos/ marcadores/ redução de danos/
preditores
Algoritmos

Relação ou análise custo-benefício
Qualidade de vida

Qualidade de vida relacionada à saúde
Crenças e atitudes
Surveys

uma suposta causa, em estudos do processo saúde-doença, definindo: o número de casos
novos de uma determinada doença num período de tempo considerado (incidência) e o
número total de casos (novos e antigos) da doença em igual período (prevalência).
Surto: estudo mensurado do aparecimento ou aumento espontâneo repentino das doenças
numa população, geralmente de circunstâncias indesejáveis.
Estabelecimento teórico de elementos, de efeitos geralmente desfavorável à saúde, baseado
no estudo da probabilidade de que ocorrerá o respectivo evento ao qual a população está
exposta.
Estabelecimento teórico de elementos, com medidas da continuação da vida, após o
sucesso de certa intervenção médica ou sob a existência de condições adversas. Usados
para inferências sobre efeitos de tratamento, fatores prognósticos, e outros.
Pesquisas nas quais os dados coletados se referem a eventos do passado ou a nas quais
se planeja a observação de eventos que se supõe que ocorrerão.
Seguimentos como ação mensurada para controlar, garantir ou aumentar eficácias de
medidas terapêuticas ou profiláticas previamente aplicadas.
Segundo freqüência das manifestações e simultaneidade causal da ocorrência destas,
estabelecimento do conjunto de elementos como indicativos de quadros diagnósticos;
determinação descritiva de manifestações clínicas correlacionadas, em indivíduos e
populações acometidos, visando propostas terapêuticas e profiláticas para problemas da
saúde.
Determinação teórica da natureza e das condições múltiplas referentes a entidades clínicas
e abordagens em saúde; conceitos basicamente construídos a partir de médias aritméticas
de uma população acometida por doenças e assim eleita para estudo, visando classificações
nosográficas, projetos terapêuticos e planejamentos para qualidade de vida.
Respectivamente: determinação de condutas terapêuticas novas; discussão sistematizada
acerca de questão científica polêmica na clínica e na literatura; conhecimentos
complementares novos sobre entidades clínicas; medida de nível ou disfunção de saúde
gerada por uma doença por meio de escalas ou questionários baseados em alterações do
comportamento e da qualidade de vida de pacientes, de grupos ou ao longo do tempo.
Entidades fruto de observações quantificadas em certas situações.
Estudos sistematizados sobre a ação - espontânea ou programada - de elementos diversos
na evolução de situações clínicas individuais ou populacionais ou sob influências
ambientais; assim como na aplicação de meios planejados, associados com a ocorrência
de certos comportamentos humanos, com intuito de reduzir riscos de danos à saúde.
A partir de concepção da Matemática e posteriormente da Informática, trazido à Medicina
um quadro com conjunto de condutas terapêuticas definidas, dispostas em ordem de
escolha, para serem empregadas sucessivamente até alcançar uma resolutividade
clinicamente aceitável para um considerado transtorno de saúde.
Cálculos para produzir resultados clínicos e médico-sociais entendidos como otimizados,
com finalidade de organizar dispêndios com recursos humanos, materiais, políticofinanceiros e outros afins, disponíveis ou solicitados para a área da saúde.
Mensuração das características essenciais ou distintivas da vida de pessoas submetidas a
certas condições. Especificamente, medida da percepção de doentes quanto à própria
posição no sistema de valores da cultura em que vivem e em relação a suas expectativas
e padrões pessoais.
Mensuração com instrumentos de caráter multidimensional, mas com avaliadores
particulares da percepção do indivíduo sobre seus sintomas, incapacidades, limitações
pela enfermidade, e outros.
Mensuração, pelo emprego de escalas, da freqüência e intensidade de determinadas
crenças e atitudes das pessoas frente a certo evento do campo da saúde-doença.
Estudo feito com uma amostra de pessoas, pela mensuração de fatos psicossociais ou de
suas opiniões (enquete). Ambas as questões levantadas e analisadas para eventual
intervenção na população.
Continua

#!

#"

Rev Saúde Pública 2005;39(3):507-14

Métodos qualitativos e quantitativos em saúde...
Turato ER

www.fsp.usp.br/rsp

Tabela 3 - Assuntos valorizados correntemente nas pesquisas quantitativas nas áreas da saúde. [Continuação]
Construtos habituais em métodos
quantitativos

Como se constituem

Medicina baseada em evidências/ Estudo fundamentado em provas (“as melhores evidências”), atualizadas para decisões
metanálise
sobre cuidados com pacientes; uso de pesquisas das ciências básicas da medicina e das

Revisão sistemática da literatura
Perfis psicossomáticos
Estilos de vida
Comportamentos
Estresse

Mecanismos de enfrentamento

pesquisas clínicas, respeitadas e devidas a: exatidão e precisão de testes diagnósticos
(incluindo exame clínico); poder de marcadores prognósticos (como preditivos de eventos
clínicos); eficácia e segurança de condutas terapêuticas, de reabilitação e preventivas.
Com um alvo no conjunto de análises de trabalhos científicos, há uso de métodos
estatísticos para combinar tais resultados (metanálise), encontrados nos muitos estudos
disponíveis nas bases de dados eletrônicas.
Estudo quantificado sobre recente material científico publicado, focando certa amplitude
de questões de um tema levantado em bases de dados.
Estudo de tipos, padrões, traços ou características de personalidade conforme achados na
correlação estatística com certas doenças ou síndromes.
Tabulação de hábitos, condutas, gostos, padrões morais que constituem um modo de
viver de um indivíduo ou de uma sociedade.
Estudo classificatório de tipos de atitudes, assim como manifestações físicas, psíquicas ou
sociais, ambos observáveis em indivíduos ou grupos como respostas a estímulos
intrapessoais ou ambientais.
Na física dos materiais, comportamento do corpo submetido a ações mecânicas. Por
uma analogia reducionista, para os comportamentos humanos é um estudo classificatório
das reações pessoais a estímulos físicos, psíquicos ou ambientais – perturbadores de
seu equilíbrio.
Estabelecimento teórico da luta e adaptação frente a traumas psicológicos ou estresse
ambiental (coping), baseadas em escolhas pessoais, que aumentariam o controle sobre
comportamentos adversos ou melhoraria seu conforto psicológico.

REFERÊNCIAS
1. Bogdan RC, Biklen SK. Qualitative research for
education: an introduction for theory and methods. 3th
ed. Boston: Allyn and Bacon; 1998.

9. Jekel JF, Elmore JG, Katz DL. Epidemiologia, bioestatística e medicina preventiva. 2a ed. Porto Alegre:
ARTMED; 2005.

2. Britten N. Making sense of qualitative research: a
new series [editorials]. Med Educ 2005;39(1):5-6.

10. Malinowski BK. Argonautas do Pacífico Ocidental:
um relato do empreendimento e da aventura dos
nativos nos arquipélagos da Nova Guiné Melanésia.
3a ed. São Paulo: Abril Cultural; 1984.

3. Campos CJG, Turato ER. [The health professionals’
team, the patient with renal disease in hemodialysis,
and interpersonal relations]. Rev Bras Enferm
2003;56:508-12.
4. Chauí MS. Convite à filosofia. 3a ed. São Paulo:
Ática; 1995.
5. de Figueiredo RM, Turato ER. Needs for assistance
and emotional aspects of caregiving reported by
AIDS patient caregivers in a day-care unit in Brazil.
Issues Ment Health Nurs 2001;22(6):633-43.
6. Denzin NK, Lincoln YS. Handbook of qualitative
research. Thousand Oaks, Sage; 1994.
7. Fontanella BJB, Turato ER. [Doctor-patient
relationship barriers to substance dependents seeking
treatment]. Rev Saúde Pública 2002;36:439-47.
8. Galilei G. O ensaiador. São Paulo: Nova Cultural; 2000.

11. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa
qualitativa em saúde. 8a ed. São Paulo: Hucitec/ Rio
de Janeiro: Abrasco; 2004.
12. Morse JM, Field PA. Qualitative research methods
for health professionals. 2nd ed. Thousand Oaks,
Sage; 1995.
13. Turato ER. [Introduction to the clinical-qualitative
research methodology: definition and main
characteristics]. Rev Portug Psicossomática [Portug J
Psychosomatics] 2000;2(1):93-108.
14. Turato ER. Tratado da metodologia da pesquisa
clínico-qualitativa: construção teórico-epistemológica, discussão comparada e aplicação nas áreas da
saúde e humanas. 2a ed. Petrópolis: Vozes; 2003.
15. U.S. National Library of Medicine. Medical Subject
Headings. Available from URL: http://www.nlm.nih.gov/
mesh/2005/MBrowser.html [2004 Nov 10]