Edição n. 01

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                    UFAL
JANEIRO, 2016
NÚMERO 01

NeuroGenesis
gerando ideias

pomada elimina

verrugas DO

HPV

Dr. Manoel Álvaro fala
sobre pesquisa desenvolvida na UFAL

{

E mais:
Novas diretrizes curriculares
O que esperar do internato?

Editorial
Ensino
● Novas Diretrizes Curriculares Nacionais
● Trabalho publicado substitui o TCC?
● Vale a pena ser monitor?
Residência Médica
● Como fica a Residência Médica
● Residência Médica HUPAA/UFAL
Notícias
● Quantos idiomas você domina?
História da Medicina Alagoana
● Como tudo começou...
Pesquisa
● Do Barbatimão à Patente Americana
● Médico Pesquisador
Caso Clínico
● Efeito colateral
Extensão
● Trote não tem graça
● Extensão na FAMED
Fala, Sebastião!
● Análise pós-greve
Rodando no Internato
● Tô no Internato: E agora?
Pelo Mundo...
CULT
Salve, monitor!
Fala período
Agenda

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Editorial

O Presidente do CFM, Dr. Roberto d’Ávila, e o
Diretor de Comunicação, Dr. Desiré Calegari, sustentam
que fazer medicina não se resume à busca incessante ao
pleno domínio da técnica. O conhecimento pode salvar
vidas, mas um médico precisa entender a fragilidade
alheia e lançar sementes de força e esperança em
terreno, às vezes árido. Para tanto, o médico necessita
superar seus limites e buscar numa formação global
e integral, instrumentos que possam capacitá-lo para
esse desafio diário. A leitura constante, o contato com
outras ciências angulares e o estímulo à sensibilidade
pela música, pelo cinema e pelas demais artes são
formas de se atingir essa meta.
Com a missão de integrar os discentes do
curso, servindo também como meio de expressão
sobre tópicos relevantes ao nosso meio acadêmico e
profissional, nasce a revista NeuroGenesis: gerando
ideias, o periódico da faculdade de medicina da
Universidade Federal de Alagoas.
Trimestral, a revista NeuroGenesis tem como
propósito estimular discussões, análises e reflexões
acerca do universo médico, sobretudo da academia.
Com espaço para os alunos, centro acadêmico,
grupos estudantis e pesquisas desenvolvidas dentro
da universidade, a revista equilibra teor científico e
discussões políticas voltadas ao interesse estudantil.
Além disso, falamos em nossas páginas de cinema,
literatura e poesia.

Editorial

Editores
Ana Albuquerque
Arthur Sampaio
Attie Dalboni
Bruna Pereira
Cleide Araújo
Ednis Oliveira
Elka Karollyne
Fillipe Agra
Ingrid Guedes
Jailton Costa

Jardel Batista
Jonas Augusto
Kelvyn Vital
Matheus Veras
Mirna Costa
Nayara Franzon
Pedro Braz
Suzanna Matos
Tainá Carvalho
Thaís Pithan

Colaboradores
Amália Lins
Clarissa Souza
Igor Sena
Laís Caló
Marco Viegas
Miguel Carneiro
Dra. Ângela Canuto
Dr. João Marcelo Lyra
Dr. Manoel Sobrinho (Leo)
Dr. Manoel Álvaro

Neste primeiro exemplar, abordamos as
mudanças no currículo médico e nos programas de
residência, os conceitos básicos de extensão e a
seção de história da medicina alagoana. Como capa
trazemos uma entrevista concedida por Dr. Manoel
Álvaro intitulada “Do Barbatimão à patente americana”.
É com a esperança de um futuro próspero
para este espaço plural de expressão do curso de
medicina da UFAL que apresentamos a 1ª edição da
NeuroGenesis, gerando ideias.
Por Elka Karollyne, editora da NeuroGenesis

EM CASO DE SUGESTÕES OU DÚVIDAS, ENTRE EM CONTRATO ATRAVÉS DO EMAIL
revistaneurogenesis@gmail.com

NeuroGenesis ● Janeiro 2016

3

Ensino

NOVAS DIRETRIZES
CURRICULARES NACIONAIS

P O R e l k a k a r o l ly n e a lv e s | 6 º P

Muito se tem ouvido a respeito das novas
diretrizes que entraram em vigor no dia 23 de junho
de 2014 com a publicação da Resolução 3/2014 no
Diário Oficial da União. O desconhecimento acerca
do conteúdo do documento aliado aos boatos disseminados nas redes socias deixam os alunos confusos e inseguros em relação ao seu futuro acadêmico.
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN)
formam um documento norteador para o desenvolvimento teórico-prático de um projeto pedagógico e para
a gestão do curso, estabelecendo os princípios, os fundamentos e as finalidades da formação em Medicina.

As antigas diretrizes são de 07 de novembro
de 2001, porém estas já tinham os dias contados desde outubro de 2013, pois como parte da lei que instituiu o Programa Mais Médicos, as DCN teriam que ser
revistas e publicadas pelo Conselho Nacional de Educação até abril de 2014. E aqui surge a primeira crítica
do Conselho Federal de Medicina à atualização das
diretrizes: As diretrizes de 2001 foram resultado de
um processo que durou mais de 10 anos para chegar
ao texto final, já as novas mudanças foram elaboradas ao longo de 9 meses. Os que criticam a reformulação documento afirmam que este foi feito às pressas e sem debate com profundidade necessária com
as entidades médicas, as academias e a sociedade.

PRINCIPAIS MUDANÇAS:
1. Duração do curso

3. INTERNATO

A diretriz de 2001 não estabelece duração
do curso. Durante a discussão do novo programa cogitou-se a ampliação do curso para oito anos, mas
a sugestão não foi aprovada e a nova resolução estabelece que os cursos de graduação em medicina
tenham uma carga horária mínima de 7200 horas e
prazo mínimo de 6 anos para sua integralização.

Mantém-se a carga horária mínima do estágio em 35% da carga horária total do curso de graduação, mas agora se faz obrigatória a realização de
no mínimo 30% da carga horária prevista para o internato em serviços de Atenção Básica e Serviço de
Urgência e Emergência do SUS, com predomínio de
carga horária dedicada à atenção básica. Esta deve
ser voltada para a área da Medicina Geral da Família
e da Comunidade.
Os 70% restantes da carga horária do internato devem ser divididos nas outras áreas: Clínica
Médica, Cirurgia, Ginecologia-Obstetrícia, Pediatria,
Saúde Coletiva e Saúde Mental. Sendo esta última
novidade destas DCN já que as outras cinco existiam
no documento de 2001.

2. ÁREAS DE FORMAÇÃO
Enquanto o documento de 2001 traz a necessidade de formar um médico apto a exercer seis
competências e habilidades, a nova diretriz estabelece que a formação do graduado em medicina deve
desdobrar-se em 3 áreas principais: Atenção à saúde; Gestão em saúde; e Educação em saúde. A diferença substancial em relação ao antigo é que o novo
documento possui muito mais especificidades, como
definições de áreas, subáreas, ações-chave, desempenhos e seus descritores.

“

[...] o graduando em medicina será formado

para considerar sempre as dimensões da diversidade
biológica, subjetiva, étnico-racial, de gênero, orientação sexual, socioeconômica, política, ambiental, cultural,
ética e demais aspectos que compõem o espectro da
diversidade humana que singularizam cada pessoa ou
cada grupo social, [...]

NeuroGenesis ● Edição 01

“

4

Ensino

4. Avaliação do estudante

6. Estrutura do curso de graduação em medicina

Com as novas DCN fica instituída a avaliação
específica do estudante do curso de Graduação em
Medicina cujo resultado contará como parte da classificação para os programas de Residência médica.
O exame é de caráter obrigatório e será realizado a
cada dois anos em âmbito nacional, implantada pelo
INEP até junho de 2016.
O exame difere do aplicado pela Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), pois não implica na necessidade de aprovação para obtenção do registro.
Sendo assim, independente da pontuação, o graduado recebe diploma de bacharel em medicina e está
apto a trabalhar como médico.

As DCN contêm orientações para a adoção
de metodologias de ensino centradas no aluno, com
participação ativa deste na construção do conhecimento e na integração de conteúdos. O professor
transforma-se em facilitador do processo de ensino
-aprendizagem e o aprendizado baseado em problemas é orientado para os problemas da comunidade.
Isso torna necessária a adaptação das universidades
antigas e explica a adoção de boa parte das novas
faculdades ao PBL (Problem Based Learning).

5. Residência Médica
Segundo o novo documento, o número de vagas nos programas de Residência Médica será equivalente ao número de egressos dos cursos de graduação em Medicina do ano anterior.
Entretanto, não se sabe como esse aumento
será possível, pois como coloca Mauro Luiz de Britto
Ribeiro (conselheiro representante do Mato Grosso
do Sul no CFM), “[...] não existe estrutura física hospitalar e de preceptoria para criação de 12 mil novas
vagas de graduação e, por consequência, de residência médica no Brasil.”.

7. Tempo para implantação:
As diretrizes de 2001 não traziam prazo para
implantação, sendo assim em 2014 estas ainda não
haviam sido bem implantadas em todas as mais de
200 escolas médicas no país.
O prazo dado para adequação das turmas
abertas após junho de 2014 às novas DCNs é de um
ano a partir da promulgação do documento. Já para
os cursos iniciados antes de 2014, as adequações
curriculares deverão ser implantadas, progressivamente, até 31 de dezembro de 2018. Os estudantes
matriculados, antes da vigência das novas regras, poderão graduar-se conforme as diretrizes de 2001 ou
optar pelas novas, dependendo da instituição.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
Ao observar as principais mudanças trazidas
com a reformulação das Diretrizes Curriculares Nacionais, percebe-se que a formação médica na Universidade Federal de Alagoas não sofrerá mudanças
tão drásticas.

estágio supervisionado em saúde mental; Tem carga
horária e tempo mínimo de conclusão adequados e
utiliza metodologias ativas de aprendizado, além de
ter currículo voltado a uma formação médica generalista, humanista, crítica, reflexiva e ética.

A estrutura curricular do Curso de Medicina
da FAMED-UFAL, cuja última reformulação foi completada em 2013, já oferece internato com campo
de treinamento na atenção básica e em urgência e
emergência no SUS com uma carga acima de 30% e

Desta forma a UFAL se antecipou às exigências das DCN 2014. A única grande modificação para
os FAMEDianos será a aplicação do exame bienal
obrigatório e seu impacto na seleção dos programas
de residência.

NeuroGenesis ● Janeiro 2016

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6

Ensino

t r ab a l ho
publ ic ad o
substitui o

TCC?

POR JONAS AUGUSTO | 4ºP
Como é tradicional nos cursos de ensino superior no Brasil, ao final da formação deve-se apresentar o TCC, com a finalidade de iniciar o graduando
na carreira científica e certificar o correto aprendizado durante o período do curso. Na faculdade de Medicina da UFAL vigora a mesma regra, sendo o TCC
imprescindível para a colação de grau e recebimento
de diploma. Entretanto, não são todos os estudantes
que conhecem a fundo as normas desse processo e
a partir de quando devem “começar a se preocupar”.
Segundo o regimento da FAMED (UFAL),
o citado trabalho deve ser realizado em formato de
projeto de pesquisa, sendo iniciado a partir do sexto
período e o mesmo deve ser apresentado à coordenação do TCC devidamente aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da UFAL até o final do sexto
período, sendo entregue até o final do décimo período. Além disso, toda a produção pode ser feita individualmente ou em dupla, esta escolha fica a cargo
dos participantes – no caso da elaboração ser feita
em dupla, as notas ainda assim serão individuais.
Diferentemente dos antigos regimentos, não devem
mais ser aceitos como TCC trabalhos em formato de
relato de caso e revisão de literatura.
Em se tratando de regulamentações para
a escolha do orientador do projeto, o mesmo deve
ser preferencialmente professor do curso de Medicina da UFAL, excetuando-se o caso de não haver
nenhum professor nessa condição disponível (cada
professor pode orientar um máximo de cinco trabalhos em cada semestre do ano letivo). Para estas
situações, 10% dos TCCs em cada semestre pode
ser realizado com orientador externo, sendo a escolha aprovada pela coordenação do TCC. Ademais,

NeuroGenesis ● Edição 01

o profissional escolhido deve ter diploma de mestre
ou doutor, tendo que desempenhar a função de co-orientador em outros casos.
Talvez a parte de todo esse processo onde
existam mais dúvidas seja a relação entre elaboração/apresentação de TCC e publicação em revistas
científicas, como isso ocorre, a partir de que período
isso deve acontecer, entre outras coisas.
Para dar início, tais projetos de pesquisa,
para estarem sujeitos a essa publicação, podem –
ou não – estar ligados a agências de fomento, como
CNPQ, FINEP e FAPEAL, e devem ser publicados
ou encaminhados para publicação a partir do sexto
período (mesmo que tenham sido finalizados em outros períodos do curso). A avaliação do trabalho pela
Coordenação do TCC da FAMED pode ser inclusive
dispensada, desde que seja comprovada a aceitação da publicação por parte de revista indexada de
nível A ou B, o aluno compareça aos seminários de
apoio ao desenvolvimento do TCC e apresente seu
trabalho em evento científico da UFAL. Nessa situação, o graduando conseguirá nota máxima (dez);
caso a revista não seja indexada, será necessário
que os resultados sejam apresentados oralmente e
que o artigo seja avaliado por uma banca examinadora, para só dessa forma ser confirmada a aprovação.
Recentemente se viu uma movimentação,
principalmente por meio de redes sociais, sobre uma
suposta portaria do Ministério da Educação alegando que a realização do Trabalho de Conclusão de
Curso não seria mais obrigatória. Para acabar com
qualquer confusão, a mesma portaria é bem clara
quando diz que:

“a decisão de exigir ou não o tCC vai
ser de cada instituição de ensino.”
A situação dOS alunos da UFAL continua a mesma,
uma vez que a instituição exige o projeto citado.

Ensino

Vale a pena ser
P O R j a i lt o n c o s ta | 3 º P
Todo
ano
letivo
a
Pró-Reitoria
de
Graduação
(PROGRAD)
junto
à
UFAL
dispõe de programas de seleção
para novos monitores e tutores,
através do concurso de monitoria
e programa piloto de tutoria.
Esses programas visam reduzir
a evasão, retenção e reprovação
de estudantes nas disciplinas
ofertadas no decorrer do semestre
e ano acadêmico. Para tais, há a
necessidade apenas de preencher
alguns dos requisitos solicitados
nos editais para se submeter à
inscrição.

“Esses programas visam reduzir a
evasão, retenção e reprovação de
estudantes”
Ser discente regularmente
matriculado, ter sido aprovado
na disciplina com média igual ou
superior a 7 (sete), ser selecionado
no concurso com média igual ou
superior a 7 (sete) e dispor de 12
(doze) horas semanais são alguns
dos requisitos exigidos para o
programa de monitoria. Por outro
lado, como o programa piloto de
tutoria visa sua intervenção aos
alunos dos dois primeiros períodos
do curso, os requisitos são os
mesmos dos exigidos na monitoria
com acréscimo de ter cursado,
preferencialmente, 50% da carga
horária do curso de origem,
podendo o aluno ser tutor de, no
máximo, três disciplinas.

NeuroGenesis ● Janeiro 2016

monitor?

Ambos os programas
se estabelecem na necessidade
da ampliação, da fixação e do
intercâmbio conhecimento entre
os alunos. Além disso, essas
atividades podem ser remuneradas
ou não, mas as duas modalidades
constam de certificados depois
do período mínimo acordado no
edital. Ser monitor ou tutor não é
simplesmente preencher carga
horária, é impulsionar e disseminar
conteúdo entre os próprios
estudantes de maneira mais
acessível e, ao mesmo tempo,
flexível.
Na FAMED em todo
início de ano letivo acontece um
processo de seleção, acrescido
a isso, sempre há a possibilidade
de concorrer à vagas em outras
instituições acadêmicas dentro
da própria UFAL, seja por edital
publicado no site da Universidade,
quanto afixados em murais
das
respectivas
instituições.
O poder de disseminação de
informação junto à possibilidade
de troca de experiências tanto
do aluno-monitor/tutor-professor,
possibilita a estes um ganho de
conhecimento imensurável durante
toda a graduação e, mais que isso,
durante a vida profissional.

“Ambos os programas se estabelecem
na necessidade da ampliação,
da fixação e do intercâmbio
conhecimento entre os alunos.”

A possibilidade de ampliar
seu conhecimento lhe parece
entusiástica? Esses são alguns
dos programas que a Universidade
oferece
aos
estudantes.
A
monitoria e a tutoria inserem no
aluno uma gama de conhecimento,
além de lhe atribuir e direcionar
para a docência. A possibilidade
de aprender e disseminar esse
aprendizado entre os próprios
estudantes se caracteriza como
uma fonte de conhecimento
extraclasse, acoplado a isso, o
acesso que qualquer aluno tem
de poder fazer parte do programa.
Além de que, participar de qualquer
atividade durante a graduação só
trás benefícios para aqueles que o
fazem e o mesmo acontece com a
monitoria e tutoria.

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Residência Médica

COMO FICA A
RESIDÊNCIA MÉDICA?

POR SUZANNA matos | 6ºP

A Residência Médica foi instituída no Brasil
por meio do Decreto n° 80.281, de 5 de setembro
de 1997, de acordo com o Ministério da Educação.
A residência médica é uma modalidade de ensino de
pós-graduação voltada aos médicos que deve ser
desenvolvida em instituições de saúde credenciadas
pela Comissão Nacional de Residência Médica
(CNRM). Desta forma, durante a residência médica,
o profissional em formação será supervisionado e
orientado por médicos com elevado nível de formação
e competência na área, a fim de que a qualidade do
novo médico-especialista seja a melhor possível.
No Brasil
atualmente existem 53
especialidades
médicas
reconhecidas
pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM). Dentro do
processo seletivo para a residência médica algumas
especialidades são de acesso direto, outras, no
entanto, têm como pré-requisito a realização de uma
especialização anterior. Por exemplo, quem decidir
fazer uma especialização em geriatria, que dura 2
anos, tem como pré-requisito já ser especialista em
clinica médica, que também dura 2 anos. Desta forma,
é de fundamental importância que o médico considere
o tempo de formação ao escolher a especialidade
desejada.
As especialidades de acesso direto são:
Cirurgia Geral; Clínica Médica; Medicina de Família e
Comunidade; Medicina Preventiva e Social; Obstetrícia
e Ginecologia; Pediatria; Acupuntura; Anestesiologia;
Dermatologia; Genética Médica; Infectologia; Medicina
do Trabalho; Medicina Esportiva; Medicina Física
e Reabilitação; Medicina Legal; Medicina Nuclear;
Neurocirurgia; Neurologia; Oftalmologia; Ortopedia
e Traumatologia; Otorrinolaringologia; Patologia;
Patologia Clínica; Psiquiatria; e Radioterapia. Com
isso, todas as outras especialidades são dependentes
de algum pré-requisito.
O ingresso em um programa de residência
médica é por meio de processo seletivo que será
concluído com êxito ao passar por duas ou três
fases - isso depende da instituição escolhida, visto
que alguns processos seletivos excluem a fase de
avaliação prática. A Residência Médica da USP é a

NeuroGenesis ● Edição 01

mais concorrida do país e, de acordo com o edital
de 2016, tem 3 fases, conforme descrito na página
seguinte.
Cada centro de residência médica define em seu
processo seletivo um peso a cada fase. O Edital
de Residência Médica da USP de 2016, a primeira,
segunda e terceira fase tem respectivamente peso 5,
4 e 1.
Diante disso, ao escolher uma especialidade e se submeter a uma prova de seleção é preciso considerar aspectos como a qualidade de vida
que a especialidade proporciona, a remuneração e
o prazer e conforto de lidar com o tipo de paciente
dessa especialidade. Precisa de auxílio para chegar a uma decisão? Converse com profissionais da
área e realize um teste vocacional. Mas lembre-se:
o mais importante durante o processo de escolha
é o autoconhecimento, pois esta será uma atividade executada durante toda a carreira profissional.
Hoje, os programas de residência médica
baseiam-se em um regime especial de treinamento no serviço de 60 horas semanais, as quais são
remuneradas com bolsa no valor de R$ 2.976,26,
que é garantido pela PORTARIA INTERMINISTERIAL No - 9, DE 28 DE JUNHO DE 2013, Art. 1º.
Contudo, para os estudantes de medicina
que ingressarem em programas de residência a partir de 31 de dezembro de 2018, as regras de acesso
a programas de Residência Médica serão diferentes.
O Capítulo 3 da Lei 12.871 de 2013 modifica alguns
aspectos da pós-graduação médica no Brasil. A partir
dessa lei, o número de vagas ofertadas em programas
de Residência Médica será equivalente ao número de
médicos egressos no ano.

Residência Médica

Processo seletivo da
Residência Médica da USP/2016
FASE

01

FASE

02

FASE

03

PROVA ESCRITA

Fase eliminatória que consiste em
uma prova escrita, que versa sobre
o conteúdo programático do curso
de graduação nas especialidades
de: Cirurgia Geral, Clínica Médica,
Obstetrícia e Ginecologia, Pediatria
e Medicina Preventiva e Social.

PROVA PRÁTICA
Prova prática com o mesmo conteúdo
programático abordado na primeira fase.

ANÁLISE DO CURRÍCULO
• Instituição de ensino de origem do candidato;
• Certificados de monitorias, ligas acadêmicas,
participação em congressos e cursos;
• Produção intelectual;
• Atividade de tutoria

As mudanças se estendem à configuração
das residências médicas. A partir dela os médicos que
optam por residência em Genética, Medicina do Tráfego, Medicina do Trabalho, Medicina Esportiva, Medicina de Reabilitação, Medicina Nuclear, Patologia e
Radioterapia, que são especialidades dos Programas
de Residência Médica de acesso direto, não necessitam de nenhum pré-requisito para ingressarem na
residência.
Por outro lado, o primeiro ano do Programa
de Residência em Medicina Geral de Família e Comunidade será obrigatório para os médicos que decidirem por fazer uma das seguintes especialidades:
Ginecologia e Obstetrícia, Cirurgia geral, Psiquiatria,
Medicina Preventiva, Clínica Médica e Pediatria. Essa
obrigatoriedade pode ser de um ou dois anos para as

NeuroGenesis ● Janeiro 2016

especialidades que não foram citadas, conforme será
disciplinado pela Comissão Nacional de Residência
Médica (CNRM).
Diante de tamanha mudança no processo de
ingresso na residência médica e no aumento de tempo para a conclusão da formação, cabe aos futuros
médicos e conselhos representativos discutirem as
novas regras impostas por meio desta lei. Vale ressaltar que em 2018 não existirão residentes de primeiro
ano em nenhum hospital brasileiro, resultando em um
grande desfalque na assistência à população e hospitais com uma absurda falta de recursos humanos.

Teste vocacional para especialidade médica, acesse:
http://academiamedica.com.br/teste-vocacional-medico1/

9

Residência Médica

10

residência médica
no hupaa/ufal

POR arthur sampaio | 4ºP

Nessa edição especial decidimos falar sobre
as possibilidades de residência médica dentro do nosso próprio hospital universitário, o Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA). Ao todo são 10
programas de residência médica, todas de acesso direto e com direito à bolsa, ou seja, não possuem como
pré-requisito outra especialidade. As opções junto a
duração dos cursos e o número de vagas estão descritas no infográfico ao lado de acordo com o edital de
2016. Além destas especialidades, está em trâmite o
processo para abrir vagas para Reumatologia.
A seleção de novos residentes ocorre por meio
de duas fases. A primeira é uma prova eliminatória
com duração de 4 horas e composta de 100 questões
objetivas que contemplam as seguintes áreas: Clínica
Médica, Obstetrícia, Pediatria, Cirurgia Geral e Medicina de Família e Comunidade. Vale ressaltar que
elas estão igualmente distribuídas e que essa etapa
tem peso 9 na nota final. Todos os candidatos com
nota acima de 5 são considerados classificados. São
convocados para a 2ª fase um número de até 3 vezes o número de vagas oferecidos para o programa.
Por exemplo, Anestesiologia possui 3 vagas, então
para a 2ª fase serão chamados até 9 candidatos com
as maiores notas dentro dos classificados. Porém, se
houver empate esse número ainda pode aumentar.
A segunda fase é feita através da análise e arguição do Curriculum Vitae. O peso dessa fase é muito
menor: 0,5 para a análise mais 0,5 para arguição, somando apenas 1.
Critério analisado

Item

Coeficiente de rendimento escolar

Pontuação
máxima
2,0

Estágios e Curso extracurricular

0,05 cada

1,0

Monitorias
Bolsa de iniciação científica

0,25 cada
0,25 cada

0,5
0,5

Trabalho científico publicado

0,25 cada

1,0

Trabalho científico (temas livres)

0,20 cada

1,0

Congressos/Jornadas

0,10 cada

1,0

Distinções e prêmios na área médica

0,25 cada

0,5

Atividades profissionais

0,25 cada

0,5

Língua estrangeira

0,25 cada

1,0

Especialização (mínimo de 360h)

0,25 cada

0,5

Representante discente

0,10 cada

0,2

Participação em órgão de classe estudantil

0,05 cada

0,1

Outros

0,05 cada

0,1
Total: 10 pontos

NeuroGenesis ● Edição 01

Apesar disso, a
entrega do currículo não
encadernado ou o não
comparecimento do candidato no dia combinado
para arguição implica na
desclassificação do mesmo. O Manual do Candidato apresenta quais são
os critérios de pontuação
dessa
segunda etapa, que foram compilados na tabela ao fim da
página para um melhor
entendimento.

Vagas - Residência - duração
03 - Anestesiologia - 3 anos
04 - Cirurgia Geral - 2 anos
08 - Clínica Médica - 2 anos
02 - dermatologia - 3 anos
05 - Med. de Família e Comunidade - 2 anos

03 - Oftalmologia - 3 anos
05 - ginecologia e obstetrícia - 3 anos
05 - Pediatria - 2 anos
02 - psiquiatria - 3 anos
01 - patologia - 3 anos

Passadas
as
duas etapas, a nota final do candidato é a soma da
prova de suficiência e da nota da avaliação e arguição
curricular, dado os seus devidos pesos. Porém, o candidato que tiver participado das atividades do Programa de Valorização de Profissional da Atenção Básica
(PROVAB) durante 1 ano a partir de 2012, com avaliação satisfatória, ou para quem concluiu o programa
de residência em Medicina de Família e Comunidade/
Medicina Geral de Família e Comunidade (RMGFC),
há uma bonificação de 10% para as duas etapas descritas anteriormente.
Conforme esclarecido no edital, a Comissão
Nacional de Residência Médica (CNRM) diz que essas
bonificações não são acumulativas, portanto, não é
possível agregar 10% de bonificação do PROVAB com
os 10% dos PRMGFC, gerando para um mesmo processo seletivo 20% de bônus. Além disso, o candidato
que já houver usado a bonificação em outro programa
de residência médica e iniciado a mesma não pode
utilizar a pontuação adicional mais uma vez.
Caso haja empate entre os candidatos na nota
final, os critérios de desempate obedecem a seguinte ordem: 1) Maior nota na prova e 2) Maior idade. O
edital não esclarece quais os outros critérios utilizados
caso o empate permaneça.

NF = (NA x 0,9) + (NB x 0,1)
Onde:
NA = Nota da prova
NB = Nota do currículo

Notícias

QUANTOS IDIOMAS VOCÊ

DOMINA?
POR matheus veras | 7ºP

Não! Você não está sendo entrevistado para residência. Nem se trata de Ciência sem Fronteiras...
Uma pergunta típica de uma conversa casual entre amigos ou vital numa entrevista para um cargo importante, pode vir a se tornar rotina nos exames neurológicos
realizados nos hospitais do país.
Segundo pesquisadores da Universidade de
Edimburgo, na Escócia, falar mais de uma língua não traz
benefícios apenas culturais, mas pode ajudar pacientes a
se recuperarem melhor de um acidente vascular encefálico (AVE). Os cientistas acreditam que o desafio mental
de falar vários idiomas aumenta a reserva cognitiva dos
pacientes, influenciando o prognóstico dos mesmos.
Há muito tempo que se estuda a influência da reserva cognitiva na saúde das pessoas e seus benefícios
relacionados a diversas patologias. Essa habilidade cerebral em lidar com influências prejudiciais já é comprovada
como fator protetor importante das demências, por exemplo, além de estar relacionada com um melhor prognóstico da doença. Porém, é a primeira vez que se realiza um
estudo relacionando o número de idiomas que o paciente
fala com as consequências de um AVE, abordando o envolvimento da reserva cognitiva.

“O bilinguismo faz com que as pessoas mudem de uma língua para outra, então quando eles inativam uma língua,
eles precisam ativar a outra para poderem se comunicar”,

Pesquisa: A pesquisa foi realizada com 600 pacientes vítimas de AVE. O resultado revelou que 19,6% dos que
falavam apenas um idioma ficaram sem sequelas após
o evento; enquanto que, entre aqueles que falavam mais
de uma língua, atingiu-se o valor surpreendente de 40,5%
com ausência de sequelas. O estudo levou em consideração ainda fatores como idade, tabagismo, hipertensão
arterial e diabetes. Foi financiado pelo Conselho Indiano
de Pesquisa Médica e publicado pela instituição American
Heart Association.
Mas, calma! Os pesquisadores alertam ainda que
a melhor prevenção não é correr para aprender um novo
idioma. O estudo sugere que a estimulação intelectual
através de diversas atividades seja algo presente durante
toda a vida, seja na infância ou na meia-idade, pode proteger dos danos causados pelos AVE’s.
Então, não deixemos de desenvolver atividades
criativas e de estimular nossa mente. O conhecimento é
a principal arma que temos, e, portanto, não devemos temer nada, nem mesmo um simples “derrame”.
Mas, por via das dúvidas...

foi o que explicou Suvarna Alladi, autor-chefe e neurologista do Instituto de Ciências Médicas de Nizam (NIMS),
em Hyderabad na Índia.
“Essa troca oferece um treinamento cerebral praticamente
constante, o que pode ser um fator relevante para ajudar
na recuperação de um paciente que teve um AVC.”, concluiu ainda o co-autor do estudo Thomas Bak da Universidade de Edimburgo no Reino Unido.

NeuroGenesis ● Janeiro 2016

“Au revoir, my friends!
Hasta luego.”

11

12

História da Medicina

como tudo

começou...

POR ingrid guedes | 6ºP e pedro braz | 4º p

O ensino médico no estado de Alagoas possui uma
história recente e impulsionada pelo desejo de transformação da nossa terra. Há 65 anos, para se formar médico era necessário migrar para outros estados, logo, apenas
quem tinha um alto poder aquisitivo conseguia iniciar a carreira médica. Movido por tal dificuldade, Dr. Abelardo Duarte, um tímido pediatra, após passar férias em Recife, retornou para Maceió com um propósito: fundar uma faculdade de
medicina no Estado.
Movido por esse projeto, procurou Dr. Ib Gatto, renomado
cirurgião e Secretário de Estado, para conversar sobre a
ideia que tivera durante suas férias; Dr. Ib, entretanto, estava
enfrentando problemas no Instituto de Câncer e o assunto
acabara nisso.

Dr. Abelardo Duarte

casa de Dr. Abelardo imediatamente, e surpreendendo este,
disse-lhe: vim fundar a faculdade de medicina.

Após um ano, Dr. Abelardo
voltou a procurar o mesmo dizendo-lhe
Convidaram então Dr. José Lages e deUma ideia dessa não
que haviam cobrado dele a fundação da
cidiram neste mesmo dia que cada um
faculdade quando estava em Recife. Dr. se discute, aclama-se.
dos três indicaria mais quatro nomes para
Ib, apesar de negar novamente o concompor uma reunião e dar início ao tão
vite, já que continuava enfrentando os
sonhado projeto.
mesmos problemas no hospital, sugeriu para Dr. Abelardo o
início do processo mesmo sem ele à frente, comprometenNo dia 3 de maio de 1950, reuniram-se na Sociedade
do-se em ajudá-lo na medida do possível.
de Medicina médicos renomados da sociedade alagoana.
Desse modo, em um momento histórico, após a exposição
Dois dias depois deste último encontro, em uma noiinicial da proposta por Dr. Ib Gatto, Dr. Sebastião da Hora
te chuvosa, Dr. Ib leu uma notícia no Jornal do Comércio de
exclamou: “Uma ideia dessa não se discute, aclama-se” e
Recife que mudaria suas antigas certezas: “O Dr. Travasassim, por decisão de todos os presentes, criou-se a Facsos Sarinho está convocando a classe médica da Paraíba
uldade de Medicina de Alagoas. Vale lembrar que, durante
para fundar uma faculdade de medicina naquele estado”.
a discussão, Ezequias da Rocha, apoiado por José Mário
Transtornado com a iniciativa externa e demostrando certo
Mafra, sugeriu também a criação dos cursos de Odontologia
arrependimento por ter negligenciado seu estado, foi até a
e Farmárcia. Decidiu-se, além disso, a formação de uma diretoria provisória composta por Ib Gatto, Abelardo Duarte e
Théo Brandão.
GAZETA DE ALAGOAS – Quarta-feira – 24 de Março de 1950.
ESCOLA DE MEDICINA – Augusto Vaz Filho
Por noites, Dr. Ib trabalhou na composição do RegDentre as boas iniciativas em prol do desenvolvimento
imento da Faculdade e dos Estatutos da Sociedade Civil,
cultural da nossa terra está a criação de uma Escola
sendo assessorado pelo Desembargador Prof. Osório Gatto. Também, em reunião, os fundadores decidiram que os
de Medicina, ideia feliz de uma plêiade de médicos
docentes seriam escolhidos por espírito público e interesse
alagoanos que corajosamente estão agindo tão
pela atividade docente. O projeto técnico e pedagógico teve
arrojada campanha.
por base as diretrizes da Faculdade de Medicina da Bahia,
A mocidade estudiosa de Alagoas recebeu com
a mais antiga faculdade de ciências médicas do Brasil, deixentusiasmo a auspiciosa notícia e, confiando no
ando em aberto, no entanto, espaço para implantação de
patriotismo dos seus promotores, espera que a ideia
inovações. Em janeiro de 1951, o Governo Federal reconheceu a instituição de ensino e a faculdade foi legalmente
seja em breve uma esplêndida realidade [...].
autorizada a funcionar.

“

NeuroGenesis ● Edição 01

”

História da Medicina
JORNAL DE ALAGOAS – 20 de Julho de 1950.
A FACULDADE DE MEDICINA Está na Câmara
Federal, em trânsito pelas comissões técnicas,
um projeto do Sr. Medeiros Neto, autorizando
o Poder Executivo a doar imóvel da União
à Faculdade de Medicina de Alagoas.
Trata-se do antigo quartel do 20º B. C., à
Praça Siqueira Campos. Servirá para local dos
cursos médicos, num louvável aproveitamento
daquele prédio para fins de difusão cultural.

Sendo inicialmente uma faculdade particular, teve
como diretores nesse período: Ib Gatto Falcão (1950-1953),
seguido por Abelardo Duarte (1953-1956), Aristóteles Calansans Simões (1956-1959) e Gastão Oiticica (1959-1962). Em
outubro de 1953, por um Decreto da Presidência da República e após inspeção, a faculdade obteve reconhecimento oficial.
A sede da faculdade começou a ser construída em
fevereiro de 1951, por meio da recuperação de um antigo
quartel, cujo arquiteto Sant-Ives Simon foi responsável pela
fachada em estilo colonial da faculdade. Além disso, os
recursos destinados à obra foram obtidos por doações de
setores da indústria e comércio do estado.
No contexto da fundação surgiram duas dificuldades.
O Conselho Nacional de Educação exigia para a formação
de uma faculdade a existência de uma biblioteca. Sem recursos financeiros, os livros que constituíram a primeira biblioteca da faculdade de medicina de Alagoas foram conquistados
através de doações dos próprios médicos envolvidos no projeto. Outro desafio, seria a criação de um hospital-escola e,
por meio dos esforços do Dr. Ib Gatto Falcão, o comendador
Luiz Calheiros permitiu que a Santa Casa fosse transforma-

NeuroGenesis ● Janeiro 2016

13

da em hospital da faculdade.
Em 1961 a Faculdade de Medicina, junto com as
Faculdades de Direito, Filosofia, Economia, Engenharia e
Odontologia, foram reunidas sob decisão do então presidente Juscelino Kubitscheck para a fundação da Universidade
Federal de Alagoas. O hospital universitário, fundado em
1973, teve suas obras iniciadas na década de 60. No ano de
2000, foi aprovada a proposta do então diretor Dr. Manuel
Calheiros Silva de homenagear o professor e doutor Carlos
Alberto Fernandes Antunes pelo seu grande feito como diretor do HU e, a partir daí, a instituição passou a ser chamada
oficialmente de Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA).
Essa história foi retirada do livro “Faculdade de
Medicina de Alagoas: História de luta e esperança”, escrito pela professora Dra. Ângela Canuto.

Em outubro de 1973, data oficial da fundação
do HU, aportou em Maceió o Navio-Hospital
SS HOPE, procedente dos Estados Unidos.
Resultado de um intercâmbio científico entre a
Universidade Federal de Alagoas, Secretaria de
Estado da Saúde e a Universidade de Harvard
(EUA), a vinda do navio a Maceió impulsionou
o início das atividades no hospital. O HOPE
permaneceu um ano na capital investindo em
pesquisas, capacitação dos profissionais da
área de saúde e também realizando atendimento
a milhões de pessoas necessitadas de cirurgias,
exames e próteses.

14

Pesquisa

DO BARBATIMÃO
			À PATENTE
AMERICANA

POR cleide araújo | 5 º p e at t i e dalboni | 4ºp

A TRAJETÓRIA DA PESQUISA QUE RESULTOU
NA POMADA QUE CURA AS VERRUGAS DO HPV

Médico graduado pela Universidade Federal
de Alagoas, com Mestrado e Doutorado pela
Universidade de São Paulo e, atualmente, PósDoutorando da University of Calgary no Canadá, Dr.
Manoel Álvaro é Professor Associado da disciplina
de Gastroenterologia Cirúrgica da Universidade
Federal de Alagoas e concede entrevista à
NeuroGenesis sobre o desenvolvimento da pomada
que cura lesões do HPV.

“Oferecemos um
tratamento sem
efeitos colaterais”

NeuroGenesis: Dr. Manoel, como surgiu a ideia de
desenvolver uma pomada que cure as lesões do
HPV?
Manoel Álvaro: A pomada foi criada com base em
um vegetal comum no litoral brasileiro, o barbatimão, após uma paciente relatar ter se automedicado com um chá feito do mesmo dizendo-se totalmente curada de suas lesões.
Ficamos incrédulos a princípio, mas percebemos
que a paciente havia se curado de fato e que não
havia recidivas. A partir de então, coletamos as
plantas na zona da mata testando seus efeitos e a
concentração necessária para um bom resultado. A
preparação do extrato para a pomada a partir das
cascas do caule da planta ocorreu nos laboratórios
da UFAL.
NG: Além do senhor, quais são os outros pesquisadores que estão envolvidos diretamente na pesquisa? Qual o tempo de desenvolvimento do estudo?
MA: Somos um grupo formado por quatro pesquisadores. Além de mim, estão envolvidos os professores Luiz Carlos Caetano do Instituto de Química
e Biotecnologia, Zenaldo Porfírio do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde e o agrônomo Pedro
Accioly de Sá Peixoto.
No total, foram 12 anos de pesquisas até chegar ao

NeuroGenesis ● Edição 01

resultado final.
NG: Como foram realizados os testes?
MA: No decorrer de cinco anos acompanhamos 46 pacientes
com diagnóstico de HPV por algum dos subtipos do vírus. Todas
passaram por um período de tratamento de dois meses, utilizando a pomada duas vezes ao dia. Como resultado, a pomada teve
êxito em 100% das pacientes do estudo.

Pesquisa
Barbatimão
(Stryphnodendron
adstringens) é uma planta
medicinal nativa do cerrado
brasileiro conhecida por
suas ações antissépticas,
antifúngicas, cicatrizantes e
antibacterianas.

NG: Quais as vantagens do uso da pomada no tratamento do HPV?
MA: Um dos piores sintomas do HPV são as verrugas genitais. O que nós propomos é um tratamento
indolor e sem procedimentos invasivos que pode
ser feito em casa. Além disso, as pacientes não
apresentaram efeitos colaterais, nem recidivas.
NG: A que grupos a pomada é indicada?
MA: Indicamos o uso da pomada em crianças, jovens, idosos, gestantes e até em imunocomprometidos. Obtivemos resultados muito satisfatórios com
os testes.

Não temos muitos recursos, daí se torna quase
impraticável concluir ou realizar qualquer tipo de
pesquisa. Porém, isto não é motivo para que não
prossigamos no nosso objetivo. Devemos procurar
outros meios que nos possibilitem fazer o que propomos, jamais desanimar.
Por vontade nossa, foi necessário bancar por conta
própria a confecção das pomadas para que os pacientes pudessem utilizar. Além disso, muitas vezes
também custeamos a passagem da sua residência
ao hospital, onde fazíamos a pesquisa.
Em relação aos colegas, pudemos notar que havia um descrédito e desconfiança quando fizemos
uso de uma medicação alternativa que estava fora
dos padrões convencionais aos quais estão acostumados. Apesar de mostrar os resultados, alguns
ficavam reticentes e não cooperavam para que pudéssemos colher um maior número de pacientes
para conclusão da pesquisa. Mas, apesar destas
barreiras, sempre havia uma luz no fim do túnel e
isto foi o suficiente para que continuássemos nossa
jornada de investigação.
NG: Quais conselhos o senhor daria para os jovens
estudantes que tem interesse em se dedicar à pesquisa?

MA: Já obtivemos a patente concedida pelo instituto
“The United States Patent and Trademark Office”
(USPTO) em maio de 2015. Agora, é necessária a
realização de testes clínicos e a aprovação da ANVISA para comercialização do produto.

MA: Apesar das dificuldades encontradas, meu
conselho é que os jovens procurem cada vez mais
questionar e desenvolver seus conhecimentos e
habilidades. Sempre tenham uma atitude investigativa, não se acomodem com a zona de conforto,
procurem professores que tenham um perfil semelhante e comecem a fazer seus trabalhos na área
que mais gostam, independente desta ser da saúde.

NG: Quais as expectativas em relação à chegada
da pomada ao mercado?

Busquem seu sonho, jamais deixem de se questionar!

MA: A chegada da pomada ao mercado será como
um divisor de águas, uma vez que ofereceremos
um tratamento sem efeitos colaterais e que nos
abre portas para outras pesquisas visando o combate do câncer de colo do útero.

Citando Mahatma Ghandi:

NG: Quais os próximos passos para a comercialização da pomada?

NG: Quais as maiores dificuldades encontradas ao
longo do desenvolvimento da pesquisa?
MA: Infelizmente em nosso país e também em
nosso ambiente de trabalho a pesquisa não é valorizada como deveria ser. Encontramos ao longo
deste trabalho algumas dificuldades tanto logísticas
quanto também por parte dos colegas de trabalho.
No que tange as dificuldades logísticas, a mais difícil de superar foi a falta do suporte financeiro.

NeuroGenesis ● Janeiro 2016

15

“Viva como se amanhã fosse seu último dia e
estude como se você fosse viver para sempre”

“havia um descrédito e desconfiança quando fizemos uso de uma medicação alternativa que estava fora dos padrões convencionais aos quais estão acostumados.”

16

Pesquisa

médico pesquisador
POR thaís pithan | 4ºP
Um dos objetivos das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso
de Graduação em Medicina é garantir
que os conhecimentos obtidos durante a formação de seus alunos sejam
aproveitados em diversas atividades,
dentre elas a Iniciação Científica.
Em um estudo publicado na
Revista Brasileira de Educação Médica, um grupo de 413 alunos concluintes da graduação em Medicina
de 6 diferentes Faculdades brasileiras
demonstrou que 93% deles têm interesse em pesquisa. Porém, quando
avaliados os projetos em prática, os
números se apresentam diferentes.
A participação em Iniciação Científica
cobre 68% dos alunos, dos quais apenas 37% realizaram em disciplinas
optativas.
É notório que no meio médico do país em que vivemos, especialmente o acadêmico, o desenvolvimento de pesquisas é desvalorizado
em prol de outras atividades. A grande maioria médica é demasiadamente prescritora e pouco se interessa
no estabelecimento de novas tecnologias e métodos de tratamento que
reduzam os efeitos colaterais, minimizem os danos, ou até mesmo estabeleçam novas curas.
Para o oftalmologista João
Marcelo Lyra, a iniciação cientifica
durante a graduação em medicina é
de suma importância nesse processo.
Segundo ele, por meio da pesquisa,
o acadêmico é apresentado ao método cientifico. Este, permite ao médico

NeuroGenesis ● Edição 01

ler melhor os trabalhos publicados,
absorver tais informações e inseri-las
em sua prática, de modo a exercer
a verdadeira medicina baseada em
evidências. “Você tem uma enorme
quantidade de informações e o objetivo principal é transformá-las, através
do método cientifico, em algo aplicável no seu dia a dia”, diz ele. O acadêmico se tornará, portanto, um médico
com espírito crítico, reflexivo, capaz
de transplantar o conhecimento para
a prática.
A pesquisa, no entanto, é um
desafio. O básico dela é a criação de
algo novo. Cria-se uma hipótese, que
pode estar certa ou errada, a partir da
qual o pesquisador deve empregar to-

6

dos os esforços para se aproximar ao
máximo do seu objetivo. É por essa
tentativa e erro que se aprende duas
qualidades imprescindíveis ao bom
médico: perseverança e resiliência.
A busca pela confirmação de
uma hipótese envolve a previsão de
erros e a sistematização de sua execução. Essa experiência incita no aluno características de planejamento e
organização. “Seja na conduta clínica
ou cirúrgica, o maior desafio do médico é planejar antes de executar. O
planejamento, a escolha da técnica e
do método em cada paciente passa
também por um conhecimento de metodologia cientifica”, explica.

motivos
para ser um

Médico

Pesquisador
Desenvolver CAPACIDADE
críticA e reflexivA

VALORIZAR planejamento
e organização

01

Exercer a medicina baseada
em evidências:
conhecimento prática

03

Exercitar perseverança
e resiliência

02

04
05

Deixar um legado

06

Produzir conhecimento

Pesquisa
Mas, e se eu não quero fazer
carreira acadêmica ou não sei
qual área quero seguir?
De acordo com Lyra, o método
científico é aplicável em todas as áreas
e não é restrito ao aluno que deseja a
carreira acadêmica. Você pode se tornar
um excelente médico sem fazer mestrado ou doutorado e ser respeitado da
mesma forma. Porém, o profissional que
possui o senso crítico para ler trabalhos
científicos tende a transpor esse conhecimento metodológico para sua prática.
“A partir do momento que o aluno se envolve mais e tem maior prazer
com a pesquisa, ele pode optar pela
área acadêmica e atingir até o doutorado”, conta.
Nesse ponto, o mais importante
será a sua capacitação para orientar outras pessoas. “Isso já é outra vocação,
a qual me identifico bastante: a vocação
de querer deixar um legado, que inclusive têm por obrigação te superar”.
Embora existam dificuldades, a
UFAL possui diversos trabalhos premiados internacionalmente. Há um parque
tecnológico avançado, proporcionando
à universidade uma importante base
para o desenvolvimento de pesquisa de
ponta: núcleos fortes em cada grande
área do conhecimento.
Um segundo ponto a ser ressaltado é que a inovação real só ocorre
através da interdisciplinaridade. Segundo Lyra, os cursos de Computação, Física e Biologia possuem pesquisas de
grande valia voltadas à interdisciplinaridade. O que falta a Medicina é aderir a
essa forma de realizar projetos.

NeuroGenesis ● Janeiro 2016

como se inserir em uma pesquisa?

PIBIC
JOVENS
TALENTOS

• EDITAL LANÇADO EM FEV/MAR
• PROFESSOR, EM CONJUNTO COM ALUNO, SUBMETE TRABALHO AO CNPQ
• EDITAL CAPES COM DATA INCERTA
• ALUNOS DO PRIMEIRO ANO DO CURSO
• PROVA DE SELEÇÃO
• SELECIONADO, PROCURA UM PROFESSOR ORIENTADOR

• ALUNO COM MAIOR NOTA DENTRO DA ÁREA DE CONHECIMENTO
• SELECIONADO DEVE PROCURAR UM PROFESSOR ORIENTADOR
BOLSA DE INICIAÇAO • SELEÇÃO VIA SISTEMA DE NOTAS DA UFAL NO INICIO DO ANO

BIA

ACADÊMICA

PIBITI

*EM VIRTUDE DA GREVE, SISTEMA FORA DO AR SEM PREVISÃO PARA SELEÇÃO 2016.

• EDITAL LANÇADO EM JUL/ AGO
• SEMELHANTE AO PIBIC
• PROJETO DEVE GERAR INOVAÇÃO E TECNOLÓGICA
• MODALIDADE LIGADA AO NÚCLEO DE INOVAÇÃO GERADORA DE PATENTES

PROF. DR JOÃO MARCELO LYRA
Graduação em Medicina pela UFAL.
Residência Médica em Oftalmologia pela UFMG.
Doutorado em Oftalmologia pela UFMG.
Fundador do grupo de pesquisa BrAIn (Brazilian Study 			
Group of Artificial Intelligence and Corneal Analysis)

17

Caso Clínico

18

e f e i t o colateral

P O R n aya r a f r a n z o n | 7 º P e a n a l e t í c i a a l b u q u e r q u e | 6 º P
com revisão de dr. Manoel correia - hematologista

Paciente de 78 anos, sexo feminino, foi admitida
na Emergência em quatro de Agosto de 2015 com
suspeita de acidente vascular encefálico. Há 8 dias,
evoluía com importante rebaixamento de nível de
consciência, dificuldade de fala, comprometimento na
deambulação e movimentos involuntários em membros
inferiores, predominantemente no membro esquerdo,
broncoaspirou e foi intubada, desenvolvendo uma
pneumonia broncoaspirativa.
Antecedentes:
Tem diagnóstico prévio de Transtorno Bipolar,
em uso de Carbonato de Lítio há muito tempo (não sabe
quanto tempo)
Exame físico:
Paciente
encontrava-se
sonolenta,
com
dificuldade em responder aos comandos verbais, e
sem conseguir se expressar vocalmente. Apresentavase acianótica, anictérica, com respiração espontânea.

Mucosas conjuntivais hidratadas e normocoradas.
Aparelho cardiovascular com ritmo cardíaco regular
em dois tempos, sem sopros audíveis. Em aparelho
respiratório
apresentava
murmúrios
vesiculares
bilateralmente, sem ruídos adventícios. Abdome
globoso, flácido, indolor à palpação, sem visceromegalia.
Extremidades aquecidas e perfundidas, pulsos radiais e
pediosos amplos e simétricos.
Exames complementares:
Tomografia computadorizada de crânio sem
contraste e em cortes axiais, realizada dois dias depois
da admissão da paciente, não apresentou alterações.
Ressonância magnética do crânio, realizada no dia 4 de
setembro, evidenciou áreas de hipersinal em T2 e flair
(imagem 1.A, 1.B e 1.D) com discreta restrição a difusão
(imagem 1.C) localizada na ponte sendo mais evidente
à direita. Sugestivo de mielinólise pontinha subaguda
tardia.

exames laboratoriais
Resultado

Valores de Referência

Hemácias

3,23 milhões/mm3

4,5 – 6,0 milhões/mm3

Hemoglobina
Hematócrito
VCM
HCM
CHGM
Leucócitos
Plaquetas
Sódio
Potássio
Fósforo sérico
Cálcio sérico
Magnésio Sérico
Creatinina sérica
Uréia

11,7g/dl
39%
120 fL
36,22 pg
30%
13.860 mm3
200.103uL
153 mEq/L
4,9 mEq/L
2,7 mg/dl
9,95 mg/dl
2,49 mEq/L
1,2 mg/dl
53 mg/dl

Lítio sérico:

2 mEq/L.

Glicemia jejum
TSH
T4L

116mg/dl
2,06 µU/mL
0,63 ng/dl

12 a 16 g/dl
35 a 45%
80 a 100 fL
26-34pg
31-37%
5000-10000 mm3
150.103-400.103uL
135 a 145 mEq/L
3,5 a 5,0 mEq/L
2,5 – 5,6 mg/dl
8,5 -10,2 mg/dl
1,4 – 2,3 mEq/L
0,7 – 1,5 mg/dl
10 – 50 mg/dl
0,6 a 1,2 mEq/L (acima
de 1,5 mEq/L é considerado tóxico)
Menor que 110mg/dl
0,4 a 4,0 µU/ml
0.7–1.8 ng/dl

Conclusão: Hipernatremia; Intoxicação por Lítio;

NeuroGenesis ● Edição 01

Figura 1: Ressonância magnética do crânio,
realizada no dia 4 de setembro. As setas
evidenciam os pontos de alterações. A: Corte
axial T2 Flair; B: Corte axial T2; C: Corte axial T2
Difusão; D: Corte coronal T2.

Caso Clínico
Diagnóstico:
Mielinólise pontina secundária
à hipernatremia induzida por
uso de carbonato de lítio.
Conduta:
A conduta foi a correção da hipernatremia e a
suspensão do uso do carbonato de lítio na paciente. Foi
feita a correção de Na com solução fisiológica 0,45%
e oferta de agua livre por SNE. Também foi iniciada
antibiotiocoterapia com Ceftriaxona, Cefepima e,

Gráfico 1: Níveis séricos de sódio durante a
evolução clínica da paciente.
posteriormente, Tazocin.
Evolução:
A paciente evoluiu com melhora do quadro geral
sem intercorrências. Após a suspensão do carbonato de
lítio e a correção do distúrbio hidroeletrolítico, recuperou
o nível de consciência, a capacidade de responder aos
comandos verbais e de se expressar através da fala.
Ainda mantem o comprometimento na deambulação.
Na evolução do dia 23 de novembro, apresentou-se em
bom estado geral. Após oscilações, o sódio encontra-se
estável e com o valor normal de 138 mEq/L (figura 1).
Com suspensão do carbonato, o lítio apresenta valor
inferior à 0,2 mEq/L. e no Até o fechamento desta edição,
a paciente encontrava-se internada aguardando liberação
do serviço de Home- Care.

NeuroGenesis ● Janeiro 2016

E AÍ, DOUTOR... SABIA?!
O transtorno Bipolar é caracterizado por alterações
de humor que se manifestam com alternância de episódios
depressivos, mania ou hipomania. O tratamento divide-se
na parte psicossocial (terapia cognitiva, comportamental,
interpessoal e familiar) e farmacológica, principalmente
com o uso de estabilizadores do humor (o principal é o
Carbonato de Lítio).
O carbonato de lítio é excretado quase que
exclusivamente através da urina e sua meia vida de
eliminação é de aproximadamente 24 horas. A toxicidade
do lítio está relacionada com os seus níveis séricos
e ocorre próximo às doses terapêuticas. O excesso
deste no organismo, como nesse caso, pode levar à
diabetes insipidus nefrogênico (DIN) secundária - uma
doença rara caracterizada pela incapacidade do rim de
concentrar a urina. Devido à estimulação da sede pela
hiperosmolaridade, a HIPERnatremia é rara, mas pode
aparecer diante de diminuições do nível de consciência na
qual o paciente não consegue pedir por água e desidrata.
Então, no nosso caso, a intoxicação por Lítio levou
a um quadro de DIN que alterou de forma abrupta os níveis
séricos de Sódio. Tal mudança causou uma elevação
brusca da osmolaridade plasmática, no qual o meio
extracelular será hipertônico em relação ao intracelular,
gerando desidratação do tecido cerebral (condição
responsável pela mielinólise). A mielinólise pontina central
(MPC) é uma doença desmielinizante aguda causada por
oscilações abruptas na osmolalidade sérica, resultando
em desmielinização simétrica da parte central da base da
ponte (na fase subaguda tardia pode ser assimétrico).
Pode manifestar-se como paralisia flácida dos 4
membros, progressiva ao longo de alguns dias, e dificuldade
para mastigar, engolir e falar, simulando um infarto da A.
basilar. Os reflexos pupilares e corneanos, movimentos
oculares extrínsecos e sensibilidade fácil tendem a estar
preservados, podendo haver nistágmo.

19

20

Extensão

o que é
extensão
universitária?
A Universidade é, em sua definição, uma
instituição que tem por objetivo criar e moldar o conhecimento em prol da humanidade. É um espaço
de sabedoria e aprendizado que abarca uma função
social, educativa e científica, que tem uma ligação
intrínseca com a comunidade, com a sociedade. Assim sendo, nasceu a ideia da Extensão Universitária
(vale lembrar que a ação surgiu muito antes que a
própria definição – em 1950 e 1960 já havia movimentos culturais e políticos realizados por estudantes
nas Universidades, sendo vistos como fundamentais
para formação de lideranças Intelectuais).
Em 1987, foi criado um Fórum Nacional de
Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileira, ficando encarregado de definir, organizar e padronizar o que seria considerado Extensão
Universitária, e que foi definida como “o processo
educativo, cultural e científico que articula o Ensino
e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre universidade e sociedade.” (Plano Nacional de Extensão, 1999). Assim, a
Universidade assumiu o seu papel fundamental na
transformação da sociedade brasileira, nos preâmbulos da justiça e da democracia.
Seu principal intuito é produzir conhecimento
e torná-lo acessível à população, permitindo que esta
usufrua daquilo que é produzido pela Universidade.
Quatro são os princípios básicos para o desenvolvimento da Extensão na Universidade ao qual todo e
qualquer projeto deve seguir. São eles:
A Relação social de impacto, que nada mais
é do que ter uma intenção transformadora, sendo
voltada para os interesses e necessidades da população em sua maioria. A Bilateralidade, em que há
uma via-de-mão-dupla, a partir do compartilhamento
de saberes entre a Universidade e a Comunidade. A
Interdisciplinaridade, com o foco no desenvolvimento
de inter-relação de instituições, profissionais e pes-

NeuroGenesis ● Edição 01

POR jardel batista | 7ºP

soas. E por último, mas não menos importante o tripé
ensino-pesquisa-extensão, que deve ser indissociável.
Nesse contexto, as principais atividades desenvolvidas são os Projetos de Extensão, as Ligas
Acadêmicas, além de Cursos e Eventos, sejam estes culturais ou não. Na Faculdade de Medicina (FAMED) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a
Extensão Universitária é administrada pela Coordenação de Extensão, sob responsabilidade da Coordenadora Josineide Francisco Sampaio e pela Vice
Maria Edna Bezerra, além da equipe de funcionários.
Em nível da UFAL, temos a Pró-reitoria de Extensão
(PROEX), em que o pró-reitor é o Professor Eduardo Sílvio Sarmento de Lyra e o coordenador é o
Professor José Roberto Santos. Nos últimos anos a
Extensão Universitária na UFAL vem passando por
reformas embasadas no Plano Nacional de Educação, que visa “Assegurar, no mínimo, 10% do total
de créditos curriculares exigidos para a graduação
em programas e projetos de extensão universitária.”
(Meta 12.7, Plano Nacional de Educação).

A FAMED, por meio da
sua Coordenação de Extensão,
lançou o livro “A extensão
Universitária na Formação em
Saúde” na VII Bienal Internacional
do Livro de Alagoas, no dia 22 de
novembro de 2015. O livro é dividido
em duas partes, a primeira contendo
artigos e a segunda contendo
relatos de caso, todos relacionados
à pesquisa-ensino e extensão.

Extensão

21

TROTE

NÃO
E

tem
graça

m 2014 foi registrada a marca de 725.426 mil ligações
para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU) de Alagoas. Um número elevado de ocorrências, chegando a quase
2 mil por dia para serem sanadas por
um serviço que dispõe de 7 ambulâncias do tipo Unidade de Suporte Básico
(USB), 4 de Suporte Avançado (USA)
em Maceió e 1 Aeromédico no estado.
O fato mais alarmante não é em si o
número de ligações, mas sim o número
de falsas ligações que chegam a mais
de 67%! Dá para imaginar quantas
ocorrências deixam de ser atendidas
por problemas como linha ocupada e
triagem desnecessária?

Pensando nisso, em 2014 surgiu o projeto de extensão SAMU nas
escolas, uma iniciativa que busca levar para crianças e adolescentes da
rede de ensino de Maceió informações sobre como o serviço funciona e
a sua importância para a comunidade.
O projeto conscientiza sobre a atuação
correta em situações de risco e em que
se deve ligar para o 192, na medida em
que transmite noções de primeiros socorros e desenvolve nas crianças o pensamento crítico acerca dos prejuízos que
causam à sociedade passando trotes.
Os
alunos
são
instruídos
pelos universitários monitores e participam
ativamente
das
oficinas
educacionais
e
de
capacitação.

Esta
é
uma
situação
que vem se arrastando por anos
e
crescendo exponencialmente.

Dados mais recentes, disponibilizados pela central do SAMU, apontam para a redução de cerca de 10%

POR FILLIPE AGRA | 6ºP
no número de trotes desde o último
ano, uma estatística incrível que chamou atenção durante a 45ª edição
do Encontro Científico dos Estudan
tes de Medicina (ECEM), em que o
projeto Samu nas Escolas de Alagoas foi escolhido como o Melhor Trabalho de Extensão, levando como
premiação, além de um certificado,
a inscrição na “March Meeting IFMSA General Assembly Malta 2016”.

“no primeiro período da faculdade INGRESSEI NO PROJETO samu nas escolas. só
em 2015 foram mais de 2000 crianças e
adolescentes alcançados em maceió por
nossas ações de conscientização e oficinas de primeiros socorros. sem dúvida, um
ganho enorme para eles, e para nós, monitores! hoje me sinto realizada com as experiências enriquecedoras do projeto. “
camila hansen (4º período)

Para quem deseja participar, as
inscrições para o ano de 2016 vão ocorrer do dia 25 de Janeiro até 11 de Fevereiro de 2016. O trabalho é voluntário e os
alunos serão certificados como monitores do projeto, com certificado de extensão emitido pela FAMED/PROEX/UFAL.
Para mais informações acesse: www.facebook.com/ProjetoSamuNasEscolas.

NeuroGenesis ● Janeiro 2016

22

Fala aí, Sebastião!

fala aí, sebastião,
o que é esse cash?

POR ednis oliveira | 10ºP

O CASH

A DENEM e o ME

A gestão do Centro Acadêmico (CA) é formada por estudantes que se dispõem a atuar na universidade ocupando os espaços deliberativos institucionais e, principalmente, os da luta extra institucional,
como o movimento estudantil (ME). Em outras palavras, no CA os estudantes podem buscar apoio para
exigir melhorias estruturais e acadêmico pedagógicas para o nosso curso. Aqui nós vamos reclamar
tanto do projetor quebrado e da falta de cadeiras,
quanto do descaso da instituição, da falta de auxílio
e da forma de ensino precária.

O CASH não está sozinho! Nessa grande e
renomada jornada pela escola de Medicina, esperase que ao sairmos, tenhamos adquirido não só um
vasto conhecimento técnico da medicina, mas também tenhamos nos tornado pessoas mais politizadas,
mais informadas e interessadas sobre o que acontece ao nosso redor. Nesse sentido, apresentamos um
mundo que extrapola as fronteiras da nossa querida
Escola: a DENEM (Direção Executiva Nacional dos
Estudantes de Medicina) e o Movimento Estudantil.

No curso de medicina da UFAL, o Centro
Acadêmico Sebastião da Hora (CASH) é a entidade
que assume toda essa responsabilidade. Nossa gestão atual “Para transformar o tédio em poesia” tem
por princípio básico o contato e a interatividade com
os estudantes, estando sempre aberta ao diálogo, às
sugestões e críticas. Outro compromisso é o engajamento político: o CASH tem uma história marcante
de atuação no ME da UFAL, fazendo frente aos desmandos da direção do nosso HU, da reitoria e do governo federal, deixando o estudante antenado sobre
tudo que acontece. A educação médica e o modelo
de saúde adotado em nossos país também são nossos objetivos. Por isso, participamos de maneira ativa da luta pela reformulação do nosso currículo, que
vem acontecendo há cerca de 10 anos, em busca
de uma formação médica que privilegie a população
carente, a qual verdadeiramente necessita dos cuidados da saúde pública no Brasil.
E para participar da gestão do CASH é simples. Os únicos requisitos necessários são: 1) ser estudante de medicina da UFAL; 2) ter vontade de mudar nossa realidade. Em breve, terá início um novo
processo eleitoral para escolher uma nova gestão e
pedimos aos estudantes interessados que montem
a sua chapa. Não deixem passar a oportunidade de
lutar por aquilo que acreditam para o nosso curso e
para a nossa universidade!

NeuroGenesis ● Edição 01

É através da DENEM que os CAs de medicina do Brasil se articulam. Ela é responsável por
organizar congressos e encontros onde estudantes
de todo o país se reúnem para discutir o seu posicionamento em relação às políticas governamentais,
além de apontamentos para a educação médica e
para saúde.
Além disso, a DENEM fomenta e organiza
projetos de extensão e pesquisa, atividades culturais, atividades de estágio e intercâmbio em outros
estados e países. Os campos de atuação da DENEM
são diversos e suas atividades são muito numerosas
de maneira que nosso CA procura sempre estar alinhado à ela, apossando-se do conhecimento que ela
produz e dando nossas contribuições. Portanto, não
percam a oportunidade de conhecer estudantes do
Brasil todo e juntar-se a DENEM na luta por melhorias no sistema de saúde e na qualidade de vida da
população!

Fala aí, Sebastião!

universidades federais
pós-greve docente
POR ednis oliveira | 10ºP
Em 5 de outubro os docentes da
UFAL puseram fim a uma greve que perdurou
por 4 longos meses e deixou muitos estudantes aflitos. Juntamente à UFAL, o movimento nacional de mobilização dos professores
iniciou a saída unificada do processo paredista para ocorrer nos dias que compreende
o período de 13 a 16 de outubro após o retorno das aulas. Passado esse primeiro mês
de retorno às aulas, devemos nos perguntar:
“Aonde esta greve nos levou?”
Para responder, é extremamente importante conhecermos os atores envolvidos
e entendermos o contexto em que se deu a
deflagração da greve, que é semelhante para
a UFAL, com suas especificidades, e para as
demais IFES do país. Como principais protagonistas, temos os professores e sua entidade representativa, o ANDES. Além deles, os
estudantes, sendo representados pelo DCEs
e CAs, e muitos movimentos sociais também
foram de grande importância para o processo de mobilização. O momento é marcado
por muitas dificuldades para a educação e
todos esses segmentos indubitavelmente
estão sendo afetados. Podemos perceber
que os cortes BILIONÁRIOS no orçamento
das IFES, além dos antigos problemas que
vêm se agravando, como péssimas condições estruturais, falta de materiais, poucos
professores, salários insatisfatórios e ausência de assistência estudantil representam
sérios entraves ao ensino e à produção de
conhecimento na universidade. Associado a
isso, vemos uma política governamental que
privilegia o investimento na iniciativa privada,
afinal, existem programas institucionais que
geram muitos gastos para o estado e que
atuam nesse sentido, como o PROUNI e o
FIES e as parcerias público privadas. Nas faculdades de medicina, é marcante o exemplo
dos mais de 20 hospitais universitários que
estão sendo geridos pela EBSERH, uma empresa de direito privado.

NeuroGenesis ● Janeiro 2016

“Ah, meu Deus, tudo está perdido?”.
Não, não está! A conjuntura, apesar de nada
fácil, demonstra que através da luta é possível combater esse modelo que transforma a
educação em mercadoria. Na UFAL, foi histórica a vitória de uma chapa composta por
integrantes da comunidade universitária para
a reitoria, exemplo semelhante é o da UFRJ.
As mobilizações nas universidades do Brasil
não são poucas. O período de greve foi essencial para que a situação ficasse em exposição e com isso surgiu a compreensão de
que é preciso mudar! As pessoas costumam
equacionar os saldos da greve de acordo
com o abono salarial conquistado, mas nós
afirmamos que, assim como as pautas de
reinvindicação vão muito além dessa questão, os ganhos também devem ir. Sabemos
que a negociação com o governo federal não
foi vitoriosa nesse sentido, mas não há outro caminho a ser trilhado senão a constante
mobilização. Por isso afirmamos que 2016
será um ano de luta e a universidade será
nossa trincheira! Esperamos encontrar muitos estudantes ao nosso lado.

23

Rodando pelo Internato

Tô no
internato!
POR Kelvyn vital | 12ºP
“Ah, o internato...”. Ciclo do curso mais aguardado por 11 entre 10 acadêmicos, o internato é o componente “Estágio Supervisionado” da grade fixa do currículo atual, regido pelo Projeto Pedagógico do Curso
de Medicina 2013 (PPC). Sua carga horária total é de
4228h, dividido em 4 semestres (9º, 10º, 11º e 12º), o
que corresponde a 47,5% da carga horária total do curso.
Assim, o internato é a “hora do estágio”, ou seja, é
quando temos atividade em sua grande maioria práticas, utilizando as informações e habilidades desenvolvidas no ciclo teórico-prático. O que não significa que a parte teórica
será abandonada, pois segundo o PPC, as atividades teóricas ainda correspondem a até 20% da carga horária de
cada estágio. Ainda em relação a carga horária, é importante saber que, diferentemente dos ciclos anteriores, o internato não permite ao aluno faltas sem justificativa, ou seja,
requer 100% de comparecimento. Essa medida é baseada
no Conselho Interno da UFAL, que permite a cada Unidade Acadêmica decidir como administrar a questão de frequência de modo independente. Esse conceito é baseado na
importância que o aluno tem em cada estágio, tanto com o
serviço, tanto com seus colegas, preparando para o nível de
responsabilidade que nos espera após a formação e é praticado na grande maioria das academias médicas do país.
Outra informação importante e desconhecida de boa
parte dos alunos é a possibilidade da realização de até 25%
da carga horária do internato em outra instituição de ensino
conveniada a UFAL, priorizando os serviços do Sistema Único de Saúde, bem como instituições conveniadas que mantenham programas de Residência credenciados pela Comissão
Nacional de Residência Médica e/ou outros programas de
qualidade equivalente em nível internacional. As atividades
desenvolvidas no internato seguem as Diretrizes Curriculares Nacionais 2013 (DCNs) e são realizadas nas áreas da
Clínica Médica, Cirurgia, Ginecologia-Obstetrícia, Pediatria,
Saúde Coletiva e Saúde Mental, sendo 38% em serviços de

NeuroGenesis ● Edição 01

E agora?
Atenção Básica e Serviço de Urgência e Emergência do SUS,
estando de acordo com as DCNs, que preconizam o mínimo
de 30%. A duração dos estágios é variável, sendo iguais no
9 e 10º períodos, onde existem 3 estágios de 2 meses de
duração e 1 estágio com 6 meses, que é o estágio em regime
de plantão. Já no 11º período são realizados 3 estágios de 2
meses de duração e o 12º
período, com duração de
possibilidade da realiapenas 4 meses, é concluzação de até 25% da carído com um 1 estágio com
ga horária do internato
2 meses e dois outros esem outra instituição de
tágios, cada um com metaensino conveniada a UFAL
de desse tempo. A divisão
dos grupos é feita de acordo com a quantidade de estágios
existentes a cada período, de forma que os grupos podem
ser feitos sem distinção de turma. Essa divisão é feita durante o 8º período, em reunião com o coordenador do 5º ano,
quando o internato é apresentado de forma oficial à próxima
turma ingressante.
O internato é constituído pelos estágios a seguir, em
resumo com suas principais características:

“

“

24

9º Período
Urgência e Emergência (HGE)
Estágio de 6 meses (Plantões de 12h por escala)
Talvez o estágio mais esperando do internato, onde o aluno
realmente sente a mudança para o cenário prático. Atuação
em sua maioria na Área Vermelha Cirúrgica do HGE, onde
temos contato com trauma, cirurgias de urgência, lesões cortantes e uma gama imensa de pacientes.

Pediatria de Emergência (HGE)
Estágio de 2 meses
É o primeiro de vários contatos com a pediatria no internato.
Nesse estágio o aluno terá contato com o primeiro atendimento de diversas patologias de emergência no Pronto Atendimento do hospital, assim como a evolução destes pacientes na Enfermaria.

Clínica Cirúrgica (HU, H. do Açúcar, Arthur Ramos)
Estágio de 2 meses
Um dos poucos estágios onde temos real contato com a cirugia. Dividido em 2 etapas, onde em uma, realizada na enfermaria do 5º andar do HU, temos maior contato com o pré
e pós operatório do paciente e no outro realizado no Açúcar
ou Arthur Ramos temos mais contato com o ato cirúrgico,
auxiliando e aprendendo com os preceptores nas cirurgias
daquele hospital.

Saúde Mental (Hospital Portugal Ramalho)
Estágio de 2 meses
É onde temos contato com o mundo da Psiquiatria e áreas
relacionadas. Estágio possivelmente com o maior número de
grandes experiências durante o curso. Lidamos com diversas
patologias psiquiátricas, seu diagnóstico e tratamento, mas
em muitos momentos, a patologia é deixada de lado, com
discussões e atividade voltadas para a humanização do aluno com o paciente, com o local de trabalho e com os colegas.

10º Período
Pediatria I (HU)
Estágio de 2 meses
A pediatria volta a aparecer, mas agora sai a emergência e
entra o atendimento ambulatorial na Puericultura e Hebiatria,
junto da enfermaria Neonatal. Além disso, com atividades no
suporte ao recém-nascido na maternidade, interligando o conhecimento com a Obstetrícia.

Ginecologia (HU)
Estágio de 2 meses
Estágio realizado no ambulatório do HU, com foco no domínio do exame ginecológico, conhecimento das principais patologias da área, assim como preparar o aluno para realizar
com eficácia a prevenção e promoção da saúde da mulher.

Obstetrícia I (HU)
Estágio de 2 meses
Aqui temos atividades na Clínica Obstétrica do HU, lidando
principalmente com gestantes de alto risco que precisaram
ser internadas, puérperas, pré-natal de gestante de alto risco
e plantões de 12 horas na maternidade do HU, referência em
alto risco.

Obstetrícia II (Maternidade Nossa Senhora da Guia)
Estágio de 2 meses
Mais um estágio em regime de plantão, dessa vez na Guia,
maternidade de referência em baixo risco, onde o foco é
aperfeiçoar habilidades em partejar, conduzir o parto normal
e auxiliar o preceptor em cesarianas, observando e aperfeiçoando técnicas aprendidas anteriormente.

NeuroGenesis ● Janeiro 2016

Rodando pelo Internato
11º Período

25

Clínica Médica I (PSF em Maceió)
Estágio de 2 meses
Voltamos à atenção básica, e distribuídos por USFs de Maceió, vamos fazer parte da comunidade, interagir com os
usuários, e aplicar conhecimentos de prevenção e promoção
de saúde que nos são ensinados desde o 1º ano. Além disso
suprir as necessidades em saúde da população, por meio da
consulta, ou de ações educacionais.

Clínica Médica II (HDT)
Estágio de 2 meses
Estágio pertencente à Clinica Médica, mas com foco voltado
as doenças infecto-parasitárias, muito prevalentes em nosso
estado. Com atividades no Pronto Atendimento, Enfermaria,
Ambulatório e UTI propicia ao aluno um grande campo de
aprendizado na área.

Clínica Médica II (HU)
Estágio de 2 meses
O foco dessa outra parte do estágio de Clínica Médica é uma
visão geral desta grande área da Medicina, sendo principalmente voltado para atividades em enfermaria, permitindo
acompanhar toda a evolução de um paciente internado, e o
que é necessário em seu suporte. Além disso, também são
desenvolvidas atividades nos ambulatórios de diversas especialidades e UTI.

12º Período
Estágio Opcional
Estágio de 1 mês
Durante um mês o aluno tem a oportunidade de desempenhar um estágio em qualquer área, em alguma instituição
com convênio com a UFAL.

Pediatria II (HU)
Estágio de 1 mês
Não, não repeti sem querer o tópico, é outra pediatria, sim.
Mas agora o foco é atendimento de crianças com mais de 2
anos de idade, e acompanhamento das crianças internadas
na enfermaria pediátrica do HU, sem caráter emergencial.

Estágio Rural (Interior de Alagoas)
Estágio de 1 mês
Estágio semelhante ao PSF, mas desenvolvido em alguma
cidade do interior do estado, o que permite ao aluno conhecer uma nova população, inserir-se nesta nova comunidade,
e desenvolver atividades que respeitem a rotina e características culturais do local.

E após tudo isso você entra de vez para a categoria médica! Mas
antes disso acontece muita coisa nesses 2 últimos anos de curso, então após
essa visão geral deste ciclo, nas próximas edições ele será apresentado em
detalhes, com o que você pode esperar (ou não) de cada estágio.

26

Megafone

PELO

MUNDO

Para o exercício da profissão que exige enxergar o próximo em sua integralidade, a mobilidade acadêmica é uma grande ferramenta para o desenvolvimento pessoal e profissional. Nesta edição trazemos dois relatos de estudantes que experimentaram
a metamorfose de um intercâmbio .

MIGUEL CARNEIRO, ALUNO DA UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA. VIAJOU PELO
PROGRAMA FELLOW MUNDUS
Falar sobre um Intercâmbio é algo complicado. Por onde começar? O que escrever? Pensar em
escrever algo que ultrapasse as fronteiras pessoais,
culturais, civilizacionais e até em certa medida linguísticas, não foi algo fácil. É como tentar colocar toda a
sua roupa numa só mala de viagem. Você quer colocar
tudo que é seu lá, mas tal como tudo na vida, sempre
que há movimento, você tem de aprender a deixar alguma coisa para trás, para levar o importante consigo.
Penso que é isso mesmo fazer Intercâmbio. Levar algo
e deixar algo.
Na minha opinião, creio que desde criança e
tal como muitos jovens sempre tive uma vontade enorme de não ficar parado no mesmo local durante muito
tempo. Nunca gostei de rotinas, nunca gostei de monotonia. Sempre quis conhecer novas pessoas, novos
países, descobrir novos estilos de vida e sobretudo de
viver novas aventuras. Sempre quis contar histórias de
mundos que outros nunca ouviram sequer falar.
Quando eu fui colocado em Maceió, não conhecia a cidade, muito menos conhecia alguém que
a tivesse visitado. Confesso que pouco sabia quando
cheguei. As minhas expectativas não eram muito altas
porque iria sozinho, no entanto, creio que nunca duvidei se devia ou não aceitar este desafio. Viajar e abraçar outra cultura foi das razões que mais me motivou a
aceitar esta aventura.

NeuroGenesis ● Edição 01

Para mim o mais importante em uma aprendizagem é que as pessoas explorem as suas inseguranças e se exponham ao desconhecido. Sem esse
estímulo contínuo não existe crescimento pessoal.
Depois de chegar, fiz logo contactos com pessoas de
Intercâmbio, algumas delas de Portugal, outras de outros países. Foi muito bom ter pessoas numa situação
igual à minha. O fato de estarmos todos numa cidade
completamente diferente nos ajudou a criar os alicerces para a adaptação a Maceió ser a melhor possível. Criei algumas amizades com pessoas diferentes
de mim, que possivelmente não criaria se fosse noutro
contexto qualquer.
Desde o primeiro dia que cheguei à Universidade senti que toda a gente estava querendo que
a minha integração nesta cidade Nordestina fosse a

“Para mim o mais importante em
uma aprendizagem é que as pessoas
explorem as suas inseguranças e se
exponham ao desconhecido.”
melhor possível. Principalmente os meus companheiros de turma, que tanto me ajudaram e ensinaram
não apenas a nível clínico e médico, mas sobretudo a
entender a cultura brasileira. Uma realidade bem diferente a que eu estava habituado, tenho de confessar.
Penso que cresci a nível de diagnóstico clínico, destreza de procedimentos, mas graças aos meus companheiros começei a entender o porquê dessa mesma
realidade ser diferente. Por eu querer me envolver em
toda esta experiência ficou mais fácil fazer amizades.

Megafone
Acima de tudo,creio que cresci como pessoa.
Para concluir, me sinto muito grato a todo o mundo
pela minha experiência e o significado da palavra
“saudade” tem outra importância para mim. Não sei se
mudei, eu acho que sim, pelo menos volto com outros
olhos diferentes para ver o mundo. Olhos mais calmos,
serenos e tolerantes. Se há pessoas que estão duvidando se devem ir ou não de Intercâmbio, não tenham
medo. O ser humano é feito para estar em constante movimento, para ser exposto a estímulos novos e
enriquecedores. O que vocês levam dentro de vocês
e trazem do país que vos acolhe é muito maior que
qualquer mala que tenham de fazer.

Marco Viegas, aluno da UFAL. Viajou pelo programa Ciência
Sem Fronteiras
Meu intercâmbio para os EUA foi realizado
através do programa Ciência sem Fronteiras. Este programa promoveu 14 meses de experiência divididos
em 2 meses de curso de inglês, 10 meses de ensino
acadêmico, e 2 meses de estágio. Durante os 12 primeiros meses, eu estudei no NYIT (New York Institute
of Technology), e os 2 meses de estágio foram realizados na Universidade de YALE.
Morar em Nova Iorque foi sem dúvida uma experiência única. É uma cidade por si só transformadora. Uma junção de culturas espalhadas ao redor do
globo que nos faz interpretá-lo de uma forma diferente.
Era comum ouvir diariamente diversos idiomas, no entanto, quando soavam palavras em português brasileiro batia aquela saudade de casa, da comida, dos
amigos. Ainda sim, não era preciso ir longe para matar
a saudade do feijão com arroz. Se já havia os famosos
bairros de italianos, chineses e japoneses, não poderia
faltar o bairro dos brasileiros. É, não é difícil encontrar
brasileiro por aí, e em Nova Iorque não poderia ser
diferente.

NeuroGenesis ● Janeiro 2016

No bairro Queens –distante 15 min de metrô estavam os restaurantes, cabeleireiros, manicure e até
supermercados com tudo do Brasil. Era bom saber que
não estava sozinho, e ainda melhor ser bem tratado
quando dizia ser brasileiro. Nunca passei por nenhuma situação constrangedora. Pelo contrário, sempre
que perguntado, era recebido com um sorriso no rosto. Ainda melhor foi ter chegado na época da copa do
mundo. Apesar das piadas pelo famoso “7x1” (Gol da
Alemanha), era bom ver o olhar de respeito quando
vestia a amarelinha.
Passados os primeiros meses de adaptação
à nova realidade, ao sonho de viver um intercâmbio, e
de estar se sentindo num filme, chegaram os meses de
universidade realmente. Havia certa ansiedade em relação à língua, à didática, à sala, às convivências, mas
nada fora do normal. A universidade tem uma infraestrutura dentro de uma realidade brasileira considerada
muito boa. Salas e laboratórios simples,porém com o
essencial. Professores competentes e renomados em
suas respectivas áreas, além de atenciosos com os
alunos. Havia os severos e os liberais, como sempre.
E quando precisei da carta de recomendação para o
estágio, fui atendido.
O sistema de educação do qual fiz parte é
baseado no estudo pessoal e em áreas de lazer. Ele
oferece créditos que podem ser preenchidos com disciplinas da sua área, ou em áreas paralelas ou alternativas. Além de áreas verdes a serem preenchidas com
grupos de estudo, pesquisas, esportes, etc. Tudo vai
depender do que o aluno quer e busca para si. Durante as aulas, a maioria dos professores não está interessado se os alunos estão prestando atenção, porém
cobrará na prova e na correção de trabalhos. Por outro
lado, quanto mais participação e dedicação, melhor
avaliado é o aluno.
Esse sistema ainda é dividido em subgraduado
e graduado, com 4 anos de duração cada - após o “ensino médio” ou “high school”. Logo, um curso superior
de Medicina, Direito ou Engenharia possui 8 anos. As
disciplinas abordadas na subgraduação são próximas
do que vemos no ensino médio com um acréscimo do
primeiro ano de ensino superior, ciclo básico. Durante
este período, não há divisão entre os cursos, assim
todos os estudantes são da área de saúde. Concluir
a subgraduação já insere o estudante no mercado de
trabalho, mas, se quiser ir mais longe, é fundamental a
graduação.

27

28

Megafone
Alguns cursos exigem prova, como um vestibular, e
outros mais que isso.
Em medicina, por exemplo, é comum os alunos terminarem a subgraduação e começarem a trabalhar para pagar a graduação (média de 40 a 50mil
dólares por ano). Paralelamente, adquirem experiência na área buscando incrementar o currículo e se preparam para a prova de graduação na universidade que
desejam, a qual ainda irá analisar os currículos. Essa
fase dura em média 2 ou 3 anos. Consequentemente,
é normal completar o curso por volta dos 30 anos de
idade.
Não diria que é mais difícil ser aprovado em
medicina nos EUA, mas o método americano faz o
estudante iniciar a faculdade propriamente dita mais
preparado, maduro e consciente sobre sua carreira
profissional. Nossa formação básica até o ensino médio é, sem dúvida, melhor. Formamos estudantes com
maior conhecimento geral e técnico. Entretanto, ficamos distantes no quesito especialização e valorização
do profissional.
A verdade é que a diferença entre o ensino
superior brasileiro e americano não é tão grande. Obviamente não quero comparar a infraestrutura, mas
o potencial. A imensa maioria dos alunos brasileiros
eram elogiados e se saíam bem nos exames. Eu não
fui o único brasileiro a fazer estágio em YALE, e tenho
muitos amigos que estagiaram em Harvard, por exemplo. Mais que abrir portas para futuros planos, estudar

em uma universidade americana serviu para mostrar o
potencial que todos nós possuímos.
Serviu para
mostrar onde podemos chegar e que essa realidade
é bem mais próxima do que pensamos. Mostrou que

NeuroGenesis ● Edição 01

tudo parte da capacidade de cada um em lutar por
seus objetivos e conquistá-los.
Retorno a enxergar o quão grande e pequeno
o mundo é, que por mais que existam tantas culturas
diferentes, a essência de cada pessoa vem da mesma
fonte. Portanto, que sejamos mais compreensivos com
as pessoas e as respeitemos pelo que são. Tenho o
orgulho de ser brasileiro e a esperança de fazer parte
de uma geração que veio para acrescentar. É preciso
sair da zona de conforto e buscar algo que nos faça
enxergar o mundo com outros olhos, ampliando nosso
conhecimento interno e externo.

“Não diria que é mais difícil ser aprovado
em medicina nos EUA, mas o método americano faz o estudante iniciar a faculdade propriamente dita mais preparado,
maduro e consciente sobre sua carreira
profissional”.

Megafone

C
U
L
T

Terreno Baldio
Não tenho medo do vazio
Do papel em branco
Do quarto não visitado
Ou dos terrenos baldios
Que um dia irei ou não ocupar
Não me importam
Os espaços preenchidos
Se neles o desconhecido
Está proibido de entrar

A recomendação de filme dessa edição é “Nise - Coração da Loucura”, de Roberto Berliner que traz Glória Pires no papel da pioneira psiquiatra Nise da Silveira.
“Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente
chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é nossa realidade mais profunda”.
A frase é de Nise da Silveira, uma das primeiras mulheres a se formar em medicina e que revolucionou a história da psiquiatria ao se negar a usar tratamentos
agressivos em seus pacientes. Em vez de eletrochoques e lobotomia, a alagoana tratava os distúrbios mentais com arte.
Sinopse: Ao sair da prisão, a doutora Nise da Silveira volta aos
trabalhos num hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro e se recusa a empregar o eletrochoque e a lobotomia no
tratamento dos esquizofrênicos. Isolada pelos médicos, resta a ela assumir o abandonado Setor de Terapia Ocupacional,
onde dá início à uma revolução regida por amor, arte e loucura.

NeuroGenesis ● Janeiro 2016

Clarissa Souza
9º Período

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Megafone

SALVE , MONITOR !
psiquiatria
O estudante de Medicina deve ficar atento ao diagnóstico das principais etiologias, utilizando
para isso, manuais atualizados. Não vale mais, por exemplo, utilizar o DSM-IV-TR. Muita coisa mudou na nova versão, o DSM-V (de 2013). Dentre as mudanças, foi abolido o modelo de
diagnóstico multiaxial; o Autismo, assim como Asperger, agora fazem parte do Transtorno do
Espectro Autista; os subtipos da Esquizofrenia (ex.: paranóide) foram eliminados, entre outras modificações. Isso significa você deve ficar atento aos compêndios de psiquiatria, olhe a data da edição para
saber se ele está atualizado em relação ao DSV-V. O livro de Kaplan & Sadock, um dos mais famosos,
ainda está na versão antiga. Existem opções a venda na internet, como o livro Clínica Psiquiátrica de
Bolso, da USP, que já está em acordo com o manual DSM-V. Dessa forma, sugiro ficar bastante atento às
aulas para anotar as novas mudanças.
Quanto à monitoria de Psiquiatria, encorajo bastante quem quiser fazer! Estou tendo oportunidade de
ensinar, fazer pesquisa e frequentar o ambulatório de psiquiatria no HUPAA! É uma monitoria bem completa, e por isso exige bastante dedicação, mas vale muito a pena!
								
por clarissa Souza - 9º período

anatomia
A tão falada anatomia tem sua fama nos mais diversos aspectos justificada. Seja por ser amada por uns ou nem tanto assim por outros. É quase impossível discutir sua dificuldade de
aprendizado. No entanto é certo também que sem ela o conhecimento base para as disciplinas
subsequentes do curso se torna incipiente.
E como estudar? É importantíssimo não se deter apenas em uma base de dados. Diversificar o estudo,
utilizando mais de um livro-texto e atlas, é essencial. Os livros de anatomia básica têm seu valor no
sentido de introduzir a disciplina ao estudante sistemicamente, como o Fattini ou Spence, por exemplo.
No entanto a anatomia regional, mais detalhada, é melhor abordada em livros como o Moore, que tem
a vantagem de apresentar uma anatomia aplicada, correlacionada com situações clínicas comuns.O
Gardner, que tem a qualidade de localizar bem o estudante anatomicamente utilizando linguagem clara
e precisa, além do Gray, o qual apresenta-se de maneira bastante profunda e detalhada como um todo.
Os atlas, no geral, ajudam de sobremaneira o estudante, só que essa visualização não supera o estudo
contínuo aliado a constante prática de aprender junto ao cadáver. Para isso, é sempre bom ficar junto
ao professor, solicitando-o ir ao laboratório em horários extra aula regular.
Para a neuroanatomia não tem como não estudar pelo Ângelo Machado ou Murilo Mendes, alternativamente. Estudar em dupla ou em trio pode também se revelar proveitoso. Sempre existe aquele amigo
que clareia o que você leu, mas não entendeu. Utilizar atlas para colorir, ou aplicativos no celular ou
computador (3D brain, Essential Skeleton 4, por exemplo) pode complementar o estudo. Não há nenhuma fórmula pronta, cada um se adapta melhor a algumas das variadas formas de estudo. Mas se
existe algum conselho válido nesse sentido, eu citaria o famoso adágio “A repetição é a mãe do aprendizado”. 										
								
por igor sena - 5º período

NeuroGenesis ● Edição 01

Megafone

FALA

PERÍODO
P
rimeiro período. A ansiedade aperta, e
enfim damos o primeiro passo dessa longa jornada. Semana dedicada aos feras,
veteranos do Centro Acadêmico dando
o maior apoio, novas pessoas, novo ambiente, novos desafios, uma nova realidade! Entretanto, só
se conhece o que é universidade com a vivência.
São aulas e mais aulas, lâminas de histologia, enzimas e peças de anatomia que vão
deixando a nova rotina extremamente cansativa, porém não menos apaixonante. Conhecemos a importância das aulas de Saúde e Sociedade, as quais além de nos preparar para a
realidade profissional tornam-se um escape para
a rotina cansativa das bases morfofisiológicas.
Estas são acompanhadas pelas aulas de Ética, na qual conversamos e debatemos sobre o que nos cerca como estudantes de medicina e futuros médicos.
Para arrematar, a Tutoria: o que no início causava muito medo se transforma num
dos momentos mais interessantes da semana,
especialmente para novos estudantes ansiosos por uma faísca de prática médica, distante
de nós nesse começo. O aprendizado baseado em problemas divide muitas opiniões, mas
sua importância é unanimemente reconhecida .
Agora que venha o P2. O primeiro infinito
mundo de conteúdos já foi. O sorriso e entusiasmo ainda estão nos nossos rostos assustados de
calouros, porém prontos para o segundo desafio!
AMÁLIA LINS
1 PERÍODO

NeuroGenesis ● Janeiro 2016

LAÍS CALÓ
6 PERÍODO

O

sexto período sempre foi um suspense
em nossas vidas. Histórias de reprovação por causa do “eixo da morte”,
quando o eixo de Saúde do Adulto e
do Idoso 2 era composto por Neurologia, Endocrinologia e Nefrologia/Urologia. E comentários
de que “agora está fácil”, quando os veteranos
ficavam sabendo que Endocrinologia foi para o
quinto período e foi substituída por Psiquiatria.
Nem tanto, nem tão pouco. É um período muito rico, aprendemos assuntos essenciais
para formação de qualquer um, independente da
área que vá atuar. Por ser rico, é pesado, muita
informação para absorver na nossa corrida rotina.
O sexto período, apesar dos pesares, traz
um sentimento bom de conhecimentos mais consolidados. No entanto, sempre surge aquela dúvida
sobre se aprendemos tudo o que deveríamos ter
aprendido para chegar até aqui. Mas acho que essa
dúvida vai sempre existir, sempre podemos mais.
E que “minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é médica e a outra metade também será”.

~

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32

Megafone

ag e n d a
Janeiro

07 – 13: Semana do Fera;
11: Volta às aulas;
25: 1ª fase da seleção para
Residência Médica do HU;

Março
10 – 12: XXII Congresso Norte Nordeste
de Oftalmologia (Hotel Jatiúca);
11: 1º Congresso de Semiologia
Avançada da UFMT (Mato Grosso);
30 de março – 01 de abril:
Simpósio Internacional sobre Esclerose
Lateral Amniotrófica (Hotel Jatiúca);

Abril
15 – 17: 1º Simpósio Internacional Medvep de
Emergências Cardíacas (Maceió Atlantic Suítes)

25: Edital de Transferência externa para
reopção de curso

Maio
11: Congresso da Federação Internacional
de Cirurgia Plástica (Rio de Janeiro)

NeuroGenesis ● Edição 01

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