6- Pró-Pet - Saúde III e o Perfil Formativo do odontólogo

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                    UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS- UFAL
FACULDADE DE MEDICINA / FAMED
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE – MPES

CLÁUDIA PATRÍCIA DE LIMA FREIRE

PRÓ/PET-SAÚDE III E O PERFIL FORMATIVO DO ODONTÓLOGO

Maceió
2014

CLÁUDIA PATRÍCIA DE LIMA FREIRE

PRÓ/PET SAÚDE III E O PERFIL FORMATIVO DO ODONTÓLOGO

Trabalho
Acadêmico
de
Mestrado
apresentada ao Programa do Mestrado
Profissional em Ensino na Saúde, da
Universidade Federal de Alagoas, como
requisito para obtenção do grau de mestre
em Ensino na Saúde.
Orientador: Profº Dr. Jefferson de Souza
Bernardes.

Maceió
2014

Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central
Divisão de Tratamento Técnico
Bibliotecária Responsável: Maria Helena Mendes Lessa
F866p

Freire, Cláudia Patrícia de Lima.
Pró/PET – Saúde III e o perfil formativo do odontólogo / Cláudia Patrícia de
Lima Freire. – 2014.
100 f.
Orientador: Jefferson de Souza Bernardes.
Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino na Saúde) –
Universidade Federal de Alagoas. Faculdade de Medicina. Programa de
Pós-Graduação em Ensino na Saúde. Maceió, 2014.
Inclui bibliografias.
Apêndices: f. 74-95.
Anexos: f. 96-100.
1. Educação em odontologia. 2. Integração ensino serviço. 3. Odontologia.
4. Odontologia em saúde publica. 5. Recursos humanos – Odontologia.
I. Título.
CDU: 61:378 + 616.314

À Deus e a minha querida família:
Alessandro, Isabela, Lorenzo e Martin.

AGRADECIMENTOS,

À Deus,
Ao meu querido mestre e orientador Jefferson de Souza Bernardes e sua
esposa Nina pelo acolhimento, carinho, incentivo e orientações,
Ao meu esposo Alessandro Riffel por seu apoio e contribuições e a minha
filha Isabela por serem a motivação para a minha caminhada,
Aos meus professores do mestrado cujo os ensinamentos levarei comigo,
Aos meus colegas do mestrado por me ajudarem na construção do
conhecimento e da vida,
À minha amiga Nadja Romeiro por estar próxima em muitos momentos nesta
jornada,
Aos meus companheiros e amigos da UBS Frei Damião pela compreensão e
apoio,
Aos meus familiares: mãe, pai, irmãos e irmãs pelo apoio incondicional,
À professora Izabel Maia Novaes pelas contribuições e aos participantes da
pesquisa, sem os quais este momento não seria possível,
As minhas queridas colaboradoras do lar Dona Neuza e Maria do Carmo, por
cuidarem tão bem da minha filha enquanto eu trabalhava,
São tantas pessoas a quem devo agradecer... Enfim, a todos que
contribuíram com os passos desse meu novo ciclo de vida, pois tenho certeza,
sozinha não construiria nada.Meu sincero, muito obrigada!!

RESUMO

Esta pesquisa discute a formação em Odontologia no âmbito do Programa Nacional
de Reorientação da Formação em Saúde conjuntamente ao Programa de Educação
pelo Trabalho para a Saúde (Pró/PET-Saúde III 2012-2014), tendo como objetivo
geral investigar as mudanças no perfil formativo do estudante de Odontologia da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a partir da participação do curso neste
programa. Tratou-se de pesquisa qualitativa e que ocorreu em duas etapas: na
primeira, foi realizada a leitura para contextualização das Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Saúde e Odontologia, Política Nacional de Educação Permanente
em Saúde, Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Odontologia da UFAL e
projetos e relatórios do Pró/PET-Saúde III; na segunda etapa, foi realizado o grupo
focal com tutor, preceptores e estudantes de Odontologia participantes do Pró/PETSaúde III Campus UFAL- Maceió. Para a realização do Grupo Focal foi utilizado um
roteiro com questões norteadoras relativas ao perfil formativo em Odontologia,
formação em Odontologia e participação no Pró/PET-Saúde III. Após a coleta os
dados foram transcritos, lidos e uma análise por categorias foi realizada. Concluímos
que a participação em programas para reorientação da formação surge como uma
das alternativas para diminuir o descompasso existente entre o desejado e o que
existe no contexto formador em Odontologia e que o Pró/PET Saúde III contribui na
prática para efetivação de um Perfil Formativo em Odontologia condizente com as
propostas do SUS, das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Odontologia e da
Política nacional de Educação Permanente em Saúde embora sejam necessários
avanços nas discussões políticas e coletivas destas propostas.
Palavras-Chave:

Educação em Odontologia. Integração Ensino-serviço.
Odontologia. Odontologia em Saúde Pública. Recursos humanos
em Odontologia.

ABSTRACT

This research discusses the formation issues in Odontology in the National Program
of Formation Reorientation in Health together with the Educational Program Working
for Health (Pró/PET-Saúde III 2012-2014), which has as general objective the
investigation of the changes in formation profile of the Odontology student of the
Federal University of Alagoas (UFAL), from the participation of the course in this
program. The research was qualitative and occurred in two stages: first, the reading
was done to contextualization of the National Curriculum Guidelines for Health and
Odontology, National Policy of Permanent Education in Health, Educational
Curriculum Proposal for the Odontology Course of UFAL, and projects and Pró/PETSaúde III reports; in the second stage, the focal group was conducted with a tutor,
preceptors and Odontology students participants of the Pró/PET-Saúde III from the
UFAL Campus, Maceió. To conduce the focal group, a script was used with guiding
questions related to the formation profile in Odontology, formation in Odontology and
the participation in the Pró/PET-Saúde III. After obtaining the data, they were
transcribed, read and an analysis was performed by categories. We conclude that
the participation in programs for Formation Reorientation appears as an alternative to
reduce the imbalance existent between that which is desired and what exists in the
forming context in Odontology and what the Pró/PET Saúde III contributes to in the
practice for the effectiveness of a Formative Profile in Odontology consistent with the
proposals of SUS, of the National Curriculum Guidelines for Odontology and of the
National Policy of Permanent Education in Health even though advances in the
political and collective discussions of these proposals are needed.

Keywords: Education in Odontology. Education-Service Integration. Odontology.
Odontology in Public Health. Human Resources in Odontology.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DCNS

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Saúde

DCNOS

Diretrizes curriculares Nacionais para a Saúde e Odontologia

ESF

Estratégia de Saúde da Família

FOUFAL

Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Alagoas

GF

Grupo Focal

PET-Saúde

Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde

PNEPS

Política Nacional de Educação Permanente em Saúde

PPC

Projeto Pedagógico do Curso

PROMED

Programa de Incentivo às Mudanças Curriculares das Escolas
Médicas

PRÓ/PET-Saúde Programa Nacional de Reorientação da Formação em Saúde
conjuntamente ao Programa de Educação pelo Trabalho
para a Saúde
Pró-Saúde

Programa Nacional de Reorientação da Formação em Saúde

SGTES

Secretaria Geral do Trabalho e da Educação em Saúde

SUS

Sistema Único de Saúde

TCLE

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFAL

Universidade Federal de Alagoas

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO................................................................................................... 9
2 ARTIGO – PRÓ/PET SAÚDE III E O PERFIL FORMATIVO DO
ODONTÓLOGO: CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO EM
ODONTOLOGIA.................................................................................................... 11
RESUMO............................................................................................................... 11
ABSTRACT……………………………………………………………………..........… 12
INTRODUÇÃO....................................................................................................... 13
MÉTODOLOGIA.................................................................................................... 16
RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 19
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 28
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 31
3 RELATÓRIO TÈCNICO......................................................................................... 35
4 FINALIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO.................................................... 68
REFERÊNCIAS GERAIS...................................................................................... 70
APÊNDICES.......................................................................................................... 74
ANEXOS................................................................................................................ 96

9

1 APRESENTAÇÃO
A motivação para a realização desta pesquisa perpassa o fato de estar
envolvida pessoal e profissionalmente com o contexto do trabalho no SUS e com a
formação em Odontologia, uma vez que sou cirurgiã–dentista da Estratégia de
Saúde da Família (ESF) em Maceió e preceptora de estudantes de Odontologia da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
Diante do exposto, a justificativa desta pesquisa se processa em três
direções: primeiro, em função dos interesses na realização deste programa de pósgraduação, visando o crescimento pessoal e melhorar a prática profissional em
ensino na saúde; segundo por perceber que a Odontologia (assim como outras
profissões da Saúde) passou por mudanças curriculares e no mercado de trabalho
(por exemplo, a própria inserção na Estratégia de Saúde da Família), necessitando
de profissionais com perfil formativo adequado para trabalhar com esta nova
realidade; e, terceiro, por participar com a formação dos alunos de Odontologia da
UFAL, pois, recebo alunos da disciplina de Saúde Coletiva e participei como
preceptora de programas anteriores (PET Saúde II/ Saúde da Família - Campus
Maceió da UFAL) e participo atualmente do Pró/PET-Saúde III. Ainda, Considero
enriquecedora a experiência no ensino e a importânciado Pró/PET Saúde III como
um dos programas indutores das mudanças na graduação e nas práticas
profissionais na Saúde. Observa-se que os estudantes envolvidos com a saúde e
odontologia, relatam preocupações com as questões sociais e que o SUS necessita
de profissionais com uma formação sólida, compromissada, responsável, humanista
e com perfil profissional baseado nas necessidades de saúde da população. A partir
destas inquietações surgiu o seguinte questionamento: “O Pró/PET-Saúde III induz
mudanças no perfil formativo do odontólogo?”
O objetivo geral da pesquisa é investigar as mudanças no perfil formativo do
estudante de Odontologia da UFAL, a partir de sua participação no Pró/PET- Saúde
III. Os objetivos específicos são: verificar as mudanças efetivas na Proposta PolíticoPedagógica do Curso de Odontologia da UFAL após a inserção do curso nos
programas da PNEPS e verificar o investimento na qualificação docente nos últimos
anos, orientadas para o trabalho em equipe, processos de participação e controle
social no sistema de saúde e processos autogestionários, de acordo com a PNEPS.

10

Como o Sistema Único de Saúde (SUS), as Diretrizes curriculares Nacionais
para a Saúde e Odontologia (DCNOs) e a Política Nacional de Educação
Permanente em Saúde (PNEPS) promovem a reorientação dos perfis formativos na
saúde no Brasil, utilizamos a leitura das leis, portarias e diretrizes como também um
referencial teórico baseado nesta temática para fundamentar a discussão da
pesquisa, esta contextualização foi realizada

na parte inicial da pesquisa

previamente à realização do grupo focal, juntamente com a leitura do projeto do
programa Pró/PET Saúde III e do projeto pedagógico Curricular do curso de
Odontologia da UFAL.Esta contextualização encontra-se de forma reduzida no artigo
que será apresentado, por tal motivo não será necessário apresentá-la novamente.
Após a realização do grupo focal observamos que as questões centrais do
grupo referiram-se à discussão da formação acadêmica atual do curso de
odontologia da UFAL, ao perfil formativo dialogado no grupo como também aos
efeitos ou mudanças na formação propiciados pela participação no Pró/PET Saúde
III.
Apresentamos em um primeiro momento o artigo intitulado,“Pró/PET Saúde III
e o perfil formativo do odontólogo: Contribuições para a formação em Odontologia”,
com o intuito de publicá-lo na Revista da Associação Brasileira de Ensino
Odontológico – ABENO.
Finalizando, como cirurgiã-dentista, ex-aluna do Curso de Odontologia da
UFAL e, atualmente,preceptora de alunos da área da saúde e Odontologia e tendo a
formação acadêmica no curso como um dos eixos centrais da discussão do grupo
focal, apresento como produto de intervenção do mestrado Profissional em Ensino
na Saúde um Relatório Técnico ao Núcleo Docente Estruturante da FOUFAL, com
os resultados da pesquisa e sugestões de mudanças ao Projeto Pedagógico
Curricular do Curso de Odontologia da UFAL apontadas pelo grupo focal, a fim de
fornecer subsídios para a atual discussão de reformulaçãoque ocorre no Curso.

11

2 ARTIGO – PRÓ/PET SAÚDE III E O PERFIL FORMATIVO DO ODONTÓLOGO:
CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO EM ODONTOLOGIA
RESUMO
Este artigo discute a formação em Odontologia no âmbito do Programa Nacional de
Reorientação da Formação para a Saúde conjuntamente ao Programa de Educação
pelo Trabalho para a Saúde (Pró/PET-Saúde III 2012 – 2014), com o objetivo de
investigar os efeitos do Pró/PET Saúde III para a formação do perfil profissional do
odontólogo. Tratou-se de pesquisa qualitativa realizada em duas etapas: a primeira,
composta de estudos da bibliografia identificada, das Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Saúde e Odontologia, da Política Nacional de Educação
Permanente em Saúde, do Projeto Pedagógico Curricular do Curso de Odontologia
de uma universidade pública federal nordestina e dos projetos e relatórios do
Pró/PET-Saúde III; na segunda etapa, foi realizado grupo focal com 10 participantes,
um tutor, três preceptores e seis estudantes de Odontologia participantes do
Pró/PET-Saúde III. Para a realização do Grupo Focal foi utilizado roteiro com
questões norteadoras relativas ao perfil formativo em Odontologia, formação em
Odontologia e participação no Pró/PET-Saúde III. Após esta etapa as falas foram
transcritas, lidas, categorizadas e realizada análise por categorias. Os conjuntos de
sentidos produzidos foram os seguintes: Formação para o SUS (Generalistas /
Especialistas), Outros profissionais / Interdisciplinaridade / Multidisciplinaridade e
Aprendizagem / Estudo / Atualização. Os resultados apresentam que o Pró/PET
Saúde III contribui na prática para efetivação de um Perfil Formativo em Odontologia
condizente com as propostas do SUS, das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Odontologia e da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde embora
seja necessário avançar nas discussões políticas e coletivas destas propostas.

DESCRITORES:

Educação em Odontologia.
Odontologia. Odontologia em
Humanos em Odontologia.

Integração Ensino-Serviço.
Saúde Pública. Recursos

12

PRÓ/PET SAÚDE III AND THE FORMATION PROFILE OF THE ODONTOLOGIST:
CONTRIBUTIONS TO THE FORMATION IN ODONTOLOGY.
ABSTRACT
This article discusses the formation in Odontology in the National Program of
Formation Reorientation for Health together with the Educational Program through
the Labor to the Health (Pró/PET-Saúde III 2012 – 2014), with the objective of
investigating the effects of Pró/PET-Saúde III for the formation of odontologist's
professional profile. This qualitative study was done in two stages: the first,
composed of studies on identified bibliography, the National Curriculum Guidelines
for Health and Odontology, the National Policy of Permanent Education in Health,
Educational Program Curriculum of the Odontology Course of a Northeastern Public
University and of the projects and reports from the Pró/PET-Saúde III. In the second
stage, a focal group was created with 10 participants, a tutor, three preceptors and
six Odontology students participants of the Pró/PET-Saúde III. To conduce the focal
group, a script was used with guiding questions related to the formation profile in
Odontology, formation in Odontology and the participation in the Pró/PET-Saúde III.
After this step, the speeches were transcribed, read, categorized and an analysis
was performed by categories. The sets of meanings produced were: the Formation
for SUS (Generalists / Specialists), Other professional / Interdisciplinary /
Multidisciplinary and Learning / Study / Update. The results show that the Pró/PET
Saúde III contributes to in the practice for the effectiveness of a Formative Profile in
Odontology consistent with the proposals of SUS, of the National Curriculum
Guidelines for Odontology and of the National Policy of Permanent Education in
Health even though advances in the political and collective discussions of these
proposals are needed.

Keywords: Education in Odontology. Education-Service Integration. Odontology.
Odontology in Public Health integration.
Human Resources in
Odontology.

13

INTRODUÇÃO
O artigo nº 200, da Constituição Federal de 1988, em seu inciso III, atribui ao
SUS a competência de ordenar a formação na área da saúde (BRASIL, 1988).
Portanto, as questões da educação em saúde passam a fazer parte do rol de
atribuições finalísticas do Sistema. Para observá-la e efetivá-la, o Ministério da
Saúde tem desenvolvido, ao longo do tempo, várias estratégias e políticas voltadas
para as necessidades de saúde da população e ao desenvolvimento do SUS.
Diante de um contexto de mudanças sociais, de atender as demandas de
saúde da população e para corresponder aos princípios do SUS se faz necessário
que o profissional de saúde, entre eles o odontólogo, possua um perfil generalista,
compromissado, ético e humanista, que tenha capacidade para liderança e perfil
crítico para atuar nas diversas realidades brasileiras.
A proposta pedagógica curricular baseada em currículos mínimos cuja
formatação está baseada em matérias e disciplinas isoladas, por propiciar uma
fragmentação no conhecimento, tem sido associada a algumas consequências na
formação profissional em saúde, tais como: o trabalho isolado, hierarquizado,
dificuldades na interação quando em equipe e a especialização precoce.Por outro
lado, as Novas Diretrizes Curriculares Nacionais têm, entre suas propostas, propiciar
experiências na formação que possibilitem ao futuro profissional da Saúde uma
formação generalista, a participação integrada em equipes de saúde visando à
interdisciplinaridade,à abordagem multiprofissional e à qualificação para trabalhar
com as várias realidades do Sistema Único de Saúde brasileiro.
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), editadas entre 2001 e 2004
apresentam como finalidade principal formar indivíduos aptos para inserção em
setores profissionais para participação no desenvolvimento da sociedade brasileira.
As DCNS apresentam que a formação do profissional de saúde deverá contemplar o
Sistema de Saúde vigente no país, o trabalho em equipe e a atenção integral à
saúde (BRASIL, 2002).
Criada em 2003, a Secretaria Geral do Trabalho e da Educação em Saúde
(SGTES) assumiu a responsabilidade de formular políticas públicas orientadoras da
gestão, formação e qualificação dos trabalhadores e da regulação profissional na
área da saúde no Brasil. Em 2004 com vistas a atender as demandas por melhorias
na prestação de serviços de saúde à sociedade, para atender aos princípios e

14

determinação do SUS e das novas DCNS para os cursos de nível superior da área
da saúde a SGTES instituiu a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde
(PNEPS) (BRASIL, 2007a).
A PNEPS tem o intuito de transformar as práticas pedagógicas e de saúde,
contribuindo para o processo de desenvolvimento individual e coletivo dos
profissionais desaúde. Para o autor, a mudança dos currículos das áreas da saúde
precisa integrar-se às transformações nas práticas de Saúde. (STROSCHEIN;
ZOCCHE, 2011).
Fazendo uma retrospectiva dos últimos 12 anos, os Programas indutores da
reorientação profissional em Saúde iniciaram a nível nacional em 2002 com o
Programa de Incentivo às Mudanças Curriculares das Escolas Médicas PROMED
(BRASIL, 2002) e na perspectiva da PNEPS (BRASIL, 2004) continuaram a nível
nacional e local, com o Programa Nacional de Reorientação da Formação em Saúde
(Pró-Saúde I em 2005 e II em 2007) (BRASIL, 2007a), Programa de Educação pelo
Trabalho para a Saúde PET Saúde I em 2008 (BRASIL, 2008) e PET Saúde II em
2009 (BRASIL, 2010a), PET Vigilância em Saúde em 2010 (BRASIL, 2010b) e PET
Saúde Mental, também em 2010. Atualmente há os programas, PET Redes de
atenção Psicossocial (BRASIL, 2013), PET hospitais SOS Emergências (BRASIL,
2013) e o Pró/PET Saúde III (BRASIL, 2012).Os estudantes de Odontologia
estiveram inseridos no PET-Saúde I, II e agora no Pró/PET Saúde III.De acordo com
os editais dos programas PET Redes de atenção e PET hospitais SOS Emergências
os estudantes de Odontologia também puderam participar da seleção para estes
programas.
O Pró/PET Saúde III, iniciado em 2012 e com prazo para terminar em 2014 no
projeto da Universidade estudada tem como objetivo geral promover mudanças nos
processos de geração do conhecimento, de ensino-aprendizagem e reorientação da
formação profissional para atuação crítica e interdisciplinar, assegurando abordagem
integral do processo saúde-doença com ênfase nos profissionais das redes de
atenção à Saúde do SUS.
Atualmente, estão constituídos sete grupos tutoriais (Enfermagem, Farmácia,
Medicina, Nutrição, Odontologia, Psicologia e Serviço Social) sobsupervisão
multiprofissional e focada na Atenção Primária em Saúde e na Estratégia de Saúde
da Família. O Pró/PET saúde III trabalha três eixos principais: “Promoção à Saúde”,
“Álcool e Drogas” e “Saúde Mental”. São oito professores universitários (um

15

coordenador e os demais tutores), trinta e seis preceptores (profissionais da rede
municipal de Saúde), setenta estudantes bolsistas e alguns voluntários (cujo
quantitativo varia por curso), os quais encontram-se distribuídos em quinze cenários
de prática(Unidades Básicas de Saúde).
A Odontologia está inserida no Pró/PET Saúde III com um tutor que é
professor do curso de odontologia da mesma universidade, cinco preceptores que
são cirurgiões-dentistas da Estratégia de Saúde da Família do município, dez alunos
bolsistas e cinco não bolsistas, estudantes universitários do curso de Odontologia.
O Curso de Odontologia estudado, em seus 53 anos de existência, passou
por algumas mudanças em seu Projeto Pedagógico Curricular, sendo a última
iniciada em 2004 e concluída em 2007. Esta última reforma se constituiu em
tentativa de se adequar às Novas Diretrizes Curriculares Nacionais da Odontologia.
De acordo com a literatura estudada, os Cursos de Odontologia, apesar de suas
reformas, ainda apresentam aspecto tradicional de abordagem do processo ensinoaprendizagem, com distanciamento entre disciplinas básicas e profissionalizantes,
com ensino centralizado no professor, ênfase no ensino tecnicista, voltada para o
mercado privado e especializado. Apesar das reformas curriculares que ocorreram, a
formação odontológica tradicional, organizada segundo disciplinas/departamentos
desarticulados, ciclos básicos e clínicos separados, utilização de prática unicamente
como aplicação da teoria precedente, tem se mostrado incapaz de produzir
mudanças efetivas na educação odontológica (BRASIL, 2002).
Desde 2013, o Curso de Odontologia da referida universidade passa por novo
processo de discussão em seu Núcleo Docente Estruturante para mudanças no
Projeto Pedagógico Curricular.
Neste contexto, observamos na prática da preceptoria no Pró/PET Saúde III
que os estudantes envolvidos com a saúde e Odontologia, relatam preocupações
com as questões formativas, indicando que o SUS necessita de profissionais com
uma formação sólida, compromissada, crítica, responsável, humanista e com perfil
profissional baseado nas necessidades de saúde da população. A partir destas
inquietações surgiu o seguinte questionamento: “Que efeitos o Pró/PET-Saúde III
produz no perfil formativo do odontólogo?”
Portanto, o objetivo deste artigo é investigar que efeitos o Pró/PET Saúde III
produz no Perfil Formativo do Odontólogo.

16

METODOLOGIA
A metodologia é qualitativa-exploratória, tendo como cenário o Curso de
Odontologia de uma universidade pública federal nordestina e seu Programa
Pró/PET-Saúde III.
A produção de informações aconteceu em duas etapas: na primeira, foram
realizadas a identificação e a aquisição de todos os documentos para o estudo e
contextualização referentes às Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de
Odontologia, à Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, à Proposta
Pedagógica Curricular do Curso de Odontologia em questão, Editais e Relatórios do
programa Pró/PET-Saúde III. De posse deste material, foram realizadas leituras dos
mesmos. Na segunda etapa, foi realizado um Grupo Focal. A submissão do projeto
foi feita via Plataforma Brasil e após a aprovação do projeto de pesquisa no comitê
de ética em pesquisa sob protocolo n0 20046713400005013 em setembro de 2013,
foram iniciados os contatos com os participantes da pesquisa por e-mail, telefone e
carta convite, sendo esta última entregue pessoalmente. Dias (2000) sugere que um
grupo focal (GF) com 6 a 10 pessoas é suficiente para gerar uma boa discussão. Em
nossa pesquisa conseguimos reunir dez participantes.
Optamos por um Grupo Focal heterogêneo por que pretendíamos analisar a
fala de estudantes, preceptores e tutores sobre aspectos que pudessem influenciar
a formação do perfil formativo em Odontologia. Para Cruz Cruz Neto, Moreira e
Sucena (2002) os grupos heterogêneos são mais difíceis de entrosar-se, cabendo
ao mediador o papel de criar um ambiente propício ao debate. No entanto se bem
explorados, esses grupos podem gerar relatos e discussões menos contidas e com
grande riqueza de informações. Acrescenta, que compete a equipe envolvida
avaliar, de acordo com seus objetivos e dentre a população alvo, qual a melhor
composição para os grupos focais, sendo que a organização por faixa etária, sexo,
credo,

etnia,

nível

hierárquico,

homogeneidade

e

heterogeneidade

ficará

condicionado às informações que se pretende levantar. Para Gondim (2003) nada
impede que os grupos focais possam ser estratificados, quando se deseja minimizar
as diferenças intragrupais (homogeneidade) e maximizar as diferenças intergrupais
(heterogeneidade). Isto dependerá dos objetivos do pesquisador.
Para a constituição do GF, os participantes tinham que ter participado ao
menos um (1) ano do Projeto Pró/PET- Saúde III nos anos 2012-2013. Os

17

participantes foram representados por um tutor (Professor do curso de odontologia
da Universidade), três preceptores (cirurgiões-dentistas da Estratégia de Saúde da
Família do município) e seis estudantes (cinco bolsistas e um voluntário, alunos do
Curso de Odontologia). Todos os participantes da pesquisa apresentaram como
elemento comum terem se graduado ou estarem se graduando no mesmo curso
universitário.
O grupo focal aconteceu no mês de Novembro de 2013, em uma sala da
Faculdade de Odontologia. A Sala foi previamente preparada, com temperatura
adequada, disposição circular das cadeiras com os Termos de Consentimento em
duas vias e uma caneta sobre cada assento, três aparelhos foram ajustados para a
gravação do Grupo focal e para o observador-anotador foi reservado um local mais
afastado que permitisse acompanhar toda a conversa, porém, de forma que não
intimidasse os participantes. Na lousa foi colocado o titulo da pesquisa: ”Pró/PET
Saúde III e o perfil formativo do Odontólogo” e a inscrição “Grupo-focal”. O ambiente
foi preparado para proporcionar momentos agradáveis aos participantes, de forma
que estes se sentissem à vontade durante a realização do grupo focal.
Em seguida, alguns acordos foram realizados com os participantes em
relação ao tempo de duração entre 50 a 60 minutos e, também, quanto à forma de
condução das perguntas (questões norteadoras) e ao tema abordado. Foi solicitado
aos mesmos a leitura individual e assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE). Após a leitura e assinatura do TCLE os gravadores foram
acionados.
O moderador fez perguntas ao grupo limitando-se apenas a proferi-las
interferindo o mínimo possível na discussão gerada, a entrevista seguiu um roteiro
semiestruturado com perguntas (Questões Norteadoras) pertinentes ao tema
abordado (Apêndice B), e tudo o que foi respondido foi gravado. Ao
anotador/observador coube as tarefas de retratarde forma a mais fidedigna possível
o que foi dito pelos participantes bem como registrar um resumo ao final do Grupo
Focal e auxiliar o moderador na organização da sala.
As categorias e o roteiro para o Grupo Focal foram formulados baseando-se
na temática da Educação Permanente em Saúde, Pró/PET Saúde III e a Formação
em Odontologia.

18

Quando todos concluíram seus pensamentos com relação a última questão
norteadora o gravador foi desligado. A discussão gerada pelo grupo focal durou
setenta minutos.
Após a transcrição das falas dos sujeitos, as mesmas foram categorizadas
para análise. Utilizamos como referencial analítico, uma aproximação às Práticas
Discursivas e Produção de Sentidos (SPINK, 1999). Aproximação, pois utilizamos os
Mapas Dialógicos e a produção de conjuntos de sentidos a partir das categorias. O
conceito de Práticas discursivas remete aos momentos de ressignificações, de
rupturas, de produção de sentidos, ou seja, corresponde aos momentos ativos do
uso da linguagem, nos quais convivem tanto a ordem como a diversidade.Podemos
definir, assim, práticas discursivas como linguagem em ação, isto é, as maneiras a
partir das quais as pessoas produzem sentidos e se posicionam em relações sociais
cotidianas .(SPINK, 1999, p.45).
O primeiro passo foi a organização das falas do GF, por meio de uma
estratégia de visualização das mesmas: o Mapa Dialógico. (SPINK, 1999).
Produzimos, inicialmente, sete categorias para a composição do Mapa
Dialógico, tomando por base o roteiro do grupo, a Política Nacional de Educação
Permanente em Saúde e, principalmente, os objetivos da pesquisa. As sete
categorias previamente formuladas foram: “Perfil formativo”; “Política Nacional de
Educação Permanente em Saúde”; “Estratégias de ruptura contra a solidão e o
isolamento”; “Identificação de trabalho em equipe”; “Construção de espaços e
momentos cotidianos de aprendizagem e dialogia”; “Mecanismos desenvolvidos para
possibilitar o aprender a aprender”; “Espaços e mecanismos de valorização dos
conhecimentos e culturas locais por meio da participação social”. Duas outras
categorias foram produzidas durante o processo de produção dos Mapas Dialógicos:
“Academia” e “Serviços”.
A análise a seguir estabelece a discussão a partir das categorias: “Perfil
Formativo” e “Política Nacional de Educação Permanente em Saúde”. A partir das
duas categorias, produzimos conjuntos de sentidos para cada uma delas. A análise
foi realizada nos conjuntos de sentidos comuns a ambas categorias analisadas. Para
Spink (1999), o sentido é uma construção social um empreendimento coletivo, mais
precisamente interativo, por meio do qual as pessoas – na dinâmica das relações
sociais historicamente datadas e culturalmente localizadas – constroem os termos a
partir dos quais compreendem e lidam com as situações e fenômenos à sua volta.

19

Remetem diretamente aos efeitos produzidos no cotidiano. Os conjuntos de sentidos
analisados foram: a) Formação para o SUS (Generalistas / Especialistas); b)
OutrosProfissionais/Interdisciplinaridade/Multidisciplinaridade;

c)

Aprendizagem/Estudo/Atualização.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os conjuntos de sentidos gerados a partir dos Mapas Dialógicos foram:
“Formação para o SUS (Generalistas / Especialistas”); “Outros profissionais /
Interdisciplinaridade / Multidisciplinaridade” e “Aprendizagem / Estudo / Atualização”.
Passaremos à análise de cada um deles.
a) Formação para o SUS (Generalistas / Especialistas)
Neste primeiro conjunto de sentidos foram selecionadas as falas que
apresentaram Perfil Formativo orientado para o trabalho no SUS como também,
expuseram o conflito existente entra a Formação Generalista e a orientada para as
especialidades.
De imediato, apresentamos o posicionamento do grupo em relação à
formação. Para o grupo, os problemas do Sistema de Saúde são, boa parte das
vezes, relacionados aos problemas na formação. O grupo concorda que os futuros
profissionais devem ter boa formação para o SUS, principalmente, para a gestão,
pois desta forma podem conseguir modificar o Sistema de Saúde. Neste sentido, a
fala do participante 7 afirma que “[...] a formação é para isso, por isso que vocês tão
formando para o SUS. Para vocês conseguirem mudar, mudar o Sistema de Saúde.
Por isso que tem que mudar a formação, porque o gestor ele foi formado.”
A declaração do participante 7 destaca a formação para o SUS como um
aspecto constituinte de um bom perfil formativo:
Uma questão fundamental é um perfil formativo que se volte também
para a saúde pública, entendeu! Se volte para o SUS, por que essa é
a grande função da Universidade, e se a gente conseguir que o aluno
se forme, além da clínica ele saiba trabalhar no SUS, ele saiba
interagir com as outras disciplinas, trabalhar a interdisciplinaridade,
intersetorialidade e a transdisciplinaridade. Eu acho que a gente vai
ter um bom perfil, um bom profissional.

20

Pesquisa realizada por Nuto et al. (2006) em quatro cursos de Odontologia no
nordeste brasileiro sobre os aspectos éticos e humanos presentes no processo
ensino-aprendizagem

da

formação

de

cirurgiões-dentistas

levantou

alguns

problemas na formação destes. Um dos problemas encontrados é a dicotomia
corpo-mente presente no modelo biomédico, no qual o maior empenho é para o
desenvolvimento das habilidades técnicas e motoras. Os resultados revelam,
segundo os autores, pouca capacitação dos futuros profissionais para o
desenvolvimento de uma relação dialógica com seus pacientes, e a necessidade de
se repensar estes aspectos na sua formação.
A fala do participante 8 corrobora com este pensamento e apresenta que:
”[...]além de ele sair um técnico ele também tem que sair um profissional conhecedor
do paciente, um sanitarista, né!”
Já a fala do participante 1 aponta o SUS como ordenador da formação em
saúde ao afirmar que “[...] é o SUS formando profissional, né, tá na constituição e
tem que ser feito e é uma pena que só aconteça através do PET”. Esta proposição
se encontra na Constituição Federal de 1988: “Compete à gestão do Sistema Único
de Saúde o ordenamento da formação de recursos humanos da área da saúde, bem
como o incremento, na sua área de atuação, do desenvolvimento científico e
tecnológico”. (BRASIL, 1988).
Outras falas orientam-se para a importância das vivências no SUS, por meio
do Pró/PET Saúde III. A fala do sujeito 6 propõe que “[...]o importante é a gente
acordar para como é realmente a vida pública”.
Observamos ainda que, na vivência proporcionada pelo Pró/PET Saúde III os
participantes sentem o despertar para a atenção primária, para a realidade do SUS.
Nesta linha de pensamento a fala do participante 5 afirma que: “[...]a principal coisa
que mudou desde que eu comecei no PET, é agora ter uma visão mais voltada para
atenção primária, para a promoção de saúde, eu não pensava muito nisso”.
A formação para o SUS é vivenciada no cotidiano das atividades nas
Unidades Básicas de Saúde. A esse respeito o participante 10 afirma:
O PET me ajudou assim, de entender como funciona o PSF e o SUS,
a Secretaria de Saúde como é que ela se comunica com o pessoal lá
do posto, como é feita a coleta de dados, e qual o papel de cada
profissional nessa coleta e, como através disto, eles conseguem
recursos para a comunidade e para os postos. Coisa que faz com

21

que a gente, futuro profissional, é a gente saiba como funciona todo
este sistema, para saber onde agir, entendeu?

Palmier et al. (2012), ao pesquisarem a formação de estudantes de
Odontologia, concluem que os distintos cenários de práticas têm um potencial efeito
indutor de transformação do curso, pois revelam contradições entre as condições
sociais e os modelos de prática que têm enfoque predominante nos aspectos
biológicos.
O participante 9 aponta que a proposta do PET trabalha orientada à
construção de um perfil formativo idealizado nas DCNs da Odontologia: “[...]o PET
antes de tudo está mostrando um efeito dentro do que estas diretrizes apontam, ter
um profissional formado no SUS, de acordo com as nossas necessidades, né!
Necessidades sentidas pela população”.
Para Ceccim e Feuerwerker (2004) as instituições formadoras devem prover
os meios adequados à formação de profissionais necessários ao desenvolvimento
do SUS e a sua melhor consecução, permeáveis o suficiente ao controle da
sociedade no setor, para que expressem qualidade e relevância social coerentes
com os valores de implementação da reforma sanitária brasileira.
O esgotamento do modelo tradicional de ensino superior requer mudanças
que considerem a articulação entre as políticas de educação e de saúde. É
necessário promover formação de profissionais vinculados ao SUS a partir de uma
interação efetiva entre a formação dos profissionais, os serviços de saúde e as
comunidades. Porém, infelizmente, a Odontologia, muitas vezes, tem ficado à
margem das transformações que ocorrem nesse intento (ARAÚJO, 2006).
Algumas falas apresentam aspectos relacionados ao despertar para a
cidadania e, também, a certa postura altruísta experenciadas no Pró/PET Saúde III.
Desta forma, a fala do participante 4 apresenta que “[...]porque você vê a
necessidade das pessoas, porque você sabe que com conhecimento, você pode sim
mudar aquela realidade”. A fala do participante 6, também apresenta tal
posicionamento:
Com certeza, eu saí do PET percebendo que a gente tem um
compromisso com a sociedade, nós não somos... não é apenas
comércio, a gente tem compromisso com a sociedade, as pessoas
precisam da gente, a comunidade é carente, eu saí daqui pensando
nisso, eu quero ajudar as pessoas, eu não quero apenas ganhar
dinheiro, entendeu?

22

Posicionamentos altruísticos podem estar associados a outras características,
durante a própria formação, por exemplo, a experiência proporcionada pelo Pró/PET
Saúde III pode despertar o interesse pelo trabalho no serviço público. A fala do
participante 3 exemplifica bem essa questão quando explicita que: “[...]entrei na
faculdade querendo correr do serviço público e aí depois que eu tive a realidade, a
experiência do PET, aí já penso em trabalhar no PSF... se dedicar ao próximo,
ajudar”.
Outro aspecto que surgiu com força no GF foi a questão do perfil generalista
na formação. A fala do participante 5 ilustra esta questão:
[...] o dentista deve ter uma formação mais generalista, não só se
restringir a área da Odontologia, pelo menos no PET o que eu
percebi é que você não fica só no seu quadrado, você não é apenas
um dentista você é um profissional de saúde.

O depoimento do participante 6 também apresenta a importância da formação
generalista para o futuro profissional: “[...]Teria no caso que sair mais completo, tirar
realmente essa visão da boca. Ser mais completo em relação as outras áreas, deve
ser mais completo também com relação a humanização”.
Percebe-se que a discussão da “Humanização” encontra-se reduzida a
atitudes humanistas, altruístas, associadas aos valores do humano e não
necessariamente ao utilizado na Política Nacional de Humanização (P.N.H.)
Na P.N.H., o termo “Humanização” é entendido como política transversal,
como conjunto de princípios e diretrizes que se traduzem em ações nos diversos
serviços, nas práticas de saúde e nas instâncias do sistema, caracterizando uma
construção coletiva, objetivando mudanças nas práticas do trabalho e da gestão em
saúde (BRASIL, 2004).
A fala do participante 9 faz uma associação entre as DCNOs e a formação
generalista do cirurgião-dentista:
[...] só chamando a atenção e considerando as diretrizes curriculares
postas, e para serem cumpridas, ela tem como objetivo ou um dos
objetivos, é a formação do cirurgião dentista, generalista, crítico,
reflexivo... e aí eu concordo com muito do que já foi falado, colocado
aqui, acho que os meninos estão bem encaminhados, né!

As falas dos participantes 5, 6, 9 estão de acordo com o Perfil do egresso
proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Odontologia, editadas

23

através da resolução CNE/CES 3 de 19/02/2002, que afirma em seu artigo 3º a
formação de:
Cirurgião dentista com formação generalista, humanista, crítica e
reflexiva, para atuar em todos os níveis de atenção à saúde com
base no rigor técnico e científico. Capacitado ao exercício de
atividades referentes à saúde bucal da população, pautado em
princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social,
cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a
transformação da realidade em benefício da sociedade. (CONSELHO
NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2002).

Foi observado que o grupo, ao descrever o perfil formativo para o odontólogo,
além de descrever qualidades semelhantes ao que está exposto nas DCNOs,
apresentou conhecimento do que estas diretrizes propõem.
Embora ao longo do diálogo o grupo tenha expressado um maior alinhamento
com a formação Generalista do cirurgião-dentista, seus sentidos são polissêmicos.
Por exemplo, a fala do participante 3, em relação à preocupação da formação
voltada apenas para a área técnica da Odontologia, ao expressar que “[...]acredito
que ele deve sair da faculdade, não assim, sabendo tudo de tudo, mas pelo menos
tendo uma boa base da maioria das áreas da Odontologia”.
O ensino e a prática da Odontologia passaram por diversas fases de
desenvolvimento ao longo dos anos. Receberam gradativamente influência dos
modelos flexneriano e do giesiano, os quais trazem como referência elementos
ideológicos marcantes: o mecanicismo, o biologicismo, a especialização precoce, a
tecnificação do ato odontológico, a exclusão de práticas alternativas, a ênfase na
Odontologia Curativa e a assistência individual (MOYSES et al., 2003).
Lazzarin, Nakama e Cordoni Júnior (2007), consideram excessivamente
técnica a formação dos cursos de graduação em Odontologia, em detrimento à
formação humanística, e acrescentam que a transformação do processo de
educação de cirurgiões dentistas além de necessária, é complexa e dinâmica,
envolvendo mudanças nas concepções de saúde e educação e em suas práticas.
As propostas de inovação do ensino da área da saúde, principalmente na
América Latina, tinham como interlocutor privilegiado o modelo flexneriano. Os
aspectos considerados indesejáveis desse modelo destacavam como suas
características: hospitalocentrismo, desvinculação da realidade, fragmentação,
centralização na doença, alto custo, entre outros. Isto já vinha sendo discutido nos

24

Estados Unidos. O modelo, assim como as experiências visando à sua superação
foram quase que simultaneamente importados para a América Latina (QUEIROZ,
2006).
De acordo com Morita e Krieger (2003), para trabalhar no SUS com qualidade
e atender as necessidades da população, é necessário ser um profissional
generalista, tecnicamente competente e com sensibilidade social. As Diretrizes,
portanto, valorizam além da excelência técnica a relevância social das ações de
saúde e do próprio ensino. Sem dúvida isso implica na formação de profissionais
capazes de prestar atenção integral humanizada, trabalhar em equipe e
compreender melhor a realidade em que vive a população.
Mas, os participantes do GF afirmam que encontram em seu dia-a-dia de
trabalho outros posicionamentos e falas na direção contrária ao Perfil Generalista:
“[...]vi muita gente também superrevoltado dizer: ah eu não vi nenhum dente, ah num
tô no consultório, eu tô fazendo o que aqui no PET, com uma visão muito
deslocada”.
b) Outros Profissionais / Interdisciplinaridade / Multidisciplinaridade
Neste conjunto de sentidos abordamos as falas do grupo referentes às
experiências irdisciplinares vivenciadas no Pró/PET Saúde III e sua importância na
formação do Perfil em Odontologia.
O objetivo Geral do Pró/PET Saúde III é promover mudanças nos processos
de geração do conhecimento, de ensino-aprendizagem e reorientação da formação
profissional para atuação crítica e interdisciplinar, assegurando abordagem integral
do processo saúde-doença. O projeto ocorre sob supervisão multiprofissional e
orientado para a Atenção Primária em Saúde e a Estratégia de Saúde da Família.
Peduzzi et al. (2013) afirmam que no Brasil a formação em saúde é sobretudo
uniprofissional, e que as iniciativas de Educação Interprofissional, ainda são tímidas
e referidas majoritariamente a ações multiprofissionais na graduação e pósgraduação lato sensu e, mais recentemente, a atividades optativas como o PETSaúde.
Para os participantes da pesquisa é importante e relevante a formação
interdisciplinar e multiprofissional para a construção do perfil desejado. Como
exemplo o que diz o participante 7:

25

Eu acho que, para mim, um bom perfil formativo é o profissional
saber trabalhar a interdisciplinaridade, trabalhar com as outras áreas,
trabalhar ter essa visão de integralidade do paciente, e que
realmente não é só a boca, que ele é um todo, é um ser humano, e
que você precisa é conhecer e saber interagir com as outras
profissões.

Já Spink (2004) discute a integração dos diversos profissionais da área da
saúde

como

estratégia

de

superação

da

fragmentação

resultante

da

compartimentalização do conhecimento em disciplinas estanques. A autora
apresenta que, do ponto de vista afetivo, a superação da fragmentação está na
aceitação/incorporação da alteridade e no enfrentamento das barreiras de contato
erigidas nos encontros com os diferentes. Compreensão que exige de nós todos
uma abertura para a escuta do desejo, dos medos, da insegurança que o diferente
suscita em nós mesmos.
O grupo aponta a vivência no Pró/PET Saúde III como um despertar para o
olhar interdiscplinar. O participante 7, nesse ínterim, diz que “[...]a principal
mudança, foi até essa questão do relacionamento, da ampliação do relacionamento”.
Outro participante, o participante 8 corrobora com essa linha de pensamento ao
afirmar que “[...]quando começou a trabalhar essa multi, essa interdisciplinaridade,
até a minha cabeça mudou”.
A convivência entre profissionais e estudantes de cursos diferentes foi
descrita como positiva pelo grupo, o participante 7 apresenta que:
[...]a principal mudança foi até essa questão do relacionamento,
ampliação do relacionamento, porque até nós profissionais mesmo, é
ficávamos... a gente recebia só aluno de Odontologia.Não
recebíamos alunos de outras áreas e ficava mais ali, com estagiário
de Odontologia, na escola, e assim para a gente foi uma grande
mudança.

É importante destacar, portanto, que os sentidos para interdisciplinaridade /
multidisciplinaridade apresentam-se orientados para as atitudes dos profissionais:
saber trabalhar em equipe e focada na convivência com os diferentes. Desta forma,
é

fundamental

aprofundar

interdisciplinaridade.

Tal

dispositivos

processo

é

para

ampliar

fundamental

e

complexificar

quando

se

a

articula

interdisciplinaridade / multidisciplinaridade com a Política Nacional de Humanização,
orientadas para as formas de organização das práticas profissionais na rede e dos
modelos de gestão em saúde..

26

c) Aprendizagem / Estudo / Atualização
Neste terceiro conjunto de sentidos foram organizadas as falas pertinentes
aos processos de aprendizagens do grupo, que foram importantes para a
constituição do perfil formativo profissional.
A fala do participante 1 destaca a importância da formação para a Educação
Permanente em Saúde como um aspecto inerente ao perfil de um bom profissional:
[...] assim, não sair pronto, mas sair pronto para aprender coisas
novas... a gente tem que saber que a gente não está pronto, que a
gente vai aprendendo ao longo do tempo, que a universidade deveria
preparar o aluno para isso, para aprender a aprender.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Saúde e Odontologia apresentam
como um dos objetivos, levar os alunos dos cursos de graduação em saúde a
aprender a aprender.
O pensamento de que somos seres inacabados e necessitamos de estar
aprendendo continuamente, também consta no relatório para a UNESCO da
Comissão Internacional de Saúde coordenada por Delors. Nesta proposta, para dar
resposta às múltiplas missões, a educação deve organizar-se em torno de quatro
aprendizagens essenciais: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver
juntos e aprender a ser. Estes serão os pilares do conhecimento no decorrer de toda
a vida para cada indivíduo (DELORS, 1999).
O participante 2 afirma haver contradição entre o ensejo à formação crítica
destacada nas Diretrizes Curriculares Nacionais e a formação acadêmica, ao afirmar
que,
[...]teoricamente era pra gente sair da faculdade e sermos críticos, a
faculdade não é para formar porque nenhum dos professores
passam pra gente ser isso... esse senso crítico não é.

No Projeto Pedagógico do Curso de Odontologia (UNIVERSIDADE FEDERAL
DE ALAGOAS, 2007) em questão, o perfil desejado é fundamentado nas Diretrizes
Curriculares Nacionais e apresenta como um dos elementos a formação crítica do
aluno:
O profissional a ser formado pelo curso de Odontologia da
(nome da instituição) será um cirurgião dentista,
generalista, humanista, com visão crítica e reflexiva para
atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base

27

no rigor técnico e científico. Capacitado ao exercício de
atividades referentes à saúde bucal da população,
pautado em princípios éticos, legais e na compreensão
da realidade social, cultural e econômica do seu meio,
dirigindo sua atuação para a transformação da realidade,
em benefício da Sociedade.

Ainda no PPC do Curso de Odontologia é apresentado um segundo texto
sobre o Perfil do Egresso:
O Profissional a ser formado pelo curso de Odontologia (nome da
instituição) será um cirurgião-dentista, com formação clínica geral,
capacitado a exercer a profissão nos níveis de atendimento
primários, secundários e terciários, de acordo com a realidade
detectada através de um sistema hierarquizado de referência e
sintonizado com o Sistema de Saúde, dentro de uma visão social.
Para tanto, terá uma sólida formação biológica, social-preventiva, e
técnico científica que o capacite a desenvolver ações para o
diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças buco-dentárias,
prevalentes na região, promovendo a saúde bucal do indivíduo e no
contexto coletivo. Este profissional terá habilidades e atitudes para
compreensão e solução dos problemas de saúde bucal, bem como
sensibilidade para resistir às práticas mutiladoras, devendo ainda
integralizar-se com os demais competentes profissionais do sistema
de saúde vigente no país. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE
ALAGOAS, 2007)

O grupo destaca a importância da participação no Pró/PET-Saúde III para a
qualificação na formação. E também para justificar o por que das práticas na rede de
saúde estar como estão. Ilustrando este pensamento podemos citar a fala do
participante 9 o qual afirma que “[...]vocês são uns privilegiados por estarem tendo
esta formação hoje, porque nenhum de nós aqui tivemos... os preceptores”. Outra
fala desta vez do participante 7 reafirma a importância da participação no projeto
para a formação para o SUS, ao apresentar que “[...]é uma experiência que não se
aprende nos bancos da Universidade”. A valorização da prática em detrimento aos
aspectos “teóricos” centrados na academia é discurso recorrente. Percebe-se,
assim, certo posicionamento que fragmenta a teoria e a prática. Distancia-se,
portanto, da estratégia de integração entre ensino e serviço.
Além das oportunidades de aprendizado vivenciadas pelo grupo, o PET é
colocado como um fator motivador para a inserção em programas de pós-graduação
por parte dos preceptores. A esse respeito o participante 9 diz:
[...]outra questão também que me deixou muito feliz, foi em relação
aos preceptores, né, o interesse deles em se qualificar, hoje nós

28

temos preceptores que estão fazendo mestrado, né... então esse
interesse, essa vontade, então o profissional tá lá na ponta, “ah tá lá
se acomodou como profissional” como muita gente até fala, “ah já se
acomodou”, eu acho que tenha sido um estímulo, uma renovação,
uma oxigenação para estes preceptores.

A fala do participante 8 também coloca a participação no Pró/PET-Saúde III
como importante para a qualificação profissional ao apresentar que é “[...]muito
importante, dá até vontade de tentar o mestrado”. No caso dos três preceptores
participantes do grupo focal, um já havia concluído um curso de mestrado, outro
estava cursando e o outro pretendendo participar da próxima seleção.
O PET é visto como um estímulo para a mudança pelo grupo.Compactuando
com esta linha de pensamento a fala do participante 9 apresenta:
Eu vou falar o seguinte: eu, quando eu entrei aqui em 2008, foi 2008,
como professora efetiva, eu vim cheia de vontade, cheia de querer
mudar, Meu Deus! Querer inserir esses alunos naprática, enfim, fazer
alguma coisa... o PET, o Pró/PET-Saúde III ele veio como um
estímulo, uma oxigenação para que eu ainda alimentasse as coisas
que eu acredito, certo!

O PET-Saúde busca incentivar a interação ativa dos estudantes e docentes
dos cursos de graduação em saúde com os profissionais dos serviços e com a
população. Ou seja, induzir que a escola integre, durante todo o processo de ensinoaprendizagem, a orientação teórica com as práticas de atenção nos serviços
públicos de saúde, em sintonia com as reais necessidades dos usuários do SUS
(BRASIL, 2008). O participante 7 afirma que o PET é “[...]uma reorientação... e veio
mudar nossa prática”.
Desta forma observamos que um dos objetivos do PET, Pró/PET-Saúde III é
provocar mudanças na formação em saúde, induzi-las e as falas do grupo
demonstram que este objetivo é alcançado na execução prática do projeto. As
mudanças na formação parecem estar diretamente relacionadas às mudanças nas
preceptorias, principalmente. Neste sentido, o Pró/PET-Saúde III parece atingir
alguns de seus objetivos. Entretanto, novamente, percebemos as mudanças ainda
depositadas no corpo individual de cada participante, esvaziando assim as
estratégias coletivas e o âmbito político da discussão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

29

Observamos que durante a realização do grupo focal os participantes (tutor e
preceptores) do Pró/PET-Saúde III que experenciaram também participação em
Programas de reorientação da formação anteriores (PET Saúde I e PET Saúde II),
reconheceram uma história de aprendizagens nos programas, muitas vezes voltando
às experiências passadas nesses projetos para explicar questões atuais, ou seja,
estes participantes vêem os programas como um todo, não percebendo rupturas de
um projeto para o outro, mas avanços.
Foi também observado que apesar do grupo focal ter tido caráter heterogêneo
colocando no mesmo patamar tutor, preceptores e estudantes, isto, pareceu não
afetar o próprio grupo, uma vez que todos os participantes expressaram livremente
suas opiniões durante a discussão.
O perfil formativo do Odontólogo dialogado no grupo contempla parcialmente
uma formação generalista, humanista, cidadã, sanitarista, voltada para o SUS, para
a

atenção

primária

e

a

gestão,

com

vistas

à

Interdisciplinaridade,

multiprofissionalidade e que estimule o aprender a aprender.
Muitos dos aspectos colocados pelo grupo para o perfil formativo de
odontólogo almejado atualmente, estão presentes nas DCNOs e na Constituição
Federal de 1988.
No primeiro conjunto de sentidos Formação para o SUS (Generalistas /
Especialistas) foi percebido que o tópico é polissêmico. Ora formação generalista
tem a ver com “saber um pouco de tudo”, ora tem a ver com o debate em torno da
Política Nacional de Humanização. Em alguns momentos, o grupo reconhece que
predomina cultura tecnicista e flexneriana na prática profissional.
No grupo, há preocupações em relação às necessidades de saúde da
população e às transformações na formação e nas práticas relativas ao SUS.
Entretanto, tais preocupações esbarram em posicionamentos ainda caritativos e
altruístas em alguns momentos, reduzindo a complexidade do conceito de
Humanização.
Além destas, questões, foram destaque no diálogo com o grupo: a
importância da formação para o SUS voltada para a gestão (para que os futuros
profissionais possam interferir no Sistema de saúde), a compreensão do SUS como
ordenador da formação, o despertar para a Atenção Primária e promoção de Saúde,
o entendimento do funcionamento das Unidades básicas de saúde, Estratégia de

30

Saúde da família e dos níveis de atenção do SUS além de contribuir para despertar
o interesse para o trabalho no serviço público.
No segundo conjunto de sentidos, Outros profissionais / Interdisciplinaridade /
Multidisciplinaridade,

o

grupo

apresenta

a

formação

interdisciplinar

e

multiprofissional como elemento de destaque para a formação de um bom perfil
formativo na Odontologia. Os efeitos do Pró/PET-Saúde III neste conjunto de
sentidos dizem respeito às experiências positivas vivenciadas decorrentes da
ampliação do relacionamento, do encontro entre alunos, tutores e preceptores de
diferentes cursos como, também, da articulação destes com os outros profissionais
dos serviços e com a população assistida.
O interdisciplinar, portanto, é percebido como atitudes e boa convivência entre
os profissionais e, desta forma, promoverá modificações nas práticas e na formação
profissional. Fica claro a necessidade de produção de dispositivos para ampliar tais
sentidos no trabalho com os profissionais da rede. A esfera de atuação individual
certamente não dará conta do volume e complexidade do trabalho envolvido. É
necessário ampliar o debate sobre interdisciplinaridade para as esferas coletivas e
políticas da rede e da formação.
A polissemia também está presente no terceiro conjunto de sentidos
Aprendizagem / Estudo / Atualização. O grupo considera que para a constituição de
um bom perfil formativo é imprescindível que o profissional esteja pronto para
aprender a aprender. Por um lado, o universo da prática é o grande momento de
riqueza para as mudanças na formação (os alunos são “privilegiados” por
participarem do Pró/PET-Saúde, pois aprendem o que não se aprende nos bancos
universitários). Por outro lado, as atualizações na academia ampliando o diálogo e
as possibilidades de participação em cursos de pós-graduação é o grande desejo
produzido na participação do Programa (o interesse dos preceptores em retornar
aos estudos através da inserção em programas de pós graduação como o mestrado
profissional).
Este terceiro conjunto de sentidos reafirma a questão anteriormente
identificada: as mudanças ainda depositadas no corpo individual de cada
participante, esvaziando assim as estratégias coletivas e o âmbito político da
discussão. Percebemos avanços nesta política quando do oferecimento de cursos
de pós graduação e programas de atualizações.

31

Diante de tudo que foi exposto concluímos desta forma que o Pró/PET Saúde
III contribui na prática para efetivação de um Perfil Formativo em Odontologia
condizente com as propostas do SUS, das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Odontologia e da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Mas é
necessário avançar nas discussões políticas e coletivas destas propostas, retirando
o peso individual depositado em cada trabalhador ou estudante para que
modifiquem de forma quase solitária, suas práticas e formação profissional.
A participação em programas para reorientação da formação surge então,
como uma das alternativas para diminuir o descompasso existente entre o desejado
e o que existe no contexto formador em Odontologia, embora tenha alcance restrito
a um pequeno grupo, sua formatação pode servir como ponto de partida para
auxiliar na discussão quando da implementação de mudanças nas propostas
pedagógicas curriculares de cursos de graduação em Odontologia.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, M. E. de. Palavras e silêncio na educação superior em odontologia.
Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.11, n.1, p. 179-82, 2006. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v11n1/29462.pdf. Acesso em: 11 fev. 2014.
BRASIL. [Constituição 1988]. Constituição da República Federativa do Brasil:
promulgada em outubro de 19885 de. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4.
ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 6, de 3 de abril de 2012. Homologa o
resultado do processo de seleção das Propostas de Instituições de Educação
Superior (IES) em conjunto com Secretarias Municipais ou Estaduais de Saúde que
se candidataram para participação no Programa Nacional de Reorientação da
Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) articulado ao Programa de Educação
pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) e dispõe sobre o prazo para adequação
das Propostas e apresentação de documentos. Diário Oficial [da] Republica
Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 46, 4 abr. 2012. Disponível em:
<http://www.prosaude.org/noticias/2012-homologacao/portaria6_2012homologacaoresultadopro_pet_saude.pdf . Acesso em: 10 fev. 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta n. 9, de 24 de junho de 2013.
Homologa o resultado do processo de seleção dos Projetos que se candidataram ao
Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde PET/ Redes de Atenção
2013/2015. Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, n.
120, 25 jun. 2013. Disponível em:
<ftp://ftp.saude.sp.gov.br/ftpsessp/bibliote/informe_eletronico/2013/iels.jun.13/Iels118
/U_PT-CJ-MS-SGTES-SAS-9_240613.pdf>. Acesso em: 9 fev. 2014.

32

BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria n. 1.996 / GM / MS, de 20 agosto 2007.
Dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação
Permanente e descentraliza por meio de Colegiados de Gestão regional, com a
participação das comissões permanentes de Integração–Ensino–Serviço (CIES).
Brasília, 2007a.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Interministerial n. 3.019, de 26 novembro
de 2007. Dispõe sobre o Programa Nacional de Reorientação da Formação
Profissional em Saúde – Pró-Saúde – para os cursos de graduação da área da
saúde. Brasília, DF, 2007b.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria interministerial n. 422, de 3 de março de
2010. Estabelece orientações e diretrizes técnico-administrativas para a execução
do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde-PET Saúde, instituída no
âmbito do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação. Diário Oficial [da]
Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 43, 5 mar. 2010b. Disponível em:
http://www.prosaude.org/noticias/petMar2010/PortariaInterministerialDiretrizesPET42
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35

3 RELATÓRIO DO PRODUTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS –UFAL
FAMED –FACULDADE DE MEDICINA
MESTRADO EM ENSINO NA SAÚDE

Cláudia Patrícia de Lima Freire
Professor Doutor Jefferson de Souza Bernardes

Maceió
2014

36

Cláudia Patrícia de Lima Freire
Professor Doutor Jefferson de Souza Bernardes

Pró/PET Saúde III e o Perfil Formativo do Odontológo

Relatório técnico apresentado como produto do Mestrado Profissional em Ensino na
Saúde.

Maceió
2014

37

RESUMO

Este produto faz parte do processo de integralização do curso de Mestrado
Profissional em Ensino na Saúde da Universidade Federal de Alagoas. Configura-se
como um relatório apresentando as questões da formação em Odontologia no
âmbito do Programa Nacional de Reorientação da Formação em Saúde
conjuntamente ao Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Pró/PETSaúde III), tendo como objetivo geral contribuir com os processos de reforma
curricular na graduação em Odontologia, ao apresentar os resultados da pesquisa
originária da dissertação que o acompanha . A pesquisa pró/PET Saúde III e o Perfil
formativo do Odontólogo teve cunho qualitativo e ocorreu em duas etapas: na
primeira, foi realizada a leitura para contextualização das Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Saúde e Odontologia, Política Nacional de Educação Permanente
em Saúde, Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Odontologia da UFAL e
projetos e relatórios do Pró/PET-Saúde III; na segunda etapa, foi realizado o grupo
focal com tutor, preceptores e estudantes de Odontologia participantes do Pró/PETSaúde III Campus UFAL- Maceió. A pesquisa como um todo resultou na produção
de nove categorias, porém para este relatório foi selecionada para análise a
categoria “Academia” e os seus quatro conjuntos de sentidos:” Proposta Pedagógica
Curricular/Mudanças”,” Formação para o SUS”,” Generalistas/Especialistas” e
“Outros profissionais/Interdisciplinaridade/Multidisciplinaridade”. Utilizamos como
referencial analítico, uma aproximação das práticas discursivas e Produção de
sentidos(SPINK,1999). O relatório apresenta a discussão quanto à formação
acadêmica no curso, no tocante aos quatro conjuntos de sentidos supra citados,
como também aponta sugestões que poderão subsidiar discussões com relação a
perspectivas de mudanças no Projeto Político Pedagógica do curso em questão.
Palavras-Chave: Educação em Odontologia. Odontologia. Integração Ensinoserviço. Odontologia em Saúde Pública. Recursos humanos em
Odontologia.

38

ABSTRACT

This product is part of the process of coursing the Professional Master in Educational
Health of the Federal University of Alagoas. Configured as a report presenting the
issues of the formation in Odontology in the National Program of Formation
Reorientation in Health together with the Labor Education Program for Health
(Pró/PET-Saúde III) with the overall objective to contribute to the curriculum reform
processes in the Undergraduation in Odontology, to present the results original
research of the essay that accompanies it. The Pró/PET Saúde III research and the
Odontologist's Formation Profile had qualitative nature and occurred in two stages:
first of all,it was read to contextualize of the National Curriculum Guidelines for Health
and Odontology, National Policy of Permanent Education in Health, Educational
Course Proposal of Odontology Course of UFAL, and projects and reports from
Pró/PET-Saúde III. In the second stage, the focal group was conducted with a tutor,
preceptors and Odontology students participants of the Pró/PET-Saúde III from the
UFAL Campus in Maceió. The research as a whole resulted in the production of nine
categories, although for this report, the "Academy" category was selected for analysis
and its four sets of meanings: "Pedagogical Curriculum/Change Proposal",
"Formation for the SUS", "Generalists/Experts" and "Other professionals /
Interdisciplinary / Multidisciplinary". We use as an analytical reference, an
approximation of the discursive practices and Production of meanings (SPINK,
1999). The report presents a discussion about the academic formation of the course,
with regard to four sets of meanings mentioned above, which also indicates
suggestions to support discussions regarding the prospects for changes in the
Pedagogical Political Project of the course in question.
Keywords: Education in Odontology. Odontology. Education-Service Integration.
Odontology in Public Health. Human Resources in Odontology.

39

LISTA DE SIGLAS

DCNS -

-Diretrizes Curriculares Nacionais para a Saúde

DCNO

- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Odontologia

DOU

- Diário Oficial da União

ESF

- Estratégia de Saúde da Família

FOUFAL

- Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Alagoas

GF

- Grupo Focal

IDA

- Integração Docente Assistencial

IESC

- Integração Ensino-Serviço-Comunidade

IETC

- Integração Ensino-Trabalho-Cidadania

PET-Saúde

- Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde

PNEPS

- Política Nacional de Educação Permanente em Saúde

PPC

- Projeto Pedagógico do Curso

Pró/PET-Saúde - Programa Nacional de Reorientação da Formação em Saúde
conjuntamente ao Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde.
Pró-Saúde

- Programa Nacional de Reorientação da Formação em Saúde

RH

- Recursos Humanos

SGTES

- Secretaria Geral do Trabalho e da Educação em Saúde

SUS

- Sistema Único de Saúde

TCLE

- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFAL

- Universidade Federal de Alagoas

40

SUMÁRIO

1

iNTRODUÇÃO......................................................................................................

2

MÉTODO............................................................................................................. 43

3

RESULTADOS.................................................................................................... 45

3.1 Proposta Pedagógica Curricular/Mudanças................................................... 45
3.2 Formação para o SUS........................................................................................51
3.3 Generalistas/Especialista..................................................................................54
3.4 Outros Profissionais/Interdisciplinares/Multidisciplinares........................... 58
4

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................................. 62
REFERÊNCIAS................................................................................................... 66

41

1

INTRODUÇÃO
O curso de Odontologia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) iniciou

suas atividades em 1961 tendo sido criado a partir da junção de duas Faculdades: a
Faculdade de Odontologia de Maceió e a Faculdade de Odontologia de Alagoas.
Nestes 53 anos de existência passou por algumas mudanças em sua
Proposta Pedagógica Curricular, sendo a última iniciada em 2004 e concluída em
2007 a qual se constituiu em uma tentativa de se adequar às Novas Diretrizes
Curriculares Nacionais não só editadas para a Odontologia como também para os
outros cursos da área da Saúde, as quais propõem mudanças na formação dos
futuros profissionais da área.
Segundo Brasil (2002), apesar das reformas curriculares que ocorreram, a
formação odontológica tradicional, organizada segundo disciplinas/departamentos,
ciclos básicos e clínicos, utilização de prática unicamente com aplicação da teoria
precedente, tem se mostrado incapaz de produzir mudanças efetivas na educação
odontológica.
Atualmente, O curso de Odontologia da UFAL oferece 80 vagas anuais, com
uma carga horária total de 4420 horas. Sua duração é em média de 5 a 8 anos,
seguindo a modalidade presencial durante o turno diurno. O curso está dividido em
períodos semestrais, sendo que o aluno deverá cursar no mínimo 10 e, no máximo,
16 períodos. A carga horária mínima é de 300 horas por período e máxima de 620h.
Para atividades complementares o aluno deve preencher o mínimo de 200h durante
o curso. O título ofertado pelo curso é o de bacharel em Odontologia.
Desde 2013, o Curso de Odontologia da UFAL passa por um novo processo
de discussão, em seu Núcleo Docente Estruturante, para mudanças na Proposta
Pedagógica Curricular.Omomento seria propício para apresentar sugestões como
elementos para discussão visando melhorias no Curso de acordo com as propostas
que foram apontadas pela dissertação que acompanha este produto.
Como cirurgiã-dentista, ex-aluna do Curso de Odontologia da UFAL e
atualmente preceptora de alunos da área da saúde e Odontologia, gostaria de
prestar uma contribuição ao Curso no qual me formei e também à sociedade,
auxiliando através dos resultados e propostas da pesquisa na formação das novas
gerações de cirurgiões dentistas.

42

O objetivo geral do presente produto é desenvolver um relatório do processo
da pesquisa Pró/PET Saúde III e o perfil formativo do Odontólogo a ser trabalhado
com o Núcleo Docente Estruturante do Curso de Odontologia da UFAL
apresentando uma discussão sobre a formação acadêmica no curso, como também
apontando sugestões que poderão fornecer subsídios para a atual discussão de
reformulação da PPC que ocorre no curso.
O público alvo deste produto compreende os membros do Núcleo Docente
Estruturante do Curso de Odontologia da UFAL diretamente e indiretamente aos
futuros Profissionais a serem formados pela Faculdade de Odontologia da
Universidade Federal de Alagoas caso algumas sugestões de mudanças apontadas
pela pesquisa sejam contempladas na nova Proposta Pedagógica Curricular do
Curso.

43

2

MÉTODO
A pesquisa realizada foi de cunho qualitativo-exploratório, tendo como cenário

o Curso de Odontologia de uma Universidade Pública Federal Nordestina e o Projeto
Pró/PET-Saúde III do mesmo Campus Universitário.
Foi realizado grupo focal constituído por dez participantes, todos do Projeto
Pró/PET-Saúde III nos anos 2012-2013. Os participantes foram representados por
um tutor (Professor do curso de Odontologia da Universidade), três preceptores
(cirurgiões-dentistas da Estratégia de Saúde da família do município) e seis
estudantes (Cinco bolsistas e um não bolsista alunos do Curso de Odontologia).
O grupo focal aconteceu no mês de novembro de 2013, em uma sala da
Faculdade de Odontologia e seguiu todos os preceitos éticos recomendados pelo
Comitê de Ética.(Anexo A e Anexo B)
O roteiro para o Grupo Focal foi formulado baseando-se na temática da
Educação Permanente em Saúde, Pró/PET Saúde III e na Formação em
Odontologia(Apêndice B)
Após a transcrição das falas dos sujeitos, foram criadas nove categorias de
análise, das quais, sete foram formuladas a priori tomando por base o roteiro do
grupo, a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde e, principalmente, os
objetivos da pesquisa esão elas:"Perfil formativo"; "Política Nacional de Educação
Permanente em Saúde"; "Estratégias de ruptura contra a solidão e o isolamento";
"Identificação de trabalho em equipe"; "Construção de espaços e momentos
cotidianos de aprendizagem

e dialogia"; "Mecanismos desenvolvidos para

possibilitar o aprender a aprender"; "Espaços e mecanismos de valorização dos
conhecimentos e culturas locais por meio da participação social". Duas outras
categorias foram produzidas a posteriori: "Academia" e "Serviços"(Apêndice C)
As falas dos sujeitos foram categorizadas para análise. Utilizamos como
referencial analítico, uma aproximação das Práticas Discursivas e Produção de
Sentidos (SPINK, 1999). Aproximação, pois utilizamos os Mapas Dialógicos e a
produção de conjuntos de sentidos a partir das categorias. O conceito de Práticas
discursivas remete, por sua vez, aos momentos de ressignificações, de rupturas, de
produção de sentidos, ou seja, corresponde aos momentos ativos do uso da
linguagem, nos quais convivem tanto a ordem como a diversidade.Podemos definir,
assim, práticas discursivas como linguagem em ação, isto é, as maneiras a partir

44

das quais as pessoas produzem sentidos e se posicionam em relações sociais
cotidianas (SPINK, 1999 p.45).
O primeiro passo foi a organização das falas do GF, por meio de uma
estratégia de visualização das mesmas: o Mapa Dialógico (SPINK, 1999).
Após a construção dos Mapas dialógicos(Apêndice D) a partir das categorias
produzidas, foram realizadas a identificação dos conjuntos de sentidos. A análise a
seguir estabelece a discussão a partir da categoria Academia e seus conjuntos de
sentidos que foram: Proposta Pedagógica Curricular(PPC )/Mudanças,Formação
para

o

SUS,

Generalistas

e

Especialistas

e

Outros

Profissionais/Interdisciplinaridade/Multidisciplinaridade. Para Spink (1999), o sentido
é uma construção social um empreendimento coletivo, mais precisamente interativo,
por meio do qual as pessoas – na dinâmica das relações sociais historicamente
datadas e culturalmente localizadas – constroem os termos a partir dos quais
compreendem e lidam com as situações e fenômenos à sua volta.

45

3

RESULTADOS-

3.1 Proposta Pedagógica Curricular/ Mudanças
Neste primeiro conjunto de sentidos foram selecionados os diálogos sobre a
proposta político pedagógica do curso estudado e a cultura da Universidade e seu
impacto sobre a formação acadêmica em odontologia.
Durante a discussão do grupo focal aspectos da formação acadêmica do
Curso de Odontologia foram destacados. A fala do participante 9, por exemplo
caracteriza o curso como biologicamente centrado e tradicional, “... a gente enfrenta
uma formação baseada no modelo “Flexneriano”[...] “[...] É aquele modelo tradicional
ainda, né!”
Segundo Carlini (2010), o modelo Flexneriano, teve origem no início do século
XX, em 1910, como resultado da avaliação do ensino médico (currículos) nos
Estados Unidos e Canadá, através de um educador americano chamado Abraham
Flexner. Os cursos segundo este modelo teriam a duração de quatro anos, sendo os
dois primeiros (ciclo básico) realizados em laboratórios e o restante (ciclo clínico)
realizado em hospitais, os quais eram considerados locais de excelência para o
estudo das doenças. Daí surgiu o termo ensino hospitalocêntrico. A visão
mecanicista, biologista, reducionista deste modelo trouxe grande influência tanto no
ensino médico quanto na organização dos serviços de saúde.
A fragmentação é outro aspecto levantado durante a discussão. A
fragmentaçãoé percebida desde a sua proposta pedagógica curricular, vejamos a
esse respeito o que diz a fala do participante 8: “[...] E na Universidade vocês, o que
eu acho é que você ainda tem aquele currículo fragmentado [...]”.
A fragmentação também é sentida em atividades clínicas do curso, quanto a
isso a declaracão do participante 4 coloca que: “[...] tipo, são coisas que nenhuma
clínica faz e na outra não faz, porque mesmo o paciente precisando não é obrigado
a clínica a fazer, então, deixa para lá [...]”. A fala do participante 1 dialoga com essa
questão e apresenta que, “[...] O paciente era só um dente às vezes... ou só
gengiva, é [...]”.De forma direta o participante 7 expõe sua opinião para o grupo e
afirma que, “Ah, então até a clínica aqui é fragmentada!”.Finalizando essa questão a
declaração do participante 8 caracteriza bem a fragmentação existente no curso:

46

O que vocêvêno projeto político pedagógico daqui éque sóépara ter o
estágio exigido no décimo período, então como éque em um único
período vocêvai vivenciar tudo o que vocêaprendeu, ou que
teoricamente vocêviu ou deveria ter aprendido no curso todo? Então
vocênão foi formado para isso, néverdade? Então não dátempo [...]

A discussão também destaca que existe pouca integração prático teórica, a
fala do participante 10 neste ínterim apresenta: “É porque o aluno não vê muita coisa
na prática [...]
O grupo sugere como alternativa mudanças no Projeto Político-Pedagógico
do Curso. A fala do participante 8 é assertiva com relação a essa questão quando
evidencia que,“[...] É necessário que haja uma mudança no currículo né, no projeto
político pedagógico da Universidade [...]”.
De acordo com o documento que trata da Política de Educação e
desenvolvimento para o SUS:
A formação tradicional em saúde, baseada na organização disciplinar
e nas especialidades, conduz ao estudo fragmentado dos problemas
de saúde das pessoas e das sociedades, levando àformação de
especialistas que não conseguem mais lidar com as totalidades ou
com realidades complexas. (BRASIL, 2003)

Outra discussão bastante presente no grupo foi a relação aluno-professor,
observa-se que o “Professor” ocupa lugar central na formação dos futuros
profissionais, sendo para eles aquele que deve dar o exemplo.
A fala do participante 2 exemplifica bem essa questão quando afirma que “...a
gente se espelha muito também nos professores e a realidade que eles passam
para a gente é completamente diferente da realidade lá fora[...]”. O grupo sente a
relação aluno professor de forma verticalizada, hierarquizada onde os estudantes
têm dificuldades em serem ouvidos. O depoimento do participante 2 destaca este
sentimento quando explicita que “[...] o problema é... que aqui o aluno tem que ir à
frente só que aí quando o aluno vai à frente às vezes ele é barrado [...]”. A
dificuldade em serem ouvidos é exposta na fala do participante 4 ao relatar que “...O
problema é os alunos serem ouvidos [...]”. Um certo conformismo por parte dos
docentes também é expresso na fala do participante 2 quando relata que ao serem
questionados a cerca da possibilidade de mudanças da realidade na formação
profissional os mesmos afirmam que “mas minha filha não vai mudar, esqueça [...]”.
Apesar das dificuldades expostas na relação aluno-professor os estudantes
apresentam disposição para o diálogo. A fala do participante 4, corrobora com tal

47

questão quando salienta: “Quando é que a gente vai ter uma conversa desta com os
professores daqui da Universidade?”
Como forma de facilitar a conversa e a integração entre aspectos referentes
ao SUS dentro da Universidade, duas sugestões foram apontadas na discussão. A
primeira explicita que os Professores devem ter experiência no SUS, esta sugestão
é exposta na declaração do participante 1 :“[...] o ideal era que os professores da
Universidade também estivessem inseridos no SUS [...]”. Outra sugestão apontada
pelo Grupo foi que o Professor de Saúde Pública deveria participar de atividades na
clínica, a fala do participante 6 exemplifica esta proposta quando destaca que “Eu
acho que o professor de saúde Pública deveria estar inserido na clínica [...]”.
A fala do participante 1 acrescenta mais elementos àdiscussão:
Na verdade o ideal era que os professores da Universidade também
estivessem inseridos no SUS, para eles poderem passar um pouco
de vivência para vocês, sóque isso não acontece, pelo ou menos,
játer vivenciado o SUS, né? Como eles não são, os professores são
os bons técnicos de antigamente, os bons dentistas.

Estudo realizado por Canalli et al. (2011), numa reflexão sobre práticas
educativas desenvolvidas em cursos de Odontologia brasileiros, em artigos
publicados, apontou para os seguintes aspectos: o ensino de graduação em
Odontologia ainda é desenvolvido de forma tradicional, narrativo e depositário; o
professor é considerado o principal responsável por esse processo; as estratégias
de ensino aprendizagem baseiam-se em exposições orais; a relação aluno professor
é verticalizada, havendo desprezo para com as habilidades humanísticas.
Uma das explicações para o exposto acima foi colocada por Raldi et al.
(2003) ao afirmarem que o critério de seleção e contratação de professores de
Odontologia era ser especialista em seu campo de atuação, e que muitos desses
não tinham conhecimento na área educacional ou pedagógica. Assim, o profissional
com o título de mestre ou doutor estaria legalmente habilitado para o exercício
profissional da docência superior se o curso de mestrado/doutorado em que ele se
formou incluiu as disciplinas didático-pedagógicas de preparação para o magistério,
isto é, os conteúdos programáticos definidos pelo Ministério da Educação. O
profissional com o curso de pós-graduação “lato sensu” de acordo com a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n0 9394/96) também pode exercer o
cargo de docente.

48

Baseado na literatura e nos diálogos produzidos, o ideal para o exercício da
docência em Odontologia, tendo como cerne o preconizado nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Odontologia, é que o profissional deva ter vivência no
SUS e esteja integrado com os demais colegas em atividades da clínica quando
professor de Saúde Pública. Desta forma, talvez caminhemos para um ensino mais
centrado no aluno, com uma abordagem mais atual do processo ensinoaprendizagem que culmine numa relação aluno-professor mais horizontalizada,
diminuindo a possibilidade de perpetuação de uma prática por demais hierárquica
quando da inclusão dos futuros profissionais no mundo do trabalho.
O grupo propõe sugestões de mudança na Proposta Pedagógica Curricular
do curso:
O grupo sugere que ocorram mudanças no curso e na Proposta PolíticoPedagógica. A fala do participante 4 é orientada para mudanças no curso como um
todo ao afirmar que “[...] tem muita coisa para ser mudada aqui na Universidade
mesmo [...]”. O depoimento do participante 7 concorda com as mudanças e o
mesmo expõe

sua opinião ao colocar que “A Universidade precisa sair daqui!

Mudar! [...]”. Mudanças na proposta Político Pedagógica do curso também são
solicitadas durante a discussão e a fala do participante 8 exemplifica esta questão
ao destacar que “[...] É necessário que haja uma mudança no currículo né, no
projeto político pedagógico da Universidade [...]”.
Entretanto, sugerem que essas mudanças sejam discutidas coletivamente
entre todos os atores: estudantes, professores, população e profissionais. A fala do
participante 7 expõe este anseio ao apresentar “[...] e quem é que vai fazer essa
mudança? Não são só os professores, os alunos precisam ser os primeiros a serem
ouvidos, a população precisa ser ouvida [...] todo mundo que vai usar precisa ser
ouvido [...]”
Para haver as modificações necessárias o grupo propõe a necessidade de
mais pessoas, mais professores para trabalharem no fortalecimento e construção
dessas mudanças. O interesse no ingresso de mais docentes é expresso na fala do
participante 9 ao destacar que “A gente precisa de mais pessoas, para trabalhar com
a gente, tentar né, modificar esse...esse pensamento. Que venham mais
professores!”
O grupo coloca várias sugestões para direcionar a formação profissional rumo
ao perfil profissional almejado. A primeira delas seria a importância de levar algumas

49

sugestões de forma escrita, documental para o Núcleo Docente Estruturante do
curso, este intento está evidenciado na fala do participante 9 ao declarar que o
grupo deveria pensar “[...] em algo escrito como proposta para o Núcleo docente
Estruturante(NDE)[...]”. Surge também como idéia a elaboração de protocolo interno
para diminuir as diferenças entre as práticas docentes existentes atualmente na
Faculdade de Odontologia. Com relação a essa questão o depoimento do
participante 7 define que “[...] a Universidade precisa criar um protocolo interno [...]
O grupo sugere que para as mudanças acontecerem experiências próximas
como as que ocorreram nos cursos de Enfermagem e Medicina sejam consideradas,
esta proposição fica evidenciada na fala do participante 9 que destaca que “Tem que
pegar experiências próximas, né!”. A discussão do grupo solicita uma maior
integração da prática e inclusive na disciplina de Saúde pública, com relação a essa
assertiva o participante 4 apresenta:“[...] eu acho assim que a gente deveria ter mais
prática na saúde pública!”
Para que ocorra uma maoir integração com a prática o modelo do PET surge
como uma das alternativas para essa integração, a declaração do participante 6 vem
corroborar com essa questão quando evidencia que “Quando o PET acabasse
deveria criar uma matéria nova, o PET!”.A fala do participante 9 também propõe que
propostas como o PET devam ser implementadas ao destacar que “A gente tem que
estimular mais os projetos de extensão né, como o PET [...]
Ao final, o grupo aponta como outra estratégia para a formação de
profissionais mais humanos e cidadãos a inserção de trabalhos voluntários na grade
curricular. O depoimento do participante 10 compactua com este pensamento ao
expressar que “... é necessário mais trabalhos voluntários.”
O curso de Odontologia da UFAL, por meio do Núcleo Docente Estruturante,
promoveu modificações em sua Proposta Político-Pedagógica em 2007. Alguns
trechos apresentam praticamente uma transcrição do que está exposto nas
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Odontologia. O que observamos é
que, apesar de algumas modificações importantes, como a inserção das disciplinas
de Saúde e Sociedade e Saúde Coletiva, praticamente em todos os períodos do
curso, muitos outros aspectos não foram contemplados como: distanciamento entre
ciclo básico e ciclo profissional; inserção tardia dos alunos em estágio
supervisionado obrigatório no SUS, com ênfase ao ensino tecnicista, voltado para a

50

lógica disciplinar e especializada. Desta forma o curso mantém uma abordagem
tradicional de ensino.
A fala do participante 8 dialoga com tal questão:
[...] e na Universidade, vocês, o que eu acho éque vocêainda tem
aquele currículo fragmentado, vocêvêas disciplinas, mas, não vêas
interrelações delas umas com as outras. Então vcs, que tem a
oportunidade de participar do PET, aícomeçam a ver nas unidades
de
saúde
isso!
Trabalhar
a
interdisciplinaridade
o
multiprofissionalismo, então isso, que eu acho que édiferente da
Universidade, eu acho que não mudou muito da minha época para
hoje, teve atéalgumas mudanças mas não as necessárias.

Atualmente, existe uma nova tentativa de revisão do Projeto PolíticoPedagógico do Curso iniciada em 2013, através do Núcleo Docente Estruturante, na
perspectiva de que outras modificações sejam feitas e favoreçam a implantação de
uma proposta curricular mais articulada e integrada com as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Odontologia.
A fala do participante 9 apresenta esta possibilidade:
Então este éo grande desafio nosso, o que a gente, como éque a
gente vai sensibilizar...a gente estátentando, através da participação
no NDE, é...que eu faço parte, e ...nós fizemos o levantamento de
algumas Universidades do país que játêm em seu currículo, as
disciplinas de Saúde coletiva em todos os anos e que jávem
trabalhando dentro dessa perspectiva... e aíaos poucos a gente vai
tentar conscientizar essas pessoas, porque esse núcleo o objetivo
étentar, levar propostas para mudanças do currículo...então existe
uma esperança que a gente consiga...

Na realidade, existe uma busca de reestruturação curricular em todos os
cursos da área da Saúde desde a implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais
e a Odontologia tenta como os demais cursos se reorganizar.
Diante desta perspectiva a Escola de Saúde Pública do Paraná (2004),
apresenta que embora tenham ocorrido movimentos significativos para uma reflexão
crítica sobre os modelos tradicionais de formação em várias áreas da Saúde,
principalmente na Enfermagem e na Medicina, em relação à Odontologia, existe um
atraso histórico destes movimentos de mudança, exigindo daqui para frente um
esforço redobrado para que possamos integrar a saúde bucal dentro do novo
contexto de ação interdisciplinar e multiprofissional, formando um profissional com
perfil adequado.

51

3.2 Formação para o SUS
Neste segundo conjunto de sentidos foram analisadas as falas do grupo que
versam sobre como é experenciada a formação para o SUS na Universidade, na
proposta do projeto Pró/PET Saúde III e como esta formação contribui para a
construção de um perfil formativo profissional desejado.
O grupo propõe que a Universidade por ser Pública tem responsabilidade
social e legal em formar profissionais para o sistema de saúde vigente no país.
Concordando com esse pensamento a fala do participante 9 apresenta que “Agora
que contra-senso, nós estamos em uma Universidade pública Federal que está
sendo financiada e que a gente tem sim que dar uma retribuição [...]”. A declaração
do participante 7 reforça a relação existente entre a Universidade e sua
responsabilidade social para com o SUS e apresenta que “[...] quem fomenta a
Universidade é o SUS, o SUS, vocês estão estudando no SUS praticamente [...]”.
O grupo acrescenta que, por não terem conhecimento aprofundado e não
trabalharem com o SUS, os professores estão preocupados.Esta afirmativa encontra
respaldo na fala do participante 7 a qual destaca que ”[ ...] hoje a visão é formar pro
SUS, só que os professores não sabem o que é SUS, não conhecem o SUS e não
trabalham com isso, e eles mesmos estão angustiados com isso[...].” Concordando
com este pensamento a declaração do participante 1 afirma que “[...] os próprios
professores não estão preparados para trabalhar o SUS [...]”.
O grupo apresenta que a Academia tem uma cultura em que a formação para
o SUS é para o pobre, para quem não conseguiu uma boa colocação no mercado
privado. Veja-se, a título de ilustração, o que diz o entrevistado 4:
[...] e caso sua formação não seja boa, e caso vocênão se interesse
por isso e por aquilo outro, vocêvai acabar em um postinho de saúde
do interior. Isso éum absurdo! Ninguém quer seguir, assim, com a
Saúde Pública porque acha que não vai ganhar dinheiro, que não vai
ser feliz e que émuito trabalho e que não sei quê[...].

Concordando com este pensamento a fala do participante 9 evidencia um
questionamento bastante presente na academia o qual indaga :“Você quer ser rica
ou você quer ser pobre? [...]”.
As declarações sinalizam que o PET é uma das formas de aprendizado para
o SUS. De acordo com esta proposição a fala do participante 7 apresenta que “[...] o

52

PET acaba complementando a formação do aluno, porque vocês acabam
vivenciando coisas que na faculdade vocês não vão vivenciar [...]
O grupo concorda que os futuros profissionais devem ter boa formação para o
SUS, principalmente para a gestão, pois desta forma podem conseguir modificar o
Sistema de Saúde. Nesta direção a fala do participante 7 afirma que “[...] a formação
é para isso, por isso que vocês tão formando para o SUS [...] Para vocês
conseguirem mudar, mudar o Sistema [...] Por isso que tem que mudar a formação,
porque o gestor ele foi formado [...].”
De acordo com Morita e Krieger (2003), para trabalhar no SUS com qualidade
e atender as necessidades da população, é necessário ser um profissional
generalista, tecnicamente competente e com sensibilidade social. As Diretrizes,
portanto, valorizam além da excelência técnica a relevância social das ações de
saúde e do próprio ensino. Sem dúvida isso implica na formação de profissionais
capazes de prestar atenção integral mais humanizada, trabalhar em equipe e
compreender melhor a realidade em que vive a população.
A declaração do participante 7 destaca a formação para o SUS como um
aspecto constituinte de um bom perfil formativo:
[...] uma questão fundamental éum perfil formativo que se volte
também para a saúde pública, entendeu! Se volte para o SUS , por
que essa éa grande função da Universidade. E se a gente conseguir
que o aluno se forme, além da clínica ele saiba trabalhar no SUS, ele
saiba interagir com as outras disciplinas, trabalhar a
interdisciplinaridade, intersetorialidade e a transdisciplinaridade, eu
acho que a gente vai ter um bom perfil, um bom profissional.

A fala do participante 8 corrobora com este pensamento e apresenta que
”além de ele sair um técnico ele também tem que sair um profissional conhecedor do
paciente, um sanitarista, né!”
A fala do participante 9 aponta que a proposta do PET trabalha em direção à
construção de um Perfil formativo idealizado nas DCNOs:
[...] o PET antes de tudo estámostrando um efeito dentro do que
estas diretrizes elas apontam, ter um profissional formado no SUS,
de acordo com as nossas necessidades, né! Necessidades sentidas
pela população, que éuma população que grande parte necessita
dos serviços do SUS, do atendimento do SUS.

Para Ceccim e Feuerwerker (2004) as instituições formadoras devem prover
os meios adequados à formação de profissionais necessários ao desenvolvimento

53

do SUS e a sua melhor consecução, permeáveis o suficiente ao controle da
sociedade no setor, para que expressem qualidade e relevância social coerentes
com os valores de implementação da reforma sanitária brasileira.
O esgotamento do modelo tradicional de ensino superior requer mudanças
que considerem a articulação entre as políticas de educação e de saúde. É
necessário promover formação de profissionais vinculados ao SUS a partir de uma
interação efetiva entre a formação dos profissionais, os serviços de Saúde e as
comunidades. Porém, infelizmente, a Odontologia, muitas vezes, tem ficado à
margem das transformações que ocorrem nesse intento. (ARAÚJO, 2006).
Além do respaldo da literatura, tanto as Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Odontologia, quanto a Proposta Pedagógica do Curso de Odontologia da UFAL,
evidenciam que a formação do cirurgião-dentista deve contemplar o Sistema de
Saúde vigente no país, o SUS.
Algumas falas orientam-se para a importância das vivências no SUS, por
meio do Pró/PET Saúde III. A declaração do participante 5 dialoga com essa
questão ao propor que a vivência no Pró/PET-Saúde III o auxiliou a: “...ter uma visão
mais voltada para a atenção primária, para a promoção de Saúde”. A fala do
participante 6 propõe que [“...] o importante é a gente acordar para como é
realmente a vida pública [...].”
A fala do participante 1 aponta o SUS como ordenador da formação em saúde
ao afirmar que “[...] e É o SUS formando profissional, né! Está na constituição e tem
que ser feito e é uma pena que só aconteça através do PET [...].” Esta proposição se
encontra na Constituição Federal de 1988: “Compete à gestão do Sistema Único de
Saúde o ordenamento da formação de recursos humanos da área da saúde, bem
como o incremento, na sua área de atuação, do desenvolvimento científico e
tecnológico” (BRASIL, 1988).
Em um segundo momento a fala do participante 1 destaca que apenas o PET
promove a formação para o SUS, porém, é conveniente salientar que apesar de não
haver uma integração ideal entre ensino e serviço na Proposta Pedagógica do Curso
de Odontologia estudado, existem iniciativas isoladas de um ou outro professor em
levar os alunos a experenciarem alguma interação com a prática nos serviços.
Também ocorre o Estágio Supervisionado no último semestre do curso que
possibilita um contato maior com a realidade do SUS, apesar de, na literatura, estas
formas de relação ensino serviço serem descritas como tradicionais.

54

A esse respeito Morita e Kriger (2003) destacam que todos os esforços
prévios de integração do processo de ensino- aprendizagem à rede de serviços
tiveram pouca sustentabilidade, pois sempre dependeram de uma adesão ideológica
de docentes e estudantes. As atividades de ensino- aprendizagem extramurais
sempre dependeram mais da voluntariedade dos professores que a coordenavam,
que do apoio institucional e da participação do quadro docente como um todo. Em
relação à inserção dos alunos nos cenários de prática, os autores concluem que a
interação ativa do aluno com a população e profissionais de saúde deve ocorrer
desde o início do processo de formação, trabalhando com problemas reais,
assumindo responsabilidades crescentes.
Observamos que na vivência proporcionada pelo Pró/PET Saúde III os
participantes sentem o despertar para a atenção primária, para a realidade do SUS.
Nesta linha de pensamento a fala do participante 5 afirma que:
[...] a principal coisa que mudou desde que eu comecei no PET,
éagora ter uma visão mais voltada para atenção primária, para a
promoção de Saúde, eu não pensava muito nisso [...].

A formação para o SUS évivenciada no cotidiano das atividades nas
Unidades Básicas de saúde. A esse respeito o participante 10 afirma:
O PET me ajudou, assim, de entender como funciona o PSF e o
SUS, a secretaria de Saúde como éque ela se comunica, com o
pessoal ládo posto, como éfeita a coleta de dados, e qual o papel de
cada profissional nessa coleta, e como através disto eles conseguem
recursos para a comunidade, para os postos, coisa que faz com que
a gente, futuro profissional, a gente saiba como funciona todo este
sistema.Para saber onde agir. Entendeu?

Com relação à formação para o SUS para estudantes de Odontologia Palmier
et al (2012) esclarecem que os distintos cenários têm um potencial efeito indutor de
transformação para o curso, pois revelam a contradição entre as condições sociais e
os modelos de prática que têm enfoque predominante nos aspectos biológicos.
3.3 Generalistas/Especialistas
Este conjunto de sentidos apresenta o duelo existente entre a formação
Generalista e a voltada para a Especialidade.

55

O grupo propõe que o ensino é direcionado para o biológico, com ênfase nos
procedimentos técnico-clínicos. A fala do participante 3 reafirma esta proposição ao
apresentar que “É o modelo da boca, você tá lá para atender uma boca, e uma meta
para tá cumprindo...”
O enfoque na prática isolada e uniprofissional é outra característica do Curso.
Diante desta afirmativa a fala do participante 5 salienta que “Aqui a gente fica só
restrito a clínica. Parece que é só aquele mundo ali [...].”
Observamos que é da cultura da faculdade de Odontologia direcionar a
formação para a especialidade, com ênfase no mercado privado. A fala do
participante 4 escutada na academia refere que ”[...] Se você é um bom profissional,
você vai ter a sua clínica e vai ganhar muito dinheiro [...]”. Corroborando com o
pensamento mercantilista a fala do participante 10 também escutada na Academia
apresenta que “Eu fiz odonto por que dá dinheiro”! (imitando a voz de um professor)”
Em contraponto, há certo desinteresse pelo mundo do trabalho no SUS. A fala
do participante 9 também ouvida na academia evidencia esta indiferença: ”[...] Lá
vem ela com comunidade, só pensa lá com a comunidade!”
O grupo pondera que o profissional tanto pode ser formado para atuar no
SUS como também exercer atividade privada desde que não veja a saúde apenas
como mercadoria. O depoimento do participante 9 caracteriza bem esta questão ao
anunciar que “[...] Então pode fazer as duas coisas, não é só para o SUS [...] e
mesmo ele indo para o privado, ele vá para o privado com consciência de que saúde
não é mercadoria [...]”.
A reflexão do participante 9 faz uma harmonização na dualidade existente
entre as correntes Generalista e Especialista: ‘
É então pode fazer as duas coisas, não ésópara o SUS... A gente, a
disciplina de Saúde Coletiva, éclaro que a gente dáuma ênfase muito
maior para o público, né! Mas que vocês também são formados para
atender no privado, agora com esse olhar que vocêfalou, de
vocêconsiderar o paciente como um todo, de vocêouvir, ter uma
escuta que éimportante, para vocêfazer um bom diagnóstico e tudo,
precisa de humanização e de acolhimento.

De acordo com Junqueira et al. (2011), a integração curricular encontra
grandes dificuldades para quebrar a imagem hegemônica de profissão liberal
baseada na prática autônoma e que leva à especialização precoce, e assim adequar
a formação do aluno de odontologia aos novos paradigmas sugeridos pelas DCNs.

56

A partir dos processos de avaliação e monitoramento dos sistemas de saúde,
pode-se perceber a carência de recursos humanos qualificados no setor, aliado a já
referida dificuldade formativa, expressa no campo da Odontologia, com uma prática
predominantemente curativa, descompromissada com o contexto social no qual seus
usuários estão cotidianamente inseridos. (SILVA et al., 2012).
Embora ao longo do diálogo o grupo tenha expressado um maior alinhamento
com a formação Generalista do cirurgião-dentista,uma fala, a do

participante 3

enfocou, principalmente, a formação voltada apenas para a área técnica da
Odontologia especificamente, ao expressar que “Eu acredito que ele deve sair da
faculdade, não assim, sabendo tudo de tudo, mas pelo menos tendo uma boa base
da maioria das áreas da Odontologia”.
O ensino e a prática da Odontologia passaram por diversas fases de
desenvolvimento ao longo dos anos. Receberam gradativamente influência dos
modelos flexneriano e do giesiano, os quais trazem como referência elementos
ideológicos marcantes: o mecanicismo, o biologicismo, a especialização precoce, a
tecnificação do ato odontológico, a exclusão de práticas alternativas, a ênfase na
Odontologia Curativa e a assistência individual. (MOYSES et al., 2003).
Lazzarin, Nakama e Cordoni Júnior (2007), consideram excessivamente
técnica a formação dos cursos de graduação em Odontologia, em detrimento à
formação humanística, e acrescentam que a transformação do processo de
educação de cirurgiões dentistas além de necessária, é complexa e dinâmica, e que
envolve mudanças nas concepções de saúde e educação e em suas práticas.
O enfoque excessivamente técnico, biológico e disciplinar no ensino da
Odontologia se coaduna para produzir uma formação com tendências a
fragmentação e especialização precoce. O futuro profissional acredita que terá que
aprender um pouco de cada área da Odontologia, porém esmerar-se no
conhecimento aprofundado de uma ou duas delas.
A linha de pensamento voltada àformação generalista dominou a discussão.
Em acordo a este pensamento a fala do participante 5 afirma que:
O dentista deve ter uma formação mais generalista, não sóse
restringir a área da odontologia, pelo ou menos no PET o que eu
percebi éque vocênão fica sóno seu quadrado, vocênão éapenas um
dentista vocêéum profissional de saúde.

57

O depoimento do participante 6 também coloca a importância da formação
generalista para o futuro profissional:
Teria no caso que sair mais completo, tirar realmente essa visão da
boca. Ser mais completo em relação as outras áreas, deve ser mais
completo também com relação a humanização, também acho que
tem que estar presente esta questão.

A fala do participante 9 faz uma associação entre as DCNOs e a formação
generalista do cirurgião-dentista:
Sóchamando a atenção e considerando as diretrizes curriculares
postas, e para serem cumprida, ela tem como objetivo um dos
objetivos, éa formação do cirurgião dentista, generalista, crítico,
reflexivo ... e aíeu concordo com muito do que jáfoi falado, colocado
aqui, acho que os meninos estão bem encaminhados, né!

As falas dos participantes 5, 6, 9

estão de acordo com o Perfil do

Formando/Egresso profissional proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Odontologia editadas através da resolução CNE/CES 3 de 19 de Fevereiro de
2002:
Cirurgião dentista com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva,
para atuar em todos os níveis de atenção à saúde com base no rigor técnico e
científico. Capacitado ao exercício de atividades referentes à saúde bucal da
população, pautado em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade
social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a
transformação da realidade em benefício da sociedade.
Foi observado que o grupo ao descrever o bom perfil formativo para o
odontólogo além de descrever qualidades semelhantes ao que está exposto nas
DCNOs, apresentou de certa forma conhecimento do que estas diretrizes propõem.
Algumas falas apresentam aspectos relacionados ao despertar para a
cidadania e humanização experenciados no Pró/PET Saúde III. Desta forma a fala
do participante 4 apresenta que “[...] porque você vê a necessidade das pessoas,
porque você sabe que com conhecimento, você pode sim mudar aquela realidade
[...]” O depoimento do participante 6 apresenta um posicionamento mais crítico e
orientado à cidadania:
Com certeza, eu saído PET percebendo que a gente tem um
compromisso com a sociedade, nós não somos, não éapenas
comércio, a gente tem compromisso com a sociedade, as pessoas

58

precisam da gente, a comunidade écarente, eu saídaqui pensando
nisso, eu quero ajudar as pessoas, eu não quero apenas ganhar
dinheiro entendeu!

A experiência proporcionada pelo Pró/PET- Saúde III pode despertar o
interesse pelo trabalho no Serviço público. A fala do participante 3 exemplifica bem
essa questão quando explicita que “Eu entrei na faculdade querendo correr do
serviço público, e, aí depois, que eu tive a realidade, a experiência do PET [... ] aí, já
penso em trabalhar no PSF[... ] se dedicar ao próximo ajudar [...]”
Pesquisa realizada por Nuto et al. (2006) em quatro cursos de Odontologia no
nordeste brasileiro sobre os aspectos éticos e humanos presentes no processo
ensino-aprendizagem

da

formação

de

cirurgiões-dentistas

levantou

alguns

problemas na formação destes. Um dos problemas encontrados é a dicotomia
corpo-mente presente no modelo biomédico da prática, no qual o maior empenho é
para o desenvolvimento das habilidades técnicas e motoras. Os resultados revelam,
segundo os autores, pouca capacitação dos futuros profissionais para o
desenvolvimento de uma relação dialógica com seus pacientes, e a necessidade de
se repensar estes aspectos na sua formação.
Mas, há também posicionamentos e falas na direção contrária ao Perfil
Generalista, escutado pelos participantes. Em consonância com essa afirmação a
fala do participante 10 destaca que “[...] eu vi muita gente também super revoltado
dizer: ah eu não vi nenhum dente, ah num tô no consultório, eu tô fazendo o que
aqui no PET?Com uma visão muito deslocada.”
Este posicionamento pode ser relacionado à formação tradicional, tecnicista e
orientada para a especialidade encontrada nos cursos de Odontologia.
3.4 Outros Profissionais/ Interdisciplinaridade/Multidisciplinaridade
Neste último conjunto de sentidos são apresentados os pensamentos do
grupo sobre a forma como a “Interdisciplinaridade” é experenciada na Academia, no
Pró/ Pet Saúde III e sua contribuição na formação do perfil formativo almejado na
odontologia.
As

falas

do

grupo

orientam-se

para

o

posicionamento

que

a

interdisciplinaridade não é vivenciada na graduação. O participante 6 por exemplo
afirma que “...é importante ter essa interdisciplinaridade, a gente ainda não

59

consegue ver isto aqui [...]” Outro participante, o participante 1 também concorda
com este pensamento e questiona “Ah então, como é que você vai cobrar um
ambiente interdisciplinar, se não existe interdisciplinaridade dentro da própria
Universidade?”
A interdisciplinaridade é vista como elemento importante ao trabalho no SUS
e que portanto é indispensável na formação dos futuros profissionais. A esse
respeito a fala do participante 8 apresenta que “[...] por que o sistema de saúde da
gente não é o SUS? Então você não pode trabalhar só uma coisa, tem que ter a
interdisciplinaridade [...]”
Há declarações que reforçam a necessidade da formação interdisciplinar bem
como a importância de trazê-la para o curso. De acordo com essa idéia o
participante 6 fala que “A gente, é como eu disse, tem que sair daqui, se sair só com
o que a gente vê aqui, a gente não vai ter a oportunidade de trabalhar com outros
profissionais[...]” Outra fala do participante 6 corrobora com esta linha de
pensamento ao passo que coloca o PET como espaço em que se vivencia a
interdisciplinaridade:
Porque eu acho que todo mundo falou que éimportante ter essa
interdisciplinaridade, a gente ainda não consegue ver isto aqui.E no
PET éuma distância, diferença enorme daqui para o PET. A gente
abre a nossa cabeça assim, óhh!!!

Segundo Feuerwerker (2002), os cursos precisariam investir não só no
trabalho multiprofissional, interdisciplinar e na efetiva Integração Ensino-Serviço,
mas, também, na atuação intersetorial, na efetiva articulação biopsicossocial, no
controle social, na associação entre estudo e trabalho, e na transformação do poder
em autoridade compartilhada. Assim, as mudanças poderiam ser não apenas
técnicas e sociais, mas também políticas, o que corresponderia ao plano de maior
profundidade de mudanças.
Para os participantes da pesquisa, é importante e relevante a formação
interdisciplinar e multiprofissional para a construção do perfil desejado. Veja-se
como exemplo o que diz a esse respeito o participante 7:
Eu acho que para mim um bom perfil formativo, éo profissional ele
saber trabalhar a interdisciplinaridade, trabalhar com as outras áreas,
ter essa visão de integralidade do paciente, e que realmente não
ésóa boca, que ele éum todo, éum ser humano.E que vocêprecisa
éconhecer e saber interagir com as outras profissões. Táali no seu

60

âmbito de trabalho para poder cuidar daquele paciente. Então saber
trabalhar com isso eu acho muito importante.

A especialização exagerada e sem limites das disciplinas cientificas, a partir
do século XIX, culmina cada vez mais numa fragmentação frequente do horizonte
epistemológico. Somente o trabalho em equipe multi ou interdisciplinar é capaz de
permitir uma divisão racional do trabalho, aumentando, assim, sua eficácia e sua
produtividade. (JAPIASSU, 1976, p. 41)
Spink (1992) apresenta que, do ponto de vista afetivo, a superação está na
aceitação e incorporação da alteridade, está no enfrentamento das barreiras de
contato erigidas nos encontros com os diferentes. Compreensão que exige de nós
todos uma abertura para a escuta do desejo, dos medos, da insegurança que o
diferente suscita em nós mesmos.
Podemos observar que a discussão da relevância da interdisciplinaridade na
área da saúde é antiga e que, no entanto, até os dias atuais, existem dificuldades
para sua aplicação na prática, e surje desta forma um questionamento: até quando
os resultados e sua repercussão virão realmente? A reestruturação na formação
pode ser uma resposta, mas será que só isso é suficiente? Ou será este debate um
delírio? Como poderemos pensar que tudo pode mudar a partir da formação se não
sabemos conviver com o diferente?
O grupo aponta a vivência no Pró/PET Saúde III como um despertar para o
olhar interdiscplinar. O participante

7 nesse ínterim diz que “[...] a principal

mudança, foi até essa questão do relacionamento, da ampliação do relacionamento
[...].” Outro participante, o participante 8 corrobora com essa linha de pensamento ao
afirmar que “[...] quando começou a trabalhar essa multi, essa interdisciplinaridade,
até a minha cabeça mudou 9 [...]”
A convivência entre profissionais e estudantes de cursos diferentes foi
descrita como positiva pelo grupo, o participante 7 nessa corrente de pensamento
apresenta:
Acho que a principal mudança, foi atéessa questão do
relacionamento, da ampliação do relacionamento. Porque aténós
profissionais mesmo, a gente recebia sóaluno de odontologia , não
recebíamos alunos de outras áreas e ficava mais ali, com estagiário
de odontologia, na escola, e assim para a gente foi uma grande
mudança.

61

O objetivo Geral do Pró/PET Saúde III é promover mudanças nos processos
de geração do conhecimento, de ensino-aprendizagem e reorientação da formação
profissional para atuação crítica e interdisciplinar, assegurando abordagem integral
do processo Saúde-doença com ênfase nos profissionais das redes de atenção à
Saúde do SUS. O projeto ocorre sob supervisão multiprofissional e focada na
Atenção Primária em Saúde e na Estratégia de Saúde da Família.
O conceito de ”Interprofissionalidade“ entendida como a integração das
práticas dos profissionais pode ser extendido ao Pró/PET Saúde III:
Peduzzi et al. (2013) apresentam que no Brasil a formação em saúde é
sobretudo uniprofissional, e que as iniciativas de Educação Interprofissional, ainda
são tímidas e referidas majoritariamente a ações multiprofissionais na graduação e
pós-graduação lato sensu e, mais recentemente, a atividades optativas como o PET
Saúde

62

4

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
As sugestões apresentadas pelo grupo e analisadas junto à literatura

compreenderam

os

conjuntos

de

sentidos:

Proposta

político

pedagógica

curricular/mudanças, Formação para o SUS, Generalistas/Especialistas e Outros
profissionais/Interdisciplinaridade/multidisciplinaridade.
No primeiro conjunto de sentidos Proposta Pedagógica Curricular/mudanças,
a discussão do grupo aponta em três direções, primeiro em aspectos referentes à
formação acadêmica atual do curso de Odontologia, segundo em relação à docência
e por último na discussão de propostas para melhorias no curso.
Com relação à formação acadêmicao grupo acredita que o curso apresenta
uma tendência tradicional, biologicamente centrada, com uma fragmentação
percebida em sua proposta político pedagógica que se estende a atividades práticas
como as da clínica, o estágio supervisionado obrigatório ocorre apenas no último
período do curso e existe pouca prática na saúde coletiva.O grupo aponta para a
necessidade de mudanças na proposta político pedagógica.
No aspecto docência o grupo sente uma formação com centralidade no
Professor, com relação Professor-aluno verticalizada, hierarquizada e atitude um
tanto conformista frente às possibilidades de mudanças na formação.
As sugestões apontadas pelo grupo propõem mudanças na proposta político
pedagógica as quais devem ser discutidas coletivamente entre estudantes,
professores, população e profissionais, aconselha-se apoiarem-se em experiências
que proporcionemmaior integração prático-teórica, maior aproximação entre o ciclo
básico e profissional inclusive na infraestrutura, estágios aos estudantes o mais cedo
possível com autonomia/responsabilização crescente de acordo com a autonomia
conquistada, ter mais práticas na saúde pública, estimular projetos de extensão,
estimular trabalhos voluntários, utilizar modelo do PET-Saúde como alternativa para
maior integração estendendo a alunos que não tenham bolsa, a formação deve ser
direcionada para as necessidades de saúde da população como um todo, reforçar a
formação de um perfil formativo generalista, humanizado e cidadão, ampliar a rede
de relacionamento de professores e estudantes com os outros cursos culminando
com uma formação voltada para o trabalho em equipe numa lógica interdisciplinar.
Para que as mudanças aconteçam de fato é necessário apoio institucional e da
comunidade acadêmica como um todo.

63

O processo de ensino aprendizagem deve ter uma abordagem mais atual,
sendo centralizado no aluno e não no professor como os resultados apontaram.
Com relação à docência também foram colocados como pontos importantes:
contratação de mais professores,contratação de professores com cursos de
mestrado e doutorado que incluam disciplinas didático pedagógicas definidas pelo
Ministério da Educação, os professores devem ter experiência de trabalho no SUS e
quando professores de Saúde Pública devem estar inseridos em atividades na
clínica. Quanto arelação aluno professor o grupo sugere que esta seja
horizontalizada e com abertura ao diálogo. Outra sugestão foi a criação de
protocolos internos para minimizar diferenças entre as práticas docentes.
No segundo conjunto de sentidos “Formação para o SUS”, o grupo pondera
que é responsabilidade legal e social da Universidade púbica formar profissionais
para o sistema de saúde vigente no país. O grupo acredita que por não conhecerem
profundamente o SUS, os professores estão apreensivos em trabalhar com o
mesmo. O grupo apresenta que a cultura da academia tem tendência a crer que a
formação para o SUS é para o pobre, para quem não conseguiu uma boa colocação
no mercado privado.
O grupo destaca que os futuros profissionais devem ter boa formação para o
SUS, sanitarista, principalmente para a gestão para que dessa forma possam
interferir e melhorar o Sistema de saúde.
O PET é visto como uma das formas de aprendizado para o SUS, pois
trabalha em direção à construção de um perfil formativo idealizado nas DCNOs.
Para os participantes, o Pró/PET Saúde III auxiliou a ter uma visão mais
voltada para a atenção primária em Saúde, para a promoção de Saúde como
também para o despertar para a realidade da saúde pública.Os participantes ainda
destacaram a importância das vivências no Pró/PET saúde III para o entendimento
na prática do funcionamento da Estratégia de saúde da família e do SUS, da
hierarquização dos serviços, das formas de informe da produção do trabalho e da
relação das Unidades básicas com a Secretaria Municipal de saúde.
A formação para o SUS deverá ser estimulante, para que desperte no
estudante o interesse real para a Atenção Primária. Os cenários de prática deverão
ser diversificados abrangendo os diferentes níveis de atenção do SUS e os estágios
deverão iniciar-se o mais cedo possível na graduação.

64

Quanto ao terceiro conjunto de sentidos Generalista/especialista, este
apresenta um duelo entre a formação Generalista e à voltada para a especialidade.
O incentivo à formação Generalista do cirurgião dentista dominou à
discussão, estando de acordo com o Perfil do formando/egresso profissional
proposto pelas DCNOs. Foi observado que o grupo apresentou conhecimento sobre
as propostas das Diretrizes Curriculares nacionais para a formação.
A experiência no Pró/PET Saúde III foi caracterizada como favorável à
formação do perfil generalista contribuindo com o despertar para a cidadania,
humanização e pelo interesse ao ingresso no trabalho no Serviço público de Saúde.
Por outro lado há conflito, e alguns participantes revelam ter escutado falas
contrárias ao perfil generalista, onde os estudantes relatavam não saber o que
estavam fazendo no PET uma vez que não estavam vendo nenhum “dente”, e não
estavam atuando tecnicamente dentro de um consultório.Essa postura pode estar
associada a um reflexo de um modelo formador voltado para o biológico com ênfase
nos procedimentos técnico clínicos, onde ocorre enfoque na prática uniprofissional.
O grupo expõe que a formação voltada para a especialidade, com ênfase no
mercado privado, e um certo desinteresse pelo mundo do trabalho no SUS é
característico da cultura da academia.
Quanto ao conflito Generalista/Especialista o grupo conclui que o profissional
tanto pode ser formado para atuar no SUS como também para exercer a atividade
privada desde que não veja a saúde como mercadoria.
No

último

conjunto

de

sentidos

Outros

Profissionais/Interdisciplinaridade/Multidisciplinaridade, o grupo coloca que a prática
interdisciplinar não é vivenciada na graduação. A interdisciplinaridade é vista como
um elemento essencial ao trabalho no SUS, e que portanto é indispensável na
formação profissional.
Para o grupo as experiências vividas no Pró/PET saúde III permitem vivenciar
a interdisciplinaridade, uma vez que possibilitam a ampliação do relacionamento
entre estudantes e profissionais de cursos diferentes, destes com a equipe nas
Unidades Básicas de Saúde e destes todos com a população e suas necessidades
de saúde.
Um quadro síntese foi confeccionado para melhor visualizaçãodas sugestões
à Proposta Pedagógica curricular do curso de Odontologia da UFAL oriundas dos
quatro conjuntos de sentidos analisados: Proposta Pedagógica Curricular/Mudanças,

65

Formação

p/

o

SUS,

Generalistas/especialistas

e

Outros

profissionais/Interdisciplinaridade/Multidisciplinaridade.( Apêndice F).
Diante de tudo que foi exposto na pesquisa e neste relatório fica o seguinte
questionamento: Como se percebe a Proposta Pedagógica Curricular do Curso de
Odontologia da UFAL em relação às necessidades de saúde da população e às
Diretrizes Curriculares Nacionais?
Acreditamos, baseados nos resultados da pesquisa e na literatura consultada
que para se trabalhar o perfil formativo do profissional de Odontologia idealizado, é
questão fundamental que se faça uma visão do contexto geral em que este irá atuar:
necessidades de saúde da população, mercado de trabalho, situação social do país,
como também suas características pessoais.
O modelo Pró/PET Saúde III, embora precise avançar na discussão política
para efetivação de suas propostas numa instância coletiva, surge então, como
alternativa que proporciona experiências que atuam dentro do que as DCNOs
apontam,uma vez que fornece na prática uma visão generalista, humanizada, cidadã
com vistas a uma prática multiprofissional, interdisciplinar e Integralna atenção à
saúde.

66

REFERÊNCIAS

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68

4

FINALIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO
A realização do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde representou para

mim ao mesmo tempo um desafio e crescimentos profissional e pessoal muito
grandes.
Considero vitoriosa a tragetória do profissional da saúde que em um estado
tão pobre como o nosso, inclusive de oportunidades de crescimento no campo da
formação profissional consegue primeiro ser selecionado, segundo frequentar com
regularidade as aulas do mestrado e principalmente construir uma rede de
relacionamentos favorável que o leve à finalização do trabalho acadêmico.
Na caminhada da realização da dissertação percebemos como necessitamos
realizar escolhas que nos mantenham o foco, o interesse e a determinação
necessários para a execução do trabalho, como também como leva tempo para
amadurecermos nossas idéias e para que extraiamos o melhor, a essência do
trabalho. A postura do orientador é vital em uma pesquisa qualitativa, para que nós
tenhamos nossas próprias reflexões e aprofundemos o que está apenas
superficialmente exposto.
No campo do ensino ficou o aprendizado da construção coletiva, do
planejamento e avaliação, dos grandes teóricos, das técnicas que podem facilitar o
nosso trabalho na preceptoria com os estudantes, como também a necessidade do
outro, de estar conectado e dialogando em rede com as instituições, a internet e
enfim e principalmente com as pessoas.
No campo da realização da pesquisa no tocante ao grupo focal ficaram como
experiência, à dificuldade para marcação de um dia em comum para a participação
de todos, à surpresa que tive ao observar o bom conhecimento do grupo sobre o
tema da formação na saúde e naodontologia(que eu julgava anteriormente ser
pequeno), e perceber que apesar de termos um grupo heterogêneo colocando no
mesmo patamar tutor, preceptores e estudantes, isto, pareceu não afetar o próprio
grupo, uma vez que todos os participantes expressaram livremente suas opiniões
durante a discussão.
Os resultados da pesquisa finalizados em um artigo onde apresento as
contribuições do Pró/PET Saúde III na formação em Odontologia, expõem os efeitos
que este programa produz na formação em odontologia.Efeitos estes vinculados ou
associados

à

“formação

para

o

SUS

(Generalistas/Especialistas)”, “outros

69

profissionais/Interdisciplinaridade/Multidisciplinaridade”
“Aprendizagem/Estudo/Atualização”.

Estes efeitos

e
culminaram em

um

perfil

Formativo que contempla formação generalista, humanista, cidadã, sanitarista,
voltada para o SUS, para a atenção primária e a gestão, com vistas à
Interdisciplinaridade,

multiprofissionalidade

e

que

estimule

o

aprender

a

aprender.Porém, através da análise profunda que fizemos percebemos que é
necessário avançar nas discussões políticas e coletivas destas propostas, retirando
o peso individual depositado em cada trabalhador ou estudante para que
modifiquem de forma quase solitária, suas práticas e formação profissional.
Diante de tudo que foi experenciado nesses dois anos, orelatório técnico
apresentado como produto do Mestrado profissional em Ensino na Saúde surgiu do
desejo verdadeiro em participar da formação dos futuros profissionais da
Odontologia, profissão que abracei por vocação e que me realiza. O relatório
apresenta o descompasso existente entre a formação acadêmica atual e a desejada
para os futuros profissionais da Odontologia, discutidas no grupo e à luz da literatura
tendo como cerne um perfil profissional baseado nas Diretrizes Curriculares
nacionais. Espero desta forma que a contribuição alcance toda a sociedade e que as
necessidades de saúde da população sejam atendidas, por um profissionalcomperfil
formativo adequado a estas demandas e sensível ao seu papel de cidadão e de
agente transformador da realidade.

70

REFERÊNCIAS GERAIS

ARAUJO, M. E. de. Palavras e silêncio na educação superior em odontologia.
Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.11, n.1, p. 179-82, 2006. Disponível
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Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) articulado ao Programa de Educação
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2013/2015. Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, n.
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Profissional em Saúde – Pró-Saúde – para os cursos de graduação da área da
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74

APÊNDICES

75

APÊNDICE A – Carta Convite Grupo focal

76

APÊNDICE B – Roteiro do Grupo-Focal

Pró/PET-Saúde III e o Perfil formativo do Odontólogo
ROTEIRO PARA O GRUPO FOCAL

1-Para vocês o que é um bom perfil formativo para o odontólogo atualmente?

2-Vocês acham que a participação em programas como o Pró/PET-Saúde III auxilia
na formação deste perfil?

3-Quais experiências vivenciadas no Pró/PET-Saúde III podem ser citadas como
construtoras deste perfil?

4- Vocês percebem alguma mudança na formação profissional de Odontologia a
partir da participação no Pró/PET- Saúde III? Quais?

5- Tais mudanças são incorporadas na Proposta Pedagógica do Curso de
Odontologia da UFAL?

77

APENDICE C – Mapa das Categorias e Conjuntos de sentidos
Perfil Formativo

P.N.E.P.S.

Estratégias de
r.c.a solidão e o
isolamento

Identificação de
processos de
trabalho em
equipe

OUTROS
PROFISSIONAIS/I
NTERDISCIPLINAR
IDADE/MULTIDIS
CIPLINARIDADE

OUTROS
PROFISSIONAIS/I
NTERDISCIPLINAR
IDADE/MULTIDIS
CIPLINARIDADE

OUTROS
PROFISSIONAIS –
INTERDSICIPLINA
RIDADE/MULTIDI
SCIPLINARIDADE

OUTROS
PROFISSIONAIS/IN
TERDISCIPLINARID
ADE/MULTIDISCIP
LINARIDADE

OUTROS
PROFISSIONAIS;IN
TERDDISCIPLINARI
DADE;MULTIDISCI
PLINARIDADE

APRENDIZAGEM/
ESTUDO/ATUALIZ
AÇÃO

APRENDIZAGEM/
ESTUDO/ATUALIZ
AÇÃO

APRENDIZAGEM/
ESTUDO/ATUALIZ
AÇÃO

APRENDIZAGEM/E
STUDO/ATUALIZA
ÇÃO

APRENDIZAGEM/E
STUDO/ATUALIZA
ÇÃO

FORMAÇÃO PARA
O SUS

FORMAÇÃO PARA
O SUS

FORMAÇÃO PARA
O SUS

GENERALISTAS x
ESPECIALISTAS

GENERALISTAS x
ESPECIALISTAS

GENERALISTAS/ES
PECIALISTAS

REDES
INTEGRALIDADE
DA ATENÇÃO

REDES
PPC/MUDANÇAS

Construção de
espaços e
momentos
cotidianos de
aprendizagem e
dialogia

REDES
PPC/MUDANÇAS

VIOLÊNCIA
ANTI-MODELOS

PESQUISA

Mecanismos
desenvolvidos
para possibilitar o
aprender a
aprender

Espaços e
mecanismos de
valorização dos
conhecimentos e
culturas locais p/
meio da
participação
social

Academia

Serviço

OUTROS
PROFISSIONAIS/I
NTERDISCIPLINAR
IDADE/MULTIDIS
CIPLINARIDADE

OUTROS
PROFISSIONAIS/IN
TERDISCIPLINARID
ADE/MULTIDISCIP
LINARIDADE
APRENDIZAGEM/E
STUDO/ATUALIZA
ÇÃO

FORMAÇAO P O
SUS

REDES
INTEGRALIDADE
DA ATENCAO

FORMAÇÃO P/ O
SUS

FORMAÇÃO P/ O
SUS

GENERALISTA/ES
PECIALISTA

GENERALISTA/ESP
ECIALISTA

PPC;MUDANCAS

INTEGRALIDADE
DA ATENCAO

VIOLÊNCIA
ANTI-MODELOS

GESTAO

78

APENDICE D – Mapas Dialógicos por Categorias

continua

1. Perfil Formativo
APRENDIZAGEM
. Assim, não sair pronto, mas, sair pronto para aprender coisas novas. A gente tem
idéia que sai da Universidade pronto, que já tá pronto para enfrentar qualquer tipo de
situação que venha a ocorrer. E na verdade, quando a gente vai para o trabalho, a
gente vê que n#ao é bem assim, e isso assusta um pouco no começo... Agente tem
que saber que a gente não está pronto, que a gente vai aprendendo ao longo do
tempo, que a Universidade deveria preparar o aluno para isso, para aprender a
aprender. (Suj.1)
. Mas, você falou que teoricamente era para a gente sair da faculdade e sermos
críticos, a faculdade não é para formar, porque nenhum dos professores passam para
a gente ser isso... Esse senso crítico não é...(Suj.2)
INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO
. É interessante fazer isso sim, porque eu sempre venho falando para os alunos que
eu recebo, que a gente é profissional de saúde, a nossa obrigaç#ao com o paciente
n#ao se encerra quando você faz uma restauração, você tem obrigação com a saúde
daquele paciente, porque você é formado para ser um profissional de saúde.(Suj.1))
. Tem que ter criatividade, diante das adversidades, porque nem tudo é perfeito
entendeu? E você sendo bem formado, você começa a ser criativo... (Suj.7))
. O profissional do SUS tem que ter atitude, se vocês não tiverem atitude e ficarem
ficar só esperando vir a ordem, vocês não vão para canto nenhum, vão ficar na
mesmice o resto da vida...(Suj.7))
. É verdade! Por que quando você, para você ser um bom profissional, você precisa ter
uma visão do geral, do integral, né verdade!(Suj.8))
...Por que você precisa trabalhar a integralidade realmente, o paciente como um todo,
tem que ver ele como um ser humano, não só a boca, mas a boca tá dentro de um
sistema, e se você não vê o psicológico, o emocional e a moradia dele, o tudo, vc tem
que trabalhar para prevenir a doença e não só a doença e não só a doença instalada,
se você o conhece fica mais fácil...(Suj.8)
GENERALISTAS E ESPECIALISTAS
. Não só da odontologia né, mas até geral do paciente, né!(Suj.2)
. Eu acredito que ele deve sair da faculdade, não assim, sabendo tudo de tudo, mas
pelo ou menos tendo uma boa base da maioria das áreas da odontologia.(Suj.3)
. “Teria no caso que sair mais completo, tirar realmente essa visão da boca. Ser mais
completo em relação as outras áreas, deve ser mais completo também com relação a
humanização, também acho que tem que estar presente esta questão, assim...”(Suj.6)
. Só chamando a atenção e considerando as diretrizes curriculares postas, e para
serem cumpridas , ela tem como objetivo um dos objetivos, é a formação do cirurgião
dentista , generalista crítico, reflexivo, só chamando a atenção aqui para o
“odontólogo” que a gente chama vulgarmente, caiu no gosto de todo mundo, o
odontólogo é o cirurgião dentista né, e aí eu concordo com muito do que já foi falado,
colcado aqui, acho que os meninos estão bem encaminhados, né...(Suj.9)
INTERDISCIPLINARIDADE
. Eu acho que para mim um bom perfil formativo, é o profissional ele saber trabalhar a
interdisciplinaridade, trabalhar com as outras áreas, trabalhar ter essa visão de
integralidade do paciente, e que realmente não é só a boca, que ele é um todo, é u ser
humano, e que você precisa é conhecer e saber interagir com as outras profissões tão
tá ali no seu âmbito de trabalho para poder cuidar daquele paciente. Então saber
trabalhar com isso eu acho muito importante. (Suj.7)

79

FORMAÇÃO PARA O SUS
. E OUTRA COISA que é uma questão fundamental é um perfil formativo que se volte
também para a saúde pública, entendeu! Se volte para o SUS, por que essa é a
grande função da Universidade, e se a gente conseguir que o aluno se forme, além da
clínica ele saiba trabalhar no SUS, ele saiba interagir com as outras disciplinas,
trabalhar a interdisciplinaridade, intersetorialidade e a transdisciplinaridade. Eu acho
que a gente vai ter um bom perfil, um bom profissional. (Suj.7).
. Então além de ele sair um técnico ele também tem que sair um profissional
conhecedor do paciente, um sanitarista, né!(Suj.8)
. E ele sendo formado para trabalhar no SUS, isso não inviabiliza ele ter também seu
consultório e trabalhar, ele tendo a sua carga horária(Suj.8)
. Ele também sai no formato técnico, também, mas não sai só para o privado, e outra
coisa, ele vai trabalhar muito melhor ..(Suj.8)
. o PET antes de tudo está mostrando um efeito dentro do que estas diretrizes elas
apontam, ter um profissional formado no SUS, de acordo com as nossas
necessidades...(Suj.9)

2. P.N.E.P.S.
FORMAÇÃO PARA O SUS
_E é o SUS formando profissional, né, tá na constituição e tem que ser feito e é uma pena que
só aconteça através do PET... (Suj.1)
_ Nos mudar também é! (Suj.7)
REDES
_É assim uma coisa que me chamou muito a minha atenção e eu mudei muito completamente
de pensamento foi essa questão da participação da sociedade, antes me incomodava ser
controlado pela sociedade. Hoje, eu vejo que é preciso mesmo a questão mesmo de
planejamento, e que muita coisa eu só vou conseguir se a sociedade se manifestar e ajudar.
(Suj.1)
FORMAÇÃO PARA O SUS
acho que em mim mudou sim, assim, eu na verdade, fiz vestibular para a odontologia por que
eu queria trabalhar com saúde pública, independente da área que eu fosse entrar, eu queria
trabalhar com saúde púbica, isso foi uma coisa que foi diminuindo, ao lango da minha
formação, porque eu me apaixonei por cirurgia, por as coisas que eu estava vendo na
faculdade e tal, só que daí quando você vai para a realidade, e você vê aquilo, aquilo aflorou
novamente sabe...(Suj.4)
, a principal coisa que mudou desde que eu comecei no PET, é agora ter uma visão mais
voltada para a atenção primária, para a promoção de Saúde, eu não pensava muito nisso...
(Suj.5)
Não é, além da interdisciplinaridade o importante é a gente acordar realmente para como é
a vida pública. (Suj.6)
O ponto principal da humanização, é mudança do processo de trabalho, sem mudar processo
de trabalho, não se humaniza nada. Então o fundamental é rever a diretriz curricular, e rever
toda essa estrutura....(Suj.7)
O PET me ajudou, assim de entender como funciona o PSF e o SUS, a secretaria de Saúde
como é que ela se comunica, com o pessoal lá do posto, como é feita a coleta de dados, e qual
o papel de cada profissional nessa coleta , e como através disto eles conseguem recursos para
a comunidade, para os postos, coisa que faz com que a gente, futuro profissional, é a gente
saiba como funciona todo este sistema, para saber onde agir, entendeu!(Suj.10)
Que mudanças ele trouxe?(Suj.7)
OUTROS PROFISSIONAIS /INTERDISCIPLINARIDADE/MULTIDISCIPLINARIDADE
Acho que a principal mudança, foi até essa questão do relacionamento, da ampliação do
relacionamento, porque até nós profissionais mesmo, é ficávamos a gente recebia só aluno de
odontologia , não recebíamos alunos de outras áreas e ficava mais ali, com estagiário de
odontologia, na escola, e assim para a gente foi uma grande mudança.(Suj.7)

80

...aí quando você recebe os alunos, e como eu já recebia antes do NUSP e tudo..., mas com o
PET começou a mudar, no primeiro não, que era só a odonto...mas, quando começou a
trabalhar essa multi, essa interdisciplinaridade, até a minha cabeça mudou...(Suj.8)
_ E para nos mudar também!!(Suj.8)
Pra mim também foi muito bom(Suj.8)

_
GENERALISTA/ESPECIALISTA
_ Aí eu vi muita gente também super revoltado dizer, ah eu não vi nenhum dente, ah num tô no
consultório, eu tô fazendo o que aqui no PET, com uma visão muito deslocada.(Suj.10)

3. ESTRATÉGIAS DE RUPTURA COM A SOLIDÃO E O ISOLAMENTO
REDES
. Por que os alunos participam de uma liga que tem para cirurgia, lá no HGE a partir do quinto
período eu acho que pode entrar, eu acho que isso seria uma tentativa também para a saúde
pública, também, existir uma liga para a gente ter contato. (Suj.4)
. É porque assim, na Universidade a gente fica muito preso, aí quando a gente vai para o
PET, a gente vê realmente a situação de moradia, de condições econômicas, de atendimento,
é...Como essas pessoas, é...(Suj.10)
OUTROS PROFISSIONAIS – INTERDSICIPLINARIDADE/MULTIDISCIPLINARIDADE
. E isso assim, eu aprendi muita coisa com pessoas de nutrição que vêem outros mundos e
passam para a gente, e isso é muito importante para a gente aprender coisas novas. (Suj.4)
. A primeira ou menos a coisa que eu vi assim que eu não imaginava, quando eu entrei na
odontologia é a possibilidade de interdisciplinaridade , voc6e vivenciar eu pensei que o
dentista trabalhava ali sozinho ou só com outros dentistas... (Suj.5)
além disso aprender a conviver com outros profissionais de outras áreas, foi maravilhoso, é
isso que eu enfatizo mais. (Suj.6)
. Esse projeto “SUS que dá certo”, o vídeo que a gente enviou pra concorrer ao prêmio, foi o
aluno de medicina que filmou com a gente, os alunos que tavam lá no posto, que filmaram e
editaram, e eles participaram e eles também estão super empolgados.(Suj.7)
. Olha sim, eu nem falei isso também que é importante esse contato que eu pude ter, eu saí
da minha caixinha aqui da Odontologia e foi maravilhosa esta experiência, conviver com
outros profissionais, da psicologia, da enfermagem, do serviço social, enfim...(Suj.9)
APRENDIZAGEM/ESTUDO/ATUALIZAÇÃO
. A gente aprende o que a gente não esperaria aprender... (Suj.6)
. então assim, essa abertura de mundo de visão, de saber discutir outras coisas, eu acho
que essa é uma das vivências do PET.(Suj.7)
. Então assim, foi isso aí me deu essa garra, essa vontade, de procurar, de estudar, de ficar
junto com vocês e da troca mesmo...tanto com os profissionais, quanto com os alunos, com
tudo...(Suj.8)
. A gente aprende muito, muito, muito, muito...(Suj.9)
. Só pensando uma coisa, vocês já conseguem ver isso e como vcs conseguem ver esta
mudança, talvez por vocês estarem no PET ou outros programas, mas, imagine aqueles alunos
que não têm a oportunidade de participar destes programas, os que não têm eles acabam
sendo mecânicos, pensando que é asim mesmo, é só chegar e atender e é isso e aquilo...Eles
saem realmente e só querem consultório!!(Suj.8)
PPC/MUDANÇAS
. eu acho assim não sei se eu estou errada... mas assim, se for pesquisar em outras
Universidades outros cursos de odontologia...eu, pelo que a gente percebe, o curso de
medicina conseguiu fazer uma boa mudança , e vê se a gente consegue trazer um pouquinho o
exemplo onde o aluno de medicina, ele está desde o primeiro ano inserido e isso é rico para
eles e para nós.(Suj.7)

81

4. IDENTIFICAÇÃO DE PROCESSOS DE TRABALHO EM EQUIPE
APRENDIZADO/ESTUDO/ATUALIZAÇAO
... aí no PET eu tive a oportunidade de trabalhar com outros profissionais, aprender
com outros profissionais, aprender a ver que se o paciente tem, que se ele precisar
de outra coisa além da boca, encaminhar ele direitinho, orientar. (Suj.6)
É, eu aprendi muito, em relação a essas coisas assim, com os outros
profissionais que estavam no meu grupo(Suj.6)
_A fichinha de auto avaliação para levarem para casa, aí que a a gente fez a coleta
não foi? Houve a separação dos casos que poderia ser, vocês participaram também
de ir lá nas escolas e junto com a médica, eu, foi, foi a Ana Lee, a Emilene, nos
três, é o seguinte: nós olhávamos as lesões, a médica passou com a gente, né,
estava junto conosco, né, e os alunos juntos, então, a gente olhava junto o que a
gente tinha dúvida, mostrava a Ana Lee, quer dizer aí ele então, eles estavam junto
conosco em todos os processos da hanseníase. Teve teatrinho...(Suj.8)
OUTROS PROFISSIONAIS /INTERDISCIPLINARIDADE/MULTIDISCIPLINARIDADE
eles falaram por que antes ela fazia com o grupo de nutrição, que era só o
pessoal de nutrição que ía e quando foi o PET para lá, que tinha o pessoal de
odonto, pisicologia, medicina, todas as áreas, eles perceberam a diferença , e
viram como foi boa essa questão de discutir( Suj.4)
mas aí quando você vai pro posto , aí, você vê que não está sozin, honé, você tem
as outras especialidades e tal,para formar um todo...Aí, deixe eu ver...aí, deixe eu ver
mais experiências...(Suj.5)
+
Pois é, eu tava pensando em falar um pouquinho, a gente aprende essa importância
da gente aprender a trabalhar junto com profissionais de outras áreas... como por
exemplo, no caso eu fiquei em consultório de rua...pra gente conversar com usuário de
droga, é não é fácil...A gente precisa de muita psicologia para
poder conversar com eles, ele não se abre para você.Então, eu aprendi muito com os
profissionais que trabalham lá, de psicologia, com os profissionais de
enfermagem também, o próprio auto-cuidado, a gente falava muito sobre
prevenção...ter um auto cuidado com eles mesmos...a psicologia era muito importante,
porque quando a gente ganhava a confiança deles, eles falavam a vida toda deles,
eles choravam, era muito tocante isso..(Suj.6)
Só para complementar, é também bom ver a medicina...olhando boca, falando...(Suj.7)
Essa troca, porque a gente conseguiu fazer com que, não foi nem o PET, foi a
disciplina de Saúde e sociedade de medicina fosse para a escola com a gente e eles
aprenderam, fazer todo numerozinho dos dentes, olhar quadrante aprenderam
tudo...então assim essa troca também é muito bom!(Suj.7).
E quando a gente trabalha na estratégia de saúde da família, você trabalha com uma
equipe, então assim, aquela questão do prontuário, dele ser um prontuário integral,
isso já facilita, você ,quando você pega o prontuário você já pega toda a história do
paciente, mas se você precisa interagir com a médica e como você trabalha na
saúde da família, então, você começa a conhecer todo aquele indivíduo, como é a vida
dela e de onde ele vem e tudo fica mais fácil.(L62 a L66)obs: talvez entre na categoria
serviço?(Suj.8)
você tem que começar a pensar a ver o lado do psicológo, do serviço
social..(Suj.8)

82

Assim lá no posto, eu vi muito relacionado assim, não são nem funções que o dentista
não está trabalhando sozinho isso, ele depende de vários outros profissionais, como o
médico, pisicólogo, por que não adianta você tratar do dente e n#ao trabalhar o
paciente no contexto mental, contexto social, contexto sistêmico...(Suj.10).

5-CONSTRUÇÃO DE ESPAÇOS COTIDIANOS DE APRENDIZAGEM E
DIALOGIA
REDES
É por isso que eu tô trabalhando, por esse, apesar do conselho na minha unidade não
funcionar ainda... eu tô pretendendo implantar... porque eu tô precisando cada vez
mais dele para funcionar.(Suj.1)
FORMAÇÃO PARA O SUS
Era o que eu ía dizer, eu acho que eu vi mais lá no PET, e que mudou mais a minha
cabeça foi ver, o quanto as condições de vida, não só de moradia, mas, de tudo , todo
o contexto do paciente, o quanto aquilo a condição em que ele vive, o contexto em
que ele vive, vai trazer de repercussão para a saúde dele, a vida dele, porque lá no
Denisson, ah toda aquela situação de falta de transporte de qualidade, falta de
saneamento básico...(Suj.2)
VIOLÊNCIA
falta de segurança, toda aquela questão da violência, aquilo é desumano para
qualquer pessoa, e o quanto chegou ao ponto de uma senhora vir me perguntar, como
era para ela ser atendida aqui, porque o filho dela não poderia ser atendido lá no
posto, imagine!!Você não poderia porque você se priva do direito que você tem de ser
atendido lá no posto por causa da realidade terrível que você vive!Eu acho que isso foi
o que mais me deu o choque lá...(Suj.2)

PPC/MUDANÇAS
E a gente aqui pensa assim, mas os alunos que não fizeram parte do PET acham isso
besteira... quando a gente fala que é importante conversar com o paciente, que é
importante fazer isso, assim um grupo de conversa “que besteira” e não só os
alunos...(Suj.6)
PPC/MUDANÇAS
.Eu acho que deveria incluir no dia que o PET for embora uma matéria nova, o
PET!(Suj.6)
GENERALISTA/ESPECIALISTAS
Eu acho que se a gente parasse um pouquinho, nós que vamos nos formar dentistas,
no nosso consultório para conversar um pouco com o paciente, saber da realidade
dele, já é uma outra situação, entendeu? Os pacientes estariam se sentindo bem
melhor, é bem mais...(Suj.6)

6-MECANISMOS DESENVOLVIDOS PARA POSSIBILITAR O APRENDER A
APRENDER
_
OUTROS PROFISSIONAIS/INTERDISCIPLINARIDADE/MULTIDISCIPLINARIDADE

83

Engraçado que eu passei pela mesma coisa, uma vex eu encontrei com a Mimi o ano
passado o ano passado na hora do almoço, aí eu disse: “Ô Mimi, você recebe aluno
de psicologia, aí a Mimi falou: recebo! Recebo!! (Suj.1)
_ Uma formação muito diferenciada!! (Suj.7)
_ Sem esquecer que a teoria vem da prática...(Suj.1)
_E assim, com a aluna de psicologia, porque a gente só recebia aluno de odontologia,
e quando mudou o PET a gente começou a ficar com todos os alunos, e eu tive que
respirar fundo para poder me relacionar com a aluna de psicologiaporque para dizer
que essa caeira era uma cadeira, ela ía pra frente num sei quê, num sei
quê,...rsrsrs...Até concluir que isso era uma cadeira, e a gente super objetiva, e eu sou
agitada, vamos, até que eu fui, “é dela”, é da formação dela, ela vamos e aí a gente e
eu comecei a respeitar o limite dela no que eu podia e explorar a área dela no que eu
podia explorar, assim para mim o maior aprendizado foi conseguir lidar...(Suj.7)
E o bom também dessa vivência do PET é você começar a respeitar as outras
profissões, os limites das outras profissões, eu notei pra mim, eu até não tinha
paciência com a psicologia, eu não tinha muita paciência mesmo entendeu!!
(Suj.7)
Não, foi a maior, o ano passado já que eu tô fazendo parte do terceiro PET, mas o ano
passado o meu maior desafio foi lidar com aluno de psicologia, porque eu dizia
assim, porque eu dizia assim, você fez alguma coisa hoje? Aí ela respondia: “não”.
Assim, ela não tinha uma conclusão, assim sabe.(Suj.7)
_ Eles estavam estudando, planejando...(Suj 7)
_ mas, é foi muito importante...(Suj.7)
_ Nem o que é.(Suj.7))
Rapidinho, esse desafio não é só você como preceptora , a gente começou desde o
início da confecção, da elaboração do projeto, que reuniu o Cirurgião dentista, o
psicólogo, a assistente social cada um pensando de uma forma!(Suj.9))
_ E com essa mudança também né, de você está recebendo alunos de várias
áreas...(Suj.9))
... Isso os alunos de odonto começaram a relatar, e tinham alunos de psicologia e
quem estava era o Professor Jefferson, e aí os alunos começaram a dizer, nós já
estamos na Unidade, que já estamos fazendo isso, já estavam no campo.Sim e
psicologia, não a gente não foi para a UBS, isso já tinha num sei quanto tempo, né! E
aí eu né, me achando né, poxa que bom, os meninos est#ao de vento em polpa. Mas,
assim, isso me mostrou e eu aí aprendi que o Jefferson, ele poxa peraí não é assim,
né. Depois ele até colocou, não é essa coisa de você ir lá e já tá desenvolvendo ,
assim não existe essa, então eu tava me achando superior...porque os meus alunos já
estavam lá, e não é assim, você tem que ver que a gente é diferente...(L 668 a 675)
Mas, é que eles tem uma formação diferente, de pensar mesmo...(Suj.9)
APRENDIZADO/ESTUDO/ATUALIZAÇÃO... eu comecei a trabalhar muito com o
controle social que eu não tinha muito conhecimento, a gente sai da Universidade, a
gente não sabe...(Suj.8)
Nem o que é, na nossa Unidade nós não tínhamos um conselho gestor
atuante...(Suj.8)
_Então, a gente precisa pegar do outro...também, então é uma troca!(9)
()
Não é, mas é que a gente já tinha uma vivência, anterior né de serviço, acho que
enfim, né, porque a psicologia eles não tinham essa vivência.(Suj.9)

84

FORMAÇÃO P O SUS
_ Só que depois, quando você vai para o PET, você começa a encaixar tudo
aquilo que você aprendeu na saúde coletiva, aquelas teorias, na prática...então
aí você vê como você pode participar no posicionamento de uma comunidade...o
que você pode fazer pelo outro...(Suj.10)
_ Como é a hierarquia de ministério, de secretaria , de PSF, de comunidade e
suavizado!(Suj.10)

7. ESPAÇOS E MECANISMOS DE VALORIZAÇÃO DOS CONHECIMENTOS
E CULTURA LOCAIS POR MEIO DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL
REDES_ Muitas hoje elas ganham uma renda a mais...e aí fizeram oficinas, e aí elas
confeccionaram muitas coisas, e venderam e hoje elas vendem mesmo assim, elas
vivem também disso , e aí melhorou muito porque as oficinas duraram uns 6, 8meses,
mais ou menos, então aí, com isso a gente vivenciou que muitas delas é, melhoraram
a questão da glicemia, os diabéticos, elas tomavam a medicaç#ao mais assim,
controlou mais...(Suj.8)
_ Mas na época estava parado, então, elas iniciaram um processo de concientização,
conseguiram sensibilizar os funcionários para participar, que estavam desgastados e
trouxe enfim, e elas conseguiram . Até foram para ponto de ônibus fazer campanha,
confeccionaram urnas, e quando eu ouvi falar inclusive foi até relato de experiência na
ABENO, elas levaram, foi assim me marcou assim, o resto da vida (voz embargada),
perfeito, achei, fiquei muito feliz...(Suj.9))
Como outros casos aqui também , como mais recente lá no vilage campestre do
controle social, mas teve outraexperiência que me marcou também , eu chego já
lá, a outra foi da humanização que é um trabalho que vem sendo realizado pela
Ana Luíza também lá no Carminha, que me marcou bastante...(Suj.9)
. A outra a promoção de saúde que trabalhou o empoderamento do indivíduo, lá da
comunidade, né, lá no village Campestre, as oficinas, de geração de trabalho e
renda...(Suj.9))
E outro projeto que marcou bastante, foi o Projeto saúde na ...
Saúde na mão capoeira no pé, que acontecia lá no Denisson Menezes, também quer
dizer então...(Suj.9).
INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO
, tinham aquelas assim que eram descompensadas, mas deu até uma
compensadinha, é os hipertensos, começou a controlar melhor a hipertensão,
teve inclusive assim, pacientes que a médica até reduziu a medicação, passou
para mim assim, não que aquilo fosse tudo, mas para o psicólogico delas aquilo
era bom,(Suj.8)
Outros Profissionais/Interdisciplinaridade/multidisciplinaridade
_ Eles íam aos sábados, então a odontologia, não é a odontologia, a saúde de
uma forma geral , trabalhando a interdisciplinaridade...(Suj.9))

8- ACADEMIA
PPC/MUDANças...Essa coisa de dizer “ o paciente não é só boca”, eu ouvia muito na
minha época da faculdade, todo professor dizia: “Paciente não é só a boca”, na prática
a gente não conseguia visualizar...O paciente era só um dente às vezes...ou só
gengiva, é...(Suj.1)
na verdadeo ideal era que os professores da Universidade também estivessem

85

inseridos no SUS, para eles poderem passar um pouco de vivência para vocês, só que
isso não acontece, pelo ou menos, já ter vivenciado o SUS,né . Como eles não são, os
professores são os bons técnicos de antigamente, os bons dentistas.(Suj.1)
É o meu projeto, eu vou ter um grupo focal com os professores...(Suj.1)
O problema já houve há anos atrás com o pessoal que se formou tempos atrás, teve
essa busca de campo que até acontece no CESMAC, mas parou...e não tem mais
disponibilização de transporte para levar a gente e tudo o mais.(Suj.2).
Eu tive aqui pensando na gente isso, o problema é...que aqui o aluno tem que ir à
frente só que aí quando o aluno vai à frente às vezes ele é barrado...(2)
(L 214 e 215)
_... como eu já fui muitas vezes barrada, e sou barrada sempre, aqui.
_Mas eu não mudo, eu tenho que falar minha gente...(Suj.2)
Não e nem é só isso,tipo , é como aquilo você vai lá e diz a realidade tem que mudar ,
“mas minha filha não vai mudar,esqueça”...
(Suj.2)
O que é que os professores minha gente querem quando saem daqui, é enricar no
consultório deles...”(Suj.2)
E a maioria deles também se formou aqui...(Suj.2)
Porque a gente como aluno, a gente se espelha muito também nos professores e a
realidade que eles passam para a gente é completamente diferente da realidade
lá fora.(Suj.2)
_ Isso aí foi até engraçado o que aconteceu comigo. Eu perguntei a um professor se
ele já tinha atendido pelo SUS, se já não tinha atendido pelo serviço público. Aí, ele
respondeu , já. “já, eu atendi, quando eu era da aeronáutica, eu atendia o
pessoal”...(Suj.2)
_É porque assim, como mudou os professores, muda totalmente! Na clínica de
prótese, se você tiver professores diferentes, a clínica muda, o ar da clínica, a forma
como você vai atender...(2)
(L464 a 466)
Aqui, por isso, que eu disse que os professores não formam para a gente ser crítico,
eles já começam daí da exigência da meta!(2).
Não existe humanização, não existe humanização(Suj.2)
-Eu acho assim ...que tem muita coisa para ser mudada aqui na Universidade
mesmo, porque os pacientes que a gente atende aqui são pacientes do do PSF, tipo
os trabalhos que a gente idealiza que fosse feito no PSF, a gente poderia fazer aqui e
Não é feito...aqui a gente já entra na clínica com meta para bater , tipo não tem nem
tempo de conversar com o paciente sabe, aqui na clínica mesmi isso já é muito
técnico...(Suj.4)
O problema é os alunos serem ouvidos...(Suj.4)
_ Eu acho assim, que esse esquecimento é muito a curto prazo...Por que eu lembro
que a gente agora no quinto período, o professor de “Cario” tava falando pra genteque
ele se batia muito falando de aplicação do flúor, num sei quê, num sei quê e num sei
quê.
_Ele falava que tipo, quando chegava o aluno na clínica III, clínica IV, que ele via a
necessidade do paciente de fazer uma aplicação simples de flúor, que não vai gastar
nada do seu tempo, os professores não pedem e quando o aluno fala que vai fazer os
professores dizem que é perda de tempo, que é isso, que é aquilo outro, que é para
fazer aquilo e aquilo e pronto, tipo, são coisas que nenhuma clínica faz e na outra
não faz, porque mesmo o paciente precisando não é obrigado a clínica fazer,
então, deixa para lá ,e sabe... é um trabalho que poderia ser feito é fácil de fazer ,

86

qualquer pessoa faz mas, não faz porque não é para aquela clínica e pronto...(Suj.4)
Eu acho muito interessante essa proposta do ministério né do PET, do Pró/PET, eu
vou relatar só duas coisas, dois resultados positivos e que me deixaram bastante feliz,
um foi logo no início, no término do primeiro que eu estou desde 2008 quando foi
lançado o primeiro edital, e aí eu recebi o feedback dos alunos que participaram
quando eles foram fazer o estágio extra-muros né, que aí já são orientados por
professores que não estavam no contexto do PET, e que eles chegavam com
respostas: professora, que diferença!Quando a gente vai , vivenciar a cura, o
curativismo a gente não vai trabalhar a promoção de saúde, não trabalha a prevenção,
volta a atender de forma mecânica, né , que vai contra..Aí você volta, é como se fosse
um retrocesso(Suj.9)

_ Quando é que a gente vai ter uma conversa desta com os professores daqui da
Universidade?(tom de revolta) (Suj.4)
_ Os alunos participando, os professores e vocês?( Suj.4)
Quando a gente vai fazer uma roda de conversa dessas com os professores daqui da
UFAL?(Suj.4)
, eu acho assim que a gente deveria ter mais prática na saúde pública...(Suj.4)
os
professores de saúde coletiva pode, deveriam estar incluídos na clínica.(Suj.6)
Eu acho que o professor de saúde Pública deveria estar inserido na clínica, além
de ajudar a gente, o pessoal que não está no PET a acordar iria também, ajudar o
professor que está na clínica a acordar. Mas, o professor de saúde coletiva lá...(Suj.6)
...para você humanizar em cima, tem que começar a mudança todinha aqui, e quem é
que vai fazer essa mudança, não são só os professores, os alunos precisam ser
os primeiros a serem ouvidos, a população precisa ser ouvida...todo mundo que
vai usar precisa ser ouvido, para voc6e mudar o processo porque vocês vão
precisar mudar para vocês que vãose formar mas também precisam favorecer ao
usuário que ele é o principal de tudo!( Suj.7)
-Sair, extrapolar os muros da Universidade...minha gente, isso precisa acontecer! A
Universidade precisa sair daqui! Mudar!(dúvida se coloca na categoria 3,Suj.7).
_Ah, então até a clínica aqui é fragmentada!(Suj.7)
_Precisa criar um protocolo, a Universidadeprecisa criar um protocolo
interno...(Suj.7)
, surgiu a proposta de fazer um forum, foi sobre diretrizes curriculares envolvendo
Universidade, profissionais, alunos, profissionais do SUS, e aí vai incluir a gestão, e a
universidadepara a gente fazer essa mudança de currículo na Odontologia, então que
eu acho que é o primeiro local de discussão, agora que tem que ter participação
maciça de alunos porque vocês é que vão ser os maiores beneficiados com essa
mudança, né, e se vocês não participarem o forum não vai acontecer, porque não vai
ter público para discutir com os professores...Porque eles estão diretamente ligados a
vocês, a gente sabe de tudo que vocês estão falando...mas a gente tá lá na ponta e a
gente não vai influenciar muito no professor aqui dentro...quem vai influenciare quem
tá aqui são vocês!(Suj.7)
...E na Universidade vocês o que eu acho é que você ainda tem aquele currículo
fragmentado, você vê as disciplinas, mas, não vê as interrelações delas uma com a
outra.Então vcs, que tem a oportunidade de participar do PET, aí começam a ver nas

87

unidades de saúde isso!Trabalhar a interdisciplinaridade o multiprofissionalismo isso,
ent#ao isso que eu acho que é diferente da Universidade, eu acho que não mudou
muito da minha época para hoje, teve até algumas mudanças mas não as
necessárias.(Suj.8))
...É necessário que haja uma mudança no currículo né, no projeto político
pedagógico da Universidade, que ela se adeque melhor as DCNS, que é onde você
vê que ela tem , que você tem que formar um profissional para trabalhar no SUS,
como integral,? (Suj.8)
O que você vê no projeto político pedagógico daqui é que só é para ter o estágio
exigido no décimo período, então como é que em um único período voc6e vai
vivenciar tudo o que você aprendeu, ou que teoricamente você viu ou deveria ter
aprendido no curso todo? Então vc não foi formado para isso, né verdade? Então não
dá tempo...(L179 a 182)
_ Sem falar que vai perder tempo, como é que vai para os seus consultórios...(Suj.8)
_ E com certeza, se todo mundo, a gente conseguir que haja uma mudança nessa
grade curricular...(L 874)
de saúde coletiva e que essa pessoas e que os alunos saíam com essa formação, a
gente além da gente bombar, é bom, mas o melhor é a rspodta que a sociedade vai
ter, porque eles vão ter uma saúde muito melhor com certeza... eles não vão ter tanta
pobreza e tantos agravos, porque vão ter prevenção...
(Suj.8)
...a gente enfrenta uma formação baseada no modelo “Flexneriano do modelo
americano que absorvemos, e que uma grande parte dos professores estão seguindo
este modelo. O grande desafio é a gente quebrar isso, é a gente flexibilizar,
sensibilizar fazer com que eles compreendam isso, sensibilizá-los...(Suj.9)
Então este é o grande desafio nosso, o que a gente, como é que a gente vai
sensibilizar, como é que a gente vai conscientizar e trazer... a gente está tentando,
através da participação no NDE, é...que eu faço parte, e ...nós fizemos o levantamento
de algumas Universidades do país que já têm em seu currículo, as disciplinas de
Saúde coletiva em todos os anos e que já vem trabalhando dentro dessa perspectiva...
e aí aos poucos a gente vai tentar conscientizar essas pessoas, porque esse núcleo o
objetivo é tentar, levar propostas para mudanças do currículo...então existe uma
esperança que a gente consiga.(Suj.9)
É aquele modelo tradicional ainda, né!
Então retomando aquela questão de de você fazer o link, né, entre a clínica com o que
se vê aqui e o campo, lá na comunidade...é comum a gente ouvir falar: Ah, não tem
paciente, ah não chega paciente aqui que tenha problema, que tenha câncer, na
disciplina de...estomatologia, uma das atribuições do CD dF é o que fazer busca ativa,
né!é um trabalho que pode ser vinculado, que contribuição né, não poderia, não
é?(Suj.9)
_ Com certeza a gente está discutindo isso.Tem que pegar experiências próximas,
né!(9)
(L267)
_E inclusive, né , tem uma proposta (eita, eu não sei se é proposta...) de convidar uma
professora, que é coordenadora do NDE de medicina, para conversar e aí eu lancei a
proposta e eles aceitaram (Graças a Deus) e aí a gente vai conversar e de
repente...(Suj.9)
Nós temos...dois professores de saúde coletiva!!!(9)
_ agora que abriu o concurso, “aleluia, irmãos!!”, então vai entrar mais um professor. A
gente precisa de mais pessoas, para trabalhar com a gente, tentar né, modificar

88

essa...esse pensamento!(Suj.9)
_Eu tava então, pensando aqui né, que momento único que a Cláudia tá aqui
proporcionando para a gente, e eu acho que a partir deste momento, a gente nós
podemos tá saindo com propostas, aproveitando esta riqueza,né...(Suj.9)
Mas, assim a proposta que já tem é o forum, certo com o Hidelberto...Não esqueci do
forum.(Suj.9)
_ Mas a gente tá pensando assim, em algo escrito que a gente leve como proposta
para o Núcleo docente estruturante...pra que a gente leve né, proposta de mudança
de currículo.(Suj.9)
Que venham mais professores!(Suj.9)
_ A gente tem que estimular mais os projetos de extensão, né, como o PET e tal
coisa...(Suj.9)
É porque o aluno não vê muita coisa na prática...aí fica aquela coisa de
teoria...(discussão sobre ter pouca aula prática em saúde coletiva.( Suj.10)
_ Mais trabalhos voluntários tá faltando...eu sinto que quando aparece o trabalho
voluntário, o público ah vai ter tal coisa, tal dia...(Suj.10)
É tipo assim, vou perder tempo, n#ao vou ganhar nada...Mas é tem que ser investido
nessa questão do voluntariado, aqui. Que raramente quase nunca tem, até conversei
com uma amiga minha, ela mas você tem assistente social, tem voluntariado, tem
essa questão? Por que não tem?(Suj.10)
PPC/ MUDANÇAS gente quer falar com o professor, e o professor”bora, bora, já
atendeu?Vamos terminar para botar outro paciente”(Suj.10)
OUTROS PROFISSIONAIS/INTERDISCIPLINARIDADE/
MULTIDISCIPLINARIDADEPorque eu acho que todo mundo falou que é importante
ter essa interdisciplinaridade, a gente ainda não consegue ver isto aqui, e no
PET é uma distância, diferença enorme daqui para o PET, a gente abre a nossa
cabeça assim, óhh!!!(L70 a 72)
É porque com a meta a gente acaba esquecendo do paciente, de conversar...tem que
cumprir com a tarefa....(L139 e L140)
A gente, é como eu disse, tem que sair daqui, se sair só com o que a gente vê aqui , a
gente não vai ter a oportunidade de trabalhar com outros profissionais...(Suj.6)
por que o sistema de saúde da gente não é o SUS? Então você não pode trabalhar só
uma coisa,tem que ter a interdisciplinaridade...(Suj.8)

FORMAÇÃO P O SUS-Por isso que eu acho que o PET acaba complementando a
formação do aluno, porque vocês acabam vivenciando coisas que na faculdade
vocês não vão vivenciar...(Suj.7)
E quem fomenta a Universidade é o SUS, o SUS, vocês estão estudando no SUS
praticamente,pois, vocês atendem os pacientes aqui, então vocês precisam conhecer
este sistema mais a fundo.
_ mas, a visão é essa mesma, é a visão que eles tem, é que o serviço público é
para quem ficou com nada, assim é para quem não conseguiu, é a última opção, não
é não é essa a realidade de jeito nenhum,(Suj.7)
Beleza, a gente precisa formar para o SUS, hoje a visão é formar pro SUS, só que os
professores não sabem o que é SUS, não sabem o que é SUS, não conhecem o

89

SUS e não trabalham com isso, e eles mesmos estão angustiados com isso,
então não tem que estão...(Suj.7-)
_ É que ninguém quer sair de sua comodidade aqui, entendeu? É muito cômodo
chegar aqui na sua sala com ar condicionado, tudo bonitinho, nanana...Ir para a rua,é
né? Lidar com a pobreza mesmo, tem gente que não tá preparado para ver miséria
não..(Suj.7)
Como é que vai para os seus consultórios, quando a gente vai para a área não tem
hora de voltar!(7)
(Suj.7)
E a formação é para isso, por isso que vocês tão formando para o SUS... Para
vocês conseguirem mudar, mudar o Sistema, mudar a zona de conforto que o
pessoal tá lá acostumado, você tá entendendo?(Suj.7)
_ É só o dia que vocês disserem...(Suj.7)
Por isso que tem que mudar a formação, porque o gestor ele foi formado...(L756) _
Então, ele foi formado naquele modelo e a cabeça dele não evoluiu, e vocês que
estão sendo formados agora têm que ser formados aprendendo como vocês estão
porque um dia vocês vão chegar lá e vocês podem ser gestor, e vocês já vão
mudando...(Suj.8)
_Você quer ser rica ou você quer ser pobre...Eu já ouvi um comentário de um
aluno...(Suj.9)
Agora que contra censo, nós estamos em uma Universidade pública Federal que
está sendo financiada e que a gente tem sim que dar uma retribuição...(Suj.9)
GENERALISTAS/ESPECIALISTAS
E mesmo ele indo para o privado, ele vá para o privado com consciência de que
saúde não é mercadoria, não sair com essa visão só do sifrão na...(Suj.9)
_ Eu vou confessar aqui...não sei se você vai colocar aqui...tá!! eu isso que eu falei de
busca ativa, isso eu sugeri porque isso foi uma coisa que surgiu no NDE, que tinha
dificuldade de pacientes, aí eu falei: “ o campo lá é rico!”, a gente tem como tá
trazendo estes pacientes, a gente fazer essa ligação, aí uma pessoa do núcleo, virou
para mim, um professor do núcleo disse: “lá vem ela com comunidade, só pensa lá
com a comunidade!”(Suj.9)
_ É então pode fazer as duas coisas, não é só para o SUS...A gente, a disciplina de
Saúde coletiva, é claro que a gente dá uma ênfase muito maior para o público, né,
mas que vocês também são formados para atender no privado, agora com esse olhar
que você falou, de você considerar o paciente como um todo, de você ouvir, ter uma
escuta que é importante, para você fazer um bom diagnóstico e tudo, precisa de
humanização e de acolhimento.(Suj.9)
“Eu fiz odonto por que dá dinheiro”!!!((imitando a voz de um professor)(Suj.10)
_”Tempo é dinheiro”!(imitando a voz de outro professor)(Suj.10)

9-SERVIÇO
GENERALISTA/ESPECIALISTA
Aí, quando eu me deparei com a realidade do serviço público do PSF, que é onde eu
trabalho, aí, na verdade o paciente grita assim dizendo, que ele não é só boca, e você
é obrigado a ver o paciente como um todo, e não só mais como um dente, porque
ele traz muitas situações, ele vem de um contexto, e então você é obrigado a ver o
paciente como um todo, e não só mais como um dente, porque ele traz muitas
situações, ele vem de um contexto, e então, e então você é obrigado a ver o paciente
como um todo e n#ao só mais como uma boca, e isso é e foi uma das coisas que me

90

impactaram mais quando eu me formei.(Suj.1).
FORMAÇÃO PARA O SUSMas, não é isso minha gente, no PSF a gente também
vaiter meta para bater...teoricamente...(Suj.2).
... pude ver também o “porquê” muita gente critica o SUS, porque não funciona...Mas,
por que não funciona?...Aí, quando a gente vai para lá, a gente vê, porque não tem
material, mas por que? Porque o gestor não vai, por “N” motivos, tipo é muito fácil
criticar o SUS, dizer não, só é bonito na teoria...Mas você sabe por que não funciona ,
você sabe? Você não sabe, então, você não tem que tá falando entendeu?Quando
você vai para lá e vive outra realidade, aí você começa a saber, porque as coisas
não dão certo...(Suj.2)
e de ter o senso crítico para as coisas porque a saúde pública não está restrita
não sei apena a clínica, mas ela precisa de uma boa gestão eu acho que isso é
que faz a diferença.(Suj.5)
Mas e aí depende de quem? Mas o problema está no SUS por falta de material? Não,
o problema está no profissional, porque o SUS não dá certo por causa de nós que
trabalhamos nele, porque a gente que trabalha no SUS precisa mudar, você tá
entendendo?(Suj.7)
Tenham esse pensamento, que vocês são futuros gestores , e entrem no SUS,
abracem o SUS, que tem “N” áreas para você, mesmo dentro do SUS, vocês têm
diferentes caminhos que vocês podem seguir, não é só ser dentista do PSF, tem muita
coisa que vocês podem fazer...(Suj.7)
Uma coisa que a gente precisa tá enfocando, e eu dô esse conselho para o CRO, é
que me chamou muito a atenção foi a palestra foi sobre empreendedorismo. E não
tinha quase ninguém do PSF e do SUS, é porque empreendedorismo é só para quem
tem consultório.Gente a gente precisa fazer empreendedorismo no SUS!(Suj.7)
O SUS a gente tem que levar ele também como uma empresa, poque tudo funciona
como planejamento, tudo funciona... E o SUS tem tudo isso, o PMAC tá aí, é melhoria
de qualidade do serviço, tudo então, ele tem que funcionar como se fosse, tem coisa
que tem que funcionar como se fosse privado mesmo e empreender no SUS esa é a
questão!(Suj.7)
_ Aí que entra o controle social, precisa trabalhar mais essas pessoas, para mostrar a
elas que a participação popular tem um poder decisivo, quando eles aprenderem isso,
eles vão lutar e vão saber que aquele posto ali, e aquelas pessoas que estão ali elas
têm que atendê-lo sim, porque eles foram formados para isso, eles ganham para isso,
eles não estão fazendo nenhum favor.(Suj.8)
APRENDIZADO/ESTUDO/ATUALIZAÇAO
_ É no meu caso, também foi muito parecido com o do pessoal, eu pude ver o porque
das pessoas chegarem aqui com aquela fome, naquela condição, por conta de toda
aquela condição dela...(Suj.2)
eu acho que o que falta mesmo é conhecimento para as pessoas, porque tipo, uma
pessoa que vai para o posto de saúde que diz que não vai ser atendido, ela volta pra
casa sem saber que é direito dela ser atendida, entendeu? Eu acho que o que falta
muito de educação, tanto pra gente pros profissionais que estão sendo fermados,
quanto para as pessoas da comunidade, que não sabem seus direitos , não sabem
seus deveres, não sabem nem como cobrar, a quem pedir entendeu?(Suj.4)
_ Para ela contagiar trocentos pessoas é muito difícil...
ANTI MODELOS
o que me marcou muito foi a carência da comunidade, pelo jeito que eles são tratados
lá no PSF, desde o técnico de enfermagem até o médico sabe, o pessoal da
administração, tudo... Eu acho que é uma falta de respeito muito grande que tem

91

ali...Eu acho que se fosse o pai ou a mãe deles alguém que estivesse lá, eles não íam
tratar daquela maneira, as pessoas são carentes realmente, tipo...(Suj.4)
Eu vejo assim também que tem muito desgaste, porque eu mesma quando entrei na
faculdadea imagem que eu entrei de saúde pública era aquela coisa perfeita sabe,
aquela que a equipe toda ía chegar lá na unidade ía trabalhar e ía trabalhar para a
comunidade, íam fazer projeto e isso é uma coisa que não acontece, porque é aquela
coisa chegar uma dentista bem formada com esse tipo de cabeça, em uma unidade,
em que as outras pessoas não são assim...(Suj.4)
tem muita coisa que o SUS não dá certo, porque depende dos profissionais também,
não é culpa da gestão, tem muita culpa que é da gestão sim, mas muita culpa queé
dos profissionais também!(L 726 a 728) _ O perfil profissional que não é adequado, ele
só tá lá para ganhar o seu dinheiro dele e ir embora, quem não tem compromisso... E
aí na gestão também tem do mesmo jeito, por isso que não funciona...(Suj.7)
OUTROS PROFISSIONAIS/INTERDISCIPLINARIDADE/MULTIDISCIPLINARIDADE
acho que falta é...mais pessoas de serviço social, pessoas de psicologia para
trabalhar com a equipe interna do posto de saúde...para trabalhar esta relação
do profissional de lá com a comunidade, pois eu achoque é muita falta de respeito
assim, eu sei que tem aquele limite, você tem que impor respeito e tal, mas acho que
pelo ou menos a educação é necessária.(Suj.4)
_É não precisa de intimidade entendeu, mas, precisa de um mínimo de respeito
possível.(Suj.4)
GESTÃO
_ Mas aí o que acontece...a gente também tá batendo na questão da gestão
_...nosso conselho gestor foi implantado...mas a gestão acabou com ele, porque ela
ainda não preparou, a gente tá lá com ele montado, ele foi eleito, no dia da eleição o
secretário não foi, o fizeram, a gente se praparou, na eleição foi terrível decepcionou
todo mundo. A gestão decepcionou a gente, a gente teve um trabalho, para montar
ele, a gestão não valorizou ele, fez uma posse assim...e até hoje não fez o curso
preparatório porque depois que monta tem que dizer quem é secretário...não sei que.
E a gente tá a quase 3 meses, e o que é que a gente vai fazer? Nós temos que ter
atitude, a gente vai preparar eles , começar a se reunir com eles e preparar esses
conselheiros independente da gestão.(Suj.7).
porque eu lembro bem, que na Unidade tem horas, que a gente fica realmente triste
com a falta das coisas, com o que acontece, com o descaso da gestão que não tá nem
aí, ah não tem, ah tá tudo bem...você liga, olha e diz quebrou, ah tá tudo bem, vou
anotar aqui e nunca vem! Aí, você fica bem triste...(Suj.8)
_ Não adianta só a gente está levando pro SUS e acredito que também muitos se
sentem desestimulados, e vamos considerar assim, quando a gente chega em
determinadas unidades de Saúde, a gente vê o mau funcionamento, aparelhos
quebram e falta de material ,né, e aí então, assim, necessita também uma
conscientização da gestão, dos gestores... por que n#ao adianta, a gente vai levar,
para ver o que , algo que tá lá...quando seria, ver tudo...
(Suj.9)
há rato andando pela unidade..(Suj.9)
Por que falta material? Porque a galera não vai atrás, não vai reclamar...(Suj.10)
INTEGRALIDADE DA ATENÇÃOMas lá você tem trabalho integral, você num
trabalha quarenta horas no PSF?(Suj.8)
Simplicidade, acolher...( Suj.8)

92

VIOLÊNCIA
.a questão da violência, é um problema que eu acho muito sério...muito grave...muito
grave...A viol6encia tá aí assolando, a gente leva os alunos para a unidade, então
fecha o posto e sai todo mundo, e a gente recua e eles deitando e rolando aí, fazendo
o que querem e nada, né...(Suj.9)

93

APÊNDICE E – Cronograma de Atividades do Mestrado
7. Cronograma
Atividade
Revisão
Bibliográfica
Produção do
projeto
Plataforma
Brasil
Licença
Maternidade
Contato com
os sujeitos
Realização
do grupo
focal
Transcrição
do grupo
focal
Análise dos
dados
Qualificação
Finalização e
apresentação
da
dissertação

3
x

4
x

5
x

6
x

7
x

2012
8 9
x
x

10
x

11
x

12
x

x

x

x

x

x

x

x

x

x

x

1

x

2

x

3

x

4

x

5

x

6

2013
7 8

9

x

x

x

10

11

x

x

12

1

2

x

x

3

2014
4 5

6

7

8

x
x

x

x

x

x

x
x

x

x

x

x

94

APÊNDICE F- Quadro com Sugestões à Proposta Pedagógica Curricular em função dos conjuntos de Sentidos – Relatório
Técnico da pesquisa: Pró/PET Saúde III e o perfil formativo em do odontólogo.
Conjuntos de
sentidos

Sugestões

Proposta Pedagógica
Curricular/Mudanças
Discussão coletiva da
PPC:
estudantes,professores,
população e
profissionais.
Maior integração
teórico-prática

Formação para o SUS

Generalistas/Especialistas

Orientar a formação p/
o
SUS(Responsabilidade
social e legal)

Reforço do Perfil
Generalista, humanizado e
cidadão em acordo as
DCNOs.

Formação para a
gestão no SUS

Aproximação entre ciclo
básico e
profissional(inclusive na
estrutura física)

Utilizar modelo PET
para aproximação com
o SUS

Combate ao olhar
mercantilista da profissão
na academia
Formar profissionais que
possam trabalhar no SUS e
no mercado privado vendo
à saúde como prioridade e
não como mercadoria

Iniciação do estudante o
mais cedo possível em
estágios.
+ Práticas na saúde
coletiva

Voltar à formação p/ a
APS e promoção de
saúde
Práticas voltadas p/ o
aprendizado da ESF e
níveis de atenção do
SUS e suas relações
Cenários de prática
diversificados
Compreender
necessidades de saúde
da população,
pesquisa

+Projetos de extensão
+Trabalhos voluntários

Outros
Profissionais/Interdisciplinaridade/Multidisciplinaridade
Ampliar a rede de relacionamento entre professores e
alunos de odontologia com outros cursos

Promover a Interdisciplinaridade na academia

Incentivar a participação em projetos de extensão que
visem a interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e
fortaleçam o trabalho em equipe.

Orientação e incentivo à prática inter e multidisciplinar
no futuro mercado de trabalho.

95

Utilizar modelo Pró/PET
Saúde III como
alternativa para
integração
Envolver toda a
comunidade acadêmica
c/ as mudanças
Centralização do ensino
no estudante
Contratação de mais
professores
Contratação de
professores c/ mestrado
e doutorado (MEC) e c/
experiência no SUS.
Professores de Saúde
Coletiva inseridos nas
práticas clínicas
ambulatoriais
Protocolo interno p/
práticas docentes
Promover relação
professor-aluno
horizontalizada

epidemiológica,
pesquisa no SUS.
Rever mercado de
trabalho no
SUS(possiblidades p/ a
Odontologia)
Combate à cultura que
associa a formação p/
o SUS p/o pobre

96

ANEXOS

97

Anexo A – Termo de consentimento livre e esclarecido

98

99

100

ANEXO B – AUTORIZAÇÃO DO PROJETO NO COMITÊ DE ÉTICA EM
PESQUISA