Definição de Competências sobre Cuidados Paliativos para a Formação Médica - Kátia Macário Santos Quintiliano
Data da defesa: 22/04/2020
DEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIAS SOBRE CUIDADOS PALIATIVOS PARA A FORMAÇÃO MÉDICA – KÁTIA MACÁRIO SANTOS QUINTILIANO.pdf
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO PROFISSIONAL DE ENSINO NA SAÚDE
KÁTIA MACÁRIO SANTOS QUINTILIANO
DEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIAS SOBRE CUIDADOS PALIATIVOS PARA A
FORMAÇÃO MÉDICA
MACEIÓ
2020
KÁTIA MACÁRIO SANTOS QUINTILIANO
DEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIAS EM CUIDADOS PALIATIVOS PARA A
FORMAÇÃO MÉDICA
Trabalho Acadêmico de Conclusão do Curso
apresentado ao Programa de Pós-Graduação
em Ensino na Saúde da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal de
Alagoas, como requisito parcial para obtenção
do grau de Mestre em Ensino na Saúde.
Orientador: Prof. Dr. Francisco José Passos
Soares.
Maceió
2020
Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central
Divisão de Tratamento Técnico
Bibliotecário: Marcelino de Carvalho Freitas Neto – CRB-4 – 1767
Q8d
Quintiliano, Kátia Macário Santos.
Definição de competências em cuidados paliativos para a formação médica /
Kátia Macário Santos Quintiliano. – 2020.
58 f. : il.
Orientador: Francisco José Passos Soares.
Dissertação (Mestrado em Ensino na Saúde) – Universidade Federal de
Alagoas. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ensino na
Saúde. Maceió, 2020.
Inclui bibliografia.
Apêndices: f. 39-53.
Anexos: f. 54-58.
1. Ensino superior. 2. Medicina - Currículo. 3. Cuidados paliativos.
4. Competência Profissional. 5. Formação profissional. I. Título.
CDU: 378:61
Dedico este estudo a todos os pacientes
que já precisaram, precisam ou precisarão
de cuidados paliativos, de atenção, de
amor.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Francisco José Passos Soares, pela paciência e compreensão.
A todos os professores e técnicos do Mestrado Profissional em Ensino na
Saúde, pela dedicação e apoio.
Ao meu esposo e aos meus filhos, pelo amor incondicional.
Aos meus amigos de mestrado, pelo carinho e estímulo mútuo.
“Não podemos acrescentar dias a nossa
vida, mas podemos acrescentar vida aos
nossos dias.”
Cora Coralina.
RESUMO GERAL
O Brasil apresenta, assim como outros países em desenvolvimento, uma mudança
demográfica com redução das taxas de natalidade e mortalidade, aumento da
expectativa de vida e envelhecimento da população. Diante deste cenário,
aumentam o número de doenças crônicas ameaçadoras da vida. Para cuidar de
pacientes acometidos por estas doenças, estão sendo estudados e desenvolvidos
os cuidados paliativos. A matriz curricular de uma escola médica deve concordar
com a prática profissional e ser pautada pelas necessidades da sociedade. No
Brasil, a formação médica apresenta deficiência na abordagem dos cuidados
Paliativos. Desta forma, o objetivo deste estudo é definir as competências em
cuidados paliativos necessárias para a formação do médico generalista. A Pesquisa
foi do tipo descritiva e exploratória utilizando-se da técnica Delphi. A amostra foi
constituída por 11 médicos onde suas especialidades permitem ter área de atuação
em cuidados paliativos. Na primeira rodada de perguntas foram elencadas
competências, que os profissionais consideraram necessárias para um médico
generalista; na segunda os participantes escolheram as competências após o
compilado da primeira rodada, com o acréscimo de algumas competências citadas
no Libro Blanco; e na terceira rodada foi validada a matriz de competências
elaborada por consenso. As recomendações mais votadas pelos painelistas foram:
conhecimento sobre cuidados paliativos, cuidados paliativos na atenção básica,
controle de sintomas, trabalho interprofissional, habilidades de comunicação e
bioética. Uma matriz com 30 competências foi desenvolvida, separando
competências relacionadas ao conhecimento e outras relacionadas às habilidades. A
partir deste resultado, foi desenvolvido um produto. Conhecendo que uma matriz de
competência otimiza o tempo de formação médica e direciona o conteúdo ensinado
na faculdade para a realidade no contexto social e de saúde, o produto tem o
objetivo de adequar a matriz de competências resultante do estudo aos ciclos de
ensino-aprendizagem da FAMED/UFAL. Ao identificar uma deficiência na
abordagem sobre cuidados paliativos na matriz curricular do curso de Medicina da
UFAL, foi proposta uma nova matriz de competências, com inserção transversal de
conhecimentos e habilidades em cuidados paliativos, considerando os ciclos de
aprendizagem. O estudo utilizou a técnica Delphi, uma importante ferramenta de
pesquisa qualitativa, que proporcionou a elaboração de uma matriz de competências
em cuidados paliativos, a qual poderá contribuir na qualificação da formação médica.
O desafio será implantar esta adequação diante de um currículo médico, que já
possui em vasto conteúdo, necessitando de discussões entre Núcleo Docente
Estruturante, colegiado e Docentes com expertise no assunto.
Palavras-chave: Cuidados paliativos. Competências. Medicina. Currículo médico.
GENERAL ABSTRACT
Brazil shows, like other countries in development, a demographic change with the
reduction of birth and mortality rates, an increase of life expectancy, and population’s
aging. Against this scenario, the number of life-threatening chronic diseases also
increases. To care of patients affected by those ills, palliative care is being studied
and developed. The curricular medical school matrix should agree with professional
practices to be ruled by society's needs. The medical formation in Brazil presents
some deficiency in the palliative care approach. The objective of this study is to
define competencies in palliative care that are needed for the generalist medical
formation. The research was descriptive and exploratory, using the Delfos technique.
The sample consisted of 11 doctors who’s expertise allow’s an occupation area in
palliative care. At the first round of questions, the competencies that the
professionals think as necessary to a generalist doctor has been listed; in the
second, they choose the competences after the first round collected ones, with the
increase of some competencies cited in the White Book; at the third round, the matrix
constructed by consensus was validated. The panelist’s most voted
recommendations were: knowledge on palliative care, palliative care on basic care,
symptoms control, interprofessional work, communication skills, and bioethics. A 30
competences matrix was developed, sorting out that one’s related to knowledge and
others related to skills. From these results, a product was developed. Knowing that a
competencies matrix optimizes the medical graduation’s duration and leads the
content taught in the course to the social and health context reality, the product has
as objective the adequacy the competences matrix resulted from this study to the
teaching-learning cycles on FAMED/UFAL. When a deficiency was identified on the
approach of palliative care in the curricular matrix of UFAL’s Medicine graduation
course, it was proposed a new competences matrix, with the transversal increase of
knowledge and skills in palliative care, considering the learning cycles. In this study
the Delphi technique was used, an important qualitative research tool that provided
the elaboration of a competences matrix in palliative care that may contribute to the
qualification of medical formation. The challenge will be to implant this adequation in
front of a medical curriculum that already possesses vast content, needing
discussions between Structure Teaching Nucleus, the collegiate, and professors with
expertise in these subjects.
Keywords: Palliative Care. Competences. Medicine. Medical curriculum.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
TABELA 1 – Temas selecionados (%) para compor a matriz de competências
em cuidados paliativos na graduação médica................................ 19
QUADRO 1 – Matriz de competências elaborada com as respostas
que foram consenso entre os participantes .................................. 21
QUADRO 2 – Matriz de competência com as respostas que foram consenso
entre os participantes ...................................................................... 28
QUADRO 3 – Plano executivo para introdução de conteúdos mínimos em
geriatria e gerontologia na matriz curricular da Faculdade de
Medicina – ciclo teórico-prático (1º a 8ºsemestres) –
Universidade Federal de Alagoas ................................................... 29
QUADRO 4 – Adequação da matriz de competência aos ciclos do curso de
Medicina na UFAL ............................................................................ 31
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANECA
Agência Nacional de Avaliação de Qualidade e Credenciamento
CEP
Comitê de Ética em Pesquisa
DCN
Diretrizes Curriculares Nacionais
DCNT
Doenças crônicas não transmissíveis
EAPC
Associação Europeia de Cuidados Paliativos
EAPC
Associação Europeia de Cuidados Paliativos
ENQ
Comitê Executivo da Associação Europeia de Garantia da Qualidade
do Ensino
ENQA
Associação Europeia de Garantia da Qualidade no Ensino Superior
FAMED
Faculdade de Medicina
MPES
Mestrado Profissional de Ensino na Saúde
MS
Ministério da Saúde
OMS
Organização Mundial de Saúde
PPC
Projeto Pedagógico do Curso
SUS
Sistema único de Saúde
TCLE
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFAL
Universidade Federal de Alagoas
UTI
Unidade de Terapia Intensiva
SUMÁRIO
1
APRESENTAÇÃO .......................................................................................... 14
2
ARTIGO: DEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIAS EM CUIDADOS PALIATIVOS
NA FORMAÇÃO DO MÉDICO GENERALISTA ............................................. 16
Introdução ...................................................................................................... 16
Metodologia ................................................................................................... 17
Resultados e discussão................................................................................ 19
Conclusões .................................................................................................... 22
Referências .................................................................................................... 23
2.1
2.2
2.3
2.4
2.5
3
3.1
3.2
3.3
3.4
3.5
3.6
PRODUTO: PROPOSTA DE ADEQUAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS EM
CUIDADOS PALIATIVOS PARA O CURSO DE MEDICINA DA UFAL ......... 26
Introdução ...................................................................................................... 26
Objetivo .......................................................................................................... 28
Metodologia ................................................................................................... 28
Resultados: o produto .................................................................................. 31
Considerações finais .................................................................................... 32
Referências .................................................................................................... 33
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TRABALHO ACADÊMICO .......................... 34
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 35
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ..... 38
APÊNDICE B – Tabela elaborada com as sugestões de competência
em Cuidados Paliativos feitas pelos participantes da pesquisa
com os temas descritos no Libro Blanco já incluídos ............................... 42
APÊNDICE C – Competências em cuidados paliativos na graduação
extraídas do Libro Blanco relacionadas ao conhecimento. Traduzida
pela pesquisadora ......................................................................................... 43
APÊNDICE D – Competências em cuidados paliativos na graduação
extraídas do Libro Blanco relacionadas a Habilidades. Traduzida pela
pesquisadora ................................................................................................. 44
APÊNDICE E – Respostas de cada painelista à pergunta: quais as
competências em cuidados paliativos são consideradas necessárias
para a formação do médico generalista ...................................................... 45
APÊNDICE F – Competências em cuidados paliativos consideradas
importantes pelos painelistas para a formação médica- Excluindo
duplicidade e com adequação dos termos descritos. 1º rodada
Método Delphi ................................................................................................ 46
APÊNDICE G – Questionário primeira rodada Técnica DELPHI ................47
APÊNDICE H – Questionário primeira rodada Técnica DELPHI ................49
APÊNDICE I – Questionário primeira rodada Técnica DELPHI ..................52
ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa ................................ 54
14
1 APRESENTAÇÃO
Doenças ameaçadoras da vida – como a cardiopatia, o câncer e a demência,
dentre outras – estão aumentando, seguindo a crescente expectativa de vida no
Brasil e no mundo, e ampliando o espectro de indivíduos com necessidades de
cuidados paliativos. Tais indivíduos necessitam, além de outros profissionais, de um
médico capaz de aliviar o sofrimento, controlar os sintomas e oferecer uma atenção
integral e humanizada.
O interesse pela área iniciou quando eu fui convidada a trabalhar por uma
colega oncologista como plantonista de uma enfermaria de cuidados paliativos; a
colega, naquele momento enfática, afirmava o quão gratificante era trabalhar
naquele setor, mas que era uma “outra medicina” diferente daquela ensinada na
faculdade. Ela se referia a diferentes e incomuns técnicas para controle da dor e de
outros sintomas, ao exercício diário da empatia e compaixão, à convivência
frequente com dilemas éticos e à experiência da morte com menos sofrimento.
Ao iniciar uma pós-graduação em Aperfeiçoamento em Cuidados Paliativos,
eu percebi que a deficiência na abordagem dos cuidados paliativos na formação
médica é uma realidade no Brasil, inclusive no Estado de Alagoas. Percebeu ser
fundamental, para mudar essa realidade, definir as competências em cuidados
paliativos necessárias para o perfil do egresso em Medicina.
No Mestrado Profissional em Ensino na Saúde (MPES) da Faculdade de
Medicina (FAMED) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), identifiquei a
possibilidade de contribuir para uma formação médica humanizada e inclusiva dos
cuidados paliativos.
Com a pergunta “quais as competências em cuidados paliativos necessárias
para a formação de um médico generalista?” foi iniciada a pesquisa, utilizando-se a
técnica Delphi como estratégia metodológica e também das Diretrizes Curriculares
Nacionais para o curso de Medicina, estas como documento norteador.
O estudo define as competências em cuidados paliativos para o perfil do
egresso em Medicina. Como produto foi desenvolvida uma matriz de competências
em cuidados paliativos a ser apresentada na proposta de incorporá-la à matriz
curricular do curso de Medicina da UFAL.
O estudo possibilitou o crescimento pessoal, como docente e pesquisadora,
promovendo reflexões sobre as competências necessárias para a atenção
15
humanizada à área de cuidados paliativos, bem como o desenvolvimento de um
produto visando à atualização, com adequação do Projeto Pedagógico do Curso
(PPC) da Faculdade de Medicina em questão à matriz de competências
estabelecida.
16
2 ARTIGO: DEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIAS EM CUIDADOS PALIATIVOS NA
FORMAÇÃO DO MÉDICO GENERALISTA
Kátia Macário Santos Quintiliano1 e Francisco José Passos Soares2
1
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas, Brasil. kalmacario@hotmail.com;
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas, Brasil. francisco_passos01@hotmail.com
2
Resumo. A matriz curricular de uma escola médica deve concordar com a prática profissional e ser pautada
pelas necessidades da sociedade. No Brasil, a formação médica apresenta deficiência na abordagem dos
cuidados paliativos. Objetivo: Definir competências em cuidados paliativos necessárias para a formação do
médico generalista. Metodologia: Pesquisa descritiva e exploratória utilizando-se da técnica Delphi. A
amostra foi constituída por 11 médicos onde suas especialidades permitem ter área de atuação em
cuidados paliativos. Na primeira rodada de perguntas foram elencadas competências que os profissionais
consideraram necessárias para o médico generalista; na segunda os participantes escolheram as
competências após o compilado da primeira rodada, com o acréscimo de algumas competências citadas no
Libro Blanco; e na terceira rodada foi validada a matriz de competências elaborada por consenso.
Resultados: As recomendações mais votadas pelos painelistas foram: conhecimento sobre cuidados
paliativos, cuidados paliativos na atenção básica, controle de sintomas, trabalho interprofissional,
habilidades de comunicação e bioética. Uma matriz com 30 competências foi desenvolvida. Conclusões: A
técnica Delphi é uma importante ferramenta de pesquisa qualitativa que proporcionou a elaboração de uma
matriz de competências em cuidados paliativos, a qual poderá contribuir na qualificação da formação
médica e na assistência à saúde da população.
Palavras-chave: Cuidados Paliativos; Medicina; Competência; Curriculo Médico.
Competences on palliative care in the training of general practitioners
Abstract. The curricular matrix of a medical school should agree with the professional practice and based on
social necessities. In Brazil, the medical undergraduate has deficiencies in the palliative cares approach.
Objective: To define the necessary skills and palliative cares at the general practitioner’s formation.
Method: Descriptive and exploratory research using the Delphi technique. The sample was composed of 11
medical doctors where the specialty allows the practice in the palliative care field. At the first round of
questions, the skills listed were that the professionals considered necessary to the general practitioner; at
the second round, the participants choose the skills before the list of the first turn, with the skills cited on
White Book added; the third round the skills matrix was elaborate and validated by the consensus. Results:
The panelist’s most voted recommendations were: palliative care knowledge, palliative care in basic
attention, symptom control, interprofessional work, communication skills and bioethics. A matrix with 30
skills in palliative care was developed. Conclusions: The Delphi technique is an important qualitative
research tool that provided the elaboration of skills in the palliative care matrix, that can contribute to the
medical undergraduate qualification and the people’s health assistance.
Keywords: Palliative Care; Medicine; Skills; Medical Curriculum.
2.1 Introdução
O Brasil apresenta uma mudança demográfica similar à de outros países em desenvolvimento, com
redução das taxas de natalidade e mortalidade, indicando prolongamento da expectativa de vida e
envelhecimento da população (Carvalho & Garcia, 2003; Ministério da Saúde [MS], 2007).. Com o
aumento da população idosa aumentam também as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT),
17
que têm respondido por cerca de 75% das mortes e perda de qualidade de vida (Souza, Malta,
França, & Barreto, 2018).
Para cuidar destes pacientes, estão sendo estudados e desenvolvidos os cuidados paliativos, que
consistem na atenção promovida de forma multidisciplinar e interdisciplinar com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida do paciente e de seu familiar diante de uma doença ameaçadora da
vida, com prevenção e alívio do sofrimento, tratamento impecável da dor e de outros sintomas
físicos, sociais, psicológicos e espirituais (World Health Organization, 2002).
Estudos feitos em diferentes países apontam a necessidade da presença dos cuidados paliativos no
currículo de Medicina, reconhecendo o envelhecimento populacional como principal justificativa e a
consideração das competências em cuidados paliativos, ambos fundamentais para os médicos
generalistas (Denney-Koelsch, Horowitz, Quill, & Baldwin, 2018; Horowitz, Gramling, & Quill, 2014;
Cheng & Teh, 2014).
Desde o ano 2000, várias instituições de ensino nos Estados Unidos incluíram no currículo médico
aspectos importantes sobre o cuidado no fim da vida desde o início do curso, enquanto outras
apresentam palestras ou conteúdos menos estruturados (Horowitz et. al., 2014)
O Conselho das Recomendações Europeias para os Estados Membros sobre a organização dos
cuidados paliativos (Council of Europe, 2003) destaca a necessidade de incorporação de programas
estruturados de educação não somente na formação de médicos, mas de todos os profissionais
envolvidos nos cuidados de saúde. Em 2013, a Associação Europeia em Cuidados Paliativos (EAPC)
desenvolveu um documento com as competências centrais para atuar em cuidados paliativos
direcionado aos médicos e outros profissionais da saúde na Europa (Associação Europeia de
Cuidados Paliativos [EAPC], (2013).
Em outubro de 2018, o Ministério da Saúde do Brasil publicou a Resolução nº 41 (2018),
normatizando os cuidados paliativos no SUS. O documento, em seu artigo 3° – que versa sobre os
objetivos da organização dos cuidados paliativos no SUS –, menciona no parágrafo IV o objetivo de
fomentar a instituição de disciplinas e conteúdos programáticos de cuidados paliativos no ensino de
graduação e especialização dos profissionais de saúde.
No entanto, o conhecimento profissional insuficiente para atuar na área de cuidados paliativos tem
acarretado dificuldades para uma assistência adequada (Floriani & Schramm, 2007). Apesar da
literatura existente sobre bioética e cuidados paliativos, a pesquisa sobre o ensino nesta área é
insuficiente e a maioria dos cursos de Medicina no Brasil ainda não adota formação orientada para os
cuidados paliativos (Oliveira, Ferreira, & Rezende 2013).
Com a insuficiência teórico-prática e metodológica no ensino sobre os cuidados paliativos nos cursos
de Medicina, colocou-se a perspectiva de investigação para a definição das competências necessárias
para a composição do perfil do médico generalista.
2.2 Metodologia
Estudo exploratório-descritivo, realizado entre os meses de dezembro de 2018 e junho de 2019,
utilizando-se da técnica de Delphi. A adoção dessa técnica exigiu abordagens qualitativa e
quantitativa.
A referida técnica é útil quando faltam evidências empíricas, limitadas ou contraditórias, baseandose na premissa de que uma avaliação precisa e confiável pode ser melhor alcançada consultando um
painel de especialistas e aceitando o consenso do grupo. O método Delphi envolve seis etapas: 1)
identificação de um problema de pesquisa; 2) conclusão de uma pesquisa na literatura; 3) elaboração
de um questionário de declarações; 4) realização de roteiros interativos anônimos ou rodas de
questionários; 5) fornecimento de feedback individual e/ou em grupo entre rodadas; e 6) resumindo
os resultados. Este processo é repetido até que o melhor nível possível de consenso seja alcançado
ou um número predeterminado de rodadas seja completado. Os participantes nunca se encontram
ou interagem diretamente. É uma maneira de estruturar um processo de comunicação em grupo,
18
permitindo que este lide com um problema complexo. (Humphrey-Murto, Varpio, Gonsalves, &
Madeira, 2017; Linstone, & Turoff, 2002).
Como requisito básico para a participação, os profissionais deveriam ser de especialidades médicas
que possuíssem área de atuação em cuidados paliativos, conforme definido pela Resolução nº 2149
do Conselho Federal de Medicina (2016). As oito especialidades convidadas foram: clínica médica,
medicina intensiva, geriatria, oncologia, cirurgia de cabeça e pescoço, medicina de família e
comunidade, pediatria e anestesiologia.
O convite para participar da pesquisa foi feito através de contato telefônico e, posteriormente,
presencial para entrega do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Os primeiros questionários foram enviados através do correio eletrônico (e-mail). Visto que o envio
das respostas não estava acontecendo no tempo esperado, a estratégia de envio foi alterada e
passou-se a utilizar o aplicativo de mensagens WhatsApp com um questionário feito no Formulários
Google.
Na primeira etapa o questionário contava com questões abertas e se dividia em duas partes. Na
parte I as perguntas serviram para conhecer o perfil profissional do participante: 1. Qual seu nome e
data de nascimento?; 2. Há quantos anos exerce a medicina?; 3. Qual sua especialidade?; e 4. Qual o
grau de titulação?
A parte II versava sobre experiência pessoal com os cuidados paliativos, bem como sobre o
conhecimento e a importância para a formação médica: 1. Você já desenvolveu ou desenvolve
práticas de cuidados paliativos na sua rotina de trabalho?; 2. Você identifica no currículo do curso de
medicina da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) conteúdos ou práticas de cuidados paliativos?
Se sim, em qual(ais)?; 3. Quais os conteúdos e práticas em cuidados paliativos que você considera
importante para a formação médica em Alagoas?; 4. Quais as competências em cuidados paliativos
você considera necessárias para a formação do médico generalista?
Com as respostas da primeira rodada de perguntas foi possível elaborar uma lista com as
competências citadas pelos participantes. Fez-se necessário adaptar algumas palavras em frases
dentro do contexto de competências e retirar as sugestões duplicadas, resultando numa lista com 25
opções.
Neste estudo, a definição de competência foi orientada sob a ótica das Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCN), conforme Resolução CNE/CES nº 3 (2014), as quais descrevem que a articulação de
conhecimentos, habilidades e atitudes requeridos para o exercício profissional objetivam
desenvolver uma prática competente pautada nos princípios da atenção à saúde, gestão à saúde e
educação em saúde, proporcionando a capacidade do médico mobilizar diferentes recursos para
solucionar com sucesso os problemas da prática profissional.
A amostra populacional idealizada foi com 16 docentes e preceptores médicos vinculados a um curso
público de Medicina no nordeste do Brasil. Entretanto, houve adesão inicialmente por doze, que
participaram da primeira rodada. Na segunda etapa houve desinteresse de um participante, que não
respondeu em tempo esperado. Logo, 11 participantes se comprometeram com a pesquisa até o
final. Estudos indicam que um número ótimo de participantes na técnica Delphi não deve ser inferior
a 10, devido ao comprometimento da relevância das informações, não devendo ultrapassar um total
de 30, considerando o maior grau de complexidade (Marques & Freitas, 2018). Nesta fase da
pesquisa foram elaboradas, sem ordem de prioridade, duas listas com 25 temas elencados na
primeira etapa pelos participantes da pesquisa. Nessa lista foram inclusos ainda 15 conteúdos não
citados pelos participantes, mas considerados importantes na formação médica, estando presentes
no Libro Blanco (Agência Nacional de Avaliação de Qualidade e Credenciamento [ANECA], 2005) –
produto da Agência Nacional de Avaliação de Qualidade e Credenciamento (ANECA), que é membro
do Comitê Executivo da Associação Européia de Garantia da Qualidade no Ensino Superior (ENQA). O
questionário tinha forma de checklist, possibilitando aos participantes a marcação de quantos itens
desejassem em cada lista; o instrumento também contava com uma alternativa que negava todas as
sugestões. Uma lista apresentava temas relacionados ao Conhecimento sobre cuidados paliativos, e
outra com temas relacionados às Habilidades. O alto número de itens dificulta a realização da escala
Likert, comum no estudo Delphi, mas possibilita elaborar matriz mais detalhada.
19
A terceira rodada só foi possível após elaboração da matriz de competências para que os painelistas
validassem e fizessem alguma ressalva, caso achassem necessário. Para elaborar a matriz foi
necessário encontrar o consenso entre os participantes da pesquisa sobre os temas elencados na
segunda rodada. Foram definidas como competências apenas aquelas escolhidas por mais de dois
terços dos painelistas (Marques & Freitas, 2018; Humphrey-Murto et al., 2017).
O estudo foi submetido e aprovado no Comitê de ética em Pesquisa (CEP/UFAL) com o
parecer número 2.769.217. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE); para preservar o sigilo dos entrevistados, foi atribuída codificação correspondente
a uma letra do alfabeto.
2.3 Resultados e discussões
A amostra inicial, que participou da primeira rodada, foi constituída por 02 especialistas em clínica
médica, 02 geriatras, 01 oncologista, 01 especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, 02 médicos de
família e comunidade, 02 pediatras e 02 anestesiologistas. Destes, 10 desenvolvem ou já
desenvolveram práticas de cuidados paliativos em sua rotina de trabalho. Sobre identificar no
currículo de Medicina da UFAL alguns conteúdos e práticas, apenas 5 citaram alguns momentos: em
uma aula no internato, no estágio na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com discussões esporádicas,
dentro do módulo de oncologia e hematologia, disciplina eletiva de cuidados paliativos e na
enfermaria de cuidados paliativos no estágio de clínica médica.
A primeira rodada do questionário resultou em vinte e cinco sugestões de competências, às quais
foram adicionadas outras quinze presentes no Libro Blanco (ANECA, 2005). Para a segunda rodada,
Kang et al. (2013), utilizou-se a técnica Delphi, de modo semelhante, para desenvolver competências
em cuidados paliativos: na primeira rodada foi apresentado um checklist com sugestões de
competências; na segunda foram acrescentadas sugestões dos participantes na rodada anterior.
Na segunda etapa do estudo, os participantes identificaram a maioria das competências como
necessárias para a formação médica (Tabela 1). Das 40 competências sugeridas, apenas 10 não foram
consenso entre os painelistas (menos de 70 % de citação): saber particularidades do cuidado
paliativo na pediatria; conhecer o papel da fisioterapia, principalmente pós-operatória; conhecer o
tratamento das patologias dos pacientes em cuidados paliativos; saber montar uma equipe de
cuidados paliativos com suporte à família e aos profissionais; manejar o estresse da equipe de saúde;
realizar cuidados com a boca do paciente; manejo geral das reações transfusionais; realizar outras
técnicas analgésicas; realizar Infiltração de anestésicos e /ou esteroides; e realizar bloqueio neural.
Tabela 1. Temas selecionados (%) para compor a matriz de competências em cuidados paliativos na graduação médica.
Conhecimentos
Frequência de respostas à
segunda rodada do
questionário (N = 11)
- Conhecer o conceito de cuidados paliativos.
- Conhecer o critério de indicação para cuidados Paliativos.
- Conhecer sobre cuidados paliativos na Atenção Básica.
- Conhecer a atitude do médico diante da morte de seu paciente.
- Conhecer o conceito de doença terminal
- Compreender a relação da bioética com os cuidados paliativos.
- Saber encaminhar para o internamento quando necessário.
- Cuidados com a boca, mucosites, halitoses e infecções oral.
- Conhecer o conceito de dor total.
- Saber sobre a farmacologia e uso clínico de opioides em cuidados paliativos.
- Reconhecer aspectos psicológicos, sociais e espirituais na abordagem de
cuidados
100%
91%
81,8%
72,7%
20
paliativos com o paciente e seu familiar.
- Conhecer aspectos básicos da Atenção domiciliar.
- Identificação do luto patológico.
- Entender sobre alimentação em cuidados paliativos.
- Saber Particularidades do cuidado paliativo na pediatria.
- Conhecer o papel da fisioterapia, principalmente pós-operatória.
- Conhecer o tratamento das patologias dos pacientes em cuidados paliativos.
63,6%
Habilidades
Frequência de respostas à
segunda rodada do questionário
(N = 11)
- Agir com paciência em cuidados paliativos.
- Exercer a empatia.
- Controlar a dor e outros sintomas mais comuns.
- Comunicar-se adequadamente, incluindo a comunicação de má notícia.
- Trabalhar em Equipe Multidisciplinar/Interdisciplinar.
- Fazer a evolução da dor com uso de escalas.
- Apresentar disponibilidade para atuar em cuidados paliativos.
- Ter uma visão generalista.
- Aplicar medicina baseada em evidência.
- Fazer história clínica do paciente com doença terminal.
- Fazer evolução médica dos paciente com doenças terminal.
- Manejar o paciente em seus últimos dias de vida no domicílio ou no
hospital.
- Construir um projeto terapêutico singular.
- Dominar situações de urgência em paciente oncológico terminal
- Prescrever hemoderivados.
- Articular com a rede de atenção à saúde o atendimento secundário.
- Saber montar uma equipe de cuidados paliativos com suporte à família e aos
profissionais.
- Manejar o estresse da equipe de saúde.
- Realizar cuidados com a boca do paciente.
- Manejo geral das reações transfusionais.
- Realizar outras técnicas analgésicas
- Realizar Infiltração de anestésicos e /ou esteroides.
- Realizar bloqueio neural.
100%
91%
81,8%
72,7%
63,6%
45,4%
36,3%
18,2%
Houve algumas discordâncias destes resultados com a literatura. Das 15 competências acrescentadas
do Libro Blanco, 6 não foram consenso entre os painelistas: realizar bloqueio neural, conhecer o
papel da fisioterapia, realizar cuidados com a boca, infiltração de analgésicos, manejo das reações
transfusionais e o manejo do estresse na equipe de saúde. Magaña, Santamaría, Casanovas, & López
(2018), em estudo sobre universidades de El Salvador, recomendam o treinamento de novas equipes
para o manejo de estresse, especialmente em cuidados paliativos. Chenge and Teh (2014), em
estudo na Austrália, recomendam trabalhar em cuidados paliativos com equipes eficazes e com
profissionais capazes de exercitar o autoconhecimento, conscientes das forças pessoais e
fragilidades, atentos ao Burnout (EAPC, 2013). Desta forma, infere-se a importância da capacidade de
gerenciamento do estresse por meio de equipe para auxiliar no controle dos sintomas dos pacientes
e seus familiares, e do tema para a formação de profissionais de saúde.
Apesar deste estudo não avaliar a importância dada pelos painelistas a cada competência, como em
outros estudos, foi possível observar uma abrangência a vários aspectos dos cuidados paliativos. Em
estudo realizado na Coreia (Kang et al., 2013), as competências médicas de mais importância foram
21
semelhantes às mais votadas neste estudo: controle de sintomas em pacientes em cuidados
paliativos e os cuidados no final de vida com o paciente e seu familiar. Cuidados paliativos na
pediatria não foi considerada competência necessária para o médico generalista neste estudo e, de
forma semelhante, não teve importância como competência médica no estudo realizado na Coreia,
sendo considerada competência para a enfermagem (Kang et al., 2013).
Uma matriz de competência é um instrumento importante na formação médica, visto que expressa o
consenso coletivo e o conteúdo necessário a todo médico generalista, não necessariamente presente
em uma disciplina específica ou no docente (Marques & Freitas, 2018). A partir da análise das
respostas da segunda rodada, foi possível elaborar a matriz de competência com as respostas que
foram consenso (Quadro 1).
Quadro 1. Matriz de competências elaborada com as respostas que foram consenso entre os participantes.
Conhecimentos
- Conhecer o conceito de cuidados paliativos.
- Conhecer o critério de indicação para cuidados
Paliativos.
- Conhecer sobre cuidados paliativos na Atenção Básica.
- Conhecer a atitude do médico diante da morte de seu
paciente.
- Conhecer o conceito de dor total.
- Conhecer o conceito de doença terminal.
- Conhecer os aspectos básicos da atenção domiciliar.
- Compreender a relação da bioética com os cuidados
paliativos.
- Saber sobre a farmacologia e uso clínico de opioides
em cuidados paliativos.
- Cuidados com a boca, mucosites, halitoses e infecções
orais.
- Entender sobre alimentação em cuidados paliativos.
- Saber encaminhar para o internamento quando
necessário.
- Reconhecer aspectos psicológicos, sociais e espirituais
na abordagem de cuidados paliativos com o paciente e
seu familiar.
- Identificação do luto patológico.
Habilidades
- Exercer a empatia.
- Agir com paciência em cuidados paliativos.
- Trabalhar em Equipe Multidisciplinar
/Interdisciplinar
- Ter uma visão generalista.
- Aplicar medicina baseada em evidência.
- Fazer história clínica do paciente com
doença terminal.
- Controlar a dor e outros sintomas mais
comuns.
- Articular com a rede de atenção à saúde o
atendimento secundário.
- Apresentar disponibilidade para atuar em
cuidados paliativos.
- Dominar situações de urgência em paciente
oncológico terminal.
- Prescrever hemoderivados.
- Fazer evolução médica dos pacientes com
doenças terminais.
- Fazer evolução da dor com uso de escalas.
- Comunicar-se adequadamente, incluindo a
comunicação de má notícia.
- Manejar o paciente em seus últimos dias de
vida no domicílio ou no hospital.
- Construir um projeto terapêutico singular.
Neste estudo, a definição de competência esteve orientada pela ótica das DCN, conforme Resolução
CNE/CES nº 3 (2014), as quais articulam conhecimentos, habilidades e atitudes para a formação
médica e têm por objetivo desenvolver uma prática profissional competente em três áreas: I Atenção à saúde, II - Gestão à saúde e III - Educação em saúde, proporcionando ao médico condições
para mobilizar diferentes recursos na resolução dos problemas do cotidiano profissional com
sucesso.
Observa-se que a maior quantidade de competências (vinte e sete) elencadas pelos participantes
está relacionada com a atenção à saúde. As competências relacionadas com a Gestão em Saúde
foram: Trabalhar em Equipe Multidisciplinar/Interdisciplinar e Articular com a rede de atenção à
saúde o atendimento secundário. Segundo a Resolução CNE/CES nº 3 (2014), dentro da área de
Gestão em Saúde, para a formação médica é necessário compreender a importância do trabalho
colaborativo em equipes de saúde, respeitando normas institucionais dos ambientes de trabalho e
agindo com compromisso ético-profissional, superando a fragmentação do processo de trabalho em
22
saúde. Além disso, favorecer a articulação de ações de profissionais e serviços, apoiando a
implantação de dispositivos e ferramentas que promovam a organização de sistemas integrados de
saúde.
Apenas uma competência foi relacionada à Educação em Saúde: aplicar medicina baseada em
evidência, compatível com o comportamento de valorização da pesquisa científica a favor da
assistência à saúde. Entretanto, a área de Educação em Saúde poderia ser melhor representada
neste estudo, caso identificada alguma competência mais especificamente voltada à área da
pesquisa e promoção à saúde. Está explícita nas DCN a necessidade do graduando ser corresponsável
pela sua formação, o que inclui favorecer o desenvolvimento científico e tecnológico voltado para a
atenção das necessidades de saúde individuais e coletivas, por meio da disseminação das melhores
práticas e do apoio à realização de pesquisas de interesse da sociedade. Outrossim, identificar a
necessidade de produção de novos conhecimentos em saúde, a partir do diálogo com a própria
prática, a produção científica e o desenvolvimento tecnológico disponíveis. Semelhante a este
estudo, na pesquisa de Kang et al. (2013), os domínios educação e pesquisa tiveram menos
importância que os demais na avaliação.
Nesta pesquisa foi possível identificar que as recomendações mais votadas pelos painelistas foram:
conhecimento sobre cuidados paliativos, incluindo critérios de indicação; cuidados paliativos na
atenção básica; controle de sintomas; trabalho multiprofissional e interprofissional; habilidades de
comunicação e bioética. Semelhante a este estudo, também é possível verificar em outras pesquisas
como principais recomendações: conhecimento sobre cuidados paliativos, controle da dor e outros
sintomas, habilidade de comunicação e ética (Lehto, Hakkarainen, Kellokumpu, Pirkko, & Saarto,
2017; Fitzpatrick, Heah, Patten, & Ward, 2017). Nakamura et al. (2017) recomendam os assuntos
acima citados como principais e que estejam presentes na medicina clínica desenvolvendo um
currículo integrado. Além destas principais recomendações, Mutto et al. (2005) acrescentam a
importância do apoio psicossocial aos pacientes e familiares.
Alguns estudos consideram a ética médica como uma das competências mais importantes. Horowitz,
et al. (2014) afirmam que a Associação das Faculdades Americanas recomenda a presença do
conteúdo sobre consentimento informado e diretrizes antecipadas de vontade no currículo para
formação médica. Chenge and Teh (2014) não especificam os conteúdos específicos à ética, mas
enfatizam a importância deste domínio no início do curso de Medicina; Suvarnabhumi et al. (2013) e
Lehto et al. (2017) orientam de acordo com a recomendação da Associação Europeia de Cuidados
paliativos relacionando ética e direito.
Um novo desafio se impõe após a elaboração da matriz de competências: onde, quando e como esta
matriz poderá ser incorporada ao currículo médico? Esse é um desafio que deve considerar a
contextualização epidemiológica e cultural da região onde o curso está implantado, além de
estratégias inovadoras de gestão do ensino que considerem o SUS como referência de atenção,
trabalho e formação em saúde.
2.4 Conclusões
A técnica Delphi é uma importante ferramenta de pesquisa qualitativa que objetiva o consenso de
um grupo de especialistas a respeito de um determinado tema complexo e abrangente. Possibilita
opiniões bem refletidas, pensamentos independentes, que convergem em uma melhor tomada de
decisão para a elaboração de um cenário futuro e para transformação de uma realidade.
Diante da realidade com o número crescente de pacientes em cuidados paliativos, reconhece-se a
necessidade de ampliar a formação nesta área. Elaborar e implementar uma matriz de competência
em cuidados paliativos é uma estratégia para garantir a reflexão e a vivência discente, sistemática,
desde o início do curso.
A técnica Delphi proporcionou a elaboração de uma matriz de competências em cuidados paliativos
de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Medicina, com a colaboração de
médicos de diversas especialidades. Esta técnica pode ser considerada útil para o diagnóstico
23
situacional, planejamento de ações e para auxílio à gestão institucional do ensino superior em saúde.
Deve-se considerar, no entanto, o rigor científico para evitar possíveis vieses de seleção no uso da
técnica.
O estudo possibilitou o desenvolvimento de uma matriz de competências em cuidados paliativos,
necessária para a formação médica e suficiente para garantir a atenção humanizada à saúde da
população.
2.5 Referências
Agência Nacional de Avaliação de Qualidade e Credenciamento. (2005). Libro Blanco: Título de
médico. Granada, Espanha: Agência Nacional de Avaliação de Qualidade e Credenciamento.
Associação Europeia de Cuidados Paliativos (EAPC). (2013). Competências centrais em cuidados
paliativos: Um guia orientador da EAPC sobre educação em cuidados paliativos: parte 1. Jornal
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paliativos, à luz dos cuidados continuados integrados, no âmbito Sistema Único de Saúde (SUS).
Brasília,
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Disponível
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Resolução CFM nº 2149 (2016, Agosto). Dispõe sobre a Homologação da Portaria CME nº 02/2016,
que aprova a relação de especialidades e áreas de atuação médicas aprovadas pela Comissão
Mista de Especialidades. Brasília, Brasil: Conselho Federal de Medicina.
25
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no Brasil e nas Unidades Federadas durante os 30 anos do Sistema Único de Saúde. Ciência &
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World Health Organization. (2002). National cancer control programmes: Policies and managerial
guidelines. (2nd ed.). Geneva, Switzerland: World Health Organization.
26
3 PRODUTO: PROPOSTA DE ADEQUAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS EM
CUIDADOS PALIATIVOS PARA O CURSO DE MEDICINA DA UFAL
3.1 Introdução
Uma matriz de competência otimiza o tempo de formação médica e direciona
o conteúdo ensinado na faculdade para a realidade no contexto social e de saúde. A
competência seria adquirida como consequência à aprendizagem proporcionada por
meio de uma experiência reflexiva, da tomada de decisões e da resolução de
problemas, de acordo com a capacidade de adaptação à singularidade do problema
a ser resolvido, mobilização do estoque de recursos cognitivos disponíveis, na
vivência de situações práticas nos diferentes ciclos do curso (GONTIJO, 2013).
Perrenoud (2000) faz uma crítica às escolas (mas que também pode ser
estendida para as escolas médicas) ao sugerir que estas deveriam propiciar um
tempo maior para a aplicação prática do conteúdo. Neste contexto o professor tem
um papel fundamental como principal responsável pela garantia de que as aulas
sejam adaptadas a um novo modelo pedagógico, promovendo o desenvolvimento de
competências discentes desde o início do curso e de acordo com cada ciclo.
É importante para os cursos de Medicina adotar a perspectiva das
competências profissionais para a formação, pois isso promove maior foco no aluno
e não enfatiza a estrutura curricular baseada no tempo. Ou seja, mais importante do
que a quantidade de tempo gasto em um treinamento é proporcionar a aquisição de
habilidades; ao docente coloca-se a possibilidade de pensar e planejar a formação a
partir de competências esperadas para o profissional (FRANK, 2010).
Utilizar uma matriz de competência prepara melhor os graduandos em
Medicina para responder efetivamente em situações complexas durante e depois da
conclusão do curso (NORMAN, 2014).
Atualmente, é possível identificar discussões e o desenvolvimento de
documentos sobre competências em cuidados paliativos na área da educação
médica no Brasil e no exterior. Foram identificadas diferentes formas de
desenvolvimento de cuidados paliativos nos países europeus, asiáticos e
americanos, com diferentes interpretações de conceitos e formas de introduzir a
abordagem aos cuidados paliativos no currículo médico (HEAD, et al., 2016;
NAKAMURA, et al., 2017). Desta forma, é importante que cada faculdade possa
27
adequar as oportunidades de aprendizagem às especificidades de sua região, de
seu currículo em suas fases de atividades.
O curso de Medicina da UFAL apresenta algumas deficiências quanto ao
conteúdo em cuidados paliativos. Em um estudo que analisou o ensino sobre saúde
do idoso na Faculdade de Medicina (FAMED) da UFAL, foi evidenciado que o tema
cuidado paliativo não era contemplado na matriz curricular (SOARES; BUARQUE,
2019).
A análise da matriz curricular para introdução de conteúdos mínimos em
geriatria e gerontologia identificou que no ciclo teórico-prático (do 1º ao 8º período)
não estão sendo abordados conteúdos sobre cuidados paliativos e que o mesmo
não pode ser incluído na matriz existente. No eixo de desenvolvimento pessoal,
relativo à formação ética e humanizada, são abordados conceitos, mas as
indicações e o controle de sintomas, entre outros, necessitariam de espaço próprio.
No plano para o período de internato (Estágio Supervisionado) foi identificado que os
temas em cuidados paliativos poderiam ter espaço próprio, com a sugestão de um
estágio de oncologia-cuidados paliativos, integrante do estágio de Clínica médica II
(SOARES; BUARQUE, 2019).
Mudanças curriculares impõem trabalhar com matriz de competências para
mudança eficaz. A matriz foi elaborada (Quadro 2) tendo o Libro Blanco (ANECA,
2005) como referência, sendo composta por conhecimento e habilidades; considerase atitude o fato de o aluno querer buscar o conhecimento e ser corresponsável pelo
desenvolvimento de suas habilidades. Ou seja, no Libro Blanco, habilidades e
atitudes estão no mesmo nível e integrados.
28
QUADRO 2 – Matriz de competência com as respostas que foram consenso
entre os participantes
CONHECIMENTO a ser trabalhado em cada
ciclo do curso, podendo alguns serem
desenvolvidos de forma transversal ao
longo do curso.
HABILIDADE a ser trabalhada em cada
ciclo do curso, podendo algumas serem
desenvolvidos de forma transversal ao
longo do curso.
- Conhecer o conceito de cuidados paliativos;
- Conhecer o critério de indicação para
cuidados Paliativos;
- Conhecer sobre cuidados paliativos na
Atenção Básica;
- Conhecer a atitude do médico diante da
morte de seu paciente;
- Conhecer o conceito de dor total;
- Conhecer o conceito de doença terminal;
- Conhecer os aspectos básicos da atenção
domiciliar;
- Compreender a relação da bioética com os
cuidados paliativos;
- Saber sobre a farmacologia e uso clínico de
opioides em cuidados paliativos;
- Cuidados com a boca, mucosites, halitoses e
infecções orais;
- Entender sobre alimentação em cuidados
paliativos;
- Saber encaminhar para o internamento
quando necessário;
- Reconhecer aspectos psicológicos, sociais e
espirituais na abordagem de cuidados
paliativos com o paciente e seu familiar;
- Identificação do luto patológico.
- Exercer a empatia;
- Agir com paciência em cuidados paliativos.
- Trabalhar em Equipe Multidisciplinar
/Interdisciplinar;
- Ter uma visão generalista;
- Aplicar medicina baseada em evidência;
- Fazer história clínica do paciente com
doença terminal;
- Controlar a dor e outros sintomas mais
comuns;
- Articular com a rede de atenção à saúde o
atendimento secundário;
- Apresentar disponibilidade para atuar em
cuidados paliativos;
- Dominar situações de urgência em paciente
oncológico terminal;
- Prescrever hemoderivados;
- Fazer evolução médica dos pacientes com
doenças terminais;
- Fazer evolução da dor com uso de escalas;
- Comunicar-se adequadamente, incluindo a
comunicação de má notícia;
- Manejar o paciente em seus últimos dias de
vida no domicílio ou no hospital;
- Construir um projeto terapêutico singular.
Fonte: Autora (2019).
3.2 Objetivo
Adequar a matriz de competências resultante do estudo aos ciclos de ensinoaprendizagem da FAMED/UFAL.
3.3 Metodologia
Para adequar a matriz de competência em cuidados paliativos na matriz
curricular da UFAL, foi necessário fazer uma análise desta matriz e identificar a
presença ou deficiência dos temas relacionados aos cuidados paliativos.
29
Soares e Buarque (2019) elaboraram um plano executivo investigando temas
relacionados à geriatria na matriz curricular da FAMED/UFAL. Ao analisar o plano,
foi perceptível a ausência de conteúdos sobre cuidados paliativos na matriz
curricular.
Fazendo um recorte do plano executivo, onde aparecem conteúdos
relacionados aos cuidados paliativos e o tema especificamente, pode-se observar
que alguns assuntos são contemplados na matriz curricular; estando, entretanto,
presentes em apenas um único eixo no 3º período.
QUADRO 3 - Plano executivo para introdução de conteúdos mínimos em geriatria e
gerontologia na matriz curricular da Faculdade de Medicina - ciclo
teórico-prático (1º a 8º semestres) - Universidade Federal de Alagoas
(continua)
Conteúdo
Mínimo
Se não,
pode ser
Abordado? incluído na
matriz
existente?
Se não abordado,
sugestão para
abordagem
Disciplina
Período Eixo - Módulo
- Setor
Observações
Ortotanásia,
eutanásia,
distanásia,
mistanásia
Parcial
3
Incluir mistanásia,
não prevista
Sim
EDP ERP 3
Paciente
com doença
terminal
Total
Sim
3
EDP ERP 4
Cuidados
paliativos
Não
Não
-
-
-
Há conteúdo de
paciente terminal,
não detalha se
especificamente o
idoso também é
contemplado
Em EDP são
abordados
conceitos, mas
indicações,
controle de
sintomas entre
outros
necessitariam de
espaço próprio.
30
QUADRO 3 - Plano executivo para introdução de conteúdos mínimos em geriatria e
gerontologia na matriz curricular da Faculdade de Medicina - ciclo
teórico- prático (1º a 8º semestres) - Universidade Federal de Alagoas
(continuação)
Conteúdo
Mínimo
Se não,
pode ser
Abordado? incluído
na matriz
existente?
Se não abordado,
sugestão para abordagem
Período
Eixo
Disciplina Módulo Setor
Cuidados
paliativos
Não
Não
-
-
Finitude: ética
e bioética
Não
Sim
7
EDP Deontologia
Testamento
vital:
considerações
éticas
Não
Sim
7
EDP Deontologia
Resolução do
Conselho
Federal de
Medicina,
códico de ética
médica
Não
Sim
8
EDP Deontologia
Saúde e
espiritualidade
Não
Sim
1a3
EDP ERP 1 a 3
-
Observações
Em EDP são
abordados
conceitos, mas
indicações,
controle de
sintomas entre
outros
necessitariam
de espaço
próprio.
Pode já ser
abordado, mas
não há
menção em
PPC ou
conteúdos
programáticos
Pode já ser
abordado, mas
não há
menção em
PPC ou
conteúdos
programáticos
Pode já ser
abordado, mas
não há
menção em
PPC ou
conteúdos
programáticos
ETPI = Eixo Teórico Prático Integrado; EDP = Eixo de Desenvolvimento Pessoal;
EAPMC = Eixo de aproximação à Prática Médica e Comunidade; BMF = Bases Morfofuncionais;
SS = Saúde e Sociedade; SI = Semiologia Integrada; ERP = Ética e Relações Psicossociais; SAI
= Saúde do Adulto e do Idoso; URM = Uso Racional de Medicamentos.
Fonte: Soares e Buarque (2019).
31
Após identificar a deficiência na abordagem sobre cuidados paliativos na
matriz curricular do curso de Medicina da UFAL, foi proposta uma nova matriz de
competências específica, com inserção transversal de conteúdos e habilidades,
considerados os ciclos de aprendizagem.
3.4 Resultado: o produto
O quadro 4 descreve os conteúdos validados pelos painelistas para a
adequação da matriz curricular do curso de medicina da FAMED/UFAL.
QUADRO 4 – Adequação da matriz de competência aos ciclos do curso de Medicina
da UFAL
(continua)
CICLOS DO
CURSO DE
MEDICINAFAMED/UFAL
CONHECIMENTO a ser
trabalhado em cada ciclo do
curso, podendo alguns serem
desenvolvidos de forma
transversal ao longo do curso
HABILIDADE a ser trabalhada em
cada ciclo do curso, podendo
algumas serem desenvolvidas de
forma transversal ao longo do curso
Ciclo teóricoprático
(1º ao 4º
período do
curso)
- Conhecer o conceito de cuidados
paliativos;
- Conhecer sobre cuidados
paliativos na Atenção Básica;
- Conhecer a atitude do médico
diante da morte de seu paciente;
- Conhecer o conceito de dor total;
- Conhecer o conceito de doença
terminal;
- Compreender a relação da
bioética com os cuidados
paliativos;
- Saber sobre a farmacologia e
uso clínico de opioides em
cuidados paliativos.
- Conhecer o critério de indicação
para cuidados paliativos;
- Conhecer sobre cuidados
paliativos na Atenção Básica;
- Cuidados com a boca,
mucosites, halitoses e infecções
orais;
- Entender sobre alimentação em
cuidados paliativos.
- Exercer a empatia;
- Agir com paciência em cuidados
paliativos;
- Trabalhar em Equipe
Multidisciplinar/Interdisciplinar;
- Ter uma visão generalista.
Ciclo Teórico
Prático
(5º ao 8º
período do
curso)
- Aplicar medicina baseada em
evidência;
- Controlar a dor e outros sintomas mais
comuns.
32
QUADRO 4 – Adequação da matriz de competência aos ciclos do curso de
Medicina da UFAL
(continuação)
CICLOS DO
CURSO DE
MEDICINAFAMED/UFAL
CONHECIMENTO a ser
trabalhado em cada ciclo do
curso, podendo alguns serem
desenvolvidos de forma
transversal ao longo do curso
HABILIDADE a ser trabalhada em
cada ciclo do curso, podendo
algumas serem desenvolvidas de
forma transversal ao longo do curso
Internato
(9º ao 12º
período do
curso)
-Saber encaminhar para o
internamento quando necessário.
-Reconhecer aspectos
psicológicos, sociais e espirituais
na abordagem de cuidados
paliativos com o paciente e seu
familiar.
-Identificação do luto patológico.
-Articular com a rede de atenção à
saúde o atendimento secundário.
-Apresentar disponibilidade para atuar
em cuidados paliativos.
-Fazer história clínica do paciente com
doença terminal.
-Dominar situações de urgência em
paciente oncológico terminal.
-Prescrever hemoderivados.
-Fazer evolução médica dos paciente
com doenças terminal.
-Fazer evolução da dor com uso de
escalas.
-Comunicar-se adequadamente,
incluindo a comunicação de má notícia.
-Manejar o paciente em seus últimos
dias de vida no domicílio ou no hospital.
- Construir um projeto terapêutico
singular.
Fonte: Autora (2019)
3.5 Considerações finais
Uma matriz de competência pode ser entendida como estratégia eficaz para
possibilitar o ensino médico de qualidade, visando aquisição de conhecimentos,
habilidades e atitudes direcionadas para situações práticas, de grande relevância
para a saúde da sociedade.
Adequar a matriz de competência em cuidados paliativos no ciclo do curso da
FAMED/UFAL proporcionará uma formação mais adequada diante da necessidade
que a atualidade já impõe: o manejo de pacientes com doenças crônicas
ameaçadoras da vida.
O desafio será conseguir implantar esta adequação diante de importantes
demandas de outras áreas da Medicina, também julgadas necessárias na formação
33
do médico generalista. A ideia da finitude e suficiência médica após a graduação
leva à busca pela formação mais completa possível. Para que isto aconteça de
forma sensata, discussões e reuniões com Núcleo Docente Estruturante, colegiado e
professores com expertise no tema devem ser realizadas na busca de um resultado
factível.
3.6 Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE AVALIAÇÃO DE QUALIDADE E CREDENCIAMENTO
(ANECA). Libro Blanco: Título de médico. Granada, Espanha: Agência Nacional de
Avaliação de Qualidade e Credenciamento, 2005.
FRANK, J. R. et al. Competency-based medical education: theory to
practice. Medical Teacher, London v. 32, n. 8, p. 638-645, 2010.
GONTIJO, E. D. et al. Matriz de competências essenciais para a formação e
avaliação de desempenho de estudantes de Medicina. Revista Brasileira de
Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 37, n. 4, p. 526-539, 2013.
HEAD, B. A. et al. Improving medical graduates’ training in palliative care: advancing
education and pra clice. Advances in Medical Education and Practice, Auckland, v. 1.
p. 99-113, 2016.
NAKAMURA, Y. et al. A survey of palliative medicine education in Japan’s
undergraduate medical curriculum. London, v. 16, n. 1, p., 2017.
NORMAN, G.; NORCINI, J.; BORDAGE, G. Competency-based education:
milestones or millstones? Journal of Graduate Medical Education, Chicago, v. 6, n. 1,
p. 1-6, 2014.
PERRENOUD, P. Construir competências é virar as costas aos saberes? Revista
Pedagógica, Porto Alegre, ano 3, n. 11, p. 15-19, nov./jan., 2000.
SOARES, F. J. P.; BUARQUE, D. C. Análise do ensino sobre saúde do idoso em um
curso de Medicina. Conhecimento & Diversidade, Niterói, v. 11, n. 23, p. 118–130,
jan/abr. 2019.
34
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TRABALHO ACADÊMICO
O interesse pelo tema estudado e pela pesquisa fez com que eu me
dedicasse ao trabalho acadêmico, tendo como consequência grande satisfação
pessoal e enriquecimento como docente com a aquisição de novos conhecimentos e
habilidades. A satisfação pessoal é consequência da concretização do objetivo de
desenvolver um produto útil para a vida acadêmica e que poderá beneficiar
pacientes que precisam de profissionais com melhor formação em cuidados
paliativos. A aquisição de novos conhecimentos se deu ao longo do mestrado,
através das aulas com metodologias ativas e da pesquisa, conhecendo autores e
experiências de outros países.
A pesquisa objetivou definir competências em cuidados paliativos para
formação do médico generalista, com a finalidade de contribuir com a atualização da
matriz curricular do curso da FAMED/UFAL, tendo a possibilidade de ser modelo
norteador para outras faculdades de Medicina.
A pesquisa gerou um artigo intitulado “Definição de competências em
cuidados paliativos para formação de médicos generalistas”, onde foi elaborada uma
matriz de competência em cuidados paliativos. O produto foi a adequação desta
matriz de competências para aos ciclos do curso de Medicina da UFAL.
Assim, considero que este trabalho acadêmico atingiu os objetivos propostos
ao desenvolver uma matriz de competência para graduação de Medicina de acordo
com o que é preconizado pelas DCN e ao revelar a possibilidade da inserção
transversal, nos ciclos de estudos da FAMED, de temas abordando cuidados
paliativos, preenchendo lacunas desde o primeiro período do curso de Medicina.
Por fim, este estudo contribuiu para minha qualificação profissional, ao
mesmo tempo que possibilitou contribuir com pesquisa científica no Brasil sobre
competências e cuidados paliativos, temas ainda deficientes na formação médica.
35
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE AVALIAÇÃO DE QUALIDADE E CREDENCIAMENTO
(ANAC). Libro Blanco: Título de médico. Granada, Espanha: Agência Nacional de
Avaliação de Qualidade e Credenciamento, 2005.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de
Educação Superior. Resolução nº 3, de 20 de junho de 2014. Institui Diretrizes
Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 jun. 2014. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=1587
4-rces003-14&category_slug=junho-2014-pdf. Acesso em: 20 set. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Integração de informações dos registros de
câncer brasileiros. Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos.
Departamento de Ciência e Tecnologia. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 41,
n. 5, p. 865-868, out. 2007.
BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Resolução nº 41/18. Dispõe sobre as diretrizes
para a organização dos cuidados paliativos, à luz dos cuidados continuados
integrados, no âmbito Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, DF, Ministério da
Saúde. Disponível em:
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/novembro/23/RESOLUCAON41.pdf. Acesso em: 20 set. 2019.
CHENG, R.; TEH, A. Palliative care in Australian medical student education.
Medical Teacher, London, v. 36, n. 1, p. 82-83, 2014.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM). Reconhecimento de especialidades
médicas Resolução (CFM) nº 2149/2016. Diário Oficial da União, Brasília, DF,
3 ago. 2016. Seção I, p. 99.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM). Resolução nº 2149 /16. Dispõe sobre
a Homologação da Portaria CME nº 02/2016, que aprova a relação de
especialidades e áreas de atuação médicas aprovadas pela Comissão Mista de
Especialidades Brasília, DF: Conselho Federal de Medicina, 2016. Disponível em:
http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2016/2149_2016.pdf. Acesso em: 15
jan. 2018.
COUNCIL OF EUROPE. Recommendation Rec (2003) 24 of the Committee of
Ministers to member states on the organisation of palliative care. Strasbourg: COE,
2003. Disponível em: www.coe.int/t/dg3/health/Source/Rec(2003)24_en.pdf. Acesso
em: 15 jan. 2018.
DENNEY-KOELSCH, E. M. et al. An integrated, developmental fouryear medical school curriculum in palliativecare: a longitudinal content evaluation
based on national competency standards. Journal of Palliative Medicine, [S.l.], v. 1,
n. 9, p. 1221-1233, 2018.
36
EUROPEAN ASSOCIATION FOR PALLIATIVE CARE (EPAC). Competências
centrais em Cuidados Paliativos: um guia orientador da EAPC sobre Educação em
cuidados paliativos – parte 1. Jornal Europeu de Cuidados Paliativos, [S.l.], v. 20, n.
2, p. 86-91, 2013.
FITZPATRICK, D. et al. Palliative care in undergraduate medical education - How far
have we come? American Journal of Hospice and Palliative Medicine, [S.l.], v. 34, n.
8, p. 762-773, 2017.
FLORIANI, C. A.; SCHRAMM, F. R. Desafios morais e operacionais na inclusão dos
cuidados Paliativos na rede de atenção básica. Cadernos de Saúde pública, Rio de
Janeiro, v. 23, n. 9, p. 2072-2080, set. 2007.
GONTIJO, E. D. et al. Matriz de competências essenciais para a formação e
avaliação de desempenho de estudantes de Medicina. Revista Brasileira de
Educação Médica, São Paulo, v. 37, n. 4, p. 526-539, 2013.
HOROWITZ, R.; GRAMLING, R.; QUILL, T. Palliative care education in US medical
schools. Medical Education, v. 48, n. 1, p. 59-66, 2014.
HUMPHREY--MURTO, S. et al. The use of the Delphi and other consensus group
methods in medical education research: a review. Academic Medicine, v. 92, n. 10,
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KANG, J. et al. Developing competencies for multidisciplinary hospice and palliative
care professionals in Corea. Supportive Care in Cancer, [S.l.], v. 21, n. 10, p. 27072717, 2013.
LEHTO, J. T. et al. Undergraduate curriculum in palliative medicine at Tampere
University increases students' knowledge. BMC Palliative Care, [S.l.], v. 16, n. 13,
2017.
MAGAÑA, M. A. F. Teaching of palliative care in medical schools in El Salvador.
Educación Médica, [S.l.], v. 20, n. 1, p. 143-147, 2019.
MARQUES, J. B. V.; FREITAS, D. Método Delphi: caracterização e potencialidades
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MUTTO, E. M. et al. Medical students' palliative care education in a latin american
university: a three-year experience at austral university in Buenos Aires, Argentina.
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NAKAMURA, Y. et al. A survey of palliative medicine education in Japan’s
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OLIVEIRA, J. R.; FERREIRA, A. C.; REZENDE, N. A. Ensino de bioética e cuidados
paliativos nas escolas médicas do Brasil. Revista Brasileira de Educação Médica,
Rio de Janeiro, v. 37, n. 2, p. 285-290, 2013.
37
PERRENOUD, P. Construir competências é virar as costas aos saberes? Pátio –
Revista Pedagógica, Porto Alegre, ano 3, n. 11, p. 15-19, nov. 99/jan. 2000.
SOARES, F. J. P.; BUARQUE, D. C. Análise do ensino sobre saúde do idoso em um
curso de Medicina. Conhecimento & Diversidade, Niterói, v. 11, n. 23, p. 118–130,
jan/abr. 2019.
SOUZA, M. F. M. et al. Transição da saúde e da doença no Brasil e nas Unidades
Federadas durante os 30 anos do Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde
Coletiva, Rio de Janeiro, v. 23, n. 6, p. 1737-1750, 2018.
SUVARNABHUMI, K. et al. Situational analysis of palliative care education in
Thai medical Schools. Palliative Care: Research and Treatment, Auckland, v. 7, p.
25–29, 2013.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. National cancer control programmes: policies and
managerial guidelines. 2. ed. Geneva: World Health Organization, 2002.
38
APÊNDICE A – Termo de consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) –
Especialista
Você está sendo convidado(a) a participar como voluntário(a) do estudo
“Definição de competências sobre cuidados paliativos para o curso de medicina da
UFAL”, que será realizada em Maceió, Alagoas. Recebe da Sr.ª Kátia Macário
Santos Quintiliano, Médica e Professora, responsável por sua execução, as
seguintes informações que farão entender sem dificuldades e sem dúvidas os
seguintes aspectos:
1. Que o objetivo geral deste estudo é Estabelecer competências em
cuidados paliativos para a formação do médico generalista da Universidade de
Alagoas; os objetivos específicos da pesquisa são: definir com os docentes,
competências necessárias em cuidados paliativos para a formação médica; e definir
com os docentes e preceptores os temas, as competências e as habilidades
necessárias em cuidados paliativos para a formação médica generalista;
2. Que a importância deste estudo é identificar a deficiência da abordagem
do tema Cuidados Paliativos no Projeto Pedagógico do Curso de Medicina, justificar
a necessidade de ter no currículo de Medicina oportunidades de discussão sobre
cuidados paliativos através da análise das Novas Diretrizes Curriculares, que
valorizam as demandas da população e a integralidade das ações em saúde;
3. Que os resultados que se deseja alcançar são: construir uma matriz de
competência e apresentá-la à Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
Alagoas para posterior análise da introdução do tema em questão no currículo de
Medicina;
4. A coleta de dados acontecerá de novembro/2018 a dezembro/2018;
5. Que você participará do estudo da seguinte maneira: participando como
painelista (respondente) especialista no método Delphi, que é uma técnica para se
obter um consenso sobre determinado assunto coletando de forma sistemática a
opinião de um painel de especialistas;
Você será um dos especialistas que responderá um questionário que será
repassado várias vezes (etapas) até que seja obtida uma convergência das
respostas dos especialistas. Estes formarão um grupo heterogêneo, visto que a
pesquisadora selecionou profissionais de diferentes especialidades, porém que
39
tivessem a possibilidade de ter Cuidados Paliativos como área de atuação. Serão
convidados, para contribuir com o estudo, os profissionais especialistas em clínica
médica, geriatria, medicina intensiva, anestesiologia, pediatria, oncologia, cirurgia de
cabeça e pescoço e Medicina de Família e comunidade;
6. Que o questionário será auto-aplicável, de fácil preenchimento, e será
discutido, no primeiro momento, diante da pesquisadora para facilitar resolução de
possíveis dúvidas sobre as perguntas, com um tempo pré-estabelecido de 7 dias
para conclusão das respostas em cada etapa. As entrevistas serão feitas via correio
eletrônico. Você fornecerá seu e-mail e responderá assim que possível, não
ultrapassando o prazo determinado para não comprometer o andamento da
pesquisa;
7. Os benefícios esperados com a sua participação no projeto de pesquisa,
mesmo que não diretamente, serão: a entrega de um relatório com os resultados da
pesquisa para que todos os participantes percebam o quanto foi importante a
contribuição de cada um e a sociedade será beneficiada indiretamente quando este
estudo servir para estimular o ingresso da abordagem sistemática do tema cuidados
paliativos na graduação, formando profissionais médicos mais qualificados para
cuidar da população;
8. Os incômodos e possíveis riscos à sua saúde física e/ou mental são
mínimos. O principal risco é de constrangimento do entrevistado na abordagem dos
entrevistadores por não compreender as perguntas ou do que se trata a pesquisa.
Para amenizar este risco, a pesquisadora terá um momento presencial com você
para entregar o TCLE e esclarecer algumas dúvidas sobre as perguntas
disparadoras da pesquisa. Além disso, você contará com a assistência da
pesquisadora para esclarecer eventuais dúvidas sobre as perguntas que serão
feitas, em qualquer momento da pesquisa;
Pode haver o risco de quebra de sigilo. Para amenizar este risco, a
pesquisadora enviará os questionários da pesquisa através do e-mail de forma
individual ou pelo aplicativo WhatsApp, também de forma individual, como você
preferir. Não será feito grupo de e-mail ou pelo WhatsApp para preservar a
identidade do profissional. Caso haja quebra de sigilo, os dados serão descartados.
Poderá também haver o risco de incômodo do participante ter que dispor de tempo
para contribuir com a pesquisa. Para minimizar este risco, a participação será online, por meio de correio eletrônico e cada especialista terá 7 dias para responder
40
cada etapa da pesquisa, escolhendo qualquer hora que achar mais conveniente
para enviar o questionário;
9. As informações conseguidas através da sua participação não permitirão a
identificação da sua pessoa, exceto para a equipe de pesquisa, e a divulgação das
mencionadas informações só será feita entre os profissionais estudiosos do assunto
após a sua autorização;
10.
A qualquer momento, você poderá se recusar a continuar
participando do estudo e, também, poderá retirar seu consentimento, sem que
isso lhe traga qualquer penalidade ou prejuízo;
11) O estudo não acarretará nenhuma despesa para você;
12) Você será informado(a) sobre o resultado final desta pesquisa e, sempre
que desejar, lhe serão fornecidos esclarecimentos sobre cada uma das etapas do
estudo;
13) Você receberá uma via do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
assinado.
Eu .......................................................................................................................,
tendo compreendido perfeitamente tudo o que me foi informado sobre a minha
participação no mencionado estudo e estando consciente dos meus direitos, das
minhas responsabilidades, dos riscos e dos benefícios que a minha participação
implicam,
concordo
em
dele
participar
e
para
isso
eu
DOU
O
MEU
CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU TENHA SIDO FORÇADO OU
OBRIGADO.
Nome e Endereço do Pesquisador Responsável:
Nome: Kátia Macário Santos Quintiliano
Instituição: Universidade Federal de Alagoas
Endereço: Rua Dra Rosa Cabús, nº 176, Edf. VC Stella Maris, Jatiúca, Maceió/AL
CEP: 57035825
Telefone: 82 996038248
Correio eletrônico: kalmacario@hotmail.com
41
ATENÇÃO: O Comitê de Ética da UFAL analisou e aprovou este projeto de pesquisa. Para
obter mais informações a respeito deste projeto de pesquisa, informar ocorrências
irregulares ou danosas durante a sua participação no estudo, dirija-se ao:
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas
Prédio do Centro de Interesse Comunitário (CIC), Térreo, Campus A. C.
Simões, Cidade Universitária
Telefone: 3214-1041 – Horário de Atendimento: das 8:00 as 12:00hs.
E-mail: comitedeeticaufal@gmail.com
Maceió, ............... de ............... de 2018.
Assinatura ou impressão datiloscópica do(a)
voluntário(a) ou responsável legal
Nome e Assinatura do Pesquisador pelo estudo
42
APÊNDICE B – Tabela elaborada com as sugestões de competência em
Cuidados Paliativos feitas pelos participantes da pesquisa com
os temas descritos no Libro Blanco já incluídos
SABER (CONHECIMENTO)
1 - Conhecer o conceito de cuidados
paliativos.
2 - Conhecer o conceito de doença
terminal.
3 - Conhecer os critérios de indicação
para cuidados paliativos
4 - Reconhecer aspectos psicológicos,
sociais e espirituais na abordagem de
cuidados paliativos com o paciente e seu
familiar.
5 - Saber Particularidades do cuidado
paliativo na pediatria.
6 - Conhecer sobre Cuidados Paliativos
na Atenção básica
7 - Conhecer aspectos básicos da
Atenção domiciliar
8 - Saber sobre a farmacologia e uso
clínico de opioides em cuidados paliativos
9 - Entender sobre alimentação em
cuidados paliativos ente
10 - Conhecer o conceito de dor total
11 - Compreender a relação da bioética
com cuidados paliativos.
12 - Conhecer o tratamento das patologias
dos pacientes em cuidados paliativos.
13 - Saber encaminhar para o
internamento quando necessário.
14 - Cuidados com a boca, mucosites,
halitoses e infecções orais.
15 - Conhecer a atitude do médico diante
da morte de seu paciente.
16 - Conhecer o papel da fisioterapia,
principalmente pós-operatória.
17 - Identificação do luto patológico.
SABER FAZER (HABILIDADE)
1 - Saber montar uma equipe de cuidados
paliativos com suporte à família e aos
profissionais.
2 - Apresentar disponibilidade para atuar
em cuidados paliativos
3 - Agir com paciência em cuidados
paliativos
4 - Exercer a empatia.
5 - Controlar a dor e outros sintomas mais
comuns.
6 - Comunicar-se adequadamente,
incluindo a comunicação de má notícia.
7 - Manejar o paciente em seus últimos
dias de vida no domicílio ou no hospital.
8 - Trabalhar em Equipe Multidisciplinar
9 - Ter uma visão generalista
10 - Aplicar medicina baseada em
evidência.
11 - Construir um projeto terapêutico
singular.
12 - Articular com a rede de atenção à
saúde o atendimento secundário
13 - Dominar situações de urgência em
paciente oncológico terminal.
14 - Manejar o estresse da equipe de
saúde
15 - Fazer história clínica do paciente com
doença terminal.
16 - Fazer evolução médica dos paciente
com doenças terminal.
17 -Fazer a evolução da dor com uso de
escalas.
18 - Realizar cuidados com a boca do
paciente.
19 - Prescrever hemoderivados.
20 - Manejo geral das reações
transfusionais
21 - Realizar Bloqueio neural
22 - Realizar Infiltração de anestésicos e
/ou esteroides.
23-Realizar outras técnicas analgésicas.
43
APÊNDICE C – Competências em cuidados paliativos na graduação extraídas
do Libro Blanco relacionadas ao conhecimento.
(Tradução nossa)
Saber
Reconhecer, diagnosticar e orientar seu
manejo
Princípios e bases da medicina paliativa.
Conceito de doença terminal
Identificação das prioridades e
necessidades do paciente e familiar
(físicas, psíquicas, sociais e espirituais.)
Processo de adaptação do enfermo
Aspecto básico da Atenção Domiciliar
Psicodinâmica da relação Médico-paciente
A Atenção aos familiares
Farmacologia e uso clínico de opioides em
cuidados paliativos.
Tratamento da dor e efeito adverso.
Cuidados com a boca, halitoses, mucosites,
infecções orais.
Atenção nas últimas horas de vida no
domicílio e no hospital.
Reconhecer fatores que influenciam no
processo de final de vida (físicos, psíquicos,
sociais e espirituais)
Apenas conhecer
Organização dos cuidados paliativos.
Processo assistencial integral de cuidados
paliativos.
Reconhecimento e manejo do estresse da
equipe de saúde.
Elementos básicos da comunicação e
informação.
Atitude do médico diante da morte de seu
paciente.
Papel da fisioterapia, principalmente pósoperatória.
Indicação, interação de efeitos adversos da
reabilitação em cuidados paliativos.
Identificação do luto patológico.
44
APÊNDICE D – Competências em cuidados paliativos na graduação extraídas
do Libro Blanco relacionadas a habilidades.
(Tradução nossa).
Saber fazer
Saber fazer com
competência(rotineiramente
e sem supervisão)
1.História Clínica do paciente
terminal.
2.Evolução médica do
paciente terminal.
3.Avaliar a dor. Uso de
escalas.
4. Cuidados da boca.
5. Prescrição de
hemoderivados.
Ser praticado com tutela
(sob supervisão de um tutor)
Ter visto a pratica
por um especialista
Responder adequadamente e
explorar as emoções do
paciente.
Manejo geral das reações
transfusionais.
1. Comunicar má
notícia.
2. Informar o paciente
sobre tratamentos
complexos
Manejo geral da:
3. Planejar o suporte
Disfagia,Anorexia,Constipação,
nutricional do paciente
Obstrução intestinal,Prurido,
com câncer ou com
Dispneia,Tosse,Soluço,Retenção doenças crônicas.
e continência urinária, espasmos
vesicais e retais.
Letargia, confusão, delírio e
insônia.Hipertensão
intracranial,Compressão medular
e Hipercalemia.
4. Dar respostas
adequadas às
necessidades do
paciente.
5. Expor as situações
e traçar um plano
terapêutico de acordo
com o paciente e suas
necessidades.
6. Conseguir a adesão
ao tratamento por
parte do paciente.
7. Bloqueio Neural
8. Infiltração de
anestésicos e/ou
esteróides.
9. Outras técnicas
analgésicas: TENS,
acupuntura e
relaxamento.
45
APÊNDICE E – Respostas de cada painelista à pergunta: quais as
competências em cuidados paliativos são consideradas
necessárias para a formação do médico generalista
A
B
C
D
Competências
1 - Conceito de cuidados paliativos;
2 - Critérios para indicação de cuidados paliativos;
3 - Equipe de suporte à família e aos profissionais de saúde;
4 - Particularidades do cuidado paliativo na pediatria;
5 - Cuidados paliativos na atenção básica.
Todas
1 - Conhecimentos;
2 - Habilidades;
3 - Atitude.
1 - Disponibilidade;
2 - Paciência;
3 - Empatia.
E
1 - Comunicação adequada;
2 - Critérios de elegibilidade para cuidados paliativos;
3 - Controle de dor e outros sintomas mais comuns;
4 - Manejo de últimos dias de vida;
5 - Trabalho em equipe interdisciplinar;
6 - Noções de aspectos psicológicos, sociais e espirituais na abordagem
de cuidados paliativos.
F
1 - Controle de sintomas;
2 - comunicação;
3 - cuidados de finitude;
4 - Espiritualidade.
1 - Analgesia;
2 - Alimentação;
3 - Relacionamento com familiares.
1 - Manejo de sintomas e dor;
2 - Paciente terminal;
3 - Dor total;
4 - Bioética;
5 - Como montar uma equipe de Cuidados paliativos.
1 - Visão generalista;
2 - Medicina baseada em evidência;
3 - Medicina centrada no paciente.
1 - Identificar/diagnosticar os casos que necessitam de acompanhamento;
2 - Ter conhecimento do tratamento das patologias;
3 - Construir um PTS – Projeto Terapêutico Singular;
4 - Articular com a rede o atendimento secundário;
5 - Encaminhar para internamento quando necessário.
1 - Psicologia;
2 - Semiologia;
3 - Cuidados com Pacientes.
1 - Humanização no cuidado do paciente terminal;
2 - Alívio de sintomas;
3 - Domínio das situações de urgência em no paciente oncológico terminal;
4 - Analgesia no paciente terminal.
G
H
I
J
K
L
46
APENDICE F- Competências em cuidados paliativos consideradas importantes
pelos painelistas para a formação médica- Excluindo duplicidade
e com adequação dos termos descritos. 1º rodada Método Delphi
Informações da 1ª rodada
1 - Saber o conceito de cuidados paliativos.
2 - Saber os critérios de indicação para cuidados paliativos.
3 - Saber montar uma equipe de cuidados paliativos com suporte à família e aos
profissionais.
4 - Saber Particularidades do cuidado paliativo na pediatria
5 - Conhecer sobre Cuidados Paliativos na Atenção básica.
6 - Apresentar conhecimentos, habilidades e atitudes em cuidados paliativos
7 - Apresentar disponibilidade para atuar em cuidados paliativos
8 - Ter paciência para atuar em cuidados paliativos
9 - Exercer a empatia.
10 - Saber comunicar-se adequadamente.
11 - Controlar a dor e outros sintomas mais comuns.
12 - Entender sobre alimentação em cuidados paliativos.
13 - Manejar o paciente em seus últimos dias de vida.
14 - Conhecer o conceito de dor total.
15 - Compreender a relação da bioética com cuidados paliativos.
16 - Trabalhar em Equipe Multidisciplinar.
17 - Ter noções de aspectos psicológicos, sociais e espirituais na abordagem de
cuidados paliativos.
18 - Ter uma visão generalista.
19 - Saber aplicar medicina baseada em evidência.
20 - Saber aplicar Medicina centrada no paciente
21 - Conhecer o tratamento das patologias dos pacientes em cuidados paliativos.
22 - Saber construir um projeto terapêutico singular.
23 - Articular com a rede de atenção à saúde o atendimento secundário;
24 - Saber encaminhar para o internamento quando necessário
25 - Saber dominar situações de urgência em paciente oncológico terminal
47
APÊNDICE G - Questionário primeira rodada Técnica DELPHI
48
49
APÊNDICE H- Questionário segunda rodada Técnica DELPHI
50
51
52
APÊNDICE I - Questionário terceira rodada Técnica DELPHI.
53
54
ANEXO A – Parecer de aprovação do comitê de ética em pesquisa
55
56
57
58
59
